Bacicolo Relatorio III

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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

ESTUDO PARA MELHORIA DE SINALIZAÇÃO E SEGURANÇA MINEIRA NA


FRENTE DE LAVRA DA SECÇÃO 6 NA EMPRESA MOTA-ENGIL, CASO DE
ESTUDO MINA DE CARVÃO DA VULCAN 2024.

Tete, setembro de 2024.


ALBREU JOÃO BACICOLO

ESTUDO PARA MELHORIA DE SINALIZAÇÃO E SEGURANÇA MINEIRA NA


FRENTE DE LAVRA DA SECÇÃO 6 NA EMPRESA MOTA-ENGIL, CASO DE ESTUDO
MINA DE CARVÃO DA VULCAN 2024.

Relatório de estágio - III apresentada á Divisão de


Engenharia, curso de Engenharia de Minas, do
Instituto Superior Politécnico de Tete como parte
integrante dos requisitos para obtenção da nota
classificativa da cadeira.

Docente: MSc. Gilberto R. Goba Sabonete

Tete, setembro de 2024.


Indice

DEDICATÓRIA ................................................................................................................ I

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II

RESUMO ....................................................................................................................... III

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... IV

LISTA DE FIGURAS E TABELAS ................................................................................V

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. Localização Geográfica da Área de Estudo ....................................................... 2

1.2. Objectivos .......................................................................................................... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 5

2.1. Glossário de Termos Técnicos ........................................................................... 5

2.2. Avaliação de risco .............................................................................................. 7

2.3. Análise e interpretação ....................................................................................... 9

3. Materiais e Métodos .................................................................................................. 9

3.1. Procedimentos técnicos e descrição da amostra de pesquisa ............................. 9

4. Resultados e discussões ........................................................................................... 13

4.1. Classificação dos riscos no ambiente de trabalho ............................................ 13

4.2. Acidentes na operação de mina........................................................................ 13

4.3. Processo de Melhoria da Sinalização e Segurança .......................................... 15

5. Conclusão ................................................................................................................ 17

Referências ..................................................................................................................... 18
DEDICATÓRIA

A minha família, em especial minha esposa que tem impulsionado bastante


minha jornada acadêmica e carreira profissional.

I
AGRADECIMENTOS

A Deus todo-poderoso pelo dom da vida e saúde que sempre proporciona ao longo da
minha caminhada estudantil, pelas coisas não quantificáveis e qualificáveis que me tem
dado ao longo da vida.

A minha esposa pela carinhosa energia que tem contribuindo, e encorajamento de seguir
em frente e pelo exemplo que me tem mostrado que é possível sim vencer no meio das
incertezas.

Ao corpo docente do ISPT, em especial do departamento de Engenharia de Minas.

A empresa Mota-Engil pela abertura que tem com seus colaboradores, e o seu
engajamento no meio profissional.

A todos que sempre acreditaram em mim e depositam sua confiança.

II
RESUMO

Este estudo busca melhorar a sinalização e segurança mineira, com proposito de


reeducação de acidentes operacionais na actividade. Um trabalho de pesquisa transversal
utilizado para este estudo no período de maio à agosto de 2024 por meio de inquérito aos
profissionais envolvidos. Os inqueridos foram selecionados com base em amostragem
aleatória estratificada. Dos 20 questionários aplicados, 13 foram devolvidos (por
colaboradores das áreas de Segurança do Trabalho - 33,3%, Fabrica de Explosivos -
22,3%, Meio Ambiente - 11,1% e Perfuratrizes - 33,3%) e utilizados para o estudo. A
análise descritiva e de triangulação foram usadas para determinarem a relação entre as
variáveis. Os resultados do estudo demonstram que a sinalização de segurança padece de
melhorias, pois o seu estado de conservação encontra-se razoável e, que
consequentemente, evidencia condições inseguras nas actividades desenvolvidas nas
diferentes áreas. Portanto, com o desafio da implementação da proposta em estudo,
segundo especialistas, o estado de conservação da sinalização melhoraria em 70%,
proporcionando redução dos acidentes laborais e aumento da produtividade. A partir
destas listas de verificação, foi elaborada a Matriz de Avaliação de Riscos onde é possível
verificar quais os perigos com maior potencial de riscos para os trabalhadores e as
respetivas medidas de controle de respostas, de modo a eliminar ou reduzir os acidentes
de trabalho e o aparecimento futuro de doenças profissionais. Por fim, teceram-se
algumas considerações sobre toda a experiências e a informação absorvida durante o
período de recolha de dados, bem como dos resultados obtidos tendo em conta os
objetivos propostos.

