Macroeconomia

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Disciplina

Macroeconomia

Unidade 1
Agregados econômicos

Aula 1
Introdução à macroeconomia: conceito de Macroeconomia Estrutural. Problemas
Macroeconômicos

Introdução da Unidade

Olá, estudante!
Você está disposto a saber como as questões econômicas estão presentes na sua vida e
entender como o mercado reage às crises alterando os hábitos de consumo, provocando
mudanças na demanda e oferta de produtos, aumentando e baixando os preços?
A unidade curricular de Macroeconomia permitirá que você conheça os conceitos introdutórios e
fundamentos de Macroeconomia, agregados econômicos, contabilidade social e economia
monetária.
Nesta primeira unidade, os conteúdos serão apresentados em seções, cujas competências serão
aplicadas de forma que, no decorrer das aulas, você possa observar e conhecer as questões
econômicas de nosso cotidiano. Através da necessidade que temos em obter bens e serviços,
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Macroeconomia

veremos como as políticas definidas pelo governo atuam na produção e no consumo de


produtos e serviços, como também sobre a renda, o produto, o nível de preço, na taxa de
emprego e desemprego, nas questões financeiras e cambiais intervindo sobre as moedas, juros e
na balança de pagamentos.
O conhecimento que vai adquirir sobre Introdução à Macroeconomia tem por objetivo específico
permitir que tenha entendimento de como as forças da economia afetam a vida das empresas,
dos consumidores e dos trabalhadores ao mesmo tempo e como os agregados econômicos
estão relacionados no comportamento das atividades dos indivíduos e dos mercados. Esses
conceitos, lhe darão a possibilidade de elaborar cálculos e gráficos representando esses fatores
e como poderá aplicá-los na sua vida profissional. As operações de câmbio e paridade que
atuam sobre a valorização e desvalorização do Real frente a outras moedas deixaram de ser um
pesadelo, já que você terá todos os conceitos entendidos e colocados em prática nos seus
estudos por meio de leituras e realização das atividades propostas.
De maneira simplificada, para que você possa acompanhar o desenvolvimento de seus estudos,
apresentamos a seguir os temas das 4 aulas desta primeira unidade curricular:

1. Introdução à macroeconomia
2. Principais agregados econômicos
3. Valor adicionado e fluxos de renda e dispêndio - FCR
4. Introdução a moedas, taxa de câmbio e regimes cambiais

Agora que você já conhece a estrutura da unidade curricular Macroeconomia e suas respectivas
aulas, vamos dar início apresentando a seguir uma situação real contando a história de uma
empresa que será o palco de todo estudo desta unidade.
Quem não aprecia uma boa massa, um biscoito, um bolo, uma pizza e um pãozinho? No Brasil
são várias as empresas que processam e vendem a matéria-prima como a farinha de trigo e
outras empresas que fabricam os produtos finais que chegam ao consumidor através dos canais
de revenda como supermercados, lojas, armazéns, padarias etc. Vamos conhecer a empresa
NITA ALIMENTOS?
Indústria nacional de alimentos, certificada pela ISO 9001-14.001 e OHSAS 18.001, com foco na
produção de produtos a base de trigo, instalou-se em Santos em 1928 e desde essa época
possui logística excelente, transportando o trigo dos navios para seus silos, garantindo vantagem
competitiva e qualidade nos produtos. Em 1968, o Grupo Vepar adquiriu a marca Nita e trouxe a
modernização da indústria da panificação, com grande capacidade de processamento de trigo,
produção de farinhas, com pessoal capacitado e tecnologia de ponta.
O Grupo Vepar é dono das marcas Nita, Nita Mix, Nita Cook, Nita Cream, Sabores de Nita, Fada,
Lena, invencível e Vega, produz farinhas, misturas para pães e bolos, panetones, fermentos e
farelo, oferece uma linha doméstica e profissional para padarias, confeitarias e indústrias de
massas e biscoitos. A marca NITA tem forte atuação nas regiões Centro-oeste e Sudeste, com
destaque no interior e litoral de São Paulo, e a empresa trouxe inovação com produtos
direcionados a confeitarias, como doces prontos, recheios e coberturas, trazendo praticidade e
qualidade na indústria de panificação e de massas. Conta com mais de 400 trabalhadores diretos
e muitos outros de forma indireta como exemplo seus prestadores de serviço.
A Nita, assim como muitas empresas, deparam-se com algumas situações problemas que
acontecem sem que estejam esperando. Situações essas, causadas, na maioria das vezes, por
agentes externos, tais como as crises financeiras ou barreiras internacionais, ou por ações do
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Macroeconomia

governo intervindo no mercado para ajustar a economia, controlando o consumo, preços, renda e
despesas e a taxa de juros.
Assim, manter o controle da inflação significa evitar a queda nos investimentos, na poupança, na
produção, nas questões cambiais que influenciam o resultado das exportações e importações,
no fluxo de renda e produto, evitando então o desemprego.
Para a Empresa Nita Alimentos ter em mãos informações de como os agregados econômicos
podem afetar de forma positiva ou negativa os resultados de toda a cadeia produtiva e quais os
tipos de problemas podem surgir e quais medidas podem ser tomadas para solucioná-los, será
um diferencial para manutenção das atividades e para o seu crescimento.
Assim, fique atento aos problemas que iremos apresentar, pois serão um combustível para que
você possa aprender a analisar como o comportamento dos grandes agregados econômicos,
como renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de
moeda e taxa de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio poderão ajudar a Nita
Alimentos nas diversas decisões que deverá tomar caso venham passar por algum deles.

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará os conceitos da macroeconomia estrutural e problemas


macroeconômicos.

Objetivos gerais de aprendizagem


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Macroeconomia

Ao longo desta aula, você irá:

Compreender as políticas econômicas;


Identificar fatores que podem afetar a economia;
Conhecer as teorias dos principais economistas;

Situação-problema

Olá, estudante!
A empresa Nita Alimentos apresenta uma situação muito favorável, atuando no setor de
alimentos, especificamente com farinhas, misturas para pães e bolos, panetones, fermentos e
farelo. Muito apreciada em todos os lugares, pode satisfazer aos mais diferentes paladares.
Afirma que seu sucesso está baseado na qualidade dos produtos, que são garantidos pela
excelente operação logística de importação e armazenagem do produto.
A Nita produz vários produtos e, por isso, tem um portfólio com vários clientes e em diversas
regiões do Brasil. Cada cliente tem seu setor de negócio definido, uns fabricam macarrão, outros,
bolachas, outros, massas para bolos e outros são distribuidores da farinha de trigo pronta para
uso na panificação. Cada um desses, tal e qual a Nita, estão sujeitos a ações macroeconômicas
que, através dos agentes econômicos como governo e famílias, podem ter sua atividade
comprometida caso ocorra problemas de grande proporção no setor.
Estamos acompanhando o panorama nacional e internacional sobre crises financeiras, alta do
dólar, queda na poupança e na renda, alta dos juros, queda na produção e falta de investimentos.
Se alguns dos fatores citados anteriormente provocaram a alta da inflação, causando queda no
consumo dos produtos finais, qual seria o impacto para a Nita Alimentos?
Para que você continue seus estudos e possa pensar na resposta ao problema abordado, vamos
aprender um pouco sobre cada tema desta aula.
A macroeconomia estuda e apresenta os resultados medidos da atividade econômica
considerada como importante para a economia do país. A macroeconomia estuda a economia
de forma global, fazendo uma análise dos setores e o comportamento de grandes agregados,
como renda e produtos nacionais, nível geral de preços, desemprego e emprego etc.
Ao estudar os agregados, a macroeconomia deixa para um segundo plano o comportamento das
unidades e constituições individuais e dos mercados específicos, que são estudados pela
microeconomia.
O mercado de bens e serviços é tratado pela macroeconomia como um todo (agregando
produtos agrícolas, industriais, serviços, transportes) bem como o mercado de trabalho, não se
preocupando com as diferenças de qualificação (sexo, origem etc.).
A abordagem macroeconômica tem por vantagem permitir uma melhor compreensão dos fatos
mais relevantes da economia, representando um importante instrumento para a política e
programação econômica.
Sendo assim, na macroeconomia, a política econômica luta pelos seguintes pontos:

alto nível do emprego;


estabilidade dos preços;
distribuição justa da renda;
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crescimento econômico.

Considera-se que as questões relacionadas ao emprego e à inflação são consideradas


conjuntamente de curto prazo. As questões relacionadas ao crescimento econômico são de
longo prazo.
Podemos citar, em termos teóricos, que os problemas macroeconômicos são aqueles
relacionados (que influenciam) ao crédito, crescimento econômico, moeda, inflação,
desemprego, juros, balança comercial, finanças públicas, gastos do governo etc.
Vamos abordar alguns temas centrais da macroeconomia para que você possa construir a base
do seu conhecimento.

Políticas econômicas

Para que a política econômica seja efetivada, o governo lança mão de uma série de instrumentos
para atingir as metas macroeconômicas. São estes: política fiscal, política monetária, política
cambial e comercial e política de rendas.
Vamos explicar resumidamente cada uma delas para que você compreenda.
Política fiscal: está relacionada aos instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar
impostos, controlar despesas, estimular ou desestimular o consumo e controlar os gastos
privados. Exemplo: tributos e impostos em geral, controle de despesas e funcionalismo,
estímulo/desestímulo do consumo e gastos gerais.
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Macroeconomia

Política monetária: está relacionada ao estoque monetário do país. Envolve emissão de moeda,
venda e compra de títulos públicos, bem como a regulação do sistema bancário.
Política cambial e comercial: são políticas voltadas para o setor externo da economia.

Política cambial: refere-se à capacidade do governo de definir a taxa de câmbio, através do


Banco Central. A taxa de câmbio pode ser definida pelo mercado se assim o governo
definir.
Política comercial: tem como instrumentos os incentivos à exportação, de estímulo ou
desestímulo às importações, através de instrumentos fiscais e de crédito, além das
barreiras tarifarias.

Política de rendas: está ligada à capacidade do governo de atuar na formação e apropriação da


riqueza, mediante a fixação dos salários e o controle dos preços. No Brasil, mesmo que
incipiente (em conformidade às notícias divulgadas nos meios de comunicação), existe uma
estratégia para a política de rendas, no sentido de sua distribuição ser menos injusta. Nota-se
pelo acompanhamento do noticiário econômico que, as políticas governamentais nessa área,
atendem mais aos interesses do capital do que do trabalho.
Iremos conhecer as escolas que fundamentam as ideias sobre economia, mas precisamos saber
de onde vieram, como tudo começou. As raízes da macroeconomia tiveram início com A Grande
Depressão ocorrida nos anos 30 do séc. XX nos E.U.A. Foi o colapso dos preços da Bolsa de
Valores em outubro de 1929. Resultou em 1,5 milhões de desempregados e em 1933 chegou a
13 milhões de desempregados. A produção, em 1933, foi 27% menor do que em 1929 e o
desemprego foi superior a 14% até 1940.

Crises econômicas
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Macroeconomia

Outros fatores relevantes que afetam a economia de um país são as crises econômicas. Vamos
citar as mais recentes e seus reflexos.
A grande recessão: em 2008, o colapso do banco Lehman Brothers, com ativos de 600 bilhões de
dólares, tornou-se o símbolo do início da mais dramática crise financeira dos últimos 50 anos. As
causas são atribuídas à falta de regulação do setor financeiro, à fraca política monetária e a uma
economia internacional com fundações de areia, assentado em dívidas insustentáveis, tanto no
setor público como privado. Seja de quem for a culpa, os efeitos são bem visíveis. Entre a
escassez do crédito, os colapsos das bolsas e a recessão inerente, o crescimento econômico em
muitos países é ainda hoje praticamente inexistente. Até março de 2009, estima-se que até 45%
da riqueza global tenha sido perdida.
Crise da dívida soberana europeia – 2009 até hoje: essa nos afeta de forma mais próxima e
pessoal. É a mais recente crise da nossa lista, e ninguém sabe como ou quando acabará. Os
mercados estão preocupados com a capacidade dos países, como Portugal, Grécia, Espanha,
Itália e Irlanda, pagarem as suas dívidas e a exposição de muitos bancos internacionais a essas
dívidas, hoje tóxicas; teve um papel preponderante na queda do mercado. Mas a crise da dívida
soberana euroopeia também se alastrou aos Estados Unidos, e as guerras entre democratas e
republicanos quanto à própria dívida provocaram a queda do rating americano pela primeira vez
na história.
As implicações resultantes dos fracos indicadores econômicos, juntamente com o lento
crescimento das economias e aumento das dívidas, podem ser desastrosas. A austeridade
impera nos países afetados, originando um grande aumento do desemprego e uma diminuição
acentuada no poder de compra.
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Macroeconomia

A crise brasileira atual é culpa da crise mundial de 2008? Crises econômicas não são cíclicas e
muito menos inevitáveis. O mercado é um processo dinâmico de criação e destruição, onde em
todo o momento os empreendedores buscam, de maneira descentralizada, suprir as demandas
dos consumidores, coordenando desejos humanos com a escassez de bens e serviços. Os
economistas, conforme ampla divulgação na imprensa, afirmam que em parte sim, aliada a
decisões erradas de governo.
O crédito na economia pode ser traduzido como a confiança que o mercado e todos os seus
agentes internos e externos têm para tomar decisões para investir, comprar bens e serviços,
adquirir financiamentos e promover a poupança pelo aumento da renda do país e das famílias. O
Banco Central do Brasil é o órgão responsável pelas normas e controle da quantidade de dinheiro
em circulação. Se em qualquer momento um agregado econômico, como a alta do dólar, a
escassez de um produto ou juros altos complicar a atividade de um setor, poderá haver a redução
da produção ou do consumo e isso vai diminuir a circulação de dinheiro causando alteração no
crédito.

Outro vilão da economia é a inflação. Alguns economistas definem como:

Uma taxa que define o aumento dos preços;


É um fenômeno de longo prazo que persiste sobre o preço dos bens e serviços;
É a remarcação de preços de maneira generalizada ou sobre um determinado setor.
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Macroeconomia

Todos os recebimentos ou pagamentos efetuados nas transações comerciais de bens e serviços


de exportação e importação são contabilizados e apresentados pela Balança Comercial (BP).
Podemos dizer que o país está numa situação favorável ou de superávit quando o resultado da
BP mostra que as exportações do período foram maiores do que o resultado das importações.
Isso significa que entrou mais moeda estrangeira no país. Caso a BP apresente o resultado de
importações maior que as exportações, então teremos um déficit. Isso significa que saiu mais
moeda estrangeira do país do que entrou. Como resultado, podemos ter uma redução de
circulação de dinheiro no mercado, prejudicando a oferta de crédito ou pela falta de moeda ou
pelos juros que vamos pagar para poder ter crédito.
Gastos ou despesas governamentais são o gasto de dinheiro público que o governo faz em
compras de diversos materiais de consumo, contratação e pagamento de vários tipos de
serviços necessários à prestação dos serviços públicos ou à manutenção das ações e dos bens
públicos, por meio das Secretarias de Estado e dos outros órgãos e entidades estaduais.

Teorias econômicas

Vejamos agora as teorias nas quais se fundamentam os estudos econômicos e alguns


personagens muito importantes para o desenvolvimento econômico mundial, sua aplicação e
suas implicações. Vamos ver resumidamente quem são/foram esses atores.
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Macroeconomia

Adam Smith (1723-1790)

É considerado o fundador da escola clássica, também conhecida como escola liberal. A maior
preocupação do autor foi com o funcionamento do sistema econômico sem a interferência do
governo (denominado laissez-faire) é que quanto maior for o grau de liberdade do mercado,
maior será a sua capacidade de gerar riquezas através da produção de bens e serviços. Ressalte-
se a consideração à época, dos seguintes, assim denominados “fatores de produção”: terra,
capital e mão de obra.

David Ricardo (1772-1823)

Ricardo estudou a formação do valor dos produtos. O valor é determinado pela escassez e pela
quantidade de trabalho despendido na produção do bem. Ressalte-se que valor não é apenas
preço; valor é o preço acrescido da utilidade percebida pelo cliente/usuário.
Desenvolveu também a teoria dos rendimentos decrescentes. Quanto maior for a utilização de
um fator (trabalho), mantendo-se os demais fatores fixos (capital), maior serão os custos de
produção e menores os ganhos.

Thomas Robert Malthus (1766-1834)

Desenvolveu estudos sobre o crescimento da população e a sua relação com a produção de


alimentos, enunciando a seguinte lei econômica: “enquanto a produção de alimentos cresce em
progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica”. Esse fato seria um fator
de equilíbrio do mercado de trabalho. A fome reduziria a oferta de mão de obra, diminuindo os
salários e aumentando os lucros.

Jean Baptiste Say (1767-1832)

Desenvolveu a chamada lei de Say: “a oferta cria a sua própria procura”. Segundo esse
entendimento, não haveria superprodução, nem desemprego, pois tudo que fosse produzido seria
consumido.

Karl Heinrich Marx (1818-1883)

Marx estudou o capitalismo profundamente desenvolvendo diversas ideias contraditórias sobre o


capitalismo e sua capacidade de gerar e distribuir riquezas.
Desenvolveu a teoria da exploração segundo a qual o capitalismo se apropria de uma parcela do
valor do trabalho do trabalhador, transformando esse valor expropriado em lucro excedente. Esta
parcela denomina-se “mais valia”. De suas ideias surgiram os países socialistas e os sistemas
econômicos de planificação centralizada, realizada pelo governo.

Alfred Marshall (1842-1924)

Foi o fundador da escola marginalista, trabalhou com questões relacionadas com a utilidade dos
bens sempre considerando o conceito de marginal (acréscimo ou decréscimo na margem), como
por exemplo, a utilidade marginal decrescente dos bens consumidos. Também desenvolveu as
ideias de custo marginal e lucro marginal.
John Maynard Keynes (1883-1946)
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Durante a grande depressão da década de 1930, lançou os fundamentos da teoria Keynesiana


que propunha a ação do governo para evitar as crises econômicas.
O centro da teoria Keynesiana é a demanda agregada (consumo + investimento + gastos do
governo + exportações - importações).

