1 - Os Sons Do PB - Vogais

O SISTEMA ALFABÉTICO DA LÍNGUA PORTUGUESA1
Tópico 1: Os sons do Português Brasileiro
Fonética e Fonologia: Áreas de estudo que têm como objeto os sons da fala, ou, mais especificamente, como
os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala.
Fonética – Universal Fonologia – Organização da fala focalizando línguas específicas
Fonética articulatória: Estudo dos sons na perspectiva de suas características fisiológicas e articulatórias.
Aparelho fonador: Conjunto de partes do corpo humano responsável por produzir voz.
Divisão: região supraglótica e região subglótica. (Glote: Espaço entre as pregas vocais, que ficam situadas na
laringe.)
Na região supraglótica, temos:
- Cavidade oral: composta pela boca, na qual estão localizados a língua, o palato duro, o palato mole,
o véu do palato (úvula), os alvéolos, os dentes e os lábios.
- Cavidade nasal: comporta as narinas.
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Este material foi preparado com base no livro Fonética e Fonologia do Português, de Isabel Seara (DLLV, UFSC, 2008) e
contém trechos completos transcritos do livro. Deve ser usado unicamente para fins didáticos e não deve ser distribuído,
copiado ou divulgado. Para fazer referência a este material em publicações, deve-se dar crédito ao texto original, que é
o de Seara (2008).
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Órgãos articuladores da fala: ativos e passivos.
Articuladores ativos: Movimentam-se para a realização dos diferentes sons da fala. São eles: a língua
(ápice/ponta, lâmina e dorso) e o lábio inferior, que alteram a cavidade oral; o véu do palato, que altera a
cavidade nasal; e as pregas vocais, que modificam a cavidade faríngea.
Articuladores passivos: compreendem o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos (região crespa atrás
dos dentes superiores), o palato duro e o palato mole.
Os sons do PB são produzidos por fluxo de ar egressivo. O controle da pressão do ar nos pulmões normalmente
é atingido por volta dos 6-7 meses de idade.
Na respiração normal, o ar passa livremente pelas cavidades acima da laringe. Na fala, ocorrem resistências
ao fluxo de ar advindas de constrições na laringe.
Sons surdos e sons sonoros (ou vozeados e não vozeados)

Quando falamos, as pregas vocais podem estar aproximadas (fechadas), bloqueando o ar que sai dos pulmões.
Com esse bloqueio, a pressão abaixo das pregas aumenta, fazendo com que elas se separem. O ar passa e a
pressão diminui, fechando-as novamente. O ar é, então, solto em curtas lufadas de ar. Quando há vibração
das pregas, são produzidos os sons chamados vozeados ou sonoros. As pregas vocais podem, ainda, estar
afastadas parcialmente, com o ar passando sem restrições pela laringe, produzindo os sons chamados de não-
vozeados ou surdos. Sugestão: Comparar a produção de [f] com a produção de [v].
Sons orais e sons nasais
Outro movimento necessário à classificação dos sons da fala é o do véu do palato. Quando está levantado, ele
bloqueia o ar para as cavidades nasais e os sons produzidos são chamados de orais. No entanto, quando um
som da fala é produzido com o véu do palato abaixado, permitindo a saída do ar também pelas narinas, têm-
se os chamados sons nasais. Sugestão: Comparar a produção de [i] com a produção de [n].
Para pensar...
Quais são os sons que nós, falantes de português brasileiro, produzimos quando falamos?
**Lembre-se de que estamos falando de sons, e não de letras ou grafemas. As palavras cassado e caçado
são formadas pelos mesmos sons e têm a mesma pronúncia; já as palavras (o) olho e (eu) olho, por mais
que tenham a mesma grafia, são formadas por sons diferentes e apresentam pronúncias diferentes. **
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Segmentos fonéticos (fones)
Segmentos vocálicos: Diferenciam-se dos sons consonantais pela inexistência de obstrução à passagem de ar
no trato vocal. Sua emissão é realizada sempre com vibração das cordas vocais, ou seja, todos os segmentos
vocálicos são sonoros ou vozeados. As vogais podem ser orais e nasais.
a) Vogais orais: O véu do palato fecha passagem à cavidade nasal, fazendo com que o ar saia somente
pelo trato oral.
b) Vogais nasais: O véu do palato encontra-se abaixado, permitindo a passagem de ar pelas cavidades
nasais. Ex. Comparar saca com sanca.
Para a classificação articulatória das vogais, estão envolvidos o corpo da língua e os lábios. O corpo da língua
pode movimentar-se verticalmente, levantando-se ou abaixando-se, ou horizontalmente, avançando ou
recuando. A mandíbula auxilia na abertura do trato oral para a diferenciação entre vogais abertas e fechadas.
O parâmetro que define o movimento vertical da língua é denominado altura e o que define o movimento
horizontal (avanço/recuo) denomina-se anterioridade/posterioridade. Há ainda a possibilidade de os lábios
estarem distensos ou arredondados. O movimento de arredondamento dos lábios ocorre na produção de
vogais ditas arredondadas. As demais são articuladas com os lábios distensos e são classificadas como não-
arredondadas.
Altura: Com relação à altura da língua, no PB, existem quatro níveis:

