CRIM PM
CRIM PM
CRIM PM
SUMÁRIO
bservandoatemáticaabordadapelasnotícias,percebemosqueseufoco
O
se encontra no crime emsi SegundoDurkheim,oscrimescompõemum
fato intrínseco à realidadesocialhumana,ocorrendoemtodosostiposde
sociedades, independente das formas de organizaçãoeconômica,sociale
política.
odas as oposições aos Fatos Sociais podem ser entendidas como um
T
crime, uma transgressão ao sistema legal vigente naquela sociedade. De
acordo com Durkheim, toda oposição aos Fatos Sociais é seguida de
reação punitiva, ou seja, a sociedade possui formas de impor seus fatos
comuns através de sanções, que podem ser, desde ridicularização, até
isolamentos sociais e banimento social.
bservando os noticiários, caímosnacontradição
O
entre a natureza do crime, se é algo inerente ao
ser humano, ou é algo originado no desenvolver
do contexto social.
pensamento fundado na natureza humana do
O
crime tem base no período de questionamento
sobre a real função da sociedade, no qual se
buscou, através de formulações, afirmar o valor
residente sobre as sociedades e legitimá-las,
afirmando quecertoshomenstêmumanatureza
criminosa, necessitando da ajuda do Estado para
executar uma ação penal sobre esses indivíduos.
filósofo Thomas Hobbes construiu parte dessa imagem da natureza
O
humana má, afirmando que o homem em estado natural é ruim,
necessitando de um poder único, o Estado, para protegê-los desses
homens.
ontrariando esse pensamento, temos Durkheim, que afirma que as
C
manifestaçõesindividuaistraduzemhábitosforjadosnadimensãocoletiva,
ou seja, ocorre uma supremacia do coletivo sobre o particular, noqualos
valores coletivos exercem superioridade sobre os particulares.
onformecitaDurkheim“Cadauméarrastadoportodos”,ouseja,todasas
C
ações executadas tem relação com o meio em que se desenvolveram uma
formadepensamentoDeterminista,comoodoséculoXIX,afirmandoque
os ambientes em que ocorrem certas ações acabam por influenciar as
pessoas,corroboradopelopensamentodopensadorRousseau,queafirma
que o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe.
Gerais:Apresentam-secomoregrasgerais,queinduzemomododeagir
e
daspessoas.Dizerquedeterminadofatosocialégeral,écompreenderque
há, no seio da sociedade uma verdadeira consciência em torno de
determinado fato, oriundadaprópriasociedade.Emoutrostermos,éalgo
que acontece com generalidade.
● Coercitivos: Uma vez que são formados por uma consciência
coletiva, eleéverificávelenãopodesermodificadopelaaçãoindividual.A
vontade individual não é forte o suficiente para impedir o acontecimento
dofatosocial.Ex.:Independedavontadedequalquerpessoas,casamentos
continuarão acontecendo, e gerando efeitos na sociedade.
● Exteriores: Estão “fora” do indivíduo, existem exteriormente e
anteriormente à ele.
● Incidência massiva na população: Não há como se atribuir a
condição de crime a evento isolado, ainda que cause certa abjeção da
comunidade.Hánecessidadequeofatoserepita.Devehaverreiteraçãoda
conduta no seio da sociedade.
● Incidência aflitiva:O fato deve produzir sofrimento e mal-estar na
vítima e na sociedade como um todo. Não é razoável que um fato
desprovido de qualquer relevância seja punido na esfera penal.
Está intimamente ligado com o Princípio da Insignificância!
● Persistência espaço-temporal:Não se deve criminalizar um fato que
não se distribua por todo o território nacional, e ao longo de determinado
período.
Exemplo (Rogério Sanches): Lei 12.663/2012 (Lei Geral da Copa), com
O
vigência até 31.12.2014 (lei temporária), que criminaliza a falsificação da
“logo” da FIFA:
“ Art.33.Expormarcas,negócios,estabelecimentos, produtos,serviçosou
praticar atividade promocional, nãoautorizadospelaFIFAouporpessoa
porelaindicada,atraindodequalquerformaaatençãopúblicanoslocais
da ocorrência dos Eventos, com o fim de obter vantagem econômica ou
publicitária:
Pena -detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.”
* Inequívoco consenso social de etiologia e reação:Asociedadecomoum
todo deve apresentar um consenso acerca das origens dessa conduta
(criminosa e antissocial por definição), bem como um mesmo consenso
sobre a necessidade de reação (da sociedade) contra essa conduta.
aturalmente,ocrimeéumfatosocial,ouseja,ocorre,inevitavelmente,no
N
seio da sociedade. Essa mesma sociedade é composta de Instituições, e,
em nosso edital são nomeadas claramente, para fins didáticos: “Polícias,
Poder Judiciário, Ministério Público, etc.” De fato, a sociedade passa e
atinge seus objetivos também por intermédio de instituições.
encionaraexistênciadeInstituiçõesSociaisquepossuemrelaçãocomo
M
crime traz a necessidade de falarmos o que são tais instituições:
ontrole Social Informal: São exercidas por instituições que, a priori, não
C
foramfeitasparacontrolar,mas,naprática,moldamocomportamentode
seusintegrantes.Asançãoreveste-sesomentedeumcarátersocial,poisé
externada por intermédio de uma pressão do grupo social. Em geral,não
existem procedimentos, nem devido processo legal. Ex.: Família, clube,
escola.
mile Durkheim, um dos principais fundadores da Sociologia, dizia que a
É
construçãodoserSocial,feitaemboapartepelaeducação,éaassimilação
pelo indivíduo de uma série de normas e princípios — sejam morais,
religiosos, éticos ou de comportamento — que balizam a conduta do
indivíduo num grupo.
filósofo Norbert Bobbio também faz a distinção de duas formas de
O
controle social que ele denomina como externas e internas. Asformasde
controle externas seriam as intervenções diretas no meio social, coibindo
os indivíduos que não seguem o padrão social estabelecido, sujeitos a
sanções e punições que garantem o restabelecimento da ordem.
AS LEIS E O CONTROLE SOCIAL
Nestescasos,pode-sepensarnasleisenapolícia.Onãocumprimentodas
leispodelevaroindivíduoapagarmultasoumesmoaoencarceramento.A
polícia, legitimada pelo Estado, tem o poder simbólico, e se necessário, a
força bruta, que garante que as ações dos indivíduos não extrapolem as
normas.
Existem ainda outras formas de controle externo que ocorrem no próprio
meio social e que geram determinadas punições sociais, por exemplo
exclusão social, maneiras de se vestir, gostos, etc.
Asformasdecontroleinternassãoaquelasquefazempartedaconsciência
dos indivíduos, regras que estão interiorizadas. Trata-se de normas e
valores que acabam por fazer parte da identidade dos indivíduos e que
regulam suas ações de acordo com o conjunto de regras estabelecidas
pelo grupo ou sociedade.
