Altura Cadernosde Poesia N2

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CADERNOS DE POESIA

Direcção de MAYA VILLAÇA

EDIÇÕES ALTURA

ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA, LIMITADA


PÔRTO
CADERNOS D.E POESIA
o ·i recção de

MAYA VILLACA
,
j

•·

'
CADERNOS .DE. POESIA

II

Colaboram:

Amândio César
António Pereira
-, António de Sousa
Campos de Figueirêdo
Carlos Queiroz
Carmo Vaz
José Moreira
José Palla e Carmo
José Régio
Lorenzo di Popptt
Manuel Terroso
Miguel Trigueiros
Pedro Homem de Mello
Raínho
Saúl Dias
JOSÉ RÉGIO

O PEGO

Nadador que ao nadar, sem desistir, sentisse


Chupá-lo, como polvo informe, o pego imundo,
Ao mesmo tempo estou nadando à superfície
E mais me afundo ... em quê ? e desço para o fundo ...

De costas, vejo o azul, agito os pé;; e as mãos,


Sinto nadar os mais, gozo ~ ar e as ondas, vou,
Multiplico, à flor de água, os movimentos vãos,
Mantenho-me .. . porém, que fundo ou que alto·estou!
.
Porque o céu que é, lá'cima, essa tranqüila curva
De bom setim azul, que tão bem faz olhar,
Se me abre a mim de tmais, se liquefaz, se turva,
Se encrespa, e me atrai como um outro e maior mar ...

A' flor da água em que nado, opresso e falso, agito


Qs pés e as mãos dum corpo a que me alheio ... ,
[embora
Lute, abafando um fundo, interminável grito,
Por me agarrar a êle e a tudo o que é de fora .. .
I

O pego que me atrai sob a flor de água em que ando


Seduz-me, como essoutro, azul, que se abre em cima;
E, suspenso entre tais fôrças ig uais, nadando,
Eu sinto que já só fingir nadar me anima.
Os meus irmãos que ao pé dum tal nadar tremendo
Nadam, mas naturais, como uma alga ou um peixe,
Fugiriam, sentindo os pegos perto-.e vendo
Que é um cadáver, já, que entre êles inda mexe.

Mas não! não vêem nada! e falam-me, e eu res-


[poµdo
Aos ecos duma voz que vem como chegada _
De cá de onde inda estou, sem ser de cá, compondo
Um ar-.d e :também, ser· dos que não vêem nada ...
t •••
•i .

. /

< >

......

...
• - I

., .

'.·
CARL OS QUEIROZ

CANÇÃO .DEPRESSA

Tudo ·agora é breve


E pressa, depressa,
Que importa que esqueça'?
Tudo agora é breve · ·· ·
Mesmo o que se escreve.
Mesmo o ·que .se sente.
Tudo é breve agor~. ·
Ninguém está contente
E mente quem chora.
Tudo é breve agora.
Não há nada lento. . . .
Roubaram ao tempo
O tempo que êle teve.
' . Tudo agora· é 'breve
Só dura um momento.

Fàça sol ou neve


Com juízo ou louco
Dôa muito ou pouco
O tempo não chega
Tudo agora é breve.
Que importa que esqueça.?
V amos sem demora
Vamos sem viver.
Tudo é breve agora
E pressa, depressa
- Pressa de morrer.
- - - - - - - - - - -.. --~------=-
.,--

CERTEZA

A paisagem fugiu.
A vida ficou des~rta.
As almas ficaram nuas
Tiritando de frio. .

Os sentimentos dispersaram-se.

Ficou o ódio, só. (Para quê? Era inútil!


Sozinho,____sem sentido, indómito, grotesco) ...

Quem se atreve a dizer: - Olha um anjo no céu?


- O homem sabe que não tem mais sonhos
E nem esconde às crianças
Essa grande miséria.

M~s as crianças continuam a brincar.


