Hermenêutica

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A hermenêutica, enquanto teoria da interpretação, surge no contexto do

Renascimento e se intensifica com a Reforma Protestante e a recepção do


direito romano. Embora questões sobre a interpretação já estivessem
presentes na filosofia anterior, como na obra de Aristóteles, o termo
"hermenêutica" como uma disciplina específica aparece só em 1654. Desde
então, a hermenêutica se divide em três áreas: a sacra (interpretação das
Escrituras), a juris (interpretação jurídica) e a profana ou filológica
(interpretação dos textos clássicos).
Esses pilares da hermenêutica tinham como objetivo principal à correção da
compreensão, buscando superar distorções ou mal-entendidos acumulados
pela tradição, seja na Bíblia, na literatura clássica ou no direito romano. No
entanto, essas hermenêuticas eram mais práticas e didáticas, com
metodologias baseadas na gramática e retórica, e não tinham uma intenção
filosófica profunda.

No contexto jurídico, a hermenêutica ainda é vista por muitos como uma


disciplina auxiliar, especialmente no Brasil, onde muitos conceitos continuam a
ser influenciados por modelos mais antigos. A abordagem clássica, como o
"método gramatical" já não tem mais a mesma relevância no mundo
contemporâneo.
A hermenêutica moderna, no entanto, se estabelece como uma filosofia que vai
além de um simples repositório de métodos. Com Friedrich Schleiermacher, a
hermenêutica atinge seu status filosófico, sendo vista como uma teoria
universal do compreender. Ele propôs que a interpretação correta de um texto
exige uma "comunhão de subjetividades", onde o intérprete deve superar seus
preconceitos e tentar se alinhar ao espírito do autor. Para isso, o intérprete
deve compreender tanto a parte quanto o todo do texto, estabelecendo um
círculo hermenêutico entre tudo.
Assim, a hermenêutica contemporânea, propõe uma nova abordagem, que não
vê a interpretação como um ato de domínio sobre o texto, mas como uma
dialogicidade entre o intérprete e a tradição, o que abre a interpretação para
uma pluralidade de perspectivas e para a interação entre sujeitos.

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