Escolástica Cristã Alaor

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LICENCIATURA EM FILOSOFIA

PRÁTICA DE ENSINO: PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

POSTAGEM 1: ATIVIDADE 1: ESCOLÁSTICA CRISTÃ

Alaor Pereira Nicolau – RA 2107000 – Polo Unaí

Unaí - MG
2021
1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem o intuito de analisar e refletir sobre a filosofia cristã,


popularmente conhecida por “Escolástica cristã”. Esse termo foi empregado em
razão da unificação da ciência e da religião, no período que se denomina filosofia
medieval.
É nesse sentido que este trabalho traz a informação de que a escolástica
foi um movimento filosófico medieval que se desenvolveu a partir das produções
de Aristóteles, surgindo com o objetivo de confirmar a existência de Deus, ao
passo que deslinda alguns fatores que provam tal existência. Em suma, a
escolástica busca justificar a fé a partir da razão.
A religião, especialmente a cristã, tem como fundamento a teologia, a qual
é uma ciência oriunda da fé, que procura dar sentido à espiritualidade ao estudar
um sujeito que é a chave de sua existência: Deus. Por sua vez, a filosofia
procurou evoluir no conhecimento sobre as questões que circundam a
humanidade e nos descobrimentos que poderiam trazer avanços significativos às
pessoas (MARTINS, 2017).
Nesse período, o filósofo mais conhecido foi Tomás de Aquino com sua
clássica obra "Suma teológica", na qual estabelece os cinco princípios para provar
a existência de Deus. Espera-se, portanto, que esta pesquisa alcance o
entendimento sobre a referida Escolástica cristã e seus principais pensadores,
temática que passa a ser analisada a seguir.

2 DESENVOLVIMENTO

Este trabalho foi elucidado por meio da revisão da literatura filosófica, a


qual se dividiu em dois títulos e dois subtítulos.
No primeiro capítulo, é abordado, ainda que brevemente, o período em que
acontece a Escolástica: Idade Média. A partir daí, a filosofia medieval é analisada
sob a ótica de autores como Engelmann (2016), Martins (2017) e Mattar (2012),
que basicamente, versam sobre a consolidação do Cristianismo em tal época.
No segundo capítulo, é analisado o tema central deste estudo: a
Escolástica cristã. Trazendo autores como Silva (2010), Nauroski (2017), Martins

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(2017) e Lacerda (2018), este capítulo subdivide-se em outros dois tópicos, nos
quais são apresentados os dois principais filósofos de toda a Escolástica,
Anselmo da Cantuária e Tomás de Aquino. Em síntese, esses teóricos trazem a
proposição de que, o fenômeno Escolástica cristã, defende a harmonização da
ciência e religião no contexto escolar.

2.1 Filosofia Medieval

Desenvolvida na Europa durante o período da Idade Média, a filosofia


medieval objetivou expandir e consolidar o Cristianismo na Europa Ocidental.
Visto que a Idade Média foi um período de longa duração, a filosofia medieval foi
dividida em quatro distintas fases: 1ª) Filosofia dos Padres Apostólicos; 2ª)
Filosofia dos Padres Apologistas; 3ª) Patrística, e 4ª) Escolástica, sendo esta
última o ponto central deste trabalho.
A filosofia cristã é vista como um marco da filosofia medieval. O segundo
período que vai do século IX ao século XVI é destacado pela influência dos
pensamentos aristotélicos e pela tentativa de conciliar a religião com a filosofia
(ENGELMANN, 2016).
No início do Cristianismo, os cristãos passaram de meros seguidores
religiosos a participantes ativos do culto oficial do Império Romano, difundido pelo
Mar Mediterrâneo. A Igreja, então, se desenvolveu e firmou raízes. Chegado o
período que ficou conhecido como Idade Média, a Igreja empenhou-se no
fortalecimento de sua relação com o mundo exterior, buscando unificar a fé e a
razão. Contudo, a argumentação em prol da fé e dos fatos divinos não se limitaria
somente às Escrituras Sagradas, mas também às concepções filosóficas. Assim,
a cristandade se beneficiaria do conhecimento divino e humano, tendo como base
as ideias de Aristóteles (MARTINS, 2017).
Por mais que muitos teóricos insistam em chamar a Idade Média de “Idade
das trevas” – expressão que, por sua vez, é obsoleta e pejorativa – não se pode
negar as contribuições que advém desse período, como por exemplo, a
harmonização entre a consciência cristã e a razão filosófica, fato que possibilitou
ao homem um papel ativo na produção do conhecimento.
Segundo Martins (2017), a transição do século V para o século VI foi o
cerne da Idade Antiga e da Idade Média. Nessa passagem, um novo sistema se