__________
🔁Assimile
De maneira bem objetiva, vamos rever os pontos chaves desta aula. Definições de
macroeconomia:

1. É uma das divisões da ciência econômica dedicada a uma economia regional ou nacional;
2. O enfoque macroeconômico estabelece relações entre grandes agregados e permite
compreender algumas interações relevantes;
3. A macroeconomia não se preocupa com aspectos em curto prazo como desemprego
momentâneo, por exemplo;
4. A macroeconomia possui algumas metas como aumentar o nível de empregos, estabilizar
os preços, distribuir renda, crescer a economia, solucionar conflitos de objetivos;
5. Os principais propósitos da macroeconomia são: crescimento da economia; pleno
emprego; estabilidade de preços e controle da inflação.

Definição de agregados econômicos:é otermo utilizado na macroeconomia para designar


genericamente o resultado dos estudos do comportamento, de uma atividade econômica de
maneira global, resultante das ações dos agentes econômicos, como governo, empresas e
famílias.
__________
💭 Reflita
Observe as figuras abaixo: temos problemas causados pela falta de uma política
macroeconômica. Você pode identificar em cada foto qual objetivo de política macroeconômica
se aplica a cada um? Vou te dar uma dica: trabalho e produto caro. Reflita!
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Macroeconomia

Fonte: Blogspot.

__________
➕ Pesquise mais
Como vimos, a macroeconomia tem por objetivo estudar, medir e observar o comportamento dos
mercados e o quanto os problemas percebidos afetam a economia do país, a vida das empresas
e dos seus funcionários. Para você entender mais a relação desses fatores com o que estamos
estudando, faça a leitura da notícia sobre como a crise internacional está afetando o cenário
econômico mundial no link:

Problemas microeconômicos e macroeconômicos destacados nos noticiários

Você achou interessante conhecer os pensadores que desenvolveram as teorias da economia e


exercem influência até hoje? Saiba mais sobre os principais nomes. Assista aos vídeos sugeridos
através dos links:

David Ricardo.
Smith e Marx.

__________
💪Faça você mesmo
Antes de realizar as atividades deste tema, reflita previamente a partir do texto: País vive
'Momento Mágico' na Macroeconomia, diz Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, ao discursar na abertura da Feira Internacional
da Indústria e da Construção (Feicon), em São Paulo, que o país vive um "momento mágico" em
sua macroeconomia - na formação de reservas, no superávit da balança comercial e nas
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Macroeconomia

importações. "Sem decreto, sem lei, sem mágica, os juros continuarão caindo e o câmbio vai se
valorizando", afirmou. A declaração foi uma resposta à cobrança feita pelo empresário Melvyn
Fox, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat),
que cobrou a adoção de um Plano de Aceleração da Queda dos Juros em seu discurso, no
mesmo evento. O presidente da República afirmou considerar natural e importante que os
empresários façam cobranças sobre juros e câmbio. "Estas cobranças acendem uma luz
amarela, (dizem) que temos que dar um passo a mais, mesmo depois de uma caminhada inteira",
declarou. Ao mesmo tempo, Lula insistiu em que a ação fiscalizadora do governo e a
participação empresarial permitirão que a economia e os indicadores macroeconômicos se
ajustem, sem a necessidade de o governo intervir diretamente. "Sempre que alguém tentou
inventar a mágica, o resultado não deu certo". (Fonte: G1 Globo).
Com base no texto, aponte os principais objetivos da política macroeconômica que o governo
brasileiro está adotando para fazer a economia crescer?
__________
📝 Exemplificando
Aprendendo mais sobre macroeconomia.
Qual das seguintes alternativas conceitua o estudo macroeconômico?

1. Os salários dos professores do 2º grau aumentaram.


2. O preço dos automóveis diminuiu.
3. O desemprego no país Beta aumentou.
4. A produção total de automóveis no último ano diminuiu.
5. Nenhuma das alternativas anteriores.

Resposta correta: letra “c”. A macroeconomia tem por objetivo estudar, medir e observar o
comportamento dos mercados e o quanto os problemas afetam a economia do país e não
somente de um setor.
__________
📖 Vocabulário
Crescimento econômico é quando uma atividade econômica tem crescimento por vários anos e
pode ser medida pelo PIB – Produto Interno Bruto ou PNB – Produto Nacional Bruto, com
aumento da produção e enriquecimento do país, sem considerar as condições de vida da
sociedade.
Desenvolvimento econômico é quando temos além do crescimento econômico, mudanças
positivas relacionadas com a qualidade de vida, educação, saúde e infraestrutura
socioeconômica de uma região e ou país.
__________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Completamos o início do estudo sobre os conceitos de macroeconomia e agregados


econômicos e sua importância para o crescimento econômico, onde consideramos que alguns
fatores determinam o comportamento do mercado.
Conhecemos a empresa Nita Alimentos, uma empresa do setor de panificação, biscoitos e doces,
aqui neste estudo representada pela marca Nita, a qual apresenta uma situação empresarial
muito favorável, com mais de 40 anos de atuação, principalmente no mercado do centro-oeste e
sudeste, não apresentando nenhum problema em sua trajetória. No entanto, aprendemos que as
políticas econômicas podem trazer dificuldades para alguns setores.
Diante do cenário econômico mundial no setor de alimentos, a escassez da produção de alguns
bens tem causado a alta dos seus preços e os países impõem regras comerciais para o
abastecimento interno. Vimos que a falta de controle do consumo e dos preços se tornam o
gatilho para elevação da inflação e o reflexo não fica somente num setor produtivo, como
também em toda a sua cadeia. Esse fato nos leva a ver o crescente número de desempregados
e, com isso, termos uma mudança no comportamento de compras dos agentes econômicos. As
famílias param de comprar ou reduzem o consumo, as empresas diminuem a produção e
aumentam o preço para pagar custos e também fazem demissões e o governo diminui a
arrecadação de impostos e aumenta seus gastos com o seguro desemprego.
Segundo dados de maio de 2015 da Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados
(Fundação Seade) e do Departamento Intersindical de Estatísticas Socioeconômicos (Dieese), os
setores que fecharam vagas em abril foram a indústria de transformação (52 mil, queda de 3,2%)
e os serviços (24 mil, retração de 0,4%). A construção civil abriu 46 mil postos de trabalho, alta de
7,1%, enquanto o comércio/reparação de veículos ficou próximo da estabilidade (-0,2%, ou 4 mil
empregos a menos). Na comparação anual, indústria (-30 mil), construção (-5 mil) e comércio
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Macroeconomia

(-31 mil) cortaram vagas, enquanto o setor de serviços, que vinha sustentando o nível de
emprego na região, ficou estável.
Esses dados nos levam a uma reflexão. Se houver uma drástica redução no consumo provocado
pela queda na renda gerada pelo desemprego, o que e quanto as empresas vão produzir? E para
quem produzirão?
Nesta situação, você precisa pensar no impacto dessas mudanças e crises que podem recair
sobre as empresas e o que elas podem fazer para evitar ou amenizar os impactos negativos.
Vamos supor que a Nita Alimentos tenha contratos de compra do trigo no mercado nacional para
depois ser processado de acordo com as especificações de cada um de seus clientes, porém
uma mudança climática afetou drasticamente a produção de trigo nas lavouras do Sul do Brasil
provocando queda na produção e com isso o produto ficará mais caro pela sua escassez,
inflacionando o setor.
De acordo com Sandoval e Garcia (2012), é fundamental que o empresário aprenda e
compreenda os conceitos sobre macroeconomia e o comportamento dos grandes agregados
econômicos, que irão influenciar diretamente nos setores produtivos. Você poderá orientar a Nita
Alimentos ou qualquer outra empresa que esteja passando por esta possível situação tendo mais
conhecimento sobre esses fatores, já estudados no seu livro didático.
Faça uma revisão sobre os conceitos de macroeconomia, considerando os principais pontos de
luta para a manutenção do equilíbrio da renda, produção, poupança, investimentos e emprego.
Também pesquise mais sobre o impacto das políticas econômicas nas atividades empresariais e
para as famílias. E finalmente sugere-se acessar o link do portal G1 que fala da história da
inflação no Brasil, poderá ajudá-lo na resposta dessa situação problema.
Bom trabalho! Capriche na sua avaliação deste tema!

Aula 2
Principais agregados econômicos: produto, renda, poupança, despesas e investimento

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?


Nesta aula, você estudará sobre os conceitos dos principais agregados econômicos.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:

Descrever características do produto;


Analisar o fluxo circular de renda e do produto;
Entender sobre poupança, despesa e investimentos;

Situação-problema

Olá, estudante!
Como vimos na Aula 1, a Nita Alimentos é uma empresa que atua no setor específico de farinhas,
misturas para diversos produtos, fermentos e farelo. Faz parte de um grupo bem estabelecido
aqui no Brasil e com marca forte nas regiões Centro Oeste e Sudeste. Porém não podemos
desconsiderar que, por mais que a empresa tenha um planejamento estratégico eficiente,
monitorado e ajustado em função dos sinais ditados pela economia macroeconômica, não
estará livre de problemas, e superá-los e manter-se competitiva no comércio sempre será o maior
desafio.
Disciplina

Macroeconomia

O seu primeiro desafio em estudar esta disciplina foi compreender como a macroeconomia
analisa e determina a atuação dos grandes agregados sobre as atividades em geral no país, sem
se importar com os aspectos específicos de um determinado setor ou de uma área, pois serão
estudados com detalhes pela microeconomia.
Ao estudar os agregados econômicos, verificamos que alguns fatores podem dificultar bastante
o resultado das empresas e inclusive da Nita Alimentos. O primeiro desafio foi entender e
analisar o impacto que a empresa teria no caso de alta de inflação por razão de fatores como
queda na produção, ou alta de juros, por exemplo, o que iria provocar um aumento no custo do
produto e nesse repasse, os seus parceiros também o fariam até que numa escala de aumentos
o produto final chegaria em nossas mãos para consumo a um preço não aceitável.
Nesta aula, vamos aprender como é feita a contabilidade dos números da economia, como são
medidos e avaliados os resultados de cada grande agregado econômico e de que forma o
governo define os instrumentos de política para ajustar as distorções, que afetam os diversos
setores do país.
Nesse contexto, vamos ver um segundo problema pelo qual muitas empresas podem ser
afetadas, e com a Nita Alimentos a situação poderá ser mais grave, visto que todo seu negócio
está direcionado na produção e comércio de um único produto: trigo nacional ou importado.
Mesmo que a Nita Alimentos tenha muita capacidade produtiva e tecnologia para tal, precisará
de alternativas para redução de custos para poder manter-se “aquecida” no mercado, mantendo
seus parceiros comerciais antes que estes busquem alternativas como importar o trigo já
transformado em farinha nos mercados internacionais.
Será que o investimento em novos equipamentos e melhoria na modernização e ampliação do
setor permitirá que a Nita Alimentos mantenha seus níveis de preços junto aos seus parceiros e
estes poderão segurar os preços dos produtos disponíveis para o consumo das famílias e assim
manter o nível de emprego e renda?
Essa pode ser uma das questões mais desafiadoras deste estudo. Você precisa ler todos os
materiais disponibilizados, as sugestões de leitura e fazer as atividades propostas.
Então, mãos à obra. Seguindo em frente.

Agregados econômicos
Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, iremos estudar como os agregados econômicos trabalhados pela macroeconômica
são avaliados e medidos, resultando em valores que são contabilmente registrados nas contas
nacionais.
Vale relembrar que o conceito de grandes agregados macroeconômicos é definido
genericamente pela determinação e comportamento das atividades econômicas de maneira
global e não por uma única atividade.
John Maynard Keynes teve sua teoria fundamentada e justificou dizendo que a economia de um
país deve ter como política de crescimento uma demanda agregada, ou seja, deve somar o
resultado do consumo + investimento + gasto do governo + exportação - importação e avaliar o
resultado. Porém, mesmo com críticas e mudanças provocadas pela globalização, a teoria
Keynesiana acabou impulsionando os países a fazerem registros de seus resultados de uma
forma sistematizada a partir da segunda metade do século XX.
Hoje, praticamente, não existe nenhum país que não tenha a sua contabilidade social, através da
qual se pode ter uma visão relativamente exata do estado econômico do país e do seu ritmo de
crescimento.
Os principais agregados que serão estudados dizem respeito ao produto, a renda, a poupança, as
despesas e ao investimento. A partir dos dados, sabe-se se houve ou não crescimento dos
grandes agregados econômicos. Desses resultados, serão definidos quais instrumentos de
política econômica poderão ser aplicados para os ajustes promovendo melhorias, as quais serão
analisadas na próxima avaliação. Esse processo de avaliação dos agregados é conhecido como
contabilidade social. Ressaltamos que o assunto Contabilidade Social será amplamente
estudado na unidade 2 e que esta é apenas uma introdução.
Disciplina

Macroeconomia

Contabilidade social é o registro contábil das atividades produtivas de um país, ao longo de um


período de tempo, normalmente um ano, a qual tem por objetivo definir e medir o resultado dos
principais agregados econômicos (SANDOVAL e GARCIA, 2012).
Outras características:

É um documento de estatística econômica, com finalidade contábil onde são apresentados


os valores que demonstram os valores das transações econômicas da economia de um
país;
É uma forma de fornecer informações que permitam avaliar os efeitos das atividades das
empresas sobre a sociedade;
Não só busca medir resultados no processo monetário, mas também toma o recurso
humano desde a ótica humana, vendo-o como um ser que sente e que tem necessidades a
satisfazer;
Tem por função orientar a política econômica: estabilidade (inflação) ou crescimento
(renda e emprego).

Em quase todos os países, a contabilidade social pode ser medida por dois sistemas: o de
contas nacionais e a matriz de relações intersetoriais.

Sistemas de contas nacionais: funcionam igualmente como a contabilidade de uma


empresa, pelo método tradicional de partidas dobradas, onde são discriminadas as
transações dos grandes setores macroeconômicos, mas somente as operações que
envolvem os bens e serviços finais e não as matérias primas.
Matriz de relações intersetoriais: neste sistema contábil são incluídas as transações
intermediárias, sendo possível analisar o que cada setor gasta e o que cada setor vende
para outros setores. Dados mais detalhados serão obtidos pelos censos econômicos e são
elaborados a cada cinco anos. É o mais adotado no mundo. Veja a figura 1.1 para entender
a matriz. O produto final de consumo é a camisa, todos os demais insumos fazem parte do
processo de fabricação e fazem parte do sistema produtivo
Disciplina

Macroeconomia

Fonte: Fiescnet

Vejamos as características de cada um dos elementos que formam o conjunto dos principais
agregados econômicos.

Produto
Disciplina

Macroeconomia

O produto é aquilo que é produzido. É o total da produção desenvolvida pelos meios de produção
daquela sociedade. Importante frisar que essa análise é sempre estabelecida em um período de
tempo e local determinado.
É a produção total de bens e serviços finais que são produzidos por uma sociedade num
determinado período.
Neste item, não podem ser contabilizados os produtos que são utilizados no processo de
fabricação, pois são considerados como intermediários para a produção de um bem final.
Exemplo: produtos químicos na fabricação de remédios, fertilizantes utilizados na agricultura,
petróleo na produção da gasolina etc., pois não são itens para consumo final. Pode-se definir que
uma máquina é um bem final adquirida por uma empresa e uma televisão é produto final
adquirido pelo consumidor.
Na análise das contas nacionais, o produto é conceituado de duas formas, vejamos:

Produto Nacional – PN: é a somatória de tudo aquilo que é produzido no país ou fora do
país, como bens e serviços, e seu resultado é medido pelo preço do mercado. Podemos
citar que todos os fatores de produção como terra, trabalho e capital geram aluguéis, lucros
e salários, então o PN será a soma de todos esses fatores.
Produto Interno – PI: todos os bens e serviços finais produzidos somente no país ou numa
determinada região serão somados, durante um determinado período, que pode ser um
mês, um trimestre ou um ano, e será utilizado como indicador macroeconômico para
quantificar a atividade econômica da região em estudo.
Disciplina

Macroeconomia

Renda

Os proprietários dos fatores de produção, como governo, empresas e as pessoas, serão


remunerados por oferecer bens e serviços na atividade produtiva, podendo ser uma renda
pessoal ou consumo das famílias de um determinado local. Essa remuneração é somada e daí
surge o resultado da renda obtida pelos proprietários dos fatores de produção. Exemplo: salários,
aluguéis, juros, lucros.
Para exemplificar a questão da renda, veja que na figura abaixo tem apenas dois elementos no
sistema econômico, de um lado as empresas que são as unidades produtoras e do outro lado as
famílias, que fornecem os fatores de produção e também são as unidades consumidoras.
As empresas recebem os fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais), pagam às
famílias uma remuneração (salário, juros, lucros, aluguéis). Combinando esses fatores, as
empresas produzem bens e serviços que serão vendidas às pessoas (famílias) e estas têm uma
despesa que será o pagamento destes bens ou serviços.
Disciplina

Macroeconomia

Fonte: Analise Economica

No fluxo acima temos:

1. As famílias ofertam fatores de produção: capital e trabalho;


2. Empresas fornecem bens e produtos;
3. Associado ao fornecimento de fatores de produção há o seu pagamento: salário, lucros e
juros;
4. Pagamento das famílias pelos bens e serviços consumidos.

Desse fluxo circular de renda, podemos obter três formas de quantificar o produto:

no aspecto renda, temos pagamento de juros, lucros, aluguéis e salários;


no aspecto do produto, temos quantidade produzida pela empresa;
no aspecto da despesas, temos o consumidor efetuando a compra e;
A partir desse fluxo, pode-se estabelecer a primeira identidade das contas nacionais.
Ressaltamos que o Fluxo Circular de Renda será detalhadamente estudado na Aula 3 e que
esta é apenas a introdução do assunto dada sua ligação a este conteúdo.

Poupança

Define-se como poupança a diferença entre a renda disponível e o consumo, isso significa que é
a parcela da renda que não se gastou na compra de bens ou serviços. Porém é importante
ressaltar que a poupança também vem da renda. Numa economia onde o consumo é maior e a
renda é comprometida com despesas, com certeza a poupança será menor. Seja na conta
nacional ou familiar.
Disciplina

Macroeconomia

Despesas

Como já vimos, o Produto Nacional (PN) é medido pelo fluxo de produção de bens e serviços.
Mas também pode ser medido pelo total das despesas realizadas pelos seus agentes
(consumidores, empresas, governo e estrangeiros). Neste caso é conhecido como Despesa
Nacional (DN).
Para avaliar o resultado das Despesas Nacionais, podemos verificar o valor do Plano Nacional a
partir do fluxo de produção, de duas formas:

A partir de quem vende o produto: por ramo de origem = PN;


A partir dos agentes de despesas: por ramo de despesa = DN.