Esse tipo de controle ocorre a partir do processo de socialização, que
inicia-se nainfância,comafamíliaeaescola,equefazcomqueopróprio
indivíduocontroleseucomportamentoapartirdesuaconvicçãodoqueé
certo ou errado, normal ou anormal. Exemplo da Escola como forma de
controle social interno ou informal.
OpensadorfrancêsMichaelFoucaultestudouasformasdecontrolesocial
e, segundo sua teoria,aconstruçãodeumindivíduodócil,útilesubmisso
sedápormeiodeprocessoseinstituiçõesdisciplinadoras,comoaescolae
o quartel. Os indivíduos moldados por estas formas de controle social
seriam aqueles dóceis e úteis ao meio social.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 03
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA
A criminologia é um ramo interdisciplinar (ou, ainda, multidisciplinar) do
direito que possui como finalidade analisar os fatores que contribuíram
para a ocorrência de crimes, visando a evitá-los a partir de técnicas
preventivas.
Adefiniçãodacriminologianãoéassimtão simples,entretantopodeser
descrita como um ordenamento de estudos empíricos sobre o crime, o
criminoso, a vítima, a conduta socialmente desviante, o controle de tal
condutanasociedade,eareaçãodasociedadeaofenômenodocrime;ou,
ainda, como a ciência que estuda o fenômeno criminal sob as mais
diversas perspectivas e por meio de variadas disciplinas, usando-se do
método empírico. São basicamente os objetos de estudo dessa ciência o
crime, o criminoso, a vítima e o controle social.
O crime é um fenômeno dito “pré-jurídico”, ou seja, mostrou-se presente
nas sociedades desde antes que alguém assim o denominasse ou
tipificasse.
Com osurgimentodoDireitoe-emtornode1800-daCriminologia,éque
se passou a buscar — compreendê-lo e —descrevê-lo cientificamente.
Enfim, trata-se de um problema social desde que existem sociedades,
provavelmente, e será descrito agora sobquatro vertentes:
Para o direito penal, trata-se de uma abordagem legal e normativa. O
crime é previsto por lei em diferentes tipos penais que são descritos por
ela. O Direito Penal se ocupa de corrigir, emendar um fenômeno que é
observado e que causa perturbação —à sociedade. — Digamos,
figuradamente, que seja uma “cirurgia social”, no sentido de que, usando
os instrumentos fornecidos pela criminologia, busca dar soluções ao
problema criminal na sociedade.
Para a criminologia, pois trata-se de um aspecto global, sendo um
problemasocialecomunitárioaserobservado,compreendido,explicadoe
descrito. Esta ciência é que fornece os comos e os porquês à ciência do
Direito Penal, a qual passará a operar as soluções.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 04
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
2. CRIMINOSO
esumidamente, colocaremos aqui como se vê a figura do criminoso as
R
diferentes escolas criminológicas que passaremos a estudar.
● E
scola clássica: pecador (ante a seu livre arbítrio, escolheu fazer o
mal);
● E
scola positiva:atávico (o criminoso já nasce criminoso. Fala-se em
determinismo biológico);
● E
scola correcionalista: ser inferior (o Estado é responsável pela sua
melhora a partir de práticas pedagógicas);
● Marxismo:vítima das estruturas econômicas;
● A
tualmente: pessoa normal que, por inúmeros fatores externos e
internos a si (são muitas e complexas —as — possibilidades, — com
desdobramentos e variáveis ainda a se descobrir e compreender),
descumpre regras preestabelecidas.
ertamente não é trabalho simples descrever a pessoa do criminoso e
C
buscar entender o que o levou à conduta desviante.
o longo do tempo, passou-se de descrições mais simplistasadescrições
A
cada vez mais complexas e mais multidisciplinares, as quais conseguem
abarcar cada vez mais da enorme gama de aspectos que podem
influenciar a conduta do crime.
alvez nunca se chegue à inteireza deles, pois são mesmo muito
T
complexos e banhados de subjetividades individuais e contextuais.
3. VÍTIMA
● M
onopólio do Poder Público a respeito da jurisdição: Passou a
conterodireitodepunirsomenteoEstado,neutralizandoopoderda
vítima de reagir ao ato criminoso em primeira pessoa.
● C
ontexto pós Segunda Guerra Mundial: revalorização do papel da
vítima e criação de aparatos estatais para abrandar os efeitos do
crime para ela.
# VITIMIZAÇÃO
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA:
aquelaqueserelacionaaoindivíduoatingidodiretamentepelaconduta
É
criminosa. Ou seja, é o processo através doqualumindivíduosofredireta
ou indiretamente os efeitos nocivos ocasionados pelo delito. Ex.: Lesões
corporais, psicológicas etc.
VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA
uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado,
É
em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério
Público,Judiciárioetc.).Ouseja,éentendidacomoosofrimentosuportado
pela vítima nas fases do inquérito e do processo, pelas suas “instâncias
formais de controle social”, em que muitas vezes deverá reviver o fato
riminoso por meio de interrogatórios, declarações e exames decorpode
c
delito, alémdesubmeter-seasituaçõescomopresenciaraargumentação
dos defensores do autor sugerindo que a vítima deu causa ao fato e o
reencontro com o delinquente.
VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA:
aqueladecorrentedeumexcessodesofrimento,queextrapolaoslimites
É
da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo
Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando as “cifras negras”
(crimesquenãosãolevadosaoconhecimentodasautoridades).Ouseja,é
a ausência de receptividade social em relação à Vítima, que em diversos
casos se vê compelida a alterar sua rotina, os ambientes de convívio e
círculos sociais em razão da estigmatização causada pelo delito.
x.: a segregação social sentida pelas vítimas de crimes sexuais e as
E
consequências da divulgação não autorizada de fotos ou vídeos Íntimos
nas redes sociais.
controle social trata-se dos métodos de contenção do crime. Dentre
O
muitas micro variações e adoções de instrumentos de controle ao longo
dos séculos, notam-se duas maneiras principais de contenção criminal e
resposta a este fenômeno pela sociedade:
● F
ormal: controle exercido pelo Estado na falha do controle social
informal.
● I nformal: digamos que seja um “controle de guerrilha”: conjuntode
valores e noções anticriminais que são ensinados ao indivíduo e
disseminados em ambientes sociais, havendo a criação de uma
consciência ética que reprova o comportamento desviante.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 05
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
❖ Instituições sociais relacionadas com o crime: as Polícias, o Poder
Judiciário, o Ministério Público, os sistemas penitenciários, etc.
