Patologias Do Coração
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Patologias Do Coração
A espessura das paredes ventriculares são maiores que as atriais, sendo o ventrículo
esquerdo (VE) aproximadamente três vezes mais espesso o que o ventrículo direito (VD). Isso
ocorre pelo fato do VE é responsável por bombear o sangue rico em oxigênio para o corpo
todo, enquanto o VD não necessita de tanta força, pois bombeia o sangue pobre em oxigênio
para os pulmões.
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PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360
Hipertrofia concêntrica
Quando ocorre alguma alteração ou lesão que interfira no fluxo adequado do sangue o
coração irá responder aumentando a força de contração para permitir que o sague continue
fluindo. Essa hipertrofia recebe esse nome, pois o aumento ocorre no sentido do lúmen,
reduzindo-o. Estenose na aorta causa hipertrofia concêntrica no VE, enquanto uma estenose
na artéria pulmonar acarreta a essa resposta no VD.
Dilatação cardíaca
Ocorre em situações mais terminais de alguma patologia, na qual não há como
compensar com hipertrofia. Está principalmente relacionado a quadros de insuficiência,
tornando as paredes cardíacas flácidas e adelgaçadas, especialmente do VD.
Anomalias congênitas
Distúrbios congênitos do coração e grandes vasos ocorrem com relativa frequência
podendo estar relacionados com alterações cromossômicas (induzidas por vírus, drogas
intoxicações, radiações) ou de cunho genético.
Exemplos:
Persistência do Ducto Arterioso (comunicação entre as artérias aorta e pulmonar que
é normal no feto e que se oblitera na primeira semana após o nascimento), Defeitos do Septo
Interatrial, dentre eles a Persistência do Forâmen Oval, Defeitos do Septo Interventricular,
Transposição de Grandes Vasos e a Tetralogia de Fallot.
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ICC Esquerda
Têm como causas mais comuns a estenose ou insuficiência das válvulas mitral ou
aórtica, degenerações/necrose miocárdica, miocardites e algumas alterações congênitas do
coração. As principais manifestações surgem em decorrência da retenção de sangue nos
pulmões, com consequente edema pulmonar, o que determina substancial prejuízo das trocas
gasosas.
ICC Direita
Tem origem na estenose ou insuficiência das válvulas tricúspide ou pulmonar,
degenerações/necrose miocárdica, miocardites, hidropericardio, pericardites constritivas e
resistência pulmonar aumentada. Uma das alterações mais características é o edema difuso
que nos ruminantes e equinos é mais exuberante na região subcutânea ventral, enquanto em
outras espécies essa manifestação é escassa ou ausente.
Alterações circulatórias
Hemorragias
São normalmente inespecíficas, como hemorragias petequiais, equimoses ou
sufusões. Dentre as várias causas se destaca: carbúnculo sintomático em bovinos, coração de
amora nos suínos e enterotoxemia por Clostridium em bezerros e carneiros.
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Hidropericardio
Causa
Outra alteração circulatória é o hidropericárdio, na qual tem como causa as mesmas
origens gerais de edema (aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade
vascular, diminuição com a pressão oncótica e diminuição da drenagem linfática), portanto,
frequentemente associado a ascite, hidrotórax e edema subcutâneo. A insuficiência cardíaca
congestiva direita é uma das principais causas de hidropericárdio, sobretudo em bovinos.
Também a hipoproteinemia de origem diversa, as insuficiências renal e hepática devem ser
consideradas na etiologia do processo.
Macroscopicamente
É uma patologia que ocorre com relativa frequência nos animais caracterizada pelo
acúmulo de líquido aquoso, transparente, amarelo-claro e de baixa densidade no saco
pericárdico. Em geral, este líquido é pobre em proteínas, mas em alguns casos, como na
deficiência de Vit. E e Selênio em suínos, alguns flocos de fibrina podem estar presentes
(devido a lesão vascular – microangiopatia dietética) e o líquido pode coagular quando exposto
ao ar. As superfícies pericárdicas são lisas e brilhantes em casos de aparecimento súbito, mas
em casos crônicos o pericárdio apresenta-se espesso, turvo, áspero e granular devido às
proliferações vilosas de fibrina.
Consequência
O hidropericárdio quando se instala rapidamente, pode levar ao tamponamento
cardíaco, que interfere com o preenchimento do coração, sobretudo dos átrios. Em casos de
desenvolvimento lento, a distensão do pericárdio permite o acúmulo de grandes volumes de
líquido sem tamponamento. Se a causa for removida o hidropericárdio é reversível.
Neoplasias Cardíacas
Não são frequentes. Dentre as neoplasias primárias do músculo cardíaco destaca-se o
Rabdomioma, sobretudo em bovinos. Trata-se de um tumor benigno que pode se manifestar
sob a forma de aumento acentuado da parede cardíaca, em especial da parede atrial. Já em
casos de rabdomiossarcomas trata-se de uma neoplasia maligna. Hemangiomas e
hemangiossarcomas também são observados nesse órgão.