Investimentos
Disciplina

Macroeconomia

Podemos definir investimento como o meio pelo qual é gerado o crescimento da produção de
bens e serviços. Este se dá através da aquisição de máquinas e equipamentos e melhorias nas
Disciplina

Macroeconomia

instalações e novas construções, propiciando o aumento de estoque de bens de capital.


Os investimentos diferenciam-se das despesas por serem as despesas utilizadas para investir no
aumento da capacidade produtiva, como exemplo o investimento em novas máquinas para uma
fábrica, aluguel de um novo local para abrir uma filial, entre outros.
Podemos entender que o investimento é crucial para o desenvolvimento da nação, juntamente
com todos os setores envolvidos. Também deve ser visto como uma importante ferramenta de
política industrial, pois através da alocação dos recursos temos o crescimento dos diversos
setores. Os investimentos no campo da política econômica promovem o aumento da poupança
doméstica e externa, permitindo a movimentação dos recursos e a geração de rendas.
Como prever o futuro é quase impossível, muitos fatores como taxa de juros, taxa do retorno do
investimento e rentabilidade da atividade contribuem para que o empresário tome uma decisão
no momento de investir.
Esse conjunto de conhecimentos será a segunda etapa para você responder à questão de como
o resultado do setor é medido pelo governo e como esses resultados servem de parâmetro para
a avaliação dos demais fatores de produção (empresa e famílias).
As decisões de investimento de longo prazo envolvem a elaboração dos projetos, o
dimensionamento de seu fluxo de caixa e a seleção das propostas através da utilização de
técnicas de avaliação.
As decisões de investimento de longo prazo devem ser tomadas com o maior grau de
assertividade possível, pois, como o próprio nome já diz, geram benefícios de longo prazo para a
empresa e um erro de avaliação pode comprometer o resultado futuro da organização.
Portanto, o domínio de ferramentas de avaliação de investimentos torna-se condição essencial
ao exercício da gestão financeira da empresa.
__________
🔁 Assimile
Vamos relembrar os principais pontos desta aula:

Podemos definir Contabilidade Social como o instrumento contábil que apresenta a soma
de todo o consumo + investimentos + gastos do governo;
É o processo que estuda os fatores: produto, renda, poupança, despesas e investimento,
com objetivo de criar instrumentos para o crescimento econômico do país;
É através da Contabilidade Social que os resultados da situação econômica e o ritmo de
crescimento de um país são apresentados aos diversos setores e a sociedade;
A contabilidade social se divide em: contas nacionais envolvem os bens e serviços finais, e
não as matérias-primas e a matriz de relações intersetoriais onde é possível analisar o que
cada setor gasta e o que cada setor vende para outros setores.

__________
💭 Reflita
Observe o gráfico, que representa a situação da logística do Brasil. Através de uma política
intersetorial e interministerial, busca-se mudar esta matriz do cenário de 2005 para o cenário de
2025. Reflita sobre estes dados e sobre todos os setores que estão envolvidos direta e
indiretamente neste. Você pode identificar os fatores: produto, renda, poupança, despesas e
investimento como instrumentos de crescimento do país?
Disciplina

Macroeconomia

Política Nacional de Transportes | Fonte: Ministério da Infraestrutura.

__________
➕ Pesquise mais
Agora você já pode fazer a relação desses conteúdos com as notícias sobre as contas nacionais.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão responsável pela publicação de
todos os dados gerados sobre nossa economia, as pesquisas, o censo etc. Para entender e
conhecer este órgão, propomos a leitura em:

IBGE

Conhecer a relação entre os agregados econômicos e os fatores que influenciam a contabilidade


nacional é fundamental para seus estudos. Por isso, disponibilizamos o link de vídeo produzido
pelo Instituto IOB o qual vai ajudá-lo a rever todos os conceitos citados acima.

Fluxo Circular da Renda

__________
📝 Exemplificando
Tirando dúvidas sobre contabilidade social.
Disciplina

Macroeconomia

Assinale a questão que explica a diferença entre Produto Interno (PI) e Produto Nacional (PN).

1. PI mensura a produção de bens e serviços dentro do território nacional em determinado


período de tempo, e PN diz respeito a tudo que é produzido dentro ou fora do território
nacional, desde que esta renda venha para o território nacional;
2. PN diz respeito a tudo que é produzido dentro ou fora do território nacional, não havendo a
necessidade de que esta renda venha para o território nacional, e PI mede a produção de
bens e serviços dentro do território nacional sem a necessidade de uma determinação de
tempo.

Resposta certa: letra “a”. PN é a somatória de tudo aquilo que é produzido no país ou fora do
país, como bens e serviços, e seu resultado é medido pelo preço do mercado, e PI são todos os
bens e serviços finais produzidos somente no país ou numa determinada região, os quais serão
somados, durante um determinado período, que pode ser um mês, um trimestre ou um ano, e
será utilizado como indicador macroeconômico para quantificar a atividade econômica da região
em estudo.
__________
💪Faça você mesmo
Governo nega confisco da caderneta de poupança; PF vai investigar boato
Segundo o Ministério da Fazenda, informações estariam circulando em mídias sociais.
'Tais informações são totalmente desprovidas de fundamento', informou.
Alexandro MartelloDo G1, em Brasília.
Fonte: G1 Globo
O Ministério da Fazenda divulgou nota à imprensa nesta sexta-feira (13) para dizer que não
procedem as informações, que estariam circulando em mídias sociais, de que haveria risco de o
governo confiscar a caderneta de poupança, ou aplicações financeiras, dos brasileiros.

"Tais informações são totalmente desprovidas de fundamento, não se conformando


com a política econômica de transparência e a valorização do aumento da taxa de
poupança de nossa sociedade, promovida pelo governo, através do Ministério da
Fazenda", acrescentou o governo.
Em nota, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que determinou à
Polícia Federal "a imediata e rigorosa apuração da origem dos boatos que circulam
nas redes sociais relacionados à caderneta de poupança".

Confisco em 1990
Houve um confisco da poupança no Brasil em 1990. O processo foi comandado pela então
ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, no início do governo do presidente Fernando Collor
de Mello. Foram bloqueadas a poupança e todas as aplicações financeiras da época acima de
NCZ$ 50 mil (cruzados novos) - cerca de R$ 6 mil. A medida gerou reação extremamente
negativa na sociedade brasileira, que ficou sem dinheiro para honrar seus compromissos, e gerou
inclusive a falência de empresas.
Numa economia onde o consumo é maior e a renda é comprometida com despesas, com certeza
a poupança será menor. Em sua opinião, qual a importância de uma poupança nacional?
__________
📖 Vocabulário
Disciplina

Macroeconomia

Intersetorial: é um esquema de organização das informações sobre uma determinada atividade


econômica, relacionando os insumos ou matérias primas ao produto final.
Confisco: é a tomada de propriedade de uma pessoa ou organização. Exemplo: confisco dos
depósitos da caderneta poupança no governo Collor.
__________

Conclusão

Olá, você já percebeu que diversos fatores podem dificultar ou prejudicar os resultados da Nita
Alimentos?
Vimos que a inflação, sendo resultado da alta dos preços, foi o primeiro problema estudado.
Diante dos números apresentados pelo IBGE sobre a macroeconomia brasileira, uma questão é a
modernização da empresa através de investimentos na aquisição de novas máquinas,
tecnologias aplicadas à produção e em outras áreas.
Mas outro problema pode surgir, como descrevemos anteriormente. Investir em máquinas ou
novas tecnologias exige muito planejamento e recursos financeiros. Mas será que essa decisão
trará estabilidade para a empresa possibilitando manter os preços da matéria prima ofertada
para as indústrias de massas, bolachas e panificação e o produto final de cada uma delas
continuará chegando ao mercado com preço acessível?
Para termos ideia de como andam os investimentos no Brasil, segundo os dados do IBGE em
2012, o estado de São Paulo respondia por 57% do valor da transformação industrial do setor no
Disciplina

Macroeconomia

país, correspondendo a US$ 8,7 bilhões, sendo responsável por 49% do total de pessoas
empregadas.
Num outro cenário, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e
Equipamentos Industriais (Abimei), em 2014 houve uma queda de cerca de 6% na compra de
bens de capital, com destaque para máquinas e equipamentos. Esse dado revela que a taxa de
investimento no setor em 2014 foi de 17% no PIB e o ideal seria de 20%. Essa queda está
relacionada com o cenário econômico e alguns estudos revelam que não está havendo
investimento em máquinas novas, mas sim em peças novas. Conclui-se que, para que haja
crescimento econômico e as empresas voltem a fazer investimentos nos setores pela aquisição
de máquinas e novas tecnologias, será necessário que os fatores econômicos que influenciam
tais ações, sofram revisão e ações sejam implementadas pelo governo em medidas
macroeconômicas, de abrangência nacional, para amparar todos os envolvidos na cadeia
produtiva.
As explicações e fundamentações apresentadas nesta aula e nas diversas fontes citadas
servirão como ferramenta para responder à segunda situação problema da Nita Alimentos, em
decidir sobre modernização da empresa para ter continuidade das suas atividades e tornar-se
mais competitiva ou esse investimento trar-lhe-á incertezas e aumento dos custos pela aquisição
de novos equipamentos.
As avaliações deverão nortear a importância do conhecimento que a empresa deve ter sobre
investimentos, suas características, riscos e principalmente prazo de retorno.
Na sequência, devem ser revistos os conceitos sobre os instrumentos de políticas
macroeconômicas, como política monetária que trata sobre crédito e taxa de juros, as políticas
cambial e comercial que tratam da taxa de câmbio nas operações de comércio exterior e não se
pode deixar de rever a política fiscal que regula as transições pela arrecadação de tributos e faz o
controle dos gastos.
Faça essa revisão e complemente seu conhecimento lendo a monografia publicada no link , na
qual são tratados pontos importantes sobre a decisão de fazer investimentos cujo retorno
financeiro será a longo prazo.

Aula 3
Valor adicionado e fluxos de renda e dispêndio – FCR: conceituação de valor adicionado e fluxos
de renda. Fluxo circular de renda

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará os conceitos sobre valor adicional, fluxos de renda e dispêndio.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Entender como ocorre a aplicação do sistema de contas nacionais na macroeconomia;


Analisar a matriz de relações intersetoriais;
Identificar responsáveis pela medição dos resultados das atividades econômicas.

Situação-problema

Olá, estudante!
Torna-se mais claro como a atividade e os resultados desejados pela Nita Alimentos são
influenciados pela atuação dos agregados econômicos, através dos resultados da produção
global ou intersetorial.
Driblar o dragão da inflação é algo quase impossível e exige de todos os agentes, governo,
empresas e famílias, que tenham muito conhecimento sobre o cenário político e econômico atual
e sobre os setores em que estão inseridos.
Disciplina

Macroeconomia

Outra questão que deve ser considerada com profunda reflexão foi o dispêndio em novos
investimentos em máquinas e em equipamentos. Perguntas chaves devem ser feitas e
respondidas: é momento de investir? Onde vou buscar recursos financeiros? Qual o retorno desse
investimento? Como levantar novos recursos para pagar compromissos assumidos? Para onde
as crises podem levar a atividade de minha empresa? E os demais setores que estão interligados
ao meu negócio, como estão atuando? Diante dessas incertezas, a decisão em investir se torna
um passo muito importante.
Você aprendeu sobre os agregados econômicos e como a inflação pode afetar o volume de
consumo das famílias, causando queda na produção, queda na renda e aumento no desemprego
em empresas de todos os segmentos e na própria Nita Alimentos. Para compreender esses
fatos, vimos que esses resultados são medidos e avaliados para que o governo possa atuar
através de instrumentos de políticas, fazendo ajustes de controle no consumo e de gastos, por
exemplo.
A aula 3 apresenta elementos conceituais sobre o sistema de contabilidade social, analisando o
resultado das contas de cada setor da matriz de relações intersetoriais. A diferença entre os
fluxos de produção e o conceito macroeconômico de produto, o fluxo de renda e dispêndio (FCR)
ficarão claros ao estudar o valor adicionado como um dos principais conceitos que demonstram
que essa quantificação deve ocorrer de forma periódica para que seja avaliado o desempenho da
economia e os agentes possam fazer as correções necessárias.
Para exemplificar todo esse novo contexto, vamos ver uma terceira situação problema pelo qual
muitas empresas podem passar, inclusive a Nita Alimentos. Sabemos que por mais difícil que a
situação econômica do país esteja para as empresas e famílias, o consumo de bens e serviços
continuará.
No entanto, diante dos fatores já citados, temos um novo fato a explorar: diante de um alto nível
de desemprego, nas diversas regiões do país e em vários setores, a procura por produtos e
serviços tende a cair sensivelmente. De que forma esse fato - desemprego - poderá afetar a
produção nas indústrias no setor de alimentação e em especial a Nita Alimentos?
Para buscar a resposta a essa nova problemática, vamos estudar a relação entre produto,
despesa e renda através do fluxo circular de renda.
Continue firme nos estudos, faça as leituras e atividades, e vamos em frente.

Conceito do Sistema de Contas Nacionais


Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, estudaremos de forma mais aprofundada o conceito do sistema de contas nacionais,
seus princípios, sua aplicação na macroeconomia, os setores da economia responsáveis pelos
resultados, sendo esta parte dos agregados econômicos e, de uma maneira prática, a
contabilidade dos resultados obtidos das respectivas contas.
Vamos relembrar alguns conceitos já comentados na aula 2 sobre o tema Contabilidade Social, o
qual será a base para os novos elementos desta unidade curricular: valor adicionado e fluxos de
renda.
A contabilidade social por ter natureza de registro contábil, cuja proposta é de expressar os
montantes de todas as transações econômicas realizadas numa determinada sociedade, através
da medição da produção de um determinado ano, tem por função registrar e medir as grandezas
definidas pelos agregados econômicos dentro da macroeconomia.
Também devemos saber que a contabilidade social define e mede os resultados dos agregados
econômicos a partir dos valores já realizados, ou seja, os bens e serviços finais que já foram
produzidos e comprados pelos vários agentes e estes já receberam por isso, formando assim o
fluxo de renda de um país.
No contexto, vimos primeiramente que a contabilidade social atua através das contas nacionais
pelo registro das atividades econômicas: produto nacional + despesa nacional e renda nacional,
porém somente para bens e serviços finais.
Disciplina

Macroeconomia

Matriz de Relações Intersetoriais

Mas outro setor é muito importante nesta relação econômica. Trata-se da participação dos
demais setores que participam do processo produtivo que se inicia no fornecimento da matéria-
prima até a venda do produto final. Para essa situação, damos o nome de matriz de relações
intersetoriais ou matriz insumo-produto ou matriz de Leontief. Essa matriz irá fornecer
informações complexas e detalhadas apresentando todos os setores envolvidos, porém, ao
estudarmos a relação intersetorial de um determinado produto, após ter em mãos o fluxo, será
necessário recorrer aos censos econômicos disponibilizados a cada cinco anos pelas entidades
que investigam, fazem medição e publicam as informações, como IBGE, IPEA, Seade e outros. Na
Aula 2, você poderá rever o exemplo desse fluxo através da figura anexada.
Vamos avançar no conteúdo. De acordo com Vasconcellos e Garcia (2012, cap. 9), as atividades
econômicas podem ser medidas de três formas:

Produto Nacional (PN): é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em


determinado período de tempo. Veja o exemplo contábil para esta operação:

Onde PN = C ® R$ 390,00 Despesas (salários + Juros +


Receita
C – Bens de Consumo Aluguéis + lucros)
R$
Empresa A produz o trigo e vende para a empresa B. R$ 140,00
140,00
Disciplina

Macroeconomia

Empresa B produz a farinha de trigo (Nita Alimentos) R$ 140,00 + R$ 105,00 =


R$
e vende para a Empresa C. R$ 245,00
245,00

Empresa C (padaria) produz o pãozinho e vende às R$ 245,00 + R$ 145,00 =


R$
famílias. R$ 390,00
390,00
R$
PREÇO DO BEM FINAL PRODUZIDO -> C R$ 390,00
390,00

Despesa Nacional (DN): é a soma do valor de todas as despesas geradas pelos vários
agentes de compra de bens e serviços finais: governo, empresas e famílias.

DN = Despesas de consumo (C)apresenta somente os gastos das famílias.


Neste caso a fórmula se apresenta mais completa, incluindo os demais agentes de despesa.
DN = C + I + G + ( X – M )
C = despesas das famílias com bens de consumo;
I = despesas das empresas com investimentos;
G = despesas do governo;
X – M = despesas líquidas do setor eterno (X – exportação e M – importação)
Podemos observar que, nessa situação, o Produto Nacional (PN) é vendido para os quatro
agentes de despesa.

Renda Nacional (RN): é a soma de todos os rendimentos pagos às famílias, proprietárias


dos fatores de produção (matéria-prima, equipamentos, capital, horas de trabalho,
necessários para produzir mercadorias ou serviços), pela utilização de seus serviços
produtivos. Sendo:

RN = Salários (w) + Juros (j) + Aluguéis (a) + Lucros (l) => RN = w + j + a + l


Temos, portanto, a identidade básica das contas nacionais:

Produto Nacional (PN) = Despesa Nacional (DN) = Renda Nacional ou

PN = DN = RN = R$ 390,00

Valor Adicionado
Disciplina

Macroeconomia

Até este ponto, concluímos que essas três formas são responsáveis pela medição dos
resultados da atividade econômica de um país num dado período. Para que as estatísticas sejam
apuradas, em termos operacionais, a forma mais prática a ser utilizada é a do valor adicionado.

Valor Adicionado (ou valor agregado): ao produto são adicionados os valores de cada etapa
do processo produtivo. Ao somar o valor adicionado em cada estágio de produção,
encontraremos o produto final do sistema de contabilidade nacional.

Calcula-se o valor adicionado achando a diferença entre o valor das vendas e dos custos dos
bens intermediários. Vamos exemplificar:
VA = VBP – consumo de produtos intermediários -> resultado final
PN = DN = RN = VA
Vendas no período Custos dos bens Valor adicionado
Estágio de produção
(R$) (1) intermediários (R$)
(R$) (2) (1) – (2)
Empresa A - trigo 140 0 140
Empresa B – farinha de
245 140 105
trigo
Empresa C – pão 390 245 145
Valor adicionado =
390
produto final
Disciplina

Macroeconomia

Outra forma de conhecermos o resultado final do VA é através da somatória da remuneração dos


fatores de produção, que estão presentes nas três etapas da produção do pão.

