Patologias Do Coração

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 9

PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Morfologia e fisiologia geral


O coração é um órgão constituído por três componentes: endocárdio, miocárdio e
pericárdio. O revestimento interno é feito de células pavimentosas e um tecido conjuntivo de
sustentação denominado endocárdio, na qual está em íntimo contato com o sangue e é
subdividido em endocárdio mural e valvular. O miocárdio é o componente mais especializado,
constituído de células estriadas cardíacas responsáveis pelo relaxamento e contração do
coração de modo rítmico e contínuo. Para isso é necessário um sistema de condução elétrico
composto pelas fibras de Purkinje. Já o pericárdio é uma camada serosa que reveste
externamente o órgão.

A espessura das paredes ventriculares são maiores que as atriais, sendo o ventrículo
esquerdo (VE) aproximadamente três vezes mais espesso o que o ventrículo direito (VD). Isso
ocorre pelo fato do VE é responsável por bombear o sangue rico em oxigênio para o corpo
todo, enquanto o VD não necessita de tanta força, pois bombeia o sangue pobre em oxigênio
para os pulmões.

Para a realização de uma análise adequada relacionada ao coração deve-se observar


pericárdio, miocárdio, endocárdio e grandes vasos. Uma alteração macroscópica no coração,
não significa a existências de sinais clínicos relacionados a ela, por ser um órgão de grande
capacidade de reserva ele é capaz de compensar distúrbios por meio de alterações de
frequência e contratilidade.

Resposta do coração às patologias


Por ser composto de células musculares, o coração tem pouca capacidade de
regeneração, sendo necessária a hipertrofia do tecido quando é há uma demanda maior de
frequência ou contratilidade. Hipertrofia é uma alteração nas células musculares, havendo
aumento de volume e conteúdo celular do miocárdio. Isso ocorre predominantemente nos
ventrículos, há pouca alteração atrial. Quando os processos de hipertrofia não são capazes de
superar esses problemas, se inicia um processo de dilatação, na qual as células cardíacas não
possuem mais uma força contrátil suficiente para suprir a necessidade do coração.

1
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Hipertrofia concêntrica
Quando ocorre alguma alteração ou lesão que interfira no fluxo adequado do sangue o
coração irá responder aumentando a força de contração para permitir que o sague continue
fluindo. Essa hipertrofia recebe esse nome, pois o aumento ocorre no sentido do lúmen,
reduzindo-o. Estenose na aorta causa hipertrofia concêntrica no VE, enquanto uma estenose
na artéria pulmonar acarreta a essa resposta no VD.

Hipertrofia excêntrica ou anatômica


Quando ocorre a sobrecarga de volume de sangue nos ventrículos devido a alguma
alteração de válvulas, ocorre a hipertrofia excêntrica. Essa resposta recebe esse nome, pois o
aumento das paredes do coração acontece ‘para fora’, sem reduzir o lúmen do órgão.
Insuficiência da válvula mitral causa hipertrofia excêntrica no VE, enquanto a insuficiência da
tricúspide gera essa alteração no VD.

Dilatação cardíaca
Ocorre em situações mais terminais de alguma patologia, na qual não há como
compensar com hipertrofia. Está principalmente relacionado a quadros de insuficiência,
tornando as paredes cardíacas flácidas e adelgaçadas, especialmente do VD.

Anomalias congênitas
Distúrbios congênitos do coração e grandes vasos ocorrem com relativa frequência
podendo estar relacionados com alterações cromossômicas (induzidas por vírus, drogas
intoxicações, radiações) ou de cunho genético.

As alterações mais graves podem ser incompatíveis após o nascimento, enquanto


outras podem levar a um rápido surgimento de sinais clínicos, e a morte em decorrência da
insuficiência cardíaca, ou ainda pode permitir que o animal sobrevivesse até a idade adulta,
embora com deficiências funcionais. De forma simplista, as anomalias cardíacas podem ser
divididas da seguinte forma:

Defeitos que permitem o desvio do sangue


Esses desvios ocorrem do lado esquerdo para o direito, ou vice-versa, sendo que
desvios da direita para a esquerda leva a uma deficiente oxigenação do sangue, e a hipoxia
tecidual.

Exemplos:
Persistência do Ducto Arterioso (comunicação entre as artérias aorta e pulmonar que
é normal no feto e que se oblitera na primeira semana após o nascimento), Defeitos do Septo
Interatrial, dentre eles a Persistência do Forâmen Oval, Defeitos do Septo Interventricular,
Transposição de Grandes Vasos e a Tetralogia de Fallot.