Palavra-chave: exploração mineira, riscos de acidentes, sinalização e segurança.

III
LISTA DE ABREVIATURAS

ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho


CAE - Classificação da Atividade Económica
CNPRP - Centro Nacional de Proteção contra Riscos Profissionais
DMT - Distância Média de Transporte

EPI - Equipamento de Proteção Individual


h - Horas

HST - Higiene e Segurança no Trabalho


IGT - Inspeção Geral de Trabalho em Moçambique
ISSO - International Organization for Standardization
km - Quilometro, 1.000 metros

kt - Quilo tonelada, 1.000 toneladas

LHD - Load, Haul and Dump


LHD - Load, Haulage, Dump – Carregar, Transportar e Descarregar

m3 - Unidade de volume, metro cúbico

OIT - Organização Internacional do Trabalho


OSHA - Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho
REM - Relação Estéril-Minério

ROM - Run of Mine – Movimentação da Mina

SIF - Sensibilização, informação e formação


SST - Segurança e Saúde no Trabalho
t - Tonelada

TSST - Técnico Superior de Segurança e Trabalho

IV
LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Lista de figuras

Figura 1-1: mapa de localização geográfica da área de estudo, coordenadas 16˚150̛ 089̋ e
71˚ 732̓ 19̋ Fonte google maps, (acesso 31/07/2024). ...................................................... 2
Figura 1-2: cava da secção 6, da bacia de carvão de Moatize, fonte autor (2024). .......... 3
Figura 2-1: Processo geral da Gestão do Risco – Norma ISO 31000:2009. .................... 7
Figura 4-1: Tipos de acidentes ocorridos na operação de mina. .................................... 14
Figura 4-2: Demonstração de sinalização. ...................................................................... 15
Figura 4-3: proposta do processo de melhoria da sinalização de segurança. ................. 16

Lista de tabelas

Tabela 3:1: Dados demográficos de inquérito (maio - agosto). ..................................... 10


Tabela 3:2: Matriz para a operação de Perfuração e Desmonte realizados com explosivos.
........................................................................................................................................ 11
Tabela 3:3: Matriz de avaliação de riscos de operação de Transporte. .......................... 12

V
1. INTRODUÇÃO

O sector de exploração mineira em Moçambique faz parte dos domínios económicos


estratégicos (Orçamento Geral do Estado, OGE, 2019), porém este sector é um dos mais
perigosos do mundo (Organização Internacional do Trabalho, OIT).

As actividades mineiras, especificamente nas operações de detonação de rochas, possuem


grande probabilidade de gerar danos humanos e materiais, pois pessoas envolvidas nestas
actividades estão expostas a vários factores de risco físicos, químicos, ergonómicos e de
acidentes (Souza; Barros; Filgueiras, 2017).

Este facto, faz com que questões ligadas a segurança nesta área careçam de maior atenção,
primando por adoptar procedimentos mais seguros que reduzam os riscos de acidentes e
contribuam para as melhorias nas condições de trabalho e qualidade de vida dos
trabalhadores.

A ISO 45001 (2018), define a HSST (Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho) como
factores, que afectam a segurança e saúde, do funcionário e terceiros em uma organização.
Pelo facto dos colaboradores constituem o principal activo de qualquer organização,
Miguel (2014) afirma que, deve-se procurar primar pela prevenção e redução da
incidência dos riscos de acidentes de trabalho, lesões corporais e/ou doenças
ocupacionais, garantindo maior segurança no trabalho por meio de uma cultura de
segurança. Nesta perspectiva, Moreira (2010, p. 27), define acidentes de trabalho como
sendo, um evento negativo que se verifica no local e no tempo de trabalho, produzindo,
directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte
redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou morte.

Para OIT, morrem anualmente 2,3 milhões de pessoas por acção dos acidentes de trabalho
ou doenças profissionais e, 15,2% dessas mortes são devido a acidentes de trabalho.
Devido ao manuseio dos elementos utilizados e condições ambientais insalubres
resultantes das actividades mineiras, faz-se necessário adoptar medidas preventivas como
formas a mitigar acidentes de trabalho.

Segundo Moreira (2010) e Gevirtz (1994), as medidas de prevenção, envolvem a


conscientização dos trabalhadores, o cumprimento rigoroso das normas de segurança
estabelecidas pela empresa e o uso de uma sinalização adequada, complementado o
sistema de segurança.