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instaurou: o feudalismo, cuja organização motivou uma nova cosmovisão, a qual
trouxe a teologia medieval subdividida em duas outras fases. Entre os séculos VI
e X, ocorreu o que se chamou de Alta Idade Média e, entre os séculos XI e XV, o
que se denominou de Baixa Idade Média. Após esses eventos, deu-se início ao
Renascimento e a cristandade foi intensificada, tendo como ponto inicial a fé, e
como ponto final, o dogma integral. Com isso, a filosofia medieval se propagou,
chegando ao seu auge no século XIII com Tomás de Aquino, que, dialogando
com o pensamento aristotélico, estudou as Sagradas Escrituras, e apresentou a
possibilidade de “racionalizar” a fé no contexto universitário (ENGELMANN,
2016).
Cumpre ressaltar que, a verdade filosófica surge na Idade Média, muitas
vezes, articulada em função da teologia, vinculada ou subordinada a ela. Nesse
tempo, o conhecimento era de caráter filológico, isto é, todos os conhecimentos
serviam para facilitar a leitura dos registros bíblicos, a fim de deslindar a palavra
de Deus nas Escrituras Sagradas. Logo, a filosofia medieval diferencia-se da
filosofia antiga especialmente pelo predomínio do cristianismo, que, tendo como
base uma estrutura sociopolítica e religiosa, determinou os critérios nos quais a
filosofia pôde se desenvolver (MATTAR, 2012).
Refletir sobre a filosofia medieval é, portanto, refletir sobre a íntima ligação
da filosofia grega com a religião, sobretudo, a religião cristã, na qual buscou
fortalecer essa relação no âmbito universitário, fenômeno que vem a ser chamado
de “Escolástica cristã”, que passa a ser analisado no tópico seguinte.

2.2 Escolástica Cristã

Para falar sobre a “Escolástica cristã” faz-se importante apresentar o seu


conceito, bem como a sua origem. Nesse sentido, será feita uma incursão aos
domínios literários da Filosofia medieval, período da filosofia em que se encontra
o chamado escolasticismo.
Com o enfraquecimento da Patrística – terceira fase da filosofia medieval –
que se baseava nas ideias filosóficas de Platão, surgiu um novo conjunto de
pensamentos cristãos, a “Escolástica”, que teve como influência as ideias de
Aristóteles (NAUROSKI, 2017).

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Nas palavras de Silva (2010, p. 194), “a Escolástica foi a filosofia na qual
se baseou todo o pensamento erudito medieval, ditado pela Igreja Católica”.
Fundamentado nas concepções de Aristóteles, esse fenômeno buscou analisar as
revelações divinas. Mas, como nem tudo são flores, a Escolástica sofreu intensas
críticas, especialmente no que se refere à hermenêutica, à literatura e à
interpretação dos textos sagrados (SILVA, 2010).
A Escolástica, como uma escola do pensamento cristão, demarcou o
período que vai do século IX ao século XVI. De certa forma, esse período ilustrou
a ação estratégica de Carlos Magno, imperador coroado pelo Papa Leão III, de
planejar um sistema educacional sob a guarda da Igreja. Assim, a doutrina
católica ganhava notoriedade, ao passo que promovia sua ideologia de validar e
perpetuar a visão de mundo cristã (NAUROSKI, 2017).
Em outras palavras, a Escolástica foi um movimento de ensino que buscou
tratar das questões ligadas à religião, de modo que a filosofia ganhasse espaço
nas reflexões acerca da fé cristã e da razão.
Quando se traz ao diálogo o tema “Escolástica cristã”, é muito comum vir à
tona o nome de Tomás de Aquino (1225 – 1274). Se Tomás de Aquino é o nome
com maior relevância para versar sobre a filosofia cristã, é certo que quase todos
concordam. Porém, é justo denotar que outros teóricos também contribuíram não
só com a introdução, mas também com o desenvolvimento da referida questão.
Estudos apontam nomes como Carlos Magno, Anselmo da Cantuária, Pedro
Abelardo e Guilherme de Ockham, como demais pesquisadores do fenômeno
supracitado (NAUROSKI, 2017).
Todavia, tem-se como o teórico mais conhecido desse período, Tomás de
Aquino, um dos maiores mestres da filosofia medieval e o maior expoente de toda
a Escolástica, cujo objetivo foi estudar e discutir as ideias de Aristóteles e,
simultaneamente, construir os seus próprios entendimentos, os quais interagiram
com as produções do filósofo grego e com o Cristianismo (LACERDA, 2018).
Os escolásticos eram os especialistas em artes liberais, filosofia e teologia.
Nessa época, Carlos Magno esquematizou e dividiu as escolas em: a) monacais:
inerentes aos conventos; b) episcopais: sob a responsabilidade dos bispos e, c)
catedráticas e palatinas: fixadas aos palácios, que necessitavam de apoio político.
Estas últimas foram instituídas a partir de disciplinas ligadas à literatura, às artes
e aos estudos bíblicos (MARTINS, 2017).