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Patologias do endocárdio
Alterações degenerativas
Endocardiose Valvular
Também conhecida como Degeneração Mixomatosa ou Mucóide é a lesão
endocárdica mais frequente em cães, sobretudo os de pequeno porte. Trata-se de uma lesão
degenerativa, acometendo predominantemente a válvula mitral, seguida da tricúspide e,
ocasionalmente a válvula aórtica. Em casos mais avançados pode levar a insuficiência valvular.
É mais comum em cães machos e a incidência aumenta com a idade, por isso recebe o nome
popular de doença do cão velho. Dentre as raças mais afetadas destacam-se a Poodle,
Schnauzer, Doberman, Cocker, Fox e Boston Terrier.
Fibrose Subendocárdica
Pode ser focal ou difusa, localizada no átrio ou no ventrículo, encontrando-se muitas
vezes associada à Dilatação Cardíaca Crônica em cães. Vista sob a forma de manchas ou estrias
brancacentas.
Mineralização Subendocárdica
Observada mais frequentemente no átrio esquerdo de cães urêmicos, ou em bovinos
intoxicados por Solanum malacoxylon. Vistos sob a forma de grãos ou placas proeminentes,
esbranquiçadas, pétreas que rangem ao corte.
Alterações inflamatórias
Endocardites
É a principal alteração do endocárdio. Quase sempre as lesões inflamatórias do
endocárdio são bacterianas, sendo mais comuns à nível de válvulas (Endocardite valvular),
sobretudo nas átrio-ventriculares e menos frequente nas paredes das câmaras cardíacas
(Endocardite mural).
Endocardite valvular
Devido a maior pressão e tensões mecânicas a endocardite é mais frequente na mitral
do que na tricúspide, exceto nos bovinos onde a última é mais frequente. Ocorre nas
diferentes espécies domésticas como nos bovinos, suínos, equinos e ovinos, sendo mais raras
em cães e gatos.
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Como pode ser facilmente imaginado a presença de uma endocardite valvular pode
trazer consequências importantes interferindo com a fisiologia cardíaca e na maioria das vezes
determinando o aparecimento de insuficiência cardíaca. Em geral, o processo progride para a
morte do animal, uma vez que o diagnóstico clínico é realizado tardiamente.
Causas
Existem bactérias, como a Erisipela, que possuem um tropismo especial, sendo capazes
de aderir ao tecido valvular “in vitro”. A endocardite pode se iniciar à partir de trombos que se
formaram num endocárdio lesionado ou de aderência primária de microrganismos ao
endocárdio, via de regra à partir de processo infeccioso primário em outro local, mais
comumente de uma poliartrite, metrite, mamite, abscesso hepático, onfaloflebite, dentre
outras. Em suma para o aparecimento da endocardite é necessária a coexistência de
bacteremia persistente com a desvitalização do endocárdio.
Macroscopicamente
Macroscopicamente observa-se crescimento bizarros, irregulares, semelhantes à
vegetações de dimensões e coloração variáveis, muitas vezes se insinuando para o interior das
câmaras cardíacas. Como os outros trombos as partes mais profundas sofrem um processo de
organização, enquanto as bordas da lesão se constituem de um neocrescimento friável e
quebradiço, sendo, portanto, capaz de liberar êmbolos sépticos e inflamação à distância mais
comumente nos pulmões (endocardite na tricúspide), ou nos rins, baço e articulações
(endocardite na mitral).
Endocardite mural
Geralmente é do tipo ulcerativa, sendo de ocorrência esporádica. Pode representar
uma sequela da endocardite valvular, ou extensão de uma miocardite. Nos equinos pode ser
provocada por larvas de Strongylus, enquanto que nos cães tem como principal causa a
uremia, com a lesão habitualmente confinada no átrio esquerdo. O endocárdio torna-se
edematoso, ulcerado, com comprometimento do miocárdio subjacente e formação de
trombos.
Patologias do miocárdio
Miocardite
A miocardite ocorre quando um agente infeccioso chega ao miocárdio por meio da
corrente sanguínea, no entanto, diferente da endocardite, normalmente não se percebe o foco
primário do processo infeccioso. Vírus por exemplo, podem colonizar o animal sem causar um
processo infeccioso ou uma inflamação perceptível, porém possuem tropismo por
cardiomiócitos e lá irão aumentar sua proliferação. As miocardites raramente são
diagnosticadas.
Causas
Há diversos tipos de miocardites, cada uma depende de um fator causal. Miocardites
supuradas são aquelas causadas por bactérias piogênicas, as miocardites eosinofílicas têm
como causa infecções parasitárias, miocardites granulomatosas podem ser causada por
plantas toxicas, fungos e tuberculose, há também as miocardites necrosantes (ex.:
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Circovírus suíno, febre aftosa, cinomose, vírus da língua azul são alguns exemplos de
vírus com tropismo pelo miocárdio. De bactérias tem como exemplos Listeria, Clostridium,
Rickettsia e Actinobacilus, enquanto de protozoários são Toxoplasma, Trypanossoma e
Sarcosporidium. Por ultimo, também existem parasitos com atração por essa região
Echinococcus, Trichinella e Cisticerco.