1
1.1. Localização Geográfica da Área de Estudo
O distrito de Moatize, que dista 20Km do Município de Tete, situa-se a NE da cidade
capital provincial, entre os paralelos 15˚ 37’ e 16˚ 38’ de latitude Sul e entre os meridianos
33˚ 22’ e 34˚ 28’ de longitude Este. É limitado a Norte pelos distritos de Chiúta e
Tsangano; a Este pela República do Malawi; a Sul pelos distritos de Tambara, Guro,
Changara e Município de Tete, através do rio Zambeze e Mutarara através do rio
Mecombedzi; e a Oeste pelos distritos de Chiúta e Changara.

A superfície do distrito1 é de 8.462 km2 e a sua população está estimada em 292 mil
habitantes à data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 34,5
hab./km2, prevê-se que o distrito em 2020 venha a atingir os 450 mil habitantes. A
estrutura etária do distrito reflete uma relação de dependência económica de 1:0.9, isto é,
por cada 10 crianças ou anciões existem 9 pessoas em idade activa. Com uma população
jovem (49%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 95% (por cada 100
pessoas do sexo feminino existem 95 do masculino) e uma taxa de urbanização do distrito
é de 18%, concentrada na Vila de Moatize e zonas periféricas de matriz semiurbana.

Figura 1-1: mapa de localização geográfica da área de estudo, coordenadas 16˚150̛ 089̋ e 71˚ 732̓ 19̋
Fonte google maps, (acesso 31/07/2024).

2
Bacia de Moatize

Esta corresponde a uma das maiores bacias, que se estende desde Tete até Minjova, na
fronteira com o Malawi, que por sua vez continua por este país com o nome de Bacia de
Lengwe. Os limites NE e SW do graben são definidos por falhas de bordadura com
direcção NW-SE. O graben de Moatize tem um comprimento aproximado de 35 km e
uma largura média de 2 km.

O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem sedimentar, tais


como, siltitos, arenitos e argilitos negros que são as litologias correspondentes a rocha
estéril.

A sequência estratigráfica tem seis principais camadas de carvão, designadas de baixo


para cima como: Souza Pinto (14m), Chipanga (36m), Bananeiras (27m), Intermédia
(22m), Grande Falésia (12m) e André (1m).

A camada Chipanga é a mais espessa de todas e a única que foi explorada. As camadas
de carvão de Moatize, estão inseridas no karroo justificando-se assim a importância desta
unidade geológica [F. Real, 1966].

Figura 1-2: cava da secção 6, da bacia de carvão de Moatize, fonte autor (2024).

3
1.2. Objectivos
Objectivo Geral

Melhoria das condições de HST na indústria mineira (especificamente, mina de carvão


da empresa Vulcan - Moatize), através da análise da sinalização em locais de perigo para
tornar mais apelativas, seguras, competitivas e ainda mais produtivas.

Objectivos Específicos

1. Descrever as normas de higiene e segurança no trabalho aplicáveis na mina em


estudo;

2. Analisar os métodos de avaliação de riscos em operações mineiras mais


comumente utilizados na atualidade, listando suas vantagens e desvantagens;

3. Fazer inquérito aos funcionários ligados diretamente na atividade para provar


quão importante o estudo carece atenção.

4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Glossário de Termos Técnicos


1Acidente de trabalho - é todo o acontecimento súbito e anómalo, que se verifique no
local e no tempo de trabalho ou no trajeto de e para o local de trabalho. Destes acidentes
podem resultar incapacidades graves, por vezes a morte ou incapacidades permanentes,
não só para o trabalho, mas também para uma boa qualidade de vida.

Avaliação de riscos - é o processo de avaliação dos riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores, resultantes dos perigos existentes no local de trabalho.

Dano (despoletado pelo trabalho) – considera-se dano a lesão corporal, perturbação


funcional ou doença que determine redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a
morte do trabalhador resultante, direta ou indiretamente, de acidente de trabalho.

Doença profissional – doença incluída na Lista das Doenças Profissionais de que esteja
afetado um trabalhador que tenha estado exposto ao respetivo risco pela natureza da
atividade ou condições, ambiente e técnicas do trabalho habitual. O trabalhador tem
direito a reparação caso sofra, lesão corporal, perturbação funcional ou doença não
incluída na Lista, desde que se prove ser consequência da atividade exercida e não
represente normal desgaste do organismo.