Mas os poetas continuam a cantar.
Porque o mistério venceu.
AMÂNDIO CÉSAR

ESCOLA VAZIA

Eu fui lá nesse dia, --como nos outros dias,


só para ver, mas ver como se fizesse parte,
as crianças brincar e saltar, despreocupadamerite.

Os jardins estavam vazios de gritos infantis


e um bibe verde-claro, ficou-se
balouçando, no braço estendido
de qualquer arbusto, ao acaso .. .

Os jardins estão vazios e mesmo os bancós


não têm ninguém sentado;
um livro aberto, cadernos pelo chão~
e uma pena que rolou por rolar
e está espetada como uma seta.

Só acácias tristes balouçam ao vénto,


balouçam e vão caindo, e o vento continua
balouçando;
só a escola está vazia,
enquanto os aviões continuam passando, passando ...

DUNQUERQUE

Dunquerque foi isto,


isto e nada mais :
mil corpos de Cristo
rasgados por chacais.
"')

FOI SEMPRE ASSIM ...


Agora· que tudo sabe a sangue,
a pólvora e a morte,
ninguém me peça outro lirismo que não seja
a súplica de .um rosto exangue,
o rast~jar tão baixo como a terra
e um .olhar tãõ vago como o norte
. de onde virá o fim da guerrél: ~ ..
Sim, ontem .. . mas onde estávamos todos
que .ficamos calados?
Onde os nossos cantos,
onde as nossas pragas,
e de nossos prantos
Todos descuidados !
Era fácil a vida onde tudo sucedia,
como num romance bom,
' à noite o dià. ...
então ?
V eio o sangue, a pólvora, a morte,
em que nunca acreditamos! '
E depois de duvidar ... choramos.

·, TURISMO DE GUERRA
Montes escarpados
qúe fora~ de turismo, _
em cada ravina escondem a morte
que passeia na terra ...
A imagem ·sangrenta do heroísmo,
sôbre o cartaz
da propaganda de guerra. .·
LORENZO DI POPPA

ENCANTOS

Sacudo a desacostumada embriaguês


e, pasmadas, entreabrem·se névoas,
no horizonte. Caminho sem ruído,
sombra noturna, e nem a injúria
de meus irmãos me sacode,
nem vozes de morte no sangue.
Rio para o longe a coisas que não vejo ..
Caminho sem ruído,
para não despertar alguém que sonhe,.
e vou para caminhos incertos.
Oh o meu menino - o menino
que eu fui - regressando do tempo
com os olhos encantados de incurável
engano!... Sussurros de vento
tornam a contar as coisas de um dia,
tornam a _.dizer os cantares suspensos
do pânico. Caminhos incertos
pelos jardins que renascem
da adolescência. Castidade da hora.
Murmuram rios, caminho
ao mar desconhecido,
caminho sob estrêlas.
QUEDA
Porque te apeteceu subir muito alto,
forçar o sonho, fugir à terra viscosa
e com olhar crédulo
enamorar diáfanos fantasmas? .. .
Agora, precipitada, encontras-te flôr do solo
suspensa sôbre o lôdo,
e um rio de pranto inútil 1
jorra dos olhos iludidos, alma.
Semelhante ao floco de nuvem branca
separando-se em ânsia de altura,
fujo dos ventos enquanto chora
negro sôbre a planície esquálida·

CAMINHOS

E tu voltarás pela tua estrada


solitária, sem árvores nem sebes
de espinheiros e sem pedras e sem
espinhos: via solitária atravez dos campos
planos, que não se sabe onde conduz,
nem donde venha ou porque seja. Longínqua, /
além o olhar, o desejo e o sonho,
oh, longa marcha inútil,
com o coração nas mãos como velho pêso
odiado e querido, e com as pernas cansadas
de muitos anos!... Nem ao sol luminoso
te destinas, ó alma [ Noturna
caminharás - fantasma de leve claridade
de lua - e o teu irmão
não estará contigo a levar-te pela mão.
MIGUEL TRIGUEIROS

MOMENTO

Vamos, dá-me a tuà mão.