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Doravante, as provas sobre a existência de Deus já não eram mais
suficientes, necessitando, agora, de uma concepção lógica que sustentasse as
declarações contidas na Bíblia. Renunciando a via apofática, isto é, o critério de
revelação bíblica e do mistério, a teologia aderiu a via catafática como
instrumento de entendimento das arguições sobre Deus e sua existência. Assim,
a lógica aristotélica-cristã tornou-se obrigatória nos estudos. A leitura (lectio) dos
escritos da tradição cristã era a primeira ação do aluno, sem essa conduta não
existiria meios que possibilitassem o debate (disputatio) referente aos
fundamentos da fé e da razão: teologia e filosofia. Grandes pensadores como
Carlos Magno (742 – 814); João Escoto Erígena (810 – 877); Anselmo de Aosta
(1033 – 1105); Pedro Abelardo (1079 – 1142) e Tomás de Aquino (1225 – 1274)
consolidaram um estudo teológico mais filosófico e menos bíblico (MARTINS,
2017).
A expressão “escolástica” está associada ao método de ensino da doutrina
cristã. Seu estudo era feito nas instituições educacionais da época, e o ensino dos
professores ficou conhecido como escolástico. Basicamente, o currículo que tinha
como forma de ensino uma metodologia dialética, abrangia o estudo de gramática
e retórica, além de matemática, aritmética, astronomia, geometria, artes e música.
Os educandos eram estimulados a apresentações com formato de tesinas, ou
seja, apresentavam um conjunto de argumentações relacionadas a um tema
específico proposto pelo professor, e assim, se iniciavam as reflexões e os
debates nas escolas (NAUROSKI, 2017).
Nauroski (2017, p. 100) afirma ainda que, o período escolástico simboliza
uma conquista do aristotelismo na teologia cristã, visto que o contexto de sua
evolução informa uma transformação no arquétipo de pensar a razão e a fé, uma
tendência que marcou a época e validou a lógica e a experiência como fontes de
conhecimento.
Historicamente, divide-se o pensamento escolástico em três períodos. O
primeiro deles denomina-se de pré-tomista, tendo nomes como os de São Pedro
Damião e São Bernardo de Claraval, que preservaram a tradição mística. O
segundo traz o domínio de Santo Tomás de Aquino e a repercussão de seu ponto
de vista na reformulação da doutrina cristã, enfatizando ainda a figura marcante
de Santo Anselmo da Cantuária. Já no terceiro e último período, a escolástica
complementa o seu repertório com as reflexões de Scoto Erígena sobre as

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questões universais. Esse período ainda foi marcado pelas contribuições de
Roger Bacon, Duns Scoto e Guilherme de Ockham (NAUROSKI, 2017).
Sejam quais forem as causas ou os argumentos que levaram esses
autores a analisarem a lógica filosófica cristã sob um viés crítico-reflexivo, é
possível inferir que alguns deles se destacaram mais do que outros. Contudo,
todas as interpretações vão à busca do mesmo princípio: conciliar a filosofia e o
cristianismo.
A fim de aprofundar este estudo, o próximo tópico encarregar-se-á de dar
ênfase a dois dos pensadores escolásticos, Anselmo de Aosta e Tomás de
Aquino.

