Anexo Riscos Climaticos
Anexo Riscos Climaticos
Anexo Riscos Climaticos
1
Ministério da Economia
Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade
Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura
Avaliação de Metodologias de
Levantamento de Risco Climático, Fontes
de Informações Climáticas
Brasília-DF
Novembro de 2022
1
Esse Anexo foi realizado pela Kralingen Consultoria Ltda. sob a coordenação da
Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura da Secretaria Especial de Produ-
tividade e Competitividade do Ministério da Economia do Brasil (SDI/Sepec/ME) e a
Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio do projeto Apo-
io ao Brasil na Implementação da Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do
Clima (ProAdapta). O projeto foi pactuado no âmbito da Cooperação Alemã para o
Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério do Meio
Ambiente do Brasil (MMA) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusam-
menarbeit GmbH (GIZ), no âmbito da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI, sig-
la em alemão), do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Se-
gurança Nuclear e Proteção ao Consumidor da Alemanha (BMUV, sigla em alemão).
Daniel Thá
Layla Lambiasi
2
Sumário
Apresentação 5
Definições 7
Siglas 12
3
APRESENTAÇÃO
5
DEFINIÇÕES
7
Cenário de emissões de gases de efeito estufa: representações
plausíveis das trajetórias futuras de substâncias que contribuem para
o efeito estufa (gases de efeito estufa, ou GEE), tendo como base um
conjunto coerente e consistente de suposições sobre suas forças mo-
trizes (desenvolvimento demográfico e socioeconômico, mudança
tecnológica, energia e uso da terra) e suas principais relações. As pro-
jeções futuras do clima, derivadas de modelos de clima, consideram
os cenários de emissões (IPCC, 2022).
8
(incluindo serviços ecossistêmicos) e infraestrutura. Os impactos po-
dem ser referidos como consequências ou resultados e podem ser
adversos ou benéficos (IPCC, 2022).
9
Normais climatológicas: valores médios de variáveis meteorológicas
calculadas para um período relativamente longo e uniforme, incluin-
do médias de temperatura mínima e máxima, umidade, insolação,
vento, precipitação, extremos de temperatura e chuva, entre outros.
São utilizadas como referência contra a qual observações recentes ou
atuais podem ser comparadas, inclusive fornecendo uma base para
muitos conjuntos de dados climáticos baseados em anomalias (por
exemplo, temperaturas médias globais). Também são amplamente
utilizados, implícita ou explicitamente, para prever as condições mais
prováveis de serem experimentadas em um determinado local (WMO,
2018).
10
Risco de fundo: a possibilidade de uma ameaça climática colocar
em perigo as perspectivas da atividade econômica em andamento,
provocando a restrição do investimento privado de longo prazo e re-
duzindo o potencial de crescimento econômico, mesmo na ausência
da ocorrência de um desastre (Infrastructure Australia, 2018).
11
SIGLAS
12
1
POR QUE CONSIDERAR
RISCOS CLIMÁTICOS
EM PROJETOS DE
INVESTIMENTO DE
INFRAESTRUTURA?
13
A mudança do clima e seus impactos
² A mudança do clima demanda respostas da sociedade que podem ser agrupadas em duas
distintas categorias: mitigação e adaptação. A mitigação refere-se à redução das emissões
de gases de efeito estufa (GEE) para evitar ou reduzir a incidência da mudança do clima; en-
quanto a adaptação busca reduzir seus efeitos danosos e explorar possíveis oportunidades.
A adaptação é necessária independentemente do quanto conseguimos reduzir de emissões
de GEE, pois as emissões históricas já alteraram o clima de maneira que a temperatura
média global da Terra vem batendo recordes a cada ano. Enquanto ações de mitigação
atuam no sentido de reduzir o risco climático pela redução da ameaça, as ações de adap-
tação têm a possibilidade de influenciar o risco por meio da redução da vulnerabilidade. É
recomendável que exista sinergia entre ações de mitigação e adaptação.
14
sigam em alta, a precipitação média anual no Nordeste pode ser
reduzida em 22% ao longo do século, sendo que chuvas mais con-
centradas e em períodos menos regulares são previstas de ocorrer
em todo o país. Nesse contexto, a população exposta a enchentes
e deslizamentos de terra pode dobrar ou até triplicar nas próximas
décadas. Projeções de secas mais prolongadas afetam tanto a região
Nordeste, quanto a Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Da mesma forma,
a floresta amazônica deve observar a aceleração do processo de
savanização4, tendo como consequência, dentre outras coisas, uma
redução (de até 40%) das chuvas ali geradas, afetando a circulação
da monção sul-americana e modificando a distribuição dos regimes
pluviométricos - em especial nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
4
O processo de savanização advém de pressões de degradação e desmatamento, como
demonstrado em diversas publicações científicas, e tanto exacerba como é exacerbado pe-
las mudanças do clima (ciclo de feedback positivo). Ver, por exemplo: Boulton, Lenton &
Boers (2022), Painel Científico para a Amazônia (2021) e Silvério et al. (2013).
15
ciclo de análise, tanto no nível do projeto quanto do portfólio. Assim,
identificar, avaliar e quantificar esse risco climático é uma condição
importante e necessária para evitar perdas socioeconômicas futuras.
16
Projetos de adaptação à mudança do clima vs. projetos resil-
ientes
17
cepcional e com efeitos, por vezes, inaceitáveis. Assim, a ACB socio-
econômica é sensível a efeitos climáticos, tanto pela redução da vida
útil do ativo, quanto pelo aumento de custos operacionais (Opex) e
necessidade de capital adicional (Capex), perda de renda do ativo, au-
mento de danos ambientais, bem como alteração nas demandas de
bens e serviços associados, entre outros (Comissão Europeia, 2013)5.