Estágio de Salários Juros ( Aluguéis Lucros


Total
produção (R$) R$) (R$) (R$)

Trigo 80 30 20 10 140

Farinha de Trigo 50 10 15 30 105

Pão 60 20 30 35 145

Total 190 60 65 75 390

Nesta primeira parte, verificamos as transações de bens de consumo e a formação do preço total
do produto final. Vamos considerar que as famílias não gastam toda a sua renda na compra de
bens e serviços, elas fazem poupança para outras ocasiões, e que as empresas não produzem
apenas para o consumo, mas investem em bens de capital aumentando sua capacidade
produtiva dentro do sistema econômico.

Fluxo de Renda com outros Agregado Econômico


Disciplina

Macroeconomia

Estaremos abordando um pouco dessa relação econômica que forma o fluxo de renda,
introduzindo novos conceitos como poupança, investimentos e depreciação, como um agregado
econômico.

Poupança Agregada (S): parte da renda nacional (RN) que não for consumida num
determinado período e será poupado para ser utilizado no futuro, mesmo que não se saiba
se haverá novos investimentos, se o valor será aplicado em papéis financeiros ou mesmo
se ficará num cofre ou embaixo do colchão. Poupar hoje para consumir no futuro. Então
temos:

S = RN - C

Investimento Agregado (I): é o gasto realizado na produção de bens que não foram
consumidos naquele período, permitindo o aumento da capacidade produtiva na economia
nos próximos períodos. Somente se contabiliza produtos físicos. Investir em matéria-prima
e máquinas está correto, mas investir em ações não é um investimento econômico e sim
investimento financeiro. Esse investimento será composto pela taxa de acumulação do
capital, representado pelas máquinas e equipamentos mais a variação de estoque que é o
saldo do que foi produzido e que não foi consumido naquele período. Temos então:

Investimento total = Investimento em bens de capital + variação de estoques


PN = C + I
Composição do Produto Nacional:
Disciplina

Macroeconomia

Soma dos bens de consumo produzidos ( C ) + bens de capital ( I )

Depreciação: é quando ocorre o desgaste de um bem de capital (equipamento) num


determinado período. Pode ocorrer, porque máquinas e equipamentos se tornam obsoletos
ao longo do tempo e necessitam ser trocados para manutenção da capacidade produtiva.

Essa depreciação é diferenciada entre investimento bruto e investimento líquido, onde temos:
Investimento líquido = Investimento bruto – Depreciação
___________
🔁 Assimile
Vamos relembrar os principais pontos desta aula:

O fluxo circular da renda é um diagrama que simplifica as relações básicas da economia e


ilustra a igualdade entre produto, renda e despesa.
Empresas disponibilizam bens e serviços no mercado para o consumo das famílias, e
estas, por sua vez, possuem os fatores de produção (terra, capital e trabalho)
Para produzir bens e serviços sob a ótica do produto, as empresas precisam dos fatores de
produção disponibilizados pelas famílias, constituindo-se assim o mercado de fatores de
produção. Na ótica da renda, as famílias ofertam estes fatores em troca da sua
remuneração (salários, lucros, aluguéis e juros).
Despesa nacional (DN): é o termo usado para descrever os gastos e endividamento do
setor administrativo, seja de uma vila ou de um país.
Renda nacional (RN): é o somatório de todos os rendimentos das pessoas que residem no
país, incluem-se: salários, pensões, rendas provenientes de aluguéis, juros, dividendos etc.
Valor adicionado (VA): podemos dizer que é a receita das vendas após a subtração dos
custos dos recursos adquiridos de terceiros.
Poupança doméstica: é a soma da poupança privada e da poupança pública.
Poupança privada: é a poupança dos consumidores e é representada pela renda disponível
menor o consumo.
Poupança pública ou do governo: trata da renda líquida do governo menos os seus gastos.
Investimento: aquisição de bens para aumentar a produção futura, ou seja, aumento do
estoque de capital físico (máquinas) e a variação dos estoques (matérias-primas). É
investimento produtivo, cujo objetivo é o lucro. Pode sofrer interferência pela alta dos juros.
Depreciação: são as reduções das riquezas acumuladas. São indicações estimadas das
perdas ou obsolescência e dos danos acidentais sobre os bens de capital mobilizados
(máquinas e equipamentos) utilizados no processo da produção.

___________
💭Reflita
Observe a charge que, de uma forma bem humorada, mostra o fluxo de relacionamento do
produto com a renda. Você pode identificar a problemática da Aula 3 ao sistema de contabilidade
social?
Disciplina

Macroeconomia

Fonte: Livre Imprensa

___________
➕ Pesquise mais
A depreciação parece ser um fato irrelevante, mas merece muito nossa atenção. No link, você
poderá ler mais esse assunto e também saberá qual a taxa de depreciação de um bem e o prazo
de vida útil.
___________
📝 Exemplificando
O FCR é um diagrama que simplifica as relações básicas da economia. Na ótica da renda, quais
são os fatores que atuam na troca da sua remuneração?
Resposta: os fatores que atuam na troca da sua remuneração são: salários, lucros, aluguéis e
juros. Esses fatores possibilitam que as famílias tenham recursos para consumir, e as empresas,
em troca, produzem bens e serviços.
___________
💪Faça você mesmo
Já abordamos que a questão do desemprego é um fator determinante para o índice de consumo
e produção de um país. As empresas estão buscando soluções para superar a crise atual. Leia o
artigo no link e descreva qual estratégia a Avon usa para driblar a retração da economia no seu
setor. Boa leitura!
___________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Olá, no decorrer desta aula, vimos conceitos mais complexos que tratam do valor adicionado e
fluxo de renda e dispêndio e suas fórmulas que demonstram como são realizadas as
composições dos agregados econômicos e seu registro para que o país tenha o resultado da sua
contabilidade nacional.
Nesta aula, o desemprego surge como fator determinante para influenciar as empresas em geral
sobre seus investimentos, poupança, renda e a participação de seus parceiros (clientes),
responsáveis em fazer com que o bem e ou serviço final cheguem às famílias.
O equilíbrio das contas do governo, empresas e das famílias depende da remuneração que cada
um receberá pela produção de bens e serviços. Portanto, se no fluxo de renda algum dos
agregados econômicos necessitar de interferência do governo com ações e políticas de ajustes,
tal como as novas regras para o seguro desemprego, todos terão seus resultados afetados.
Segundo dados recentes publicados pelo jornal Folha de São Paulo, a insegurança com salário e
emprego é a principal frustração do consumidor, que deixa de comprar alguns produtos ou reduz
a quantidade e até mesmo busca a substituição por outros mais baratos.
Esses dados se tornam um pesadelo para o governo, pois a diminuição de empregados
registrados provoca o aumento da informalidade e queda na arrecadação de impostos. Queda na
renda com gastos em alta causa menos poupança, isso significa menos dinheiro no mercado ou
dinheiro caro para as empresas e famílias poderem produzir e fazer investimentos.
Em abril/2015, segundo pesquisa realizada pela Consultoria Nielsen, especializada em consumo,
os supermercados já registraram queda nas vendas de alimentos básicos como farinha de trigo,
massas e salgadinhos, afetando as indústrias e aumentando o estoque desses produtos.
A consultoria relata que, mesmo com o desconto da inflação e a redução de preços, as vendas
não cresceram no período pesquisado. As indústrias de alimentos em geral registraram em
Disciplina

Macroeconomia

março um acúmulo excessivo de estoque.


Por esses dados, você pode perceber como o estudo dos agregados econômicos e o fluxo de
renda e dispêndio estão presentes na realidade das empresas e principalmente para a Nita
Alimentos, cujo setor está sendo muito afetado.
Para continuar os estudos, faça uma revisão dos conceitos e dos exemplos nesta aula e aumente
seu conhecimento quanto ao poder de avaliação dessa situação, assistindo aos vídeos:
Desaceleração na economia faz aumentar número de desempregados e Marco Villa e Airton
Soares debatem sobre Seguro-Desemprego.

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Aula 4
Moedas, Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais: conceituação de moeda e Taxas de Câmbio,
Regimes Cambiais e estrutura do Mercado Cambial

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará os conceitos de moedas, taxa de câmbio e regimes cambiais.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Entender a trajetória dos regimes cambiais;


Compreender o funcionalismo da taxa de câmbio;
Reconhecer o conceito da moeda e sua origem.

Situação-problema

Olá, estudante!
Estamos finalizando o primeiro capítulo desta unidade curricular e você aprendeu sobre os
conceitos de macroeconomia, sua estrutura e como os problemas do cotidiano estão presentes.
Também foram abordados conceitos sobre os agregados econômicos e a relação existente com
os agentes macroeconômicos e como esses resultados são calculados e podem ser
visualizados no FCR.
Foram propostas situações problemas pelas quais a Nita Alimentos poderia passar e você teve a
oportunidade de realizar atividades que permitiram enxergar soluções para cada situação.
Vimos que o setor de alimentos está sendo afetado severamente pelas crises econômicas,
afastando o consumidor, o que gera um efeito negativo em todo processo produtivo. O
Disciplina

Macroeconomia

supermercado registra queda nas vendas e compra menos do distribuidor, por vez, este compra
menos do fabricante e todos têm uma redução na renda. Arrecada menos impostos e o governo
tem menos dinheiro para circular e todos, neste processo, fazem demissões e temos o aumento
do desemprego. Para não demitir, as empresas elevam o preço do produto, o que causa a
inflação e novamente o consumidor deixa de comprar. Enfim, o ciclo de renda – produto
contínuo.
A Aula 4 irá apresentar um novo elemento desta unidade curricular. Serão abordados conceitos e
atividades sobre moedas, taxas de câmbio e regimes cambiais. Como fundamentos do comércio
internacional, as operações de câmbio, suas taxas, mercado e regimes de atuação têm uma
relação muito direta com a inflação, a qual é vista hoje como um grande dragão a ser dominado,
pois derrotá-lo nunca será possível. A inflação é benéfica quando está controlada e se não estiver
pode quebrar a economia de um país.
Para estudar e exemplificar o tema desta aula, será abordada uma quarta situação problema,
pela qual um número muito significativo de empresas pode passar e com a Nita Alimentos não
será diferente.
Diante da escassez de muitos produtos, ou pela excessiva carga tributária do país, ou por melhor
oferta do mercado externo, muitas empresas têm a importação como uma alternativa para fugir
desses fatos, como também para ser mais competitivas aqui no mercado interno.
Do outro lado, também existe o problema da alta do dólar provocada pelas crises internacionais e
as nacionais. Diante desse fato, como as empresas e a própria Nita Alimentos poderiam resolver
possíveis problemas internos como queda na produção, desemprego, redução nos
investimentos, dado que a alta do dólar é um agente inflacionário dos preços?
Parece que esse problema não tem solução, certo? Vamos estudar todos os conceitos e o
impacto do câmbio sobre a economia do país e ver quais soluções as empresas poderão utilizar
diante desse novo desafio. O estudo e prática desta aula, pela leitura e realização de todas as
atividades propostas trará-lhe-á um conhecimento prévio sobre finanças internacionais,
permitindo que você utilize esse conhecimento nas suas atividades pessoais e profissionais.

Regime Cambial Brasileiro, Moeda e Taxas de Câmbio


Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, iremos abordar conceitos sobre regime cambial brasileiro, moeda e taxas de câmbio.
Como atuam sobre a economia do país nas operações financeiras, favorecendo ou não o
comércio internacional, de que forma essas operações afetam os resultados da balança
comercial brasileira, a competitividade das empresas e os impactos sobre preços de bens e
serviços.
Na abordagem dos agregados econômicos, vimos que quando o mercado apresenta problemas,
podem gerar rupturas na contabilidade nacional afetando todos os agentes macroeconômicos
(governo, empresas e famílias) e ações políticas são utilizadas para ajustes da economia. Dentre
todas, vamos destacar a política monetária e a política cambial, as quais tratam das ações
voltadas para o mercado externo e aplicação das taxas de câmbio.

Breve história da trajetória dos Regimes Cambiais e seu conceito.


Disciplina

Macroeconomia

Após a II Guerra Mundial, foi realizada uma reunião na Inglaterra, na cidade de Bretton Woods,
com objetivo de determinar um sistema de câmbio fixo para que todos os países tivessem, a
partir daquela data, uma única moeda de referência.
O dólar norte-americano foi definido como moeda de referência e todos os países fixaram ou
atrelaram suas moedas ao dólar americano.
Em 1970, vários países abandonaram esse sistema de câmbio fixo e passaram a utilizar o
sistema de câmbio flexível, pois, dessa forma, os mercados poderiam atuar de forma mais livre,
de acordo com a sua oferta e demanda de mercado. Por maiores benefícios do sistema fixo, os
países tinham que manter políticas econômicas parecidas, com propostas de manutenção de
taxas de inflação e de juros. Porém os reflexos negativos apareciam nos resultados da balança
comercial e de pagamentos de cada país. O abandono do sistema de Bretton Woods iniciou-se
pelos Estados Unidos. Essa decisão possibilitou que muitos países passassem pelas duas crises
do petróleo na década de 1970 de forma mais equilibrada.
Com a integração do sistema financeiro e do comércio de bens e serviços, representado pela
globalização dos mercados a partir dos anos 1990, houve um avanço importante nas relações
internacionais. Empresas e bancos fazem negócios entre si de maneira rápida e segura. Tomam
empréstimos e financiam produção. Os governos promovem o processo de integração e
liberalização financeira, abrindo seus mercados para oportunidades de investimento.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), com sede em Washington DC (EUA), acompanha todo
esse movimento financeiro e estabelece políticas financeiras eficientes e efetivas para a
promoção do comércio internacional de forma crescente.
Disciplina

Macroeconomia

O câmbio flexível também apresenta uma fragilidade para os países, pois quando ocorrem as
crises financeiras internacionais, muitos países são afetados, como por exemplo as crises do
México em 1994, da Ásia em 1997, da Rússia em 1998, dos Estados Unidos de 2008.
No Brasil, o câmbio flexível ditou as regras da política cambial até o fim da década de 80. Desta
data até o início do Plano Real, a política cambial variou muito em razão dos diversos e
desastrosos planos econômicos. Durante esse período, foi utilizado o sistema de
minidesvalorizações, que fazia ajustes na taxa de câmbio em intervalos menores de tempo,
utilizando como referência a diferença entre as taxas de inflação nacional e internacional.
Com a nova moeda (o Real) e os ajustes fiscais propostos pelo novo plano econômico que teve
início em 1993, pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, a meta era o
controle da inflação, e para que esse objetivo fosse alcançado definiu-se que o controle da taxa
de câmbio seria a chave para o controle da economia brasileira. Após 1999, o Brasil abandonou o
uso de bandas cambiais para definir a taxa de câmbio e passou a utilizar desde então o sistema
de câmbio flutuante.
Na política flutuante, a taxa do câmbio é definida pela intervenção e atuação do mercado, na
oferta ou procura da moeda. Neste caso, o Banco Central do Brasil (BC) atua apenas como
vendedor/comprador, como fiscalizador e regulador das operações. Também atua definindo um
limite máximo e um limite mínimo em que a taxa pode flutuar. Havendo qualquer variação para
mais ou para menos fora desses limites, o Bacen intervém no mercado com políticas de
valorização ou desvalorização cambial, atuando como comprador ou vendedor da moeda
estrangeira (dólar) para dar equilíbrio ao mercado e assim manter o controle da inflação.
É importante você fixar dois conceitos: a oferta de moeda estrangeira é feita pelo exportador, ou
seja, quando a empresa vende uma mercadoria ao exterior, recebe moeda estrangeira, exemplo o
dólar, mas não pode ficar com essa moeda, por isso vende a um banco. Por sua vez, a demanda
(procura) pela moeda estrangeira é do importador. Quando a empresa compra uma mercadoria,
tem que efetuar o pagamento e não pode ser em Reais. Deverá comprar no banco a moeda e
este fará a remessa para o exterior concretizando a operação. Essas operações de compra e
venda são registradas no Bacen pelo banco através de um contrato de câmbio.

Taxa de Câmbio
Disciplina

Macroeconomia

Podemos definir taxa de câmbio como a relação existente entre o valor da moeda nacional com a
moeda estrangeira. No Brasil, a taxa de câmbio representa o preço em moeda nacional de
unidades de moeda estrangeira, normalmente utilizamos o dólar. Para vender ou comprar uma
moeda estrangeira, deve-se observar a cotação do dia em que ocorrerá a transação financeira. O
ideal é a consulta em fontes atualizadas e oficiais.
Partindo deste exemplo (1), cada US$ 1,00 (um dólar) representa R$ 3,00 (três reais). US$ 1,00 =
R$ 3,00

Se houver uma flutuação cambial teremos duas situações:

A queda na taxa de câmbio, isso provoca a desvalorização da moeda, significando que as


exportações serão prejudicadas pois os preços se tornam menos competitivos. Para as
importações, o impacto será positivo, pois os preços dos produtos ficaram menores. Isso
significa que a moeda estrangeira (US$) está desvalorizada e a moeda nacional (R$) está
valorizada. Serão necessários menos reais por unidade de dólar. Comparando com exemplo (1),
teremos: US$ 1,00 = R$ 2,90.
A alta na taxa de câmbio provoca a desvalorização da moeda nacional, significando que as
exportações serão beneficiadas, pois os preços se tornam mais competitivos. Para as
importações, o impacto será negativo pois os preços dos produtos ficarão menos atrativos. Isso
significa que a moeda estrangeira (US$) está valorizada e a moeda nacional (R$) está
desvalorizada. Serão necessários mais reais por unidade de dólar. Comparando com exemplo (1),
teremos: US$ 1,00 = R$ 3,50.

Qual o impacto dessa flutuação cambial sobre a inflação?