2.2.1 Anselmo de Aosta

Anselmo de Aosta foi um dos maiores pensadores cristãos. De


naturalidade italiana, compôs de forma acessível obras que contemplaram a
teoria aristotélica.
A filosofia medieval sempre sentiu a necessidade de legitimar a relação da
fé católica com a filosofia. No legado da filosofia cristã tem-se a contribuição de
Anselmo de Aosta, ou ainda, Santo Anselmo da Cantuária. Suas concepções
sobre as orientações da Igreja contribuíram para que ele se tornasse arcebispo da
Cantuária, cidade que viria a ser o principal centro religioso do Reino Unido
(NAUROSKI, 2017).
Em seus trabalhos, destaca-se sua maior produção filosófica: a prova
ontológica da existência de Deus. Em suma, o argumento ontológico, escrito entre
1777 e 1778, por Santo Anselmo da Cantuária, ilustra cinco fatores, tais quais: 1°
- podemos pensar em um ser maior do que qualquer outro; 2° - a realidade é
muito maior do que se possa imaginar; 3° - o ser no qual pensamos pode existir
na realidade; 4° - para que esse ser seja o maior, ele deve existir em nossa mente
e na realidade, e 5° - logo, o ser em que pensamos e que, de fato, existe, é Deus
(NAUROSKI, 2017). De outra forma, o que Anselmo quis explicar é que, o
homem, mesmo sendo um ser finito e imperfeito, consegue pensar em outro ser
maior que tudo e todos. Assim, Deus como ser perfeito e infinito, deve ser a causa
desse pensamento.

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Para entender a obra mais popular de Anselmo, basta fazer uma
consideração sobre a ideia de que é fundamental crer para compreender. Em sua
análise, a teologia, apesar das disparidades em sua estrutura, é determinada pela
fé, sendo, portanto, uma atitude inteligente do que se pretende apreciar
(MARTINS, 2017).
Martins (2017, p. 24) ressalta que, para Anselmo, Deus é um ser o qual
não se pode pensar em nada maior, logo, a razão deve estar subordinada à fé.
Deus seria o fundamento de todas as coisas e de todas as criaturas, como um
elemento maior do que a própria capacidade de pensar.
Em seu argumento ontológico, Anselmo declara que não busca antes
compreender para crer, mas sim crer para compreender. Por amor, a fé procura
conhecer a verdade e, por isso, é perfeitamente possível relacionar a fé e o
pensamento.

2.2.2 Tomás de Aquino

Na mesma linha de raciocínio de Anselmo, mas sob a orientação de


Aristóteles, Tomás de Aquino refinou o debate sobre as provas da existência de
Deus.
Santo Tomás de Aquino, como era chamado, se destacou como estudioso,
e recebeu um convite para se tornar mestre na Universidade de Paris, onde atuou
por mais de dez anos. Entre suas obras mais populares, encontram-se: Questões
disputadas da verdade escrita (1256); Suma teológica (1265-1274) e, Sobre a
eternidade do mundo (1271). Todo o seu empenho levou-o a ser um dos mais
célebres teólogos e santos da Igreja, a ponto de receber o título de Doutor
Angelicus (NAUROSKI, 2017).
Papa Pio V, que o declarou doutor da Igreja, teria dito que cada página de
sua Suma teológica era um milagre e um presente na formação de toda a
cristandade. No rol de suas obras, Tomás de Aquino não só formulou uma
teologia natural, como também versou sobre ética, direito, metafísica e sobre
teoria política (NAUROSKI, 2017).
Em sua clássica obra “Suma teológica”, Tomás de Aquino propõe, sob a
ótica da linguagem e da filosofia aristotélica, uma teologia a posteriori das provas
da existência de Deus. São cinco vias: 1) Do movimento ao motor imóvel: tudo

