Logística Cap Messias
Logística Cap Messias
Logística Cap Messias
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tratará um pouco sobre a logística empresarial no Brasil, focados
principalmente nos conceitos, atividades e sua importância. Historicamente a Logística
surgiu e foi se aperfeiçoando ao longo do tempo devido as operações militares.
Atualmente, a iniciativa privada é referência no assunto. A ideia é analisar como a
iniciativa privada trabalha para que possamos comparar, aprender e se possível em até
aprimorar a logística praticada no Exército Brasileiro. Inicialmente, vou falar um pouco
sobre o papel do sistema logístico e sua evolução.
Somente no início dos anos de 1990, no Brasil as organizações começaram a
compreender que o adequado gerenciamento logístico pode apresentar um impacto
vital para a obtenção de vantagens competitivas duradouras (Christopher,1997). Apesar
de existir diferentes conceitos para a expressão gerenciamento logístico, existe a
concordância de que o objetivo da logística é a disponibilidade de produtos na data e
local necessários. Com isso pode se perceber que o papel dos sistemas logísticos é
tornar produtos e serviços disponíveis, criando assim, as utilidades de espaço (local) e
de tempo (momento). Observe a definição de Razzolini Filho (2006, p.30):
A logística pode ser definida como parte do processo de gestão de cadeia
de suprimentos que objetiva planejar, implementar e controlar, de
maneira eficiente e eficaz, o fluxo bidirecional físico e de informações,
bem como o armazenamento de bens e serviços, da origem ao ponto de
consumo, sempre tende em mente os objetivos da empresa e dos
clientes.
Portanto, para definirmos logística, é necessário compreender que os sistemas
logísticos são mais abrangentes e extrapolam os intramuros das organizações. Isto é,
inicia no fornecimento de matéria-prima e passa por todas as etapas produtivas dentro
da organização, percorrendo os canais de marketing (ou de distribuição) até chegar ao
cliente, sendo que, modernamente, continuam até o retorno do produto para o reinício
do processo produtivo ou sua destruição final pela organização, a chamada logística
reversa (Leite, 2003). Atentar para o fato de que esse ambiente, no qual a logística atua,
exige uma profunda integração entre todos os elos da cadeia de suprimentos, com
intuito de se obter um adequado nível de serviços a ser oferecido aos clientes da
organização.
Ao longo das últimas décadas, com surgimento de novas tecnologias e filosofias
de produção, o mercado consumidor tem se apresentado dinâmico, caracterizado por
constantes transformações, devido a fatores econômicos e sociais. Por este motivo, as
empresas necessitam modificar suas estratégias e planejamento, de forma a adequar-
se às novas exigências da sociedade. Com a concorrência cada vez mais globalizada,
as empresas estão buscando vantagens competitivas para permanecerem atuantes no
mercado. A vantagem competitiva refere-se à alguma característica nos produtos ou
serviços de uma empresa que a diferencie de seus concorrentes. Portanto, a estratégia
competitiva deve surgir através de uma análise das regras da concorrência, buscando
negociar e modificar estas regras em favor a empresa. Atualmente, a logística é uma
das atividades que vem evoluindo e oferecendo grande vantagem competitiva, pois tem
como principal objetivo prover o cliente com os níveis de serviços desejados. Sistemas
logísticos eficientes e eficazes, buscam diminuir o intervalo entre a produção e a
demanda, facilitando a administração e aquisição de materiais, do ponto de origem de
um produto até seu destinatário, o consumidor. Assim, a finalidade da logística está em
entregar o produto certo, na hora certa, nas condições físicas desejadas ao menor custo
possível. Com isso, pode se concluir que o correto gerenciamento dos sistemas
logísticos pode determinar, inclusive o sucesso ou fracasso organizacional a respeito
do atingimento de seus objetivos globais, e não apenas em relação aos aspectos
logísticos. Além disso, a realidade empresarial brasileira nos permite observar que,
principalmente nas pequenas e nas médias indústrias, não existe familiaridade com as
mais modernas técnicas desenvolvidas pela logística como importante e fundamental
instrumento gerencial que permite obter maior competitividade. Diante da constatação
dessa realidade empresarial brasileira, é preciso aprender as melhores práticas
logísticas modernas como um fator diferenciador e com forte ênfase na competitividade
daí resultante.
As empresas estão reconhecendo que logística é um atributo de controle de
custos ainda não muito explorado. A administração das empresas em geral, no passado,
não se preocupava em gerenciar e controlar as atividades relacionadas com a área da
logística. Somente nos últimos anos, na busca pela sobrevivência, frente a um mercado
globalizado e concorrido, as empresas passaram a procurar na logística uma crescente
dinamização de seus processos. Neste sentido, a logística vem sendo reconhecida
como fator relevante na vida econômica e social das empresas e em decorrência das
exigências do mercado competitivo, passa a ser uma atividade de caráter estratégico.
