Contagem de Leucocitos

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HEMATOLOGIA

BÁSICA

Adriana Dalpicolli
Rodrigues
Leucograma: contagem
diferencial relativa e
absoluta dos leucócitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os diferentes tipos de leucócitos.


 Reconhecer o método de contagem diferencial relativa e absoluta
dos leucócitos.
 Interpretar as leucopenias e leucocitoses.

Introdução
Os glóbulos brancos ou leucócitos são produzidos a partir de uma célula-
-tronco hematopoiética, que, após receber estímulos, de acordo com
as necessidades do organismo, pode diferenciar-se em dois grandes
grupos responsáveis pelas defesas do nosso organismo: os fagócitos,
responsáveis pela imunidade inata, e os linfócitos, que atuam na imuni-
dade adaptativa. Os fagócitos são divididos em neutrófilos, eosinófilos,
basófilos e monócitos; já os linfócitos, em linfócitos T, B e célula natural
killer. O leucograma é a etapa do hemograma que realiza a avaliação
dessas células, incluindo a contagem de leucócitos, a fórmula diferencial
com quantificação relativa e absoluta, além da avaliação morfológica dos
diversos tipos leucocitários. Quando há, no organismo, algum processo
de imunossupressão, inflamatório, infeccioso ou neoplásico, entre outros,
ocorre diminuição ou aumento de um ou mais tipos celulares específicos,
resultando em leucopenia ou leucocitose, respectivamente.
Neste capítulo, você vai aprender sobre os diferentes tipos de leucó-
citos, as duas formas de contagem dessas células, relativa e absoluta, e
a classificação geral das leucopenias e leucocitoses.
2 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

Os diferentes tipos de leucócitos


Os leucócitos (glóbulos brancos) são formados na medula óssea a partir
de um precursor comum e podem ser divididos em fagócitos e linfócitos.
Os fagócitos incluem as células do sistema imune inato que têm como função
agir rapidamente após uma infecção e podem ser subdivididos em granulócitos
(neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e monócitos. Já os linfócitos medeiam
a resposta imune adaptativa, que pode desenvolver memória imunológica,
como ocorre, por exemplo, após uma primeira infecção ou vacinação, sendo
classificados em linfócitos T, B (plasmócitos) e células natural killer (NK)
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Além das células fagocíticas e linfocíticas citadas, no leucograma, é possível
ver, também, os precursores dessas células que, em geral, não aparecem no
sangue periférico normal, mas, sim, em casos de patologias que promovem a
liberação de células imaturas, como as leucemias.
Como precursores dos granulócitos, o primeiro reconhecível é o mielo-
blasto, uma célula de tamanho variável, com núcleo grande, cromatina fina
e que possui de 2 a 5 nucléolos. O citoplasma é basófilo e sem grânulos.
A medula óssea, em condições normais de saúde, contém até 5% de mieloblas-
tos. Essas células dão origem a pró-mielócitos, células um pouco maiores, com
desenvolvimento de grânulos primários no citoplasma. Desses, originam-se
mielócitos, que têm grânulos secundários ou específicos. Muitas vezes, po-
dem ser distinguidos os mielócitos das séries neutrófila, eosinófila e basófila
devido ao tipo de grânulo e coloração apresentada. A cromatina nuclear é
mais condensada, e os nucléolos não são visíveis. Os mielócitos dão origem a
metamielócitos, células que não se dividem mais, com núcleo endentado ou em
forma de ferradura e citoplasma repleto de grânulos primários e secundários.
As formas de neutrófilos entre metamielócito e neutrófilo completamente
maduro são chamadas de neutrófilos bastonados, “bastonetes” ou “bastões”
e estão presentes no sangue periférico em um percentual normalmente abaixo
de 5%; além disso, não contêm a separação filamentosa clara entre os lobos
nucleares, observada nos neutrófilos maduros. Veja, no Quadro 1, imagens
dessas células.
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 3

Quadro 1. Células imaturas presentes raramente no sangue periférico

Blastos (o indicado
com a flecha
apresenta bastão de
Auer, característico
do mieloblasto)

Promielócito

Mielócito (mielócito
neutrófilo e basófilo)

Metamielócito
(indicado pela flecha)

Neutrófilo bastonado

Fonte: Bain (2017).