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o que se move é movimentado por outro que, da mesma forma, recebe o auxílio
de outro, e assim, até alcançar o motor imóvel que movimenta todas as coisas por
si só: Deus; 2) Das causas à causa eficiente: qualquer causa tem outra causa.
Essa causa eficiente que ocasiona todas as outras, também é denominada de
Deus; 3) Do contingente ao necessário: existe a necessidade de um ser que
seja por si só necessário e que seja o motivo da necessidade do outro. Esse ser é
o que se chama de Deus; 4) Dos graus à perfeição: os graus de perfeição se
posicionam diante das coisas finitas como intimação de concretização. Há alguma
coisa perfeitamente boa e agradável em direção a tudo. Isso se chama Deus; 5)
Da ordem do mundo: os seres desprovidos de inteligência perecem na
desordem, mas estendem-se à ordem perfeita. Essa inclinação decorre de um ser
consciente e perspicaz pelo qual todas as coisas são classificadas. A esse ser dá-
se o nome de Deus (MARTINS, 2017).
Entende-se que, para Tomás de Aquino, a conformidade entre a razão e a
fé é a prova concreta da interação entre Deus e o homem, pois se todo
conhecimento vem de Deus, os pensamentos do ser humano, ainda que
imperfeito e limitado, mantém-se em torno do princípio maior de todo saber: Deus.
Tomás de Aquino conferiu à teologia uma teoria epistemológica,
diferenciando-a de qualquer outro tipo de conhecimento científico. Para Tomás, a
Bíblia é a ciência que tem Deus como objeto de estudo. Simultaneamente, ela é o
próprio discurso sobre Deus e a realidade na qual se assegura um princípio: a
teologia (MARTINS, 2017). O pensador filosófico distingue a teologia bíblica da
teologia filosófica e enfatiza que a teologia bíblica é concebida por princípios
revelados pelo próprio Deus. No entanto, Tomás de Aquino, sendo um
escolástico, se interessa mais intensamente pela teologia filosófica.
O maior expoente da filosofia cristã nomeia a teologia de “primeira filosofia”
ou “metafísica”, à medida que assevera que não há contradição entre a verdade
da razão, da filosofia e da fé. À vista disso, o ser humano busca estar sempre
aberto á transcendência, à apreensão e à legitimidade da verdade divina
(MARTINS, 2017).
Na tentativa de relacionar as correntes filosófica e teológica, Tomás de
Aquino ressalta que, embora sejam independentes, são interdisciplinares, e por
isso seria totalmente aceitável organizar uma síntese entre a revelação divina e o
conhecimento (MARTINS, 2017).

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Os pensamentos de Tomás de Aquino nos leva a compreender que, para
serem conhecidos, os objetos exteriores passam por um processo de construção
e síntese. Tudo se inicia com o olhar que traduz a materialidade. A continuação
dessa experiência permite ao ser humano abstrair as características comuns aos
objetos e, por fim, formular conceitos sobre eles (NAUROSKI, 2017).
Nesse sentido, o que é realmente essencial, só pode ser visto e
compreendido de modo limitado em sua materialidade pelos sentidos. Contudo,
sem a razão, dificilmente seria possível enxergar a essência de cada objeto.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a apresentar as reflexões acerca da Escolástica


cristã, que foi um movimento do período da filosofia medieval baseado nas
concepções aristotélicas. Esse movimento buscou fazer a junção da fé e razão,
almejando explicar os elementos teológicos.
Entendeu-se que, a escolástica faz parte da época que muitos teóricos
chamam de Idade das Trevas, mas que de “trevas” não tem nada, pois tal
nomeação se mostra, nos dias atuais, obsoleta e um tanto pejorativa. Resumindo,
a escolástica apenas quis deslindar a fé em busca da inteligência.
Visto que, as reflexões acerca da temática tiveram o intuito de justificar a fé
a partir da razão, ao passo que almejou provar a existência de Deus sob o
argumento ontológico de Santo Anselmo da Cantuária, pôde concluir que a
temática da união da fé e da razão, nada mais é do que, a razão a serviço da fé e
a fé a serviço da razão, e nesse caso, a razão centrada nas ideias de Aristóteles
deu origem ao fenômeno chamado de o “Auge da Escolástica do século XIII” com
Tomás de Aquino e sua maior obra “Suma teológica”.
Buscou-se, portanto, fazer uma síntese de alguns pontos da Escolástica e
apresentar seus principais pensadores. Contudo, um período tão rico quanto a
Filosofia cristã não se pode limitar a apenas isso. À vista disso, esta pesquisa não
se esgota aqui, convidando entusiastas da filosofia medieval a continuar o debate
e expandir o conhecimento.

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REFERÊNCIAS

ENGELMANN, Ademir Antonio. Filosofia. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes,


2016.

LACERDA, Tiago. Deus como problema filosófico na Idade Média. [livro


eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2018.

MATTAR, João. Filosofia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.

MARTINS, Jaziel. A relação entre ciência e religião. [livro eletrônico]. Curitiba:


InterSaberes, 2017.

NAUROSKI, Everson Araujo. Entre a fé e a razão: Deus, o mundo e o homem na


filosofia medieval. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2017.

SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de conceitos históricos. 3ª ed. São Paulo:


Contexto, 2010.

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