A Tetralogia de Fallot possui quatro componentes: Defeito da parte alta do Septo


Interventricular; Dextroposição da Aorta; Estenose da Artéria Pulmonar e Hipertrofia do
Ventrículo Direito.

2
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Defeitos que levam a obstrução do fluxo sanguíneo


Exemplo:
Dentre eles podemos destacar Estenoses das Artérias Aorta e da Artéria Pulmonar,
além dessas também há a defeitos valvulares que podem levar à obstrução do fluxo ou/e à
insuficiência.

Conexões, posicionamento anormal e desvios


Conexões ou Posicionamento Arterial e Venoso anormais como a Persistência do Arco
Aórtico Direito e os Desvios Venosos Portocavais (portossistêmicos), além da má posição do
coração como nos casos de Ectopia Cardíaca.

Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)


As alterações congestivas podem se originar no lado direito ou esquerdo do coração,
mas como se trata de um circuito fechado, com o tempo poderá haver comprometimento
bilateral.

ICC Esquerda
Têm como causas mais comuns a estenose ou insuficiência das válvulas mitral ou
aórtica, degenerações/necrose miocárdica, miocardites e algumas alterações congênitas do
coração. As principais manifestações surgem em decorrência da retenção de sangue nos
pulmões, com consequente edema pulmonar, o que determina substancial prejuízo das trocas
gasosas.

ICC Direita
Tem origem na estenose ou insuficiência das válvulas tricúspide ou pulmonar,
degenerações/necrose miocárdica, miocardites, hidropericardio, pericardites constritivas e
resistência pulmonar aumentada. Uma das alterações mais características é o edema difuso
que nos ruminantes e equinos é mais exuberante na região subcutânea ventral, enquanto em
outras espécies essa manifestação é escassa ou ausente.

No cão o acúmulo de líquido predomina na cavidade abdominal, enquanto nos gatos


na torácica. O fígado está aumentado de volume e congesto, com processos degenerativos e
necróticos ao redor da veia centrolobular, conferindo um aspecto mosqueado ao órgão (fígado
de noz moscada). Eventualmente pode ser observada icterícia, mas não há alteração relevante
da função hepática. O baço revela uma esplenomegalia congestiva. A congestão
gastrointestinal pode resultar em diarréia.

Alterações circulatórias
Hemorragias
São normalmente inespecíficas, como hemorragias petequiais, equimoses ou
sufusões. Dentre as várias causas se destaca: carbúnculo sintomático em bovinos, coração de
amora nos suínos e enterotoxemia por Clostridium em bezerros e carneiros.

3
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Já em situações mais específicas pode-se destacar hemopericárdio, causado por


ruptura por trauma ou fragilidade vascular (ex.: vasculite, aortite etc), esforço físico excessivo,
hemangiossarcomas, endocardite atrial ulcerativa (uremia em cães) e artéria coronária por
deficiência de cobre (em suínos). A hemorragia pode resultar da ruptura da aorta
intrapericárdica, ruptura do átrio (em cães) ou por complicações de punções intracardíacas. A
consequência dependerá da intensidade da lesão e em situações de muito extravasamento de
sangue, ocorrerá o tamponamento cardíaco que se refere à condição de incapacidade do
coração em relaxar e contrair corretamente.

Hidropericardio
Causa
Outra alteração circulatória é o hidropericárdio, na qual tem como causa as mesmas
origens gerais de edema (aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade
vascular, diminuição com a pressão oncótica e diminuição da drenagem linfática), portanto,
frequentemente associado a ascite, hidrotórax e edema subcutâneo. A insuficiência cardíaca
congestiva direita é uma das principais causas de hidropericárdio, sobretudo em bovinos.
Também a hipoproteinemia de origem diversa, as insuficiências renal e hepática devem ser
consideradas na etiologia do processo.

Macroscopicamente
É uma patologia que ocorre com relativa frequência nos animais caracterizada pelo
acúmulo de líquido aquoso, transparente, amarelo-claro e de baixa densidade no saco
pericárdico. Em geral, este líquido é pobre em proteínas, mas em alguns casos, como na
deficiência de Vit. E e Selênio em suínos, alguns flocos de fibrina podem estar presentes
(devido a lesão vascular – microangiopatia dietética) e o líquido pode coagular quando exposto
ao ar. As superfícies pericárdicas são lisas e brilhantes em casos de aparecimento súbito, mas
em casos crônicos o pericárdio apresenta-se espesso, turvo, áspero e granular devido às
proliferações vilosas de fibrina.