Disciplina

Macroeconomia

Com a valorização cambial, a moeda nacional (R$) fica mais forte em relação à moeda
estrangeira (US$). A importação aumenta e prejudica a produção nacional.
As empresas brasileiras não conseguem aumentar seus preços para poder ser competitivo e
esse controle de preços reduz a taxa de inflação. Ocorre uma queda nas exportações porque os
preços dos produtos brasileiros ficam mais caros para o comprador estrangeiro. Com o
crescimento das importações e a queda das exportações, teremos um déficit na balança
comercial. O saldo das exportações menos o saldo das importações apresentará um resultado
negativo.
Com a desvalorização cambial, teremos um efeito contrário da valorização. Haverá uma
diminuição das importações e aumento das exportações. Aqueles produtos essenciais de que o
Brasil tem dependência, como petróleo, trigo terão seus preços elevados, provocando o aumento
no custo da produção, sendo necessário o repasse ao preço do produto final e, com isso, temos a
inflação pelo aumento do produto para o consumidor.
Neste cenário, o agente macroeconômico do governo atuará através das políticas fiscais,
monetárias e cambiais para combater a alta dos preços e manter o controle da inflação.

Moedas

Conceituamos moeda como o meio de pagamento ou meio de troca pela aquisição de um bem
ou de um serviço. Temos a moeda metálica e a moeda papel, chamada de notas ou ainda as
chamadas moedas mobilizadas, representadas por cheques ou por cartão de crédito ou débito.
Disciplina

Macroeconomia

A moeda corrente é o dinheiro oficial de um país utilizado para todos os tipos de transações e
seu controle é vital para o equilíbrio da economia e para as relações internacionais.

Breve história da moeda

Origem: na antiguidade, as mercadorias serviam como moeda de troca de um produto pelo outro.
Exemplos: peles, fumo, óleo de oliva, sal, mandíbulas de porco, conchas, gado. A Roma Antiga
usava o sal como moeda, a China tinha o bambu como dinheiro e na Arábia eram os fios
utilizados como moeda. O ouro e a prata muito apreciados como ornamentos logo ganharam a
preferência, pois apresentavam durabilidade, beleza e raridade.
Os primeiros registros de moedas metálicas foram na Lídia, na região da Ásia Menor e no sul da
Grécia. O papel moeda surgiu na China no século IX. No século XVII, a Suécia foi o primeiro país
da Europa a adotar o papel moeda.
Pela evolução histórica descrita, podemos classificar a moeda em três funções: como
instrumento de troca, instrumento para a denominação comum de valores e instrumento para
reserva de valores. Segundo Vasconcelos e Garcia (2012), as moedas são representadas por
funções e tipos.
Funções

Instrumento ou meio de troca: intermedia o fluxo de bens, serviços e fatores de produção


da economia;
Medida de valor: todos os bens e serviços produzidos são expressos por unidade
monetária;
Reserva de valor: pode ser acumulada para ser utilizada no futuro na aquisição de um bem
ou serviço.

Tipos

Moedas metálicas: unidade monetária fracionada (moedas), emitidas pelo Banco Central;
Papel-moeda: representa a quantidade de dinheiro em poder das pessoas e também é
emitido pelo Banco Central;
Moeda escritural ou bancária: é representada pelos depósitos à vista nos bancos
comerciais, pode ser em conta corrente ou registro contábil dos bancos.

As moedas também possuem outra característica importante. Trata-se da sua aceitação nos
diversos países, e são aceitas pela sua CONVERSIBILIDADE. Sob o aspecto cambial, classificam-
se em:

Conversíveis: aquelas que são livremente aceitas por outros países, sem qualquer restrição
e em qualquer mercado conhecido como moeda forte.

Ex.: Dólar americano – USD / Dólar canadense – CAD / Dólar australiano – AUD / Libra esterlina
– GBP / Franco suíço – CHF / Iene japonês – JPY / Euro – EUR.

Inconversíveis: não tem fácil circulação internacional ou que não são aceitas por outros
países nas transações cambiais. Ex.: Guarani (Paraguai) / Rúpia (Índia) / Peso (Argentina) e
o Real (Brasil). O intercâmbio comercial entre países de moeda inconversível é, como regra
Disciplina

Macroeconomia

geral, conduzido em moeda conversível de terceiro país. Nesse caso, o dólar americano é a
moeda de referência.
Escriturais ou de Convênio: aquelas decorrentes de acordos bilaterais ou multilaterais, com
pagamentos firmados para atender ao objetivo de desenvolver ou possibilitar o intercâmbio
comercial entre países de moedas inconversíveis. A moeda geralmente utilizada nos
convênios é o dólar americano.

__________
🔁 Assimile
Regimes cambiais: regra estabelecida para a formação da taxa de câmbio que será utilizada nas
operações externas.
Taxa de câmbio: é a paridade (relação de valor) existente entre a moeda nacional e moeda
estrangeira.
Moedas: é a unidade de valor aceita como instrumento de troca numa sociedade.
__________
➕ Pesquise mais
Ao estudar os conceitos de câmbio e suas aplicações, você viu que a alta ou queda da taxa do
dólar podem trazer benefícios ou restrições para as empresas nacionais. Os conceitos da
valorização e desvalorização cambial e seu impacto sobre a macroeconomia
Neste vídeo, você terá oportunidade de saber como funciona a Casa da Moeda, onde são
produzidas as cédulas e moedas.
Você pode fazer uma viagem no tempo e irá conhecer a história da moeda, em uma visita virtual
no Museu de Valores do Banco.
__________
📝 Exemplificando
Considere hipoteticamente que Pedro, um investidor brasileiro, ao usar R$ 200.000,00 para
comprar dólares e remetê-los para Nova York, autorize um operador a comprar euros com esses
dólares e a remetê-los para Madri, autorize outro operador a comprar reais com esses euros e a
remetê-los de volta para o Brasil. Considere também que as cotações entre as moedas sejam
US$ 1,00 = R$ 1,75; € 1,00 = R$ 2,60; e US$ 1,00 = €i 0,70. Com base nessas informações e sem
considerar outras despesas como custos de remessas e comissões dos operadores, conclui-se
que o ganho de Pedro com a operação entre as moedas foi de R$ 8.000,00. – RESPOSTA CERTA
Resolução:
Valor principal = R$ 200.000,00

1. comprar dólar com os reais: US$ 1,00 = R$ 1,75, então R$ 200.000,00 dividido por R$ 1,75 =
US$ 114.285,71
2. comprar euros com o dólar: US$ 1,00 = € 0,70, então US$ 114.285,71 multiplicado por €
0,70 = € 80.000,00
3. comprar reais com euro: € 80.000,00 multiplica por R$ 2,60 = R$ 208.000,00
4. Ganho do José: R$ 208.000,00 – R$ 100.000,00 = R$ 8.000,00

__________
💪Faça você mesmo
Reforce o que você aprendeu nesta aula pesquisando sobre moedas e acrescente mais
conhecimento. Para isso, propõe-se uma atividade onde irá pesquisar sobre moedas. Leia com
Disciplina

Macroeconomia

atenção este enunciado: o euro representando pela sigla € é uma moeda comum entre 19 dos 28
países que formam a União Europeia (EU) e constituem a chamada área do euro ou zona do euro.
Agora acesse o link do Portal Oficial da União Europeia ou o Portal Oficial do Banco Central do
Brasil e identifique quais são os países que não fazem parte da zona do euro e utilizam
comercialmente suas próprias moedas nacionais.
__________
💭Reflita
Agora é seu momento de verificar o quanto está entendendo a questão da flutuação cambial.
Veja a figura abaixo e responda: esta figura mostra uma valorização ou desvalorização do
câmbio? Justifique sua resposta.

Câmbio | Fonte: Administração no Brasil.

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Nesta Aula 4, estamos terminando o estudo sobre os agregados econômicos, onde foram
abordados conceitos, exercícios e sua aplicação na vida das empresas, conhecendo um pouco
sobre moedas, taxas de câmbio e regimes cambiais.
A empresa Nita Alimentos e muitas outras estão sujeitas a problemas de natureza
macroeconômica e as ações políticas do governo devem buscar alternativas para enfrentar os
desafios da inflação, da necessidade em fazer investimentos, na criação e manutenção de
empregos e nas variações do sistema financeiro causados tanto por agentes internos quanto os
internacionais.
Se o país enfrentar uma valorização cambial, com a baixa do dólar, os setores que importam
manufaturados ou insumos serão beneficiados, pois esses setores se tornam mais competitivos.
No entanto, se a situação for de desvalorização cambial, com a elevação do dólar, o esperado é
que as exportações de manufaturados cresçam, porém cada setor deve fazer sua análise, pois o
custo de produção está em reais e neste item estão os salários. Se a empresa utiliza insumo
nacional, o custo pode cair, mas se utiliza insumos importados, terá um aumento do custo.
Como já foi dito, cada empresa irá se beneficiar mais ou menos dependendo do quanto ela gasta
para produzir. Se a sua dependência da importação for menor ou próxima de zero, terá um
melhor resultado.
Outro fator que não pode ser ignorado são os problemas de origem inesperada, ou seja, alheios à
vontade da empresa. Se a falta de chuva provocar a seca nas lavouras, essas são prejudicadas e
com isso haverá aumento no preço dos alimentos e possível escassez de produtos, forçando a
elevação do produto final, ou a importação do insumo e como consequências o fluxo circular de
renda será alterado, resultando inflação, aumento de preço e taxa de juros, queda na poupança,
Disciplina

Macroeconomia

falta de recursos para investimentos tanto do governo como das empresas e por fim o
desemprego.
Também vimos que a valorização do real perante o dólar é importante para que a inflação se
mantenha em baixa e o nível de preços de bens e serviços esteja acessível a toda população
brasileira. Mas do outro lado da moeda, teremos a queda nas exportações. Desde 2006, o setor
da agropecuária, que representa o maior volume das exportações e é responsável pelo resultado
positivo na balança comercial, está sofrendo com a desvalorização da moeda norte-americana. O
produtor é que mais sente. Grãos e insumos agrícolas são importados e isso aumenta o custo de
produção. Faltam recursos financeiros ou então estão disponíveis a taxas de juros muito altas. O
produtor precisa comprar insumos a uma taxa do dólar baixo e vender sua produção a uma taxa
mais alta. Essa estabilidade precisa de atuação do governo com ações de política fiscal e
cambial.
Por fim, a intervenção do Banco Central (BC) com um olho no mercado de câmbio controlando as
taxas de câmbio e outro olho nas ações de políticas econômicas internacionais será
fundamental para a sustentabilidade da economia nacional.
Agora é com você! Faça uma revisão em todo material e nos exercícios. Pesquise mais sobre o
tema desta aula, lendo novas reportagens, artigos e acompanhando os noticiários.

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Referência
Disciplina

Macroeconomia

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Medidas de simplificação na área de câmbio. 2018.


BANCO CENTRAL DO BRASIL. PEDD - Padrão Especial de Disseminação de Dados: quadro
sinóptico das reservas internacionais.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. SML - Sistema de pagamento em moeda local.
BIOENERGIA pode reduzir custos com combustível e energia elétrica. São Paulo: Fecomércio,
2015.
FEDEX BRASIL. Exportações: sistema de moeda local – SML: vídeo 11.
PITTHAN, Júlia. Quem ganha e quem perde com a desvalorização do real. Revista PEGN.
TRATAMENTO fiscal das exportações: ICMS.
VASCONCELLOS, Marco Antonio S. de; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São
Paulo: Saraiva, 2012.
ZANLUCA, Júlio César. Os incentivos fiscais aos exportadores.
,

Unidade 2
Contabilidade Social
Disciplina

Macroeconomia

Aula 1
O Sistema de Contas Nacionais e Contas Satélites

Introdução da Unidade

Olá, estudante!
Seja bem-vindo à unidade de ensino, que tem como foco o entendimento da Contabilidade Social
e os dados das contas que a compõem! Você terá oportunidade de analisar como estes dados
impactam na tomada de decisão das empresas. Para que você possa acompanhar a evolução
dos conteúdos e de seus estudos, esta unidade curricular está dividida em quatro aulas, na
seguinte forma:

Aula 1 - O Sistema de Contas Nacionais e Contas Satélite.


Aula 2 - Matrizes de Insumo-Produto e Números Índice.
Aula 3 - Contabilidade Nacional e a Teoria Keynesiana.
Aula 4 - Fluxos Financeiros e Balanços Nacionais.

Para dar início aos conteúdos que serão estudados nesta unidade, você irá conhecer a empresa
Klabin S/A, e através de sua história de crescimento e atuação em diversos setores, iremos
Disciplina

Macroeconomia

apresentar uma série de situações- problema que envolvem a Contabilidade Social. Aliás, você já
ouviu falar em Contabilidade Social? Observe sua definição:

“A Contabilidade Social é o conjunto de estatísticas de ordem econômica, preparadas


e sistematizadas com o objetivo de possibilitar uma visão quantitativa, a mais precisa
possível, da economia de um país. É uma síntese contábil dos fatos que caracterizam
a atividade econômica de um país”. (BRESSER-PEREIRA; NAKANO Y; 1972).

Assim, a essência da contabilidade social é registrar as grandezas dos fatores variáveis da


macroeconomia que se interligam, de forma que possam ser mensuráveis e os valores obtidos
sejam expressos, fornecendo ao mercado informações que permitam uma avaliação dos efeitos
das atividades das empresas sobre o todo de uma sociedade. Nesta contabilidade também são
medidas as necessidades das pessoas e como os recursos podem satisfazê-las.
As empresas em geral têm por visão atuar no mercado através de propostas e ações que
permitam a integração de todos os agentes econômicos (governo, empresas e pessoas). Através
de suas atividades geram bens e serviços, emprego e renda, promovendo a inovação do setor
pelos investimentos. Enfim, fazem parte da composição do equilíbrio das contas do país, da
estabilidade econômica e do controle da inflação. Preparado para dar início aos estudos?
Então vamos lá!

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?


Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, você irá entender como as Contas Nacionais e as Contas Satélite são apresentadas, e
como as informações contábeis podem ser aproveitadas para tomada de decisão.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Conhecer sobre a Contabilidade Social e o que a compõem;


Entender a Contabilidade Social como dados econômicos apresentados em grupos
específicos;
Compreender como os dados podem ser úteis para tomada de decisões.

Situação-problema

Olá, estudante! Vamos dar início aos estudos desta unidade conhecendo um pouco mais a
Contabilidade Social do país. Assuntos como Sistema de Contas Nacionais (e Contas Satélite),
Tabela de Relações Interindustriais (Input-Output), Fluxos Financeiros e Balanços Nacionais
compõem a Contabilidade Social do país e vão ser estudados em toda essa Unidade .
Primeiramente, não se assuste com o termo Contabilidade, pois ele só parece ser muito
complexo e fora do nosso cotidiano. Para isso, imagine a Contabilidade Social como dados
(informações) econômicos que são apresentados em grupos específicos (produção, renda,
acúmulo de patrimônio, nível de endividamento, transações econômicas com outros países etc.),
que podem ser bastante úteis para a tomada de decisão de qualquer gestor (informações
contidas na Contabilidade Social podem, por exemplo, ajudar um gestor a decidir se: ele deve
comprar mais máquinas no presente; deve importar/exportar alguma mercadoria, deve tomar
cuidado ao vender para algum setor que está muito endividado etc.).
Vamos então dar uma contextualizada nesse assunto?
O Brasil aparece como o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, em razão do clima
favorável para o plantio de eucalipto, mas a produção de celulose de fibra curta não é suficiente
para a demanda nacional e obriga a importação dessa matéria-prima e de alguns papéis
utilizados no setor de imprensa. Segundo dados do SNIF – Sistema Nacional de Informação
Florestal e PIA/IBGE (2011), estima-se que o setor é responsável por 3,5% do Produto Interno
Bruto (PIB de 2007) do Brasil, equivalente a US$ 37,3 bilhões, e por 7,3% das exportações totais
do país, equivalentes a US$ 10,3 bilhões, sendo o setor de celulose responsável por US$ 4
bilhões. Ainda segundo PIA/IBGE (2009), o comércio interno foi de 899.796 tons, representando
um faturamento de R$ 1.689.663,40. O MTE /RAIS (2015) registrou o número de 181.634
empregos formais.
Inserida nesse mercado está a empresa Klabin, que conquistou o mercado citado, tornando-se
líder na produção de papel, e maior produtora exportadora de papel cartão, além de ter
certificações internacionais que garantem que suas embalagens são seguras e podem entrar em
contato direto com alimentos.
Conforme publicado pela mídia, o setor de celulose e papel recebeu do BNDES o valor de R$ 733
bilhões no período de 2010-2013, e deste total a Klabin recebeu um aporte de R$ 5,8 bilhões
provenientes de financiamento, e em março de 2014 lançou a pedra fundamental da nova fábrica
em Ortigueira, no Paraná, já que as perspectivas para o setor eram as melhores possíveis.
Disciplina

Macroeconomia

Porém, o cenário mudou de lá para cá. Desde o final de 2014, os dados das Contas Nacionais do
Brasil mostram uma retração na produção (PIB) e maior endividamento das empresas e famílias.
A queda nas vendas em razão da retração da economia mostra riscos para as empresas,
especialmente para aquelas que utilizam financiamento para seu crescimento. Com o aporte
recebido, a Klabin deu início às obras, porém seria necessária a compra de máquinas e
equipamentos, importação de matéria-prima que é escassa no Brasil, e outros gastos por parte
da empresa para que seu projeto inicial se tornasse realidade.
Problemas como esses podem mudar a expectativa da Klabin. Diante desse cenário, como a
Klabin deve usar as informações contábeis contidas nas Contas Nacionais e Contas Satélite para
minimizar os riscos dos seus futuros investimentos?
Cabe a você, agora, buscar as explicações para esta situação e identificar alternativas de solução
para as empresas que podem passar por este problema. Ao final dessa aula você conseguirá
entender como as Contas Nacionais e as Contas Satélite são apresentadas, e como as
informações contábeis ali contidas podem ser aproveitadas por um tomador de decisão. Mãos à
obra! Muita leitura, atividades e debates com seu professor e colegas.

Contabilidade Social

Podemos definir sistema da Contabilidade Social como a somatória de todas as categorias


econômicas, que são divulgadas pela mídia em forma de estatísticas, as quais produzem
informações atualizadas e compreensíveis de grande valor para todas as empresas e sociedade
em geral. Essas estatísticas são levantadas de acordo com regras universais de mensuração e
revelam dados sobre o nível de produção, renda, emprego, desemprego, salários e outros
Disciplina

Macroeconomia

indicadores econômicos (em suma, através da Contabilidade Social obtém-se um retrato da


realidade econômica e social dos países, permitindo uma análise do desenvolvimento
econômico deles ao longo do tempo).
Os dados estatísticos da Contabilidade Social possibilitam visualizar as várias etapas e
transações realizadas pelos agentes econômicos, como governo, empresas, famílias e resto do
mundo.
A Contabilidade Social é formada pelos seguintes componentes:

1. Sistema de Contas Nacionais e Contas Satélite (que tem seus dados apresentados nas
Contas Econômicas Integradas (CEI);
2. Matrizes de Insumo-Produto e Números Índice (que têm seus dados apresentados pela
Tabela de Recursos e pela Tabela Uso de Bens e Serviços).

