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CRIM PM

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‭CRIMINOLOGIA‬

‭SUMÁRIO‬

‭O CRIME COMO FATO SOCIAL‬ ‭3‬

I‭ NSTITUIÇÕES SOCIAIS RELACIONADAS COM O CRIME - AS POLÍCIAS, O PODER‬ ‭15‬


‭JUDICIÁRIO, O MINISTÉRIO PÚBLICO E O SISTEMA PENITENCIÁRIO‬

‭A EXTENSÃO DA CRIMINALIDADE NO MUNDO E NO BRASIL‬ ‭27‬

‭CRIME COMO FENÔMENO DE MASSA‬ ‭30‬

‭O CRIME COMO FENÔMENO ISOLADO‬ ‭38‬

‭CLASSIFICAÇÃO DE TIPOS CRIMINOSOS‬ ‭42‬

‭ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS E SUAS PECULIARIDADES‬ ‭50‬

‭ S ATIVIDADES REPRESSIVAS, PREVENTIVAS E EDUCACIONAIS PARA DIMINUIR OS‬


A ‭54‬
‭ÍNDICES DE CRIMINALIDADE‬
‭ RIMINOLOGIA - CAPÍTULO 01‬
C
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FATO SOCIAL I‬

‭Segundo‬ ‭Émile‬ ‭Durkheim,‬ ‭o‬ ‭objeto‬ ‭de‬ ‭estudo‬ ‭da‬


‭sociologia‬ ‭deveria‬ ‭ser‬ ‭os‬ ‭Fatos‬ ‭Sociais.‬ ‭Estes‬ ‭Fatos‬
‭Sociais‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭descritos‬ ‭como‬ ‭qualquer‬ ‭ato‬ ‭que‬
‭independa‬ ‭e‬ ‭seja‬ ‭externo‬ ‭aos‬ ‭indivíduos,‬ ‭e‬ ‭tendo‬
‭como‬ ‭essência‬ ‭o‬ ‭agir‬ ‭do‬ ‭homem‬ ‭em‬ ‭sociedade,‬
‭embasado‬‭em‬‭preceitos‬‭do‬‭convívio‬‭social.‬‭Ou‬‭seja,‬‭o‬
‭Fato‬ ‭Social‬ ‭representa‬ ‭as‬ ‭maneiras‬ ‭de‬ ‭agir,‬ ‭pensar‬‭e‬
‭sentir de uma sociedade.‬

‭ bservando‬‭a‬‭temática‬‭abordada‬‭pelas‬‭notícias,‬‭percebemos‬‭que‬‭seu‬‭foco‬
O
‭se‬ ‭encontra‬ ‭no‬ ‭crime‬ ‭em‬‭si‬ ‭Segundo‬‭Durkheim,‬‭os‬‭crimes‬‭compõem‬‭um‬
‭fato‬ ‭intrínseco‬ ‭à‬ ‭realidade‬‭social‬‭humana,‬‭ocorrendo‬‭em‬‭todos‬‭os‬‭tipos‬‭de‬
‭sociedades‬‭,‬ ‭independente‬ ‭das‬ ‭formas‬ ‭de‬ ‭organização‬‭econômica,‬‭social‬‭e‬
‭política.‬

‭ odas‬ ‭as‬ ‭oposições‬ ‭aos‬ ‭Fatos‬ ‭Sociais‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭entendidas‬ ‭como‬ ‭um‬
T
‭crime,‬ ‭uma‬ ‭transgressão‬ ‭ao‬ ‭sistema‬ ‭legal‬ ‭vigente‬ ‭naquela‬ ‭sociedade.‬ ‭De‬
‭acordo‬ ‭com‬ ‭Durkheim,‬ ‭toda‬ ‭oposição‬ ‭aos‬ ‭Fatos‬ ‭Sociais‬ ‭é‬ ‭seguida‬ ‭de‬
‭reação‬ ‭punitiva‬‭,‬ ‭ou‬ ‭seja,‬ ‭a‬ ‭sociedade‬ ‭possui‬ ‭formas‬ ‭de‬ ‭impor‬ ‭seus‬ ‭fatos‬
‭comuns‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭sanções,‬ ‭que‬ ‭podem‬ ‭ser,‬ ‭desde‬ ‭ridicularização,‬ ‭até‬
‭isolamentos sociais e banimento social.‬
‭ bservando‬ ‭os‬ ‭noticiários,‬ ‭caímos‬‭na‬‭contradição‬
O
‭entre‬ ‭a‬ ‭natureza‬ ‭do‬ ‭crime,‬ ‭se‬ ‭é‬ ‭algo‬ ‭inerente‬ ‭ao‬
‭ser‬ ‭humano,‬ ‭ou‬ ‭é‬ ‭algo‬ ‭originado‬ ‭no‬ ‭desenvolver‬
‭do contexto social.‬
‭ ‬ ‭pensamento‬ ‭fundado‬ ‭na‬ ‭natureza‬ ‭humana‬ ‭do‬
O
‭crime‬ ‭tem‬ ‭base‬ ‭no‬ ‭período‬ ‭de‬ ‭questionamento‬
‭sobre‬ ‭a‬ ‭real‬ ‭função‬ ‭da‬ ‭sociedade,‬ ‭no‬ ‭qual‬ ‭se‬
‭buscou,‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭formulações,‬ ‭afirmar‬ ‭o‬ ‭valor‬
‭residente‬ ‭sobre‬ ‭as‬ ‭sociedades‬ ‭e‬ ‭legitimá-las,‬
‭afirmando‬ ‭que‬‭certos‬‭homens‬‭têm‬‭uma‬‭natureza‬
‭criminosa,‬ ‭necessitando‬ ‭da‬ ‭ajuda‬ ‭do‬ ‭Estado‬ ‭para‬
‭executar uma ação penal sobre esses indivíduos.‬
‭ ‬ ‭filósofo‬ ‭Thomas‬ ‭Hobbes‬ ‭construiu‬ ‭parte‬ ‭dessa‬ ‭imagem‬ ‭da‬ ‭natureza‬
O
‭humana‬ ‭má,‬ ‭afirmando‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭homem‬ ‭em‬ ‭estado‬ ‭natural‬ ‭é‬ ‭ruim,‬
‭necessitando‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭poder‬ ‭único,‬ ‭o‬ ‭Estado,‬ ‭para‬ ‭protegê-los‬ ‭desses‬
‭homens.‬
‭ ontrariando‬ ‭esse‬ ‭pensamento,‬ ‭temos‬ ‭Durkheim‬‭,‬ ‭que‬ ‭afirma‬ ‭que‬ ‭as‬
C
‭manifestações‬‭individuais‬‭traduzem‬‭hábitos‬‭forjados‬‭na‬‭dimensão‬‭coletiva,‬
‭ou‬ ‭seja,‬ ‭ocorre‬ ‭uma‬ ‭supremacia‬ ‭do‬ ‭coletivo‬ ‭sobre‬ ‭o‬ ‭particular,‬ ‭no‬‭qual‬‭os‬
‭valores coletivos exercem superioridade sobre os particulares.‬
‭ onforme‬‭cita‬‭Durkheim‬‭“Cada‬‭um‬‭é‬‭arrastado‬‭por‬‭todos”,‬‭ou‬‭seja,‬‭todas‬‭as‬
C
‭ações executadas tem relação com o meio em que se desenvolveram uma‬
‭forma‬‭de‬‭pensamento‬‭Determinista‬‭,‬‭como‬‭o‬‭do‬‭século‬‭XIX,‬‭afirmando‬‭que‬
‭os‬ ‭ambientes‬ ‭em‬ ‭que‬ ‭ocorrem‬ ‭certas‬ ‭ações‬ ‭acabam‬ ‭por‬ ‭influenciar‬ ‭as‬
‭pessoas,‬‭corroborado‬‭pelo‬‭pensamento‬‭do‬‭pensador‬‭Rousseau‬‭,‬‭que‬‭afirma‬
‭que o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe.‬

‭ ssa visão é explicitada diretamente nos pensamentos‬


E
‭marxistas, que afirmam que a sociedade é a causadora de‬
‭toda a desigualdade social e crime.‬

‭ bservando‬ ‭as‬ ‭notícias‬‭,‬ ‭percebemos‬ ‭que‬ ‭verdadeiramente‬ ‭ocorre‬ ‭à‬


O
‭criminalização‬ ‭do‬ ‭ser‬ ‭humano‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭dos‬ ‭Fatos‬ ‭Sociais‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭cercam,‬ ‭já‬
‭que‬‭em‬‭um‬‭ambiente‬‭social‬‭baseado‬‭em‬‭princípios‬‭estáveis‬‭que‬‭garantem‬
‭plenamente‬ ‭liberdades‬ ‭aos‬ ‭cidadãos‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭sua‬ ‭ressocialização‬ ‭em‬ ‭caso‬ ‭de‬
‭transgressão,‬‭altos‬‭níveis‬‭educacionais‬‭e‬‭de‬‭saúde,‬‭como‬‭à‬‭Suécia,‬‭ocorre‬‭a‬
‭diminuição‬ ‭das‬ ‭taxas‬ ‭de‬ ‭criminalidade.‬ ‭Enquanto‬ ‭no‬ ‭Brasil,‬ ‭com‬ ‭fatos‬
‭sociais‬ ‭pouco‬ ‭instaurados,‬ ‭inaplicabilidade‬ ‭de‬ ‭direitos‬ ‭—‬ ‭fundamentais,‬
‭altos‬‭níveis‬‭de‬‭analfabetismo‬‭e‬‭saúde‬‭pública,‬‭ocorre‬‭a‬‭proliferação‬‭de‬‭atos‬
‭criminosos, que vão contra os Fatos Sociais.‬
‭ ‬ ‭público‬ ‭e‬ ‭notório‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭acontece‬ ‭na‬ ‭sociedade,‬ ‭e‬ ‭não‬ ‭só‬ ‭é‬ ‭algo‬
É
‭corriqueiro,‬ ‭como‬ ‭algumas‬ ‭teorias‬ ‭até‬‭o‬‭entendem,‬‭como‬‭algo‬‭necessário‬‭,‬
‭e que uma sociedade sem crimes é uma sociedade doente.‬
‭Mas, antes de tudo, o que é um fato social?‬
‭ sse‬ ‭conceito‬ ‭é‬ ‭fornecido‬ ‭por‬ ‭Émile‬ ‭Durkheim,‬ ‭e‬ ‭se‬ ‭refere‬ ‭a‬ ‭hábitos‬ ‭e‬
E
‭maneiras‬ ‭de‬ ‭agir‬ ‭(e‬ ‭de‬ ‭pensar)‬ ‭que‬ ‭determinam‬ ‭a‬ ‭forma‬ ‭como‬ ‭os‬
‭indivíduos se comportam em determinada sociedade.‬
“‭ Toda‬‭maneira‬‭de‬‭agir‬‭fixa‬‭ou‬‭não,‬‭suscetível‬‭de‬‭exercer‬‭sobre‬‭o‬‭indivíduo‬
‭uma‬ ‭coerção‬ ‭exterior;‬ ‭ou,‬ ‭ainda,‬ ‭que‬ ‭é‬ ‭geral‬ ‭na‬ ‭extensão‬ ‭de‬ ‭uma‬
‭sociedade‬‭dada,‬‭apresentando‬‭uma‬‭existência‬‭própria,‬‭independente‬‭das‬
‭manifestações‬‭individuais‬‭que‬‭possa‬‭ter.”‬ ‭(Durkheim‬‭—‬‭As‬‭Regras‬‭do‬‭Método‬
‭Sociológico)‬
‭ RIMINOLOGIA - CAPÍTULO 02‬
C
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FATO SOCIAL II‬

‭ ‬ ‭partir‬ ‭dessa‬ ‭definição,‬ ‭e‬ ‭da‬ ‭doutrina‬ ‭majoritária‬ ‭em‬ ‭Sociologia,‬


A
‭entende-se que todo fato social possui as seguintes características:‬

‭ ‬ ‭Gerais:‬‭Apresentam-se‬‭como‬‭regras‬‭gerais,‬‭que‬‭induzem‬‭o‬‭modo‬‭de‬‭agir‬
e
‭das‬‭pessoas.‬‭Dizer‬‭que‬‭determinado‬‭fato‬‭social‬‭é‬‭geral,‬‭é‬‭compreender‬‭que‬
‭há,‬ ‭no‬ ‭seio‬ ‭da‬ ‭sociedade‬ ‭uma‬ ‭verdadeira‬ ‭consciência‬ ‭em‬ ‭torno‬ ‭de‬
‭determinado‬ ‭fato,‬ ‭oriunda‬‭da‬‭própria‬‭sociedade.‬‭Em‬‭outros‬‭termos,‬‭é‬‭algo‬
‭que acontece com generalidade.‬

‭ x.:‬ ‭Casamento.‬ ‭Independente‬ ‭da‬ ‭concepção‬ ‭do‬ ‭casamento,‬ ‭há‬ ‭uma‬


E
‭instituição‬ ‭casamento,‬ ‭que‬ ‭é‬ ‭observada‬ ‭como‬ ‭existente‬ ‭na‬ ‭maioria‬ ‭das‬
‭sociedades.‬

‭‬
● ‭Coercitivos:‬ ‭Uma‬ ‭vez‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭formados‬ ‭por‬ ‭uma‬ ‭consciência‬
‭coletiva,‬ ‭ele‬‭é‬‭verificável‬‭e‬‭não‬‭pode‬‭ser‬‭modificado‬‭pela‬‭ação‬‭individual.‬‭A‬
‭vontade‬ ‭individual‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭forte‬ ‭o‬ ‭suficiente‬ ‭para‬ ‭impedir‬ ‭o‬ ‭acontecimento‬
‭do‬‭fato‬‭social.‬‭Ex.:‬‭Independe‬‭da‬‭vontade‬‭de‬‭qualquer‬‭pessoas,‬‭casamentos‬
‭continuarão acontecendo, e gerando efeitos na sociedade.‬

‭‬
● ‭Exteriores:‬ ‭Estão‬ ‭“fora”‬ ‭do‬ ‭indivíduo,‬ ‭existem‬ ‭exteriormente‬ ‭e‬
‭anteriormente à ele.‬

‭ x.:‬ ‭Mantendo-nos‬ ‭ainda‬ ‭no‬ ‭casamento,‬ ‭esta‬ ‭instituição‬ ‭também‬ ‭existe‬


E
‭antes‬ ‭de‬ ‭nós,‬ ‭e‬ ‭nos‬ ‭é‬ ‭exterior‬ ‭(ao‬ ‭menos‬ ‭o‬ ‭casamento‬ ‭alheio!).‬ ‭Assim,‬
‭conhecedores‬ ‭do‬ ‭conceito‬ ‭de‬ ‭fato‬ ‭social‬ ‭em‬ ‭sentido‬ ‭amplo,‬ ‭podemos‬
‭ oncluir‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭é,‬ ‭sobretudo,‬ ‭um‬ ‭fato‬‭social.‬‭Contudo,‬‭ele‬‭possui‬‭um‬
c
‭revés:‬ ‭Além‬ ‭de‬ ‭ser‬ ‭um‬ ‭fato‬ ‭social,‬ ‭com‬ ‭todas‬ ‭as‬ ‭Suas‬ ‭características,‬ ‭ao‬
‭crime‬‭podemos‬‭vincular‬‭um‬‭conceito‬‭sociológico,‬‭onde‬‭se‬‭aponta‬‭que‬‭este‬
‭possui as seguintes características:‬

‭‬
● ‭Incidência‬ ‭massiva‬ ‭na‬ ‭população:‬ ‭Não‬ ‭há‬ ‭como‬ ‭se‬ ‭atribuir‬ ‭a‬
‭condição‬ ‭de‬ ‭crime‬ ‭a‬ ‭evento‬ ‭isolado,‬ ‭ainda‬ ‭que‬ ‭cause‬ ‭certa‬ ‭abjeção‬ ‭da‬
‭comunidade.‬‭Há‬‭necessidade‬‭que‬‭o‬‭fato‬‭se‬‭repita.‬‭Deve‬‭haver‬‭reiteração‬‭da‬
‭conduta no seio da sociedade.‬

‭‬
● ‭Incidência aflitiva:‬‭O fato deve produzir sofrimento e mal-estar na‬
‭vítima e na sociedade como um todo. Não é razoável que um fato‬
‭desprovido de qualquer relevância seja punido na esfera penal.‬
‭Está intimamente ligado com o Princípio da Insignificância!‬

‭‬
● ‭Persistência espaço-temporal:‬‭Não se deve criminalizar um fato que‬
‭não se distribua por todo o território nacional, e ao longo de determinado‬
‭período.‬

‭ ‬ ‭Exemplo‬ ‭(Rogério‬ ‭Sanches):‬ ‭Lei‬ ‭12.663/2012‬ ‭(Lei‬ ‭Geral‬ ‭da‬ ‭Copa),‬ ‭com‬
O
‭vigência‬ ‭até‬ ‭31.12.2014‬ ‭(lei‬ ‭temporária),‬ ‭que‬ ‭criminaliza‬ ‭a‬ ‭falsificação‬ ‭da‬
‭“logo” da FIFA:‬

“‭ ‬‭Art.‬‭33.‬‭Expor‬‭marcas,‬‭negócios,‬‭estabelecimentos,‬ ‭produtos,‬‭serviços‬‭ou‬
‭praticar‬ ‭atividade‬ ‭promocional,‬ ‭não‬‭autorizados‬‭pela‬‭FIFA‬‭ou‬‭por‬‭pessoa‬
‭por‬‭ela‬‭indicada,‬‭atraindo‬‭de‬‭qualquer‬‭forma‬‭a‬‭atenção‬‭pública‬‭nos‬‭locais‬
‭da‬ ‭ocorrência‬ ‭dos‬ ‭Eventos,‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭fim‬ ‭de‬ ‭obter‬ ‭vantagem‬ ‭econômica‬ ‭ou‬
‭publicitária:‬
‭Pena -‬‭detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.”‬
*‭ ‬ ‭Inequívoco‬ ‭consenso‬ ‭social‬ ‭de‬ ‭etiologia‬ ‭e‬ ‭reação:‬‭A‬‭sociedade‬‭como‬‭um‬
‭todo‬ ‭deve‬ ‭apresentar‬ ‭um‬ ‭consenso‬ ‭acerca‬ ‭das‬ ‭origens‬ ‭dessa‬ ‭conduta‬
‭(criminosa‬ ‭e‬ ‭antissocial‬ ‭por‬ ‭definição),‬ ‭bem‬ ‭como‬ ‭um‬ ‭mesmo‬ ‭consenso‬
‭sobre a necessidade de reação (da sociedade) contra essa conduta.‬

‭ ‬ ‭Exemplo:‬ ‭Abuso‬ ‭de‬ ‭álcool:‬ ‭Percebamos‬ ‭que‬ ‭o‬‭álcool‬‭não‬‭deixa‬‭de‬‭ser‬


O
‭uma‬‭droga,‬‭visto‬‭que‬‭causa‬‭dependência,‬‭destrói‬‭famílias‬‭e‬‭é‬‭motor‬‭para‬‭a‬
‭prática‬ ‭de‬ ‭crimes,‬ ‭porém‬ ‭lícita.‬ ‭Assim,‬ ‭é‬ ‭possível‬ ‭qualificar‬ ‭o‬ ‭álcool‬‭como‬
‭droga ilícita para fins penais?‬

‭ aturalmente,‬‭o‬‭crime‬‭é‬‭um‬‭fato‬‭social,‬‭ou‬‭seja,‬‭ocorre,‬‭inevitavelmente,‬‭no‬
N
‭seio‬ ‭da‬ ‭sociedade.‬ ‭Essa‬ ‭mesma‬ ‭sociedade‬ ‭é‬ ‭composta‬ ‭de‬ ‭Instituições,‬ ‭e,‬
‭em‬ ‭nosso‬ ‭edital‬ ‭são‬ ‭nomeadas‬ ‭claramente,‬ ‭para‬ ‭fins‬ ‭didáticos:‬ ‭“Polícias,‬
‭Poder‬ ‭Judiciário,‬ ‭Ministério‬ ‭Público,‬ ‭etc.”‬ ‭De‬ ‭fato,‬ ‭a‬ ‭sociedade‬ ‭passa‬ ‭e‬
‭atinge seus objetivos também por intermédio de instituições.‬

‭ encionar‬‭a‬‭existência‬‭de‬‭Instituições‬‭Sociais‬‭que‬‭possuem‬‭relação‬‭com‬‭o‬
M
‭crime traz a necessidade de falarmos o que são tais instituições:‬

*‭ Possuem estrutura social permanente;‬


‭* Marcada por padrões comportamentais;‬
‭* Delimitadoras de valores e normas aos membros do grupo.‬

‭ o‬ ‭caso‬ ‭do‬ ‭Estado,‬ ‭ou‬ ‭seja,‬ ‭Instituições‬ ‭Públicas,‬ ‭estão‬ ‭intimamente‬


N
‭ligadas ao Controle Social Formal.‬

‭ em que consiste essa modalidade de controle?‬


E
‭Recebe‬‭o‬‭nome‬‭de‬‭controle‬‭social‬‭o‬‭conjunto‬‭de‬‭mecanismos,‬‭positivos‬‭ou‬
‭negativos,‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭acionados‬ ‭por‬ ‭cada‬ ‭sociedade,‬ ‭ou‬ ‭grupo‬ ‭social,‬ ‭que‬
‭objetivam‬ ‭induzir‬ ‭os‬ ‭membros‬ ‭a‬ ‭adequarem‬ ‭seu‬ ‭comportamento‬ ‭às‬
‭normas.‬ ‭A‬ ‭doutrina‬ ‭aponta‬ ‭que‬ ‭existem‬ ‭dois‬ ‭tipos‬ ‭de‬ ‭controle,‬ ‭o‬‭controle‬
‭social formal e informal.‬

‭ ontrole‬ ‭Social‬ ‭Formal:‬ ‭O‬ ‭controle‬ ‭é‬ ‭exercido‬ ‭por‬ ‭estruturas‬


C
‭institucionalizadas.‬ ‭Existe‬ ‭a‬ ‭participação,‬ ‭do‬ ‭Estado.‬ ‭A‬ ‭sanção‬ ‭aqui‬ ‭possui‬
‭um‬ ‭caráter‬ ‭coercitivo‬ ‭(podendo‬ ‭envolver‬ ‭penas‬ ‭privativas‬ ‭de‬ ‭liberdade,‬
‭restritivas de direito, e multas).‬
‭ á,‬ ‭contudo,‬ ‭o‬ ‭devido‬ ‭processo‬ ‭legal.‬ ‭Temos‬ ‭como‬ ‭exemplos‬ ‭o‬ ‭Judiciário,‬
H
‭Polícia Sistema Penitenciário, Autoridades de Trânsito...‬

‭ ontrole‬ ‭Social‬ ‭Informal:‬ ‭São‬ ‭exercidas‬ ‭por‬ ‭instituições‬ ‭que,‬ ‭a‬ ‭priori,‬ ‭não‬
C
‭foram‬‭feitas‬‭para‬‭controlar,‬‭mas,‬‭na‬‭prática,‬‭moldam‬‭o‬‭comportamento‬‭de‬
‭seus‬‭integrantes.‬‭A‬‭sanção‬‭reveste-se‬‭somente‬‭de‬‭um‬‭caráter‬‭social,‬‭pois‬‭é‬
‭externada‬ ‭por‬ ‭intermédio‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭pressão‬ ‭do‬ ‭grupo‬ ‭social.‬ ‭Em‬ ‭geral,‬‭não‬
‭existem‬ ‭procedimentos,‬ ‭nem‬ ‭devido‬ ‭processo‬ ‭legal.‬ ‭Ex.:‬ ‭Família,‬ ‭clube,‬
‭escola.‬

‭ASPECTO GERAL DO CONTROLE SOCIAL‬

‭ mile‬ ‭Durkheim,‬ ‭um‬ ‭dos‬ ‭principais‬ ‭fundadores‬ ‭da‬ ‭Sociologia,‬ ‭dizia‬ ‭que‬ ‭a‬
É
‭construção‬‭do‬‭ser‬‭Social,‬‭feita‬‭em‬‭boa‬‭parte‬‭pela‬‭educação,‬‭é‬‭a‬‭assimilação‬
‭pelo‬ ‭indivíduo‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭série‬ ‭de‬ ‭normas‬ ‭e‬ ‭princípios‬ ‭—‬ ‭sejam‬ ‭morais,‬
‭religiosos,‬ ‭éticos‬ ‭ou‬ ‭de‬ ‭comportamento‬ ‭—‬ ‭que‬ ‭balizam‬ ‭a‬ ‭conduta‬ ‭do‬
‭indivíduo num grupo.‬

‭ ‬ ‭filósofo‬ ‭Norbert‬ ‭Bobbio‬ ‭também‬ ‭faz‬ ‭a‬ ‭distinção‬ ‭de‬ ‭duas‬ ‭formas‬ ‭de‬
O
‭controle‬ ‭social‬ ‭que‬ ‭ele‬ ‭denomina‬ ‭como‬ ‭externas‬ ‭e‬ ‭internas.‬ ‭As‬‭formas‬‭de‬
‭controle‬ ‭externas‬ ‭seriam‬ ‭as‬ ‭intervenções‬ ‭diretas‬ ‭no‬ ‭meio‬ ‭social,‬ ‭coibindo‬
‭os‬ ‭indivíduos‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭seguem‬ ‭o‬ ‭padrão‬ ‭social‬ ‭estabelecido,‬ ‭sujeitos‬ ‭a‬
‭sanções e punições que garantem o restabelecimento da ordem.‬
‭AS LEIS E O CONTROLE SOCIAL‬

‭Nestes‬‭casos,‬‭pode-se‬‭pensar‬‭nas‬‭leis‬‭e‬‭na‬‭polícia.‬‭O‬‭não‬‭cumprimento‬‭das‬
‭leis‬‭pode‬‭levar‬‭o‬‭indivíduo‬‭a‬‭pagar‬‭multas‬‭ou‬‭mesmo‬‭ao‬‭encarceramento.‬‭A‬
‭polícia,‬ ‭legitimada‬ ‭pelo‬ ‭Estado,‬ ‭tem‬ ‭o‬ ‭poder‬ ‭simbólico,‬ ‭e‬ ‭se‬ ‭necessário,‬ ‭a‬
‭força‬ ‭bruta,‬ ‭que‬ ‭garante‬ ‭que‬ ‭as‬ ‭ações‬ ‭dos‬ ‭indivíduos‬ ‭não‬ ‭extrapolem‬ ‭as‬
‭normas.‬

‭Existem‬ ‭ainda‬ ‭outras‬ ‭formas‬ ‭de‬ ‭controle‬ ‭externo‬ ‭que‬ ‭ocorrem‬ ‭no‬ ‭próprio‬
‭meio‬ ‭social‬ ‭e‬ ‭que‬ ‭geram‬ ‭determinadas‬ ‭punições‬ ‭sociais,‬ ‭por‬ ‭exemplo‬
‭exclusão social, maneiras de se vestir, gostos, etc.‬

‭As‬‭formas‬‭de‬‭controle‬‭internas‬‭são‬‭aquelas‬‭que‬‭fazem‬‭parte‬‭da‬‭consciência‬
‭dos‬ ‭indivíduos,‬ ‭regras‬ ‭que‬ ‭estão‬ ‭interiorizadas.‬ ‭Trata-se‬ ‭de‬ ‭normas‬ ‭e‬
‭valores‬ ‭que‬ ‭acabam‬ ‭por‬ ‭fazer‬ ‭parte‬ ‭da‬ ‭identidade‬ ‭dos‬ ‭indivíduos‬ ‭e‬ ‭que‬
‭regulam‬ ‭suas‬ ‭ações‬ ‭de‬ ‭acordo‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭conjunto‬ ‭de‬ ‭regras‬ ‭estabelecidas‬
‭pelo grupo ou sociedade.‬

‭Esse‬ ‭tipo‬ ‭de‬ ‭controle‬ ‭ocorre‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭do‬ ‭processo‬ ‭de‬ ‭socialização,‬ ‭que‬
‭inicia-se‬ ‭na‬‭infância,‬‭com‬‭a‬‭família‬‭e‬‭a‬‭escola,‬‭e‬‭que‬‭faz‬‭com‬‭que‬‭o‬‭próprio‬
‭indivíduo‬‭controle‬‭seu‬‭comportamento‬‭a‬‭partir‬‭de‬‭sua‬‭convicção‬‭do‬‭que‬‭é‬
‭certo‬ ‭ou‬ ‭errado,‬ ‭normal‬ ‭ou‬ ‭anormal.‬ ‭Exemplo‬ ‭da‬ ‭Escola‬ ‭como‬ ‭forma‬ ‭de‬
‭controle social interno ou informal.‬