 Vogais altas: Aquelas em que o dorso da língua se eleva ao máximo estreitando o trato, mas sem
produzir fricção (produção de [i] e [u]).
 Vogais médias-altas: Aquelas em que o dorso da língua encontra-se em uma posição intermediária
entre a posição mais alta e a mais baixa, localizando-se, no entanto, mais próximo da posição mais
alta (produção de [e] e [o]). Observe como o grau de abertura do trato é maior do que o apresentado
para as vogais altas.
 Vogais médias-baixas: Aquelas em que o dorso da língua encontra-se em uma posição intermediária
entre a apresentada nas vogais altas e aquela mostrada para as vogais baixas. A língua localiza-se, no
entanto, em uma posição mais próxima à vogal baixa (produção de [] e []).
 Vogais baixas: Aquelas em que a língua se encontra na posição mais baixa no trato oral (produção de
[a] e []). Observe que a abertura do trato na articulação das vogais baixas é bem mais ampla do que
a apresentada para as vogais altas e médias.
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Anterioridade/posterioridade: Conforme o avanço ou recuo da língua, as vogais podem ser classificadas
como:
 Vogais anteriores: Aquelas em que a língua se dirige para a parte anterior do trato vocal, mais
especificamente em direção aos alvéolos, mas sem qualquer tipo de bloqueio no trato oral. Na
produção de vogais anteriores, a língua se eleva para frente, como se observa na pronúncia de [], [e]
e [i].
 Vogais posteriores: Aquelas em que o dorso da língua se movimenta para a parte posterior do trato
oral na direção do palato mole, sem, porém, apresentar bloqueio à passagem do ar. Nas vogais
posteriores, o dorso da língua progressivamente se eleva para trás, como ocorre na pronúncia de [],
[o] e [u]. Verifique,
 Vogais centrais: Aquelas em que a língua encontra-se em posição mais centralizada. Na pronúncia da
vogal [a], a língua está abaixada e um pouco mais avançada do que para a produção da vogal [].
Arredondamento: Com relação ao parâmetro do arredondamento, classificam-se as vogais em:

 Vogais arredondadas: Vogais produzidas com os lábios arredondados. São elas: [], [o] e [u]. As vogais
arredondadas são também chamadas de labializadas.
 Vogais não arredondadas: Vogais produzidas com os lábios distendidos. São elas: [], [e], [i], [] e [a].
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A representação das vogais no trato vocálico é, usualmente, feita por meio da figura de um triângulo.
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Encontros vocálicos
Ditongo: Encontro de dois segmentos vocálicos. Tritongo: Encontro de três segmentos vocálicos.
São formados, em geral, pelas vogais altas [i] e [u], que, em posições periféricas da sílaba, são chamadas de
semivogais e são representadas por [j] e [w], respectivamente.
- Ditongos decrescentes (verdadeiros): Formados pela sequência vogal-semivogal; são inseparáveis no interior
da sílaba. Ex.: meu [mew].
- Ditongos crescentes: Formados pela sequência semivogal-vogal; podem ser separados em duas sílabas (não
há consenso). Ex.: régua [].
Monotongação: processo em que um ditongo passa a ser produzido, na fala, como uma única vogal. Ex.: queijo
[]  [].
Para pensar...
Considere as palavras a seguir (embora estejam aqui grafadas, imagine como você e as pessoas à sua volta
costumam pronunciar essas palavras). Veja que todas elas apresentam ditongos decrescentes.
ouro dinheiro sei sai sou peito baita outra pouco caixa
peixe afrouxar roupa beijo louça beiço caiçara ouvido raiva seiva
Perceba que algumas palavras, quando pronunciadas, podem sofrer o processo de monotongação,
enquanto com outras isso não ocorre. Que regra está em jogo nesse caso? Ou seja, por que alguns ditongos
são monontogados e outros não?
Tritongos: Encontro de três segmentos vocálicos em que só um deles ocupa o pico da sílaba (fusão de um
ditongo crescente e um decrescente). Ex.: Uruguai [ ]
Hiatos: Encontro de duas vogais, cada uma constituindo o pico de uma sílaba. Os hiatos podem ser formados
por:
1) Vogais iguais átonas: caatinga, coordenação.
2) Vogais iguais, sendo a primeira tônica: voo, veem.
3) Vogais iguais, sendo a segunda tônica: alcoólico, xiita.
4) Vogais diferentes átonas: doação, estereotipado.
5) Vogais diferentes, sendo a primeira tônica: Maria, pavio.
6) Vogais diferentes, sendo a segunda tônica: hiato, freada.
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Sons surdos e sons sonoros (ou vozeados e não vozeados)

Altura: Com relação à altura da língua, no PB, existem quatro níveis:

Arredondamento: Com relação ao parâmetro do arredondamento, classificam-se as vogais em:

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