4 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

Os neutrófilos maduros em colorações derivadas de Romanowski apre-


sentam citoplasma pálido com contorno irregular acidófilo, rosa esmaecido,
com grânulos delicados (grânulos neutrofílicos) e núcleo azul-arroxeado, denso
característico, com dois a cinco lobos. A sobrevida dos neutrófilos no sangue
é de apenas 6 a 10 horas (HOFFBRAND; MOSS, 2018, p. 89)..
Os eosinófilos são parecidos com os neutrófilos, a não ser pelos grânulos
citoplasmáticos, que são bem maiores, coram em vermelho-alaranjado intenso
em colorações derivadas de Romanowski e, raramente, têm mais do que três
lobos nucleares (HOFFBRAND; MOSS, 2018, p. 90). O tempo de trânsito dos
eosinófilos no sangue é maior do que o dos neutrófilos.
Os basófilos são escassos no sangue periférico e sua visualização é oca-
sional. Eles também se assemelham aos neutrófilos e têm numerosos grânulos
citoplasmáticos escuros (devido à forte afinidade por corantes básicos), que
contêm heparina e histamina, encobrindo o núcleo parcialmente lobulado.
Os monócitos são os maiores leucócitos maduros presentes no sangue
periférico, apresentam núcleo grande, irregular (lobulado em parte, profun-
damente endentado ou com forma de ferradura, às vezes, arredondado ou
oval), excêntrico ou central, azulado, com cromatina delicada aglomerada. O
citoplasma é abundante, cinza-azulado opaco, com grânulos finos, podendo
ser vacuolizado. É difícil a distinção na medula óssea entre precursores de
monócitos (monoblastos e promonócitos) e mieloblastos e monócitos.

Os monócitos permanecem pouco tempo na medula óssea e, depois de cir-


cularem por 20 a 40 horas, deixam o sangue para adentrar nos tecidos, nos
quais amadurecem e desempenham suas principais funções. A sua sobrevida
extravascular, depois da transformação em macrófagos (histiócitos), pode
prolongar-se por vários meses ou anos (HOFFBRAND; MOSS, 2018, p. 92).

Nos tecidos, os macrófagos são capazes de multiplicação, sem necessidade


de suprimento contínuo a partir dos monócitos do sangue.
A célula percursora dos linfócitos é o linfoblasto; é difícil, no sangue
periférico, fazer a distinção morfológica entre essa célula e o mieloblasto,
embora, raras vezes, seja possível quando o mieloblasto apresenta bastão de
Auer (agregado de grânulo primário corado de rosa). Os linfócitos são células
mononucleares desprovidas de grânulos citoplasmáticos específicos, possuem
núcleo único e definido, redondo, excêntrico, azul-escuro. A maior parte dos
linfócitos encontrados na circulação periférica são pequenos. Nas crianças,
normalmente, são visualizados linfócitos maiores e mais pleomórficos. De
modo geral, não há distinção morfológica entre os subgrupos funcionais de
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 5

linfócitos no laudo do leucograma, mas as células T ativadas e as células


NK caracterizam uma população de linfócitos grandes e granulados (HOFF-
BRAND; MOSS, 2018; BAIN, 2017). Veja, na Figura 1, imagens dos principais
leucócitos citados.

Figura 1. Leucócitos: granulócitos — a) neutrófilo; b) eosinófilo, c) basófilo, d) monócito,


e) linfócito.
Fonte: Hoffbrand e Moss (2018, p. 88).

Contagem diferencial relativa


e absoluta dos leucócitos
No passado, as contagens de leucócitos eram realizadas por técnicas manuais,
lentas, trabalhosas, com baixíssima reprodutividade, assim como as demais
determinações do hemograma, empregando câmaras de contagens, pipetas,
centrifugadores, microscópio, entre outros. Atualmente, as determinações são
realizadas em questão de minutos, em equipamentos semiautomatizados ou
automatizados, possibilitando resultados reprodutíveis, ou seja, praticamente
iguais (BAIN, 2017), não sendo necessária a visualização microscópica em
todos os casos (em equipamentos semiautomatizados que fazem a determina-
ção de apenas três grupos de leucócitos, a contagem diferencial acaba sendo
obrigatória).
6 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

