Direito Penal Seção 5

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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO

SEGURO/BA

BRUTUS, solteiro, brasileiro, portador da carteira de identidade XXX, residente e domiciliado


na rua xxx, nesta cidade, vem por meio de seu advogado (procuração anexa) apresentar

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV, do Código de Processo
Penal.

Requer o recebimento dele, com a devida intimação do Ministério Público, para apresentar
suas contrarrazões recursais, bem como a realização do juízo de retratação por Vossa
Excelência, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal.

Em caso de manutenção da decisão ora atacada, requer o encaminhamento à instância


superior, com as razões a seguir juntadas.

Ressalta-se que, na forma do art. 583, II, do CPP, o recurso subirá nos próprios autos.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Seguro, 14/02/24

Assinatura

OAB

PETIÇÃO DE RAZÕES RECURSAIS

Recorrente: BRUTUS

Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA


COLENDA CÂMARA CRIMINAL

COLENDA TURMA

EMINENTES DESEMBARGADORES

DOS FATOS

Apesar de todos os esforços envidados para evitar a pronúncia do acusado, o magistrado


prolatou decisão de pronúncia, determinando o julgamento pelo Tribunal Popular, com os
seguintes fundamentos, nos termos da denúncia ministerial:

“Trata-se de denúncia criminal ofertada em razão de ter o agente cometido o seguinte


enquadramento legal: delito do art. 121, §2º, II (motivo fútil) e VIII (emprego de arma de fogo
de uso restrito), do Código Penal, por duas vezes (duas vítimas), combinado com o crime do
art. 16, caput (porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), da Lei nº 10.826/03, por duas
vezes (fuzil e pistola 9 mm), e art. 33, caput (tráfico de drogas), da Lei nº 11.343/06, todos em
concurso material de crimes, na forma do art. 69 do Código Penal. Decido. Na forma exposta
pelo Ministério Público, pronuncio o acusado nos exatos termos da denúncia, sendo que a
ilicitude das provas, a ausência de perícia, a inversão do interrogatório e a aplicação de pena
mais benéfica poderão ser apreciadas no plenário do Tribunal do Júri. Assim, existindo indícios
suficientes de autoria e materialidade, pronuncio o acusado na forma pretendida e encaminho
os autos para julgamento pelo Tribunal do Júri”.

DOS FUNDAMENTOS

DA PRELIMINAR DE NULIDADE ABSOLUTA

Inicialmente, ressalta-se que o interrogatório do acusado, como meio de prova e de defesa,


deveria ter sido feito ao final, em homenagem aos princípios do contraditório, ampla defesa e
devido processo legal, o que não ocorrera, restando aqui um caso de nulidade que deve ser
alegado em preliminar de mérito.

Jurisprudência pacífica reconhece a nulidade de atos processuais decorrentes da inversão do


interrogatório, conforme demonstrado nos precedentes citados.

DA PRELIMINAR DE ILICITUDE DAS PROVAS

Além do que foi exposto anteriormente, há um outro ponto fundamental. Em situações de


comprovada prática de crimes para obtenção das provas produzidas em violação à legislação
processual, ilicitude da prova é algo que se impõe e deve ser levada em consideração para fins
de julgamento, o que cai por terra a ideia de presunção de legitimidade dos depoimentos
prestados por policiais militares. Essa é a redação do art. 157 do CPP, nesses termos:

“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do


processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação
a normas constitucionais ou legais.
Em relação ao interrogatório como meio de prova, cumpre ressaltar que o Código de Processo
Penal assinala que o acusado poderá apresentar a sua versão dos fatos, ficar em silêncio, bem
como será ouvido ao final, em obediência ao princípio constitucional da ampla defesa.

DO MÉRITO – PROVAS TESTEMUNHAIS

Caso não se reconheça a patente nulidade absoluta demonstrada anteriormente e a ilicitude


das provas produzidas, apenas por amor ao debate, passa-se à análise das provas produzidas
em audiência de instrução e julgamento.

As testemunhas são ouvidas acerca dos fatos e possuem o dever de falar a verdade sobre o
que presenciaram, não podendo deixar de comparecer ao referido ato processual. Pela ordem
processual já citada, primeiro, são ouvidas as testemunhas de acusação e, posteriormente, as
de defesa, em obediência, mais uma vez, aos princípios constitucionais do contraditório e da
ampla defesa. Caso a testemunha de defesa tenha afirmado algo que corrobora a ideia de que
a prova foi obtida de forma ilícita, isso deve ser considerado pelo Magistrado, devendo haver
uma análise conjunta dos fatos para que possa ser proferido um julgamento justo.

A ausência de perícia e a inversão do interrogatório comprometem a justiça do processo,


ferindo o direito à ampla defesa e contraditório. A prova pericial é fundamental para a
constatação da materialidade dos crimes, enquanto a oitiva de testemunhas contribui para a
elucidação dos fatos. A não observância desses meios de prova compromete a devida
instrução processual e pode resultar em decisões injustas.

DA DOSIMETRIA DA PENA – CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – INEXISTÊNCIA

O grande ponto de destaque é a ocorrência do princípio da consunção e do chamado erro na


execução, pois são institutos que beneficiam o acusado em detrimento do concurso material
de crimes.

O princípio da consunção e o erro na execução devem ser aplicados ao caso, visando à


absorção de condutas intermediárias pelo crime-fim. Esses institutos beneficiam o acusado,
impedindo a duplicidade de penas por condutas que integram um mesmo contexto delitivo.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, respeitosamente, requer o conhecimento do recurso, eis que tempestivo,


bem como o seu provimento, na forma que se segue:

a) Preliminarmente, seja reconhecida a nulidade absoluta do feito, em razão da inversão do


rito processual, com prejuízo presumido para o acusado, anulando-se o feito desde a audiência
de instrução e julgamento, bem como a ilicitude das provas produzidas, contaminando-se toda
a marcha processual até o presente momento.

b) Não reconhecendo as teses anteriores, seja o acusado impronunciado, pois ausente autoria
e materialidade delitivas próprias para tanto.
c) Pelo princípio da eventualidade, não sendo nada reconhecido, que seja dado o devido
enquadramento legal sem a aplicação do instituto do concurso material de crimes,
reconhecendo-se a hipótese de erro na execução.

Nestes termos, pede-se deferimento

Porto Seguro, 14/02/24

Assinatura

OAB

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