APÍTULO III
C
A SEGURANÇA PÚBLICA
D
rt.144.Asegurançapública,deverEstado,direitoeresponsabilidadede
A
todos, exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I -polícia federal;
II -polícia rodoviária federal;
III -polícia ferroviária federal;
IV -polícias civis;
V -polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
§
organizadoemantidopelaUniãoeestruturadoemcarreira,destina-sea:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses daUniãooudesuasentidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
I I - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
III -exercerasfunçõesdepolíciamarítima,aeroportuáriaedefronteiras;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV -exercer, com exclusividade, as funções de políciajudiciária da União.
V -polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI -polícias penais federal, estaduais e distrital.
4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
§
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
§
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema
§
penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos
estabelecimentos penais. (RedaçãodadapelaEmendaConstitucionalnº
104, de 2019)
6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças
§
auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as
polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos
§
responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir aeficiência
de suas atividades.
10.Asegurançaviária,exercidaparaapreservaçãodaordempúblicae
§
da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
(incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além
deoutrasatividadesprevistasemlei,queasseguremaocidadãoodireto
- à mobilidade urbana - eficiente; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 82, de 2014)
I I-compete,noâmbitodosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios,
aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de
trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei — (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
[...]
PODER JUDICIÁRIO
CAPÍTULO III
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os
§
Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
2ºO Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têmjurisdição
§
em todo o território nacional.
poder judiciário é o poder (ou função) estatal responsável pelo
O
exercício da jurisdição.
ato ou efeito de “dizer o direito” é definido de forma magistral pelo
O
professor Pedro Lenza:
" uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos
titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a
pacificação do conflito que os envolve, com justiça”.
ssapacificaçãoéfeitamedianteaatuaçãodavontadedodireitoobjetivo
E
queregeocasoapresentadoemconcretoparasersolucionado;eoEstado
desempenhaessafunçãosemprepormeiodoprocesso,sejaexpressando
imperativamente o preceito (através de uma sentença de mérito), seja
realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece (através da
execução forçada).
ssaimportantíssimafunçãopossuitambémsuascaracterísticaspróprias,
E
quais sejam:
● L
ide:aexistênciadeuma“pretensãoresistida”.Ouseja,umavezque
a obrigação legal não é cumprida espontaneamente, a partelesada
podebuscaroJudiciárioparaque,substituindoavontadedaspartes,
resolva o conflito.
● I nércia: dizer-se inerte significa dizer que o Judiciário somente age
por provocação.
outros termos, oJudiciárioadotaumaposturaquase“passiva”atéqueé
N
provocado por uma das partes.
● D
efinitividade: uma vez que as decisões exaradas pelo Judiciário
transitem em julgado, elas se tornam definitivas, sem qualquer
possibilidade de alteração.
[...]
INISTÉRIO PÚBLICO
M
Ministério Público é uma das funções essenciais à justiça. Isso significa
O
dizer que é uma das instituições ( juntamente com a advocacia, a
advocacia pública e a defensoria pública) sem as quais a jurisdição não
poderia ser exercida em sua plenitude.
msuma,oMinistérioPúblicoéresponsávelpordefenderosinteresses da
E
sociedade, e, da sua gama de funções, a que mais se sobressai é a de
proporaaçãopenal,sendooMPdetentordodireitodaaçãopenalpública
(condicionada ou incondicionada).
APÍTULO IV
C
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
SEÇÃO I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
rt.127.OMinistérioPúblicoéinstituiçãopermanente,essencialàfunção
A
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a
§
indivisibilidade e a independência funcional.
4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta
§
orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, parafinsdeconsolidação
da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei
orçamentáriavigente,ajustadosdeacordocomoslimitesestipuladosna
forma do§ 3º.
5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
§
encaminhadaemdesacordocomoslimitesestipuladosnaformado§3º,
o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual.
6ºDurante aexecuçãoorçamentáriadoexercício,nãopoderáhavera
§
realização de despesas ou a assunção de obrigaçõesqueextrapolemos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
suplementares ou especiais.
1º O Ministério Público da União tem por chefe o
§
Procurador-Geral da República, nomeado pelo
Presidente da República dentre integrantes dacarreira,
maioresdetrintaecincoanos,apósaaprovaçãodeseu
nome pela maioria absoluta dos membros do Senado
Federal, para mandato de dois anos, permitida a
recondução.
2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do
§
Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria
absoluta do Senado Federal.
3ºOsMinistériosPúblicosdosEstadoseodoDistritoFederaleTerritórios
§
formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei
respectiva, para escolhadeseuProcurador-Geral,queseránomeadopelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma
recondução,
4ºOsProcuradores-GeraisnosEstadosenoDistritoFederaleTerritórios
§
poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é
§
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão - a
organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
observadas, relativamente a seus membros:
6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95,
§
parágrafo único, V.
1ºAlegitimaçãodoMinistérioPúblicoparaasaçõescivisprevistasneste
§
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o
disposto nesta Constituição e na lei.
2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por
§
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante
§
concursopúblicodeprovasetítulos,asseguradaaparticipaçãodaOrdem
dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas
nomeações, a ordem de classificação.
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público,
podendoexpediratosregulamentares,noâmbitodesuacompetência.ou
recomendar providências:
I I - zelar pela observância do art 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação,alegalidadedosatosadministrativospraticadospormembros
ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência
dos Tribunais de Contas;
I II -receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do
Ministério Público da União ou dos Estados,inclusivecontraseusserviços
auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da
instituição,podendoavocarprocessosdisciplinaresemcurso,determinara
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019
I V - rever,deofíciooumedianteprovocação,osprocessosdisciplinaresde
membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há
menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
necessárias sobre a situação do Ministério Público no Paíseasatividades
do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
4ºOPresidentedoConselhoFederaldaOrdemdosAdvogados
§
do Brasil oficiará junto ao Conselho.
ssim, taisinstituiçõesexercem,cadaumaseguindoasuacompetênciae
A
atribuições, parte do Controle Social Formal. Nesse contexto, o controle
social formal pode serorganizado em cinco grupos:
A EXTENSÃO DA CRIMINALIDADE
NO MUNDO
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta
O
que estatísticas mundiais sempre apresentarão desvios, pelos seguintes
motivos:
● etodologias diferentes para cada país;
M
● Crimes que pode não entrar nas estatísticas oficiais;
● Burocracia;
● Corrupção governamental.
UNODC aponta que os países mais violentos do mundo: Honduras,
O
Venezuela, El Salvador, Jamaica, Guatemala, Colômbia, África do Sul,
Trinidad e Tobago, Porto Rico, Brasil, República Dominicana, México,
Panamá, Namíbia, Sudão do Sul, República Centro-Africana, Congo,
Equador, Bolívia, Nicarágua.