Entretanto, segundo Failace e Fernandes (2016), a contagem do número


global de leucócitos, mesmo em contadores de grande porte de última geração,
tem um coeficiente de variação significativo: 2% a 4% para contagens acima
de 2.000/µL, 3% a 6% para contagens entre 1.000 e 2.000/µL, 10% a 30%
para contagens < 1.000/µL. Apesar de contadores de grande porte fornecerem
contagens satisfatórias mesmo em grandes leucocitoses (até 450.000/µL), con-
tadores de pequeno porte, geralmente, exigem diluição extra do sangue para
contagens acima de 80.000/µL. No entanto, esse erro sistemático indesejável só
é relevante para a interpretação em casos de leucopenia extrema, em pacientes
sob quimioterapia, caso em que o número absoluto de neutrófilos é crítico.
Segundo o autor, para contagens mais altas, não é clinicamente significativo
(FAILACE; FERNANDES, 2016).
Em 1879, Paul Ehrlich realizou a primeira observação ao microscópio de
lâmina corada de sangue, identificando os tipos de leucócitos e definindo
sua frequência percentual. No entanto, apenas em 1912, com a publicação
de Victor Schilling, a prática corrente da fórmula leucocitária passou a ser
recorrente. Assim, faz-se feita a contagem de 100 leucócitos em distensão
sanguínea (esfregaço sanguíneo) ao microscópio, diferenciando-os por tipo
(neutrófilo bastonado e segmentado, linfócito, monócito, eosinófilo, basófilo e
suas formas imaturas, quando presentes). Assim, é determinado o percentual
de cada tipo (FAILACE; FERNANDES, 2016).
A contagem pode ser feita por “palitinho”: conforme a célula vai apare-
cendo na varredura da lâmina, é feito um “palitinho” ao lado do nome dela
no “mapa de trabalho” ou rascunho. Também pode ser a partir do uso de
um contador manual, em que cada tecla é considerada uma célula e apita
quando se chega a 100 células, facilitando a contagem. Os números da fór-
mula leucocitária representam apenas aproximações estatísticas dos valores
percentuais reais, que seriam mais representativos se fossem examinados
200 ou mais leucócitos, o que é inviável na rotina laboratorial, mas que deve
ser feito quando houver leucocitose ou número excessivo de um tipo celular
que costuma estar ausente ou aparecer em porcentagem muito baixa, como
as células imaturas.
Além do número celular contado ser bem menor quando comparado ao
número contado em equipamentos, o método manual é considerado inexato,
pois, por exemplo, a distribuição de células na lâmina não é uniforme.
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 7

A extremidade da distensão contém mais neutrófilos do que linfócitos, en-


quanto os monócitos são distribuídos uniformemente em todo o comprimento.
Quando há grandes células imaturas (blastos, promielócitos e mielócitos), elas
se acumulam mais nas bordas da distensão do que na parte central, e mais
distalmente em relação aos linfócitos, basófilos, neutrófilos e metamielócitos
(BAIN, 2017, p. 24).

Além disso, segundo a autora, distensões muito finas ou preparadas com


extensora com extremidade irregular prejudicam ainda mais a contagem.
Outro fator que também é bastante comum é a dificuldade de identificação das
células pelo microscopista, fator reduzido no caso de profissionais experientes.
Esses fatores ocorrem com menos frequência em avaliações por equipamen-
tos, embora as máquinas também possam falhar em casos de aglutinação de
neutrófilos ou linfócitos, agregados plaquetários ou eritroblastos contados
como leucócitos, crioaglutininas, entre outros.
Quando há presença elevada de eritroblastos (superior a 10), eles podem
ser incluídos como uma das categorias da fórmula, ou, alternativamente,
anotados fora dela, com seu número relativo a 100 leucócitos. Nesse último
caso, a contagem total, subtraída do número de eritroblastos, converte-se
em contagem de leucócitos. No primeiro caso, a contagem não corrigida
(CTCN) é usada para o cálculo dos valores absolutos de cada tipo celular.
O Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) recomenda expressar
os eritroblastos por 100 leucócitos. Esse problema é evitado pelos contadores
eletrônicos mais recentes, que identificam com segurança os eritroblastos e
os excluem automaticamente das contagens de leucócitos (FAILACE; FER-
NANDES, 2016; BAIN, 2017).
Segundo Failace e Fernandes (2016):

seja com a inexatidão da fórmula feita ao microscópio, seja com a precisão


dos números da fórmula eletrônica, a interpretação da fórmula leucocitária
deve basear-se em valores absolutos, isto é, o número/µL de cada tipo de
leucócito, não em valores percentuais.