‭O‬‭pensador‬‭francês‬‭Michael‬‭Foucault‬‭estudou‬‭as‬‭formas‬‭de‬‭controle‬‭social‬
‭e,‬ ‭segundo‬ ‭sua‬ ‭teoria,‬‭a‬‭construção‬‭de‬‭um‬‭indivíduo‬‭dócil,‬‭útil‬‭e‬‭submisso‬
‭se‬‭dá‬‭por‬‭meio‬‭de‬‭processos‬‭e‬‭instituições‬‭disciplinadoras‬‭,‬‭como‬‭a‬‭escola‬‭e‬
‭o‬ ‭quartel.‬ ‭Os‬ ‭indivíduos‬ ‭moldados‬ ‭por‬ ‭estas‬ ‭formas‬ ‭de‬ ‭controle‬ ‭social‬
‭seriam aqueles dóceis e úteis ao meio social.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 03‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FATO SOCIAL III‬

‭OBJETOS DA CRIMINOLOGIA‬

‭A‬ ‭criminologia‬ ‭é‬ ‭um‬ ‭ramo‬ ‭interdisciplinar‬ ‭(ou,‬ ‭ainda,‬ ‭multidisciplinar)‬ ‭do‬
‭direito‬ ‭que‬ ‭possui‬ ‭como‬ ‭finalidade‬ ‭analisar‬ ‭os‬ ‭fatores‬ ‭que‬ ‭contribuíram‬
‭para‬ ‭a‬ ‭ocorrência‬ ‭de‬ ‭crimes,‬ ‭visando‬ ‭a‬ ‭evitá-los‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭de‬ ‭técnicas‬
‭preventivas.‬

‭A‬‭definição‬‭da‬‭criminologia‬‭não‬‭é‬‭assim‬‭tão‬ ‭simples,‬‭entretanto‬‭pode‬‭ser‬
‭descrita‬ ‭como‬ ‭um‬ ‭ordenamento‬ ‭de‬ ‭estudos‬ ‭empíricos‬ ‭sobre‬ ‭o‬ ‭crime,‬ ‭o‬
‭criminoso,‬ ‭a‬ ‭vítima,‬ ‭a‬ ‭conduta‬ ‭socialmente‬ ‭desviante,‬ ‭o‬ ‭controle‬ ‭de‬ ‭tal‬
‭conduta‬‭na‬‭sociedade,‬‭e‬‭a‬‭reação‬‭da‬‭sociedade‬‭ao‬‭fenômeno‬‭do‬‭crime;‬‭ou,‬
‭ainda,‬ ‭como‬ ‭a‬ ‭ciência‬ ‭que‬ ‭estuda‬ ‭o‬ ‭fenômeno‬ ‭criminal‬ ‭sob‬ ‭as‬ ‭mais‬
‭diversas‬ ‭perspectivas‬ ‭e‬ ‭por‬ ‭meio‬ ‭de‬ ‭variadas‬ ‭disciplinas,‬ ‭usando-se‬ ‭do‬
‭método‬ ‭empírico.‬ ‭São‬ ‭basicamente‬ ‭os‬ ‭objetos‬ ‭de‬ ‭estudo‬ ‭dessa‬ ‭ciência‬ ‭o‬
‭crime, o criminoso, a vítima e o controle social.‬

‭O‬ ‭crime‬ ‭é‬ ‭um‬ ‭fenômeno‬ ‭dito‬ ‭“pré-jurídico”,‬ ‭ou‬ ‭seja,‬ ‭mostrou-se‬ ‭presente‬
‭nas‬ ‭sociedades‬ ‭desde‬ ‭antes‬ ‭que‬ ‭alguém‬ ‭assim‬ ‭o‬ ‭denominasse‬ ‭ou‬
‭tipificasse.‬

‭Com‬ ‭o‬‭surgimento‬‭do‬‭Direito‬‭e‬‭-em‬‭torno‬‭de‬‭1800-‬‭da‬‭Criminologia,‬‭é‬‭que‬
‭se‬ ‭passou‬ ‭a‬ ‭buscar‬ ‭—‬ ‭compreendê-lo‬ ‭e‬ ‭—descrevê-lo‬ ‭cientificamente.‬
‭Enfim,‬ ‭trata-se‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭problema‬ ‭social‬ ‭desde‬ ‭que‬ ‭existem‬ ‭sociedades,‬
‭provavelmente, e será descrito agora sob‬‭quatro vertentes:‬

1‭ .‬‭Ato ilícito praticado reiteradas vezes numa sociedade;‬


‭2.‬‭Violação dos direitos da vítima e da sociedade como um todo;‬
‭3.‬‭Práticas ilícitas repetidas por um tempo juridicamente relevante;‬
‭4.‬ ‭Condutas‬ ‭criminalizadas‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭análise‬ ‭detalhada‬ ‭da‬ ‭sua‬
‭repercussão na sociedade.‬
‭1. CRIME‬

‭Para‬ ‭o‬ ‭direito‬ ‭penal,‬ ‭trata-se‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭abordagem‬ ‭legal‬ ‭e‬ ‭normativa.‬ ‭O‬
‭crime‬ ‭é‬ ‭previsto‬ ‭por‬ ‭lei‬ ‭em‬ ‭diferentes‬ ‭tipos‬ ‭penais‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭descritos‬ ‭por‬
‭ela.‬ ‭O‬ ‭Direito‬ ‭Penal‬ ‭se‬ ‭ocupa‬ ‭de‬ ‭corrigir,‬ ‭emendar‬ ‭um‬ ‭fenômeno‬ ‭que‬ ‭é‬
‭observado‬ ‭e‬ ‭que‬ ‭causa‬ ‭perturbação‬ ‭—à‬ ‭sociedade.‬ ‭—‬ ‭Digamos,‬
‭figuradamente,‬ ‭que‬ ‭seja‬ ‭uma‬ ‭“cirurgia‬ ‭social”,‬ ‭no‬ ‭sentido‬ ‭de‬ ‭que,‬ ‭usando‬
‭os‬ ‭instrumentos‬ ‭fornecidos‬ ‭pela‬ ‭criminologia,‬ ‭busca‬ ‭dar‬ ‭soluções‬ ‭ao‬
‭problema criminal na sociedade.‬

‭Para‬ ‭a‬ ‭criminologia,‬ ‭pois‬ ‭trata-se‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭aspecto‬ ‭global,‬ ‭sendo‬ ‭um‬
‭problema‬‭social‬‭e‬‭comunitário‬‭a‬‭ser‬‭observado,‬‭compreendido,‬‭explicado‬‭e‬
‭descrito.‬ ‭Esta‬ ‭ciência‬ ‭é‬ ‭que‬ ‭fornece‬ ‭os‬ ‭comos‬ ‭e‬ ‭os‬ ‭porquês‬ ‭à‬ ‭ciência‬ ‭do‬
‭Direito Penal, a qual passará a operar as soluções.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 04‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FATO SOCIAL IV‬

‭2. CRIMINOSO‬

‭ esumidamente,‬ ‭colocaremos‬ ‭aqui‬ ‭como‬ ‭se‬ ‭vê‬ ‭a‬ ‭figura‬ ‭do‬ ‭criminoso‬ ‭as‬
R
‭diferentes escolas criminológicas que passaremos a estudar.‬

‭●‬ E
‭ scola‬ ‭clássica:‬ ‭pecador‬ ‭(ante‬ ‭a‬ ‭seu‬ ‭livre‬ ‭arbítrio,‬ ‭escolheu‬ ‭fazer‬ ‭o‬
‭mal);‬
‭●‬ E
‭ scola‬ ‭positiva:‬‭atávico‬ ‭(o‬ ‭criminoso‬ ‭já‬ ‭nasce‬ ‭criminoso.‬ ‭Fala-se‬ ‭em‬
‭determinismo biológico);‬
‭●‬ E
‭ scola‬ ‭correcionalista:‬ ‭ser‬ ‭inferior‬ ‭(o‬ ‭Estado‬ ‭é‬ ‭responsável‬ ‭pela‬ ‭sua‬
‭melhora a partir de práticas pedagógicas);‬
‭●‬ ‭Marxismo:‬‭vítima das estruturas econômicas;‬
‭●‬ A
‭ tualmente:‬ ‭pessoa‬ ‭normal‬ ‭que,‬ ‭por‬ ‭inúmeros‬ ‭fatores‬ ‭externos‬ ‭e‬
‭internos‬ ‭a‬ ‭si‬ ‭(são‬ ‭muitas‬ ‭e‬ ‭complexas‬ ‭—as‬ ‭—‬ ‭possibilidades,‬ ‭—‬ ‭com‬
‭desdobramentos‬ ‭e‬ ‭variáveis‬ ‭ainda‬ ‭a‬ ‭se‬ ‭descobrir‬ ‭e‬ ‭compreender),‬
‭descumpre regras preestabelecidas.‬

‭ ertamente‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭trabalho‬ ‭simples‬ ‭descrever‬ ‭a‬ ‭pessoa‬ ‭do‬ ‭criminoso‬ ‭e‬
C
‭buscar entender o que o levou à conduta desviante.‬
‭ o‬ ‭longo‬ ‭do‬ ‭tempo,‬ ‭passou-se‬ ‭de‬ ‭descrições‬ ‭mais‬ ‭simplistas‬‭a‬‭descrições‬
A
‭cada‬ ‭vez‬ ‭mais‬ ‭complexas‬ ‭e‬ ‭mais‬ ‭multidisciplinares,‬ ‭as‬ ‭quais‬ ‭conseguem‬
‭abarcar‬ ‭cada‬ ‭vez‬ ‭mais‬ ‭da‬ ‭enorme‬ ‭gama‬ ‭de‬ ‭aspectos‬ ‭que‬ ‭podem‬
‭influenciar a conduta do crime.‬
‭ alvez‬ ‭nunca‬ ‭se‬ ‭chegue‬ ‭à‬ ‭inteireza‬ ‭deles,‬ ‭pois‬ ‭são‬ ‭mesmo‬ ‭muito‬
T
‭complexos e banhados de subjetividades individuais e contextuais.‬

‭3. VÍTIMA‬

‭ ‬ ‭pessoa‬ ‭da‬ ‭vítima‬ ‭também‬‭foi‬‭vista‬‭de‬‭modos‬‭diferentes‬‭em‬‭cada‬‭escola‬


A
‭criminológica‬ ‭e‬ ‭de‬ ‭acordo‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭passagem‬ ‭do‬ ‭tempo.‬ ‭Vejamos‬ ‭alguns‬
‭modos como se tratou essa figura historicamente:‬
‭●‬ P
‭ oder‬ ‭de‬ ‭autotutela:‬ ‭a‬ ‭vítima,‬ ‭em‬ ‭primeira‬ ‭pessoa,‬ ‭poderia‬ ‭“fazer‬
‭justiça‬ ‭com‬ ‭as‬ ‭próprias‬ ‭mãos”.‬ ‭Valia-se‬ ‭da‬ ‭lógica‬ ‭do‬ ‭olho‬ ‭por‬ ‭olho,‬
‭dente por dente, justiça vingativa.‬

‭●‬ M
‭ onopólio‬ ‭do‬ ‭Poder‬ ‭Público‬ ‭a‬ ‭respeito‬ ‭da‬ ‭jurisdição:‬ ‭Passou‬ ‭a‬
‭conter‬‭o‬‭direito‬‭de‬‭punir‬‭somente‬‭o‬‭Estado,‬‭neutralizando‬‭o‬‭poder‬‭da‬
‭vítima de reagir ao ato criminoso em primeira pessoa.‬

‭●‬ C
‭ ontexto‬ ‭pós‬ ‭Segunda‬ ‭Guerra‬ ‭Mundial:‬ ‭revalorização‬ ‭do‬ ‭papel‬ ‭da‬
‭vítima‬ ‭e‬ ‭criação‬ ‭de‬ ‭aparatos‬ ‭estatais‬ ‭para‬ ‭abrandar‬ ‭os‬ ‭efeitos‬ ‭do‬
‭crime para ela.‬

‭# VITIMIZAÇÃO‬

‭VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA:‬

‭ ‬‭aquela‬‭que‬‭se‬‭relaciona‬‭ao‬‭indivíduo‬‭atingido‬‭diretamente‬‭pela‬‭conduta‬
É
‭criminosa.‬ ‭Ou‬ ‭seja,‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭processo‬ ‭através‬ ‭do‬‭qual‬‭um‬‭indivíduo‬‭sofre‬‭direta‬
‭ou‬ ‭indiretamente‬ ‭os‬ ‭efeitos‬ ‭nocivos‬ ‭ocasionados‬ ‭pelo‬ ‭delito.‬ ‭Ex.:‬ ‭Lesões‬
‭corporais, psicológicas etc.‬

‭VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA‬

‭ ‬ ‭uma‬ ‭consequência‬ ‭das‬ ‭relações‬ ‭entre‬ ‭as‬ ‭vítimas‬ ‭primárias‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭Estado,‬
É
‭em‬ ‭face‬ ‭da‬ ‭burocratização‬ ‭de‬ ‭seu‬ ‭aparelho‬ ‭repressivo‬ ‭(Polícia,‬ ‭Ministério‬
‭Público,‬‭Judiciário‬‭etc.).‬‭Ou‬‭seja,‬‭é‬‭entendida‬‭como‬‭o‬‭sofrimento‬‭suportado‬
‭pela‬ ‭vítima‬ ‭nas‬ ‭fases‬ ‭do‬ ‭inquérito‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭processo,‬ ‭pelas‬ ‭suas‬ ‭“instâncias‬
‭formais de controle social”, em que muitas vezes deverá reviver o fato‬
‭ riminoso‬ ‭por‬ ‭meio‬ ‭de‬ ‭interrogatórios,‬ ‭declarações‬ ‭e‬ ‭exames‬ ‭de‬‭corpo‬‭de‬
c
‭delito,‬ ‭além‬‭de‬‭submeter-se‬‭a‬‭situações‬‭como‬‭presenciar‬‭a‬‭argumentação‬
‭dos‬ ‭defensores‬ ‭do‬ ‭autor‬ ‭sugerindo‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭deu‬ ‭causa‬ ‭ao‬ ‭fato‬ ‭e‬ ‭o‬
‭reencontro com o delinquente.‬

‭VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA:‬

‭ ‬‭aquela‬‭decorrente‬‭de‬‭um‬‭excesso‬‭de‬‭sofrimento,‬‭que‬‭extrapola‬‭os‬‭limites‬
É
‭da‬ ‭lei‬ ‭do‬ ‭país,‬ ‭quando‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭é‬ ‭abandonada,‬ ‭em‬ ‭certos‬ ‭delitos,‬ ‭pelo‬
‭Estado‬ ‭e‬ ‭estigmatizada‬ ‭pela‬ ‭comunidade,‬ ‭incentivando‬ ‭as‬ ‭“cifras‬ ‭negras”‬
‭(crimes‬‭que‬‭não‬‭são‬‭levados‬‭ao‬‭conhecimento‬‭das‬‭autoridades).‬‭Ou‬‭seja,‬‭é‬
‭a‬ ‭ausência‬ ‭de‬ ‭receptividade‬ ‭social‬ ‭em‬ ‭relação‬ ‭à‬ ‭Vítima,‬ ‭que‬ ‭em‬ ‭diversos‬
‭casos‬ ‭se‬ ‭vê‬ ‭compelida‬ ‭a‬ ‭alterar‬ ‭sua‬ ‭rotina,‬ ‭os‬ ‭ambientes‬ ‭de‬ ‭convívio‬ ‭e‬
‭círculos sociais em razão da estigmatização causada pelo delito.‬

‭ x.:‬ ‭a‬ ‭segregação‬ ‭social‬ ‭sentida‬ ‭pelas‬ ‭vítimas‬ ‭de‬ ‭crimes‬ ‭sexuais‬ ‭e‬ ‭as‬
E
‭consequências‬ ‭da‬ ‭divulgação‬ ‭não‬ ‭autorizada‬ ‭de‬ ‭fotos‬ ‭ou‬ ‭vídeos‬ ‭Íntimos‬
‭nas redes sociais.‬

‭4. CONTROLE SOCIAL‬

‭ ‬ ‭controle‬ ‭social‬ ‭trata-se‬ ‭dos‬ ‭métodos‬ ‭de‬ ‭contenção‬ ‭do‬ ‭crime.‬ ‭Dentre‬
O
‭muitas‬ ‭micro‬ ‭variações‬ ‭e‬ ‭adoções‬ ‭de‬ ‭instrumentos‬ ‭de‬ ‭controle‬ ‭ao‬ ‭longo‬
‭dos‬ ‭séculos,‬ ‭notam-se‬ ‭duas‬ ‭maneiras‬ ‭principais‬ ‭de‬ ‭contenção‬ ‭criminal‬ ‭e‬
‭resposta a este fenômeno pela sociedade:‬

‭●‬ F
‭ ormal:‬ ‭controle‬ ‭exercido‬ ‭pelo‬ ‭Estado‬ ‭na‬ ‭falha‬ ‭do‬ ‭controle‬ ‭social‬
‭informal.‬

‭●‬ I‭ nformal:‬ ‭digamos‬ ‭que‬ ‭seja‬ ‭um‬ ‭“controle‬ ‭de‬ ‭guerrilha”:‬ ‭conjunto‬‭de‬
‭valores‬ ‭e‬ ‭noções‬ ‭anticriminais‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭ensinados‬ ‭ao‬ ‭indivíduo‬ ‭e‬
‭disseminados‬ ‭em‬ ‭ambientes‬ ‭sociais,‬ ‭havendo‬ ‭a‬ ‭criação‬ ‭de‬ ‭uma‬
‭consciência ética que reprova o comportamento desviante.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 05‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭INSTITUIÇÕES SOCIAIS RELACIONADAS COM O CRIME -‬


‭AS POLÍCIAS, O PODER JUDICIÁRIO, O MINISTÉRIO‬
‭PÚBLICO E O SISTEMA PENITENCIÁRIO‬

‭❖‬ ‭Instituições‬ ‭sociais‬ ‭relacionadas‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭crime:‬ ‭as‬ ‭Polícias,‬ ‭o‬ ‭Poder‬
‭Judiciário, o Ministério Público, os sistemas penitenciários, etc.‬

‭ APÍTULO III‬
C
‭ A SEGURANÇA PÚBLICA‬
D

‭ rt.‬‭144.‬‭A‬‭segurança‬‭pública,‬‭dever‬‭Estado,‬‭direito‬‭e‬‭responsabilidade‬‭de‬
A
‭todos,‬ ‭exercida‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭preservação‬ ‭da‬ ‭ordem‬ ‭pública‬ ‭e‬ ‭incolumidade‬
‭das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:‬

I‭ -‬‭polícia federal;‬
‭II -‬‭polícia rodoviária federal;‬
‭III -‬‭polícia ferroviária federal;‬
‭IV -‬‭polícias civis;‬
‭V -‬‭polícias militares e corpos de bombeiros militares.‬
‭VI‬ ‭-‬ ‭polícias‬ ‭penais‬ ‭federal,‬ ‭estaduais‬ ‭e‬ ‭distrital.‬ ‭(Redação‬ ‭dada‬ ‭pela‬
‭Emenda Constitucional nº 104, de 2019)‬
‭ ‬‭1º‬ ‭A‬ ‭polícia‬ ‭federal,‬ ‭instituída‬ ‭por‬ ‭lei‬ ‭como‬ ‭órgão‬ ‭permanente,‬
§
‭organizado‬‭e‬‭mantido‬‭pela‬‭União‬‭e‬‭estruturado‬‭em‬‭carreira,‬‭destina-se‬‭a:‬
‭(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)‬

I‭ ‬ ‭-‬ ‭apurar‬ ‭infrações‬ ‭penais‬ ‭contra‬ ‭a‬ ‭ordem‬ ‭política‬ ‭e‬ ‭social‬ ‭ou‬ ‭em‬
‭detrimento‬ ‭de‬ ‭bens,‬ ‭serviços‬ ‭e‬ ‭interesses‬ ‭da‬‭União‬‭ou‬‭de‬‭suas‬‭entidades‬
‭autárquicas‬ ‭e‬ ‭empresas‬ ‭públicas,‬ ‭assim‬ ‭como‬ ‭outras‬ ‭infrações‬ ‭cuja‬
‭prática‬ ‭tenha‬ ‭repercussão‬ ‭interestadual‬ ‭ou‬ ‭internacional‬ ‭e‬ ‭exija‬
‭repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;‬
I‭ I‬ ‭-‬ ‭prevenir‬ ‭e‬ ‭reprimir‬ ‭o‬ ‭tráfico‬ ‭ilícito‬ ‭de‬ ‭entorpecentes‬ ‭e‬ ‭drogas‬ ‭afins,‬ ‭o‬
‭contrabando‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭descaminho,‬ ‭sem‬ ‭prejuízo‬ ‭da‬ ‭ação‬ ‭fazendária‬ ‭e‬ ‭de‬
‭outros‬ ‭órgãos‬ ‭públicos‬ ‭nas‬ ‭respectivas‬ ‭áreas‬ ‭de‬
‭competência;‬
‭III‬ ‭-‬‭exercer‬‭as‬‭funções‬‭de‬‭polícia‬‭marítima,‬‭aeroportuária‬‭e‬‭de‬‭fronteiras;‬
‭(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)‬
‭IV -‬‭exercer, com exclusividade, as funções de polícia‬‭judiciária da União.‬
‭V -‬‭polícias militares e corpos de bombeiros militares.‬
‭VI -‬‭polícias penais federal, estaduais e distrital.‬

‭§‬ ‭2º‬ ‭A‬ ‭polícia‬ ‭rodoviária‬ ‭federal,‬ ‭órgão‬ ‭permanente,‬


‭organizado‬ ‭e‬ ‭mantido‬ ‭pela‬ ‭União‬ ‭e‬ ‭estruturado‬ ‭em‬
‭carreira,‬ ‭destina-se,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭da‬ ‭lei,‬ ‭ao‬ ‭patrulhamento‬
‭ostensivo‬ ‭das‬ ‭rodovias‬ ‭federais.‬ ‭(Redação‬ ‭dada‬ ‭pela‬
‭Emenda Constitucional nº 19, de 1998)‬
‭ ‬‭3º‬‭A‬‭polícia‬‭ferroviária‬‭federal,‬‭órgão‬‭permanente,‬‭organizado‬‭e‬‭mantido‬
§
‭pela‬ ‭União‬ ‭e‬ ‭estruturado‬ ‭em‬ ‭carreira,‬ ‭destina-se,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭da‬ ‭lei,‬ ‭ao‬
‭patrulhamento‬ ‭ostensivo‬ ‭das‬ ‭ferrovias‬ ‭federais.‬ ‭(Redação‬ ‭dada‬ ‭pela‬
‭Emenda Constitucional nº 19, de 1998)‬

‭ ‬‭4º‬ ‭Às‬ ‭polícias‬ ‭civis,‬ ‭dirigidas‬ ‭por‬ ‭delegados‬ ‭de‬ ‭polícia‬ ‭de‬ ‭carreira,‬
§
‭incumbem,‬ ‭ressalvada‬ ‭a‬ ‭competência‬ ‭da‬ ‭União,‬ ‭as‬ ‭funções‬ ‭de‬ ‭polícia‬
‭judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.‬

‭ ‬‭5º‬ ‭Às‬ ‭polícias‬ ‭militares‬ ‭cabem‬ ‭a‬ ‭polícia‬ ‭ostensiva‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭preservação‬ ‭da‬
§
‭ordem‬ ‭pública;‬ ‭aos‬ ‭corpos‬ ‭de‬ ‭bombeiros‬ ‭militares,‬ ‭além‬ ‭das‬ ‭atribuições‬
‭definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.‬

‭ ‬‭5º-A.‬ ‭Às‬ ‭polícias‬ ‭penais,‬ ‭vinculadas‬ ‭ao‬ ‭órgão‬ ‭administrador‬ ‭do‬ ‭sistema‬
§
‭penal‬ ‭da‬ ‭unidade‬ ‭federativa‬ ‭a‬ ‭que‬ ‭pertencem,‬ ‭cabe‬ ‭a‬ ‭segurança‬ ‭dos‬
‭estabelecimentos‬ ‭penais.‬ ‭(Redação‬‭dada‬‭pela‬‭Emenda‬‭Constitucional‬‭nº‬
‭104, de 2019)‬

‭ ‬‭6º‬ ‭As‬ ‭polícias‬ ‭militares‬ ‭e‬ ‭os‬ ‭corpos‬ ‭de‬ ‭bombeiros‬ ‭militares,‬ ‭forças‬
§
‭auxiliares‬ ‭e‬ ‭reserva‬ ‭do‬ ‭Exército‬ ‭subordinam-se,‬ ‭juntamente‬ ‭com‬ ‭as‬
‭polícias‬ ‭civis‬ ‭e‬ ‭as‬ ‭polícias‬ ‭penais‬ ‭estaduais‬ ‭e‬ ‭distrital,‬ ‭aos‬ ‭Governadores‬
‭dos‬ ‭Estados,‬ ‭do‬ ‭Distrito‬ ‭Federal‬ ‭e‬ ‭dos‬ ‭Territórios.‬ ‭(Redação‬ ‭dada‬ ‭pela‬
‭Emenda Constitucional nº 104, de 2019)‬

‭ ‬‭7º‬ ‭A‬ ‭lei‬ ‭disciplinará‬ ‭a‬ ‭organização‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭funcionamento‬ ‭dos‬ ‭órgãos‬
§
‭responsáveis‬ ‭pela‬ ‭segurança‬ ‭pública,‬ ‭de‬ ‭maneira‬ ‭a‬ ‭garantir‬ ‭a‬‭eficiência‬
‭de suas atividades.‬

‭ ‬‭8º‬ ‭Os‬ ‭Municípios‬ ‭poderão‬ ‭constituir‬ ‭guardas‬ ‭municipais‬ ‭destinadas‬ ‭à‬


§
‭proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.‬

‭ ‬‭9º‬ ‭A‬ ‭remuneração‬ ‭dos‬ ‭servidores‬ ‭policiais‬ ‭integrantes‬ ‭dos‬ ‭órgãos‬


§
‭relacionados‬ ‭neste‬ ‭artigo‬ ‭será‬ ‭fixada‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭do‬ ‭§‬ ‭4º‬ ‭do‬ ‭art.‬ ‭39‬‭.‬
‭(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998;‬

‭ ‬‭10.‬‭A‬‭segurança‬‭viária,‬‭exercida‬‭para‬‭a‬‭preservação‬‭da‬‭ordem‬‭pública‬‭e‬
§
‭da‬ ‭incolumidade‬ ‭das‬ ‭pessoas‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭seu‬ ‭patrimônio‬ ‭nas‬ ‭vias‬ ‭públicas:‬
‭(incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)‬
I‭ ‬ ‭-‬ ‭compreende‬ ‭a‬ ‭educação,‬ ‭engenharia‬ ‭e‬ ‭fiscalização‬ ‭de‬ ‭trânsito,‬ ‭além‬
‭de‬‭outras‬‭atividades‬‭previstas‬‭em‬‭lei,‬‭que‬‭assegurem‬‭ao‬‭cidadão‬‭o‬‭direto‬
‭-‬ ‭à‬ ‭mobilidade‬ ‭urbana‬ ‭-‬ ‭eficiente;‬ ‭(Incluído‬ ‭pela‬ ‭Emenda‬ ‭Constitucional‬
‭nº 82, de 2014)‬

I‭ I‬‭-‬‭compete,‬‭no‬‭âmbito‬‭dos‬‭Estados,‬‭do‬‭Distrito‬‭Federal‬‭e‬‭dos‬‭Municípios,‬
‭aos‬ ‭respectivos‬ ‭órgãos‬ ‭ou‬ ‭entidades‬ ‭executivos‬ ‭e‬ ‭seus‬ ‭agentes‬ ‭de‬
‭trânsito,‬ ‭estruturados‬ ‭em‬ ‭Carreira,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭da‬ ‭lei‬ ‭—‬ ‭(Incluído‬ ‭pela‬
‭Emenda Constitucional nº 82, de 2014)‬