Deixa a noitinha tecer
A teia do silêncio em derredor.
Não digas que sim, ou não,
Deixa o silêncio crescer,
Aspira-o, como aspiras uma flor ....

Um momento apenas, querida.


Para que serv:e falar ,
Quando fala em nós a vida?

Ah, como é bom descansar!

INVOCAÇÃO

Senhor, dá-me as palavras exactas!


Nem mais nem menos do que deva ser.
Nada de ·frases torcidas e abstractas;
Nada de imagens de côres baratas:
Abrir a alma como um livro
e ler.

,,
-
..,., /
1

f
Ai,.. a caridade feita de· exterior,
Muitó solene, muito silabada,
Muito bem pesada, • ' 1

Muito dentro do orçamento,


Como se houvesse racionamento
De amor!

Ai, a caridade feita de encomenda,


Com escrituração de compra e venda!

Ai, a caridade com a pedra no sapato!

Ai, a caridade bem .c onservadinha ...

. . .Como a ve1ha que tinha um gato


E debaixo da cama o tinha!
SA ÚL DIAS
;..

DUAS PO ESI'AS

I
. .
Teus jovens anos floriram -nos meus braç'os
e eu. tive uma bra.çada ·de flores
numa manhã de Maio.

O sol caíu então num ligeiro desmàio,


escurecendo a terrá
e ocultando
. as lágrimas de orvalho das ervinhas rasteiras.

E o teu corpo foi também o mês de Maio


com cheiro a madre-silva e rosas trepadeiras.

II

No teu chapéu de palha


há um pequenino ramo de flores artificiais,
mas tã:o verdadeiras,
tão reais ...

Abenço'}-das as roseiras
que dão rosas artificiais [ ...
RAÍNHO
....

NEVOEIRO

Barqueiro das margens do rio


onde o sonho é a paigem,
passa o vento, passa o frio
e · nunca fazes paragem.
,
Es mais do rio que da margem,
és mais sonho do que rio,
és mais brisa do que aragem,
és menos frio .que o frio .. .

Barqueiro da barca perdida,


pára os remos que o vento quebrou,
pára o velame que o vento rasgou,

Pára a mastreação partida!


Barqueiro da margem do rio,
que és menos frio que o frio .. .
MARINHEIRO DEFUNTO
Fica no ondular do leme
e vai perder-se pelo costado,
·mas fúria na vela que geme,
como a de um navio desmantelado ...
Passa no ondular do leme
e vai quebrar-se pelo costado,
mas parte no mastro que geme,
como o de um navio desmantelado ...
Cai no ondular do leme
e vai alongar-se pelo costado,
mas afasta na quilha que geme,
como a de um navio désman telado ...

DISFARCE DE UM CANTO PAGÃO


. (

Fecha essa janela,


tranca bem as portas
e g.uarda as arrecadas
e os aneis com elas,
más esconde a arca
tranca bem a porta,
guarda bem a arca.
Foge para casa
' mas foge depressa
e guarda as arrecadas,
mai-Io coração
na arca do canto,
mas foge depressa
e guarda-o bem.
Os teus olhos são bonitos
mas nada de pranto:
esconde-os como O$ brincos
na arca do canto.
~~echa essa janela
e fecha-te em casa
e guarda-te bem;
tranca bem a porta
e tranca o telhado
cuiqado ... cuidado ...
Cá fora não há luar
. , na rua:
nem se ve" ninguem
e há pouca gente que saiba
Quem foi que roubou a lua ...
E encobertos pela noite, .
con10 não houve luar,
roubaram o manto à Virgem
que dorn:iia num altar
PEDRO HOMEM DE MELLO

BODAS VERMELHAS

Fere-me, vá! Vem a mim Pôvo!