Consequência
O hidropericárdio quando se instala rapidamente, pode levar ao tamponamento
cardíaco, que interfere com o preenchimento do coração, sobretudo dos átrios. Em casos de
desenvolvimento lento, a distensão do pericárdio permite o acúmulo de grandes volumes de
líquido sem tamponamento. Se a causa for removida o hidropericárdio é reversível.

Neoplasias Cardíacas
Não são frequentes. Dentre as neoplasias primárias do músculo cardíaco destaca-se o
Rabdomioma, sobretudo em bovinos. Trata-se de um tumor benigno que pode se manifestar
sob a forma de aumento acentuado da parede cardíaca, em especial da parede atrial. Já em
casos de rabdomiossarcomas trata-se de uma neoplasia maligna. Hemangiomas e
hemangiossarcomas também são observados nesse órgão.

No que se refere a metástase o músculo cardíaco não se constitui em uma sede


preferencial, exceto para o linfoma e linfossarcoma (leucose bovina) onde nódulos
metastáticos de coloração branco-amarelado são observados com frequência no miocárdio.

4
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Patologias do endocárdio
Alterações degenerativas
Endocardiose Valvular
Também conhecida como Degeneração Mixomatosa ou Mucóide é a lesão
endocárdica mais frequente em cães, sobretudo os de pequeno porte. Trata-se de uma lesão
degenerativa, acometendo predominantemente a válvula mitral, seguida da tricúspide e,
ocasionalmente a válvula aórtica. Em casos mais avançados pode levar a insuficiência valvular.
É mais comum em cães machos e a incidência aumenta com a idade, por isso recebe o nome
popular de doença do cão velho. Dentre as raças mais afetadas destacam-se a Poodle,
Schnauzer, Doberman, Cocker, Fox e Boston Terrier.

Macroscopicamente observa-se que as válvulas se encontram retraídas, espessadas,


brancacentas, opacas, com deformações nodulares múltiplas em suas margens livres. Os
músculos papilares podem estar hipertrofiados e algumas cordas tendíneas rompidas. A
superfície valvular mantém sua aparente integridade apresentando-se lisas e brilhantes, o que
afasta a possibilidade de se tratar de um processo de natureza inflamatória. Histologicamente
a camada esponjosa da válvula é preenchida por um tecido mixomatoso rico em
mucopolissacarídeos e ácido hialurônico.

Fibrose Subendocárdica
Pode ser focal ou difusa, localizada no átrio ou no ventrículo, encontrando-se muitas
vezes associada à Dilatação Cardíaca Crônica em cães. Vista sob a forma de manchas ou estrias
brancacentas.

Mineralização Subendocárdica
Observada mais frequentemente no átrio esquerdo de cães urêmicos, ou em bovinos
intoxicados por Solanum malacoxylon. Vistos sob a forma de grãos ou placas proeminentes,
esbranquiçadas, pétreas que rangem ao corte.

Alterações inflamatórias
Endocardites
É a principal alteração do endocárdio. Quase sempre as lesões inflamatórias do
endocárdio são bacterianas, sendo mais comuns à nível de válvulas (Endocardite valvular),
sobretudo nas átrio-ventriculares e menos frequente nas paredes das câmaras cardíacas
(Endocardite mural).

Endocardite valvular
Devido a maior pressão e tensões mecânicas a endocardite é mais frequente na mitral
do que na tricúspide, exceto nos bovinos onde a última é mais frequente. Ocorre nas
diferentes espécies domésticas como nos bovinos, suínos, equinos e ovinos, sendo mais raras
em cães e gatos.

5
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Como pode ser facilmente imaginado a presença de uma endocardite valvular pode
trazer consequências importantes interferindo com a fisiologia cardíaca e na maioria das vezes
determinando o aparecimento de insuficiência cardíaca. Em geral, o processo progride para a
morte do animal, uma vez que o diagnóstico clínico é realizado tardiamente.

Causas
Existem bactérias, como a Erisipela, que possuem um tropismo especial, sendo capazes
de aderir ao tecido valvular “in vitro”. A endocardite pode se iniciar à partir de trombos que se
formaram num endocárdio lesionado ou de aderência primária de microrganismos ao
endocárdio, via de regra à partir de processo infeccioso primário em outro local, mais
comumente de uma poliartrite, metrite, mamite, abscesso hepático, onfaloflebite, dentre
outras. Em suma para o aparecimento da endocardite é necessária a coexistência de
bacteremia persistente com a desvitalização do endocárdio.