‭[...]‬

‭PODER JUDICIÁRIO‬

‭CAPÍTULO III‬

‭DO PODER JUDICIÁRIO‬

‭SEÇÃO I‬

‭DISPOSIÇÕES GERAIS‬

‭Art. 92.‬‭São órgãos do Poder Judiciário:‬

‭I -‬‭o Supremo Tribunal Federal;‬


‭I-A -‬‭o Conselho Nacional de Justiça;‬
‭II -‬‭o Superior Tribunal de Justiça;‬
I‭ I-A -‬‭o Tribunal Superior do Trabalho;‬
‭III -‬‭os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;‬
‭IV -‬‭os Tribunais e Juízes do Trabalho;‬
‭V -‬‭os Tribunais e Juízes Eleitorais;‬
‭VI -‬‭os Tribunais e Juízes Militares;‬
‭VII -‬‭os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito‬‭Federal e Territórios.‬

‭ ‬ ‭1º‬ ‭O‬ ‭Supremo‬ ‭Tribunal‬ ‭Federal,‬ ‭o‬ ‭Conselho‬ ‭Nacional‬ ‭de‬ ‭Justiça‬ ‭e‬ ‭os‬
§
‭Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.‬
‭ ‬ ‭2º‬‭O‬ ‭Supremo‬ ‭Tribunal‬ ‭Federal‬ ‭e‬ ‭os‬ ‭Tribunais‬ ‭Superiores‬ ‭têm‬‭jurisdição‬
§
‭em todo o território nacional.‬

‭ ‬ ‭poder‬ ‭judiciário‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭poder‬ ‭(ou‬ ‭função)‬ ‭estatal‬ ‭responsável‬ ‭pelo‬
O
‭exercício da jurisdição.‬
‭ ‬ ‭ato‬ ‭ou‬ ‭efeito‬ ‭de‬ ‭“dizer‬ ‭o‬ ‭direito”‬ ‭é‬ ‭definido‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭magistral‬ ‭pelo‬
O
‭professor Pedro Lenza:‬
"‭ uma‬ ‭das‬ ‭funções‬ ‭do‬ ‭Estado,‬ ‭mediante‬ ‭a‬ ‭qual‬ ‭este‬ ‭se‬ ‭substitui‬ ‭aos‬
‭titulares‬ ‭dos‬ ‭interesses‬ ‭em‬ ‭conflito‬ ‭para,‬ ‭imparcialmente,‬ ‭buscar‬ ‭a‬
‭pacificação do conflito que os envolve, com justiça”.‬

‭ ssa‬‭pacificação‬‭é‬‭feita‬‭mediante‬‭a‬‭atuação‬‭da‬‭vontade‬‭do‬‭direito‬‭objetivo‬
E
‭que‬‭rege‬‭o‬‭caso‬‭apresentado‬‭em‬‭concreto‬‭para‬‭ser‬‭solucionado;‬‭e‬‭o‬‭Estado‬
‭desempenha‬‭essa‬‭função‬‭sempre‬‭por‬‭meio‬‭do‬‭processo,‬‭seja‬‭expressando‬
‭imperativamente‬ ‭o‬ ‭preceito‬ ‭(através‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭sentença‬ ‭de‬ ‭mérito),‬ ‭seja‬
‭realizando‬ ‭no‬ ‭mundo‬ ‭das‬ ‭coisas‬ ‭o‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭preceito‬ ‭estabelece‬ ‭(através‬ ‭da‬
‭execução forçada).‬
‭ ssa‬‭importantíssima‬‭função‬‭possui‬‭também‬‭suas‬‭características‬‭próprias,‬
E
‭quais sejam:‬

‭●‬ L
‭ ide:‬‭a‬‭existência‬‭de‬‭uma‬‭“pretensão‬‭resistida”.‬‭Ou‬‭seja,‬‭uma‬‭vez‬‭que‬
‭a‬ ‭obrigação‬ ‭legal‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭cumprida‬ ‭espontaneamente,‬ ‭a‬ ‭parte‬‭lesada‬
‭pode‬‭buscar‬‭o‬‭Judiciário‬‭para‬‭que,‬‭substituindo‬‭a‬‭vontade‬‭das‬‭partes,‬
‭resolva o conflito.‬
‭●‬ I‭ nércia:‬ ‭dizer-se‬ ‭inerte‬ ‭significa‬ ‭dizer‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭Judiciário‬ ‭somente‬ ‭age‬
‭por provocação.‬
‭ outros‬ ‭termos,‬ ‭o‬‭Judiciário‬‭adota‬‭uma‬‭postura‬‭quase‬‭“passiva”‬‭até‬‭que‬‭é‬
N
‭provocado por uma das partes.‬

‭●‬ D
‭ efinitividade:‬ ‭uma‬ ‭vez‬ ‭que‬ ‭as‬ ‭decisões‬ ‭exaradas‬ ‭pelo‬ ‭Judiciário‬
‭transitem‬ ‭em‬ ‭julgado,‬ ‭elas‬ ‭se‬ ‭tornam‬ ‭definitivas,‬ ‭sem‬ ‭qualquer‬
‭possibilidade de alteração.‬
‭[...]‬
‭ INISTÉRIO PÚBLICO‬
M

‭ ‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭é‬ ‭uma‬ ‭das‬ ‭funções‬ ‭essenciais‬ ‭à‬ ‭justiça.‬ ‭Isso‬ ‭significa‬
O
‭dizer‬ ‭que‬ ‭é‬ ‭uma‬ ‭das‬ ‭instituições‬ ‭( juntamente‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭advocacia,‬ ‭a‬
‭advocacia‬ ‭pública‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭defensoria‬ ‭pública)‬ ‭sem‬ ‭as‬ ‭quais‬ ‭a‬ ‭jurisdição‬ ‭não‬
‭poderia ser exercida em sua plenitude.‬
‭ m‬‭suma,‬‭o‬‭Ministério‬‭Público‬‭é‬‭responsável‬‭por‬‭defender‬‭os‬‭interesses‬ ‭da‬
E
‭sociedade,‬ ‭e,‬ ‭da‬ ‭sua‬ ‭gama‬ ‭de‬ ‭funções,‬ ‭a‬ ‭que‬ ‭mais‬ ‭se‬ ‭sobressai‬ ‭é‬ ‭a‬ ‭de‬
‭propor‬‭a‬‭ação‬‭penal,‬‭sendo‬‭o‬‭MP‬‭detentor‬‭do‬‭direito‬‭da‬‭ação‬‭penal‬‭pública‬
‭(condicionada ou incondicionada).‬

‭ APÍTULO IV‬
C
‭DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA‬
‭SEÇÃO I‬
‭DO MINISTÉRIO PÚBLICO‬

‭ rt.‬‭127.‬‭O‬‭Ministério‬‭Público‬‭é‬‭instituição‬‭permanente,‬‭essencial‬‭à‬‭função‬
A
‭jurisdicional‬ ‭do‬ ‭Estado,‬ ‭incumbindo-lhe‬ ‭a‬ ‭defesa‬ ‭da‬ ‭ordem‬ ‭jurídica,‬ ‭do‬
‭regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.‬

‭ ‬ ‭1º‬ ‭São‬ ‭princípios‬ ‭institucionais‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭a‬ ‭unidade,‬ ‭a‬
§
‭indivisibilidade e a independência funcional.‬

‭ ‬ ‭2º‬ ‭Ao‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭é‬ ‭assegurada‬ ‭autonomia‬ ‭funcional‬ ‭e‬


§
‭administrativa,‬‭podendo,‬‭observado‬‭o‬‭disposto‬‭no‬‭art.‬‭169,‬‭propor‬‭ao‬
‭Poder‬
‭Legislativo‬ ‭a‬ ‭criação‬ ‭e‬‭extinção‬‭de‬‭seus‬‭cargos‬‭e‬‭serviços‬‭auxiliares,‬
‭provendo-os‬‭por‬‭concurso‬‭público‬‭de‬‭provas‬‭ou‬‭de‬‭provas‬‭e‬‭títulos,‬‭a‬
‭política‬ ‭remuneratória‬ ‭e‬ ‭os‬ ‭planos‬ ‭de‬ ‭carreira;‬ ‭a‬ ‭lei‬ ‭disporá‬ ‭Sobre‬
‭sua organização e funcionamento.‬
‭ ‬‭3º‬‭O‬‭Ministério‬‭Público‬‭elaborará‬‭sua‬‭proposta‬‭orçamentária‬‭dentro‬‭dos‬
§
‭limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.‬

‭ ‬ ‭4º‬ ‭Se‬ ‭o‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭não‬ ‭encaminhar‬ ‭a‬ ‭respectiva‬ ‭proposta‬
§
‭orçamentária‬ ‭dentro‬ ‭do‬ ‭prazo‬ ‭estabelecido‬ ‭na‬ ‭lei‬ ‭de‬ ‭diretrizes‬
‭orçamentárias,‬ ‭o‬ ‭Poder‬ ‭Executivo‬ ‭considerará,‬ ‭para‬‭fins‬‭de‬‭consolidação‬
‭da‬ ‭proposta‬ ‭orçamentária‬ ‭anual,‬ ‭os‬ ‭valores‬ ‭aprovados‬ ‭na‬ ‭lei‬
‭orçamentária‬‭vigente,‬‭ajustados‬‭de‬‭acordo‬‭com‬‭os‬‭limites‬‭estipulados‬‭na‬
‭forma do‬‭§ 3º.‬

‭ ‬ ‭5º‬ ‭Se‬ ‭a‬ ‭proposta‬ ‭orçamentária‬ ‭de‬ ‭que‬ ‭trata‬ ‭este‬ ‭artigo‬ ‭for‬
§
‭encaminhada‬‭em‬‭desacordo‬‭com‬‭os‬‭limites‬‭estipulados‬‭na‬‭forma‬‭do‬‭§‬‭3º‬‭,‬
‭o‬ ‭Poder‬ ‭Executivo‬ ‭procederá‬ ‭aos‬ ‭ajustes‬ ‭necessários‬ ‭para‬ ‭fins‬ ‭de‬
‭consolidação da proposta orçamentária anual.‬

‭ ‬ ‭6º‬‭Durante‬ ‭a‬‭execução‬‭orçamentária‬‭do‬‭exercício,‬‭não‬‭poderá‬‭haver‬‭a‬
§
‭realização‬ ‭de‬ ‭despesas‬ ‭ou‬ ‭a‬ ‭assunção‬ ‭de‬ ‭obrigações‬‭que‬‭extrapolem‬‭os‬
‭limites‬ ‭estabelecidos‬ ‭na‬ ‭lei‬ ‭de‬ ‭diretrizes‬ ‭orçamentárias,‬ ‭exceto‬ ‭se‬
‭previamente‬ ‭autorizadas,‬ ‭mediante‬ ‭a‬ ‭abertura‬ ‭de‬ ‭créditos‬
‭suplementares ou especiais.‬

‭Art. 128.‬‭O Ministério Público abrange:‬

‭I -‬‭o Ministério Público da União, que compreende:‬

‭ )‬‭o Ministério Público Federal;‬


a
‭b)‬‭o Ministério Público do Trabalho;‬
‭e)‬‭o Ministério Público Militar;‬
‭d)‬‭o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;‬

‭II -‬‭os Ministérios Públicos dos Estados.‬

‭ ‬ ‭1º‬ ‭O‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭tem‬ ‭por‬ ‭chefe‬ ‭o‬
§
‭Procurador-Geral‬ ‭da‬ ‭República,‬ ‭nomeado‬ ‭pelo‬
‭Presidente‬ ‭da‬ ‭República‬ ‭dentre‬ ‭integrantes‬ ‭da‬‭carreira,‬
‭maiores‬‭de‬‭trinta‬‭e‬‭cinco‬‭anos,‬‭após‬‭a‬‭aprovação‬‭de‬‭seu‬
‭nome‬ ‭pela‬ ‭maioria‬ ‭absoluta‬ ‭dos‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Senado‬
‭Federal,‬ ‭para‬ ‭mandato‬ ‭de‬ ‭dois‬ ‭anos,‬ ‭permitida‬ ‭a‬
‭recondução.‬
‭ ‬ ‭2º‬ ‭A‬ ‭destituição‬ ‭do‬ ‭Procurador-Geral‬ ‭da‬ ‭República,‬ ‭por‬ ‭iniciativa‬ ‭do‬
§
‭Presidente‬ ‭da‬ ‭República,‬ ‭deverá‬ ‭ser‬ ‭precedida‬ ‭de‬ ‭autorização‬ ‭da‬ ‭maioria‬
‭absoluta do Senado Federal.‬

‭ ‬ ‭3º‬‭Os‬‭Ministérios‬‭Públicos‬‭dos‬‭Estados‬‭e‬‭o‬‭do‬‭Distrito‬‭Federal‬‭e‬‭Territórios‬
§
‭formarão‬ ‭lista‬ ‭tríplice‬ ‭dentre‬ ‭integrantes‬ ‭da‬ ‭carreira,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭da‬ ‭lei‬
‭respectiva,‬ ‭para‬ ‭escolha‬‭de‬‭seu‬‭Procurador-‬‭Geral,‬‭que‬‭será‬‭nomeado‬‭pelo‬
‭Chefe‬ ‭do‬ ‭Poder‬ ‭Executivo,‬ ‭para‬ ‭mandato‬ ‭de‬ ‭dois‬ ‭anos,‬ ‭permitida‬ ‭uma‬
‭recondução,‬

‭ ‬ ‭4º‬‭Os‬‭Procuradores-Gerais‬‭nos‬‭Estados‬‭e‬‭no‬‭Distrito‬‭Federal‬‭e‬‭Territórios‬
§
‭poderão‬ ‭ser‬ ‭destituídos‬ ‭por‬ ‭deliberação‬ ‭da‬ ‭maioria‬ ‭absoluta‬ ‭do‬ ‭Poder‬
‭Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.‬

‭ ‬ ‭5º‬ ‭Leis‬ ‭complementares‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭e‬ ‭dos‬ ‭Estados,‬ ‭cuja‬ ‭iniciativa‬ ‭é‬
§
‭facultada‬ ‭aos‬ ‭respectivos‬ ‭Procuradores-Gerais,‬ ‭estabelecerão‬ ‭-‬ ‭a‬
‭organização,‬ ‭as‬ ‭atribuições‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭estatuto‬ ‭de‬ ‭cada‬ ‭Ministério‬ ‭Público,‬
‭observadas, relativamente a seus membros:‬

‭I -‬‭as seguintes garantias:‬

‭ )‬ ‭vitaliciedade,‬ ‭após‬ ‭dois‬ ‭anos‬ ‭de‬ ‭exercício,‬ ‭não‬ ‭podendo‬‭perder‬‭o‬‭cargo‬


a
‭senão por sentença judicial transitada em julgado;‬
‭b)‬ ‭inamovibilidade,‬ ‭salvo‬ ‭por‬ ‭motivo‬ ‭de‬ ‭interesse‬ ‭público,‬ ‭mediante‬
‭decisão‬ ‭do‬ ‭órgão‬ ‭colegiado‬ ‭competente‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público,‬ ‭pelo‬ ‭voto‬
‭da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;‬
‭c)‬‭irredutibilidade‬‭de‬‭subsídio,‬‭fixado‬‭na‬‭forma‬‭do‬‭art.‬‭39,‬‭§‬‭4º‬‭,‬‭e‬‭ressalvado‬
‭o disposto nos‬‭arts. 37, X e XI, 150, II, 153, II, 153, § 2º, 1;‬

‭ll -‬‭as seguintes vedações:‬

‭ )‬ ‭receber,‬ ‭a‬ ‭qualquer‬ ‭título‬ ‭e‬ ‭sob‬ ‭qualquer‬ ‭pretexto,‬ ‭honorários,‬


a
‭percentagens ou custas processuais;‬
‭b)‬‭exercer a advocacia;‬
‭c)‬‭participar de sociedade comercial, na forma da lei;‬
‭d)‬ ‭exercer,‬ ‭ainda‬ ‭que‬ ‭em‬ ‭disponibilidade,‬ ‭qualquer‬ ‭outra‬ ‭função‬ ‭pública,‬
‭salvo uma de magistério;‬
‭ )‬‭exercer atividade político-partidária;‬
e
‭f )‬ ‭receber,‬ ‭a‬ ‭qualquer‬ ‭título‬ ‭ou‬ ‭pretexto,‬ ‭auxílios‬ ‭ou‬ ‭contribuições‬ ‭de‬
‭pessoas‬ ‭físicas,‬ ‭entidades‬ ‭públicas‬ ‭ou‬ ‭privadas,‬ ‭ressalvadas‬ ‭as‬ ‭exceções‬
‭previstas em lei.‬

‭ ‬ ‭6º‬ ‭Aplica-se‬ ‭aos‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭o‬ ‭disposto‬ ‭no‬ ‭art.‬ ‭95,‬
§
‭parágrafo único, V.‬

‭Art. 129.‬‭São funções institucionais do Ministério Público:‬

‭I -‬‭promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;‬


I‭ I‬ ‭-‬ ‭zelar‬ ‭pelo‬ ‭efetivo‬ ‭respeito‬ ‭dos‬ ‭Poderes‬ ‭Públicos‬ ‭e‬ ‭dos‬ ‭serviços‬ ‭de‬
‭relevância‬ ‭pública‬ ‭aos‬ ‭direitos‬ ‭—‬ ‭assegurados‬ ‭—‬ ‭nesta‬ ‭Constituição,‬
‭promovendo as medidas necessárias a sua garantia;‬
I‭ II‬ ‭-‬ ‭promover‬ ‭o‬ ‭inquérito‬ ‭civil‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭ação‬ ‭civil‬ ‭pública,‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭proteção‬ ‭do‬
‭patrimônio‬ ‭público‬ ‭e‬ ‭social,‬ ‭do‬ ‭meio‬ ‭ambiente‬ ‭e‬ ‭de‬ ‭outros‬ ‭interesses‬
‭difusos e coletivos;‬
I‭ V‬ ‭-‬ ‭promover‬ ‭a‬ ‭ação‬ ‭de‬‭inconstitucionalidade‬‭ou‬‭representação‬‭para‬‭fins‬
‭de‬ ‭intervenção‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭e‬ ‭dos‬ ‭Estados,‬ ‭nos‬ ‭casos‬ ‭previstos‬ ‭nesta‬
‭Constituição;‬
‭ ‬ ‭-‬ ‭defender‬ ‭judicialmente‬ ‭os‬ ‭direitos‬ ‭e‬ ‭interesses‬ ‭das‬ ‭populações‬
V
‭indígenas;‬
‭ I‬ ‭-‬ ‭expedir‬ ‭notificações‬ ‭nos‬ ‭procedimentos‬ ‭administrativos‬ ‭de‬ ‭sua‬
V
‭competência,‬‭requisitando‬‭informações‬‭e‬‭documentos‬‭para‬‭instruí-los,‬‭na‬
‭forma da lei complementar respectiva;‬
‭ II‬ ‭-‬ ‭exercer‬ ‭o‬ ‭controle‬ ‭externo‬ ‭da‬ ‭atividade‬ ‭policial,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭da‬ ‭lei‬
V
‭complementar mencionada no artigo anterior;‬
‭ III‬ ‭-‬ ‭requisitar‬ ‭diligências‬ ‭investigatórias‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭instauração‬ ‭de‬ ‭inquérito‬
V
‭policial,‬ ‭indicados‬ ‭os‬ ‭fundamentos‬ ‭jurídicos‬ ‭de‬ ‭suas‬ ‭manifestações‬
‭processuais;‬
I‭ X‬ ‭-‬ ‭exercer‬ ‭outras‬ ‭funções‬ ‭que‬ ‭lhe‬ ‭forem‬ ‭conferidas,‬ ‭desde‬ ‭que‬
‭compatíveis‬ ‭com‬ ‭sua‬ ‭finalidade,‬ ‭sendo-lhe‬ ‭vedada‬ ‭a‬ ‭representação‬
‭judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.‬

‭ ‬ ‭1º‬‭A‬‭legitimação‬‭do‬‭Ministério‬‭Público‬‭para‬‭as‬‭ações‬‭civis‬‭previstas‬‭neste‬
§
‭artigo‬ ‭não‬ ‭impede‬ ‭a‬ ‭de‬ ‭terceiros,‬ ‭nas‬ ‭mesmas‬ ‭hipóteses,‬ ‭segundo‬ ‭o‬
‭disposto nesta Constituição e na lei.‬
‭ ‬ ‭2º‬ ‭As‬ ‭funções‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭só‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭exercidas‬ ‭por‬
§
‭integrantes‬ ‭da‬ ‭carreira,‬ ‭que‬ ‭deverão‬ ‭residir‬ ‭na‬ ‭comarca‬ ‭da‬ ‭respectiva‬
‭lotação, salvo autorização do chefe da instituição.‬

‭ ‬ ‭3º‬ ‭O‬ ‭ingresso‬ ‭na‬ ‭carreira‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭far-se-á‬ ‭mediante‬
§
‭concurso‬‭público‬‭de‬‭provas‬‭e‬‭títulos,‬‭assegurada‬‭a‬‭participação‬‭da‬‭Ordem‬
‭dos‬ ‭Advogados‬ ‭do‬ ‭Brasil‬ ‭em‬ ‭sua‬ ‭realização,‬ ‭exigindo-se‬ ‭do‬ ‭bacharel‬ ‭em‬
‭direito,‬ ‭no‬ ‭mínimo,‬ ‭três‬ ‭anos‬ ‭de‬ ‭atividade‬ ‭jurídica‬ ‭e‬ ‭observando-se,‬ ‭nas‬
‭nomeações, a ordem de classificação.‬

‭§ 4º‬‭Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93.‬

‭§ 5º‬‭A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.‬

‭ rt.‬ ‭130.‬ ‭Aos‬ ‭membros‬ ‭do‬‭Ministério‬‭Público‬‭junto‬‭aos‬‭Tribunais‬


A
‭de‬ ‭Contas‬ ‭aplicam-se‬ ‭as‬ ‭disposições‬ ‭desta‬ ‭seção‬ ‭pertinentes‬ ‭a‬
‭direitos, vedações e forma de investidura.‬

‭ rt.‬ ‭130-A.‬ ‭O‬ ‭Conselho‬ ‭Nacional‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭“Público‬


A
‭compõe-se‬‭de‬‭quatorze‬‭membros‬‭nomeados‬‭pelo‬‭Presidente‬‭da‬
‭República,‬ ‭depois‬ ‭de‬ ‭aprovada‬ ‭a‬ ‭escolha‬ ‭pela‬ ‭maioria‬ ‭absoluta‬
‭do‬ ‭Senado‬ ‭Federal,‬ ‭para‬ ‭um‬ ‭mandato‬ ‭de‬ ‭dois‬ ‭anos,‬ ‭admitida‬
‭uma recondução, sendo:‬

‭I -‬‭o Procurador-Geral da República, que o preside;‬


I‭ I‬ ‭-‬ ‭quatro‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭da‬ ‭União,‬ ‭assegurada‬ ‭a‬
‭representação de cada uma de suas carreiras;‬
‭III -‬‭três membros do Ministério Público dos Estados;‬
I‭ V‬ ‭-‬‭dois‬ ‭juízes,‬ ‭indicados‬ ‭um‬ ‭pelo‬ ‭Supremo‬ ‭Tribunal‬ ‭Federal‬ ‭e‬ ‭outro‬ ‭pelo‬
‭Superior Tribunal de Justiça;‬
‭ ‬ ‭-‬ ‭dois‬ ‭advogados,‬ ‭indicados‬ ‭pelo‬ ‭Conselho‬ ‭Federal‬ ‭da‬ ‭Ordem‬ ‭dos‬
V
‭Advogados do Brasil;‬
‭ I‬ ‭-‬‭dois‬ ‭cidadãos‬ ‭de‬ ‭notável‬ ‭saber‬ ‭jurídico‬‭e‬‭reputação‬‭ilibada,‬‭indicados‬
V
‭um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.‬
‭ ‬ ‭1º‬ ‭Os‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Conselho‬ ‭oriundos‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬
§
‭serão‬ ‭indicados‬ ‭pelos‬ ‭respectivos‬ ‭Ministérios‬ ‭Públicos,‬ ‭na‬‭forma‬
‭da lei.‬

‭ ‬ ‭2º‬ ‭Compete‬ ‭ao‬ ‭Conselho‬ ‭Nacional‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭o‬


§
‭controle‬ ‭da‬ ‭atuação‬ ‭administrativa‬ ‭e‬ ‭financeira‬ ‭do‬ ‭Ministério‬
‭Público‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭cumprimento‬ ‭dos‬ ‭deveres‬ ‭funcionais‬ ‭de‬ ‭seus‬
‭membros, cabendo lhe:‬

I‭ ‬ ‭-‬ ‭zelar‬ ‭pela‬ ‭autonomia‬ ‭funcional‬ ‭e‬ ‭administrativa‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público,‬
‭podendo‬‭expedir‬‭atos‬‭regulamentares,‬‭no‬‭âmbito‬‭de‬‭sua‬‭competência.‬‭ou‬
‭recomendar providências:‬
I‭ I‬ ‭-‬ ‭zelar‬ ‭pela‬ ‭observância‬ ‭do‬ ‭art‬ ‭37‬ ‭e‬ ‭apreciar,‬ ‭de‬ ‭ofício‬ ‭ou‬ ‭mediante‬
‭provocação,‬‭a‬‭legalidade‬‭dos‬‭atos‬‭administrativos‬‭praticados‬‭por‬‭membros‬
‭ou‬ ‭órgãos‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭e‬ ‭dos‬ ‭Estados,‬ ‭podendo‬
‭desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências‬
‭necessárias‬ ‭ao‬ ‭exato‬ ‭cumprimento‬ ‭da‬ ‭lei,‬ ‭sem‬ ‭prejuízo‬ ‭da‬ ‭competência‬
‭dos Tribunais de Contas;‬
I‭ II‬ ‭-‬‭receber‬ ‭e‬ ‭conhecer‬ ‭das‬ ‭reclamações‬ ‭contra‬ ‭membros‬ ‭ou‬ ‭órgãos‬ ‭do‬
‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭ou‬ ‭dos‬ ‭Estados,‬‭inclusive‬‭contra‬‭seus‬‭serviços‬
‭auxiliares,‬ ‭sem‬ ‭prejuízo‬ ‭da‬ ‭competência‬ ‭disciplinar‬ ‭e‬ ‭correicional‬ ‭da‬
‭instituição,‬‭podendo‬‭avocar‬‭processos‬‭disciplinares‬‭em‬‭curso,‬‭determinar‬‭a‬
‭remoção‬ ‭ou‬ ‭a‬ ‭disponibilidade‬ ‭e‬ ‭aplicar‬ ‭outras‬ ‭sanções‬ ‭administrativas,‬
‭assegurada‬ ‭ampla‬ ‭defesa;‬ ‭(Redação‬ ‭dada‬ ‭pela‬ ‭Emenda‬ ‭Constitucional‬ ‭nº‬
‭103, de 2019‬
I‭ V‬ ‭-‬ ‭rever,‬‭de‬‭ofício‬‭ou‬‭mediante‬‭provocação,‬‭os‬‭processos‬‭disciplinares‬‭de‬
‭membros‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭da‬ ‭União‬ ‭ou‬ ‭dos‬ ‭Estados‬ ‭julgados‬ ‭há‬
‭menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)‬
‭V‬ ‭-‬ ‭elaborar‬ ‭relatório‬ ‭anual,‬ ‭propondo‬ ‭as‬ ‭providências‬ ‭que‬ ‭julgar‬
‭necessárias‬ ‭sobre‬ ‭a‬ ‭situação‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭no‬ ‭País‬‭e‬‭as‬‭atividades‬
‭do‬ ‭Conselho,‬ ‭o‬ ‭qual‬ ‭deve‬ ‭integrar‬ ‭a‬ ‭mensagem‬ ‭prevista‬ ‭no‬ ‭art.‬ ‭84,‬ ‭XI.‬
‭(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)‬

‭ ‬ ‭3º‬ ‭O‬ ‭Conselho‬ ‭escolherá,‬ ‭em‬ ‭votação‬‭secreta,‬‭um‬‭Corregedor‬‭nacional,‬


§
‭dentre‬ ‭os‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭integram,‬ ‭vedada‬ ‭a‬
‭recondução,‬ ‭competindo-lhe,‬ ‭além‬ ‭das‬ ‭atribuições‬ ‭que‬ ‭lhe‬ ‭forem‬
‭conferidas pela lei, as seguintes:‬
I‭ ‬‭-‬‭receber‬‭reclamações‬‭e‬‭denúncias,‬‭de‬‭qualquer‬‭interessado,‬‭relativas‬‭aos‬
‭membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;‬