Emergência – acontecimento repentino e imprevisto que requer medidas imediatas para


minimizar as suas consequências nefastas.

Equipamento de proteção individual – meios ou dispositivos, destinados a ser


utilizados por uma só pessoa, contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou
segurança durante o exercício de uma determinada atividade.

Equipamento de trabalho – qualquer máquina, aparelho, ferramenta ou instalação


utilizado para o trabalho.

Explosivos - substâncias químicas instáveis capazes de libertar energia e de produzir uma


fragmentação. O seu manuseamento e armazenagem requerem cuidados especiais, pelo
que só devem ser feitos por pessoal especializado.

1
Fonte: https://pt.slideshare.net/krlosars/dicionrio-de-segurana-do-trabalho, acesso 31/07/2024.

5
Higiene no trabalho - conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção
das doenças profissionais, tendo como principal campo de ação o controlo da exposição
aos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do
trabalho.

Local de trabalho – todo o local em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para


onde deve dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, direta ou indiretamente,
sujeito ao controlo do empregador.

Medidas de prevenção – medidas de segurança tomadas com finalidade de evitar ou


diminuir a probabilidade de ocorrência de um acidente.

Perigo – fonte ou situação com um potencial para o dano em termos de lesões ou


ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, danos para o ambiente do local
de trabalho, ou uma combinação destas.

Risco – combinação da probabilidade e das consequências da ocorrência de um


determinado acontecimento.

Saúde no trabalho – atividade que para além da vigilância medica, tem por finalidade
fomentar e manter o nível mais elevado de bem-estar físico, mental e social dos
trabalhadores, por forma, a prevenir os danos na sua saúde emergentes das condições de
trabalho.

Segurança contra incêndios – conjunto de meios e medidas adotadas de modo a evitar


ou minimizar os riscos de incêndio.

Segurança no trabalho – conjunto de ciências e tecnologias que procuram a proteção do


trabalhador no seu local de trabalho.

Sinalização de segurança – conjunto de sinais que se destinam a alertar de uma forma


rápida e inteligível a existência de um risco, condicionar comportamentos e transmitir
informações de segurança.

Situações de emergência – acidentes graves e/ou catástrofes, ou seja, situações


incontroláveis, ou de difícil controlo, que podem originar danos pessoais, materiais e
ambientais, requerendo, assim, uma ação imediata para recuperação do controlo e
minimização das suas consequências.

6
2.2. Avaliação de risco
De acordo com (Roxo, 2006) a avaliação de riscos é o processo dinâmico dirigido a
estimar a magnitude do risco para a saúde e a segurança dos trabalhadores, tendo em vista
obter a informação necessária para que o empregador reúna condições para uma tomada
de decisão apropriadas, tanto corretivas como preventivas.

Já para (Nunes, 2010) a avaliação de riscos consiste no exame sistemático de uma


instalação, quer esta esteja em fase de projeto ou em laboração, de forma a serem
identificados os riscos presentes no sistema e concluir sobre ocorrências potencialmente
perigosas e respetivas consequências. No processo de Avaliação de riscos, existem dois
tipos de métodos, os métodos a priori e os métodos a posteriori.

Segundo (Roxo, 2006) os métodos a priori são os que visam equacionar a ação preventiva
antes de haver o acidente e os métodos a posteriori são os métodos reativos de análise de
acidente, isto é, após o acidente ter ocorrido.

A ISO31000:2009 é um excelente auxiliar para a implementação de uma gestão de risco


em todos os tipos de organizações independentemente de serem pequenas, médias ou
grandes (Figura 3).

Esta norma Internacional recomenda que as empresas desenvolvam, implementem e


melhorem num processo contínuo uma estrutura, cujo objetivo é integrar o processo de
gestão do risco na governação, estratégia, planeamento, na gestão dos processos, nas
políticas, nos valores e na cultura. Para tal define o seguinte processo:

Figura 2-1: Processo geral da Gestão do Risco – Norma ISO 31000:2009.

7
A avaliação de riscos só deverá ser efetuada por pessoa profissionalmente competente,
devendo fazer-se a partir de uma boa planificação, nunca devendo ser entendida como
uma imposição burocrática, já que não é um fim em si mesma, mas sim um meio para a
decisão de adoção de medidas de prevenção.

Se, a partir da análise e avaliação de riscos, é deduzida a necessidade de adoção de


medidas de prevenção, então dever-se-á:

I. Eliminar ou reduzir o risco, através de medidas de prevenção na origem,


organizacionais, de proteção coletiva, de proteção individual ou de formação e
informação aos trabalhadores;
II. Controlar periodicamente as condições, a organização, os métodos de trabalho e
o estado de saúde dos trabalhadores.