Macroscopicamente
Macroscopicamente observa-se crescimento bizarros, irregulares, semelhantes à
vegetações de dimensões e coloração variáveis, muitas vezes se insinuando para o interior das
câmaras cardíacas. Como os outros trombos as partes mais profundas sofrem um processo de
organização, enquanto as bordas da lesão se constituem de um neocrescimento friável e
quebradiço, sendo, portanto, capaz de liberar êmbolos sépticos e inflamação à distância mais
comumente nos pulmões (endocardite na tricúspide), ou nos rins, baço e articulações
(endocardite na mitral).

Endocardite mural
Geralmente é do tipo ulcerativa, sendo de ocorrência esporádica. Pode representar
uma sequela da endocardite valvular, ou extensão de uma miocardite. Nos equinos pode ser
provocada por larvas de Strongylus, enquanto que nos cães tem como principal causa a
uremia, com a lesão habitualmente confinada no átrio esquerdo. O endocárdio torna-se
edematoso, ulcerado, com comprometimento do miocárdio subjacente e formação de
trombos.

Patologias do miocárdio
Miocardite
A miocardite ocorre quando um agente infeccioso chega ao miocárdio por meio da
corrente sanguínea, no entanto, diferente da endocardite, normalmente não se percebe o foco
primário do processo infeccioso. Vírus por exemplo, podem colonizar o animal sem causar um
processo infeccioso ou uma inflamação perceptível, porém possuem tropismo por
cardiomiócitos e lá irão aumentar sua proliferação. As miocardites raramente são
diagnosticadas.

Causas
Há diversos tipos de miocardites, cada uma depende de um fator causal. Miocardites
supuradas são aquelas causadas por bactérias piogênicas, as miocardites eosinofílicas têm
como causa infecções parasitárias, miocardites granulomatosas podem ser causada por
plantas toxicas, fungos e tuberculose, há também as miocardites necrosantes (ex.:

6
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

toxoplasma), miocardites hemorrágicas (ex.: carbúnculo sintomático), e por último a


miocardite linfocítica (ex.: parvovírus).

Circovírus suíno, febre aftosa, cinomose, vírus da língua azul são alguns exemplos de
vírus com tropismo pelo miocárdio. De bactérias tem como exemplos Listeria, Clostridium,
Rickettsia e Actinobacilus, enquanto de protozoários são Toxoplasma, Trypanossoma e
Sarcosporidium. Por ultimo, também existem parasitos com atração por essa região
Echinococcus, Trichinella e Cisticerco.

Macroscopicamente
Nota-se, principalmente, a mudança de cor do miocárdio que depende do tipo de
agente infeccioso em questão, na miocardite viral, por exemplo, se observa manchas de
coloração esbranquiçadas. Na maioria das vezes manifestam-se sob a forma de pequenos
abscessos ou cistos.

Alterações regressivas
Miocardiopatia
Embora essa denominação indique qualquer alteração do coração, ela é utilizada na
descrição de uma disfunção primária do miocárdio de causa desconhecida. No contexto da
veterinária é mais frequente em gatos e cães, sobretudo em raças de grande porte, sendo
reconhecidas a miocardiopatia dilatada e a miocardiopatia hipertrófica.

Degeneração Miocárdica
Ocorrem em uma grande variedade de doenças sistêmicas, especialmente as
infecciosas, toxemias e anemias, sendo mais frequente em herbívoros do que em carnívoros.
Pode ser dos tipos, degeneração hidrópica ou gordurosa e, quando extensas podem acarretar
disfunção do coração.

Macroscopicamente são vistas como estrias planas, esbranquiçadas ou amareladas


alternadas com áreas de coloração normal. A atrofia do miocárdio representada por
diminuição do coração pode ser observada em casos de doenças consuntivas crônicas e em
casos de desnutrição.

Necrose Miocárdica
Necrose severa e usualmente fatal ocorre numa série de condições como nas
deficiências nutricionais (selênio e Vit. E), sobretudo em suínos e aves, tiamina, carnitina,
potássio e cobre, intoxicações por plantas (Lantana câmara e samambaia), metais (tálio),
intoxicações por rodenticidas (fluoroacetato), gossipol e organomercuriais. A necrose
decorrente de isquemia, particularmente importante e frequente no homem, não possui o
mesmo significado nos animais.

As manifestações morfológicas dependem do intervalo de tempo entre a lesão e a


morte do animal, sendo necessárias pelo menos 24 horas para se manifestarem. Em geral se
apresenta como área pálida de forma e extensão variável, melhor observada na região
subendocárdica.