Com teu espírito grosseiro!
Teu corpo de acre vinho novo
De que me causa náusea o cheiro!
Eu seja o último céguinho f
V em a. mim pôvo f E o amor que minta!
Vem com _as manga~ plumbeas de linho
E com a faxa vermelha à cinta!. ..
Ai dos prodígios de beleza!
- Beleza surda que nos mata!. ..
Vem a mim pôvo! de carne prêsa
Aos écos cínicos da prata!. ..
Com tua dança que não é tua, ,
Com o teu desejo inconsciente',
Sombra do mar, do ·sol, da lua
A lembrar bichos que ~embram gente!. ..
Com teu olhar que não vê nada
A não ser pau que se descubra,
Com a tua bôca espêssa e rubra.
Com tua mão curta, pesada,
Fere-me, vá! Destroe a alvura
De meu altar de sonhador! ...

- Que a noite, a minha noite escura ·


Em sangue mude a sua côr !. ..
CARMO VAZ

NOTURNO

Ai quando o quéro
E não posso.
E contorço, retomo e persisto.

Ai quando o anseio
E não toco.
E suporto, noto e não insisto.

Ai o mel das falas suaves !


(Quem me disse que eras tu,
Se eu bem no soube, sempre?)

Ai a fome que é tanta,


E não consqme, nein já espanta
Esta mágua~ 'molhada em pranto
Que nasce em todo o .desencanto.

Ai o sonho que me sonharam


E o pêso do dever
Que aos ombros me lançaram.

Como foi, como foi


Que te eravaram os olhos, "'
Te vasaram ás entranhas
E te puseram a bailar ao vento ·
Com palha por dentro?
Ai que eu já nem quero
O que posso,
Mas que sempre espero ...
E ainda troço
Desta espera torturada
Da madrugada
Que não há-de vir. /

BAILADORA DE SARI
Longe, muito longe,
Perdida na noite dos tempos,
Esbrazeada, hierática, antiga,
Ela baila para mim . ..

Flôr de Lótus,
No charco do meu sonho,
Nascida no meu peito,
Fecundada em meu sangue,
Sombra anil do meu anseio,
Ela baila . ..
E a curva do peito
Traça no ar a graça
De u m ·puro geito
1
Que breve perpassa.
Suave, suavemente,
Tange na noite crua
A viola, resto triste
Do rito antigo, milenário.
,
O bailadora de Sari, bailadora triste !
Se eu fôra a sombra de melancolia
Que bóia no teu olhar que implora ...
CAMPOS DE FIGUEIRÊDO·

ESP1RITO

Esta flor delicada,


De que me· v,ale?
Só nie devo o mal !

Esta flor delicada


Que não veio do sangue, nem da raça,
' .
E a minha desgraça.
Quando eu nasci beijou-me a luz de um astro
Que se apagou na madrugada .. .
Ai de· mim! e nasceu esta flor delicada.

POEMA
Eu sei que um dia irás, calada e pálida~
Pôr flores no meu coval.
Ah, mas por Deus, não chores uma lágrima!
Chama por mim, baixinho... . :-
Então verás as pétalás das rosas,
Dos lírios, das violetas, dos crisântemos,
acesas como estrêlas!
Sou eu que me ilumino
Lá no· fundo da noite,
Para te ver no meu caminho!
ANTÓNIO DE SOUSA
~

CHARADA

O anjo acordou tarde.


Já corridas as cortinas do céu,
iam os s6is a caminho,
cofiando as Ígneas barbas.
Nem teve tempo de pentear as barbas ...
(Chamava-o cá de baixo o sino aflito.)
Desceu
. num vôo a pique,
suspirou,
sem .dar por tal f êz um tonneau,
e aterrou no telhado pacato.
O «Tigre> ªbriu um ôlho turvo,
inquieto
diante daquela pomba que não podia caçar.
(Comer os deuses é façanha de 'homens!. .. )
Por baixo do telhado havia uma trapeira; ·
na trapeira, entre outras coisas, havia uma cama;
na cama havia um homem a bocejar.
- Serihor doutor!
(Era a criada com o pequeno almôço e o jornal.)
-O anjo espreitava pelo alboio,
e quando o homem, regalado, acendeu um cigarro,
fêz-se um novelhinho de fum'o,
e ao primeii-o sorvo entrou-lhe para a alma.
Depois o melhor da história começou.
O anjo era um anjo bom. ·
Aquela cidade era correta e boa,
num país histórico e bom, bom, bom,
- o melhor dos ~elhores entre .os melhores países.
Eu contava a história se soubesse
a linguagem dos homens-anjos de manhã até à noite,


