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EXCELENTISSÍMO SENHOR JUIZ DA _ VARA DE FAMILIA E SUCESSÕES DA

COMARCA DE ...

ANA LAURA, menor impúbere, neste ato representada por sua genitora, ADÉLIA,
nacionalidade..., profissão..., estado civil..., inscrita no CPF nº..., RG nº..., ambas
residentes e domiciliadas na..., vem, por seu procurador infra-assinado, com
procuração anexa, respeitosamente, à presença de vossa excelência, propor, com
fundamento na lei 5.478/68 e artigos 1694 e 1696 do Código Civil, a presente:

AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Em face da avó paterna, MARIA DA PENHA ANTUNES, nacionalidade..., profissão...,


estado civil..., inscrita sob o CPF nº..., RG nº..., residente e domiciliada na..., pelas
razões de fato e de direito que passa a expor.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Cumpre inicialmente destacar que a requerente não possui condições de


arcar com os custos do processo sem prejuízo da do seu sustento e de sua família,
conforme declaração de hipossuficiência carreada, razão pela qual requer os
benefícios da justiça gratuita, na forma do art. 98 e seguintes do Código de Processo
Civil e do inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal.

1. DOS FATOS

Inicialmente, cumpre esclarecer que a menor é fruto de um breve


relacionamento entre Adélia e João Antunes. É certo que ambos nunca se casaram,
entretanto, contribuíam paritariamente com o sustento da criança, que vive com
Adélia.
Ocorre que, João Antunes foi demitido de seu emprego e assim permanece
até os dias atuais, não conseguindo mais contribuir com o sustento da filha. Em virtude
disso, Adélia está tendo inúmeras dificuldades com o sustento da menor, visto que é
filha única e seus pais já são falecidos, portanto, não existe ninguém para quem possa
recorrer e pedir ajuda.

Nesta toada, é de conhecimento que João Antunes reside com sua mãe,
Maria da Penha Antunes, avó da menor, que trabalha e possui excelente condição
financeira.

Diante desse quadro, Adélia não detém recursos suficientes para sozinha,
cumprir a responsabilidade alimentar de sua filha. Assim, outra alternativa não restou
senão chamar a avó paterna da menor, Maria da Penha Antunes, para complementar
o dever dos alimentos em espécie, na medida das suas forças e proporcionalidade.

Com isso, torna-se notória a possibilidade de fixação de pensão alimentícia


em favor da criança no valor de um salário-mínimo vigente.

2. DO DIREITO

I. DOS ALIMENTOS AVOENGOS

Os avós, de modo supletivo e excepcional, respondem pelo sustento dos


netos. Isso, claro, havendo condições financeiras para tanto e, igualmente, guardadas
suas proporções. Significa que, na ausência de condições do alimentante, parcial ou
total, bem assim da genitora, aqueles poderão ser demandados na ação de alimentos.

Comprovou-se que, de fato, a genitora não tem condições de sozinha, arcar


com todas as despesas referentes aos alimentos da menor. A mãe, representando a
infante nesta, trabalha, entretanto, não detém qualquer outra fonte de renda.

Nesse sentido é a legislação vigente em seus artigos 1696 e 1698, ambos


do Código Civil e, também, a doutrina, vejamos:

“Na falta de pais, ou se estes estão impossibilitados de cumprir essa


obrigação, pode o filho, sem recursos para sua subsistência, pedir
alimentos aos avós, nas mesmas condições em que os pediria aos pais, a
dizer: sem distinção de sexo e de regime de bens, na proporção dos seus
capitais e na medida das necessidades do alimentário” (J.M. CARVALHO
SANTOS, p.170)

Neste sentido também segue a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS AVOENGOS. DEVER ALIMENTAR DOS


AVÓS. CARÁTER SUBSIDIÁRIO E COMPLEMENTAR. INSUFICIÊNCIA
DE RECURSOS MATERNOS. INADIMPLEMENTO DO GENITOR.
CABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO SOBRE
VALOR DA CAUSA. DESCABIMENTO. A obrigação avoenga de prestar
alimentos é apenas residual em relação à obrigação dos genitores,
considerando que aos pais compete o inafastável dever de sustento,
guarda e educação dos filhos, o qual é corolário ao poder familiar. No caso
concreto, os apelantes buscaram de toda forma, sem sucesso, obter o
adimplemento da dívida por parte do devedor originário e principal
responsável pela obrigação alimentar (execução pelo rito da prisão civil),
esgotando todos os meios de buscar o auxílio que lhes é devido. Além
disso, restou comprovada a insuficiência de recursos maternos para o seu
sustento, bem como a possibilidade dos apelados em prover, ainda que em
patamar módico, auxílio financeiro aos netos (...) (Apelação Cível Nº
70070615976, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul – TJRS, Relator: Alexandre Kreutz, Julgado em 19/10/2017).

Conclui-se, pois, que, devidamente comprovado que o genitor da criança


não possui condições de adimplir a obrigação alimentar, bem como que a genitora
não consegue garantir o sustento integral da criança, será cabível o pedido de fixação
da obrigação alimentar avoenga.

II. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Nas ações de alimentos, é cabível a fixação de alimentos provisórios, nos


temos do artigo 4º da Lei 5.478/68:

“Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a


serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que
deles não necessita.”
No presente caso, em razão das dificuldades financeiras por que passa a
genitora do menor, mister se faz a fixação, como tutela de urgência, determinando seu
pagamento exclusivamente pela requerida.

Isto porque a requerida goza de estável situação econômica e financeira e


deve arcar com as necessidades de sua neta, enquanto perdurar a impossibilidade do
genitor.

A obrigação alimentar perseguida é indispensável à subsistência da menor,


a qual, como na hipótese, não pode esperar meses para serem satisfeitas suas
necessidades básicas.

Posta assim a questão, requer a Vossa Excelência a fixação de alimentos


provisórios, em caráter de urgência, no valor mensal de R$1.412,00 (mil quatrocentos
e doze) para satisfação das necessidades da menor, nos termos desta exordial.

3. DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Que conceda os benefícios da Assistência Judiciária, na forma dos


artigos 98 e 99 do código de Processo Civil;

b) Sejam FIXADOS ALIMENTO PROVISÓRIOS no valor mensal de


R$1.412,00 (mil quatrocentos e doze reais), que deverão ser depositados em conta
de titularidade da genitora da menor, qual seja, Agência..., Conta..., Banco..., sendo,
após sentença, convertida em definitivo.

c) A designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 334 do


Código de Processo Civil;

d) Caso não seja obtida a auto composição ou manifestado


desinteresse por ambas as partes na realização do ato, a concessão no prazo de 15
dias para a requerida apresentar contestação, sob pena de ser considerada revel e
presumidas as alegações de fato formuladas pelo autor, nos termos dos artigos 335 e
344 do Código de Processo Civil;
e) A TOTAL PRECEDÊNCIA dos pedidos formulados, fixando a pensão
alimentícia a ser paga pela requerida à autora, no valor de R$1.412,00 (mil
quatrocentos e doze reais), depositados na conta informada;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial documental, oral e outros que se fizerem necessários.

Dá-se à causa o valor de R$ 16.944,00.

Nestes termos, Pede Deferimento

Local, 02 de setembro de 2024.

Advogado OAB

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