Brasil, infelizmente, ocupa uma triste posição de destaque quando se
O
fala em criminalidade, na medida em queostenta,emalgunsmunicípios
(conforme se observou), taxas de homicídios superiores ao país mais
violento do mundo.
Atenção!
NO BRASIL
AnuárioBrasileirodeSegurançaPúblicaéeditadopeloFórumBrasileiro
O
de Segurança Pública, após a análise de uma série de dados acerca dos
mais variados crimes (e vítimas).
O Fórum criou um importante conceito — MVI (Mortes Violentas
Intencionais), cujos crimes incluem:
omicídios Dolosos/Feminicídios
H
Latrocínios
Lesões Corporais Seguidas de Morte
Mortes decorrentes de Intervenções Policiais
ercebam que, na metodologia utilizada pelo Ipea, não estão inclusos
P
crimes como aborto, estupro com resultadomorte,ouextorsãomediante
sequestro com resultado morte.
metodologia da SUPESP é um pouco diferente, pois, ao invés de MVI,
A
elesusamoconceitodeCV’s(CrimesViolentosLetaiseIntencionais),mas
que incluem basicamente os mesmos crimes das MVI's, à exceção das
mortes por intervenção polícial,pois,deacordocomaGEESP,taismortes
não são intencionais, pois possuem excludente de ilicitude.
ma variável socioinstitucional importante no ano de 2020 foi a
U
recomendação da liberação de presospeloCNJ.Issoaconteceudeforma
pouco criteriosa, de modo que presos das mais diversas periculosidades,
faccionados, homicidas e traficantes foram colocados em liberdade.
flexibilização da aquisição de armas de fogo proporcionou um maior
A
número de armas em circulação.
esde 2017, o número de armas em circulação dobrou. Saindo da esfera
D
dos MVI's, o Anuário apontou que a pandemia de Covid-19 também
influenciou uma série de aspectos voltados à criminalidade.
ma menor circulação de pessoas levou a uma diminuição de crimes
U
contraopatrimônio.Em2020,oBrasilchegouater29,7%dosefetivosdas
forças de segurança pública infectados (e, consequentemente afastados)
pelo Covid-19.
NARCOTRÁFICO
aturalmente, o tráfico de drogas é a maior fonte de financiamento do
N
crime organizado, e nisso reside a necessidade de combater essa fatia da
criminalidade.
rt.28. Quemadquirir,guardar,tiveremdepósito,transportaroutrouxer
A
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
I -advertência sobre os efeitos das drogas;
II -prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal,
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.
TERRORISMO
Atenção!
Combater o terrorismo consiste em um verdadeiro -
MANDAMENTO CONSTITUCIONAL.
CF.Art.5º(...)XL-aleiconsiderarácrimesinafiançáveiseinsuscetíveisde
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e osdefinidoscomocrimeshediondos,poreles
respondendoosmandantes.osexecutoreseosque,podendoevitá-los,se
omitirem;
Assim, criou-se aLei nº 13.260/2016(Terrorismo).
( ...) Art.2ºOterrorismoconsistenapráticaporumoumaisindivíduosdos
atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a
finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo
pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
doutrinamajoritáriaentendequeoterrorismofereapazpública,emseu
A
sentido subjetivo (confiança coletiva na ordem jurídica e social).
s atos de terrorismo consistem na prática de atentados contra a vida,
O
integridade física, ameaça,emaisumasériedecondutasprevistasno§1º
do art. 2ºda Lei de Terrorismo que tenham:
● E
specialmotivodeagir(Motivação): oAspectoquemotivaosatos
de terrorismo - Xenofobia, Discriminação ou Preconceito (raça, cor,
etnia e religião).
● E
special finalidade: o que pretende o agente com a sua conduta -
Métodoterrorista-Provocarterrorsocialougeneralizado-Criaçãode
um sentimento disseminado de pânico.
CRIME ORGANIZADO
ideia de crime organizado é própria da legislação italiana, sendo a
A
definição legal brasileira o fruto de toda uma construção social, e
modernização legislativa, que veio para, através da ação em conjunto de
todas as áreas da segurança pública, conseguir combater a contento as
chamadas organizações criminosas.
Atenção!
Para estudarmos o CRIME ORGANIZADO, é imprescindível o
conhecimento da lei Nº 12.850/13, o que vamos ver abaixo:
efine organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os
D
meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimentocriminal;alteraoDecreto-Leinº2.848,de7dedezembrode
1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá
outras providências.
APÍTULO
C
A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
D
rt. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
A
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou
§
mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada peladivisãode
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de
caráter transnacional.
§ 2ºEsta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
I I-àsorganizaçõesterroristas,entendidascomoaquelasvoltadasparaa
prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.
[...]
A norma continua,
[...]
rt. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
A
(Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“ Associação Criminosa
rt.288.Associarem-se3(três)oumaispessoas,paraofimespecíficode
A
cometer crimes:
Pena -reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
arágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é
P
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.” (NR)
odas essas condutas e práticas reforçam o caráter coletivo do crime, de
T
modo que este pode acontecer como expressão coletiva dedeterminado
grupoecomoformademanutençãoeperpetuaçãodesuaestrutura.Isso
pode ser explicado pela Teoria da Associação Diferencial.
● P
ós primeira guerra - economia norte americana em alta - gasto e
investimentos desenfreados - Crise de 1929 (Grande Depressão);
ssim,osgrandesempresários,contráriosàsmedidasintervencionistasdo
A
Estado, na tentativa de “defender-se”, iniciaram a práticadevárioscrimes
do colarinho branco, como sonegação de impostos e evasão de divisas,
com vistas a fugir do Fisco.
riou-se a era dos White Collar Crimes (expressão cunhada por
C
Sutherland):
● C
rimes que, em geral, não podem ser explicadosporumasituação
econômica desfavorável, ou mesmo falta de acesso à educação
formal.
● C
rimes cujas cifras negras são altíssimas, pois às vezes a própria
população e o governo sequer entende como crime de elevado
potencial ofensivo.
“ Umapessoatorna-sedelinquenteporcausadeumexcessodedefinições
favoráveis à violação das leis sobre definições desfavoráveis à violação
delas”.
dwin Sutherland diz que um dos maiores reflexos dessa teoria é a
E
“Operação Lava Jato”, visto que boa parte dos envolvidos não estava
ligada a histórico econômico desfavorável.
mpontoimportanteéqueaAssociaçãoDiferencialnãoconsiderafatores
U
impulsivos, ocasionais ou passionais.
Cifras Negras sta é definida como todos os crimes que não
E
chegam ao conhecimento das autoridades,
alguns dos fatores que mais contribuem para
isso é o fato de a vítima, além de ter sofrido o
crime, não deseja reviver todo aquele trauma
novamente, por exemplo, ao ir ao
Departamento de Polícia prestar depoimento.