‭II -‬‭exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;‬

I‭ II‬ ‭-‬ ‭requisitar‬ ‭e‬ ‭designar‬ ‭membros‬ ‭do‬ ‭Ministério‬ ‭Público,‬‭delegando-lhes‬


‭atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público.‬

‭ ‬‭4º‬‭O‬‭Presidente‬‭do‬‭Conselho‬‭Federal‬‭da‬‭Ordem‬‭dos‬‭Advogados‬
§
‭do Brasil oficiará junto ao Conselho.‬

‭ ‬ ‭5º‬ ‭Leis‬ ‭da‬ ‭União‬‭e‬‭dos‬‭Estados‬‭criarão‬‭ouvidorias‬‭do‬‭Ministério‬


§
‭Público,‬ ‭competentes‬ ‭para‬ ‭receber‬ ‭reclamações‬ ‭e‬‭denúncias‬‭de‬
‭qualquer‬ ‭interessado‬ ‭contra‬ ‭membros‬ ‭ou‬ ‭órgãos‬ ‭do‬ ‭Ministério‬
‭Público,‬ ‭inclusive‬ ‭contra‬ ‭seus‬ ‭serviços‬ ‭auxiliares,‬ ‭representando‬
‭diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.‬

‭ ssas funções somente poderão ser exercidas por integrantes de carreiras‬


E
‭específicas‬ ‭do‬ ‭MP,‬ ‭cujo‬ ‭ingresso‬ ‭na‬ ‭carreira‬ ‭é‬ ‭feito‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭concurso‬
‭público‬‭de‬‭provas‬‭e‬‭títulos,‬‭assegurada‬‭a‬‭participação‬‭da‬‭OAB,‬‭exigindo-se‬
‭3 anos de atividade jurídica na posse do cargo.‬

‭ ssim,‬ ‭tais‬‭instituições‬‭exercem,‬‭cada‬‭uma‬‭seguindo‬‭a‬‭sua‬‭competência‬‭e‬
A
‭atribuições,‬ ‭parte‬ ‭do‬ ‭Controle‬ ‭Social‬ ‭Formal.‬ ‭Nesse‬ ‭contexto,‬ ‭o‬ ‭controle‬
‭social formal pode ser‬‭organizado em cinco grupos:‬

‭* Polícia Militar: Policiamento ostensivo - prevenção criminal;‬


‭* Polícia Judiciária (Civil/Federal/Perícia): Investigação;‬
‭* Ministério Público: Acusação;‬
‭* Judiciário: Julgamento;‬
‭* Sistema Penitenciário:‬
‭Ressocialização - Caráter Punitivo-Pedagógico da pena.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 06‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭A EXTENSÃO DA CRIMINALIDADE‬

‭NO MUNDO‬

‭ ‬ ‭Escritório‬ ‭das‬ ‭Nações‬ ‭Unidas‬ ‭sobre‬ ‭Drogas‬ ‭e‬ ‭Crime‬ ‭(UNODC)‬ ‭aponta‬
O
‭que‬ ‭estatísticas‬ ‭mundiais‬ ‭sempre‬ ‭apresentarão‬ ‭desvios,‬ ‭pelos‬ ‭seguintes‬
‭motivos:‬

‭‬
● ‭ etodologias diferentes para cada país;‬
M
‭●‬ ‭Crimes que pode não entrar nas estatísticas oficiais;‬
‭●‬ ‭Burocracia;‬
‭●‬ ‭Corrupção governamental.‬

‭ ‬ ‭UNODC‬ ‭aponta‬ ‭que‬ ‭os‬ ‭países‬ ‭mais‬ ‭violentos‬ ‭do‬ ‭mundo:‬ ‭Honduras,‬
O
‭Venezuela,‬ ‭El‬ ‭Salvador,‬ ‭Jamaica,‬ ‭Guatemala,‬ ‭Colômbia,‬ ‭África‬ ‭do‬ ‭Sul,‬
‭Trinidad‬ ‭e‬ ‭Tobago,‬ ‭Porto‬ ‭Rico,‬ ‭Brasil,‬ ‭República‬ ‭Dominicana,‬ ‭México,‬
‭Panamá,‬ ‭Namíbia,‬ ‭Sudão‬ ‭do‬ ‭Sul,‬ ‭República‬ ‭Centro-Africana,‬ ‭Congo,‬
‭Equador, Bolívia, Nicarágua.‬

*‭ Taxa de homicídio por 100.000 habitantes de Honduras: 92,7.‬


‭* Taxa de homicídio por 100.000 habitantes de Caucaia/CE: 98,2.‬

‭ ‬ ‭Brasil,‬ ‭infelizmente,‬ ‭ocupa‬ ‭uma‬ ‭triste‬ ‭posição‬ ‭de‬ ‭destaque‬ ‭quando‬ ‭se‬
O
‭fala‬ ‭em‬ ‭criminalidade,‬ ‭na‬ ‭medida‬ ‭em‬ ‭que‬‭ostenta,‬‭em‬‭alguns‬‭municípios‬
‭(conforme‬ ‭se‬ ‭observou),‬ ‭taxas‬ ‭de‬ ‭homicídios‬ ‭superiores‬ ‭ao‬ ‭país‬ ‭mais‬
‭violento do mundo.‬

‭Atenção!‬

‭Muitos são os problemas apontados, visto que o Brasil é um país de‬


‭dimensões continentais, aliado a um histórico — de problemas e‬
‭desigualdade — sociais, — corrupção endêmica e má utilização do‬
‭dinheiro público.‬
‭ m‬ ‭decorrência‬ ‭disso,‬ ‭o‬ ‭enfrentamento‬ ‭da‬ ‭violência‬ ‭torna-se‬ ‭um‬ ‭imenso‬
E
‭desafio.‬

‭NO BRASIL‬

‭ ‬‭Anuário‬‭Brasileiro‬‭de‬‭Segurança‬‭Pública‬‭é‬‭editado‬‭pelo‬‭Fórum‬‭Brasileiro‬
O
‭de‬ ‭Segurança‬ ‭Pública,‬ ‭após‬ ‭a‬ ‭análise‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭série‬ ‭de‬ ‭dados‬ ‭acerca‬ ‭dos‬
‭mais variados crimes (e vítimas).‬
‭O‬ ‭Fórum‬ ‭criou‬ ‭um‬ ‭importante‬ ‭conceito‬ ‭—‬ ‭MVI‬ ‭(Mortes‬ ‭Violentas‬
‭Intencionais), cujos crimes incluem:‬

‭ omicídios Dolosos/Feminicídios‬
H
‭Latrocínios‬
‭Lesões Corporais Seguidas de Morte‬
‭Mortes decorrentes de Intervenções Policiais‬

‭ ercebam‬ ‭que,‬ ‭na‬ ‭metodologia‬ ‭utilizada‬ ‭pelo‬ ‭Ipea,‬ ‭não‬ ‭estão‬ ‭inclusos‬
P
‭crimes‬ ‭como‬ ‭aborto,‬ ‭estupro‬ ‭com‬ ‭resultado‬‭morte,‬‭ou‬‭extorsão‬‭mediante‬
‭sequestro com resultado morte.‬

‭ onsiderando-se‬ ‭que‬ ‭tais‬ ‭crimes‬ ‭diferem‬ ‭juridicamente‬ ‭do‬ ‭homicídio,‬ ‭é‬


C
‭preciso‬‭verificar‬‭de‬‭que‬‭forma‬‭tais‬‭condutas‬‭são‬‭registradas‬‭nas‬‭estatísticas‬
‭criminais‬ ‭oficiais‬ ‭(gerenciadas‬ ‭pelas‬‭Secretarias‬‭de‬‭Segurança‬‭Pública‬‭dos‬
‭Estados).‬
‭Falando-se‬ ‭do‬ ‭Estado‬ ‭do‬ ‭Ceará,‬ ‭essa‬ ‭estatística‬ ‭é‬ ‭feita‬ ‭pela‬ ‭SUPESP,‬
‭através‬ ‭de‬ ‭sua‬ ‭Gerência‬ ‭de‬ ‭Estatística‬ ‭e‬ ‭Geoprocessamento‬ ‭—‬ ‭(GEESP),‬
‭vinculada à Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará (SSPDS).‬

‭ ‬ ‭metodologia‬ ‭da‬ ‭SUPESP‬ ‭é‬ ‭um‬ ‭pouco‬ ‭diferente,‬ ‭pois,‬ ‭ao‬ ‭invés‬ ‭de‬ ‭MVI,‬
A
‭eles‬‭usam‬‭o‬‭conceito‬‭de‬‭CV’s‬‭(Crimes‬‭Violentos‬‭Letais‬‭e‬‭Intencionais)‬‭,‬‭mas‬
‭que‬ ‭incluem‬ ‭basicamente‬ ‭os‬ ‭mesmos‬ ‭crimes‬ ‭das‬ ‭MVI's,‬ ‭à‬ ‭exceção‬ ‭das‬
‭mortes‬ ‭por‬ ‭intervenção‬ ‭polícial,‬‭pois,‬‭de‬‭acordo‬‭com‬‭a‬‭GEESP,‬‭tais‬‭mortes‬
‭não são intencionais, pois possuem excludente de ilicitude.‬

‭ oltando-se‬ ‭ao‬ ‭Anuário‬ ‭Brasileiro‬ ‭de‬ ‭Segurança‬ ‭Pública‬ ‭2021,‬ ‭apontou-se‬


V
‭também‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭2020,‬ ‭os‬ ‭maiores‬ ‭crescimentos‬ ‭de‬ ‭MVI‬ ‭ocorreram‬ ‭no‬
‭Maranhão, com 30,2%; Paraíba com 23,1%; e Piauí com 20,1%.‬
‭ s‬ ‭principais‬ ‭causas,‬ ‭de‬ ‭acordo‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭Anuário,‬ ‭ainda‬ ‭são‬‭a‬‭expansão‬‭das‬
A
‭facções criminosas,‬‭com episódios de confrontos e disputa de território.‬

‭ ma‬ ‭variável‬ ‭socioinstitucional‬ ‭importante‬ ‭no‬ ‭ano‬ ‭de‬ ‭2020‬ ‭foi‬ ‭a‬
U
‭recomendação‬ ‭da‬ ‭liberação‬ ‭de‬ ‭presos‬‭pelo‬‭CNJ.‬‭Isso‬‭aconteceu‬‭de‬‭forma‬
‭pouco‬ ‭criteriosa,‬ ‭de‬ ‭modo‬ ‭que‬ ‭presos‬ ‭das‬ ‭mais‬ ‭diversas‬ ‭periculosidades,‬
‭faccionados, homicidas e traficantes foram colocados em liberdade.‬

‭ ‬ ‭flexibilização‬ ‭da‬ ‭aquisição‬ ‭de‬ ‭armas‬ ‭de‬ ‭fogo‬ ‭proporcionou‬ ‭um‬ ‭maior‬
A
‭número de armas em circulação.‬

‭ esde‬ ‭2017,‬ ‭o‬ ‭número‬ ‭de‬ ‭armas‬ ‭em‬ ‭circulação‬ ‭dobrou.‬ ‭Saindo‬ ‭da‬ ‭esfera‬
D
‭dos‬ ‭MVI's,‬ ‭o‬ ‭Anuário‬ ‭apontou‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭pandemia‬ ‭de‬ ‭Covid-19‬ ‭também‬
‭influenciou uma série de aspectos voltados à criminalidade.‬

‭ ma‬ ‭menor‬ ‭circulação‬ ‭de‬ ‭pessoas‬ ‭levou‬ ‭a‬ ‭uma‬ ‭diminuição‬ ‭de‬ ‭crimes‬
U
‭contra‬‭o‬‭patrimônio.‬‭Em‬‭2020,‬‭o‬‭Brasil‬‭chegou‬‭a‬‭ter‬‭29,7%‬‭dos‬‭efetivos‬‭das‬
‭forças‬ ‭de‬ ‭segurança‬ ‭pública‬ ‭infectados‬ ‭(e,‬ ‭consequentemente‬ ‭afastados)‬
‭pelo Covid-19.‬

‭ sse‬ ‭fato‬ ‭também‬ ‭contribuiu‬ ‭negativamente‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭enfrentamento‬ ‭da‬


E
‭criminalidade, haja vista o menor número de policiais nas ruas.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 07‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FENÔMENO DE MASSA‬

‭NARCOTRÁFICO‬

‭ ei‬ ‭11.343/06:‬ ‭Art.‬ ‭33.‬ ‭Importar,‬ ‭exportar,‬ ‭remeter,‬ ‭preparar,‬ ‭produzir,‬


L
‭fabricar,‬ ‭adquirir,‬ ‭vender,‬ ‭expor‬ ‭à‬ ‭venda,‬ ‭oferecer,‬ ‭ter‬ ‭em‬ ‭depósito,‬
‭transportar,‬ ‭trazer‬ ‭consigo,‬ ‭guardar,‬ ‭prescrever,‬ ‭ministrar,‬ ‭entregar‬ ‭a‬
‭consumo‬ ‭ou‬ ‭fornecer‬ ‭drogas,‬ ‭ainda‬ ‭que‬ ‭gratuitamente,‬ ‭sem‬ ‭autorização‬
‭ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:‬

‭É CRIME EQUIPARADO A HEDIONDO, JUNTAMENTE COM TERRORISMO E TORTURA.‬

‭ aturalmente,‬ ‭o‬ ‭tráfico‬ ‭de‬ ‭drogas‬ ‭é‬ ‭a‬ ‭maior‬ ‭fonte‬ ‭de‬ ‭financiamento‬ ‭do‬
N
‭crime organizado, e nisso reside a necessidade de combater essa fatia da‬
‭criminalidade.‬

‭ a‬ ‭mesma‬ ‭forma,‬ ‭a‬‭discussão‬‭que‬‭há‬‭acerca‬‭da‬‭descriminalização‬‭do‬‭uso‬


D
‭de‬ ‭certas‬ ‭drogas‬ ‭passa,‬ ‭necessariamente,‬ ‭pelo‬ ‭aspecto‬ ‭criminológico.‬
‭Detalhe‬‭importante,‬‭o‬‭art.‬‭28‬‭da‬‭Lei‬‭de‬‭Drogas‬‭não‬‭é‬‭descriminalização‬‭do‬
‭uso de drogas. De acordo com o STF, houve despenalização.‬
‭ ‬ ‭conduta‬ ‭permanece‬ ‭sendo‬ ‭crime,‬ ‭mas‬ ‭é‬ ‭punida‬ ‭de‬ ‭outra‬ ‭forma.‬
A
‭Vejamos:‬

‭ rt.‬‭28.‬ ‭Quem‬‭adquirir,‬‭guardar,‬‭tiver‬‭em‬‭depósito,‬‭transportar‬‭ou‬‭trouxer‬
A
‭consigo,‬ ‭para‬ ‭consumo‬ ‭pessoal,‬ ‭drogas‬ ‭sem‬ ‭autorização‬ ‭ou‬ ‭em‬
‭desacordo‬ ‭com‬ ‭determinação‬ ‭legal‬ ‭ou‬ ‭regulamentar‬ ‭será‬ ‭submetido‬ ‭às‬
‭seguintes penas:‬
I‭ -‬‭advertência sobre os efeitos das drogas;‬
‭II -‬‭prestação de serviços à comunidade;‬
‭III‬ ‭-‬ ‭medida‬ ‭educativa‬ ‭de‬ ‭comparecimento‬ ‭a‬ ‭programa‬ ‭ou‬ ‭curso‬
‭educativo.‬

‭§‬ ‭1º‬ ‭Às‬ ‭mesmas‬ ‭medidas‬ ‭submete-se‬ ‭quem,‬ ‭para‬ ‭seu‬ ‭consumo‬ ‭pessoal,‬
‭semeia,‬ ‭cultiva‬ ‭ou‬ ‭colhe‬ ‭plantas‬ ‭destinadas‬ ‭à‬ ‭preparação‬ ‭de‬ ‭pequena‬
‭quantidade‬ ‭de‬ ‭substância‬ ‭ou‬ ‭produto‬ ‭capaz‬ ‭de‬ ‭causar‬ ‭dependência‬
‭física ou psíquica.‬

‭TERRORISMO‬

‭Atenção!‬
‭Combater o terrorismo consiste em um verdadeiro -‬
‭MANDAMENTO CONSTITUCIONAL.‬

‭ ntende-se,‬ ‭nesse‬ ‭contexto,‬ ‭que‬ ‭no‬ ‭bojo‬ ‭de‬


E
‭nossa‬ ‭Constituição‬ ‭existem‬ ‭uma‬ ‭série‬ ‭de‬
‭mandados‬ ‭de‬ ‭penalização‬ ‭(ou‬ ‭de‬
‭criminalização).‬
‭Noutros‬ ‭termos,‬ ‭o‬ ‭legislador‬ ‭constitucional‬
‭entendeu por bem criar a obrigação de legislar‬
‭sobre‬ ‭determinados‬ ‭crimes,‬ ‭ao‬ ‭legislador‬
‭infraconstitucional.‬

‭CF.‬‭Art.‬‭5º‬‭(...)‬‭XL‬‭-‬‭a‬‭lei‬‭considerará‬‭crimes‬‭inafiançáveis‬‭e‬‭insuscetíveis‬‭de‬
‭graça‬ ‭ou‬ ‭anistia‬ ‭a‬ ‭prática‬ ‭da‬ ‭tortura,‬ ‭o‬ ‭tráfico‬ ‭ilícito‬ ‭de‬ ‭entorpecentes‬ ‭e‬
‭drogas‬ ‭afins,‬ ‭o‬ ‭terrorismo‬ ‭e‬ ‭os‬‭definidos‬‭como‬‭crimes‬‭hediondos,‬‭por‬‭eles‬
‭respondendo‬‭os‬‭mandantes.‬‭os‬‭executores‬‭e‬‭os‬‭que,‬‭podendo‬‭evitá-los,‬‭se‬
‭omitirem;‬
‭Assim, criou-se a‬‭Lei nº 13.260/2016‬‭(Terrorismo).‬

(‭ ...)‬ ‭Art.‬‭2º‬‭O‬‭terrorismo‬‭consiste‬‭na‬‭prática‬‭por‬‭um‬‭ou‬‭mais‬‭indivíduos‬‭dos‬
‭atos‬ ‭previstos‬ ‭neste‬ ‭artigo,‬ ‭por‬ ‭razões‬ ‭de‬ ‭xenofobia,‬ ‭discriminação‬ ‭ou‬
‭preconceito‬ ‭de‬ ‭raça,‬ ‭cor,‬ ‭etnia‬ ‭e‬ ‭religião,‬ ‭quando‬ ‭cometidos‬ ‭com‬ ‭a‬
‭finalidade‬ ‭de‬ ‭provocar‬ ‭terror‬ ‭social‬ ‭ou‬ ‭generalizado,‬ ‭expondo‬ ‭a‬ ‭perigo‬
‭pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.‬

‭§ 1º‬‭São atos de terrorismo:‬

I‭ ‬ ‭-‬ ‭usar‬ ‭ou‬ ‭ameaçar‬ ‭usar,‬‭transportar,‬‭guardar,‬‭portar‬‭ou‬‭trazer‬‭consigo‬


‭explosivos,‬ ‭gases‬ ‭tóxicos,‬ ‭venenos,‬ ‭conteúdos‬ ‭biológicos,‬ ‭químicos,‬
‭nucleares‬ ‭ou‬ ‭outros‬ ‭meios‬ ‭capazes‬ ‭de‬ ‭causar‬ ‭danos‬ ‭ou‬ ‭promover‬
‭destruição em massa;‬
I‭ V‬ ‭-‬ ‭sabotar‬ ‭o‬ ‭funcionamento‬ ‭ou‬ ‭apoderar-se,‬ ‭com‬ ‭Violência,‬ ‭grave‬
‭ameaça‬ ‭a‬ ‭pessoa‬ ‭ou‬ ‭servindo-se‬ ‭de‬ ‭mecanismos‬ ‭cibernéticos,‬ ‭do‬
‭controle‬ ‭total‬ ‭ou‬ ‭parcial,‬ ‭ainda‬ ‭que‬ ‭de‬ ‭modo‬ ‭temporário,‬ ‭de‬ ‭meio‬ ‭de‬
‭comunicação‬ ‭ou‬ ‭de‬ ‭transporte,‬ ‭de‬ ‭portos,‬ ‭aeroportos,‬ ‭estações‬
‭ferroviárias‬ ‭ou‬ ‭rodoviárias,‬ ‭hospitais,‬ ‭casas‬ ‭de‬ ‭saúde,‬ ‭escolas,‬ ‭estádios‬
‭esportivos,‬ ‭instalações‬ ‭públicas‬ ‭ou‬ ‭locais‬ ‭onde‬ ‭funcionem‬ ‭serviços‬
‭públicos‬ ‭essenciais,‬ ‭instalações‬ ‭de‬ ‭geração‬ ‭ou‬ ‭transmissão‬ ‭de‬ ‭energia,‬
‭instalações‬ ‭militares,‬ ‭instalações‬‭de‬‭exploração,‬‭refino‬‭e‬‭processamento‬
‭de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;‬
‭V -‬‭atentar contra a vida ou a integridade física‬‭de pessoa:‬
‭Pena -‬‭reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções‬
‭correspondentes à ameaça ou à violência.‬

‭ ‬‭doutrina‬‭majoritária‬‭entende‬‭que‬‭o‬‭terrorismo‬‭fere‬‭a‬‭paz‬‭pública,‬‭em‬‭seu‬
A
‭sentido subjetivo (confiança coletiva na ordem jurídica e social).‬

‭ s‬ ‭atos‬ ‭de‬ ‭terrorismo‬ ‭consistem‬ ‭na‬ ‭prática‬ ‭de‬ ‭atentados‬ ‭contra‬ ‭a‬ ‭vida,‬
O
‭integridade‬ ‭física,‬ ‭ameaça,‬‭e‬‭mais‬‭uma‬‭série‬‭de‬‭condutas‬‭previstas‬‭no‬‭§‬‭1º‬
‭do art. 2º‬‭da Lei de Terrorismo que tenham:‬

‭●‬ E
‭ special‬‭motivo‬‭de‬‭agir‬‭(Motivação):‬ ‭o‬‭Aspecto‬‭que‬‭motiva‬‭os‬‭atos‬
‭de‬ ‭terrorismo‬ ‭-‬ ‭Xenofobia,‬ ‭Discriminação‬ ‭ou‬ ‭Preconceito‬ ‭(raça,‬ ‭cor,‬
‭etnia e religião).‬
‭●‬ E
‭ special‬ ‭finalidade:‬ ‭o‬ ‭que‬ ‭pretende‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭sua‬ ‭conduta‬ ‭-‬
‭Método‬‭terrorista‬‭-‬‭Provocar‬‭terror‬‭social‬‭ou‬‭generalizado‬‭-‬‭Criação‬‭de‬
‭um sentimento disseminado de pânico.‬

‭CRIME ORGANIZADO‬

‭ ‬ ‭ideia‬ ‭de‬ ‭crime‬ ‭organizado‬ ‭é‬ ‭própria‬ ‭da‬ ‭legislação‬ ‭italiana,‬ ‭sendo‬ ‭a‬
A
‭definição‬ ‭legal‬ ‭brasileira‬ ‭o‬ ‭fruto‬ ‭de‬ ‭toda‬ ‭uma‬ ‭construção‬ ‭social,‬ ‭e‬
‭modernização‬ ‭legislativa,‬ ‭que‬ ‭veio‬ ‭para,‬ ‭através‬ ‭da‬ ‭ação‬ ‭em‬ ‭conjunto‬ ‭de‬
‭todas‬ ‭as‬ ‭áreas‬ ‭da‬ ‭segurança‬ ‭pública,‬ ‭conseguir‬ ‭combater‬ ‭a‬ ‭contento‬ ‭as‬
‭chamadas organizações criminosas.‬

‭Atenção!‬
‭Para estudarmos o CRIME ORGANIZADO, é imprescindível o‬
‭conhecimento da lei Nº 12.850/13, o que vamos ver abaixo:‬

‭LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013‬

‭ efine‬ ‭organização‬ ‭criminosa‬ ‭e‬ ‭dispõe‬ ‭sobre‬ ‭a‬ ‭investigação‬ ‭criminal,‬ ‭os‬
D
‭meios‬ ‭de‬ ‭obtenção‬ ‭da‬ ‭prova,‬ ‭infrações‬ ‭penais‬ ‭correlatas‬ ‭e‬ ‭o‬
‭procedimento‬‭criminal;‬‭altera‬‭o‬‭Decreto-Lei‬‭nº‬‭2.848,‬‭de‬‭7‬‭de‬‭dezembro‬‭de‬
‭1940‬ ‭(Código‬ ‭Penal);‬ ‭revoga‬ ‭a‬ ‭Lei‬ ‭nº‬ ‭9.034,‬ ‭de‬ ‭3‬ ‭de‬ ‭maio‬ ‭de‬ ‭1995;‬ ‭e‬ ‭dá‬
‭outras providências.‬

‭ APÍTULO‬
C
‭ A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA‬
D

‭ rt.‬ ‭1º‬ ‭Esta‬ ‭Lei‬ ‭define‬ ‭organização‬ ‭criminosa‬ ‭e‬ ‭dispõe‬ ‭sobre‬ ‭a‬
A
‭investigação‬ ‭criminal,‬ ‭os‬ ‭meios‬ ‭de‬ ‭obtenção‬ ‭da‬ ‭prova,‬ ‭infrações‬ ‭penais‬
‭correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.‬

‭ ‬ ‭1º‬ ‭Considera-se‬ ‭organização‬ ‭criminosa‬ ‭a‬ ‭associação‬ ‭de‬ ‭4‬ ‭(quatro)‬ ‭ou‬
§
‭mais‬ ‭pessoas‬ ‭estruturalmente‬ ‭ordenada‬ ‭e‬ ‭caracterizada‬ ‭pela‬‭divisão‬‭de‬
‭tarefas,‬ ‭ainda‬ ‭que‬ ‭informalmente,‬ ‭com‬ ‭objetivo‬ ‭de‬ ‭obter,‬ ‭direta‬ ‭ou‬
‭indiretamente,‬ ‭vantagem‬ ‭de‬ ‭qualquer‬ ‭natureza,‬ ‭mediante‬ ‭a‬ ‭prática‬ ‭de‬
‭infrações‬ ‭penais‬ ‭cujas‬ ‭penas‬ ‭máximas‬ ‭sejam‬ ‭superiores‬ ‭a‬ ‭4‬ ‭(quatro)‬
‭anos, ou que sejam de‬
‭caráter transnacional.‬
‭§ 2º‬‭Esta Lei se aplica também:‬

I‭ ‬ ‭-‬ ‭às‬ ‭infrações‬ ‭penais‬ ‭previstas‬ ‭em‬ ‭tratado‬ ‭ou‬ ‭convenção‬ ‭internacional‬
‭quando,‬ ‭iniciada‬ ‭a‬ ‭execução‬ ‭no‬ ‭País,‬ ‭o‬ ‭resultado‬ ‭tenha‬ ‭ou‬ ‭devesse‬ ‭ter‬
‭ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;‬
I‭ I‬‭-‬‭às‬‭organizações‬‭terroristas,‬‭entendidas‬‭como‬‭aquelas‬‭voltadas‬‭para‬‭a‬
‭prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.‬

‭[...]‬
‭A norma continua,‬
‭[...]‬

‭ rt.‬ ‭24.‬ ‭O‬ ‭art.‬ ‭288‬ ‭do‬ ‭Decreto-Lei‬ ‭nº‬ ‭2.848,‬ ‭de‬ ‭7‬ ‭de‬ ‭dezembro‬ ‭de‬ ‭1940‬
A
‭(Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:‬

‭“ Associação Criminosa‬

‭ rt.‬‭288.‬‭Associarem-se‬‭3‬‭(três)‬‭ou‬‭mais‬‭pessoas,‬‭para‬‭o‬‭fim‬‭específico‬‭de‬
A
‭cometer crimes:‬
‭Pena -‬‭reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.‬

‭ arágrafo‬ ‭único.‬ ‭A‬ ‭pena‬ ‭aumenta-se‬ ‭até‬ ‭a‬ ‭metade‬ ‭se‬ ‭a‬ ‭associação‬ ‭é‬
P
‭armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.” (NR)‬