5
A incorporação do risco climático nas avaliações socioeconômicas é abordada por di-
versas publicações, com destaque para AECOM/Australian Government (2012), IISD (2014),
Infrastructure Australia (2018), New Zealand Government (2020), The Asian Development
Bank - ADB (2015), World Bank (2021), UK Department for Environment, Food and Rural
Affairs (2020) e USAID (2013).
18
Sobre a natureza da ameaça climática e susas formas
de incorporação na avaliação socioeconômica
19
O efeito do clima em um componente do custo pode ser calculado
com base na seguinte formulação:
20
Risco agudo, oriundo das condições climáticas extremas
6
Danos (materiais) se referem às danificações em habitações, infraestrutura e em insta-
lações públicas e privadas, geralmente apresentadas em números (ex. cinquenta casas afe-
tadas) ou em valores monetários. Prejuízos (imateriais) se referem às perdas reportadas
nos setores público e privado. No primeiro, tem-se prejuízos pela interrupção de serviços
essenciais (ex.: assistência médica, abastecimento de água, coleta e destinação de resíduos
sólidos, geração e distribuição de energia, transportes, segurança pública, educação etc.).
No segundo (setor privado), os prejuízos geralmente são estimados pelo tempo de inter-
rupção das atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços).
7
Curvas de vulnerabilidade padrão conseguem relacionar, para muitos setores, característi-
cas físicas de um evento e os custos de reparo (ex. se uma rodovia for inundada por mais
de 1 metro de água, o custo do reparo é de cerca de 15% do custo inicial da construção).
8
Um dos métodos mais simples previstos por Olsen et. al. (2015) para calcular os danos e
prejuízos anualizados é pela somatória da multiplicação das médias dos danos previstos
nos ano T e anoT-1 pela diferença na probabilidade de excedência entre estes mesmos anos.
21
Medidas de prevenção e/ou mitigação são prescritas no intuito de re-
duzir a curva de probabilidade de excedência de danos, diminuindo,
respectivamente, a probabilidade e/ou a severidade da ocorrência
de cada evento. As perdas evitadas (na recuperação dos bens dan-
ificados e na cobertura dos prejuízos econômicos) representam os
benefícios esperados pelas medidas. Já os custos associados às medi-
das devem retroalimentar os dados de entrada da ACB, podendo im-
pactar Capex, Opex ou mesmo externalidades. A comparação entre
os cenários base (sem medidas de mitigação) e alternativos (com me-
didas de adaptação) permite explicitar se a combinação entre custos
e benefícios é positiva, sendo que os custos da adaptação devem ser
inferiores à perda potencial de bem-estar identificada, para justificar
as ações a serem tomadas.
9
No caso de a análise default não contemplar os riscos naturais, deve-se realizar sua in-
clusão com base nas condições atuais, de forma que se identifique apenas o risco adicional
trazido pela mudança do clima.
10
Se o projeto estiver sujeito a vários riscos, o processo de cálculo das curvas de excedência
de danos deve ser repetido para cada um, individualmente - a combinação de diferentes
ameaças com diferentes períodos de retorno não é trivial, pois depende da correlação es-
paço-temporal entre eventos.
11
Análise do World Weather Attribution, disponível em [link].
22
as da mudança nas demais características de eventos extremos, para
além de sua frequência.
23
2
COMO USAR ESSE ANEXO
25
O presente anexo integra o Guia ACB e deve ser utilizado em conjunto
com este. Embora as etapas de avaliação do risco climático em pro-
jetos de investimento preconizadas pela literatura possam ser apli-
cadas de forma autônoma, o objetivo é incorporá-las ao processo de
elaboração de uma ACB Socioeconômica, em especial à aplicação do
Guia ACB e seus passos.
26
AVALIAÇÃO DO RISCO CLIMÁTICO
Interações e repercussões
Avaliação da dimensão
Estimativas de custos Etapa 2.b: Como estimativas de custos maiores (Capex e Opex), que
econômicos demandas e ofertas do cenário
GUIA ACB
Capítulo 8
Indicadores de viabilidade • Se o risco climático for incorporado nos
• Fluxo de caixa comparativo custos, benefícios e externalidades, os
• Cálculo dos indicadores de viabilidade resultados da ACB refletirão seus custos
e as análises resultantes podem seguir
Etapa 3 as recomendações-padrão do Guia ACB
Capítulo 9
Tomada de decisão • Se o risco climático não puder ser
Capítulo 11
Alternativas de Implementação
do projeto e a ACB
27
INÍCIO
Quadro de ligações
impactos X setores
SIM
MODERADA/ALTA
Referência - seção X
Possível quantificar
cenários climáticos para NÃO
Etapa 2 - Avaliação e análise do risco climático: como as ameaças
Referências setoriais/
planejamento
Etapa 2.b – Como as estimativas de demandas e ofertas do Possível quantificar os NÃO
cenário base são alterados ao longo do tempo em decorrência efeitos do clima na demanda
das mudanças no clima? e oferta do cenário base?
SIM Incorporar na
Referências setoriais ACB
/ engenharia
Etapa 2.c – Como as estimativas de custos (Capex, Opex) do Possível a quantificar os
NÃO
projeto são alterados ao longo do tempo? efeitos do clima nos
custos?