Pelo exposto, considera se de suma importância o estudo de fatores que possam
representar vantagens competitivas às empresas nacionais diante das profundas
transformações que ocorrem no ambiente logístico e, sobretudo, no ambiente
empresarial globalizado. Segundo pesquisa elaborada pelo Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que mostra os dados do triênio 2000 a 2002,
depois de 2 anos de vida, 49,4% das empresas fecham a portas. Esta taxa sobe para
55,64% para empresas com até 3 anos de vida e, para 59,9% para empresas com até
4 anos de existência (Sebrae, 2007). Esses dados mostram que essa parcela de
empreendedores que sonhavam com o sucesso empresarial saiu dessa “experiência
carregando dívidas e cicatrizes na alma” (Breitinger, 1998).
Existe ainda um sério problema cultural do povo brasileiro a ser considerado,
que é a famosa “Lei de Gerson”, em que impera a cultura do ganha-perde. Via de regra,
todo empresário brasileiro é imediatista e, portanto, somente consegue planejar para
um horizonte de curto prazo, querendo resultados imediatos e sem se preocupar com
o estabelecimento de parcerias, o que acaba dificultando ainda mais a existência de
práticas logísticas modernas dentro do planejamento estratégico. Destacamos ainda
instituições que utilizam um adequado planejamento estratégico, sobretudo com forte
ênfase competitiva apoiada pelos seus sistemas logísticos, que tendem a sobreviver ao
longo do tempo, gerando empregos, renda e, em última análise, contribuindo para o
desenvolvimento econômico de um país.
Observe que as empresas precisam competir com maior eficácia para fortalecer
sua posição no mercado, por meio da utilização de regras claras para um
comportamento competitivo desejável em temos sociais, estabelecidos por padrões
éticos e morais. Pelos estudos até aqui pesquisados, percebemos que as práticas
logísticas modernas dentro da cadeia de valor podem ser um fator fundamental para
gerar a diferenciação e a competitividade daí resultante.
4. LOGÍSTICA INTEGRADA
Para se obter o máximo de vantagens estratégicas da logística, todas as
atividades pertinentes à logística devem ser executadas de maneira integrada.
Bowersox e Closs (2001) informam que a vantagem logística é alcançada com a
integração de operações como transporte, armazenagem, manuseio de materiais,
estoque e informação. Essa abordagem integrada deve incorporar clientes e
fornecedores para obter um bom desempenho no atual ambiente competitivo.
Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 43), “a logística integrada é vista como a
competência que vincula a empresa a seus clientes e fornecedores”. O processo
logístico tem duas ações inter-relacionadas: o fluxo de materiais e o fluxo de
informações. O sincronismo entre esses dois fluxos para permitirá a otimização do
processo e a integração de todas as atividades envolvidas
Nota-se que para o funcionamento de um sistema integrado, o fluxo de materiais
e o fluxo de informações acontecem simultaneamente. O primeiro está relacionado com
as decisões de movimentar, produzir e estocar, os produtos dos fornecedores aos
consumidores. O segundo inicia-se nos consumidores finais, pois estes são os que
demandam os produtos, fornecendo as bases para a operacionalização das atividades.
Completam-se os fluxos de materiais e informações de forma dinâmica, uma vez que
os fornecedores estão relacionados diretamente com a área de suprimento, enquanto
os clientes interagem com a distribuição.
6.5 TRANSPORTES
O transporte é a área operacional da logística que posiciona geograficamente o
estoque e está diretamente ligado com a qualidade do serviço, sendo considerado o
maior custo dentro das atividades logísticas.
Bowersox e Closs (2000, p. 138) justificam “em razão da sua importância
fundamental e da facilidade de apuração de seu custo, o transporte tem a recebido uma
atenção gerencial considerável no decorrer dos anos”.
As necessidades de transporte podem ser atendidas de três maneiras definidas
por Bowersox e Closs (2000): privado, onde se opera com uma frota exclusiva de
veículos; contratado, se opera através de um contrato com empresas transportadoras;
transporte comum, onde a empresa contrata serviços de várias transportadoras.
Do ponto de vista do sistema logístico, os autores mencionam três fatores
fundamentais para o desempenho do transporte: custos, velocidade e consistência. Os
sistemas logísticos devem ser projetados para utilizar o tipo de transporte que minimize
os custos totais do sistema, agregando o valor de tempo. Esta é a relação existente
entre os fatores velocidade e custo, pois quanto mais rápido for o transporte mais curto
será o intervalo do tempo que o estoque ficará parado, porém serviços de transportes
rápidos o custo é maior.
Portanto, deve ser adotar um processo que forneça equilíbrio entre velocidade
e o custo do serviço. A consistência é um reflexo da confiabilidade do transporte. Um
transporte de qualidade é aquele consistente e estável, ou seja, se uma movimentação
levar dois dias para entrega na primeira vez, e seis dias na vez seguinte, essa variação
pode causar sérios problemas nas operações logísticas, colocando em risco a confiança
do cliente.
6.6 NÍVEL DE SERVIÇO
No atual mercado competitivo, onde os consumidores estão cada vez mais
exigentes, a qualidade de serviço é um direcionador para se adquirir confiabilidade e a
supremacia sobre os concorrentes. No entanto, numerosas empresas conseguem obter
um aumento de resultados e boa conquista de mercado devido aos serviços logísticos.