‭ ÃO‬ ‭CONFUNDA‬ ‭ORGANIZAÇÃO‬ ‭CRIMINOSA‬ ‭(4‬


N
‭ou‬ ‭mais‬ ‭pessoas)‬ ‭com‬ ‭ASSOCIAÇÃO‬ ‭CRIMINOSA‬
‭(3 ou mais pessoas)‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 08‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FENÔMENO DE MASSA II‬

‭O QUE ESTES CRIMES TÊM EM COMUM?‬

‭ odas‬ ‭essas‬ ‭condutas‬ ‭e‬ ‭práticas‬ ‭reforçam‬ ‭o‬ ‭caráter‬ ‭coletivo‬ ‭do‬ ‭crime,‬ ‭de‬
T
‭modo‬ ‭que‬ ‭este‬ ‭pode‬ ‭acontecer‬ ‭como‬ ‭expressão‬ ‭coletiva‬ ‭de‬‭determinado‬
‭grupo‬‭e‬‭como‬‭forma‬‭de‬‭manutenção‬‭e‬‭perpetuação‬‭de‬‭sua‬‭estrutura.‬‭Isso‬
‭pode ser explicado pela Teoria da Associação Diferencial.‬

‭A situação econômica norte-americana, na década de 30 era a seguinte:‬

‭●‬ P
‭ ós‬ ‭primeira‬ ‭guerra‬ ‭-‬ ‭economia‬ ‭norte‬ ‭americana‬ ‭em‬ ‭alta‬ ‭-‬ ‭gasto‬ ‭e‬
‭investimentos desenfreados - Crise de 1929 (Grande Depressão);‬

‭●‬ 1‭ 933‬ ‭Franklin‬ ‭D.‬ ‭Roosevelt‬‭-‬‭New‬‭Deal‬‭-‬‭Política‬‭de‬‭alta‬‭intervenção‬


‭do‬ ‭estado‬ ‭na‬ ‭economia.‬ ‭As‬ ‭medidas‬ ‭—‬ ‭intervencionistas‬ ‭—‬
‭encontraram resistência junto às grandes corporações.‬

‭ ssim,‬‭os‬‭grandes‬‭empresários,‬‭contrários‬‭às‬‭medidas‬‭intervencionistas‬‭do‬
A
‭Estado,‬ ‭na‬ ‭tentativa‬ ‭de‬ ‭“defender-se”,‬ ‭iniciaram‬ ‭a‬ ‭prática‬‭de‬‭vários‬‭crimes‬
‭do‬ ‭colarinho‬ ‭branco,‬ ‭como‬ ‭sonegação‬ ‭de‬ ‭impostos‬ ‭e‬ ‭evasão‬ ‭de‬ ‭divisas,‬
‭com vistas a fugir do Fisco.‬

‭ riou-se‬ ‭a‬ ‭era‬ ‭dos‬ ‭White‬ ‭Collar‬ ‭Crimes‬ ‭(expressão‬ ‭cunhada‬ ‭por‬
C
‭Sutherland):‬

‭●‬ C
‭ rimes‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭geral,‬ ‭não‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭explicados‬‭por‬‭uma‬‭situação‬
‭econômica‬ ‭desfavorável,‬ ‭ou‬ ‭mesmo‬ ‭falta‬ ‭de‬ ‭acesso‬ ‭à‬ ‭educação‬
‭formal.‬

‭●‬ C
‭ rimes‬ ‭cujas‬ ‭cifras‬ ‭negras‬ ‭são‬ ‭altíssimas,‬ ‭pois‬ ‭às‬ ‭vezes‬ ‭a‬ ‭própria‬
‭população‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭governo‬ ‭sequer‬ ‭entende‬ ‭como‬ ‭crime‬ ‭de‬ ‭elevado‬
‭potencial ofensivo.‬

‭A Associação Diferencial é uma das Teorias do Consenso.‬


‭ ‬ ‭crime‬ ‭é‬ ‭visto‬ ‭como‬ ‭algo‬ ‭“aprendido”‬ ‭e‬ ‭doutrinado.‬ ‭Há‬ ‭um‬ ‭processo‬ ‭de‬
O
‭internalização. Valoriza o caráter organizacional e coletivo do crime.‬

“‭ Uma‬‭pessoa‬‭torna-se‬‭delinquente‬‭por‬‭causa‬‭de‬‭um‬‭excesso‬‭de‬‭definições‬
‭favoráveis‬ ‭à‬ ‭violação‬ ‭das‬ ‭leis‬ ‭sobre‬ ‭definições‬ ‭desfavoráveis‬ ‭à‬ ‭violação‬
‭delas”.‬

‭ dwin‬ ‭Sutherland‬ ‭diz‬ ‭que‬ ‭um‬ ‭dos‬ ‭maiores‬ ‭reflexos‬ ‭dessa‬ ‭teoria‬ ‭é‬ ‭a‬
E
‭“Operação‬ ‭Lava‬ ‭Jato”‬‭,‬ ‭visto‬ ‭que‬ ‭boa‬ ‭parte‬ ‭dos‬ ‭envolvidos‬ ‭não‬ ‭estava‬
‭ligada a histórico econômico desfavorável.‬

‭ o‬ ‭contrário,‬ ‭os‬ ‭acusados‬ ‭eram‬ ‭grandes‬ ‭empresários‬ ‭brasileiros‬ ‭que‬


A
‭envolveram-se com o maior esquema de corrupção até então descoberto.‬

‭ m‬‭ponto‬‭importante‬‭é‬‭que‬‭a‬‭Associação‬‭Diferencial‬‭não‬‭considera‬‭fatores‬
U
‭impulsivos, ocasionais ou passionais.‬

‭Mas professor, quais são as‬‭CIFRAS‬‭e quais os seus significados?‬

‭Cifras Negras‬ ‭ sta‬ ‭é‬ ‭definida‬ ‭como‬ ‭todos‬ ‭os‬ ‭crimes‬ ‭que‬ ‭não‬
E
‭chegam‬ ‭ao‬ ‭conhecimento‬ ‭das‬ ‭autoridades,‬
‭alguns‬ ‭dos‬ ‭fatores‬ ‭que‬ ‭mais‬ ‭contribuem‬ ‭para‬
‭isso‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭fato‬ ‭de‬ ‭a‬ ‭vítima,‬ ‭além‬ ‭de‬ ‭ter‬ ‭sofrido‬ ‭o‬
‭crime,‬ ‭não‬ ‭deseja‬ ‭reviver‬ ‭todo‬ ‭aquele‬ ‭trauma‬
‭novamente,‬ ‭por‬ ‭exemplo,‬ ‭ao‬ ‭ir‬ ‭ao‬
‭Departamento de Polícia prestar depoimento.‬

‭ ermo‬ ‭criado‬ ‭por‬ ‭Edwin‬ ‭H.‬ ‭Sutherland,‬ ‭que‬


T
‭Cifras Douradas‬ ‭relaciona‬ ‭os‬ ‭crimes‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭praticados‬ ‭por‬
‭pessoas‬ ‭do‬ ‭alto-escalão;‬ ‭estes‬ ‭que,‬ ‭por‬
‭pertencerem‬ ‭às‬ ‭camadas‬ ‭mais‬ ‭altas‬ ‭da‬
‭sociedade,‬ ‭estariam‬ ‭mais‬ ‭propensos‬ ‭a‬ ‭praticar‬
‭tais‬‭delitos,‬‭um‬‭exemplo‬‭disso‬‭seria‬‭os‬‭crimes‬‭de‬
‭Corrupção, lavagem de dinheiro, etc.‬
‭Cifras Cinzas‬ ‭ ão‬ ‭resultados‬ ‭daquelas‬ ‭ocorrências‬ ‭que,‬ ‭até‬
S
‭são‬ ‭registradas,‬ ‭porém‬ ‭não‬ ‭se‬ ‭chega‬ ‭ao‬
‭processo‬‭ou‬‭ação‬‭penal‬‭por‬‭serem‬‭solucionadas‬
‭na‬ ‭própria‬ ‭Delegacia‬ ‭de‬ ‭Polícia‬ ‭por‬ ‭meio‬ ‭de‬
‭conciliação das partes.‬

‭Cifras Amarelas‬
‭ ão‬‭aquelas‬‭em‬‭que‬‭as‬‭vítimas‬‭são‬‭pessoas‬‭que‬
S
‭sofreram‬ ‭alguma‬ ‭forma‬ ‭de‬ ‭violência‬ ‭cometida‬
‭por‬ ‭um‬ ‭funcionário‬ ‭público‬ ‭e‬ ‭deixam‬ ‭de‬
‭denunciar‬ ‭o‬ ‭fato‬ ‭aos‬ ‭Órgãos‬ ‭responsáveis‬ ‭por‬
‭receio e medo de represália.‬

‭Cifras Verdes‬
‭ onsiste‬ ‭nos‬ ‭crimes‬ ‭não‬ ‭chegam‬ ‭ao‬
C
‭conhecimento‬ ‭policial‬ ‭e‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭vítima‬
‭diretamente‬ ‭destes‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭meio‬ ‭ambiente,‬ ‭como‬
‭exemplo:‬ ‭maus‬ ‭tratos‬ ‭a‬ ‭animais,‬ ‭provocar‬
‭incêndio em plantio.‬

‭Cifras Rosas‬

‭ ão‬ ‭os‬ ‭crimes‬ ‭de‬ ‭caráter‬ ‭homofóbico‬ ‭que‬ ‭não‬


S
‭chegam ao conhecimento dos Órgãos.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 09‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭O CRIME COMO FENÔMENO ISOLADO:‬


‭ESTUDO DO HOMICÍDIO‬

‭ rime‬‭como‬‭fenômeno‬‭individual:‬‭Estudo‬‭do‬‭Homicídio.‬‭Aqui‬‭cuida-se‬‭não‬
C
‭do‬ ‭crime‬ ‭enquanto‬ ‭fenômeno‬ ‭coletivo,‬ ‭mas‬ ‭como‬ ‭fenômeno‬ ‭individual.‬
‭Dessa‬‭forma,‬‭a‬‭causa‬‭motivadora‬‭da‬‭prática‬‭do‬‭homicídio‬‭terá‬‭importância‬
‭pois,‬ ‭em‬ ‭determinados‬ ‭casos‬ ‭transforma‬ ‭um‬ ‭homicídio‬ ‭simples‬ ‭em‬
‭homicídio qualificado ou em homicídio privilegiado!‬

‭Vejamos como a lei define esses tipos penais:‬

‭ ÓDIGO PENAL BRASILEIRO‬


C
‭(DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940)‬

‭[...]‬

‭Homicídio Simples:‬
‭ rt. 121.‬‭Matar alguém:‬
A
‭Pena -‬‭reclusão, de seis a vinte anos.‬

‭ conduta aqui consiste tão somente em matar, ou seja, a eliminação‬


A
‭da vida extrauterina. Em sua modalidade simples não há motivação,‬
‭não há modo específico através do qual o homicídio se dá.‬

‭ ‬ ‭consumação‬ ‭ocorre‬‭concomitantemente‬‭à‬‭morte‬‭da‬‭vítima.‬‭É,‬‭portanto,‬
A
‭um crime Instantâneo, ou Instantâneo de efeitos permanentes.‬

‭ ‬ ‭conduta‬ ‭admite‬ ‭tentativa,‬ ‭na‬ ‭forma‬ ‭do‬ ‭art.‬ ‭14,‬ ‭inciso‬ ‭II‬ ‭-‬ ‭CP,‬‭visto‬‭que‬‭o‬
A
‭homicídio‬ ‭pode‬ ‭não‬ ‭ocorrer‬ ‭por‬ ‭circunstâncias‬ ‭alheias‬ ‭à‬ ‭vontade‬ ‭do‬
‭agente.‬

‭ té‬ ‭então,‬ ‭cuida-se‬ ‭do‬ ‭homicídio‬ ‭simples,‬ ‭como‬ ‭se‬‭vê.‬‭Havendo,‬‭contudo,‬


A
‭motivação, podemos hipóteses especiais, como o homicídio privilegiado‬
‭ou qualificado.‬
‭Homicídio “Privilegiado”‬
‭(Caso de Diminuição de Pena):‬

‭ 1º‬ ‭Se‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭comete‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭impelido‬ ‭por‬ ‭motivo‬ ‭de‬ ‭relevante‬ ‭valor‬
§
‭social‬ ‭ou‬ ‭moral,‬ ‭ou‬ ‭sob‬‭o‬‭domínio‬‭de‬‭violenta‬‭emoção,‬‭logo‬‭em‬‭seguida‬‭a‬
‭injusta‬‭provocação‬‭da‬‭vítima,‬‭o‬‭juiz‬‭pode‬‭reduzir‬‭a‬‭pena‬‭de‬‭um‬‭sexto‬‭a‬‭um‬
‭terço.‬

‭O QUE SERIA UM MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL OU MORAL?‬

‭ elevante‬ ‭valor‬ ‭social‬ ‭-‬ ‭Diz‬ ‭respeito‬ ‭a‬ ‭um‬ ‭interesse‬ ‭da‬ ‭coletividade.‬ ‭Ex.:‬
R
‭Matar o “maníaco do parque.”‬
‭Relevante‬ ‭valor‬ ‭moral‬ ‭—‬ ‭Diz‬ ‭respeito‬ ‭a‬ ‭um‬ ‭interesse‬ ‭particular‬ ‭do‬
‭responsável‬ ‭pela‬ ‭prática‬ ‭do‬ ‭homicídio,‬ ‭aprovado‬ ‭pelo‬ ‭conceito‬ ‭prático‬ ‭de‬
‭moral. Ex.: Eutanásia.‬

‭Homicídio Qualificado‬

‭§2º‬‭Se o homicídio é cometido:‬

I‭ ‬ ‭-‬ ‭mediante‬ ‭paga‬ ‭ou‬ ‭promessa‬ ‭de‬ ‭recompensa,‬ ‭ou‬ ‭por‬ ‭outro‬ ‭motivo‬
‭torpe;‬
‭II -‬‭por motivo fútil;‬
I‭ II‬‭-‬‭com‬‭emprego‬‭de‬‭veneno,‬‭fogo,‬‭explosivo,‬‭asfixia,‬‭tortura‬‭ou‬‭outro‬‭meio‬
‭insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;‬
I‭ V‬‭-‬‭à‬‭traição,‬‭de‬‭emboscada,‬‭ou‬‭mediante‬‭dissimulação‬‭ou‬‭outro‬‭recurso‬
‭que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;‬
‭ ‬ ‭-‬‭para‬ ‭assegurar‬‭a‬‭execução,‬‭a‬‭ocultação,‬‭a‬‭impunidade‬‭ou‬‭vantagem‬
V
‭de outro crime:‬
‭Pena -‬‭reclusão, de doze a trinta anos.‬

‭ xiste‬ ‭um‬ ‭interesse‬ ‭criminológico‬ ‭maior,‬ ‭naturalmente,‬ ‭nas‬ ‭hipóteses‬


E
‭qualificadoras‬ ‭de‬ ‭ordem‬ ‭subjetiva,‬ ‭visto‬ ‭que‬ ‭essas‬ ‭dizem‬ ‭respeito‬ ‭às‬
‭motivações‬‭do‬‭crime.‬‭Estamos‬‭falando‬‭aqui‬‭dos‬‭incisos‬‭I,‬‭Il‬‭e‬‭V.‬ ‭As‬‭demais‬
‭são‬ ‭de‬ ‭ordem‬ ‭objetiva,‬ ‭e‬ ‭dizem‬ ‭respeito‬ ‭aos‬ ‭meios‬ ‭e‬‭modos‬‭de‬‭execução‬
‭do homicídio.‬
‭Feminicídio‬

‭VI -‬‭contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: [...]‬


‭Pena -‬‭reclusão, de doze a trinta anos.‬

‭Homicídio Funcional‬

‭ II‬ ‭-‬ ‭contra‬ ‭autoridade‬ ‭ou‬ ‭agente‬ ‭descrito‬ ‭nos‬ ‭arts.‬ ‭142‬ ‭e‬ ‭144‬ ‭da‬
V
‭Constituição‬ ‭Federal,‬ ‭integrantes‬ ‭do‬‭sistema‬‭prisional‬‭e‬‭da‬‭Força‬‭Nacional‬
‭de‬ ‭Segurança‬ ‭Pública,‬ ‭no‬ ‭exercício‬ ‭da‬ ‭função‬ ‭ou‬‭em‬‭decorrência‬‭dela,‬‭ou‬
‭contra‬ ‭seu‬ ‭cônjuge,‬ ‭companheiro‬ ‭ou‬ ‭parente‬ ‭consanguíneo‬ ‭até‬ ‭terceiro‬
‭grau, em razão dessa condição:‬
‭VIII -‬‭com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.‬
‭Pena -‬‭reclusão, de doze a trinta anos.‬

‭ ‬ ‭20-A.‬‭Considera-se‬‭que‬‭há‬‭razões‬‭de‬‭condição‬‭de‬‭sexo‬‭feminino‬‭quando‬
§
‭o crime envolve:‬
‭I -‬‭violência doméstica e familiar;‬
‭II -‬‭menosprezo ou discriminação à condição de mulher.‬

‭ s‬ ‭duas‬ ‭hipóteses‬ ‭qualificadoras‬ ‭acima‬ ‭dizem‬ ‭respeito‬ ‭à‬ ‭vítima.‬ ‭Noutros‬


A
‭termos,‬ ‭o‬ ‭homicídio‬ ‭teve‬ ‭como‬ ‭elemento‬ ‭condutor‬ ‭e‬ ‭como‬ ‭principal‬
‭motivação a situação especial da vítima.‬
‭ qui,‬ ‭o‬ ‭interesse‬ ‭criminológico‬ ‭é‬ ‭extremo,‬ ‭na‬ ‭medida‬ ‭em‬ ‭que‬‭a‬‭figura‬‭da‬
A
‭vítima é essencial ao cometimento do crime.‬

‭ or fim, ainda sobre o homicídio, é importante — lembrar — que a‬


P
‭MODALIDADE QUALIFICADA, EM QUALQUER DE SUAS FORMAS, É‬
‭CRIME HEDIONDO. Mas, LEMBRE-SE o homicídio‬
‭privilegiado-qualificado NÃO É HEDIONDO!‬

‭Homicídio culposo‬

‭§3º‬‭Se o homicídio é culposo:‬‭(Vide Lei nº 4.611, de 1965)‬


‭Pena -‬‭detenção, de um a três anos.‬
‭Aumento de pena‬

‭ ‬‭4º‬ ‭No‬ ‭homicídio‬ ‭culposo,‬ ‭a‬ ‭pena‬ ‭é‬ ‭aumentada‬ ‭de‬ ‭1/3‬ ‭(um‬ ‭terço)‬‭,‬ ‭se‬ ‭o‬
§
‭crime‬‭resulta‬‭de‬‭inobservância‬‭de‬‭regra‬‭técnica‬‭de‬‭profissão,‬‭arte‬‭ou‬‭ofício,‬
‭ou‬ ‭se‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭deixa‬ ‭de‬ ‭prestar‬ ‭imediato‬ ‭socorro‬ ‭à‬ ‭vítima,‬ ‭não‬ ‭procura‬
‭diminuir‬ ‭as‬ ‭consequências‬ ‭do‬ ‭seu‬ ‭ato,‬ ‭ou‬ ‭foge‬ ‭para‬ ‭evitar‬ ‭prisão‬ ‭em‬
‭flagrante.‬ ‭Sendo‬ ‭doloso‬ ‭o‬ ‭homicídio,‬ ‭a‬ ‭pena‬ ‭é‬ ‭aumentada‬ ‭de‬ ‭1/3‬ ‭(um‬
‭terço)‬ ‭se‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭é‬ ‭praticado‬ ‭contra‬ ‭pessoa‬ ‭menor‬ ‭de‬ ‭14‬ ‭(quatorze)‬ ‭ou‬
‭maior de‬ ‭60 (sessenta) anos.‬‭(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)‬

‭ ‬‭5º‬ ‭Na‬ ‭hipótese‬ ‭de‬ ‭homicídio‬ ‭culposo,‬ ‭o‬ ‭juiz‬ ‭poderá‬ ‭deixar‬ ‭de‬ ‭aplicar‬ ‭a‬
§
‭pena,‬ ‭se‬ ‭as‬ ‭consequências‬ ‭da‬ ‭infração‬ ‭atingirem‬ ‭o‬ ‭próprio‬ ‭agente‬ ‭de‬
‭forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.‬
‭(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)‬

‭ ‬‭6º‬ ‭A‬ ‭pena‬ ‭é‬ ‭aumentada‬ ‭de‬ ‭1/3‬ ‭(um‬ ‭terço)‬ ‭até‬ ‭a‬ ‭metade‬ ‭se‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭for‬
§
‭praticado‬ ‭por‬ ‭milícia‬ ‭privada,‬ ‭sob‬ ‭o‬ ‭pretexto‬ ‭de‬ ‭prestação‬ ‭de‬ ‭serviço‬ ‭de‬
‭segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)‬

‭ ‬‭7º‬‭A‬‭pena‬‭do‬‭feminicídio‬‭é‬‭aumentada‬‭de‬‭1/3‬‭(um‬‭terço)‬‭até‬‭a‬‭metade‬‭se‬
§
‭o crime for praticado:‬
‭(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)‬

‭I -‬‭durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;‬


‭(Incluído pela Lei nº 13,104, de 2015)‬

I‭ I‬‭-‬‭contra‬‭pessoa‬‭menor‬‭de‬‭14‬‭(catorze)‬‭anos,‬‭maior‬‭de‬‭60‬‭(sessenta)‬‭anos,‬
‭com‬ ‭deficiência‬ ‭ou‬ ‭portadora‬ ‭de‬ ‭doenças‬ ‭degenerativas‬ ‭que‬ ‭acarretem‬
‭condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;‬
‭(Redação dada pela Lei nº 13.771.de 2018)‬

I‭ II‬ ‭-‬ ‭na‬ ‭presença‬ ‭física‬ ‭ou‬ ‭virtual‬ ‭de‬ ‭descendente‬ ‭ou‬ ‭de‬ ‭ascendente‬ ‭da‬
‭vítima;‬
‭(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)‬

I‭ V‬ ‭-‬ ‭em‬ ‭descumprimento‬ ‭das‬ ‭medidas‬ ‭protetivas‬ ‭de‬ ‭urgência‬ ‭previstas‬


‭nos‬ ‭incisos‬ ‭I,‬ ‭II‬ ‭e‬ ‭III‬ ‭do‬ ‭caput‬ ‭do‬ ‭art.‬ ‭22‬ ‭da‬ ‭Lei‬‭nº‬‭11.340,‬‭de‬‭7‬‭de‬‭agosto‬‭de‬
‭2006.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 10‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS CRIMINOSOS‬

‭ riminoso nato; criminoso ocasional; criminoso habitual ou profissional;‬


c
‭criminoso passional; criminoso alienado; criminoso menor (delinquência‬
‭juvenil); a mulher criminosa.‬

‭Classificação‬ ‭dos‬ ‭Tipos‬ ‭Criminosos‬ ‭Tradicionalmente,‬ ‭a‬ ‭doutrina‬ ‭em‬


‭Criminologia‬ ‭sempre‬ ‭se‬ ‭preocupou‬ ‭em‬ ‭realizar‬ ‭a‬ ‭tipologia‬ ‭criminosa.‬
‭Classificar‬ ‭os‬ ‭tipos‬ ‭criminosos,‬ ‭buscando‬ ‭prever‬ ‭motivações‬ ‭e‬ ‭potencial‬
‭criminógeno‬ ‭é‬ ‭um‬ ‭dado‬ ‭bastante‬ ‭importante‬ ‭em‬ ‭muitos‬ ‭estudos‬
‭criminológicos.‬
‭Todavia,‬ ‭historicamente,‬ ‭existem‬ ‭termos‬ ‭e‬ ‭classificações‬ ‭que‬ ‭estão‬
‭francamente em desuso, conforme veremos.‬
‭Pois‬‭bem,‬‭o‬‭primeiro‬‭a‬‭nos‬‭trazer‬‭uma‬‭classificação‬‭dos‬‭tipos‬‭criminosos‬‭foi‬
‭Cesare‬ ‭Lombroso,‬ ‭em‬ ‭sua‬ ‭obra‬ ‭O‬ ‭Homem‬ ‭Delinquente‬ ‭(1876)‬‭,‬ ‭onde‬ ‭este‬
‭classificava os criminosos em:‬

‭* Criminoso Nato;‬
‭* Criminoso Louco;‬
‭* Criminoso de ocasião;‬
‭* Criminoso por paixão.‬

‭Para‬ ‭Lombroso,‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭era‬ ‭um‬ ‭fenômeno‬ ‭biológico,‬ ‭não‬ ‭um‬ ‭fenômeno‬
‭exclusivamente‬ ‭social‬ ‭ou‬ ‭jurídico.‬ ‭Em‬ ‭outros‬ ‭termos,‬ ‭o‬ ‭criminoso‬ ‭era‬ ‭um‬
‭ser‬ ‭atávico,‬ ‭um‬ ‭selvagem‬ ‭que‬ ‭já‬ ‭nasce‬ ‭delinquente.‬ ‭Utilizando-se‬ ‭do‬
‭método‬ ‭empírico-indutivo‬ ‭ou‬ ‭indutivo-experimental,‬ ‭o‬ ‭positivismo‬
‭criminal‬ ‭de‬ ‭Lombroso‬ ‭buscava‬ ‭através‬ ‭da‬ ‭análise‬ ‭dos‬ ‭fatos,‬ ‭explicar‬ ‭o‬
‭crime sob um viés científico.‬
‭Em‬ ‭suma,‬ ‭concebia‬ ‭o‬ ‭criminoso‬ ‭como‬ ‭um‬ ‭indivíduo‬ ‭distinto‬ ‭dos‬ ‭demais,‬
‭um‬‭subtipo‬‭humano.‬‭Dessa‬‭forma,‬‭fundamentava‬‭o‬‭direito‬‭de‬‭castigar,‬‭não‬
‭como‬ ‭meio‬ ‭e‬ ‭finalidade‬ ‭de‬ ‭punir‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭que‬ ‭praticou‬ ‭o‬ ‭ato‬ ‭delituoso,‬
‭mas‬ ‭sim,‬ ‭com‬‭o‬‭propósito‬‭de‬‭conservar‬‭a‬‭sociedade,‬‭combatendo‬‭assim‬‭a‬
‭criminalidade.‬ ‭A‬ ‭despeito‬ ‭de‬ ‭sua‬ ‭inegável‬ ‭importância‬ ‭histórica,‬ ‭a‬
‭classificação proposta por Lombroso não é mais utilizada.‬

‭CRIMINOSO NATO‬

‭Na‬ ‭doutrina,‬ ‭somente‬ ‭dois‬ ‭autores‬ ‭mencionam‬ ‭o‬ ‭criminoso‬ ‭nato:‬ ‭Para‬
‭Cesare‬ ‭Lombroso,‬ ‭o‬ ‭criminoso‬ ‭nato‬‭é‬‭o‬‭que‬‭tem‬‭instinto‬‭para‬‭a‬‭prática‬‭de‬
‭delitos, nas palavras do autor, é um “selvagem para a vida em sociedade.”‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 11‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭CRIMINOSO OCASIONAL‬

‭ em-se,‬ ‭em‬ ‭suma,‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭criminoso‬ ‭ocasional‬ ‭é‬ ‭levado,‬ ‭naturalmente,‬
T
‭pela‬‭ocasião.‬‭Ele‬‭possui,‬‭ao‬‭menos‬‭em‬‭tese,‬‭personalidade‬‭normal,‬ ‭mas‬
‭é‬ ‭influenciado‬ ‭pelo‬ ‭meio‬ ‭de‬ ‭convívio,‬ ‭levados‬ ‭por‬ ‭condições‬‭pessoais‬‭a‬
‭cometer crimes contra o patrimônio (majoritariamente).‬
‭ mbora‬ ‭já‬ ‭classificado‬ ‭pelos‬ ‭autores‬ ‭clássicos,‬ ‭também‬ ‭são‬ ‭abordados‬
E
‭por autores modernos, como Guido Palomba e Odon Ramos Maranhão.‬