Da contagem relativa (percentual), conhecendo-se a contagem de


leucócitos totais, pode ser calculado o valor absoluto da seguinte forma: o
número absoluto de determinado leucócito é igual ao seu número relativo
multiplicado pelo número total de leucócitos dividido por 100. Veja o
exemplo a seguir.
8 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

Exemplo de contagem relativa e absoluta de leucócitos — leucócitos totais: 9.000/µL

Contagem Contagem
Leucócitos relativa Fórmula absoluta

Neutrófilo bastonado 3% 3 x 9.000/100 270/µL

Neutrófilo segmentado 56% 56 x 9.000/100 5.040/µL

Linfócito 34% 34 x 9.000/100 3.060/µL

Monócito 4% 4 x 9.000/100 360/µL

Eosinófilo 2% 2 x 9.000/100 180/µL

Basófilo 1% 1 x 9.000/100 90/µL

Os contadores eletrônicos fornecem a fórmula absoluta junto à relativa, e


o resultado é liberado diretamente, sem ser necessária a realização de cálculo
pelo profissional, a não ser quando há alguma alteração e a distensão sanguínea
precisa ser revisada ao microscópio. Se a diferença for pequena, deve-se con-
siderar o resultado do equipamento; já se for significativa, o número de uma
ou mais células precisará ser recalculado manualmente. Muitos laboratórios
criam a fórmula em Excel ou nos seus sistemas e, ao colocar o número relativo
encontrado, é calculado o valor absoluto.

Leucopenias e leucocitoses
A contagem total de leucócitos varia bastante na população, mas a proporção
entre os tipos de leucócitos varia pouco entre as pessoas (FAILACE; FER-
NANDES, 2016). Cada indivíduo tem uma contagem própria, mas todos têm
mais ou menos a mesma fórmula leucocitária, com predomínio extenso de
neutrófilos (entre metade e dois terços do total), alguns eosinófilos e monócitos,
a terça ou quarta parte restante de linfócitos, e raros basófilos (FAILACE;
FERNANDES, 2016). Veja, a seguir, o quadro da Figura 2, que apresenta os
valores de referência dos leucócitos nas diferentes faixas etárias. Para esse
grupo celular, não há diferença por gênero.
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 9

Figura 2. Valores de referência do leucograma.


Fonte: Failace e Fernandes (2016).

Alterações quantitativas na série branca provocam leucopenias (mais usada)


ou leucocitopenias, a diminuição no número total de leucócitos, e leucocitoses,
o aumento do número total de leucócitos. Para ser considerada leucopenia ou
leucocitose, deve-se observar, principalmente, a idade do paciente, pois, por
exemplo, um hemograma com 14 mil leucócitos/µL em um adulto seria um
quadro de leucocitose; já em uma criança com idade inferior a 10 anos, esse
valor está dentro da normalidade.
A leucopenia e a leucocitose, com números isolados, não têm interpretação.
É indispensável saber qual ou quais o(s) tipo(s) celular(es) em que há dimi-
nuição ou aumento do número global; para isso, há necessidade da fórmula
leucocitária. Nunca se solicita, se faz ou se interpreta a contagem de leucócitos,
mas, sempre, o leucograma — na verdade, hemograma, já que as máquinas
não costumam oferecer essa opção parcial. Além disso, sempre que possível,
deve-se avaliar o resultado do hemograma analisando, também, resultados
de outros setores do laboratório.
Observe, no Quadro 2, a denominação, em cada caso de leucopenia e leuco-
citose, por tipo celular e alguns exemplos de prováveis causas que levam a cada
alteração. Em geral, as alterações no número de leucócitos são causadas por:
diminuição ou aumento da produção de leucócitos pela medula óssea, destrui-
ção celular aumentada, alteração na distribuição celular, infecções, leucemias,
agentes físicos e químicos, como radioterapia ou quimioterapia, fumo e obesi-
dade, que causam aumento, mutuamente aditivo, de ≅ 1.000 leucócitos/µL na
10 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