De acordo com Ballou (2000), o nível de serviço logístico é o resultado de todas
as atividades logísticas, sendo o fator-cave para que as empresas assegurem fidelidade
de seus clientes. Como o nível de serviços logísticos está associado aos custos de
prover esse serviço, o planejamento da movimentação deve iniciar-se com a análise
das necessidades dos clientes no atendimento de seus pedidos.
De acordo com Ballou (1993, p.74), “o produto oferecido por qualquer empresa
pode ser descrito pelas características preço, qualidade e serviço”, sendo que as
atividades logísticas e seus custos estão refletidos no preço, em menor grau na
qualidade do produto e diretamente no nível de serviço.
Para Christopher (1997, p. 10), “o serviço ao cliente é o novo campo de batalha
da competição, pois pode oferecer significativas oportunidades de diferenciar um
produto-padrão e de ajustar as ofertas da empresa às exigências específicas do cliente”.
Considera ainda que o nível de serviço logístico oferecido, pode ser um elemento tão
importante quanto o desconto no preço, uma vez que ao comprar um produto as
pessoas procuram pelo que lhe proporcione maior valor.
Entretanto, as empresas devem analisar os desperdícios nas atividades
irrelevantes que desenvolvem por iniciativa própria, antes de avaliar os custos para
garantir o serviço e atender as necessidades dos clientes. E para que se tenha um
gerenciamento efetivo, é necessário ter o suporte de informações que auxilie no
processo decisório dos serviços logísticos, para que se possa avaliar as alternativas
para melhor atender o cliente. Para que o desempenho logístico atenda continuamente
às expectativas dos clientes, é essencial que a empresa tenha um compromisso com o
aperfeiçoamento contínuo.
Bowersox e Closs (2000) mencionam que “a qualidade da logística depende de
um planejamento minucioso sustentado por treinamento, de uma avaliação abrangente
dos serviços e de um aperfeiçoamento contínuo”. Neste sentido o nível de serviço básico
deve ser realista em termos de expectativas e necessidades do cliente, onde a empresa
deve oferecer dentro da sua capacidade e indiscriminadamente seus compromissos,
conquistando dessa forma, a integridade e confiança.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ambiente altamente mutável e descontínuo em que as organizações estão
inseridas, se tornam difíceis previsões confiáveis ou mesmo demandas sustentáveis.
Assim, uma organização necessita, para sobreviver, desenvolver uma alta capacidade
de adaptação às novas exigências do ambiente através da adoção de estratégias
flexíveis e da implementação de ações rápidas. Isto possibilitará oferecer resultados em
quantidade, variedade, qualidade, preços e prazos compatíveis com as necessidades
e expectativas dos clientes. Nesse contexto, a gestão adequada da logística traduz-se
em maior agilidade, flexibilidade e redução de custos. Salienta-se que esses aspectos
precisam ser percebidos pelos clientes e, quando se trata de mercados globais, a
organização é desafiada a responder eficientemente à nova realidade competitiva.
Dessa forma, o reconhecimento da logística como uma função de planejamento e numa
perspectiva de integração de funções, permite a utilização do seu potencial para garantir
melhorias no desempenho geral da organização, o que foi constatado neste estudo.
Como podemos perceber as atividades logísticas executadas pelo Exército
Brasileiro são as mesmas que a iniciativa privada, apesar da diferença de nomenclatura,
a sistemática é a mesma. Armazenamento, transportes, sistemas, obtenção são
perfeitamente enquadrados nas funções logísticas. A principal diferença é o consumidor
final, no caso da iniciativa privada o cliente que compra o produto ou serviço e no caso
do EB, a tropa. Para manter uma tropa em prontidão, em condições de combater a
logística tem que funcionar. As funções logísticas têm que estar integradas, ter o mesmo
planejamento e principalmente ter as comunicações bem estabelecidas, Comando e
Controle.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transporte, administração de
materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.
BOWERSOX, Donald J. & CLOSS David J. Logistical management: the
integrated suplly chain process. 3 ed. New York: McGraw-Hill, 1996.
CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de
suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São
Paulo: Pioneira, 1997.
RAZZOLINI FILHO, Edelvino. Logística evolução na administração:
desempenho e flexibilidade. Curitiba: Juruá, 2006.
COOPER, Donald R.; SHINDLER, Pámela S. Métodos de pesquisa em
administração. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. FLEURY, Paulo Fernando;
FIGUEIREDO, Kleber Fossati; WANKE, Peter. Logística e gerenciamento da
cadeia de suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. São
Paulo: Atlas, 2003.
NOVAES, Antonio Galvão; Logística e gerenciamento da cadeia de
distribuição: estratégia, operação e avaliação. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsvier, 2004.
THE GLOBAL Logistics Research Team. World class logistics: the challenge
of managing continuous change. Michigan State University: Council of Logistics
Management, 1995.