7
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Patologias do pericárdio
Alterações inflamatórias
Pericardites

Pericardite Fibrinosa
As pericardites fibrinosas em geral se estabelecem pela via hematógena, sendo o tipo
mais comum de inflamação pericárdica nos animais. Geralmente são de origem bacteriana
destacando a Pasteurella, Clostridium (carbúnculo sintomático) e septicemias por coliformes,
em bovinos; Haemophilus, Pasteurella, Micoplasma e Salmonella, em suínos; e Streptococos
em equinos. Como todas as outras inflamações fibrinosas, as pericardites não são frequentes
em cães.

Pericardite Purulenta
A pericardite purulenta é diagnosticada principalmente em bovinos, seguindo um
quadro de retículo-peritonite traumática. Corpos estranhos presentes no retículo podem
atravessar a sua parede, em função das potentes contrações desse órgão, e seguindo um
trajeto cranial perfurar o diafragma e o pericárdio levando a retículo-pericardite traumática.

A elevada carga microbiana carreada pelo corpo estranho desencadeia um processo


inflamatório de considerável magnitude. O exsudato purulento é abundante, de coloração
variável (dependendo dos agentes etiológicos predominantes), viscoso e de odor fétido. O
curso da doença pode ser variável, mas a morte por sapremia é um desfecho esperado.

A pericardite purulenta também é observada em gatos associados a empiema pleural,


que é o acúmulo de uma efusão pleural espessa, amarelada, de alta densidade, rica em
proteínas e células inflamatórias, na cavidade torácica.

Macroscopicamente
Os folhetos pericárdicos estão revestidos por depósitos de fibrina e/ou pus amarelado
ou avermelhado que podem resultar em aderências entre as membranas do pericárdio,
conferindo um aspecto denominado “pão com manteiga”.

Consequência
Depende da virulência do agente e do estado da defesa orgânica. A morte pode
ocorrer nas fases iniciais do processo, associada a um quadro septicêmico. Em outros casos, a
sobrevida é prolongada e há formação de aderências fibrosas entre os folhetos, em
consequência da organização do exsudato fibrinoso.

8
PATOLOGIAS DO CORAÇÃO – VET 360

Vasos sanguíneos e linfáticos


Artérias
Arteriosclerose
Espessamento e endurecimento de algumas artérias, com consequente diminuição de
sua luz, que se observa com a avançar da idade. Tem importância infinitamente maior em
seres humanos do que nos animais, onde não é comum.

Aterosclerose
É também pouco frequente nos animais, ao contrário do homem, consiste numa placa
(ateroma) sobre a túnica íntima, diminuindo a luz de artérias. Trata-se de um depósito de
lipídeos complexos entre eles colesterol, triglicerideos, fosfolipideos e ácidos graxos.

Arterite
É uma reação inflamatória da parede arterial. Pode ser provocada por parasitos
(Strongylus em eqüinos; Dirofilaria e Spirocerca em cães; Oncocerca em bovinos e
Aelurostrongylus em gatos), vírus (Arterite viral em eqüinos; Peste Suína Africana e Peritonite
Infecciosa Felina em gatos), bactérias (Haemophilus e Erisipelotrix em suínos) e fungos
(Aspergylus e Mucormicoses).

Aneurisma
É uma dilatação patológica de uma artéria, nas formas sacular ou cilíndrica. Resulta de
uma desvitalização de sua parede, (por alterações inflamatórias ou degenerativas) que é
estendida além de sua capacidade de resistência.

Veias
Flebite
É a inflamação de uma veia habitualmente acompanhada de trombose
(tromboflebite). Ocorre geralmente numa área inflamada e infectada no trajeto de uma veia.
No contexto da Medicina Veterinária é particularmente importante, seja pela sua frequência,
como também pelo seu significado a Onfaloflebite que se estabelece em animais recém-
nascidos, sobretudo em bezerros, nos quais não se efetuaram adequado tratamento do
umbigo.

Varize ou Flebectasia
Consiste na dilatação de veias que se tornam com trajeto tortuoso e irregular. As veias
varicosas detém uma quantidade anormal de sangue que tem seu fluxo diminuído e, portanto,
predisposto a trombose.

Teleangiectasia
É a dilatação dos capilares sinusóides, sobretudo os do fígado. Vista sob a forma de
mancha escura, negra, deprimida, irregular e de tamanho variável.

Você também pode gostar