Cifras Amarelas
ãoaquelasemqueasvítimassãopessoasque
S
sofreram alguma forma de violência cometida
por um funcionário público e deixam de
denunciar o fato aos Órgãos responsáveis por
receio e medo de represália.
Cifras Verdes
onsiste nos crimes não chegam ao
C
conhecimento policial e que a vítima
diretamente destes é o meio ambiente, como
exemplo: maus tratos a animais, provocar
incêndio em plantio.
Cifras Rosas
rimecomofenômenoindividual:EstudodoHomicídio.Aquicuida-senão
C
do crime enquanto fenômeno coletivo, mas como fenômeno individual.
Dessaforma,acausamotivadoradapráticadohomicídioteráimportância
pois, em determinados casos transforma um homicídio simples em
homicídio qualificado ou em homicídio privilegiado!
[...]
Homicídio Simples:
rt. 121.Matar alguém:
A
Pena -reclusão, de seis a vinte anos.
consumação ocorreconcomitantementeàmortedavítima.É,portanto,
A
um crime Instantâneo, ou Instantâneo de efeitos permanentes.
conduta admite tentativa, na forma do art. 14, inciso II - CP,vistoqueo
A
homicídio pode não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
§
social ou moral, ou sobodomíniodeviolentaemoção,logoemseguidaa
injustaprovocaçãodavítima,ojuizpodereduzirapenadeumsextoaum
terço.
elevante valor social - Diz respeito a um interesse da coletividade. Ex.:
R
Matar o “maníaco do parque.”
Relevante valor moral — Diz respeito a um interesse particular do
responsável pela prática do homicídio, aprovado pelo conceito prático de
moral. Ex.: Eutanásia.
Homicídio Qualificado
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II -por motivo fútil;
I II-comempregodeveneno,fogo,explosivo,asfixia,torturaououtromeio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
I V-àtraição,deemboscada,oumediantedissimulaçãoououtrorecurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
-para asseguraraexecução,aocultação,aimpunidadeouvantagem
V
de outro crime:
Pena -reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio Funcional
II - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
V
Constituição Federal, integrantes dosistemaprisionaledaForçaNacional
de Segurança Pública, no exercício da função ouemdecorrênciadela,ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição:
VIII -com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Pena -reclusão, de doze a trinta anos.
20-A.Considera-sequehárazõesdecondiçãodesexofemininoquando
§
o crime envolve:
I -violência doméstica e familiar;
II -menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Homicídio culposo
4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o
§
crimeresultadeinobservânciaderegratécnicadeprofissão,arteouofício,
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou
maior de 60 (sessenta) anos.(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a
§
pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
§
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
7ºApenadofeminicídioéaumentadade1/3(umterço)atéametadese
§
o crime for praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I I-contrapessoamenorde14(catorze)anos,maiorde60(sessenta)anos,
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(Redação dada pela Lei nº 13.771.de 2018)
I II - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da
vítima;
(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
* Criminoso Nato;
* Criminoso Louco;
* Criminoso de ocasião;
* Criminoso por paixão.
Para Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, não um fenômeno
exclusivamente social ou jurídico. Em outros termos, o criminoso era um
ser atávico, um selvagem que já nasce delinquente. Utilizando-se do
método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, o positivismo
criminal de Lombroso buscava através da análise dos fatos, explicar o
crime sob um viés científico.
Em suma, concebia o criminoso como um indivíduo distinto dos demais,
umsubtipohumano.Dessaforma,fundamentavaodireitodecastigar,não
como meio e finalidade de punir o agente que praticou o ato delituoso,
mas sim, comopropósitodeconservarasociedade,combatendoassima
criminalidade. A despeito de sua inegável importância histórica, a
classificação proposta por Lombroso não é mais utilizada.
CRIMINOSO NATO
Na doutrina, somente dois autores mencionam o criminoso nato: Para
Cesare Lombroso, o criminoso natoéoqueteminstintoparaapráticade
delitos, nas palavras do autor, é um “selvagem para a vida em sociedade.”
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 11
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
CRIMINOSO OCASIONAL
em-se, em suma, que o criminoso ocasional é levado, naturalmente,
T
pelaocasião.Elepossui,aomenosemtese,personalidadenormal, mas
é influenciado pelo meio de convívio, levados por condiçõespessoaisa
cometer crimes contra o patrimônio (majoritariamente).
mbora já classificado pelos autores clássicos, também são abordados
E
por autores modernos, como Guido Palomba e Odon Ramos Maranhão.
lassicamente, a definição de criminoso habitual é de Enrico Ferri, e
C
consiste no criminoso que faz do crime seu meio de vida.
m virtude disso, os criminosos habituais são inevitavelmente
E
reincidentes na ação criminosa.
) reincide pela segunda vez na prática de crime doloso da mesma
a
natureza,punívelcompenaprivativadeliberdadeemperíododetempo
não superior a cinco anos, descontado o que se refere a cumprimento
de pena;
rt. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
A
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4
(quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não
persecuçãopenal,desdequenecessárioesuficienteparareprovaçãoe
prevenção do crime, mediante as seguintes condições — ajustadas —
cumulativa — e alternativamente:
[...]
2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
§
hipóteses:
[...]
I I-seoinvestigadoforreincidenteousehouverelementosprobatórios
que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional,
exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
CRIMINOSO PASSIONAL
nrico Ferri também nos trouxe a primeira definição de criminoso
E
passional.
egundooautorclássico,estetipocriminosoageporimpulso,durante
S
transtorno psíquico. Modernizando a definição, Guido Palomba, o
chama de criminoso impetuoso, posto que influenciados por impulsos
momentâneos.
m geral, estão relacionados a crimes passionais, homicídios ou lesões
E
corporais.
inganças imediatas (sem planejamento), algumas hipóteses de
V
feminicídio, ou mesmo, brigas de trânsito estariam incluídos aqui.
ometem, pois, o crime movidos por impulsos emotivos e
C
momentâneossem premeditar seu contento.
ão as paixões pessoais que guiam a conduta criminosa, ou mesmo, o
S
fanatismo político ou social. Não raro se arrependem de sua conduta.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 12
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
CRIMINOSO ALIENADO
denominação de criminoso alienado também é de Enrico Ferri, e diz
A
respeito a problemas psiquiátricos graves relacionados à criminalidade.
Modernamente, em especial o nosso Código Penal, é preciso relacionar
esse tipo criminoso à inimputabilidade — (enquanto —elemento da
culpabilidade).