A análise e avaliação preliminar de riscos deverá fazer-se em todos e cada um dos postos
de trabalho da organização, tendo em conta:

I. As condições de trabalho existentes ou previstas;


II. A possibilidade de que o trabalhador que ocupe um determinado posto de trabalho
seja sensível, devido às suas características pessoais ou estado de saúde
conhecido, a alguma das ditas condições.

Far-se-á uma nova análise e avaliação dos postos de trabalho que possam ser afetados
por:

I. Escolha de EPI, de equipamentos de trabalho, uso de substâncias ou preparações


químicas, introdução de novas tecnologias, modificação ou alteração do posto de
trabalho, etc.
II. Alterações das condições de trabalho;
III. Incorporação de um trabalhador, cujas, características pessoais ou estado de saúde
conhecido seja, sensível às condições do posto de trabalho.

8
2.3. Análise e interpretação
A avaliação de riscos foi estruturada e implementada de acordo com as etapas
apresentadas a seguir:

i. Elaborar um programa de avaliação de riscos no local do trabalho;


ii. Estruturar a avaliação;
iii. Reunir informação;
iv. Identificar os perigos e riscos associados;
v. Identificar as pessoas em perigo;
vi. Identificar padrões de exposição das pessoas em risco;
vii. Avaliar os riscos;
viii. Analisar opções de eliminação ou de controlo de riscos;
ix. Priorizar as ações a implementar e definir medidas de controlo;
x. Implementar controles;
xi. Registar a avaliação;
xii. Medir a eficácia das medidas aplicadas;
xiii. Rever;
xiv. Monitorizar o programa de avaliação de riscos.

3. Materiais e Métodos

3.1. Procedimentos técnicos e descrição da amostra de pesquisa


O estudo aderiu como procedimentos técnicos, o levantamento bibliográfico e o estudo
de caso. Assim, efectuou-se a recolha de dados dos participantes/funcionários da mina. O
estudo foi conduzido a uma amostra aleatória estratificada onde os colaboradores foram
selecionados segundo as categorias e secções (funcionários com habilidades técnicas ou
experiência em meio ambiente, segurança do trabalho, perfuratrizes e explosivos). Como
formas a selecionar cada elemento representativo, utilizou-se a amostra aleatória simples
onde todos os colaboradores tinham a mesma probabilidade de serem escolhidos para
serem indagados.

Em conformidade com a ética da pesquisa, com uma população total de 150


trabalhadores, porém pelo regime de trabalho (revezamento/turnos) a amostra selecionada
foi de 50 funcionários. Utilizou-se uma amostra aleatória estratificada onde os
colaboradores foram divididos em categorias segundo as secções. Como formas a
selecionar cada elemento representativo, utilizou-se a amostra aleatória simples onde
9
todos os colaboradores tinham a mesma probabilidade de serem escolhidos para serem
indagados. Os dados foram coletados em um período de 3 meses. Os detalhes
demográficos dos entrevistados são exibidos na Tabela 1.

Tabela 3:1: Dados demográficos de inquérito (maio - agosto).

Dados demográficos de inquérito (maio - agosto)


Factores Características População Amostra Percentual (%)
Masculino 35 27 54
Sexo
Feminino 15 11 22
Operadores 20 16 32
Técnicos de Mina 15 11 22
Profissão
Engenheiros de Mina 5 5 10
Responsáveis de HST 10 6 12
Perguntas frequentes Quantidade
1. Queda ao mesmo nível 42
2. Estabilidade de Leiras e Bermas 21
3. Tombamento de equipamentos (carga/transporte/auxiliares) 7
4. Manuseio de cargas explosivas 16
5. Corte e ferimento 14
6. Óbitos 0
Fonte: autor (2024).

Foram elaboradas as listas de verificação, para operação de Perfuração e Desmonte, e de


Manipulação de Explosivos e Transporte, fazendo-se a identificação e avaliação dos
respetivos riscos, calculando o nível de deficiência (ND), de frequência (NR) e de
consequência (NC). Para efeitos de interpretação dos resultados, utilizou-se as escalas
definidas pela metodologia NTP330.

O resumo da lista de verificação e a respetiva Matriz de Avaliação de Riscos, encontra-


se nas (Tabela 2, Tabela 3), onde é possível verificar quais os perigos com maior potencial
de riscos para os trabalhadores, e as respetivas medidas de controlo propostas.