contagem; café, por exemplo, em doses elevadas, causa leucocitose, entre outros.
A contagem não varia com o ciclo menstrual (FAILACE; FERNANDES, 2016;
BAIN, 2017; MCPHERSON; PINCUS, 2012).
Em casos de leucopenia muito intensa, muitas vezes, é necessário fazer
a contagem diferencial em mais de uma distensão sanguínea, pois, às vezes,
não há células com boa qualidade para a diferenciação.

Quadro 2. Denominação de acordo com o tipo de leucócito envolvido na leucopenia


ou leucocitose e exemplos de prováveis causas

Causa de Causa de
Leucócito Leucopenia Leucopenia Leucocitose Leucocitose

Neutrófilo Neutropenia Pancitopenia, Neutro- Infecções bacte-


produção filia ou rianas, traumas,
inadequada pela neutrocitose cirurgias, quei-
medula óssea, madura, infarto
destruição au- do miocárdio,
mentada pelos leucemia mie-
macrófagos, lóide crônica.
liberação medu-
lar defeituosa,
redistribuição
dentro da
vasculatura,
retenção no
baço, sobrevida
intravascular di-
minuída, rápido
egresso para os
tecidos, infec-
ções virais, febre
tifoide, bruce-
lose, alcoolismo,
tratamento
quimioterápico.

(Continua)
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 11

(Continuação)

Quadro 2. Denominação de acordo com o tipo de leucócito envolvido na leucopenia


ou leucocitose e exemplos de prováveis causas

Causa de Causa de
Leucócito Leucopenia Leucopenia Leucocitose Leucocitose

Linfócito Linfopenia Estresse agudo, Linfocitose Infecções


infecção pelo virais (sarampo,
HIV, carcinomas caxumba,
em estágio final, rubéola, varicela,
terapia citotó- mononucleose
xica ou imunos- infecciosa),
supressora, insu- leucemias linfo-
ficiência renal. cíticas, algumas
infecções bac-
terianas, como
coqueluche e
tuberculose.

Monócito Monoci- Fase aguda Monocitose Infecções crôni-


topenia de processos cas, regeneração
infecciosos. medular, leuce-
mia monocítica.

Eosinófilo Eosinopenia Infecções Eosinofilia Alergias (rinite,


agudas, queima- asma), infecções
duras, traumas, parasitárias,
cirurgia, con- hipersensi-
vulsão, expo- bilidade a
sição ao frio. medicamentos.

Basófilo Basopenia Difícil detecção Basofilia Leucemia mie-


devido ao baixo lóide crônica,
número dessa policitemia vera;
célula presente normalmente,
no sangue pe- significa mal
riférico em con- prognóstico
dições normais. em pacientes
em tratamento
para leucemia.
12 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