SIM Incorporar na
Referências setoriais
/acadêmicas ACB
/políticas públicas
Possível quantificar os
Etapa 2.d – Como as estimativas de benefícios do projeto são NÃO
efeitos do clima nos
alterados ao longo do tempo? benefícios?
Referências setoriais SIM Incorporar na
/acadêmicas ACB
/políticas públicas Possível quantificar os
Etapa 2.e – Como as estimativas de externalidades do projeto são efeitos do clima nas
NÃO
alterados ao longo do tempo? externalidades?
SIM Incorporar na
ACB
NÃO
Teste de estresse/
Etapa 3.b - Quão sensíveis são os indicadores do projeto às Análise de Monte Carlo
alterações em cenários de clima? | Quais variáveis são críticas em NÃO
componente climática
relação a riscos climáticos? | Quão robusto é o projeto frente aos Efeitos do clima foram
SIM
cenários de clima futuro? incorporados na análise
de sensibilidade?
Análise de sensibilidade específica para consideração do risco climático
que não pôde ser incorporado nos resultados da ACB (inclusive análise
para variáveis-chave nos canais de impacto e seus valores de inflexão)
Identificação das principais
vulnerabilidades do projeto
29
(e contrafactual) não está exposto, ou não é vulnerável, a alterações
climáticas, poupando o analista de tais considerações. Por outro lado,
pode evidenciar a necessidade de uma consideração mais minuciosa
que, por sua vez, pode revelar oportunidades de adaptação ou mes-
mo a necessidade de novas alternativas de projeto.
30
3
ETAPA 1
TRIAGEM PRELIMINAR DO
RISCO CLIMÁTICO: O PRO-
JETO E SEU CONTEXTO ES-
TÃO POTENCIALMENTE
SOB RISCO CLIMÁTICO?
31
Objetivo
Perguntas orientadoras
32
Relação com o Guia ACB, interações e repercurssões de aval-
iação
33
A identificação de ameaças potenciais ao contexto de intervenção se
inicia pela observação dos acontecimentos históricos e pelos regis-
tros de impactos na região, tal como os da Defesa Civil e de serviços
meteorológicos (ver Quadro 3.1). Além disso, certas infraestruturas
estão sujeitas a normas e padrões de construção que estabelecem
limiares para condições climáticas 12.
12
A NBR nº 5422, por exemplo, estabelece que linhas de transmissão devem ser implemen-
tadas de forma a suportar ventos com tempo de retorno de 50 anos.
13
Disponível em [link].
14
Disponível em [link].
15
Disponível em [link].
16
Disponível em EPAGRI/CIRAM [link], SIMEPAR [link] e DAEE-SP [link].
34
Na sequência do olhar retrospectivo, deve-se adotar também o olhar
prospectivo, no qual a consulta a cenários de mudança do clima pode
relevar consistência com observações e prover um entendimento do
sistema atual e futuro que permite inferir tendências e projeções fu-
turas do clima.
Ameaça climática
Perguntas iniciais
de interesse
• Projetam-se mudanças na temperatura média anual da
área de interesse?
• Projetam-se mudanças na temperatura anual e mensal
Temperatura (ou seja, na sazonalidade)?
• Prevê-se que a frequência, intensidade e duração das
temperaturas extremas mudem?
• Projetam-se mudanças na evapotranspiração potencial?
• Projetam-se mudanças na vazão anual na bacia hidro-
gráfica de interesse?
• Projetam-se mudanças nos padrões de precipitação
anual e mensal (ou seja, na sazonalidade)?
Precipitação e • Prevê-se que a frequência, intensidade e duração da
inundações precipitação extrema mudem?
• Prevê-se que o escoamento superficial se altere na bacia
hidrográfica de interesse?
• A vazão base anual está projetada para mudar na bacia
hidrográfica de interesse?
• Prevê-se que a frequência, intensidade e duração das
secas mudem?
Secas
• Projetam-se mudanças na vazão mínima anual na bacia
hidrográfica de interesse?
• A área de interesse está exposta a ventos de ciclones
tropicais, como furacões ou tufões?
Ventos fortes
• Preveem-se mudanças na frequência, intensidade e
duração de ciclones tropicais?
Aumento do nível • Projetam-se mudanças no nível do mar local até o final
do mar da vida útil do projeto?
36
Quadro 3.2: Compreendendo as grandes tendências do clima
17
Disponível em [link].
18
Disponível em [link].
19
Disponível em [link].
38
fornece informações para observações (para o passado recente) e sim-
ulações de modelos (para períodos paleoclimáticos20, passado recente
e futuro). Permite, de forma bastante intuitiva e em sínteses regionais,
identificar o “sinal” da mudança do clima. O Atlas apresenta duas inter-
faces: uma simples, destinada ao público em geral, e outra avançada,
com foco em pesquisadores e profissionais, na qual se torna ferramen-
ta compreensiva e permite uma grande variedade e profundidade de
análises.