Contas Nacionais
Disciplina

Macroeconomia

Os métodos de registro das Contas Nacionais utilizados nos anos 30 e 40 foram atualizados a
partir de 1953 pelas Nações Unidas – ONU, sendo conhecidos como um sistema que integra as
equações e contas geradas a partir dos registros contábeis dos agentes econômicos que se
relacionam através da aquisição ou contratação dos fatores de produção (capital, trabalho e
terra), que são utilizados no processo produtivo.
A ONU formulou três etapas nas propostas de contas nacionais:
Etapa 1: em 1952 o sistema de contas nacionais seria representado por seis contas:

1. Produto Interno
2. Renda Nacional
3. Formação Interna de Capital
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Macroeconomia

4. Unidades Familiares
5. Governo geral
6. Transações com o Exterior.

Etapa 2: em 1968 foi feita a revisão das contas nacionais, com o objetivo de abranger um novo
sistema, integrando as contas de insumo-produto, de fluxos de geração, apropriação e uso da
renda, de fluxos financeiros e de balanços patrimoniais. Para tanto, surgem novos três grupos de
contas, sendo:

1. Contas consolidadas para a nação: Produto Interno Bruto, Renda Nacional Disponível,
Formação de Capital e Transações com o Exterior;
2. Contas de produção de bens e serviços por setor de atividade, contas de oferta e utilização
de bens e serviços por grupo de bens e serviços;
3. Contas de apropriação e uso da renda, contas de formação de capital e contas financeiras.

Etapa 3: em 1993 surgem novas alterações no sistema de contas nacionais da ONU, vejamos:
agregação da primeira conta proposta em 1968 aos demais dois grupos, incorporação da matriz
insumo-produto como parte integrante das contas nacionais e integração das tabelas sobre
população e emprego nas contas nacionais.
No Brasil, as contas nacionais seguiram a cronologia:

Cronologia das Contas Nacionais | Fonte: O autor.

Outras Contas
Disciplina

Macroeconomia

As Contas Econômicas Integradas (CEI) são divididas em três grandes conjuntos de contas:

1. Contas Correntes;
2. Contas de Acumulação;
3. Contas de Patrimônio.

Por sua vez, as Contas Correntes são divididas em:

1. Conta de Produção;
2. Contas de Rendas.

A Conta de Produção traz dados sobre a produção (transações produtivas das empresas), em um
país, de bens/serviços finais feitos em determinado período de tempo (ou seja, o PIB). Quando há
um crescimento do PIB, a economia está produzindo mais bens/serviços, o que ajuda a diminuir
o desemprego. Nesse cenário, os empresários estão mais confiantes para manter os
investimentos produtivos altos, já que a economia está melhorando em termos econômicos.
Já as Contas de Rendas vão sinalizar a forma em que se operam a apropriação e utilização da
renda pelas famílias e governo, ou seja, elas vão mostrar: o que as pessoas fazem com as
remunerações (salário, juros, lucro, e aluguel) que recebem (elas gastam, ou elas poupam nos
bancos com aplicações financeiras); e o que o governo faz com os tributos (impostos)
arrecadados (o governo gastará todo o recurso arrecadado com tributos ou conseguirá poupar - e
investir financeiramente - parte da arrecadação tributária).
__________
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Macroeconomia

➕ Pesquise mais
Nas Contas Correntes do país também são apresentadas as transações econômicas
internacionais de um país, no chamado Balanço de Pagamentos.
Para mais informações sobre as Contas Correntes acesse O sistema de Contas Nacionais.
Contas Nacionais no Brasil e Sistema de Contas Nacionais - Brasil.
__________
As Contas de Acumulação trazem dados sobre os investimentos em um país. Nessa conta,
veremos se as empresas (públicas e privadas) estão gastando mais na aquisição de máquinas e
equipamentos (a chamada “Formação Bruta de Capital Fixo”), ou se elas não estão investindo em
novos maquinários porque seus estoques estão cada vez maiores (a chamada “Variação de
Estoques”). Esses dados estatísticos são muito importantes para a tomada de decisão das
empresas, pois mostram que menores taxas de investimento em máquinas e equipamentos
representam menor nível de emprego, atividade econômica em desaceleração, e decréscimo da
renda da coletividade (as Contas de Acumulação também mostram de onde está vindo o dinheiro
que os bancos estão emprestando para as empresas investirem produtivamente, se de uma
poupança: privada (das famílias), do governo, ou de outros países (poupança externa).

Contas Satélite
Disciplina

Macroeconomia

Para que as contas nacionais possam retratar fielmente os números dos diversos setores, foram
criadas as contas satélite. Estas são a extensão do Sistema de Contas Nacionais, as quais
permitem que sejam feitas análises sobre o perfil e evolução de cada setor e seja possível a
comparação com o resultado total da economia.
Os resultados das Contas Satélite apresentam informações sobre o valor bruto da produção de
bens e serviços de cada setor, os insumos consumidos no processo produtivo, o valor adicionado
bruto, consumo final de bens e serviços, investimentos realizados, salários e postos de trabalho e
outros aspectos que sejam relevantes de acordo com a característica de cada setor estudado.
Podemos citar como exemplos de estudo a saúde, turismo, entre outros, cujos resultados estão
disponíveis no site do IBGE.
As Contas Satélite são um subsistema das Contas Nacionais. Isto significa que existe uma
relação de dependência (metodológica e de resultados) entre as Contas Satélite e as Contas
Nacionais.
Se pegarmos a Conta Satélite do setor de turismo, por exemplo, será possível encontrar
informações estatísticas sobre: a importância do turismo no PIB e seu efeito sobre várias
atividades econômicas; número de visitantes, locais visitados, os fluxos anuais e por períodos, o
uso de acomodação, transporte etc.; os gastos de consumo dos turistas (total e por produto);
estudos realizados por tipo de mercado (origem e perfil dos visitantes, e por destino);
participação das atividades características do turismo na geração de renda da economia (valor
adicionado); participação no total de postos de trabalho do país etc.
__________
🔁 Assimile
O PIB – Produto Interno Bruto: É uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz
num período, na agropecuária, indústria e serviços. Para formar o PIB são somados: Bens e
produtos finais: aqueles vendidos ao consumidor final, do pão ao carro + Serviços Prestados e
remunerados: do banco à doméstica + Investimentos: os gastos que as empresas fazem para
aumentar a produção no futuro + Gastos do governo: tudo que for gasto para atender a
população, do salário dos professores à compra de armas para o Exército.
Nesta conta não devem ser somados: Bens intermediários: Aqueles usados para produzir outros
bens, Serviços não remunerados: O trabalho da dona de casa; Bens já existentes: A venda de uma
casa já construída ou de um carro usado e as atividades informais e ilegais: Como o trabalhador
sem carteira assinada e o tráfico de drogas.
Contas nacionais: somatória de todas as categorias econômicas, as quais produzem
informações numéricas e estatísticas dos diversos setores macroeconômicos do país.
Contas Satélite: são a extensão do Sistema de Contas Nacionais, as quais permitem que sejam
feitas análises sobre o perfil e evolução de cada setor e seja possível a comparação com o
resultado total da economia. Exemplo: saúde, turismo.
__________
📝 Exemplificando
Assinale, entre as transações abaixo, a que é incluída no cálculo do PIB:

1. A compra de um imóvel usado;


2. A prestação de serviços de computação por uma empresa especializada a um banco
comercial;
3. A importação de uma máquina nova;
Disciplina

Macroeconomia

4. A exportação de serviços de engenharia para a construção de uma estrada num país do


Oriente Médio;
5. A prestação de serviços realizada por donas de casa a seus familiares.

Resposta correta: alternativa “4”. Conforme explicado: imóvel somente novo, serviço não pode
ser específico, importação não gera produção e renda, serviço somente doméstico externo.
__________
📖Vocabulário

Oferta: é a quantidade de um produto disponível para a compra.


Demanda (procura) é a quantidade de produtos que os consumidores estão dispostos a
comprar.
System of National Accounts: Sistema de Contas Nacional.

__________
💭 Reflita
O IBGE, através de pesquisas e estatísticas, buscou os indicadores responsáveis pela intensidade
do gasto com energia. A partir daí, Agências Reguladoras como a ANEEL criam medidas de
controle. De que forma as empresas e o consumidor podem realizar suas atividades e
economizar energia? Dê sua opinião.

Novo sistema alerta consumidor | Fonte: Diário do Nordeste.

__________
💪 Faça você mesmo
Disciplina

Macroeconomia

Não é incomum haver uma mudança na forma como é feito o cálculo do PIB do Brasil (para que
nosso país siga as novas diretrizes internacionais). Além disso, muitas vezes os dados do PIB
apresentados em determinado momento sofrem revisões posteriores. Para entender como isso
funciona. Acesse Entenda o novo cálculo que aprimora e muda o tamanho do PIB.
__________

Conclusão

Olá, estudante!
No decorrer desta aula, vimos como os dados estatísticos da economia brasileira são
estruturados e apresentados através da Contabilidade Social. As informações ali contidas são
divididas em Contas específicas que agrupam as diferentes variáveis econômicas. Dados
relativos à produção, renda, grau de endividamento, investimento etc. são publicados de acordo
com uma metodologia padronizada internacionalmente.
Como a economia é muito dinâmica e muda constantemente, as empresas devem buscar
informações do que está acontecendo (em termos econômicos) no país naquele momento, bem
como quais são as expectativas econômicas para o curto e longo prazos.
Como as informações estatísticas publicadas pela Contabilidade Social são muito vastas,
conseguir enxergar em quais Contas Nacionais e Contas Satélite estão os dados que uma
empresa precisa avaliar passa a ser uma tarefa importante. No entanto, os dados por si só não
trazem respostas. A análise e adaptação das empresas às informações colhidas serão
fundamentais para as empresas conseguirem crescer e se perpetuar no mercado.
Disciplina

Macroeconomia

Nesse contexto, lembramos da empresa Klabin. Prevendo um crescimento da economia


brasileira, essa empresa decidiu aumentar seus investimentos em uma nova fábrica no Paraná,
tomando R$ 5,8 bilhões emprestados junto ao BNDES. No entanto, o cenário econômico mudou
nos anos seguintes: os dados das Contas Nacionais do Brasil passaram a mostrar uma retração
na produção (PIB), e um maior endividamento das empresas e famílias. Diante disso, a Klabin se
viu numa situação de decidir o que deveria fazer: continuar com novos investimentos ou mudar
de estratégia.
Para minimizar os riscos dos seus futuros investimentos, os tomadores de decisão da Klabin
devem buscar informações na Contabilidade Social. Dados estatísticos sobre: o PIB
(produtivamente, o país está crescendo ou está estagnado), a Renda (qual é o volume da
remuneração das pessoas, e como elas estão gastando o seu dinheiro), a formação bruta de
capital fixo e a variação de estoque (as outras empresas do país estão comprando novas
máquinas, ou não estão investindo produtivamente porque seus estoques estão aumentando), o
saldo do Balanço de Pagamentos etc. devem ser usados pela Klabin para que ela construa seu
planejamento de forma mais consistente. A visualização e análise dos dados presentes na
Contabilidade Social precisa ser uma tarefa do gestor de uma empresa, pois vão direcioná-lo
para uma tomada de decisão mais consciente.
__________
📌 Lembre-se

“A Contabilidade Social é o conjunto de estatísticas de ordem econômica, preparadas


e sistematizadas com o objetivo de possibilitar uma visão quantitativa, a mais precisa
possível, da economia de um país. É uma síntese contábil dos fatos que caracterizam
a atividade econômica de um país”. (BRESSER-PEREIRA; NAKANO Y; 1972).

__________
⚠️Atenção!
Não há país que não tenha a sua Contabilidade Social! Ela é crucial para que se possa ter uma
visão relativamente exata do estado econômico do país e do seu ritmo de crescimento.
(Adaptado, BRESSER-PEREIRA; NAKANO Y; 1972).
__________

Aula 2
Matrizes de Insumo-produto e Números Índice

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você irá aprender sobre matrizes de insumo-produto e números índice.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Analisar e construir matriz de insumos e tabela de recursos;


Compor tabela de usos de bens e serviços;
Definir estimação de valores a partir de dados de amostras;

Situação-problema

Olá estudante, vamos continuar nossa jornada?


Na aula anterior vimos que o sistema de contas nacionais e das contas satélite tem por função
registrar as grandezas dos fatores da macroeconomia e suas variáveis. As economias de cada
setor fornecem ao mercado informações que permitem uma avaliação prévia dos fatos que irão
impactar em suas ações futuras.
Nesta aula vamos desenvolver a análise da construção da matriz e tabela de recursos e tabela de
usos de bens e serviços, assim como estimação de valores. Antes, é importante apresentar que a
situação da economia mundial demonstra muita preocupação, em função da dependência que o
Disciplina

Macroeconomia

Brasil tem de parceiros financeiros e industriais no mundo. O país precisa importar insumos e
tecnologia, porém também precisa vender seus produtos finais ao exterior.
No meio dessa conta tem a contabilidade interna, que está no vermelho. O resultado do PIB está
ruim por queda na produção, diminuição nas vendas, desemprego, inflação e por aí vai. Todo
esse cenário é refletido pelos dados de crescimento da inadimplência por parte dos
consumidores, e como efeito dominó afeta todos os setores produtivos. Com isso exploramos a
situação problemática desta aula, ou seja, com este cenário, a inadimplência das empresas
dentro do setor de relação intersetorial poderá causar um endividamento da Klabin e de outras
empresas, impactando na manutenção de seus investimentos, produção, emprego e renda?
A matriz de insumo-produto e números índice demonstram os resultados da contabilidade social
do país, o que nos permite acompanhar o cenário de como o governo, as empresas e a
sociedade respondem às dificuldades. Cabe a você, agora, seguir as orientações de estudo e
fazer as leituras sugeridas, para buscar as explicações para esta situação e identificar
alternativas de solução para as empresas que podem passar por este problema.
Mãos à obra! Muita leitura, atividades e debates com seu professor e colegas.

Conceito de Matriz

Para início, vamos explorar os conteúdos desta aula através de conceitos, exemplos e modelos
de matrizes. A matriz de relações intersetoriais, tem por objetivo analisar os gastos de cada
Disciplina

Macroeconomia

setor. Esses dados são apurados através de censos realizados pelo IBGE e posteriormente
publicados.
Cabe apresentar que os números índices indicam variações relativas em quantidades, preços ou
valores de um artigo (ou artigos) durante certo período de tempo. Eles sintetizam as
modificações nas condições econômicas ocorridas em um espaço de tempo, através de uma
razão. Estimação é, portanto, um processo estatístico que consiste em utilizar dados extraídos
de uma amostra aleatória para estimar os valores de uma população. Para aprofundar seus
conhecimentos, acesse o conteúdo disponível em Números Índices.
A matriz de relações intersetoriais também é conhecida como matriz insumo- produto ou matriz
de Leontief, a qual apresenta o modelo de input-output como representação da economia de um
país ou de uma região. Essa matriz é utilizada para prever o impacto de alterações numa
indústria sobre as outras e dos consumidores, governo e fornecedores sobre a economia. Foi
elaborada pelo economista Wassily Leontief (1905-1999), russo naturalizado americano,
rendendo-lhe o Prêmio Nobel da Economia em 1973 pelo desenvolvimento e aplicação desse
modelo na economia.
Leontief utilizou a matriz Input-output para retratar as relações intersetoriais de uma economia.
Na matriz temos a coluna input, que registra um setor de economia, e na linha correspondente
são lançados os outputs deste setor. Dessa forma podemos ver a dependência de cada setor
com os demais setores da economia.

O sistema de transformação | Fonte: Slideshare.

A metodologia de Leontief passa a ser um instrumento importante para avaliar os efeitos diretos
e indiretos de políticas econômicas quando o governo precisa realizar ajustes macroeconômicos,
ou então, quando existe uma mudança na demanda de um bem numa determinada região.
Disciplina

Macroeconomia

Tabela Recurso e Tabela de Usos de Bens e Serviços

O IBGE é o órgão responsável pela divulgação dos resultados dos setores econômicos que são
estudados, e estes valores são apresentados pela Tabela Recursos (descrita como Tabela 1) e
Tabela Usos de Bens e Serviços (descrita como Tabela 2), as quais representam a matriz insumo-
produto ou matriz inversa de Leontief.
Os valores da Tabela 1 são obtidos diretamente da tabela de Produção das Atividades das
Contas Nacionais e os valores da Tabela 2 são estimados de acordo com os valores de preços
básicos do mercado e são determinados pelo consumidor. Na tabela são considerados os preços
básicos estimados e consideram-se os valores das importações (IMP), impostos indiretos
líquidos (IIL) e as margens de comércio (MGC) e de transporte (MGT). Portanto, para obter a
Matriz de Uso, deve-se subtrair dos preços de mercado, contidos nas contas nacionais, os
valores estimados quanto à importação, impostos e margens de comércio e transporte de cada
produto para cada setor da economia.
O detalhamento dos valores do item 2 ao 8 são fornecidos pelo IBGE e apresentados da seguinte
forma:

1. Preço básico (PB)


2. Margem de Comércio (MGC)
3. Margem de Transporte (MGT)
4. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
5. Imposto sobre Produtos Industrializados e ISS (IPI/ISS)
Disciplina

Macroeconomia

6. Outros Impostos Indiretos Líquidos (OIIL)


7. Importação de Bens e Serviços (IMP)
8. Imposto de Importação (IIMP)

Na prática, a matriz de insumo-produto produz tabelas que mostram as relações entre diversos
setores. A I.B.C.I. (Institutional Business Consultoria Internacional Ltda.) apresenta em seu portal
a importância da matriz na identificação dos resultados de cada setor. As tabelas são
representadas pelas matrizes:

1. A Matriz dos Coeficientes Técnicos dos insumos nacionais - aqueles que são localmente
produzidos – Matriz Bn;
2. A Matriz dos Coeficientes Técnicos dos insumos importados – aqueles que são
provenientes do exterior, logo, do resto do mundo – Matriz Bm;
3. A Matriz de Participação Setorial na produção de bens e serviços nacionais – Matriz D. No
inglês, ela é conhecida como Market Share Matrix. Revela percentuais de participação intra
e intersetoriais;
4. A Matriz dos Coeficientes Técnicos intersetoriais, isto é, entre os setores – que mostra o
quanto se relaciona um setor em relação a outro, no uso de seus fatores e produtos; Matriz
D.Bm;
5. A Matriz de Impacto Intersetorial, conhecida como Matriz de Leontief. Para balizar os
dados achados, são fundamentais levantamentos que darão as informações, tanto em nível
agregado, quanto em nível setorial;
6. Recurso de bens e serviços;
7. Usos de bens e serviços, aos preços do consumidor;
8. Oferta e Demanda da Produção e dos serviços aos preços básicos; e
9. Oferta de Demanda dos Produtos Importados.