Por tanto a Matriz de Avaliação de Riscos encontra-se resumida de seguida na Tabela 2.


Como resultado da avaliação de riscos, verificou-se ser necessário a implementação de
algumas medidas por forma a minimizar os riscos a que os trabalhadores estarão sujeitos.
Como tal, o autor deste relatório procedeu à elaboração de alguns documentos essenciais
para informar os trabalhadores mineiros de alguns riscos a que estão sujeitos (Tabela 1).

10
Tabela 3:2: Matriz para a operação de Perfuração e Desmonte realizados com explosivos.
Perigo (Fonte/Operações) Riscos ND NE NC NP NR NI Medidas de Controlo
Derrube da crosta (solo) Quedas em altura 2 2 10 4 40 III Sinalização das áreas de operação, construção de barreiras físicas.
Sinalização das áreas de operação, construção de barreiras físicas,
construção de muretas ou obstáculos que evitem a aproximação de
Operações de escavações Quedas ao mesmo nível 10 10 25 100 2500 I
beiras de bancadas, em trabalhos de carregamento de explosivos
onde haja risco de quedas.
Construção de barreira física de separação da área de circulação de
Esmagamento/soterramento por queda de máquinas e os peões, delimitação de via exclusiva para peões;

Mecânicos
Manuseio de máquinas de perfuração 6 3 100 18 1800 I
material introdução de sinalização de limite de velocidade e velocidade
recomendada;
Construção de barreira física de separação da área de circulação de
Obstrução da via de movimentação por Quedas em altura /soterramento por queda máquinas e os peões, delimitação de via exclusiva para peões;
- 1 10 1 10 III
veículos de material introdução de sinalização de limite de velocidade e velocidade
recomendada
Projeção de
Manuseio de máquinas de perfuração 2 2 10 4 40 III Usos de Capacetes e sinalização de proibição de circulação
estilhaços/Choques/Atropelamento/Ruido.
Elétricos

Manuseio de máquinas de perfuração Contacto directo 2 1 10 2 20 IV Formação dos funcionários e manutenção dos equipamentos

Manuseio de explosivos Radiações não ionizantes 2 1 25 2 50 III Sinalização das áreas de operação, construção de barreiras físicas
Estudo de ruído no posto de trabalho; construção de barreira
acústica, uso de protetor auricular, enclausuramento de fontes
Máquinas de perfuração Temperaturas baixas 10 4 10 4 400 II emissoras de ruido, construção de cabines de comando das
operações de beneficiamento, automação de processos que evitem
contacto do trabalhador com a fonte
Físicos

Manuseio de máquinas de perfuração Temperaturas altas - 2 10 2 20 IV Manutenção dos equipamentos, e formação dos funcionários.
Trabalho ao ar livre, debaixo de
Radiações não ionizantes - 4 25 4 100 III Manutenção dos equipamentos, e formação dos funcionários.
cobertura
Uso de roupas adequadas e mais leves, uso de máquinas com cabines
Trabalho ao ar livre, debaixo de
Humidade 2 3 10 6 60 III climatizadas, utilização de guarda sol/chuvas, descanso em
cobertura
ambientes com temperaturas mais amenas.
Trabalho ao ar livre, debaixo de
Vibrações/ Via respiratória 6 3 25 18 450 II Uso de Máscaras
cobertura
Cheiro de combustível usado nas
Via respiratória 6 4 25 24 600 I Manutenção das máquinas e mascaras e luvas para os funcionários
máquinas
Vias de absorção são a inalatória e via
Químicos

Máquinas de perfuração - 2 10 2 20 IV Manutenção das máquinas e mascaras e luvas para os funcionários


contacto com pele e mucosas.
Via respiratória Via contacto com pele e
Manuseio de explosivos 10 2 10 20 100 II Manutenção das máquinas e mascaras e luvas para os funcionários
mucosas.
Via respiratória Via contacto com pele e Aquisição de EPIs, distribuição de luvas, mascaras, e consumo de
Exposição em sílica 10 2 10 20 200 II
mucosas. leite fresco depois das jornadas.
Trabalhadores de pé durante as horas Desrespeito dos princípios Desrespeito dos princípios ergonómicos Aquisição de cadeiras ergonomicamente adequadas à altura dos
2 4 10 10 80 III
laborais ergonómicos. (Sobrecarga e/ou Postura de trabalho). trabalhadores; introdução de ginástica laboral