‭CRIMINOSO HABITUAL OU PROFISSIONAL‬

‭ lassicamente,‬ ‭a‬ ‭definição‬ ‭de‬ ‭criminoso‬ ‭habitual‬ ‭é‬ ‭de‬ ‭Enrico‬ ‭Ferri,‬ ‭e‬
C
‭consiste no criminoso que faz do crime seu meio de vida.‬
‭ m‬ ‭virtude‬ ‭disso,‬ ‭os‬ ‭criminosos‬ ‭habituais‬ ‭são‬ ‭inevitavelmente‬
E
‭reincidentes na ação criminosa.‬

‭O‬‭art. 78‬‭do Código Penal Militar define que é criminoso‬‭habitual quem:‬

‭ )‬ ‭reincide‬ ‭pela‬ ‭segunda‬ ‭vez‬ ‭na‬ ‭prática‬ ‭de‬ ‭crime‬ ‭doloso‬ ‭da‬ ‭mesma‬
a
‭natureza,‬‭punível‬‭com‬‭pena‬‭privativa‬‭de‬‭liberdade‬‭em‬‭período‬‭de‬‭tempo‬
‭não‬ ‭superior‬ ‭a‬ ‭cinco‬ ‭anos,‬ ‭descontado‬ ‭o‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭refere‬ ‭a‬ ‭cumprimento‬
‭de pena;‬

‭ )‬ ‭embora‬ ‭sem‬ ‭condenação‬ ‭anterior,‬ ‭comete‬ ‭sucessivamente,‬ ‭em‬


b
‭período‬ ‭de‬ ‭tempo‬ ‭não‬ ‭superior‬ ‭a‬ ‭cinco‬ ‭anos,‬ ‭quatro‬ ‭ou‬ ‭mais‬ ‭crimes‬
‭dolosos‬‭da‬‭mesma‬‭natureza,‬‭puníveis‬‭com‬‭pena‬‭privativa‬‭de‬‭liberdade,‬‭e‬
‭demonstra,‬ ‭pelas‬ ‭suas‬ ‭condições‬ ‭de‬ ‭vida‬ ‭e‬ ‭pelas‬ ‭circunstâncias‬ ‭dos‬
‭fatos apreciados em conjunto, acentuada inclinação a tais crimes.‬

‭ videntemente,‬ ‭essa‬ ‭definição‬ ‭cabe‬ ‭somente‬ ‭a‬ ‭crimes‬ ‭militares,‬


E
‭sendo‬‭seus‬‭efeitos‬‭restritos‬‭à‬‭essa‬‭seara‬‭jurídica‬‭específica.‬‭Contudo,‬‭o‬
‭Código‬ ‭de‬ ‭Processo‬ ‭Penal‬ ‭(após‬ ‭as‬ ‭mudanças‬ ‭do‬ ‭Pacote‬ ‭Anticrime)‬
‭menciona‬ ‭“conduta‬ ‭criminal‬ ‭habitual”,‬ ‭quando‬ ‭estabelece‬ ‭que,‬
‭nessas‬ ‭hipóteses,‬ ‭não‬ ‭poderá‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭ser‬ ‭beneficiado‬ ‭pelo‬ ‭acordo‬
‭de não persecução penal.‬
‭CÓDIGO DE PROCESSO PENAL‬

‭ rt.‬ ‭28-A.‬ ‭Não‬ ‭sendo‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭arquivamento‬ ‭e‬ ‭tendo‬ ‭o‬ ‭investigado‬
A
‭confessado‬ ‭formal‬ ‭e‬ ‭circunstancialmente‬ ‭a‬ ‭prática‬ ‭de‬ ‭infração‬ ‭penal‬
‭sem‬ ‭violência‬ ‭ou‬ ‭grave‬ ‭ameaça‬ ‭e‬ ‭com‬ ‭pena‬ ‭mínima‬ ‭inferior‬ ‭a‬ ‭4‬
‭(quatro)‬ ‭anos,‬ ‭o‬ ‭Ministério‬ ‭Público‬ ‭poderá‬ ‭propor‬ ‭acordo‬ ‭de‬ ‭não‬
‭persecução‬‭penal,‬‭desde‬‭que‬‭necessário‬‭e‬‭suficiente‬‭para‬‭reprovação‬‭e‬
‭prevenção‬ ‭do‬ ‭crime,‬ ‭mediante‬ ‭as‬ ‭seguintes‬ ‭condições‬ ‭—‬ ‭ajustadas‬ ‭—‬
‭cumulativa — e alternativamente:‬
‭[...]‬
‭ ‬ ‭2º‬ ‭O‬ ‭disposto‬ ‭no‬ ‭caput‬ ‭deste‬ ‭artigo‬ ‭não‬ ‭se‬ ‭aplica‬ ‭nas‬ ‭seguintes‬
§
‭hipóteses:‬
‭[...]‬
I‭ I‬‭-‬‭se‬‭o‬‭investigado‬‭for‬‭reincidente‬‭ou‬‭se‬‭houver‬‭elementos‬‭probatórios‬
‭que‬ ‭indiquem‬ ‭conduta‬ ‭criminal‬ ‭habitual,‬ ‭reiterada‬ ‭ou‬ ‭profissional,‬
‭exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;‬

‭CRIMINOSO PASSIONAL‬

‭ nrico‬ ‭Ferri‬ ‭também‬ ‭nos‬ ‭trouxe‬ ‭a‬ ‭primeira‬ ‭definição‬ ‭de‬ ‭criminoso‬
E
‭passional.‬
‭ egundo‬‭o‬‭autor‬‭clássico,‬‭este‬‭tipo‬‭criminoso‬‭age‬‭por‬‭impulso‬‭,‬‭durante‬
S
‭transtorno‬ ‭psíquico.‬ ‭Modernizando‬ ‭a‬ ‭definição,‬ ‭Guido‬ ‭Palomba,‬ ‭o‬
‭chama‬ ‭de‬ ‭criminoso‬ ‭impetuoso,‬ ‭posto‬ ‭que‬ ‭influenciados‬ ‭por‬ ‭impulsos‬
‭momentâneos.‬
‭ m‬ ‭geral,‬ ‭estão‬ ‭relacionados‬ ‭a‬ ‭crimes‬ ‭passionais,‬ ‭homicídios‬ ‭ou‬ ‭lesões‬
E
‭corporais.‬
‭ inganças‬ ‭imediatas‬ ‭(sem‬ ‭planejamento)‬‭,‬ ‭algumas‬ ‭hipóteses‬ ‭de‬
V
‭feminicídio, ou mesmo, brigas de trânsito estariam incluídos aqui.‬
‭ ometem,‬ ‭pois,‬ ‭o‬ ‭crime‬ ‭movidos‬ ‭por‬ ‭impulsos‬ ‭emotivos‬ ‭e‬
C
‭momentâneos‬‭sem premeditar seu contento.‬
‭ ão‬ ‭as‬ ‭paixões‬ ‭pessoais‬ ‭que‬ ‭guiam‬ ‭a‬ ‭conduta‬ ‭criminosa,‬ ‭ou‬ ‭mesmo,‬ ‭o‬
S
‭fanatismo político ou social. Não raro se arrependem de sua conduta.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 12‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭CRIMINOSO ALIENADO‬

‭ ‬ ‭denominação‬ ‭de‬ ‭criminoso‬ ‭alienado‬ ‭também‬ ‭é‬ ‭de‬ ‭Enrico‬ ‭Ferri,‬ ‭e‬ ‭diz‬
A
‭respeito a problemas psiquiátricos graves relacionados à criminalidade.‬
‭Modernamente,‬ ‭em‬ ‭especial‬ ‭o‬ ‭nosso‬ ‭Código‬ ‭Penal,‬ ‭é‬ ‭preciso‬ ‭relacionar‬
‭esse‬ ‭tipo‬ ‭criminoso‬ ‭à‬ ‭inimputabilidade‬ ‭—‬ ‭(enquanto‬ ‭—elemento‬ ‭da‬
‭culpabilidade).‬
‭Em‬ ‭outros‬ ‭termos,‬ ‭se‬ ‭o‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭delito‬ ‭tem‬‭condições‬‭de‬‭compreender‬‭o‬
‭caráter‬ ‭ilícito‬ ‭de‬ ‭sua‬ ‭conduta‬ ‭e‬ ‭de‬ ‭portar-se‬ ‭de‬ ‭acordo‬ ‭com‬ ‭este‬
‭entendimento,‬ ‭o‬ ‭Código‬ ‭Penal‬ ‭prevê,‬ ‭respectivamente,‬ ‭hipótese‬ ‭de‬
‭exclusão‬ ‭de‬ ‭imputabilidade‬ ‭e‬ ‭de‬ ‭redução‬ ‭de‬ ‭pena.‬ ‭caso‬ ‭o‬ ‭autor‬ ‭seja‬
‭totalmente‬ ‭ou‬ ‭parcialmente‬ ‭incapaz‬ ‭de‬ ‭entender‬ ‭o‬ ‭caráter‬ ‭ilícito‬ ‭de‬ ‭sua‬
‭conduta,‬ ‭ou‬ ‭de‬ ‭portar-se‬ ‭de‬ ‭acordo‬‭com‬‭este‬‭entendimento,‬‭na‬‭forma‬‭do‬
‭seu art. 26 (Código Penal):‬

‭DA IMPUTABILIDADE PENAL‬

‭Inimputáveis‬

‭ rt.‬ ‭26‬ ‭-‬ ‭É‬ ‭isento‬ ‭de‬ ‭pena‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭que,‬ ‭por‬ ‭doença‬ ‭mental‬ ‭ou‬
A
‭desenvolvimento‬‭mental‬‭incompleto‬‭ou‬‭retardado,‬‭era,‬‭ao‬‭tempo‬‭da‬‭ação‬
‭ou‬‭da‬‭omissão,‬‭inteiramente‬‭incapaz‬‭de‬‭entender‬‭o‬‭caráter‬‭ilícito‬‭do‬‭fato‬
‭ou‬ ‭de‬ ‭determinar-se‬ ‭de‬ ‭acordo‬ ‭com‬ ‭esse‬ ‭entendimento.‬ ‭(Redação‬
‭dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)‬

‭Redução de pena‬

‭ arágrafo‬ ‭único‬ ‭-‬ ‭A‬ ‭pena‬ ‭pode‬ ‭ser‬ ‭reduzida‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭a‬ ‭dois‬ ‭terços,‬ ‭se‬ ‭o‬
P
‭agente,‬ ‭em‬ ‭virtude‬ ‭de‬ ‭perturbação‬ ‭de‬ ‭saúde‬ ‭mental‬ ‭ou‬ ‭por‬
‭desenvolvimento‬ ‭mental‬ ‭incompleto‬ ‭ou‬ ‭retardado‬ ‭não‬ ‭era‬ ‭inteiramente‬
‭capaz‬‭de‬‭entender‬‭o‬‭caráter‬‭ilícito‬‭do‬‭fato‬‭ou‬‭de‬‭determinar-se‬‭de‬‭acordo‬
‭com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)‬

I‭ mportante‬ ‭mencionar,‬ ‭nesse‬ ‭contexto,‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭inimputável‬ ‭não‬ ‭é‬


‭sujeito‬ ‭à‬ ‭pena‬ ‭de‬ ‭prisão,‬ ‭mas,‬ ‭por‬ ‭força‬ ‭do‬ ‭art.‬ ‭97‬ ‭do‬ ‭Código‬ ‭Penal,‬ ‭é‬
‭Sujeito à medida de segurança, ainda que por tempo indeterminado.‬
‭[...]‬

‭Art.‬ ‭97‬ ‭-‬‭Se‬ ‭o‬ ‭agente‬ ‭for‬ ‭inimputável,‬ ‭o‬ ‭juiz‬ ‭determinará‬ ‭sua‬ ‭internação‬
‭(art.‬‭26).‬‭Se,‬‭todavia,‬‭o‬‭fato‬‭previsto‬‭como‬‭crime‬‭for‬‭punível‬‭com‬‭detenção,‬
‭poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.‬
‭Prazo‬ ‭§1º‬ ‭-‬ ‭A‬ ‭internação,‬ ‭ou‬ ‭tratamento‬ ‭ambulatorial,‬ ‭será‬ ‭por‬ ‭tempo‬
‭indeterminado,‬ ‭perdurando‬ ‭enquanto‬ ‭não‬ ‭for‬ ‭averiguado,‬ ‭mediante‬
‭perícia‬ ‭médica‬‭a‬‭cessação‬‭de‬‭periculosidade.‬‭O‬‭prazo‬‭mínimo‬‭deverá‬‭ser‬
‭de 1 (um) a 3 (três) anos.‬

‭Perícia médica‬

‭ ‬ ‭2º‬ ‭-‬ ‭A‬ ‭perícia‬ ‭médica‬ ‭realizar-se-á‬ ‭ao‬ ‭termo‬ ‭do‬ ‭prazo‬ ‭mínimo‬ ‭fixado‬ ‭e‬
§
‭deverá‬‭ser‬‭repetida‬‭de‬‭ano‬‭em‬‭ano,‬‭ou‬‭a‬‭qualquer‬‭tempo,‬‭se‬‭o‬‭determinar‬
‭o juiz da execução.‬

‭Desinternação ou liberação condicional‬

‭ ‬‭3º-‬‭A‬‭desinternação,‬‭ou‬‭a‬‭liberação,‬‭será‬‭sempre‬‭condicional‬‭devendo‬‭ser‬
§
‭restabelecida‬ ‭a‬ ‭situação‬ ‭anterior‬ ‭se‬ ‭o‬ ‭agente,‬ ‭antes‬ ‭do‬ ‭decurso‬ ‭de‬‭1‬‭(um)‬
‭ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.‬
‭§‬ ‭4º‬ ‭-‬ ‭Em‬ ‭qualquer‬ ‭fase‬ ‭do‬ ‭tratamento‬ ‭ambulatorial,‬ ‭poderá‬ ‭o‬ ‭juiz‬
‭determinar‬‭o‬‭internação‬‭do‬‭agente,‬‭se‬‭essa‬‭providência‬‭for‬‭necessária‬‭para‬
‭fins curativos.‬

‭Criminoso Menor‬

‭ mbora‬ ‭não‬ ‭seja‬ ‭uma‬ ‭tipologia‬ ‭propriamente‬ ‭dita,‬ ‭a‬ ‭questão‬ ‭da‬
E
‭criminalidade‬ ‭juvenil‬ ‭já‬ ‭foi‬ ‭objeto‬ ‭de‬ ‭intensos‬ ‭estudos‬ ‭criminológicos,‬ ‭na‬
‭medida em que estes fenômenos sempre existiram.‬
‭Aqui‬‭merece‬‭destaque‬‭o‬‭Sociólogo‬‭norte-americano‬‭Alberto‬‭Cohen,‬‭o‬‭qual,‬
‭em‬ ‭sua‬ ‭tese‬ ‭de‬ ‭PhD,‬ ‭denominada‬ ‭Delinquent‬ ‭Boys‬ ‭-‬ ‭The‬ ‭culture‬‭of‬‭the‬
‭gang‬‭,‬ ‭criou‬ ‭a‬ ‭chamada‬ ‭Teoria‬ ‭da‬ ‭Subcultura‬ ‭Delinquente‬‭,‬ ‭a‬ ‭qual‬ ‭busca‬
‭explicar‬ ‭justamente‬ ‭a‬ ‭delinquência‬ ‭juvenil,‬ ‭vislumbrando‬ ‭a‬ ‭prática‬
‭criminosa‬‭como‬‭o‬‭elemento‬‭cultural‬‭é‬‭o‬‭verdadeiro‬‭motivo‬‭de‬‭coesão‬‭entre‬
‭as gangues, compostas por pessoas cada vez mais jovens.‬
‭Em‬ ‭nosso‬ ‭ordenamento‬ ‭jurídico‬‭temos‬‭que,‬‭conforme‬‭inteligência‬‭do‬‭art.‬
‭27‬‭do Código Penal, os menores de idade são inimputáveis.‬

‭Vejamos (Código Penal):‬

‭Art.‬ ‭27‬ ‭-‬‭Os‬ ‭menores‬ ‭de‬ ‭18‬ ‭(dezoito)‬ ‭anos‬ ‭são‬ ‭penalmente‬ ‭inimputáveis,‬
‭ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.‬

‭A‬ ‭lei‬ ‭especial‬ ‭divide‬ ‭a‬ ‭figura‬ ‭do‬ ‭criminoso‬ ‭menor‬ ‭em‬ ‭duas‬ ‭importantes‬
‭situações, quais sejam, criança e adolescente.‬

‭ECA.‬ ‭Art.‬ ‭2º‬ ‭Considera-se‬ ‭criança,‬ ‭para‬ ‭os‬‭efeitos‬‭desta‬‭Lei,‬‭a‬‭pessoa‬‭até‬


‭doze‬ ‭anos‬ ‭de‬ ‭idade‬ ‭incompletos,‬ ‭e‬ ‭adolescente,‬ ‭aquela‬ ‭entre‬ ‭doze‬ ‭e‬
‭dezoito anos de idade.‬

‭Assim‬ ‭sendo,‬ ‭temos‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭menor‬ ‭não‬ ‭comete‬ ‭crime,‬ ‭mas‬ ‭ato‬ ‭infracional‬
‭equiparado‬‭a‬‭crime.‬‭Sendo‬‭caso‬‭de‬‭criança‬‭(ou‬‭seja,‬‭até‬‭11‬‭anos),‬‭não‬‭pode‬
‭sequer‬ ‭ser‬ ‭submetido‬ ‭a‬ ‭medidas‬ ‭socioeducativas.‬ ‭Em‬ ‭hipóteses‬
‭extraordinárias ele pode ser abrigado.‬
‭Existem,‬ ‭a‬ ‭serem‬ ‭aplicadas‬ ‭em‬ ‭situações‬ ‭excepcionais,‬ ‭algumas‬ ‭medidas‬
‭socioeducativas,‬ ‭previstas‬ ‭no‬ ‭art.‬ ‭112‬ ‭do‬ ‭Estatuto‬ ‭da‬ ‭Criança‬ ‭e‬ ‭do‬
‭Adolescente:‬
‭ECA.‬ ‭Art.‬ ‭112.‬ ‭Verificada‬ ‭a‬ ‭prática‬ ‭de‬ ‭ato‬ ‭infracional,‬ ‭a‬ ‭autoridade‬
‭competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:‬

‭I -‬‭advertência;‬
‭II -‬‭obrigação de reparar o dano;‬
‭III -‬‭prestação de serviços à comunidade;‬
‭IV -‬‭liberdade assistida;‬
‭V -‬‭inserção em regime de semiliberdade;‬
‭VI -‬‭internação em estabelecimento educacional;‬
‭VII -‬‭qualquer uma das previstas no art. 101, I a‬‭VI.‬

‭A Mulher Criminosa‬

‭É‬ ‭algo‬ ‭público‬ ‭e‬ ‭notório‬ ‭que‬ ‭mulheres‬ ‭cometem‬ ‭menos‬ ‭crimes‬ ‭que‬ ‭os‬
‭homens.‬
‭A‬‭população‬‭carcerária‬‭feminina‬‭subiu‬‭de‬‭5.601‬‭para‬‭37.380‬‭detentas‬‭entre‬
‭2000‬ ‭e‬ ‭2014,‬ ‭um‬ ‭crescimento‬ ‭de‬ ‭567%‬ ‭em‬ ‭15‬ ‭anos,‬ ‭e,‬ ‭em‬‭sua‬‭maioria‬‭por‬
‭tráfico de drogas, motivo de 68% das prisões (dados do CNJ).‬
‭Estudar-se‬ ‭a‬ ‭figura‬ ‭do‬ ‭feminino‬ ‭na‬ ‭Criminologia‬ ‭afigura-se‬ ‭importante,‬
‭pois‬ ‭aponta-se‬ ‭o‬ ‭crescimento‬ ‭da‬ ‭participação‬ ‭feminina‬ ‭em‬ ‭crimes‬ ‭como‬
‭tráfico de drogas, homicídio, estelionato e roubo.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 13‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭ESCOLAS DE CRIMINOLOGIA E SUAS PECULIARIDADES‬

‭ a‬ ‭prova‬ ‭anterior,‬ ‭caiu‬ ‭uma‬ ‭questão‬ ‭sobre‬ ‭as‬ ‭escolas‬ ‭criminológicas‬ ‭e‬
N
‭seus autores. Vamos estudar!‬
‭Quando‬ ‭surgiu,‬ ‭a‬ ‭criminologia‬ ‭tratava‬ ‭de‬ ‭explicar‬ ‭a‬ ‭origem‬ ‭da‬
‭delinquência‬ ‭(crime),‬ ‭utilizando‬ ‭o‬ ‭método‬ ‭das‬ ‭ciências‬ ‭naturais‬ ‭e‬ ‭a‬
‭etiologia, ou seja, buscava a causa do delito.‬
‭Pensou-se‬ ‭que,‬ ‭erradicando‬ ‭a‬ ‭causa‬ ‭se‬ ‭eliminaria‬ ‭o‬ ‭efeito,‬ ‭como‬ ‭se‬ ‭fosse‬
‭suficiente fechar as maternidades para o controle de natalidade.‬
‭A‬‭criminologia‬‭é‬‭dividida‬‭em‬‭escola‬‭clássica‬‭(Beccaria,‬‭século‬‭XVIII),‬‭escola‬
‭positiva‬‭(Lombroso, século XIX) e‬‭escola sociológica‬‭(final do século XIX).‬

‭ cademicamente,‬ ‭a‬ ‭Criminologia‬ ‭começa‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭publicação‬ ‭da‬ ‭obra‬ ‭de‬
A
‭Cesare‬ ‭Lombroso‬ ‭chamada‬ ‭L'Uomo‬ ‭Delinquente‬ ‭(‭"‬ O‬ ‭Homem‬
‭Delinquente"‬‭,‬ ‭em‬ ‭tradução‬ ‭livre),‬ ‭em‬ ‭1876.‬ ‭Sua‬ ‭tese‬ ‭principal‬ ‭era‬ ‭a‬ ‭do‬
‭delinquente‬ ‭nato.‬ ‭Com‬ ‭isto,‬ ‭Lombroso‬ ‭pretendia‬ ‭identificar‬ ‭o‬ ‭criminoso‬
‭por‬ ‭intermédio‬ ‭de‬ ‭sua‬ ‭aparência‬‭física‬‭(orelha,‬‭tamanho‬‭da‬‭cabeça,‬‭ossos,‬
‭cor‬ ‭da‬ ‭pele,‬ ‭olhos)‬ ‭e‬ ‭inclusive,‬ ‭de‬ ‭procedência‬ ‭espacial‬ ‭(asiáticos,‬
‭indígenas, etc.), o que se comprovou completamente equivocado.‬

‭ orém,‬ ‭até‬ ‭os‬ ‭dias‬ ‭atuais‬ ‭o‬ ‭sistema‬ ‭penal‬ ‭vive‬ ‭o‬ ‭dilema‬ ‭de‬ ‭selecionar‬ ‭os‬
P
‭suspeitos‬ ‭especialmente‬ ‭pelos‬ ‭seus‬ ‭estigmas.‬ ‭Em‬ ‭2004,‬ ‭Carlos‬ ‭Roberto‬
‭Bacila‬ ‭fez‬ ‭uma‬ ‭releitura‬ ‭histórica‬ ‭do‬ ‭crime,‬ ‭apresentando‬ ‭a‬ ‭tese‬ ‭dos‬
‭estigmas‬ ‭como‬ ‭metarregras,‬ ‭na‬ ‭qual‬ ‭realizou‬ ‭um‬ ‭amplo‬ ‭estudo‬ ‭sobre‬ ‭os‬
‭preconceitos‬ ‭de‬ ‭todas‬‭as‬‭naturezas‬‭(racial,‬‭mulher,‬‭pobreza,‬‭religião,‬‭física,‬
‭etc.) e suas influências no sistema penal.‬

‭ á‬ ‭existiram‬ ‭várias‬ ‭tendências‬ ‭causais‬ ‭na‬ ‭criminologia.‬ ‭Baseado‬ ‭em‬


J
‭Rousseau,‬ ‭a‬ ‭criminologia‬ ‭deveria‬ ‭procurar‬‭a‬‭causa‬‭do‬‭delito‬‭na‬‭sociedade.‬
‭Baseado‬ ‭em‬ ‭Lombroso‬‭,‬ ‭para‬ ‭erradicar‬ ‭o‬ ‭delito,‬ ‭deveríamos‬ ‭encontrar‬ ‭a‬
‭eventual‬ ‭causa‬ ‭no‬ ‭próprio‬ ‭delinquente,‬ ‭e‬ ‭não‬ ‭no‬ ‭meio.‬ ‭Enquanto‬ ‭um‬
‭extremo,‬‭que‬‭procura‬‭todas‬‭as‬‭causas‬‭de‬‭toda‬‭criminalidade‬‭na‬‭sociedade,‬
‭o‬ ‭outro,‬ ‭organicista,‬ ‭investigava‬ ‭o‬ ‭arquétipo‬ ‭do‬ ‭criminoso‬ ‭nato‬ ‭(um‬
‭delinquente‬ ‭com‬ ‭determinados‬ ‭traços‬ ‭morfológicos,‬ ‭influência‬ ‭do‬
‭Darwinismo).‬
I‭ soladamente,‬ ‭tanto‬ ‭as‬ ‭tendências‬ ‭sociológicas,‬ ‭quanto‬ ‭as‬ ‭orgânicas‬
‭fracassaram. Hoje em dia, fala- se no‬‭elemento bio-psico-social.‬

‭ oltam‬ ‭a‬ ‭tomar‬ ‭força‬ ‭os‬ ‭estudos‬ ‭de‬ ‭endocrinologia,‬ ‭que‬ ‭associam‬ ‭a‬
V
‭agressividade‬ ‭do‬ ‭delinquente‬ ‭à‬ ‭testosterona‬ ‭(hormônio‬ ‭masculino),‬ ‭os‬
‭estudos‬‭de‬‭genética‬‭ao‬‭tentar‬‭identificar‬‭no‬‭genoma‬‭humano‬‭um‬‭possível‬
‭conjunto‬ ‭de‬ ‭"genes‬ ‭da‬ ‭criminalidade”‬ ‭(fator‬ ‭biológico‬ ‭ou‬ ‭endógeno),‬ ‭e‬
‭ainda‬ ‭há‬ ‭os‬ ‭que‬ ‭atribuem‬ ‭a‬ ‭criminalidade‬
‭meramente‬ ‭ao‬ ‭ambiente‬ ‭(fator‬ ‭mesológico),‬ ‭como‬
‭fruto‬ ‭de‬ ‭transtornos‬ ‭como‬‭a‬‭violência‬‭familiar,‬‭a‬‭falta‬
‭de oportunidades, etc.‬

‭ ombroso‬ ‭é‬ ‭considerado‬ ‭o‬ ‭marco‬ ‭da‬ ‭Escola‬


L
‭Positivista.‬ ‭Em‬ ‭termos‬ ‭filosóficos,‬ ‭encontramos‬
‭Augusto‬ ‭Comte.‬ ‭Esta‬ ‭escola‬ ‭italiana‬ ‭critica‬ ‭os‬ ‭da‬
‭Escola‬ ‭Clássica‬‭,‬ ‭como‬ ‭Beccaria‬ ‭e‬ ‭Bentham,‬ ‭no‬ ‭que‬
‭diz‬ ‭respeito‬ ‭à‬ ‭utilização‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭metodologia‬
‭lógico-dedutiva,‬ ‭metafísica,‬ ‭onde‬ ‭não‬ ‭existia‬ ‭a‬
‭observação empírica dos fatos.‬

‭As características principais desta escola mostram-se em três pontos:‬

‭1.‬ ‭Empirismo‬ ‭(cientificidade,‬ ‭observação‬ ‭e‬ ‭experimentação‬ ‭dos‬ ‭factos.‬


‭Negação aos pensamentos dedutivos e abstractos);‬

‭2.‬ ‭O‬ ‭Criminoso‬ ‭como‬ ‭objeto‬ ‭de‬ ‭estudo‬ ‭(importância‬ ‭do‬ ‭estudo‬ ‭do‬
‭criminoso‬ ‭como‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭crime.‬ ‭A‬ ‭delinquência‬ ‭é‬ ‭vista‬ ‭como‬ ‭um‬ ‭mero‬
‭Sintoma‬‭dos‬‭instintos‬‭criminógenos‬‭do‬‭sujeito.‬‭Deve-se‬‭procurar‬‭trabalhar‬
‭com estes instintos de modo a se evitar o crime);‬