Outras informações e detalhes podem ser pesquisados no material produzido e disponibilizado


pelo IBCI.
__________
🔁 Assimile
As matrizes que compõem o sistema de insumo-produto são divulgadas pelo IBGE na forma de
duas tabelas e representam a base para a construção da matriz de coeficientes técnicos e da
matriz inversa de Leontief.
__________
➕ Pesquise mais
Faça a leitura no material desenvolvido pelos professores da Universidade Federal de Viçosa
(UFV), cujo tema teve como foco a Análise do setor de produção e processamento de café em
Minas Gerais: uma abordagem matriz insumo-produto.
__________
📝 Exemplificando
O problema central da estimativa da Matriz de Recursos e Usos é distribuir os valores totais de
impostos e margens na matriz.
__________
💭 Reflita
Disciplina

Macroeconomia

A metodologia de Leontief passa a ser um instrumento importante para avaliar os efeitos diretos
e indiretos de políticas econômicas quando o governo precisa realizar ajustes macroeconômicos,
ou então, quando existe uma mudança na demanda de um bem numa determinada região. Esta
metodologia usa a estimação de valores e números índices.
__________
💪Faça você mesmo
Você tem durante o dia uma rotina que se inicia no café da manhã e termina no jantar. Com isso,
muitos produtos são consumidos e necessitam de água no processo de fabricação. Veja na
tabela quanto de água foi empregado na produção de alguns produtos.

Considerando que realizou as atividades abaixo, qual foi a quantidade de água total utilizada
como insumo numa matriz de produto? – de manhã, saiu com uma camiseta de algodão; – no
almoço, consumiu carne bovina (um bife de 300 g) e, no jantar, um pedaço de carne suína (300
g);

tomou duas xícaras de café: uma após o almoço e outra após o jantar;
utilizou cinco folhas de papel A4 para fazer exercícios escolares; – à noite, saiu com outra
camiseta de algodão e um par de sapatos de couro.

10. a) 10.420 litros. b) 18.380 litros. c) 16.420 litros. d) 15.375 litros. e) 18.420 litros.

__________
Disciplina

Macroeconomia

Conclusão

A inadimplência das empresas dentro do setor de relação intersetorial poderá causar um


endividamento da Klabin e de outras empresas, impactando na manutenção de seus
investimentos, produção, emprego e renda? Para responder a esta situação, relaciona a matriz de
Leontief a esta problemática. Retome os conceitos que envolvem a matriz de Leontief que
utilizou a matriz Input-output para retratar as relações intersetoriais de uma economia. Na matriz
temos a coluna input, que registra um setor de economia, e na linha correspondente são
lançados os outputs deste setor. Dessa forma podemos ver as dependências de cada setor com
os demais setores da economia.
O não recebimento das dívidas por parte do comércio o levará a dificuldades financeiras e num
efeito dominó esse problema chega a outros setores, pois não haverá reposição de estoque,
prejudicando a atuação industrial, a qual será forçada a diminuir a produção, benefícios ou fazer
cortes de funcionários, entre outras ações. Vamos imaginar essa situação para a empresa Klabin
S/A e outras que estão sujeitas a esse tipo de problema. Deverão buscar alternativas para a
manutenção da oferta de seus bens e serviços, com o objetivo de continuar com investimentos,
criação e manutenção dos empregos.
Agora é com você! Faça uma revisão em todo o material e nos exercícios. Pesquise mais sobre o
tema desta aula, lendo novas reportagens, artigos e acompanhando os noticiários.
__________
⚠️Atenção!
Disciplina

Macroeconomia

No portal do G1, segundo dados da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), a
inadimplência das empresas subiu para 9,4% no primeiro semestre de 2015.
__________
📌 Lembre-se
A metodologia de Leontief passa a ser um instrumento importante para avaliar os efeitos diretos
e indiretos de políticas econômicas quando o governo precisa realizar ajustes macroeconômicos,
ou então, quando existe uma mudança na demanda de um bem numa determinada região.
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Aula 3
Contabilidade Nacional e Teoria Keynesiana

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você vai estudar os fatores e conceitos da contabilidade nacional e sua relação com
a Teoria Keynesiana.

Objetivos gerais de aprendizagem


Disciplina

Macroeconomia

Ao longo desta aula, você irá:

Conhecer fatores e conceitos da contabilidade nacional;


Comparar Teoria Keynesiana e as divergências com o modelo de economia clássica;
Compreender a relação das contas nacionais com a Teoria Keynesiana.

Situação-problema

Olá, vamos continuar nossos estudos?


O Sistema de Contas Nacionais é importante tanto para setores econômicos quanto para o país
como um todo, tendo como função o registro dos fatores da macroeconomia e suas variáveis.
Vimos ainda os conceitos sobre as contas nacionais e satélite, bem como as matrizes
intersetoriais.
Nesta aula vamos estudar os fatores e conceitos da contabilidade nacional, fazendo uma
comparação com os dados atuais da realidade econômica e social do país e como as teorias dos
economistas da década de 30 influenciaram as decisões e mudanças das políticas econômicas
do mundo e até hoje são referência para diversos estudos. Por exemplo, temos Keynes, que
através de sua teoria sobre a relação produção e trabalho entra em contradição com a teoria dos
neoclássicos, que defendiam que a oferta agregada é que define a demanda agregada. Temos
assim um fator macroeconômico importante: a questão do emprego.
Para tanto, vamos relembrar que diversos fatores podem ser responsáveis pela causa do
desemprego ou do aumento da taxa de desemprego. Podemos citar como exemplos a baixa
qualificação do trabalhador, a substituição de mão de obra por máquinas, a crise econômica, o
custo elevado para as empresas contratarem e manterem os empregados, e outros fatores que
podem ocorrer por razões alheias à vontade da empresa.
Vamos imaginar a seguinte situação-problema: A Klabin também é fornecedora de insumo para
as outras duas áreas internas, vendendo excedentes de produção para outras empresas do setor,
mas (sempre aparece um mas...), devido à seca de meses e como sua matéria-prima é altamente
combustível, um terrível incêndio aconteceu em sua maior floresta de pinus e eucalipto nos
estados do Paraná e Santa Catarina, comprometendo sua capacidade de disponibilizar madeira
para a extração de celulose e fabricação de papel em 48%. Isso gerou na Klabin uma
necessidade de ajuste produtivo e alguns funcionários precisaram ser demitidos! Como a
demissão
dos funcionários da Klabin impacta a produção e o emprego de outras empresas? Mãos à obra!
Muita leitura, atividades e debates com seu professor e colegas.

Setores Institucionais
Disciplina

Macroeconomia

Você já estudou na Aula 1 sobre Contabilidade Nacional, e nesta Aula 3 iremos demonstrar a
relação das contas nacionais com a Teoria Keynesiana e as divergências com o modelo de
economia clássica. Através de definições, exemplos e atividades, abordaremos de forma mais
específica a questão econômica e social dos países ou de regiões e seu crescimento e
desenvolvimento, fazendo uma relação entre a teoria de Keynes e os fatos atuais.
O Sistema de Contas Nacionais (SCN) adotou formas para classificar os agentes econômicos
que representam a economia do país, e estes são classificados como: Setores Institucionais.
Disciplina

Macroeconomia

Setores Institucionais | Fonte: O autor (2015)

No portal do IBGE pode-se encontrar toda a informação sobre a metodologia utilizada para fazer
a contabilidade dessas contas. Acesso o arquivo através do link.

Lei de Say
Disciplina

Macroeconomia

Partindo do conhecimento sobre a Contabilidade Nacional, fatos nos mostram que até 1930 os
economistas do mundo ocidental não tinham preocupação com os problemas econômicos, e em
especial sobre o controle de nível de empregos, visto que o pensamento na época era que,
havendo desemprego, este seria temporário, sem causar problemas para a economia. Se
houvesse muita oferta de trabalhadores (desempregados) em relação à procura (vagas nas
empresas), os salários cairiam de tal forma que haveria um equilíbrio entre a oferta e a procura.
Com esse pensamento, os economistas tinham a crença de que, com a queda dos salários, os
empresários fariam mais contratações e assim teriam aumento na produção de bens, e que este
adicional seria absorvido pelos agentes econômicos, aplicando assim a Lei de Say .
Lei de Say ou Lei da Preservação do Poder de Compra é mais conhecida pela seguinte afirmação:
“a produção cria sua própria demanda” (Jean-Baptiste Say, economista francês, 1767-1832). A
Lei de Say estabelece que toda a produção encontra uma demanda, ou seja, que toda renda
(salários e lucros) é inteiramente gasta na compra de mercadorias e serviços e, portanto, não
pode haver um excesso de produção ou renda em relação à demanda ou às despesas
efetivamente realizadas.
Disciplina

Macroeconomia

A Lei de Say | Fonte: O autor (2005)

Modelo Keynesiano
Disciplina

Macroeconomia

A Revista Eletrônica Novo Enfoque (2011) publicou material sobre KEYNES: A CRÍTICA AO
MODELO CLÁSSICO E A CRIAÇÃO DA MACROECONOMIA, o qual trata do emprego e seu
equilíbrio, considerando os modelos macroeconômicos e as teorias de alguns economistas.
A Contabilidade Nacional se desenvolve através da obra de John Maynard Keynes – foco na
macroeconomia, que teve seu marco na década de 30 devido à Grande Depressão iniciada em
1929, provocando urgência do estudo das questões macroeconômicas. A teoria de Keynes define
a determinação do nível de renda e produto no curto prazo como o objeto de estudo da
Macroeconomia.
O Modelo Keynesiano Simples é um dos chamados regimes mistos da Macroeconomia que veio
substituir os modelos clássicos, e seu alicerce está no rigor de preços e salários no curto prazo e
flexibilidade no longo prazo. Os Keynesianos acreditam que a Demanda Agregada determina a
produção. Para Keynes, quanto maior a Demanda Efetiva de uma economia, maior será o
crescimento econômico e o emprego dos fatores de produção.
No portal do economista e ex-ministro da Fazenda Bresser-Pereira você encontrará apostila que
retrata todos os detalhes importantes sobre as origens da MACROECONOMIA CLÁSSICA até
KEYNESIANA.
Para representar a Teoria de Keynes foi criado o Modelo IS-LM para servir como um instrumento
de análise macroeconômica, cuja representação ilustra os pares ordenados de taxa de juros
nominal e renda, e como resultado nos revela o que causa a mudança de renda nacional quando
um preço se torna fixo.
Existem duas partes para este modelo:
Disciplina

Macroeconomia

1. A Curva IS - IS significa "investimento e poupança". Esta curva retrata o que está


acontecendo no mercado de bens e serviços.
2. A Curva LM - LM significa "liquidez e dinheiro". Esta curva retrata o que está ocorrendo no
mercado para balanças de dinheiro real.

Será importante conhecer mais sobre as representações gráficas da Curva IS – LM. Neste link,
você poderá ler o material elaborado pelo professor da FGV – Fundação Getúlio Vargas -
Fernando de Holanda Barbosa.
Esses modelos gráficos podem ser aplicados em diversas análises de situações, considerando
que problemas econômicos e sociais podem ocorrer em qualquer lugar do mundo,
especialmente naqueles países que apresentam crises econômicas mais frequentes devido à
fragilidade da sua economia e outros fatores.

Teoria do Crescimento e Desenvolvimento Econômico

Ao estudar macroeconomia em questões de curto prazo, analisamos o nível de atividade,


emprego, preços, enfim, as políticas de estabilização. No entanto, quando as questões são de
longo prazo, em Macroeconomia chamamos de Teoria do Crescimento e Desenvolvimento
Econômico. Das questões de curto e longo prazo temos as questões econômicas e sociais,
conforme breve descrição abaixo.
Disciplina

Macroeconomia

Fatores dos Problemas Econômicos e Sociais | Fonte: O autor (2015)

A realidade econômica e social de cada país ou região dependerá de muitos fatores e


características, que serão responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento. Vejamos alguns
dados que retratam esses fatos na atualidade.
Segundo divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu relatório publicado em
jan/2015 pela BBC Mundo, a previsão de crescimento do Brasil em 2015 é de apenas 0,3%, uma
redução drástica em relação ao avanço do PIB de 1,4% anunciado em outubro passado.
Ainda, o relatório do FMI aponta que os países da zona do euro são a parte da solução para a
retomada do crescimento da economia, porém o bloco deve sair totalmente das crises (mesmo a
da Grécia...). Um risco apontado é de que pode haver uma deflação na Europa, isto é, se a
população deixar de consumir para provocar a baixa dos preços, poderá haver quebradeira entre
empresas, e isso irá gerar grande desemprego.
Nos Estados Unidos a situação é favorável. Criaram em 2014 mais de 200 mil postos de trabalho
e o consumo interno representa cerca de 70% do PIB.
O Japão está em recessão e a China mudou seu modelo de crescimento, que antes era
totalmente voltado para a exportação, e agora existe uma relação que tende ao equilíbrio com o
mercado interno. Com isso a China terá uma queda, tendo um crescimento de “apenas” 7,3%. A
reportagem completa pode ser lida no portal da BBC.
Os países latino-americanos cresceram na última década, graças aos investimentos da China e
ao comércio de matérias-primas. Segundo a CEPAL - Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe, a expectativa é que ocorra um crescimento de 2,2% em 2015, contra 1,1% de
2014. Sobre estes dados e outros você pode pesquisar no portal da CEPAL.
__________
🔁 Assimile
CONTABILIDADE NACIONAL - NAÇÕES UNIDAS (ONU)
Disciplina

Macroeconomia

NOVA TERMINOLOGIA E ESTRUTURA

1. A Contabilidade Nacional oferece uma síntese da realidade econômica de um país em um


determinado momento no tempo.
2. As Contas Nacionais (CN) oferecem as referências básicas de classificação de atividades e
de setores institucionais, definições sobre a fronteira econômica e conceitos para definir e
classificar unidades;
3. IBGE é a fonte de referência das CN do Brasil, desde 1986. Antes era a FGV/RJ;
4. O Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas (System of National Accounts, SNA,
1993) é centrado nas Contas Econômicas Integradas (CEIs) e nas Tabelas de Recursos e
Usos (TRUs);
5. A integração entre as partes (CEIs e TRUs) na versão de 1993 garante que os saldos
obtidos pela classificação de setores institucionais, nas CEIs, sejam idênticos aos obtidos
pela classificação de atividades nas TRUs;
6. O novo sistema utiliza a terminologia usos e recursos no lugar de débito e crédito;
7. O termo recursos (lançados no lado direito) é utilizado para designar aumentos no valor
econômico de um setor;
8. O termo usos (lançados no lado esquerdo) é utilizado para as operações que reduzem o
valor econômico de um setor;
9. O saldo é residual, sendo obtido a partir da diferença entre recursos e usos;
10. Não se utiliza mais o registro de contas em T dos sistemas contábeis convencionais. As
rubricas são descritas no corpo central.

__________
🔁 Assimile
Fato histórico: Com a crise econômica mundial de 1929, o presidente Roosevelt utilizou dos
recursos do Estado sobre os fatores produtivos para controlar a economia americana, em
especial sobre a mão de obra, visto que o país apresentava altas taxas de desemprego. Esta
ação confirmou a afirmação de Keynes de que o Estado deveria intervir na economia para que
esta funcionasse adequadamente e apresentasse crescimento mesmo em períodos de crise.
__________
📝 Exemplificando
(FISCAL ISS/RJ – ESAF – 2010) A partir de um modelo Keynesiano simplificado, fechado e sem
governo, podemos dizer que, quando a produção está acima do equilíbrio macroeconômico,

1. o investimento equivale à poupança.


2. há excesso de demanda por bens.
3. há excesso de oferta de moeda.
4. a taxa de juros da economia deve cair.
5. a produção supera a demanda.