Macroscopicamente
Nota-se, principalmente, a mudança de cor do miocárdio que depende do tipo de
agente infeccioso em questão, na miocardite viral, por exemplo, se observa manchas de
coloração esbranquiçadas. Na maioria das vezes manifestam-se sob a forma de pequenos
abscessos ou cistos.
Alterações regressivas
Miocardiopatia
Embora essa denominação indique qualquer alteração do coração, ela é utilizada na
descrição de uma disfunção primária do miocárdio de causa desconhecida. No contexto da
veterinária é mais frequente em gatos e cães, sobretudo em raças de grande porte, sendo
reconhecidas a miocardiopatia dilatada e a miocardiopatia hipertrófica.
Degeneração Miocárdica
Ocorrem em uma grande variedade de doenças sistêmicas, especialmente as
infecciosas, toxemias e anemias, sendo mais frequente em herbívoros do que em carnívoros.
Pode ser dos tipos, degeneração hidrópica ou gordurosa e, quando extensas podem acarretar
disfunção do coração.
Necrose Miocárdica
Necrose severa e usualmente fatal ocorre numa série de condições como nas
deficiências nutricionais (selênio e Vit. E), sobretudo em suínos e aves, tiamina, carnitina,
potássio e cobre, intoxicações por plantas (Lantana câmara e samambaia), metais (tálio),
intoxicações por rodenticidas (fluoroacetato), gossipol e organomercuriais. A necrose
decorrente de isquemia, particularmente importante e frequente no homem, não possui o
mesmo significado nos animais.
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Patologias do pericárdio
Alterações inflamatórias
Pericardites
Pericardite Fibrinosa
As pericardites fibrinosas em geral se estabelecem pela via hematógena, sendo o tipo
mais comum de inflamação pericárdica nos animais. Geralmente são de origem bacteriana
destacando a Pasteurella, Clostridium (carbúnculo sintomático) e septicemias por coliformes,
em bovinos; Haemophilus, Pasteurella, Micoplasma e Salmonella, em suínos; e Streptococos
em equinos. Como todas as outras inflamações fibrinosas, as pericardites não são frequentes
em cães.
Pericardite Purulenta
A pericardite purulenta é diagnosticada principalmente em bovinos, seguindo um
quadro de retículo-peritonite traumática. Corpos estranhos presentes no retículo podem
atravessar a sua parede, em função das potentes contrações desse órgão, e seguindo um
trajeto cranial perfurar o diafragma e o pericárdio levando a retículo-pericardite traumática.
Macroscopicamente
Os folhetos pericárdicos estão revestidos por depósitos de fibrina e/ou pus amarelado
ou avermelhado que podem resultar em aderências entre as membranas do pericárdio,
conferindo um aspecto denominado “pão com manteiga”.
Consequência
Depende da virulência do agente e do estado da defesa orgânica. A morte pode
ocorrer nas fases iniciais do processo, associada a um quadro septicêmico. Em outros casos, a
sobrevida é prolongada e há formação de aderências fibrosas entre os folhetos, em
consequência da organização do exsudato fibrinoso.
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Aterosclerose
É também pouco frequente nos animais, ao contrário do homem, consiste numa placa
(ateroma) sobre a túnica íntima, diminuindo a luz de artérias. Trata-se de um depósito de
lipídeos complexos entre eles colesterol, triglicerideos, fosfolipideos e ácidos graxos.
Arterite
É uma reação inflamatória da parede arterial. Pode ser provocada por parasitos
(Strongylus em eqüinos; Dirofilaria e Spirocerca em cães; Oncocerca em bovinos e
Aelurostrongylus em gatos), vírus (Arterite viral em eqüinos; Peste Suína Africana e Peritonite
Infecciosa Felina em gatos), bactérias (Haemophilus e Erisipelotrix em suínos) e fungos
(Aspergylus e Mucormicoses).
Aneurisma
É uma dilatação patológica de uma artéria, nas formas sacular ou cilíndrica. Resulta de
uma desvitalização de sua parede, (por alterações inflamatórias ou degenerativas) que é
estendida além de sua capacidade de resistência.
Veias
Flebite
É a inflamação de uma veia habitualmente acompanhada de trombose
(tromboflebite). Ocorre geralmente numa área inflamada e infectada no trajeto de uma veia.
No contexto da Medicina Veterinária é particularmente importante, seja pela sua frequência,
como também pelo seu significado a Onfaloflebite que se estabelece em animais recém-
nascidos, sobretudo em bezerros, nos quais não se efetuaram adequado tratamento do
umbigo.
Varize ou Flebectasia
Consiste na dilatação de veias que se tornam com trajeto tortuoso e irregular. As veias
varicosas detém uma quantidade anormal de sangue que tem seu fluxo diminuído e, portanto,
predisposto a trombose.
Teleangiectasia
É a dilatação dos capilares sinusóides, sobretudo os do fígado. Vista sob a forma de
mancha escura, negra, deprimida, irregular e de tamanho variável.