Efeitos da mudança do
Infraestrutura Impactos sofridos
clima
Menor confiabilidade do sistema |
Alteração na estacionarie-
Necessidade de maior capacidade
Hidrelétricas dade das vazões afluentes
instalada e/ou maior reservação |
dos reservatórios
Geração abaixo do previsto
Temperaturas mais altas e Capacidade reduzida da rede
Sistemas de
ondas de calor | Alteração elétrica | Inundações de sub-
transmissão
nos padrões de precipitação: estações | Danos nas linhas de alta
e distribuição
maior frequência e inten- transmissão | Desgaste dos mate-
(energia elétri-
sidade | Inundações | Ventos riais e redução de vida útil | Maior
ca)
fortes, tempestades e raios manutenção do sistema
Inundações nas estradas | Aumen-
Aumento/intensificação de
to de áreas de pontes | Instabili-
precipitação e extremos de
Rodovias dade de taludes | Danos à superfí-
temperatura| Ondas de calor
cie das estradas e redução de vida
mais intensas e frequentes
útil
Aumento/intensificação de Inundações das linhas | Aumento
precipitação e extremos de de áreas de pontes | Instabilidade
Ferrovias
temperatura| Ondas de calor de taludes | Deformação dos tril-
mais intensas e frequentes hos e maior manutenção
Secas prolongadas e mais
Interrupção de serviços | In-
intensas | Assoreamento da
Hidrovias e undações de portos | Redução da
calha do rio | Elevação do
portos capacidade de operação | Aumento
nível do mar | Tempestades
do custo médio de operação
e ventos
Fonte: Elaboração própria.
20
Clima da Terra em um ponto especificado no tempo geológico.
39
A Tabela 3.3, adap-
Tendo o setor de Tecnologia da Informação e Comuni-
tada e expandida a
cação como exemplo, vê-se que a estabilidade do solo
partir de Dawson et
- afetada pela precipitação - pode repercutir direta e
al. (2016), apresenta
negativamente tanto nas redes de comunicação aéreas
as principais ligações
quanto nas subterrâneas. O efeito da intrusão salina,
entre os impactos
no entanto, é indireto, pois afeta a manutenção de eq-
climáticos e os seto-
uipamentos e torres por causa da corrosão. Já o efeito
res de infraestru-
das secas e baixas precipitações pode, por um lado, vir
tura. Um ‘X’ denota
a ser benéfico ao reduzir os problemas com descargas
que o link foi identi-
atmosféricas e melhorar as condições de propagação
ficado nos relatórios
de radiofrequências. No sentido oposto, no entanto,
técnicos de especial-
os centros de dados (data centers) são negativamente
istas em cada uma
afetados, pois a água é insumo direto para resfriar eq-
das infraestruturas,
uipamentos.
sendo que quanto
maior o número de relacionamentos, maior o potencial de que a mu-
dança do clima impacte as infraestruturas. Enquanto a maior parte
das relações são bastante evidentes, outras são mais sutis e ainda um
terceiro grupo pode apresentar relações ambíguas
40
Tabela 3.3: Principais relações entre as ameaças climáticas e os setores de infraestrutura
Precipitação Temperatura
Setores de infraestrutura
gelo
(erosão,
Danos ou
eficiência
eficiência
enxurradas
precipitação
Calor severo
e/ou doença
e/ou doença
dessecação*
alagamentos
Secas e baixa
Alterações na
Alterações na
deslizamento)
capacidade ou
capacidade ou
assoreamento,
por enchentes ou
Subsidência e/ou
perturbações por
Estabilidade de solo
Frio severo, neve ou
Demanda de serviço
Processos biológicos
Processos biológicos
Danos ou perturbações
Transporte Ferroviário X X X X X X X X X X
Transporte Rodoviário X X X X X X X X X
Transporte Aquaviário X X X X X X X X X
Transporte Marítimo e Portos X X X X X
Abastecimento de Água X X X X X X X X X X X
Serviços de Saneamento /
X X X X X X X X X
Esgotamento
Gerenciamento Costeiro e
X X X X X X X X
Controle de Erosão
Tecnologia da Informação e
X X X X X
Comunicação
Resíduos Sólidos X X X X X X X X
Energia - Óleo & Gás, Carvão
X X X X X X X
e Nuclear
Energia - Renováveis X X X X X
Energia - Sistemas,
X X X X
Transmissão e Distribuição
Energia - Demanda X X X X X X
* Subsidência: Afundamento do solo por esgotamento da água subterrânea. Dessecação: Remoção de umidade do solo.
41
42
(continuação)
Aumento do nível do mar Outras ameaças
Setores de infraestrutura
Umidade
Danos ou
incêndios
Relâmpago
Queimadas e
Radiação solar
Intrusão salina
Erosão costeira
perturbações por
Névoa ou neblina
Bloqueio de maré
causados pelo vento
Tempestade e danos
inundações costeiras
Transporte Ferroviário X X X X X X
Transporte Rodoviário X X X X X X
Transporte Aquaviário X X
Transporte Marítimo e Portos X X X X X
Abastecimento de Água X X X X X
Serviços de Saneamento /
X X X
Esgotamento
Gerenciamento Costeiro e
X X X X X
Controle de Erosão
Tecnologia da Informação e
X X X X X X X X
Comunicação
Resíduos Sólidos X X X
Energia - Óleo & Gás, Carvão
X X X
e Nuclear
Energia - Renováveis X X X
Energia - Sistemas,
X X X X
Transmissão e Distribuição
Energia - Demanda X X
Fonte: Adaptado e expandido a partir de Dawson et al., 2016.
Se por um lado alguns guias processuais, principalmente aqueles mais foca-
dos em setores específicos, podem dar luz à identificação das ameaças ao
projeto por meio do fornecimento prévio de listas de verificação (checklists),
ou mesmo cadernos setoriais específicos, é comum que esta avaliação seja
baseada em informações externas ao processo da ACB em si, inclusive com
auxílio de especialistas do setor.
21
Disponível em [link].