Em outros termos, se o autor do delito temcondiçõesdecompreendero
caráter ilícito de sua conduta e de portar-se de acordo com este
entendimento, o Código Penal prevê, respectivamente, hipótese de
exclusão de imputabilidade e de redução de pena. caso o autor seja
totalmente ou parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito de sua
conduta, ou de portar-se de acordocomesteentendimento,naformado
seu art. 26 (Código Penal):
Inimputáveis
rt. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
A
desenvolvimentomentalincompletoouretardado,era,aotempodaação
oudaomissão,inteiramenteincapazdeentenderocaráterilícitodofato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
arágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
P
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capazdeentenderocaráterilícitodofatooudedeterminar-sedeacordo
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 97 -Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação
(art.26).Se,todavia,ofatoprevistocomocrimeforpunívelcomdetenção,
poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo §1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguado, mediante
perícia médicaacessaçãodepericulosidade.Oprazomínimodeveráser
de 1 (um) a 3 (três) anos.
Perícia médica
2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e
§
deveráserrepetidadeanoemano,ouaqualquertempo,seodeterminar
o juiz da execução.
3º-Adesinternação,oualiberação,serásemprecondicionaldevendoser
§
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de1(um)
ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz
determinarointernaçãodoagente,seessaprovidênciafornecessáriapara
fins curativos.
Criminoso Menor
mbora não seja uma tipologia propriamente dita, a questão da
E
criminalidade juvenil já foi objeto de intensos estudos criminológicos, na
medida em que estes fenômenos sempre existiram.
AquimerecedestaqueoSociólogonorte-americanoAlbertoCohen,oqual,
em sua tese de PhD, denominada Delinquent Boys - The cultureofthe
gang, criou a chamada Teoria da Subcultura Delinquente, a qual busca
explicar justamente a delinquência juvenil, vislumbrando a prática
criminosacomooelementoculturaléoverdadeiromotivodecoesãoentre
as gangues, compostas por pessoas cada vez mais jovens.
Em nosso ordenamento jurídicotemosque,conformeinteligênciadoart.
27do Código Penal, os menores de idade são inimputáveis.
Art. 27 -Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
A lei especial divide a figura do criminoso menor em duas importantes
situações, quais sejam, criança e adolescente.
Assim sendo, temos que o menor não comete crime, mas ato infracional
equiparadoacrime.Sendocasodecriança(ouseja,até11anos),nãopode
sequer ser submetido a medidas socioeducativas. Em hipóteses
extraordinárias ele pode ser abrigado.
Existem, a serem aplicadas em situações excepcionais, algumas medidas
socioeducativas, previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do
Adolescente:
ECA. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I -advertência;
II -obrigação de reparar o dano;
III -prestação de serviços à comunidade;
IV -liberdade assistida;
V -inserção em regime de semiliberdade;
VI -internação em estabelecimento educacional;
VII -qualquer uma das previstas no art. 101, I aVI.
A Mulher Criminosa
É algo público e notório que mulheres cometem menos crimes que os
homens.
Apopulaçãocarceráriafemininasubiude5.601para37.380detentasentre
2000 e 2014, um crescimento de 567% em 15 anos, e, emsuamaioriapor
tráfico de drogas, motivo de 68% das prisões (dados do CNJ).
Estudar-se a figura do feminino na Criminologia afigura-se importante,
pois aponta-se o crescimento da participação feminina em crimes como
tráfico de drogas, homicídio, estelionato e roubo.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 13
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
a prova anterior, caiu uma questão sobre as escolas criminológicas e
N
seus autores. Vamos estudar!
Quando surgiu, a criminologia tratava de explicar a origem da
delinquência (crime), utilizando o método das ciências naturais e a
etiologia, ou seja, buscava a causa do delito.
Pensou-se que, erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse
suficiente fechar as maternidades para o controle de natalidade.
Acriminologiaédivididaemescolaclássica(Beccaria,séculoXVIII),escola
positiva(Lombroso, século XIX) eescola sociológica(final do século XIX).
cademicamente, a Criminologia começa com a publicação da obra de
A
Cesare Lombroso chamada L'Uomo Delinquente (" O Homem
Delinquente", em tradução livre), em 1876. Sua tese principal era a do
delinquente nato. Com isto, Lombroso pretendia identificar o criminoso
por intermédio de sua aparênciafísica(orelha,tamanhodacabeça,ossos,
cor da pele, olhos) e inclusive, de procedência espacial (asiáticos,
indígenas, etc.), o que se comprovou completamente equivocado.
orém, até os dias atuais o sistema penal vive o dilema de selecionar os
P
suspeitos especialmente pelos seus estigmas. Em 2004, Carlos Roberto
Bacila fez uma releitura histórica do crime, apresentando a tese dos
estigmas como metarregras, na qual realizou um amplo estudo sobre os
preconceitos de todasasnaturezas(racial,mulher,pobreza,religião,física,
etc.) e suas influências no sistema penal.
oltam a tomar força os estudos de endocrinologia, que associam a
V
agressividade do delinquente à testosterona (hormônio masculino), os
estudosdegenéticaaotentaridentificarnogenomahumanoumpossível
conjunto de "genes da criminalidade” (fator biológico ou endógeno), e
ainda há os que atribuem a criminalidade
meramente ao ambiente (fator mesológico), como
fruto de transtornos comoaviolênciafamiliar,afalta
de oportunidades, etc.
2. O Criminoso como objeto de estudo (importância do estudo do
criminoso como autor do crime. A delinquência é vista como um mero
Sintomadosinstintoscriminógenosdosujeito.Deve-seprocurartrabalhar
com estes instintos de modo a se evitar o crime);
3. Determinismo. Ele aborda o delinquente através de um caráter
plurifatorial. Para ele, o indivíduo é compelido a delinquir por causas
externas, as quais não consegue controlar, assim, as penas teriam o
objetivo de proteção da sociedade e de [reeducação] do delinquente.
omo em outras ciências, também em criminologia se tem tentado
C
eliminar o conceito de "causa", substituindo-o pela ideia de "fator". Isso
implica o reconhecimento de não apenas uma causa,mas,sobretudo,de
fatores que possam desencadear o efeito criminoso (fatores biológicos,
psíquicos, sociais...).
ma das funções principais da criminologia é estabelecer uma relação
U
estreita entre três disciplinas consideradas fundamentais:
a psicopatologia, o direito penal e a ciência político-criminal.
I nteressam ao criminólogo as causas e os motivos para o fato delituoso.
Normalmente ele procura fazer um diagnósticodocrimeeumatipologia
do criminoso, assim como uma classificação do delito cometido. Essas
causas e motivos abrangem desde avaliação do entorno prévio ao crime,
os antecedentes vivenciais e emocionais do delinquente, atéamotivação
que leva o agressor a prática pragmática do crime.
aviatrêsprincipaisescolasdepensamentonateoriacriminológicainicial,
H
abrangendo o período de meados do século XVIII a meados do século XX:
Escola Clássica, Escola Positivista e Escola de Chicago.