‭3.‬ ‭Determinismo.‬ ‭Ele‬ ‭aborda‬ ‭o‬ ‭delinquente‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭caráter‬
‭plurifatorial.‬ ‭Para‬ ‭ele,‬ ‭o‬ ‭indivíduo‬ ‭é‬ ‭compelido‬ ‭a‬ ‭delinquir‬ ‭por‬ ‭causas‬
‭externas,‬ ‭as‬ ‭quais‬ ‭não‬ ‭consegue‬ ‭controlar,‬ ‭assim,‬ ‭as‬ ‭penas‬ ‭teriam‬ ‭o‬
‭objetivo de proteção da sociedade e de [reeducação] do delinquente.‬
‭ omo‬ ‭em‬ ‭outras‬ ‭ciências,‬ ‭também‬ ‭em‬ ‭criminologia‬ ‭se‬ ‭tem‬ ‭tentado‬
C
‭eliminar‬ ‭o‬ ‭conceito‬ ‭de‬ ‭"causa",‬ ‭substituindo-o‬ ‭pela‬ ‭ideia‬ ‭de‬ ‭"fator".‬ ‭Isso‬
‭implica‬ ‭o‬ ‭reconhecimento‬ ‭de‬ ‭não‬ ‭apenas‬ ‭uma‬ ‭causa,‬‭mas,‬‭sobretudo,‬‭de‬
‭fatores‬ ‭que‬ ‭possam‬ ‭desencadear‬ ‭o‬ ‭efeito‬ ‭criminoso‬ ‭(fatores‬ ‭biológicos,‬
‭psíquicos, sociais...).‬

‭ ma‬ ‭das‬ ‭funções‬ ‭principais‬ ‭da‬ ‭criminologia‬ ‭é‬ ‭estabelecer‬ ‭uma‬ ‭relação‬
U
‭estreita entre três disciplinas consideradas fundamentais:‬
‭a psicopatologia, o direito penal e a ciência político-criminal.‬

‭ utra‬ ‭atribuição‬ ‭da‬ ‭criminologia‬ ‭é,‬ ‭por‬


O
‭exemplo,‬ ‭elaborar‬ ‭uma‬ ‭série‬ ‭de‬ ‭teorias‬ ‭e‬
‭hipóteses‬ ‭sobre‬ ‭as‬ ‭razões‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭aumento‬
‭de‬ ‭um‬‭determinado‬‭delito.‬‭Os‬‭criminólogos‬
‭se‬ ‭encarregam‬ ‭de‬ ‭dar‬ ‭esse‬ ‭tipo‬ ‭de‬
‭informação‬ ‭a‬ ‭quem‬ ‭elabora‬ ‭a‬ ‭política‬
‭criminal,‬ ‭os‬ ‭quais,‬ ‭por‬ ‭sua‬ ‭vez,‬ ‭idealizarão‬
‭soluções,‬ ‭proporão‬ ‭leis,‬ ‭etc.‬ ‭Esta‬ ‭última‬
‭etapa‬ ‭se‬ ‭faz‬ ‭através‬ ‭do‬ ‭direito‬ ‭penal.‬
‭Posteriormente,‬ ‭outra‬ ‭vez‬ ‭mais,‬ ‭o‬
‭criminólogo‬ ‭avaliará‬ ‭o‬ ‭impacto‬ ‭produzido‬
‭por essa nova lei na criminalidade.‬

I‭ nteressam‬ ‭ao‬ ‭criminólogo‬ ‭as‬ ‭causas‬ ‭e‬ ‭os‬ ‭motivos‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭fato‬ ‭delituoso.‬
‭Normalmente‬ ‭ele‬ ‭procura‬ ‭fazer‬ ‭um‬ ‭diagnóstico‬‭do‬‭crime‬‭e‬‭uma‬‭tipologia‬
‭do‬ ‭criminoso,‬ ‭assim‬ ‭como‬ ‭uma‬ ‭classificação‬ ‭do‬ ‭delito‬ ‭cometido.‬ ‭Essas‬
‭causas‬ ‭e‬ ‭motivos‬ ‭abrangem‬ ‭desde‬ ‭avaliação‬ ‭do‬ ‭entorno‬ ‭prévio‬ ‭ao‬ ‭crime,‬
‭os‬ ‭antecedentes‬ ‭vivenciais‬ ‭e‬ ‭emocionais‬ ‭do‬ ‭delinquente,‬ ‭até‬‭a‬‭motivação‬
‭que leva o agressor a prática pragmática do crime.‬

‭ESCOLAS DE PENSAMENTO PRINCIPAIS‬

‭ avia‬‭três‬‭principais‬‭escolas‬‭de‬‭pensamento‬‭na‬‭teoria‬‭criminológica‬‭inicial,‬
H
‭abrangendo o período de meados do século XVIII a meados do século XX:‬
‭Escola Clássica, Escola Positivista e Escola de Chicago.‬
‭Essas‬ ‭escolas‬ ‭de‬ ‭pensamento‬ ‭foram‬ ‭substituídas‬ ‭por‬ ‭vários‬ ‭paradigmas‬
‭contemporâneos‬ ‭da‬ ‭criminologia,‬ ‭como‬ ‭subcultura,‬ ‭controle,‬ ‭tensão,‬
‭rotulagem,‬ ‭criminologia‬ ‭crítica,‬ ‭criminologia‬ ‭cultural,‬ ‭criminologia‬
‭pós-moderna, criminologia feminista e outros discutidos abaixo.‬
‭Clássica‬

‭ ‬ ‭escola‬ ‭clássica‬ ‭surgiu‬ ‭em‬ ‭meados‬ ‭do‬ ‭século‬ ‭XVII‬ ‭e‬ ‭tem‬ ‭sua‬ ‭base‬ ‭na‬
A
‭filosofia‬‭utilitarista.‬‭Cesare‬‭Beccaria,‬‭autor‬‭de‬‭Dos‬‭Delitos‬‭e‬‭das‬‭Dos‬‭Delitos‬
‭e‬ ‭das‬ ‭Penas‬ ‭(1763-64),‬ ‭Jeremy‬ ‭Bentham‬ ‭(inventor‬ ‭do‬ ‭termo‬ ‭panóptico),‬ ‭e‬
‭outros filósofos desta escola argumentaram:‬

‭1.‬‭As pessoas têm livre arbítrio para escolher como‬‭agir.‬

‭ .‬‭A‬‭base‬‭para‬‭a‬‭dissuasão‬‭é‬‭a‬‭ideia‬‭de‬‭que‬‭os‬‭humanos‬‭são‬‭“hedonistas”,‬
2
‭que‬ ‭buscam‬‭prazer‬‭e‬‭evitam‬‭a‬‭dor,‬‭e‬‭“calculadoras‬‭racionais”,‬‭que‬‭pesam‬
‭os‬ ‭custos‬ ‭e‬ ‭benefícios‬ ‭de‬ ‭cada‬ ‭ação.‬ ‭Ele‬ ‭ignora‬ ‭a‬ ‭possibilidade‬ ‭de‬
‭irracionalidade e impulsos inconscientes como ' motivadores '.‬

‭ .‬ ‭A‬ ‭punição‬ ‭(de‬ ‭severidade‬ ‭suficiente)‬ ‭pode‬ ‭dissuadir‬ ‭as‬ ‭pessoas‬ ‭do‬
3
‭crime,‬‭pois‬‭os‬‭custos‬‭(penalidades)‬‭superam‬‭os‬‭benefícios,‬‭e‬‭a‬‭severidade‬
‭da punição deve ser proporcional ao crime.‬

‭ .‬‭Quanto‬‭mais‬‭rápida‬‭e‬‭segura‬‭for‬‭a‬‭punição,‬‭mais‬‭eficaz‬‭será‬‭a‬‭dissuasão‬
4
‭do comportamento criminoso.‬

‭ sta‬ ‭escola‬ ‭se‬ ‭desenvolveu‬ ‭durante‬ ‭uma‬ ‭grande‬ ‭reforma‬ ‭na‬ ‭penologia,‬
E
‭quando‬ ‭a‬ ‭sociedade‬ ‭começou‬ ‭a‬ ‭projetar‬ ‭prisões‬ ‭por‬ ‭causa‬ ‭da‬ ‭punição‬
‭extrema.‬ ‭Este‬ ‭período‬ ‭também‬ ‭viu‬ ‭muitas‬ ‭reformas‬ ‭legais,‬ ‭a‬ ‭Revolução‬
‭Francesa e o desenvolvimento do sistema legal nos Estados Unidos.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 14‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭AS ATIVIDADES REPRESSIVAS, PREVENTIVAS E EDUCACIONAIS‬


‭PARA DIMINUIR OS ÍNDICES DE CRIMINALIDADE‬

‭ ste‬ ‭capítulo‬ ‭aborda‬ ‭a‬ ‭prevenção‬ ‭em‬ ‭geral,‬ ‭além‬ ‭do‬ ‭policiamento‬ ‭e‬ ‭da‬
E
‭educação,‬ ‭também‬ ‭vistos‬ ‭em‬ ‭tópicos‬ ‭anteriores.‬ ‭Serão‬ ‭colocados‬ ‭os‬
‭tópicos gerais mais cobrados em prova com relação ao tema.‬

‭ ‬ ‭Ministério‬ ‭da‬ ‭Justiça‬ ‭implementou,‬ ‭em‬ ‭2019,‬ ‭o‬ ‭programa‬ ‭Em‬ ‭Frente‬
O
‭Brasil‬‭,‬‭um‬‭projeto‬‭piloto‬‭desenvolvido‬‭em‬‭cinco‬‭cidades‬‭do‬‭país‬‭com‬‭altos‬
‭índices‬‭de‬‭violência.‬‭Foi‬‭uma‬‭das‬‭apostas‬‭para‬‭o‬‭combate‬‭ao‬‭crime‬‭violento‬
‭no país.‬

‭ ‬ ‭primeira‬ ‭fase‬ ‭do‬ ‭projeto‬ ‭foi‬ ‭o‬ ‭“choque‬ ‭operacional”,‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭envio‬ ‭de‬
A
‭reforços para as forças de segurança pública locais.‬

‭ m‬ ‭três‬ ‭meses,‬ ‭o‬ ‭número‬ ‭de‬ ‭homicídios‬ ‭caiu‬‭44,7%‬‭nos‬‭municípios‬‭onde‬


E
‭está‬‭sendo‬‭testado.‬‭A‬‭quantidade‬‭de‬‭roubos‬‭também‬‭diminuiu,‬‭segundo‬‭a‬
‭pasta. A redução foi de 28,8% nas cinco cidades.‬

‭ ‬ ‭segunda‬ ‭fase‬ ‭do‬ ‭projeto‬ ‭foi‬ ‭preparada‬ ‭e‬ ‭envolveu‬ ‭uma‬ ‭integração‬‭com‬
A
‭outras‬‭pastas,‬‭como‬‭o‬‭Ministério‬‭da‬‭Educação,‬‭da‬‭Cidadania,‬‭da‬‭Economia,‬
‭entre‬ ‭outros.‬ ‭“A‬ ‭expectativa‬ ‭é‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭isso‬ ‭envolver,‬ ‭realmente,‬ ‭outros‬
‭ministérios‬ ‭e‬ ‭trazer‬ ‭a‬ ‭área‬ ‭social‬ ‭vai‬ ‭trazer‬ ‭frutos‬ ‭positivos”‬‭,‬ ‭opinou‬ ‭o‬
‭Elisandro Lotin, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.‬

‭ ara‬ ‭ele,‬ ‭vale‬ ‭um‬ ‭alerta‬ ‭para‬ ‭uma‬ ‭característica‬ ‭negativa‬ ‭nos‬ ‭projetos‬ ‭e‬
P
‭políticas públicas para segurança no Brasil:‬‭a falta‬‭de continuidade.‬

‭Como‬ ‭podemos‬ ‭ver,‬ ‭Futuros‬ ‭Policiais‬ ‭Militares‬ ‭do‬ ‭Ceará,‬ ‭o‬


‭policiamento‬‭(em‬‭suas‬‭formas‬‭repressivas‬‭e‬‭preventivas)‬‭e‬‭a‬‭educação‬
‭são‬ ‭as‬ ‭formas‬ ‭mais‬ ‭acertadas‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭combate‬ ‭da‬‭criminalidade,‬‭além‬
‭das‬ ‭leis‬ ‭e‬ ‭programas‬ ‭de‬ ‭incentivo‬ ‭ao‬ ‭esporte,‬ ‭bem‬ ‭como‬ ‭de‬
‭endurecimento‬ ‭das‬ ‭penas‬ ‭para‬ ‭quem‬ ‭comete‬ ‭crimes.‬‭ESSE‬‭CRITÉRIO‬
‭VALE PARA QUALQUER CONCURSO.‬
‭Mas professor, quais são os tipos de PREVENÇÃO?‬

‭ REVENÇÃO‬ ‭PRIMÁRIA:‬ ‭caracteriza-se‬ ‭pela‬ ‭implementação‬ ‭de‬ ‭medidas‬


P
‭indiretas‬ ‭de‬ ‭prevenção,‬ ‭consistentes‬ ‭em‬ ‭evitar‬ ‭que‬ ‭fatores‬ ‭exógenos‬
‭sirvam‬ ‭como‬ ‭estímulo‬ ‭à‬ ‭prática‬ ‭delituosa.‬ ‭Trata-se‬ ‭normalmente‬ ‭de‬
‭medidas‬‭sociais‬‭por‬‭meio‬‭das‬‭quais‬‭o‬‭Estado‬‭garante‬‭acesso‬‭ao‬‭emprego‬‭e‬
‭a‬‭direitos‬‭sociais,‬‭como‬‭segurança‬‭e‬‭moradia.‬‭Diante‬‭da‬‭complexidade‬‭que‬
‭as caracteriza, destas ações não decorrem efeitos positivos imediatos.‬

‭ REVENÇÃO‬ ‭SECUNDÁRIA:‬ ‭incide‬ ‭não‬ ‭sobre‬ ‭indivíduos,‬ ‭mas‬ ‭sobre‬


P
‭grupos‬ ‭sociais‬ ‭que,‬ ‭segundo‬ ‭os‬ ‭fatores‬ ‭criminógenos,‬ ‭indicam‬ ‭certa‬
‭propensão ao crime.‬

‭ pera‬ ‭a‬ ‭curto‬ ‭e‬ ‭médio‬ ‭prazos‬ ‭e‬ ‭se‬ ‭orienta‬ ‭seletivamente‬ ‭a‬ ‭concretos‬
O
‭(particulares)‬ ‭setores‬ ‭da‬ ‭sociedade:‬ ‭àqueles‬ ‭grupos‬ ‭e‬ ‭subgrupos‬ ‭que‬
‭ostentam‬ ‭maior‬ ‭risco‬ ‭de‬‭padecer‬‭ou‬‭protagonizar‬‭o‬‭problema‬‭criminal.‬ ‭A‬
‭prevenção‬ ‭secundária‬ ‭conecta-se‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭política‬ ‭legislativa‬ ‭penal,‬ ‭assim‬
‭como‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭ação‬ ‭policial,‬ ‭fortemente‬ ‭polarizada‬ ‭pelos‬ ‭interesses‬ ‭de‬
‭prevenção geral.‬

‭ rogramas‬ ‭de‬ ‭prevenção‬ ‭policial,‬ ‭de‬ ‭controle‬‭dos‬‭meios‬‭de‬‭comunicação,‬


P
‭de‬ ‭ordenação‬ ‭urbana‬ ‭e‬ ‭utilização‬ ‭do‬ ‭desenho‬ ‭arquitetônico‬ ‭como‬
‭instrumento‬ ‭de‬‭autoproteção,‬‭desenvolvidos‬‭em‬‭bairros‬‭de‬‭classes‬‭menos‬
‭favorecidas são exemplos de prevenção “secundária”.‬

‭ REVENÇÃO‬ ‭TERCIÁRIA:‬ ‭representa‬ ‭outra‬ ‭forma‬ ‭de‬ ‭prevenção‬ ‭indireta,‬


P
‭agora‬ ‭voltada‬ ‭à‬ ‭pessoa‬ ‭do‬ ‭delinquente,‬ ‭para‬ ‭prevenir‬ ‭a‬ ‭reincidência.‬ ‭É‬
‭implementada‬ ‭por‬ ‭meio‬ ‭das‬ ‭medidas‬ ‭de‬ ‭punição‬ ‭e‬ ‭ressocialização‬ ‭do‬
‭processo de execução penal.‬

‭Em resumo:‬

‭ ‬ ‭Prevenção‬ ‭Primária‬ ‭exige‬ ‭do‬ ‭Estado‬ ‭uma‬ ‭prestação‬ ‭positiva‬ ‭voltada‬‭na‬


A
‭área‬‭econômica,‬‭sócio-cultural‬‭e‬‭também‬‭ambiental‬‭(educação,‬‭habitação,‬
‭emprego, moradia, segurança, etc).‬

‭ om‬ ‭efeito,‬ ‭a‬ ‭prevenção‬ ‭primária‬‭ataca‬‭as‬‭causas‬‭iniciais‬‭do‬‭problema,‬‭já‬


C
‭que‬ ‭a‬ ‭maioria‬ ‭dos‬ ‭delitos‬ ‭são‬ ‭oriundos‬ ‭da‬ ‭ausência‬ ‭de‬ ‭educação,‬
‭princípios, emprego, moradia, etc.‬

‭COMBATENDO-SE AS CAUSAS, COMBATEM-SE AS CONSEQUÊNCIAS.‬


‭ o‬ ‭que‬ ‭diz‬ ‭respeito‬ ‭à‬ ‭Prevenção‬ ‭Secundária‬‭,‬ ‭esta‬ ‭atua‬ ‭no‬ ‭momento‬
N
‭posterior‬ ‭ao‬ ‭crime‬ ‭ou‬ ‭na‬ ‭sua‬ ‭eminência.‬ ‭Destacam-se‬ ‭aqui‬ ‭as‬ ‭ações‬
‭policiais, programas de apoio e políticas penais.‬

‭ ‬ ‭Prevenção‬ ‭Secundária‬ ‭não‬ ‭tem‬ ‭seus‬ ‭esforços‬‭direcionados‬‭ao‬‭indivíduo‬


A
‭em‬ ‭si,‬ ‭mas‬ ‭sim,‬ ‭a‬ ‭determinado‬ ‭grupo‬ ‭de‬ ‭pessoas‬ ‭consideradas‬ ‭mais‬
‭suscetíveis de praticar ou sofrer crimes.‬

‭ or‬ ‭fim,‬ ‭destaca-se‬‭a‬‭Prevenção‬‭Terciária.‬‭Aqui,‬‭as‬‭ações‬‭se‬‭iniciam‬‭após‬‭o‬


P
‭trânsito em julgado da sentença penal condenatória.‬

‭ este‬ ‭modo,‬ ‭a‬ ‭Prevenção‬ ‭Terciária‬ ‭aplica-se‬ ‭durante‬ ‭o‬ ‭cumprimento‬ ‭da‬
D
‭pena.‬ ‭Sendo‬ ‭que,‬ ‭a‬ ‭prevenção‬ ‭consiste‬ ‭num‬ ‭conjunto‬ ‭de‬ ‭ações‬
‭socioeducativas,‬ ‭como‬ ‭a‬ ‭laborterapia‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭prestação‬ ‭de‬ ‭serviços‬
‭comunitários.‬

‭ ais‬ ‭ações‬ ‭socioeducativas‬ ‭têm‬ ‭por‬ ‭finalidade‬ ‭imediata‬ ‭a‬ ‭reinserção‬ ‭de‬
T
‭valores‬ ‭socioculturais‬ ‭no‬ ‭condenado,‬ ‭e,‬ ‭como‬ ‭finalidade‬ ‭mediata‬ ‭a‬
‭reabilitação‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭reintegração‬ ‭social‬ ‭do‬ ‭recluso‬ ‭de‬ ‭modo‬ ‭a‬ ‭evitar‬ ‭sua‬
‭reincidência.‬

‭PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL‬

‭ ‬‭prevenção‬‭geral‬‭surge‬‭antes‬‭da‬‭prática‬‭do‬‭delito,‬‭enquanto‬‭a‬‭retribuição‬
A
‭aparece no momento da aplicação da pena.‬

‭ ssim,‬ ‭a‬ ‭prevenção‬ ‭especial‬ ‭surgiria‬ ‭ao‬ ‭ser‬ ‭iniciada‬ ‭a‬ ‭execução‬ ‭da‬ ‭pena,‬
A
‭tornando‬ ‭patentes‬ ‭os‬ ‭princípios‬ ‭de‬ ‭reinserção‬ ‭e‬ ‭ressocialização‬ ‭do‬
‭criminoso.‬
‭CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 15‬
‭PROFESSOR GIOVANNY DIAS‬

‭VITIMIZAÇÃO‬
‭ emos‬ ‭também,‬ ‭que‬ ‭estudar‬ ‭os‬ ‭tipos‬ ‭de‬ ‭VITIMIZAÇÃO‬‭,‬ ‭pois‬ ‭isso‬ ‭tem‬
T
‭grande relevância sob o aspecto criminológico de prevenção.‬

‭VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA‬

‭ ‬‭aquela‬‭que‬‭se‬‭relaciona‬‭ao‬‭indivíduo‬‭atingido‬‭diretamente‬‭pela‬‭conduta‬
É
‭criminosa.‬ ‭Ou‬ ‭seja,‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭processo‬ ‭através‬ ‭do‬‭qual‬‭um‬‭indivíduo‬‭sofre‬‭direta‬
‭ou‬ ‭indiretamente‬ ‭os‬ ‭efeitos‬ ‭nocivos‬ ‭ocasionados‬ ‭pelo‬ ‭delito.‬ ‭Ex.:‬ ‭Lesões‬
‭corporais, psicológicas etc.‬

‭VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA‬

‭ ‬ ‭uma‬ ‭consequência‬ ‭das‬ ‭relações‬ ‭entre‬ ‭as‬ ‭vítimas‬ ‭primárias‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭Estado,‬
É
‭em‬ ‭face‬ ‭da‬ ‭burocratização‬ ‭de‬ ‭seu‬ ‭aparelho‬ ‭repressivo‬ ‭(Polícia,‬ ‭Ministério‬
‭Público,‬‭Judiciário‬‭etc.).‬‭Ou‬‭seja,‬‭é‬‭entendida‬‭como‬‭o‬‭sofrimento‬‭suportado‬
‭pela‬ ‭vítima‬ ‭nas‬ ‭fases‬ ‭do‬ ‭inquérito‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭processo,‬ ‭pelas‬ ‭suas‬ ‭“instâncias‬
‭formais‬ ‭de‬ ‭controle‬ ‭social”,‬ ‭em‬ ‭que,‬ ‭muitas‬ ‭vezes,‬ ‭deverá‬ ‭reviver‬ ‭o‬ ‭fato‬
‭criminoso‬‭por‬‭meio‬‭de‬ ‭interrogatórios,‬‭declarações‬‭e‬‭exames‬‭de‬ ‭corpo‬‭de‬
‭delito,‬ ‭além‬‭de‬‭submeter-se‬‭a‬‭situações‬‭como‬‭presenciar‬‭a‬‭argumentação‬
‭dos‬ ‭defensores‬ ‭do‬ ‭autor,‬ ‭sugerindo‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭dera‬ ‭causa‬ ‭ao‬ ‭fato‬ ‭e‬ ‭o‬
‭reencontro com o delinquente.‬

‭VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA‬

‭ ‬‭aquela‬‭decorrente‬‭de‬‭um‬‭excesso‬‭de‬‭sofrimento‬‭que‬‭extrapola‬‭os‬‭limites‬
É
‭da‬ ‭lei‬ ‭do‬ ‭país,‬ ‭quando‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭é‬ ‭abandonada,‬ ‭em‬ ‭certos‬ ‭delitos,‬ ‭pelo‬
‭Estado‬ ‭e‬ ‭estigmatizada‬ ‭pela‬ ‭comunidade,‬ ‭incentivando‬ ‭as‬ ‭“cifras‬ ‭negras”‬
‭(crimes‬‭que‬‭não‬‭são‬‭levados‬‭ao‬‭conhecimento‬‭das‬‭autoridades).‬‭Ou‬‭seja,‬‭é‬
‭a‬ ‭ausência‬ ‭de‬ ‭receptividade‬ ‭social‬ ‭em‬ ‭relação‬ ‭à‬ ‭vítima‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭diversos‬
‭casos,‬ ‭vê-se‬ ‭compelida‬ ‭a‬ ‭alterar‬ ‭sua‬ ‭rotina,‬ ‭os‬ ‭ambientes‬ ‭de‬ ‭convívio‬ ‭e‬
‭círculos‬ ‭sociais‬ ‭em‬ ‭razão‬ ‭da‬ ‭estigmatização‬ ‭causada‬ ‭pelo‬ ‭delito.‬ ‭Ex.:‬ ‭a‬
‭segregação‬ ‭social‬ ‭sentida‬ ‭pelas‬ ‭vítimas‬ ‭de‬ ‭crimes‬ ‭sexuais‬ ‭e‬ ‭as‬
‭consequências‬ ‭da‬ ‭divulgação‬ ‭não‬ ‭autorizada‬ ‭de‬ ‭fotos‬ ‭ou‬ ‭vídeos‬ ‭íntimos‬
‭nas redes sociais.‬
‭TIPOS DE VÍTIMAS‬

‭ través‬ ‭do‬ ‭estudo‬ ‭detalhado‬ ‭das‬ ‭várias‬ ‭classificações‬‭das‬‭vítimas,‬‭poderá‬


A
‭haver‬ ‭a‬ ‭obtenção‬ ‭de‬ ‭várias‬ ‭contribuições‬ ‭em‬ ‭relação‬ ‭à‬ ‭investigação‬ ‭do‬
‭crime, à aferição da culpa e a dosimetria da pena.‬

‭ specialistas‬ ‭do‬ ‭mundo‬ ‭todo‬ ‭contribuíram‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭importante‬ ‭ao‬


E
‭formularem‬ ‭as‬ ‭múltiplas‬ ‭classificações‬ ‭de‬ ‭vítimas.‬ ‭Desse‬ ‭modo,‬ ‭serão‬
‭relacionadas‬ ‭abaixo,‬ ‭algumas‬ ‭dessas‬ ‭várias‬ ‭classificações‬ ‭que‬ ‭muito‬
‭podem‬ ‭contribuir‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭diminuição‬ ‭da‬ ‭criminalidade,‬ ‭pois,‬ ‭com‬ ‭uma‬
‭minuciosa‬ ‭análise‬ ‭dessas‬ ‭diferentes‬ ‭classificações,‬ ‭haverá,‬ ‭com‬ ‭certeza,‬
‭grandes‬‭avanços‬‭na‬‭prevenção‬‭de‬‭crimes‬‭e‬‭na‬‭consequente‬‭diminuição‬‭da‬
‭violência.‬

‭ e‬‭acordo‬‭com‬‭Benjamin‬‭Mendelsohn,‬‭as‬‭vítimas‬‭podem‬‭ser‬‭classificadas‬
D
‭da seguinte maneira:‬

1‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭completamente‬ ‭inocente‬ ‭ou‬ ‭vítima‬ ‭ideal.‬ ‭Trata-se‬ ‭da‬ ‭vítima‬


‭completamente‬ ‭estranha‬ ‭à‬ ‭ação‬ ‭do‬ ‭criminoso,‬ ‭não‬ ‭provocando‬ ‭nem‬
‭colaborando,‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭alguma,‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭realização‬ ‭do‬ ‭delito.‬ ‭Exemplo:‬‭uma‬
‭senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua.‬

‭ .‬‭Vítima‬ ‭de‬ ‭culpabilidade‬ ‭menor‬ ‭ou‬ ‭por‬ ‭ignorância.‬ ‭Ocorre‬ ‭quando‬ ‭há‬
2
‭um‬ ‭impulso‬ ‭não‬ ‭voluntário‬ ‭ao‬ ‭delito,‬ ‭mas,‬ ‭de‬ ‭certa‬‭forma,‬‭existe‬‭um‬‭grau‬
‭de‬ ‭culpa‬ ‭que‬ ‭leva‬ ‭essa‬ ‭pessoa‬ ‭à‬ ‭vitimização.‬ ‭Exemplo:‬ ‭um‬ ‭casal‬ ‭de‬
‭namorados‬ ‭que‬ ‭mantém‬ ‭relação‬ ‭sexual‬ ‭na‬ ‭varanda‬ ‭do‬ ‭vizinho‬ ‭e‬ ‭lá‬ ‭são‬
‭atacados por ele, por não aceitar esta falta de pudor.‬