22
Disponível em [link].
43
Etapa 1.c. Avaliação preliminar do risco climático: A
severidade e/ou a probabilidade da ameaça tornam a
consideração do risco relevante?
Ao final desta Etapa 1, espera-se que o analista consiga ter uma aval-
iação preliminar e qualitativa - minimamente embasada e justifica-
da - do potencial risco climático que o projeto e seu contexto estão
sujeitos. Isso inclui uma caracterização, mesmo que preliminar,
simplificada e realizada através de julgamento de especialis-
tas, da magnitude dos efeitos da alteração climática no projeto
e seu contexto, assim como uma aproximação da probabilidade
de ocorrência associada. Deve contemplar as tendências climáticas
passadas e projetadas de temperatura, precipitação e outras variáveis
e índices climáticos de interesse, bem como a ocorrência, frequência
e gravidade das principais ameaças.
-
Inaceitavel Inaceitavel
Inaceitavel
Inaceitavel
44
Caso o risco seja baixo ou moderado, o projeto deve-se prosseguir com a
ACB sem a necessidade de incorporação da componente climática na aval-
iação (dispensa-se o uso deste Anexo). Sendo alto ou inaceitável, deve-se se-
guir para as etapas de avaliação e análise deste risco.
PONTO DE DECISÃO
Ao final desta etapa de triagem (Etapa 1), caso o projeto e/ou seu con-
texto sejam classificados de baixo ou moderado risco climático, sua
consideração explícita na ACB pode ser ignorada. Caso apresente risco
alto ou inaceitável, passa-se às etapas seguintes deste anexo, em
que se busca avaliar e analisar mais em detalhe como as ameaças iden-
tificadas afetarão os parâmetros de performance da ACB.
45
4
ETAPA 2
AVALIAÇÃO E ANÁLISE DO
RISCO CLIMÁTICO: COMO
AS AMEAÇAS CLIMÁTICAS
AFETAM A PERFORMANCE
DO MEU PROJETO?
47
Objetivo
48
Perguntas orientadoras
49
• Devido à resiliência do projeto, tem-se a não-interrupção na
geração de benefícios econômicos, a não-ocorrência de de-
sastres ou mesmo a redução de seus danos.
50
da ACB serão impactados pelo clima, tornando o estabelecimento de
cenários climáticos um exercício não trivial.
Variáveis climáticas
51
Índices climáticos
Drenagem de
Chuva TR de 10 anos DNIT, 2006
rodovias
Vento TR de 50 anos
Linhas de trans-
NBR 5422/1985
missão
Temperatura do ar Máxima e mínima
Período base
Abrangência espacial
24
Informações meteorológicas para todo o território brasileiro, incluindo produtos como: normais
climatológicas; previsão climática; monitoramento; banco de dados meteorológicos históricos; entre
outros. Disponível em [link].
25
Séries históricas diárias de precipitação e vazão para mais de 4,6 mil pontos de monitoramento em
todo o território nacional. Disponível em [link].
26
Disponível em [link].
54
abranger uma área superior à da resolução espacial das pro-
jeções climáticas. Quanto à aplicabilidade na ACB, é admissível uma
granulometria mais grosseira para a indicativa (ACB Preliminar), sen-
do recomendável uma mais fina para a detalhada (ACB Completa).
27
Hausfather & Peters (2020) argumentam que o SSP5-8.5 é pouco provável de se concretizar pois a
sociedade já está tomando medidas de redução de emissões de GEE (ex. a intensificação do uso de
energias renováveis). No entanto, Schwalm et al. (2020) recomendam o uso deste cenário devido ao
que se sabe hoje sobre feedbacks bióticos, o caminho atual e previsões anteriores sobre o comporta-
mento da sociedade.
55
Tabela 4.3: Descrição dos cenários SSP de emissões de GEE e o aquec-
imento global estimado.
Aquecimento Aquecimento
SSP-RCP Cenário Socioeconômico (2041-2060) (2081-2100)
[faixa provável] [faixa provável]
Sustentabilidade: o mundo muda rapida-
mente e de forma generalizada em direção 1,6 °C 1,4 °C
SSP1-1.9
a um caminho mais sustentável. Emissões [1,2 – 2,0 °C] [1,0 – 1,8 °C]
de GEE reduzidas a zero por volta de 2050.
Sustentabilidade gradual: o mundo muda
de forma gradual e generalizada em
1,7 °C 1,8 °C
SSP1-2.6 direção a um caminho mais sustentável.
[1,3 – 2,2 °C] [1,3 – 2,4 °C]
Emissões de GEE reduzidas a zero por
volta de 2075.
Meio do caminho: o mundo segue um
caminho com tendências socioeconômi-
cas e tecnológicas similares aos padrões 2,0 °C 2,7 °C
SSP2-4.5
históricos. Emissões de GEE em torno dos [1,6 – 2,5 °C] [2,1 – 3,5 °C]
níveis atuais até 2050, depois caindo, mas
não atingindo emissões zero até 2100.
Competição regional: ressurgência de
nacionalismo, competitividade e conflitos
2,1 °C 3,6 °C
SSP3-7.0 regionais levam os países a se concentra-
[1,7 – 2,6 °C] [2,8 – 4,6 °C]
rem em questões domésticas ou regionais.
Emissões de GEE dobram até 2100.