Essas escolas de pensamento foram substituídas por vários paradigmas
contemporâneos da criminologia, como subcultura, controle, tensão,
rotulagem, criminologia crítica, criminologia cultural, criminologia
pós-moderna, criminologia feminista e outros discutidos abaixo.
Clássica
escola clássica surgiu em meados do século XVII e tem sua base na
A
filosofiautilitarista.CesareBeccaria,autordeDosDelitosedasDosDelitos
e das Penas (1763-64), Jeremy Bentham (inventor do termo panóptico), e
outros filósofos desta escola argumentaram:
.Abaseparaadissuasãoéaideiadequeoshumanossão“hedonistas”,
2
que buscamprazereevitamador,e“calculadorasracionais”,quepesam
os custos e benefícios de cada ação. Ele ignora a possibilidade de
irracionalidade e impulsos inconscientes como ' motivadores '.
. A punição (de severidade suficiente) pode dissuadir as pessoas do
3
crime,poisoscustos(penalidades)superamosbenefícios,easeveridade
da punição deve ser proporcional ao crime.
.Quantomaisrápidaeseguraforapunição,maiseficazseráadissuasão
4
do comportamento criminoso.
sta escola se desenvolveu durante uma grande reforma na penologia,
E
quando a sociedade começou a projetar prisões por causa da punição
extrema. Este período também viu muitas reformas legais, a Revolução
Francesa e o desenvolvimento do sistema legal nos Estados Unidos.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 14
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
ste capítulo aborda a prevenção em geral, além do policiamento e da
E
educação, também vistos em tópicos anteriores. Serão colocados os
tópicos gerais mais cobrados em prova com relação ao tema.
Ministério da Justiça implementou, em 2019, o programa Em Frente
O
Brasil,umprojetopilotodesenvolvidoemcincocidadesdopaíscomaltos
índicesdeviolência.Foiumadasapostasparaocombateaocrimeviolento
no país.
primeira fase do projeto foi o “choque operacional”, com o envio de
A
reforços para as forças de segurança pública locais.
segunda fase do projeto foi preparada e envolveu uma integraçãocom
A
outraspastas,comooMinistériodaEducação,daCidadania,daEconomia,
entre outros. “A expectativa é que se isso envolver, realmente, outros
ministérios e trazer a área social vai trazer frutos positivos”, opinou o
Elisandro Lotin, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
ara ele, vale um alerta para uma característica negativa nos projetos e
P
políticas públicas para segurança no Brasil:a faltade continuidade.
pera a curto e médio prazos e se orienta seletivamente a concretos
O
(particulares) setores da sociedade: àqueles grupos e subgrupos que
ostentam maior risco depadecerouprotagonizaroproblemacriminal. A
prevenção secundária conecta-se com a política legislativa penal, assim
como com a ação policial, fortemente polarizada pelos interesses de
prevenção geral.
Em resumo:
este modo, a Prevenção Terciária aplica-se durante o cumprimento da
D
pena. Sendo que, a prevenção consiste num conjunto de ações
socioeducativas, como a laborterapia e a prestação de serviços
comunitários.
ais ações socioeducativas têm por finalidade imediata a reinserção de
T
valores socioculturais no condenado, e, como finalidade mediata a
reabilitação e a reintegração social do recluso de modo a evitar sua
reincidência.
prevençãogeralsurgeantesdapráticadodelito,enquantoaretribuição
A
aparece no momento da aplicação da pena.
ssim, a prevenção especial surgiria ao ser iniciada a execução da pena,
A
tornando patentes os princípios de reinserção e ressocialização do
criminoso.
CRIMINOLOGIA - CAPÍTULO 15
PROFESSOR GIOVANNY DIAS
VITIMIZAÇÃO
emos também, que estudar os tipos de VITIMIZAÇÃO, pois isso tem
T
grande relevância sob o aspecto criminológico de prevenção.
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA
aquelaqueserelacionaaoindivíduoatingidodiretamentepelaconduta
É
criminosa. Ou seja, é o processo através doqualumindivíduosofredireta
ou indiretamente os efeitos nocivos ocasionados pelo delito. Ex.: Lesões
corporais, psicológicas etc.
VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA
uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado,
É
em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério
Público,Judiciárioetc.).Ouseja,éentendidacomoosofrimentosuportado
pela vítima nas fases do inquérito e do processo, pelas suas “instâncias
formais de controle social”, em que, muitas vezes, deverá reviver o fato
criminosopormeiode interrogatórios,declaraçõeseexamesde corpode
delito, alémdesubmeter-seasituaçõescomopresenciaraargumentação
dos defensores do autor, sugerindo que a vítima dera causa ao fato e o
reencontro com o delinquente.
VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA
aqueladecorrentedeumexcessodesofrimentoqueextrapolaoslimites
É
da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo
Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando as “cifras negras”
(crimesquenãosãolevadosaoconhecimentodasautoridades).Ouseja,é
a ausência de receptividade social em relação à vítima que, em diversos
casos, vê-se compelida a alterar sua rotina, os ambientes de convívio e
círculos sociais em razão da estigmatização causada pelo delito. Ex.: a
segregação social sentida pelas vítimas de crimes sexuais e as
consequências da divulgação não autorizada de fotos ou vídeos íntimos
nas redes sociais.
TIPOS DE VÍTIMAS
eacordocomBenjaminMendelsohn,asvítimaspodemserclassificadas
D
da seguinte maneira:
.Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância. Ocorre quando há
2
um impulso não voluntário ao delito, mas, de certaforma,existeumgrau
de culpa que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo: um casal de
namorados que mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são
atacados por ele, por não aceitar esta falta de pudor.
.Vítimavoluntáriaoutãoculpadaquantooinfrator.Ambospodemser
3
o criminoso ou a vítima. Exemplo: RoletaRussa(umsóprojétilnotambor
do revólver e os contendores giram o tambor até um se matar).
)VítimaInfratora.Ouseja,apessoacometeumdelitoe,nofim,torna-se
a
vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa;
) Vítima Simuladora. Aquela que, através de uma premeditação
b
irresponsável, induz um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando,
dessa forma, um erro judiciário;
) Vítima Imaginária. Trata-se de uma pessoa portadora de um grave
c
transtornomentalque,emdecorrênciadetaldistúrbio,levaojudiciárioao
erro,podendosepassarporvítimadeumcrime,acusandoumapessoade
ser oautor,sendoquetaldelitonuncaexistiu,ouseja,essefatonãopassa
de uma imaginação da vítima.
dmundo de Oliveira ao estudar os diversos tipos de vítimas chega à
E
seguinte classificação:
1 .Vítimaprogramadora.Trata-sedavítimaqueplanejaasituaçãodaqual
nascerá um ato criminoso, exercendo, nessa situação, um evidente papel
de autor, agindo, diversas vezes, de forma extraordinariamente complexa
paraquehajaaocorrênciadodelitoprogramadoporsimesma.Nestecaso,
avítimaservedemuniçãoparaqueseconfigurecomculpabilidade,dolosa
ou culposa, a ação do indivíduo que será acusado como autor do delito.