1. Os leucócitos são divididos humano; já os monócitos e


em cinco grupos principais: linfócitos apresentam função
neutrófilos, linfócitos, monócitos, na produção de anticorpos
eosinófilos e basófilos. De acordo específicos na imunidade inata.
com as linhagens progenitoras e 2. A interpretação da fórmula
características morfológicas dessas leucocitária deve basear-se em
células, assinale a alternativa correta. valores absolutos, isto é, o número
a) Monócitos e megacariócitos são de cada tipo de leucócito por
células semelhantes, azuladas, microlitro (/µL) de sangue, não
diferenciando-se pelo tamanho e em valores relativos. Assinale
pela variação do formato nuclear; a alternativa que apresenta o
desse modo, possuem o mesmo resultado absoluto correto do
precursor na monopoese. leucócito correspondente em um
b) Neutrófilos, eosinófilos indivíduo com contagem global de
e basófilos são células leucócitos de 8.500/µL de sangue.
granulocíticas, com a) Neutrófilos: 60% e 6.000/
características nucleares µL; linfócitos: 28% e 2800/
semelhantes, diferenciando-se, µL; monócitos: 9% e 900/
principalmente, pelo tamanho µL; eosinófilos: 2% e 200/
dos grânulos citoplasmáticos µL; e basófilos: 1% e 10/µL,
e pela coloração. sendo, respectivamente, o
c) Linfócitos T, linfócitos B, número relativo e o absoluto.
células NK e monócitos b) Neutrófilos: 60% e 6.000/
apresentam o mesmo µL; linfócitos: 28% e 2800/
precursor celular linfóide e se µL; monócitos: 9% e 900/
assemelham morfologicamente µL; eosinófilos: 2% e 200/
em relação ao formato µL; e basófilos: 1% e 10/µL,
do núcleo arredondado sendo, respectivamente, o
e à coloração azulada. número absoluto e o relativo.
d) Neutrófilos podem ser c) Neutrófilos: 55% e 4675/
classificados em bastonados e µL; linfócitos: 30% e 2550/
segmentados, diferenciando-se µL; monócitos: 10% e 850/
pelo formato do núcleo, grau de µL; eosinófilos: 1% e 85/µL; e
maturidade e tipo de grânulo basófilos: 1% e 85/µL, sendo,
citoplasmático, que é mais escuro respectivamente, o número
e numeroso nos bastonados. relativo e o absoluto.
e) Neutrófilos, eosinófilos e d) Neutrófilos: 60% e 5.100/
basófilos apresentam função µL; linfócitos: 28% e 2380/
fagocítica no organismo µL; monócitos: 9% e 765/
Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos 13

µL; eosinófilos: 2% e 170/ c) Infecções virias, infecção pelo HIV


µL; e basófilos: 1% e 85/µL, e infecção bacteriana aguda.
sendo, respectivamente, o d) Coqueluche, mononucleose
número relativo e o absoluto. infecciosa e alergia.
e) Neutrófilos: 60% e 5.100/ e) O hábito de fumar e beber
µL; linfócitos: 28% e 2380/ café diariamente e em alto
µL, monócitos: 9% e 765/ índice de consumo.
µL; eosinófilos: 2% e 170/ 5. O laboratorista, ao avaliar o resultado
µL; e basófilos: 1% e 85/µL, liberado pelo equipamento
sendo, respectivamente, o automatizado de hemograma,
número absoluto e o relativo. considerou o leucograma
3. Leucopenia e leucocitose não alterado e resolveu preparar uma
podem ser consideradas apenas distensão sanguínea da amostra
com números isolados; deve-se para confirmação diagnóstica.
verificar qual leucócito ou quais O resultado global de leucócitos
leucócitos estão provocando a apresentado pelo equipamento foi
alteração no número global. Um de 13500/µL e 7500/µL de linfócitos.
paciente com 25.000 leucócitos/ Após análise da lâmina, o resultado
µL e 18.750/µL neutrófilos está foi confirmado. Desse modo, o
apresentando um quadro de: professional pode concluir que:
a) leucocitose com neutrofilia. a) deve ser solicitada uma nova
b) leucocitopenia com neutropenia. coleta para confirmação, visto
c) leucopenia com neutrofilia. que o número de linfócitos
d) leucocitose da linhagem linfoide. encontrados é superior a 50%
e) leucopenia da linhagem das células, sendo um indicativo
mielóide. de problema na coleta.
4. Diversos processos inflamatórios, b) o paciente apresenta leucocitose
infecciosos ou neoplásicos com linfocitose independente
provocam aumento ou diminuição do gênero ou idade.
dos leucócitos. Assinale a c) o paciente apresenta leucopenia
alternativa que corresponde a com lifocitopenia independente
processos clínicos que, geralmente, do gênero ou idade.
estão relacionados à leucopenia. d) o paciente apresenta resultado
a) Infecção parasitária e dentro da normalidade
hipersensibilidade a se ele for adulto.
medicamentos ou alimentos. e) o paciente apresenta resultado
b) Tratamento imunossupressor dentro da normalidade
ou quimioterápicos. se ele for criança.
14 Leucograma: contagem diferencial relativa e absoluta dos leucócitos

BAIN, B. J. Células sanguíneas: um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
FAILACE, R.; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 7. ed.
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MCPHERSON, R. A.; PINCUS, R. M. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labo-
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Conteúdo:

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