Desenvolvimento movido a combustíveis
fósseis: o impulso para o desenvolvimento
econômico e social é combinado com uma
2,4 °C 4,4 °C
SSP5-8.5 intensa exploração de combustíveis fósseis
[1,9 – 3,0 °C] [3,3 – 5,7 °C]
e estilos de vida intensivos em recursos e
energia no mundo todo. Emissões de GEE
triplicam até 2075.
Fonte: Adaptado de IPCC (2021).
Horizonte temporal
57
fia, recomenda-se usar projeções de modelos regionais. Porém estas
informações nem sempre estão prontas para uso, o que demandaria
processar dados de clima.
Cenários climáticos
58
Tabela 4.4: Principais fontes de dados e informações para a con-
strução de cenários climáticos
Atlas-IPCC - conjunto de
dados do CMIP6 [link]
Climate Knowledge Portal - Climate Knowledge Portal -
Global
Dados para download [link] Projeções de clima [link]
Climate Knowledge Portal -
Extremos [link]
ESGF-CORDEX-CMIP5
Atlas-IPCC conjunto de
[link]
Regional dados do CORDEX-South
NASA-NEX-GDDP-CMIP6
America [link]
[link]
1
Necessita de expertise em processamento de dados; 2 Pronto para uso
Fonte: Elaboração própria.
59
Figura 4.2: Projeções de multi-modelos do CMIP6 para: temperatu-
ra média anual (esquerda) e chuva anual (direita) para o Distrito
Federal considerando os cenários de emissões SSP1-1.9 e SSP3-7.0
em relação ao período base de 1995-2014.
60
A partir das variações dos tempos de retorno para os cenários de
emissões e os horizontes de análise, como ilustrado na Tabela 4.5, tor-
na-se possível calcular o deslocamento da curva de probabilidade de
excedência de danos sob mudança do clima conforme método descri-
to na Seção: Sobre a natureza da ameaça climática e suas formas de
incorporação na avaliação socioeconômica (ilustrado na Figura 2.1).
As informações climáticas apresentadas na Tabela 4.5 tem como base
o Climate Knowledge Portal (CCKP) do Banco Mundial (exemplificado na
Figura 4.3). Para situações que requerem maior resolução espacial, es-
pecialistas em clima podem calcular os novos TR a partir da manipu-
lação de dados climáticos.
61
Gestão proativa das incertezas
PONTO DE DECISÃO
62
Incorporando os efeitos dos cenários de clima nas sub-
etapas 2.b, 2.c, 2.d e 2.e
63
de entrada determinará a qualidade dos resultados, devendo-se
avaliar se há consistência suficiente para realizar a incorporação
quantitativa do risco. Podem-se classificar as seguintes tipologias
de estimativas:
Uma vez que as infraestruturas detêm vidas úteis longas (30, 50 anos
ou mais), o próprio cenário base deve ser analisado no compasso
das incertezas críticas da mudança do clima e seu rebatimento nas
28
Disponível em [link].
65
projeções de oferta, demanda, custos, benefícios e externalidades,
realizadas para todo o horizonte de análise 29 . A consideração dessas
implicações pode motivar reavaliações dos cenários alternativos que
são projetados de forma a atender aos anseios sociais que podem,
por sua vez, serem modificados.
29
Considerando a geração de energia hidrelétrica, por exemplo, as projeções de oferta no cenário
base podem não ser mais tão regulares quanto previsto, devido à maior variabilidade no regime
pluviométrico.
66
PONTO DE DECISÃO
30
Sistemas setoriais de compilação e atualização de custos referenciais podem vir a incorporar coefi-
cientes ou índices que espelham a adaptação requerida sob maior estresse climático.
67
Outro aspecto a ser considerado é a possibilidade de a mudança
do clima afetar o valor residual do ativo: pode-se ter um ativo que
não será mais capaz de gerar benefícios devido ao clima; ou mesmo
pode-se vir a ter a geração de passivos para além do horizonte de
análise do projeto (ex. barragens de controle de cheias que podem
não mais dar conta do aumento das inundações no final do século,
estruturas costeiras que se tornam proibitivamente caras de manter
com o aumento do nível do mar etc.).
31
Como exemplo, as normas técnicas de engenharia civil (Eurocódigos) para transporte, energia, ed-
ifícios e construção civil foram revistas com base na Estratégia Europeia de Adaptação (2013) para
abranger a avaliação, reutilização e adaptação da infraestrutura existente, bem como a concepção
de novos desenvolvimentos, sob a lente climática.
68
PONTO DE DECISÃO
69
Etapa 2.d. Incorporação dos efeitos dos cenários de cli-
ma nas estimativas de benefícios econômicos
70
No mais das vezes, a incorpo-
ração do risco climático nas esti-
mativas de benefícios deve se dar Supondo um projeto de energia
tanto nas projeções do cenário cujo benefício seja a redução de
base como na dos cenários alter- perdas na transmissão, o aumento
nativos, sendo da diferença entre projetado de temperatura irá influ-
estes que se obtêm a medida dos enciar tanto a projeção de perdas
benefícios incrementais ou com- na transmissão do cenário base
parativos. Caso um projeto resili- (situação sem o projeto) quanto as
ente promova a redução do risco, do cenário alternativo (com o pro-
impedindo ou reduzindo a proba- jeto). O mesmo racional se estende
bilidade e/ou a severidade da in- para benefícios de aumento do uso
terrupção dos fluxos de benefícios, produtivo da terra, na qual o poten-
valora-se tal efeito pelo método de cial de rendimento da terra pode
perdas evitadas. Uma vez que a mo- ser positiva ou negativamente im-
tivação para a promoção da redução pactado pelo clima. O risco de aci-
do risco de desastres é salvar vidas, dentes em uma rodovia, caso seja
reduzir os danos e prejuízos associa- majorado pela mudança do clima,
dos e também promover a recuper- afeta as projeções de acidentes do
ação efetiva das áreas impactadas, cenário base e, a depender do pro-
estas são exatamente as métricas jeto, também do cenário alternati-
para o cômputo das perdas evitadas vo. Atenção deve ser tomada para
(i.e. vidas salvas, danos ou prejuízos que não haja dupla contagem.
que deixaram de ocorrer, áreas que
permaneceram produtivas ao invés
de abaladas por desastres).
