Altura Cadernosde Poesia N2
Altura Cadernosde Poesia N2
Altura Cadernosde Poesia N2
EDIÇÕES ALTURA
MAYA VILLACA
,
j
•·
'
CADERNOS .DE. POESIA
II
Colaboram:
Amândio César
António Pereira
-, António de Sousa
Campos de Figueirêdo
Carlos Queiroz
Carmo Vaz
José Moreira
José Palla e Carmo
José Régio
Lorenzo di Popptt
Manuel Terroso
Miguel Trigueiros
Pedro Homem de Mello
Raínho
Saúl Dias
JOSÉ RÉGIO
O PEGO
. /
< >
......
...
• - I
., .
'.·
CARL OS QUEIROZ
CANÇÃO .DEPRESSA
CERTEZA
A paisagem fugiu.
A vida ficou des~rta.
As almas ficaram nuas
Tiritando de frio. .
Os sentimentos dispersaram-se.
ESCOLA VAZIA
DUNQUERQUE
·, TURISMO DE GUERRA
Montes escarpados
qúe fora~ de turismo, _
em cada ravina escondem a morte
que passeia na terra ...
A imagem ·sangrenta do heroísmo,
sôbre o cartaz
da propaganda de guerra. .·
LORENZO DI POPPA
ENCANTOS
CAMINHOS
MOMENTO
INVOCAÇÃO
,,
-
..,., /
1
f
Ai,.. a caridade feita de· exterior,
Muitó solene, muito silabada,
Muito bem pesada, • ' 1
DUAS PO ESI'AS
I
. .
Teus jovens anos floriram -nos meus braç'os
e eu. tive uma bra.çada ·de flores
numa manhã de Maio.
II
Abenço'}-das as roseiras
que dão rosas artificiais [ ...
RAÍNHO
....
NEVOEIRO
BODAS VERMELHAS
NOTURNO
Ai quando o quéro
E não posso.
E contorço, retomo e persisto.
Ai quando o anseio
E não toco.
E suporto, noto e não insisto.
BAILADORA DE SARI
Longe, muito longe,
Perdida na noite dos tempos,
Esbrazeada, hierática, antiga,
Ela baila para mim . ..
•
Flôr de Lótus,
No charco do meu sonho,
Nascida no meu peito,
Fecundada em meu sangue,
Sombra anil do meu anseio,
Ela baila . ..
E a curva do peito
Traça no ar a graça
De u m ·puro geito
1
Que breve perpassa.
Suave, suavemente,
Tange na noite crua
A viola, resto triste
Do rito antigo, milenário.
,
O bailadora de Sari, bailadora triste !
Se eu fôra a sombra de melancolia
Que bóia no teu olhar que implora ...
CAMPOS DE FIGUEIRÊDO·
ESP1RITO
POEMA
Eu sei que um dia irás, calada e pálida~
Pôr flores no meu coval.
Ah, mas por Deus, não chores uma lágrima!
Chama por mim, baixinho... . :-
Então verás as pétalás das rosas,
Dos lírios, das violetas, dos crisântemos,
acesas como estrêlas!
Sou eu que me ilumino
Lá no· fundo da noite,
Para te ver no meu caminho!
ANTÓNIO DE SOUSA
~
CHARADA
.·
'
mas não sei.... .
Talvez depois, .na mesa-pé-de-galo
- uma pancada: a; duas pancadas: b,· etc.
Talvez depot"s ...
;
ANTÓNIO PEREIRA
PEQUENO POEMA
FÁBRICA
Agora, as chaminés
:lançam seu fumo negro e sinistro,
as máquinas rolam sem cessar
-e a vida na fábrica ·é coisa vulgar
de lucros e produção!
TU.RISMO
· 1
SOBRA
Partiram .. .
E outros ficaram
A pensar dos que partiram
. . Por essa noite adiante ...
SINGELEZA
Colaboradores do 1. 0 caderno :
..
Carlos Macêdo
Duarte de Montalegre·
Gomes de Andrade
Manue~ Vicente
Maya Villaça
Noel de Arriaga
Silva Maya
ALTURA
47, Rua Cândido dos Reis, 49 11 Parto
Maio de 1945
'l lI'. DA H~CICl.Ol'Í: mA POH.ruc.u":SA, L.ª