11
Tabela 3:3: Matriz de avaliação de riscos de operação de Transporte.

Perigo Riscos ND NE NC NP NR NI Medidas de Controlo


(Fonte/Operações)
Transporte Mecânico Queda em altura/ 4 3 110 6 240 II Implementar meio mecânico de transporte
manual de Queda de objetos cargas, e SIF dos trabalhadores para os
cargas riscos de movimentação manual de cargas.
Transporte de minérios

Transporte de Químico Contacto direto 4 2 25 8 200 II Adquirir mascaras, luvas, e rotatividade


minérios com os minérios das atividades que envolvem a exposição a
sílica dos mineiros; E SIF
Transporte Desrespeito dos Sobrecargas e 2 2 25 4 100 III SIF dos trabalhadores para os riscos de
manual de princípios sobre esforços movimentação manual de cargas;
cargas ergonómicos Implementação de meios mecânicos de
transportes de cargas
Fonte: autor (2024).

12
4. Resultados e discussões

Durante as observações participativas na mina de carvão da Vulcan, constatou-se que a


actividades de operação de mina apresenta de alto risco de acidentes e, que por sua vez,
requerem uma maior atenção e cuidados devidos as causas negativas que podem gerar.
Por meio da aplicação de um inquérito aos trabalhadores da área, foi possível tirar ilações
existentes sobre a mesma.

4.1. Classificação dos riscos no ambiente de trabalho


Riscos Físicos, químicos e ergonômicos

Para a classificação dos riscos perante as frentes de trabalho, constatou-se que os riscos
ergonômicos são reduzidos, porém os físicos e químicos têm maior impacto devido ao
manuseamento de emulsão expulsiva e seus acessórios, bem como a disposição dos
campos de trabalho (mina) e equipamentos manipulados.

4.2. Acidentes na operação de mina


Segundo as informações coletadas, 47% dos inqueridos foram vítimas de acidentes
(queda ao mesmo nível) nas etapas da actividade de detonação de rochas nomeadamente
no fabrico do explosivo-emulsão, carregamento de poços, montagem da rede de
detonação e na vistoria dos blocos detonantes como demostra o gráfico 1.

Esses acidentes são mais frequentes em períodos noturnos, sendo eles causados pelos
seguintes factores:

✓ Fadiga;
✓ Baixa visibilidade
✓ Praças inseguras
✓ Vias de acesso reduzidas, e não sinalizadas adequadamente;
✓ Piso falso e pavimento escorregadio;
✓ Não uso de equipamentos de proteção individual;
✓ Falhas humanas (desvios comportamentais).

13
Tipos de acidentes ocorridos na operação de mina.

0
Obitos

14
Corte e ferrimento

16
Manuseio de cargas explosivas
Factores

Tombamento de equipamentos 7
(carga/transporte/auxiliares)

21
Estabilidade de Leiras e Bermas

42
Queda ao mesmo nivel

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Percentual (%)

Figura 4-1: Tipos de acidentes ocorridos na operação de mina.

Fonte: (autor, 2024).

Como formas a reduzir os acidentes ocorridos, os inqueridos apontam o rigoroso uso de


equipamentos de proteção individual, implementação de sinalização de segurança e a
comunicação entre sectores interligados como opções de soluções prévias.

Pelo facto de ter o rompimento de determinados campos como objectivo principal da


actividade, torna-se crucial a implementação de procedimentos de segurança onde a
sinalização de segurança deve ser olhada de forma cuidadosa.

Para a operação de mina frente de lavra foram adoptados os seguintes procedimentos:

a) Durante o desmonte do minério pelo método de explosivos, é feito um


comunicado 24h antes a todas as áreas afectas a mina;
b) Uma 1h antes da activação de tubos de iniciação (detonação) é feita a recolha da
sinalização de segurança na área de detonação e a interdição das vias e evacuação
do pessoal que se posicionam no raio de acção da detonação;
c) Acionamento longo e contínuo (15 minutos) antes do início da montagem da
malha de detonação;
d) Dois toques longos de 40 segundos com um intervalo de 20 segundos 5min antes
da detonação;

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e) Confirmação de detonação;
f) Por fim, realiza-se a vistoria dos blocos detonados como forma de constactar a
eficiência da explosão e a posterior, coloca-se uma sinalização para autorizar a
recolha do minério e liberação das vias.

Figura 4-2: Demonstração de sinalização.


Fonte: (autor, 2024).