PONTO DE DECISÃO
71
Etapa 2.e. Incorporação dos efeitos dos cenários de cli-
ma nas estimativas de externalidades
Geração de co-benefícios
32
Exemplos de inventários e bases de informações: Environmental Valuation Reference Inventory [link];
Development Evidence Portal [link]; Enabling a Natural Capital Approach - ENCA, Reino Unido, com
preços de serviços ecossistêmicos e outros [link]; Dataset CBAx do governo da Nova Zelândia [link].
33
O item sobre má adaptação (maladaptation), na Etapa 3 deste Anexo, tece mais considerações
sobre a promoção de externalidades negativas.
72
de carbono e retenção de sedimentos (que beneficiam o próprio
porto por meio de dragagem evitada). Embora a natureza dos co-
benefícios varie significativamente, todos se materializam na
prevenção de desastres e podem ser, assim, incorporados no
fluxo de caixa do projeto.
34
Disponível em [link].
73
Papel indutor da redução de riscos
PONTO DE DECISÃO
35
Por exemplo, Tanner et al. (2018) apontam que a redução e gestão eficaz do risco permite que
famílias pobres acumulem economias, invistam em ativos produtivos e melhorem seus meios de sub-
sistência.
74
Quadro 4.6: Exemplo de efeito indutivo pela redução do risco
climático
36
Disponível em [link].
75
5
ETAPA 3
TOMADA DE DECISÃO
CONSIDERANDO A COM-
PONENTE CLIMÁTICA
77
Objetivo
Perguntas orientadoras
78
Capítulo 10 - Análise distributiva
• A mudança do clima pode afetar a distribuição de custos e
benefícios entre as partes afetadas pelo projeto, recaindo, por
exemplo, sobre grupos menos favorecidos da população.
Caso, nas etapas anteriores, por qualquer razão que seja, não tenha
sido possível estimar de forma quantitativa os cenários climáti-
cos ou sua repercussão quantitativa na variação causada em
uma ou alguma das estimativas (demanda, custos, benefícios
ou externalidades), cabe conduzir uma análise de sensibilidade
própria para o contexto climático identificado, por meio de um
teste de estresse ou análise probabilística de risco. Isso porque,
quando a incorporação do risco climático na ACB não é possível, os
indicadores de viabilidade resultantes (∆VSPL, TRE, IBC) não irão re-
fletir as repercussões dos impactos climáticos ao bem-estar. De for-
79
ma análoga, a condução da análise de sensibilidade prescrita pelo
Guia ACB no Capítulo 9 não irá capturar, com a devida propriedade, a
amplitude e magnitude do risco.
Teste de estresse
37
O teste de estresse não intenta calcular um impacto esperado ou mais provável, mas sim explicitar
as vulnerabilidades do projeto em simulações que permitam informar os tomadores de decisão.
Variáveis críticas são aquelas cujas variações, positivas ou negativas, têm impacto mais significativo
38
na viabilidade socioeconômica, para as quais uma mudança de ±1% do seu valor inicial ocasiona
uma variação absoluta de mais que 1% no ∆VSPL.
80
relevante os resultados da ACB. Para cada uma das variáveis críticas,
é necessário atribuir seus valores plausíveis em duas situações dis-
tintas:
39
Idealmente, as diferentes categorias de custos, benefícios e externalidades devem ser discriminadas,
permitindo que o teste de estresse aponte os impactos individualizados.
40
Cabe lembrar a frase do matemático americano John W. Tukey: “melhor uma resposta aproximada
à uma pergunta certa, que é muitas vezes vaga, do que uma resposta exata para a pergunta errada,
que sempre pode-se fazer soar precisa” (tradução livre).
81
Uma vez que os intervalos de variações otimistas e pessimistas são
definidos - tanto para o conjunto de variáveis críticas como para as
variáveis que repercutem o risco climático - o teste de estresse se
operacionaliza pela produção de indicadores de viabilidade alterna-
tivos, que podem então ser analisados em contraste aos resultados
default, conforme a Tabela 5.1.
82
Análise probabilística de riscos climáticos
Gerenciamento a incerteza
83
como sem arrependimento (no-regret), que agrega bem-estar social
sob quaisquer cenários futuros. Outra possibilidade é a identificação
de medidas de adaptação que tornam um projeto custo-benéfico
mediante pequenos gastos adicionais que dão conta dos impactos
negativos da mudança do clima - medidas de baixo arrependimento
(low-regret)41.
41
Como exemplo, considere medidas que tornem determinada infraestrutura portuária resiliente
a marés 50 cm mais elevadas que as médias históricas. Se for executada (praticamente) sem cus-
tos adicionais (ex. via SbN), seriam medidas do tipo no-regret; se executadas com baixos custos
adicionais (ex. via defensas marginalmente maiores), seria do tipo low-regret, caso a elevação de
marés não venha a ocorrer.