‭ .‬‭Vítima‬‭voluntária‬‭ou‬‭tão‬‭culpada‬‭quanto‬‭o‬‭infrator.‬‭Ambos‬‭podem‬‭ser‬
3
‭o‬ ‭criminoso‬ ‭ou‬ ‭a‬ ‭vítima.‬ ‭Exemplo:‬ ‭Roleta‬‭Russa‬‭(um‬‭só‬‭projétil‬‭no‬‭tambor‬
‭do revólver e os contendores giram o tambor até um se matar).‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭mais‬ ‭culpada‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭infrator.‬‭Enquadram-se‬ ‭nessa‬ ‭hipótese‬ ‭as‬


4
‭vítimas‬ ‭provocadoras,‬ ‭que‬ ‭incitam‬ ‭o‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭crime;‬ ‭as‬ ‭Vítimas‬ ‭por‬
‭imprudência,‬‭que‬‭ocasionam‬‭o‬‭acidente‬‭por‬‭não‬‭se‬‭controlarem,‬‭ainda‬‭que‬
‭haja uma parcela de culpa do autor.‬

‭ .‬‭Vítima‬ ‭unicamente‬ ‭culpada.‬ ‭Dentro‬‭dessa‬‭modalidade,‬‭as‬‭vítimas‬‭são‬


5
‭classificadas em:‬

‭ )‬‭Vítima‬‭Infratora.‬‭Ou‬‭seja,‬‭a‬‭pessoa‬‭comete‬‭um‬‭delito‬‭e,‬‭no‬‭fim,‬‭torna-se‬
a
‭vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa;‬
‭ )‬ ‭Vítima‬ ‭Simuladora.‬ ‭Aquela‬ ‭que,‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭premeditação‬
b
‭irresponsável,‬ ‭induz‬ ‭um‬ ‭indivíduo‬ ‭a‬ ‭ser‬ ‭acusado‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭delito,‬ ‭gerando,‬
‭dessa forma, um erro judiciário;‬
‭ )‬ ‭Vítima‬ ‭Imaginária.‬ ‭Trata-se‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭pessoa‬ ‭portadora‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭grave‬
c
‭transtorno‬‭mental‬‭que,‬‭em‬‭decorrência‬‭de‬‭tal‬‭distúrbio,‬‭leva‬‭o‬‭judiciário‬‭ao‬
‭erro,‬‭podendo‬‭se‬‭passar‬‭por‬‭vítima‬‭de‬‭um‬‭crime,‬‭acusando‬‭uma‬‭pessoa‬‭de‬
‭ser‬ ‭o‬‭autor,‬‭sendo‬‭que‬‭tal‬‭delito‬‭nunca‬‭existiu,‬‭ou‬‭seja,‬‭esse‬‭fato‬‭não‬‭passa‬
‭de uma imaginação da vítima.‬

‭ dmundo‬ ‭de‬ ‭Oliveira‬ ‭ao‬ ‭estudar‬ ‭os‬ ‭diversos‬ ‭tipos‬ ‭de‬ ‭vítimas‬ ‭chega‬ ‭à‬
E
‭seguinte classificação:‬

1‭ .‬‭Vítima‬‭programadora.‬‭Trata-se‬‭da‬‭vítima‬‭que‬‭planeja‬‭a‬‭situação‬‭da‬‭qual‬
‭nascerá‬ ‭um‬ ‭ato‬ ‭criminoso,‬ ‭exercendo,‬ ‭nessa‬ ‭situação,‬ ‭um‬ ‭evidente‬ ‭papel‬
‭de‬ ‭autor,‬ ‭agindo,‬ ‭diversas‬ ‭vezes,‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭extraordinariamente‬ ‭complexa‬
‭para‬‭que‬‭haja‬‭a‬‭ocorrência‬‭do‬‭delito‬‭programado‬‭por‬‭si‬‭mesma.‬‭Neste‬‭caso,‬
‭a‬‭vítima‬‭serve‬‭de‬‭munição‬‭para‬‭que‬‭se‬‭configure‬‭com‬‭culpabilidade,‬‭dolosa‬
‭ou culposa, a ação do indivíduo que será acusado como autor do delito.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭precipitadora.‬ ‭Enquadra-se‬ ‭nessa‬ ‭qualificação‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭que,‬ ‭de‬


2
‭algum‬ ‭modo,‬ ‭contribui‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭dolosa‬ ‭ou‬ ‭culposa‬ ‭para‬ ‭que‬ ‭haja‬ ‭a‬ ‭ação‬
‭ou‬ ‭omissão‬ ‭do‬ ‭autor‬ ‭no‬ ‭procedimento‬ ‭de‬ ‭execução‬ ‭ou‬ ‭consumação‬ ‭do‬
‭delito.‬‭Neste‬‭caso,‬‭a‬‭vítima‬‭despertará‬‭o‬‭apetite‬‭do‬‭delinquente,‬‭ou‬‭seja,‬‭ela‬
‭se torna a isca do autor do delito.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭de‬ ‭caso‬ ‭fortuito.‬‭Denomina-se‬ ‭vítima‬ ‭de‬ ‭caso‬ ‭fortuito‬‭a‬‭pessoa‬


3
‭que‬ ‭vem‬ ‭a‬ ‭ser‬ ‭atingida‬ ‭por‬ ‭um‬ ‭fenômeno‬ ‭da‬ ‭natureza‬ ‭ou‬ ‭por‬ ‭uma‬
‭fatalidade‬ ‭do‬ ‭acaso.‬ ‭Esses‬ ‭casos‬ ‭se‬ ‭caracterizam‬ ‭pela‬ ‭ocorrência‬ ‭de‬ ‭fatos‬
‭que‬ ‭fogem‬ ‭do‬ ‭alcance‬ ‭da‬ ‭cautela‬ ‭do‬ ‭indivíduo‬ ‭e‬ ‭das‬ ‭possibilidades‬ ‭de‬
‭prever‬‭tais‬‭acontecimentos.‬‭Um‬‭exemplo‬‭típico‬‭de‬‭vítima‬‭de‬‭caso‬‭fortuito‬‭é‬
‭o‬‭do‬‭indivíduo‬‭que,‬‭ao‬‭caminhar‬‭por‬‭uma‬ ‭avenida,‬‭é‬‭atingido‬‭por‬‭um‬‭raio‬‭e‬
‭acaba falecendo.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭por‬ ‭força‬ ‭maior.‬ ‭Será‬ ‭considerada‬ ‭vítima‬ ‭por‬ ‭força‬ ‭maior‬ ‭o‬
4
‭indivíduo‬ ‭que,‬ ‭não‬ ‭tendo‬ ‭condições‬ ‭de‬ ‭opor‬ ‭resistência,‬ ‭acaba‬ ‭realizando‬
‭atos‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭são‬ ‭da‬ ‭sua‬ ‭vontade,‬ ‭às‬ ‭vezes,‬ ‭até‬ ‭atos‬ ‭contrários‬ ‭ao‬ ‭senso‬
‭moral.‬ ‭Tal‬ ‭coação‬ ‭vem‬ ‭privar‬ ‭a‬ ‭pessoa‬ ‭de‬ ‭sua‬ ‭liberdade‬ ‭física‬‭ou‬‭psíquica,‬
‭deixando‬ ‭de‬ ‭agir‬ ‭com‬ ‭sua‬ ‭livre‬ ‭e‬ ‭própria‬ ‭vontade.‬ ‭Um‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭vítima‬‭por‬
‭força maior pode ser exemplificado no caso do sonambulismo.‬
‭Hans Von Henting conclui a classificação das vítimas da seguinte forma:‬

1‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭isolada.‬ ‭A‬ ‭vítima‬ ‭neste‬‭caso‬‭vive‬‭na‬‭solidão,‬‭não‬‭se‬‭relacionando‬


‭com‬ ‭outras‬ ‭pessoas.‬ ‭Em‬ ‭decorrência‬ ‭desse‬‭meio‬‭de‬‭vida‬‭ela‬‭se‬‭coloca‬‭em‬
‭situações de risco.‬

‭2. Vítima por proximidade.‬‭Este grupo de Vítimas subdivide-se‬‭em:‬

‭ )‬ ‭Vítima‬ ‭por‬ ‭proximidade‬ ‭espacial,‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭torna‬ ‭vítima‬‭pelo‬‭fato‬‭de‬‭estar‬


a
‭em‬ ‭proximidade‬ ‭excessiva‬ ‭do‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭delito‬ ‭em‬ ‭um‬ ‭determinado‬ ‭local,‬
‭como ocorre nos casos de furto no interior de um ônibus;‬

‭ )‬‭Vítima‬ ‭por‬ ‭proximidade‬‭familiar,‬‭a‬‭qual‬‭ocorre‬‭no‬‭núcleo‬‭familiar,‬‭como‬


b
‭pode‬ ‭ser‬ ‭visto‬ ‭no‬ ‭caso‬ ‭do‬ ‭parricídio,‬ ‭em‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭filho‬ ‭mata‬ ‭seu‬ ‭próprio‬
‭genitor;‬

‭ )‬‭Vítima‬ ‭por‬ ‭proximidade‬ ‭profissional,‬ ‭que‬ ‭geralmente‬ ‭ocorre‬‭no‬‭caso‬‭de‬


c
‭atividades‬ ‭profissionais‬ ‭que‬ ‭requerem‬ ‭um‬ ‭estreitamento‬ ‭maior‬ ‭no‬
‭relacionamento profissional, como no caso do Médico.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭com‬ ‭ânimo‬ ‭de‬ ‭lucro.‬ ‭São‬ ‭taxadas‬ ‭dessa‬ ‭forma‬ ‭as‬ ‭vítimas‬ ‭que,‬
3
‭pela‬‭cobiça,‬‭pelo‬‭anseio‬‭de‬‭se‬‭enriquecer‬‭de‬‭maneira‬‭rápida‬‭ou‬‭fácil‬‭acaba‬
‭sendo ludibriada pelos estelionatários ou vigaristas.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭com‬ ‭ânsia‬ ‭de‬ ‭viver.‬ ‭Ocorre‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭indivíduo‬ ‭que,‬ ‭com‬ ‭o‬
4
‭fundamento‬ ‭de‬ ‭não‬ ‭ter‬ ‭aproveitado‬ ‭sua‬ ‭vida‬ ‭até‬ ‭o‬‭presente‬‭momento‬‭de‬
‭uma‬ ‭forma‬ ‭mais‬ ‭eficaz,‬ ‭passa‬ ‭a‬ ‭experimentar‬ ‭situações‬ ‭de‬ ‭aventuras,‬ ‭até‬
‭então, não vividas que o colocam em situações de risco ou perigo.‬

‭ .‬‭Vítima‬‭agressiva.‬‭Neste‬‭caso,‬‭a‬‭vítima‬‭se‬‭torna‬‭agressiva‬‭em‬‭decorrência‬
5
‭da‬‭agressão‬‭que‬‭sofre‬‭do‬‭autor‬‭da‬‭violência,‬‭pois‬‭chega‬‭um‬‭momento‬‭que,‬
‭por‬ ‭não‬ ‭suportar‬ ‭mais‬ ‭a‬ ‭agressão‬ ‭sofrida,‬ ‭ela‬ ‭irá‬ ‭rebater‬ ‭tal‬ ‭ato‬ ‭de‬ ‭modo‬
‭hostil.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭sem‬ ‭valor.‬ ‭Trata-se‬ ‭da‬ ‭vítima‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭decorrência‬‭de‬‭seus‬‭atos‬


6
‭não‬ ‭recomendáveis‬ ‭praticados‬ ‭perante‬ ‭a‬ ‭sociedade,‬ ‭acaba‬ ‭sendo‬
‭indesejada‬ ‭ou‬ ‭repudiada‬ ‭no‬ ‭meio‬ ‭social‬ ‭em‬ ‭que‬ ‭vive.‬ ‭Por‬ ‭praticar‬ ‭certos‬
‭atos‬ ‭não‬ ‭aceitos‬ ‭pela‬ ‭sociedade,‬ ‭este‬ ‭indivíduo‬ ‭vem‬ ‭a‬ ‭sofrer‬ ‭agressões‬
‭físicas,‬ ‭verbais,‬ ‭ou‬ ‭até‬ ‭mesmo‬ ‭podendo‬ ‭ser‬ ‭morto.‬ ‭Um‬ ‭exemplo‬ ‭clássico‬
‭desse‬‭tipo‬‭de‬‭vítima‬‭é‬‭o‬‭caso‬‭do‬‭estuprador‬‭ou‬‭assassino‬‭que‬‭é‬‭morto‬‭pela‬
‭sociedade, pela polícia, ou por sua própria vítima.‬
‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭pelo‬ ‭estado‬ ‭emocional.‬ ‭Essas‬ ‭vítimas‬ ‭são‬ ‭qualificadas‬ ‭desta‬
7
‭forma‬ ‭em‬ ‭decorrência‬ ‭de‬ ‭seus‬ ‭sentimentos‬ ‭de‬ ‭obcecação,‬ ‭medo,‬‭ódio‬‭ou‬
‭vingança que vem a sentir por outras pessoas.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭por‬ ‭mudança‬ ‭da‬ ‭fase‬ ‭de‬ ‭existência.‬ ‭O‬ ‭indivíduo‬ ‭passa‬ ‭por‬
8
‭várias‬ ‭fases‬ ‭em‬ ‭sua‬ ‭vida,‬ ‭sendo‬ ‭que,‬ ‭ao‬ ‭mudar‬ ‭para‬ ‭certa‬ ‭fase‬ ‭de‬ ‭sua‬
‭existência, poderá se tornar vítima em consequência de alguma mudança‬
‭comportamental relacionada com alguma das fases.‬

‭ .‬ ‭Vítima‬ ‭perversa.‬ ‭Enquadram-se‬ ‭nesta‬ ‭modalidade‬ ‭de‬ ‭vítimas‬ ‭os‬


9
‭psicopatas,‬‭pessoas‬‭que‬‭não‬‭possuem‬‭limite‬‭algum‬‭de‬‭respeito‬‭em‬‭relação‬
‭às‬ ‭outras,‬ ‭tratando-as‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭modo‬ ‭como‬ ‭se‬ ‭fossem‬ ‭objetos‬ ‭que‬ ‭possam‬
‭ser manipulados.‬

1‭ 0.‬ ‭Vítima‬ ‭alcoólatra.‬ ‭O‬ ‭uso‬ ‭de‬ ‭bebidas‬ ‭alcoólicas‬ ‭é‬ ‭um‬ ‭dos‬ ‭fatores‬ ‭que‬
‭mais‬ ‭levam‬ ‭as‬ ‭pessoas‬ ‭a‬ ‭se‬ ‭tornarem‬ ‭vítimas,‬ ‭sendo‬ ‭que,‬ ‭na‬ ‭maioria‬ ‭dos‬
‭casos, acabam resultando em homicídios.‬

1‭ 1.‬ ‭Vítima‬ ‭Depressiva.‬ ‭Ao‬ ‭atingir‬ ‭um‬ ‭determinado‬ ‭nível,‬ ‭a‬ ‭depressão‬
‭poderá‬ ‭ocasionar‬ ‭a‬ ‭vitimização‬ ‭do‬ ‭indivíduo,‬ ‭pois‬ ‭poderá‬ ‭levar‬ ‭a‬ ‭pessoa‬ ‭à‬
‭sua autodestruição.‬

1‭ 2.‬ ‭Vítima‬ ‭voluntária.‬ ‭São‬ ‭as‬ ‭pessoas‬ ‭que,‬ ‭por‬ ‭não‬ ‭oporem‬ ‭resistência‬ ‭à‬
‭violência‬ ‭sofrida,‬ ‭acabam‬ ‭permitindo‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭delito‬ ‭o‬ ‭realize‬‭sem‬
‭qualquer‬ ‭tipo‬ ‭de‬ ‭obstáculo.‬ ‭Casos‬ ‭que‬ ‭exemplificam‬ ‭esse‬ ‭tipo‬ ‭de‬ ‭vítima‬
‭são os crimes sexuais ocorridos sem a utilização de violência.‬

1‭ 3.‬ ‭Vítima‬ ‭indefesa.‬ ‭Denominam-se‬ ‭vítimas‬ ‭indefesas‬ ‭as‬ ‭que,‬ ‭sob‬ ‭o‬
‭pretexto‬ ‭de‬ ‭que‬ ‭a‬‭persecução‬‭judicial‬‭lhes‬‭causaria‬‭maiores‬‭danos‬‭do‬‭que‬
‭o‬ ‭próprio‬ ‭sofrimento‬ ‭resultante‬ ‭da‬ ‭ação‬ ‭criminosa,‬ ‭acabam‬ ‭deixando‬ ‭de‬
‭processar‬ ‭o‬ ‭autor‬ ‭do‬ ‭delito.‬ ‭São‬ ‭vistos‬ ‭tais‬ ‭comportamentos‬ ‭geralmente‬
‭nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.‬

1‭ 4.‬‭Vítima‬‭falsa.‬‭São‬‭taxadas‬‭de‬‭falsas‬‭vítimas‬ ‭as‬‭pessoas‬‭que,‬‭por‬‭sua‬‭livre‬
‭e‬‭espontânea‬‭vontade,‬‭autovitimam‬‭a‬‭si‬‭mesmas‬‭para‬‭que‬‭possam‬‭se‬‭valer‬
‭de benefícios.‬

1‭ 5.‬ ‭Vítima‬ ‭imune.‬ ‭São‬ ‭consideradas‬ ‭dessa‬ ‭forma‬ ‭as‬ ‭pessoas‬ ‭que,‬ ‭em‬
‭decorrência‬‭de‬‭seu‬‭cargo,‬‭função,‬‭ou‬‭algum‬‭tipo‬‭de‬‭prestígio‬‭na‬‭sociedade‬
‭em‬ ‭que‬ ‭vive,‬ ‭acham‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭estão‬ ‭sujeitas‬ ‭a‬ ‭qualquer‬ ‭tipo‬ ‭de‬ ‭ação‬
‭delituosa que possa transformá-las em vítimas. Um exemplo é o padre.‬
1‭ 6.‬ ‭Vítima‬ ‭reincidente.‬ ‭Neste‬ ‭caso,‬ ‭a‬ ‭pessoa‬ ‭já‬ ‭foi‬ ‭vítima‬ ‭de‬ ‭um‬
‭determinado‬ ‭delito,‬ ‭mas‬ ‭mesmo‬ ‭após‬ ‭ter‬ ‭passado‬ ‭por‬ ‭tal‬ ‭episódio,‬ ‭não‬
‭passa‬ ‭a‬ ‭tomar‬ ‭qualquer‬ ‭tipo‬ ‭de‬ ‭precaução‬ ‭para‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭volte‬ ‭a‬ ‭ser‬
‭vitimizada.‬

1‭ 7.‬ ‭Vítima‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭converte‬ ‭em‬ ‭autor.‬ ‭Nesta‬ ‭hipótese,‬ ‭ocorre‬ ‭a‬ ‭mudança‬
‭de‬ ‭polo‬ ‭da‬ ‭violência.‬ ‭A‬ ‭vítima‬ ‭que‬ ‭era‬ ‭atacada‬ ‭pelo‬ ‭autor‬ ‭da‬ ‭agressão‬ ‭se‬
‭prepara para o contra-ataque. Um exemplo clássico é o crime de guerra.‬

1‭ 8.‬‭Vítima‬‭propensa.‬‭Ocorre‬‭com‬‭as‬‭pessoas‬‭que‬‭possuem‬‭uma‬‭tendência‬
‭natural‬ ‭de‬ ‭se‬ ‭tornarem‬ ‭vítimas.‬ ‭Isso‬ ‭pode‬ ‭decorrer‬ ‭da‬ ‭personalidade‬
‭deprimida,‬ ‭desenfreada,‬ ‭libertina‬ ‭ou‬ ‭aflita‬ ‭da‬ ‭pessoa,‬ ‭sendo‬ ‭que‬ ‭esses‬
‭tipos‬ ‭de‬ ‭personalidade‬ ‭podem‬ ‭de‬ ‭algum‬ ‭modo‬ ‭contribuir‬ ‭com‬ ‭o‬
‭criminoso.‬

1‭ 9.‬ ‭Vítima‬ ‭resistente.‬ ‭Por‬ ‭não‬ ‭aceitar‬ ‭ser‬ ‭agredida‬ ‭pelo‬ ‭autor,‬ ‭a‬ ‭vítima‬
‭reage‬ ‭e‬ ‭passa‬ ‭a‬ ‭agredi-lo‬ ‭da‬‭mesma‬‭forma,‬‭sempre‬‭em‬‭sua‬‭defesa‬‭ou‬‭em‬
‭defesa‬ ‭de‬ ‭outrem,‬ ‭ou‬ ‭também‬ ‭no‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭cumprimento‬ ‭do‬ ‭dever.‬ ‭Neste‬
‭caso, há sempre a disposição da vítima em lutar com o autor.‬

‭ 0.‬ ‭Vítima‬ ‭da‬ ‭natureza.‬ ‭São‬ ‭pessoas‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭tornam‬ ‭vítimas‬ ‭em‬
2
‭decorrência‬ ‭de‬ ‭fenômenos‬ ‭da‬ ‭natureza,‬ ‭como‬ ‭no‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭uma‬‭enchente,‬
‭um terremoto, etc).‬

‭ uaracy‬ ‭Moreira‬ ‭Filho,‬ ‭através‬ ‭do‬ ‭exercício‬ ‭da‬‭sua‬‭profissão‬‭de‬‭Delegado‬


G
‭de‬‭Polícia,‬‭chegou‬‭à‬‭conclusão‬‭de‬‭que‬‭as‬‭vítimas‬‭devem‬ ‭ser‬‭classificadas‬
‭do seguinte modo:‬

1‭ .‬ ‭Vítimas‬ ‭inocentes.‬ ‭São‬ ‭as‬ ‭pessoas‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭contribuem‬ ‭de‬ ‭nenhuma‬
‭forma‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭ocorrência‬ ‭do‬ ‭delito,‬ ‭ou‬ ‭seja,‬ ‭não‬ ‭há‬ ‭nenhuma‬ ‭participação‬
‭da vítima na consumação da ação criminosa.‬

‭ .‬‭Vítimas‬‭natas.‬‭Tratam-se‬‭das‬‭vítimas‬‭que‬‭contribuem‬‭de‬‭alguma‬‭forma‬
2
‭para‬ ‭a‬ ‭eclosão‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭crime,‬ ‭seja‬ ‭por‬ ‭seu‬
‭comportamento agressivo ou por sua personalidade insuportável.‬

‭ .‬‭Vítimas‬‭omissas.‬‭Neste‬‭grupo,‬‭encontram-se‬‭as‬‭pessoas‬‭que‬‭não‬‭vivem‬
3
‭em‬ ‭integração‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭meio‬‭social,‬‭pois‬‭não‬‭participam‬‭da‬‭sociedade,‬‭nem‬
‭sequer para reclamar de uma violência ou arbitrariedade sofridas.‬
‭ .‬‭Vítimas‬‭inconformadas‬‭ou‬‭atuantes.‬‭Ao‬‭contrário‬‭do‬‭que‬‭ocorre‬‭com‬‭as‬
4
‭vítimas‬‭omissas,‬‭que‬‭não‬‭buscam‬‭relatar‬‭às‬‭autoridades‬‭competentes‬‭seus‬
‭direitos‬ ‭violados,‬ ‭estas‬ ‭cumprem‬ ‭de‬ ‭forma‬ ‭ativa‬ ‭seus‬ ‭papéis‬ ‭de‬ ‭cidadãos,‬
‭pois‬‭sempre‬‭que‬‭são‬‭violadas‬‭em‬‭seus‬‭direitos,‬‭buscam‬‭a‬‭efetiva‬‭reparação‬
‭judicial.‬

‭ or‬‭fim,‬‭o‬‭jurista‬‭argentino‬‭Walter‬‭Raul‬‭Sempertegui‬‭dá‬‭uma‬‭sugestão‬‭de‬
P
‭classificação das vítimas de estelionato na seguinte ordem:‬

1‭ .‬‭Vítimas‬‭incapazes.‬‭Neste‬‭grupo,‬‭encontram-se‬‭as‬‭pessoas‬‭definidas‬‭pela‬
‭lei‬‭como‬‭incapazes,‬‭ou‬‭seja,‬‭os‬‭menores,‬‭que‬‭são‬‭aqueles‬‭que‬‭não‬‭tenham‬
‭atingido‬ ‭ainda‬ ‭a‬ ‭maioridade‬ ‭legal,‬ ‭os‬ ‭alienados‬ ‭mentais,‬ ‭que‬ ‭são‬ ‭os‬
‭indivíduos‬ ‭portadores‬ ‭de‬ ‭alguma‬ ‭enfermidade‬ ‭que‬ ‭dificultem‬ ‭seu‬
‭entendimento ou vontade e os débeis mentais, que são os oligofrênicos.‬

‭ .‬ ‭Vítimas‬ ‭culpáveis.‬ ‭No‬ ‭entendimento‬ ‭do‬ ‭citado‬ ‭jurista,‬ ‭a‬ ‭humanidade‬


2
‭inteira‬ ‭pode‬ ‭estar‬ ‭enquadrada‬ ‭neste‬ ‭grupo,‬ ‭pois‬ ‭relata‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭vítima,‬ ‭de‬
‭alguma‬ ‭forma,‬ ‭sempre‬ ‭será‬ ‭culpável,‬ ‭em‬ ‭maior‬ ‭ou‬ ‭menor‬ ‭nível,‬ ‭por‬ ‭ser‬
‭imprudente, negligente, vaidosa ou por haver ostentação por sua parte.‬

‭ .‬ ‭Vítimas‬ ‭delinquentes.‬ ‭Tratam-se‬ ‭das‬ ‭pessoas‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭realizam‬ ‭uma‬


3
‭função‬ ‭meramente‬ ‭passiva,‬ ‭mas‬ ‭suas‬ ‭atitudes‬ ‭exigem‬ ‭uma‬ ‭capacidade‬
‭menor de enganar.‬

‭ ortanto,‬ ‭se‬ ‭torna‬ ‭incontestável‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭inúmeras‬ ‭ocasiões,‬ ‭se‬ ‭não‬
P
‭houvesse‬ ‭a‬ ‭efetiva‬ ‭participação‬ ‭da‬‭vítima,‬‭de‬‭alguma‬‭forma,‬‭não‬‭ocorreria‬
‭o‬ ‭delito,‬ ‭pois‬ ‭como‬ ‭fora‬ ‭demonstrado‬ ‭acima,‬ ‭através‬ ‭das‬ ‭várias‬
‭classificações‬ ‭das‬ ‭vítimas,‬ ‭elas‬ ‭contribuem‬ ‭em‬ ‭vários‬ ‭casos‬ ‭para‬ ‭que‬ ‭se‬
‭verifique a eclosão de um crime.‬

‭ m‬ ‭vista‬ ‭disso,‬ ‭não‬ ‭há‬ ‭mais‬ ‭a‬ ‭admissibilidade‬ ‭de‬ ‭haver‬ ‭um‬ ‭pensamento‬
E
‭adstrito‬ ‭à‬ ‭única‬ ‭e‬ ‭exclusiva‬ ‭culpa‬ ‭do‬ ‭delinquente‬ ‭na‬ ‭ocorrência‬ ‭da‬ ‭ação‬
‭criminosa,‬ ‭pois‬ ‭não‬ ‭se‬ ‭pode‬ ‭afirmar‬ ‭que,‬ ‭em‬ ‭todos‬ ‭os‬ ‭casos,‬ ‭a‬ ‭vítima‬ ‭é‬
‭totalmente‬‭inocente,‬‭haja‬‭vista‬‭que,‬‭em‬‭inúmeras‬‭ocasiões,‬‭ela‬‭contribui‬‭de‬
‭maneira‬ ‭eficaz‬ ‭para‬ ‭a‬ ‭consumação‬ ‭do‬ ‭ato,‬ ‭ao‬ ‭ultrapassar‬ ‭seu‬ ‭limite‬ ‭de‬
‭sujeito‬ ‭passivo‬ ‭da‬ ‭relação,‬ ‭atraindo,‬ ‭de‬ ‭alguma‬ ‭maneira,‬ ‭o‬ ‭agressor‬ ‭para‬
‭que ocorra a sua própria vitimização.‬

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