Devido à falta de manutenção das placas, redução de pessoal que produzem a sinalização
e ao estado actual de algumas placas, faz-se necessário criar estratégias de melhorias visto
que esta actividade é de elevado risco para os trabalhadores e vizinhança e impacta
fortemente o meio ambiente.

4.3. Processo de Melhoria da Sinalização e Segurança


O processo de melhoria é constituído por 3 fases, onde a elaboração do mesmo é de
caracter flexível, pois apresenta a possibilidade de haver interligação entre as fases como
mostra a Figura 4.3.

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Figura 4-3: proposta do processo de melhoria da sinalização de segurança.
Fonte: (autor, 2024).

Fase Analítica

Nesta fase, são coletadas todas as informações necessárias quanto às necessidades da


empresa, o problema a ser resolvido, o limite e as condições do projecto a partir do
briefing e o levantamento feito na área em estudo.

Briefing

O briefing é o primeiro passo a ser dado em que há interação entre o projectista, os


profissionais e usuários como forma de elucidá-los sobre o que será feito. Este, deve ser
criado e exposto pelo projectista ou chefe da segurança do trabalho. Após a aprovação do
chefe do sector, é exposto aos directores e membros das áreas afins.

Coleta e Análise de dados

A coleta de dado deve ser feita pelo projectista no decorrer das actividades. Este, realiza
o levantamento das características da área e da sinalização existente e posteriormente
serem analisadas as informações recolhidas.

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5. Conclusão

No período da coleta de dados, por motivo de confidencialidades de alguns processos,


gerou insegurança na maioria dos funcionários. Como resultado, isso poderia ter um
efeito no fornecimento de informações precisas, porque é provável que eles presumam
que a administração avaliaria seu compromisso com a organização por meio das
informações fornecidas.

Pesquisas futuras podem, portanto, explorar as mesmas variáveis da organização como


formas a aprimorar os resultados. A avaliação do relatório feita por especialistas de
segurança, meio ambiente e de minas, fez com que os resultados tivessem maior impacto.

Notou-se também que apesar de muitos funcionários já terem sofrido algum tipo de
acidente na mina maioritariamente por falhas humanas, ainda assim negligenciam a
sinalização existente, praticando actos inseguros.

Durante a pesquisa constactou-se que muitos dos funcionários desconhecem a existência


do plano de sinalização da empresa. Portanto, respeitar a sinalização de segurança, manter
a mesma em bom estado de conservação, primar pela manutenção pré-estabelecida, dar
treinamento quanto aos procedimentos de segurança aos funcionários e tornar permanente
um técnico de segurança no trabalho para inspecionar a área contribui para a redução dos
riscos de acidentes laborais na actividade de operação de mina.

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOTMAS TECNICAS NBR- ISSO 45001: Sistemas


de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho - Requisitos com orientações para uso,
2018.

ARCHER, LB Autobiografia de pesquisa no Royal College of Art 1961-1986 Londres,


Royal College of Art, 2004.

GEVIRTZ, C. Developing new products with TQM. New York: McGraw-Hill, 1994.

GIBSON, D.. The Wayfinding Handbook. New York: Princeton Architectural Press.
2009.

MIGUEL, Alberto Sérgio. Higiene e Segurança do Trabalho, 11. ed, Porto: PortoEditora,
2010.

MIGUEL, A. S. S. R. Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. 13ª Edição. ed. Porto:


Porto Editora, 2014.

MOREIRA, A. Segurança e Saúde no trabalho. Portugal: Lidel- edições técnicas, Lda,


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MURTA, Mariana Gomes. Avaliação da Segurança e saúde ocupacionais no Trabalho


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http://arquivo.ufv.br/dep/engprod/TRABALHOS%20DE%20GRADUACAO/MARINA
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MIGUEL, Alberto. Sérgio. S. R. Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. 13a


Edição. ed. Porto: Porto Editora, 2014.

Organização Internacional do Trabalho Segurança e saúde no trabalho: uma visão para a


prevenção sustentável.Disponível a partir de:http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/-
--ed_protect/---protrav/--- safework/documents/publication/wcms_301214.pdf.

Souza, Ilan Fonseca; Barros, Lidiane de Araújo; Filgueiras, Victor Araújo. Saúde e
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http://escola.mpu.mp.br/publicacoes/obras-avulsas/e-books-esmpu/saude-eseguranca-
do-trabalho-curso-pratico-1. Acesso em: 03 de agosto de 2024.

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