⁴² Uma resposta eficiente ao risco climático poderá ser a de aceitar determinados riscos, mesmo
com a implementação de medidas de adaptação, uma vez que seria impossível ou muito custoso
mitigá-los adequadamente.
84
ização da adaptação desde a concepção do projeto - o que decorre
de resultados sem arrependimento ou de baixo arrependimento, nos
quais os custos sociais da adaptação são menores (relativamente) do
que os benefícios e co-benefícios por eles promovidos. Outra situ-
ação que pode levar à adaptação imediata decorre da inviabilidade
técnica de se realizar a adaptação em um momento futuro.
85
Considerações acerca da questão distributiva
86
PONTO DE DECISÃO
87
6
FONTES DE INFORMAÇÕES
E BASES DE DADOS
89
Recursos informacionais no campo da ciência climática ou relacio-
nados aos riscos e impactos, apresentam dados, informações e aná-
lises em diversos formatos, tais como: variáveis climáticas e pro-
jeções de clima (ex. temperatura, precipitação, umidade, velocidade
do vento etc.); análises de variáveis climáticas e projeções de clima
(ex. tendências de temperatura e precipitação etc.); impactos climáti-
cos secundários (ex. mapas de inundação, rendimento de culturas
etc.); ou ainda abordando vulnerabilidades e opções de resposta (ex.
mapas de pobreza, portfólios de medidas de adaptação à mudança
do clima etc.). A aplicabilidade desses recursos, principalmente no
caso de dados primários e secundários, tende a depender de alguma
capacidade técnica, além de muitas vezes requerer procedimentos
específicos para seu uso e obtenção de produtos analíticos.
90
variáveis climáticas, contidos em formatos de arquivo que exigem
conhecimento especializado para extração. Por isso, muitas das fon-
tes foram classificadas como requerendo elevada expertise por parte
do analista.
91
92
Tabela 6.2: Fontes de Dados e Informações Climáticas (em ordem alfabética, versão simplificada)
requerido
ficos
Dados
Histórico
Projeções
Grau de expertise
Vulnerabilidade,
Riscos e Impactos
hidrometeoceanográ
Plataforma de índices e Indicadores de risco de
1 Adaptabrasil MCTI ◉ Baixo https://adaptabrasil.mcti.gov.br/
impactos da mudança do clima no Brasil
Cemaden - Centro
Plataforma de consulta aos dados da rede
CEMADEN - Mapa Nacional de
observacional do Cemaden (pluviômetros, Baixo- http://www2.cemaden.gov.br/mapai
5 Interativo de Monitoramento e ◉ ◉
estações hidrológicas e radares Médio nterativo/#
Desastres Naturais Alertas de Desastres
meteorológicos)
Naturais
Climate Hazards
Center InfraRed
Precipitation with Dados globais de precipitação e temperaturas https://www.chc.ucsb.edu/data/chir
9 Climate Hazards Center ◉ ◉ Alto
Station data máximas e mínimas diária ps
(CHIRPS) e
CHIRTSdaily
Copernicus Climate
Diferentes conjuntos de dados históricos e
Change Service https://cds.climate.copernicus.eu/#!
10 União Europeia/ECMWF futuros para múltiplas variáveis e regiões do ◉ ◉ ◉ Alto
(C3S) /home
globo
Climate Data Store
Daily gridded
meteorological Dados diários de 6 variáveis para todo o https://utexas.app.box.com/v/Xavier
11 Xavier et al. (2016) ◉ ◉ Alto
variables in Brazil território brasileiro entre 1980 -2013 -etal-IJOC-DATA
(1980–2013)
Earth System
NOAA Physical Sciences Dados diários, mensais, anuais e sazonais para https://psl.noaa.gov/cgi-
12 Research Laboratory ◉ ◉ ◉ Alto
Laboratory (PSL) produtos de reanálise de diferentes variáveis bin/data/getpage.pl
(ESRL)
Department of Energy
Resultados de diferentes projetos envolvendo https://esgf-
13 ESGF Portal Lawrence Livermore ◉ ◉ Alto
modelos climáticos globais node.llnl.gov/search/esgf-llnl/
National Laboratory
93
94
Global Historical National Centers for https://www.ncei.noaa.gov/products
Dados diários e mensais para 100.000 estações
15 Climate Network Environmental ◉ ◉ Médio /land-based-station/global-historical-
meteorológicas em 180 países
(GHCN) Information climatology-network-daily
PERSIANN
(Precipitation Center for
Estimation from Hydrometeorology and Dados estimados de precipitação diárias,
28 Remotely Sensed Remote Sensing (CHRS) mensais e anuais globais para os períodos ◉ ◉ Alto http://chrsdata.eng.uci.edu/
Information using at the University of 2000-Atual; 2003-Atual e 1983-Atual.
Artificial Neural California, Irvine (UCI)
Networks)
Ministério do Meio
Projeções de mudança do clima para a América
30 ProjEta Ambiente (MMA); ◉ ◉ Alto https://projeta.cptec.inpe.br/
do Sul regionalizadas pelo modelo Eta
CPTEC/INPE; UPF; GIZ
95
96
no Brasil : 1995 –
2019
S2iD-Sistema
Informações principais sobre os
Integrado de
32 MDR Reconhecimentos Federais de Situação de ◉ Baixo https://s2id.mi.gov.br/
Informações sobre
Emergência e Estado de Calamidade Pública
Desastres
97
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. 1985. NBR nº.
5422 - Projeto de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica.
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