. Vítima por força maior. Será considerada vítima por força maior o
4
indivíduo que, não tendo condições de opor resistência, acaba realizando
atos que não são da sua vontade, às vezes, até atos contrários ao senso
moral. Tal coação vem privar a pessoa de sua liberdade físicaoupsíquica,
deixando de agir com sua livre e própria vontade. Um caso de vítimapor
força maior pode ser exemplificado no caso do sonambulismo.
Hans Von Henting conclui a classificação das vítimas da seguinte forma:
. Vítima com ânimo de lucro. São taxadas dessa forma as vítimas que,
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pelacobiça,peloanseiodeseenriquecerdemaneirarápidaoufácilacaba
sendo ludibriada pelos estelionatários ou vigaristas.
. Vítima com ânsia de viver. Ocorre com o indivíduo que, com o
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fundamento de não ter aproveitado sua vida até opresentemomentode
uma forma mais eficaz, passa a experimentar situações de aventuras, até
então, não vividas que o colocam em situações de risco ou perigo.
.Vítimaagressiva.Nestecaso,avítimasetornaagressivaemdecorrência
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daagressãoquesofredoautordaviolência,poischegaummomentoque,
por não suportar mais a agressão sofrida, ela irá rebater tal ato de modo
hostil.
. Vítima por mudança da fase de existência. O indivíduo passa por
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várias fases em sua vida, sendo que, ao mudar para certa fase de sua
existência, poderá se tornar vítima em consequência de alguma mudança
comportamental relacionada com alguma das fases.
1 0. Vítima alcoólatra. O uso de bebidas alcoólicas é um dos fatores que
mais levam as pessoas a se tornarem vítimas, sendo que, na maioria dos
casos, acabam resultando em homicídios.
1 1. Vítima Depressiva. Ao atingir um determinado nível, a depressão
poderá ocasionar a vitimização do indivíduo, pois poderá levar a pessoa à
sua autodestruição.
1 2. Vítima voluntária. São as pessoas que, por não oporem resistência à
violência sofrida, acabam permitindo que o autor do delito o realizesem
qualquer tipo de obstáculo. Casos que exemplificam esse tipo de vítima
são os crimes sexuais ocorridos sem a utilização de violência.
1 3. Vítima indefesa. Denominam-se vítimas indefesas as que, sob o
pretexto de que apersecuçãojudiciallhescausariamaioresdanosdoque
o próprio sofrimento resultante da ação criminosa, acabam deixando de
processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente
nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.
1 4.Vítimafalsa.Sãotaxadasdefalsasvítimas aspessoasque,porsualivre
eespontâneavontade,autovitimamasimesmasparaquepossamsevaler
de benefícios.
1 5. Vítima imune. São consideradas dessa forma as pessoas que, em
decorrênciadeseucargo,função,oualgumtipodeprestígionasociedade
em que vive, acham que não estão sujeitas a qualquer tipo de ação
delituosa que possa transformá-las em vítimas. Um exemplo é o padre.
1 6. Vítima reincidente. Neste caso, a pessoa já foi vítima de um
determinado delito, mas mesmo após ter passado por tal episódio, não
passa a tomar qualquer tipo de precaução para que não volte a ser
vitimizada.
1 7. Vítima que se converte em autor. Nesta hipótese, ocorre a mudança
de polo da violência. A vítima que era atacada pelo autor da agressão se
prepara para o contra-ataque. Um exemplo clássico é o crime de guerra.
1 8.Vítimapropensa.Ocorrecomaspessoasquepossuemumatendência
natural de se tornarem vítimas. Isso pode decorrer da personalidade
deprimida, desenfreada, libertina ou aflita da pessoa, sendo que esses
tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o
criminoso.
1 9. Vítima resistente. Por não aceitar ser agredida pelo autor, a vítima
reage e passa a agredi-lo damesmaforma,sempreemsuadefesaouem
defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Neste
caso, há sempre a disposição da vítima em lutar com o autor.
0. Vítima da natureza. São pessoas que se tornam vítimas em
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decorrência de fenômenos da natureza, como no caso de umaenchente,
um terremoto, etc).
1 . Vítimas inocentes. São as pessoas que não contribuem de nenhuma
forma para a ocorrência do delito, ou seja, não há nenhuma participação
da vítima na consumação da ação criminosa.
.Vítimasnatas.Tratam-sedasvítimasquecontribuemdealgumaforma
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para a eclosão de um crime, seja por seu
comportamento agressivo ou por sua personalidade insuportável.
.Vítimasomissas.Nestegrupo,encontram-seaspessoasquenãovivem
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em integração com o meiosocial,poisnãoparticipamdasociedade,nem
sequer para reclamar de uma violência ou arbitrariedade sofridas.
.Vítimasinconformadasouatuantes.Aocontráriodoqueocorrecomas
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vítimasomissas,quenãobuscamrelataràsautoridadescompetentesseus
direitos violados, estas cumprem de forma ativa seus papéis de cidadãos,
poissemprequesãovioladasemseusdireitos,buscamaefetivareparação
judicial.
orfim,ojuristaargentinoWalterRaulSemperteguidáumasugestãode
P
classificação das vítimas de estelionato na seguinte ordem:
1 .Vítimasincapazes.Nestegrupo,encontram-seaspessoasdefinidaspela
leicomoincapazes,ouseja,osmenores,quesãoaquelesquenãotenham
atingido ainda a maioridade legal, os alienados mentais, que são os
indivíduos portadores de alguma enfermidade que dificultem seu
entendimento ou vontade e os débeis mentais, que são os oligofrênicos.
ortanto, se torna incontestável que, em inúmeras ocasiões, se não
P
houvesse a efetiva participação davítima,dealgumaforma,nãoocorreria
o delito, pois como fora demonstrado acima, através das várias
classificações das vítimas, elas contribuem em vários casos para que se
verifique a eclosão de um crime.
m vista disso, não há mais a admissibilidade de haver um pensamento
E
adstrito à única e exclusiva culpa do delinquente na ocorrência da ação
criminosa, pois não se pode afirmar que, em todos os casos, a vítima é
totalmenteinocente,hajavistaque,eminúmerasocasiões,elacontribuide
maneira eficaz para a consumação do ato, ao ultrapassar seu limite de
sujeito passivo da relação, atraindo, de alguma maneira, o agressor para
que ocorra a sua própria vitimização.