'
mas não sei.... .
Talvez depois, .na mesa-pé-de-galo
- uma pancada: a; duas pancadas: b,· etc.
Talvez depot"s ...

;
ANTÓNIO PEREIRA

A minha rua é só de pescadores,


Famílias ignoradas, marés mo~tas ...
A minha rua não tem nome·
Nem tem números nas portas.

Na minha rua o mar é todo o mundo .. ~


Tôdas as lágrimas e alegrias,
Bôas-novas, naufrágios, maresias,
- Tôdas as notícias veem do mar ao fundo!

PEQUENO POEMA

Em minha casa somos todos poetas:


O meu pai vive o mar como quem vive um poema
E sonha alto com as maresias ...
A minha mãe sonha comigo todos os dias,
A minha avó sonha com o céu rezando terços ...
E eu, talvez o menos poeta,,
Escrevo os versos ...
JOSÉ MOREIRA

FÁBRICA

Quando do lançamento da primeira pedra, .


·houve festa e discursos,
' . e f oguetes ...
·e musica ...

·Todos os olhos postos


·na nova construção,
tôdas as almas satisfeitas )
·e novas esperanças .no amanhã ...

:Mas foi só naquele dia,


- Dia da inauguração !

Agora, as chaminés
:lançam seu fumo negro e sinistro,
as máquinas rolam sem cessar
-e a vida na fábrica ·é coisa vulgar
de lucros e produção!
TU.RISMO

Não fiques aí à porta,


extasiado pelas linhas suaves
do edifício moderno da fábrica.

Entra ... e respira êste ar


de trabalho inglório,
ouve este
A rui'do, que para eAles
já não tem nexd, nem som,
pois é o diapasão de todos os dias . . .

Tal vez então ...


não tires a máquina foto gráfica,
nem
,
graves esta imagem :
E tudo tão feio neste interior ...

Mas mesmo que o faças,


podes crer,
que não é numa fotograUa
que fica gravado o seu sofrer.
MANUEL TERROSO

· 1
SOBRA

Parou a morte na estrada.

Levou, primeiro um mendigo,


Levou, depois, um escravo,
De mais além, um humilde.

Foi, no mendigo, o martírio


E foi, no escravo, a justiça
E foi, no humilde, a verdade.

Partiram .. .

E outros ficaram
A pensar dos que partiram
. . Por essa noite adiante ...

A pensar dos que partiram


Que a morte, se a vida é dura,
Não mata a vida de todo !
JOSÉ PALLA E CAR.MO

SINGELEZA

Um homem chorou diante da dor do mundo


Feliz dêle que sentiu.

Uma criança abriu os olhos maravilhados


Feliz dela que viu.

Um ser humano descobriu o segrêdo da vida


Feliz dêle que sorriu..

Olho para mim nada vejo


E mesmo assim
Feliz de mim por qualquer coisa .. .
CADERNOS DE POESIA

Colaboradores do 1. 0 caderno :
..
Carlos Macêdo
Duarte de Montalegre·
Gomes de Andrade
Manue~ Vicente
Maya Villaça
Noel de Arriaga
Silva Maya

ALTURA
47, Rua Cândido dos Reis, 49 11 Parto
Maio de 1945
'l lI'. DA H~CICl.Ol'Í: mA POH.ruc.u":SA, L.ª

Rua Cândido dos Reis, 47-.i9. Tel. 547


PÔHTO - - - - - - -

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