Resposta correta - alternativa “5”, onde: O modelo econômico de Keynes está baseado nos
seguintes pressupostos: 1. Os salários nominais (remuneração recebida pelos indivíduos pelo
seu trabalho, sem considerar as variações nos índices de preços) são fixos no curto prazo; 2. Os
salários reais (remuneração recebida pelos indivíduos pelo seu trabalho, considerando-se as
variações nos índices de preços) são flexíveis no longo prazo; 3. A demanda por bens e serviços
Disciplina

Macroeconomia

é o elemento determinante da oferta dessas mercadorias; e 4. O equilíbrio econômico ocorre


quando a oferta é igual à demanda agregada.
__________
📖Vocabulário
Liquidez: é a facilidade com que um ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou
seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro.
Demanda agregada: significa a totalidade de bens e serviços (demanda total) que numa
determinada economia os consumidores, as empresas e o Estado estão dispostos a comprar, a
um determinado nível de preço e em determinado momento.
Oferta agregada: representa o que as empresas estão dispostas a produzir e a vender para cada
nível de preços, assumindo todas as restantes variáveis determinantes da oferta agregada, tais
como as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores produtivos.
Demanda efetiva: é um conceito de demanda, prevista pelos agentes econômicos (empresários),
o qual, no comando da produção, resolve o que e como produzir, quando e quanto produzir e
assim decidir quanto empregar de recursos.
__________
💪Faça você mesmo
Como já foi exposto nesta unidade curricular Macroeconomia, o Sistema de Contas Nacionais
(SCN) é apresentado em forma de esquemas pelas atividades econômicas de uma nação e será
representado pelos agentes econômicos. Acesse o portal da biblioteca virtual da FGV e você
encontrará material para ajudá-lo a responder às seguintes questões: Os dados publicados no
SCN servem como indicadores para quais ações políticas governamentais? O foco de estudo
está concentrado em três ângulos distintos, quais são?
__________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Iremos tratar brevemente da questão do desemprego e seu impacto social na economia de uma
nação ou em alguma região específica. Como é de imaginar, fazer previsão sobre desemprego é
algo muito arrojado e especulativo, por isso os indicadores econômicos dos setores são
analisados pelo governo e, a partir daí, ações de inibição ou de controle são aplicadas.
Acompanhando o quadro econômico mundial, temos um fator que iguala todas as grandes
economias: o crescimento ou não do PIB. Se o país tiver um ótimo ou bom resultado dos setores
produtivos, toda a economia vai bem. Temos poupança, investimentos, crédito e juros baixos,
emprego e inflação ficam sob controle.
Caso o resultado seja negativo para o resultado do PIB, então toda a economia será afetada. As
contas continuam e as empresas, sem muita opção, precisam cortar gastos. Por onde começam
as reduções? Pela folha de pagamento, é claro!
Segundo o Corecon - Conselho Regional de Economia (MG), para entender a relação entre PIB e
desemprego do país se faz necessário analisar o contraste entre os mercados de produto e de
trabalho. Para buscar respostas, os dados sob a ótica da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) e da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) devem ser analisados
separadamente.
Outro fato relevante nesta questão também tem destaque mundial, ao se falar do descasamento
ou contraste do comércio mundial e do PIB dos países emergentes.
Na relação produtividade versus salário o Brasil vive um descasamento. Segundo o professor da
FEA-USP José Pastore em reportagem da Revista Exame (maio/2012), o custo unitário do
trabalho (que mede custo da produção diante de salários e encargos) é maior que a
produtividade. As empresas pedem que os acordos de trabalho sejam por empresa ou regional,
mas essa medida traria ao país aumento nas diferenças sociais.
Disciplina

Macroeconomia

Aliado a todos os fatos acima, ainda temos aquele provocado por questões inesperadas, como
está sendo tratado na situação-problema desta aula, ou seja, como a demissão dos funcionários
da Klabin impacta a produção e o emprego de outras empresas? Então retome os conceitos
apresentados nesta aula e procure analisar, por exemplo, se quando o funcionário é demitido, sua
capacidade de compra fica comprometida, influenciando as vendas (produção) de outras
empresas.
__________
⚠️Atenção!
Esta situação apresentada também pode ser estudada em momentos de crescimento produtivo,
por exemplo: quando uma empresa contrata mais funcionários, isso faz com que a demanda de
outras mercadorias aumente, elevando a produção e o emprego nestes setores.
__________
📌 Lembre-se
Para os clássicos, a oferta determina a demanda! Já para Keynes, a demanda determina a oferta!
__________

Aula 4
Fluxos Financeiros e Balanços Nacionais

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?


Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, você estudará sobre os Fluxos Financeiros e Balanços Nacionais

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Conhecer o conceito de Fluxos Financeiros ;


Diferenciar os tipos de Balanços;
Compreender o fluxo de dinheiro no Balanço de Pagamentos.

Situação-problema

Olá estudante, vamos continuar nossos estudos?


A Contabilidade Social interfere na tomada de decisão das empresas. Vocês lembram que os
dados estatísticos sobre produção, renda, poupança etc. acabam trazendo informações
relevantes para os agentes econômicos (família - pessoas físicas -, empresa, governo e outros
países) conseguirem se planejar, bem como para eles se moldarem às novas situações
econômicas apresentadas?
Na aula anterior, vimos a Contabilidade Nacional e a Teoria Keynesiana. Ali ficou exposto que
Keynes estava preocupado com a questão do desemprego involuntário (pessoas querem
trabalhar, aceitam o salário pago, mas não encontram emprego). Ao final, chegamos juntos à
conclusão de que, para Keynes, o alto desemprego é causado por uma baixa (pequena) demanda
agregada (por exemplo, se os consumidores estão comprando pouco papel, as empresas, como
a Klabin, estão produzindo pouco papel; aumentando o desemprego).
Chegamos agora à última aula desta unidade focando a contabilidade social, mais precisamente
as informações estatísticas relacionadas aos fluxos financeiros e fluxos internacionais entre
diferentes países, chamado de Balanço de Pagamentos. Para isso, vamos também retomar os
conceitos de Moedas, Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais. Isso será muito importante para
entendermos como as transações econômicas nacionais e internacionais influenciam a
economia brasileira, o que traz um impacto sobre qualquer empresa aqui instalada.
Vamos voltar ao caso da empresa Klabin S/A, que tem sido motivo de estudo nesta segunda
unidade? Como vimos, além de ser líder nacional na produção de papel, a Klabin é a maior
exportadora de papel cartão do Brasil, utilizando matéria- prima importada para fabricar seus
produtos. Recentemente, para construir uma nova unidade fabril, ela recebeu um empréstimo de
R$ 5,8 bilhões do BNDES, mas nada impedia que ela tivesse tomado dinheiro emprestado de um
banco de fora do país (empresas brasileiras podem tomar empréstimos junto a bancos norte-
americanos, chineses etc., desde que sigam as exigências legais impostas pelo Banco Central do
Brasil).
Imaginemos que a Klabin exporta papel para os EUA. Como essas exportações seriam
registradas no Balanço de Pagamentos? E se a Klabin importasse matéria- prima, como
registraríamos essa transação econômica na Contabilidade Social? Mais ainda, se os juros da
economia brasileira subissem, e a Klabin ficasse interessada em tomar empréstimo em um
banco de outro país (com juros menores), como isso impactaria o fluxo financeiro brasileiro?
Disciplina

Macroeconomia

Tudo isso vai afetar toda a economia brasileira e, consequentemente, todo o emprego em nosso
país.
Vamos ao próximo passo, então! Estudamos juntos nesta aula como esse relacionamento da
Klabin com clientes, fornecedores e instituições financeiras internacionais vai impactar nossa
Contabilidade Social. Mãos à obra! Muita leitura, atividades e debates com seu professor e
colegas.

Fluxos Financeiros

Nesta Aula 4 vamos focar nossos esforços para entender os Fluxos Financeiros e Balanços
Nacionais.
Os Fluxos Financeiros descrevem a atividade econômica sob os aspectos monetário e financeiro.
Deste modo, somente são contabilizadas as transações feitas com a utilização de moeda ou de
crédito. As contas registram as compras e vendas de bens e serviços, entradas e saídas de
créditos e capitais e as variações nos encaixes monetários, em suma, as origens e destinos dos
fundos entre os diversos setores da economia. Essas contas mostram as variações nos
estoques iniciais e finais de ativos/ passivos resultantes de operações financeiras e variações de
preços. Para simplificar a linguagem, os Fluxos Financeiros descrevem a forma de
relacionamento entre o credor (quem emprestou) e o devedor (quem tomou emprestado algum
recurso), ou seja, o relacionamento de um banco e um cliente (que pode ser uma empresa, uma
pessoa, ou um governo). Com essa conta teremos uma visão mais clara de qual setor da
Disciplina

Macroeconomia

economia está mais endividado, quais agentes estão com “sobra” de recursos financeiros (e por
isso, podem cedê-los temporariamente aos bancos, governos, etc.). Dentre os diversos tipos de
fluxos financeiros, podemos destacar os títulos de dívidas, empréstimos, sistemas de previdência
etc.
__________
💭 Reflita
Se você é um empresário que, por exemplo, quer vender a prazo para uma empresa do setor da
construção civil, não seria importante saber qual é o tamanho do endividamento das empresas
desse setor?
__________

Balanço de Pagamentos (BP)

O Balanço de Pagamentos (BP) é a conta (dentro da Contabilidade Social) que serve para o
registro de todas as transações econômicas de um país com o exterior (Resto do Mundo).
De maneira simplificada, o Balanço de Pagamentos (BP) é formado por 2 Contas: o Balanço de
Transações Correntes (BTC) e o Balanço de Capitais Autônomos (BK).
BP = BTC + BK
É simples entendermos os lançamentos no Balanço de Pagamentos. Quando há uma transação
que faz com que entre dinheiro do exterior no país (por exemplo, quando uma empresa no Brasil
vende uma mercadoria para os EUA => o Brasil manda a mercadoria aos EUA e recebe dinheiro
dos EUA), lançamos tal transação com sinal positivo no saldo do BP. De outro lado, quando há
uma transação em que o dinheiro saia do país para outra nação (por exemplo, quando um
brasileiro vai passar férias nos EUA e gasta o seu dinheiro com turismo nos EUA), lançamos tal
Disciplina

Macroeconomia

transação com sinal negativo no saldo do BP. Se o saldo da conta tiver um sinal positivo, houve
superávit na conta. Se o saldo for negativo, houve déficit. Se o saldo foi zero, houve equilíbrio.
Mas por qual motivo o BP é dividido em duas contas? Simples, porque cada tipo de transação
econômica é lançada em uma conta menor específica.

Balanço de Transações Correntes (BTC)

O BTC é formado por três contas menores: a Balança Comercial (BC); a Balança de Serviços e
Rendas (BS); e as Transferências Unilaterais (TU).
Disciplina

Macroeconomia

BTC = BC + BS + TU

Balança Comercial (BC)

Certamente, você já se deparou com informações em um noticiário na TV (ou em algum site) de


que o Brasil exportou ou importou alguma mercadoria. Pois bem, esse tipo de transação
econômica internacional que envolve mercadorias (bens tangíveis) é lançado na Balança
Comercial. As vendas de mercadorias ao exterior (as chamadas Exportações) aparecem com
sinal positivo na BC (pois geram uma entrada de dinheiro do exterior no país), enquanto que as
compras de mercadorias junto a algum outro país (as chamadas importações) aparecem com
sinal negativo na BC (pois o dinheiro sai do país para o exterior).

Balança de Serviços e Rendas (BS)

Já na BS são feitos os lançamentos de vendas e compras de bens intangíveis (serviços) junto ao


resto do mundo. Por exemplo, se uma empresa brasileira prestar serviços de consultoria para
uma empresa no Japão, ela vai receber dinheiro por esse serviço. Dessa forma, essa entrada de
dinheiro na BS será lançada com sinal positivo. Se um brasileiro contratar uma empresa
canadense para transportar uma mercadoria de lá para o Brasil, o valor pago por esse transporte
será lançado com sinal negativo na BS.
Desta forma, o que é lançado na conta BS?

prestação de serviços entre países (seguro, frete, consultoria, etc.); turismo; alguns gastos
do governo (consulado, embaixada) => estes lançamentos são chamados de serviços não
fatores; e
juros, lucro, salário => estes lançamentos são chamados de serviços fatores (estão
diretamente relacionados aos fatores de produção Trabalho (salário); Capital (juros e lucro)
e Terra (aluguel)).

Transferências Unilaterais (TU)


A última conta que forma o BTC é a conta de Transferências Unilaterais (TU). Nela aparecem as
transações internacionais relacionadas com doações (se uma ONG brasileira que cuida da Mata
Atlântica recebe uma doação de uma pessoa que mora na Alemanha, esse dinheiro recebido é
lançado com sinal positivo na Conta TU (e vice-versa).
A segunda conta que forma o Balanço de Pagamentos é o Balanço de Capitais (BK).
BP = BTC + BK
Em BK são lançados: empréstimos internacionais; investimentos diretos internacionais (feitos
diretamente na produção) e investimentos indiretos internacionais (investimentos que não são
feitos na produção, ou seja, os investimentos financeiros como aplicações na Bolsa de Valores,
aplicações bancárias, aplicações em títulos do governo etc.).
__________
🔁 Assimile

Toda vez que uma transação econômica internacional faz com que entre dinheiro no país,
essa entrada de dinheiro é lançada com sinal positivo.
Toda vez que uma transação econômica internacional faz com que saia dinheiro do país,
essa saída de dinheiro é lançada com sinal negativo.
Disciplina

Macroeconomia

Quando o saldo em uma conta apresentar valor maior do que zero (positivo), essa conta
está com um superávit.
Quando o saldo em uma conta apresentar valor menor do que zero (negativo), essa conta
está com um déficit.
Transações econômicas que acontecem dentro do mesmo país (uma empresa no Sul do
Brasil vende uma mercadoria para uma pessoa que mora no Nordeste) não são registradas
no Balanço de Pagamentos, pois no BP só aparecem transações internacionais.

__________
📝 Exemplificando
Uma empresa brasileira instalada nos EUA obteve lucro e enviou parte desse valor para sua
matriz no nosso país. Já uma empresa instalada em Manaus precisou pegar dinheiro
emprestado junto a um banco instalado na China. Como esses lançamentos aparecerão no
Balanço de Pagamentos do Brasil?

1. O lucro aparece com sinal positivo na Conta Balança Comercial; e o empréstimo tomado
aparecerá com sinal negativo na Balança de Serviços e Rendas.
2. O lucro aparece com sinal positivo na Conta Balança de Serviços e Rendas; e o empréstimo
tomado aparecerá com sinal positivo na Balança de Capitais.
3. O lucro aparece com sinal negativo na Conta Balanço Comercial; e o empréstimo tomado
aparecerá com sinal negativo na Balança de Serviços e Rendas.
4. O lucro aparecerá com sinal negativo na Conta Balanço Comercial; e o empréstimo tomado
aparecerá com sinal negativo na Conta Transferências Unilaterais.
5. O lucro aparecerá com sinal positivo na Conta de Capitais; e o empréstimo tomado
aparecerá com sinal positivo na Balança de Serviços e Rendas.

Resposta correta: alternativa 2. O lucro sempre é lançado na conta BS. Como foi um lucro
recebido pelo Brasil vindo dos EUA, entrou dinheiro no Brasil (portanto, o lançamento aparece
com sinal positivo). Já os empréstimos são lançados na conta BK. Como a empresa brasileira
pegou dinheiro emprestado do exterior (entrou dinheiro no Brasil), o lançamento é feito com sinal
positivo também.
__________
💪 Faça você mesmo
Pesquise quais foram os saldos das contas do Balanço de Pagamentos do Brasil no ano
passado. Tente entender os motivos que fizeram a economia apresentar tais saldos, lembrando
que tipo de transação econômica é feita em cada conta.
__________

Entendendo o fluxo de dinheiro no Balanço de Pagamentos (BP)


Disciplina

Macroeconomia

Vamos imaginar que apareça um novo país no mundo de nome Estudante. Este país terá como
moeda oficial o Real (R$). Esse país te parece similar a algum outro que você conhece?
Agora, vamos trazer duas situações diferentes que acontecem nele:
Situação 1: Este novo país produz batata, exportando o excedente dessa batata para os EUA. O
que acontecerá nessa transação? O país Estudante não receberá por esta venda em moeda do
seu país (R$), mas em moeda utilizada para as transações internacionais (hoje, a mais utilizada é
o dólar U

). Assim, Exporta ção = U

20,00 (valor aleatório para exemplo).


Disciplina

Macroeconomia

No entanto, o país Estudante não produz milho e tem que importar tal mercadoria dos EUA.
Vamos entender o que acontecerá com essa transação? Ao pagar por esta compra, o país
Estudante não pagará com a sua moeda (R$), mas com moeda internacional (U

). Assim, I mporta ção(M ) = U

15,00 (valor aleatório para exemplo).


Se o país Estudante não fizer mais nenhuma transação internacional, qual será o saldo do BP
dele? País Estudante: BP = + U

20, 00–U

15,00 = + U

á
5, 00(super vitdeU

5,00).
Ou seja, toda vez que um país tem BP > 0, ele acumula moeda estrangeira (as chamadas reservas
internacionais, que muito provavelmente você também já ouviu em algum noticiário).

Situação 2: pegando o mesmo país como exemplo, vamos supor agora que: Exportação de
batata = U

ó
12, 00(valoraleat rioparaexemplo); eI mporta çãodemilho = U

15,00 (valor aleatório para exemplo).


Se o país Estudante não fizer mais nenhuma transação internacional, qual será o saldo do BP
dele? País Estudante: BP = + U

12, 00–U

15,00 = - U

é
3, 00(d f icitdeU

3,00).
Ou seja, o país Estudante precisa pagar uma conta em U

ã
, maselen opodeimprimiresseU

(pois sua moeda oficial é o R$). Como ele vai conseguir sair deste problema? Parece um
problema de difícil solução, não é mesmo? Mesmo difícil para o país, apresento para você duas
possibilidades para solucionarmos o problema:

1. O país pode utilizar uma possível reserva internacional acumulada anteriormente (como
aquela conseguida na Situação 1: + U$$ 5,00); ou
Disciplina

Macroeconomia

2. Se o país não tiver reservas internacionais suficientes, terá que pedir um empréstimo ao
FMI (este empréstimo é recebido em U$$).

Para obter a evolução histórica das reservas internacionais do Brasil, acesse este link.
Tenha em mente os conceitos de Moedas, Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais, pois eles estão
totalmente relacionados com os Saldos do BP. Para reverter um déficit no BP, por exemplo, o país
poderia desvalorizar sua moeda nacional (no caso do Brasil, o Real (R$)) frente ao dólar para
aumentar suas Exportações e diminuir suas Importações. Isso melhoraria o saldo do Balanço
Comercial e, consequentemente, o saldo do Balanço de Pagamentos do país.

Conclusão

Você conseguiu perceber que a ação individual de uma pessoa, ou empresa, vai afetar os dados
estatísticos da Contabilidade Social do país como um todo?
Tais dados estatísticos são apresentados de forma oficial para todos os agentes econômicos,
que podem utilizá-los para qualquer finalidade. Quando temos informações de que uma agência
de classificação de risco vai rebaixar a nota do Brasil (pois os dados estatísticos apresentados -
PIB, reservas internacionais, total da dívida pública com relação ao PIB etc. - não estão
favoráveis), não imaginamos como as ações de uma empresa podem ter colaborado para isso.
No primeiro semestre de 2015, vimos várias notícias de que a nota do Brasil iria ser rebaixada por
problemas fiscais e por uma piora nas contas externas (ou seja, no Saldo do Balanço de
Disciplina

Macroeconomia

Pagamentos). A matéria completa pode ser lida em Agência de classificação de risco S&P
rebaixa nota do Brasil
O rebaixamento dessa nota implica em uma menor atratividade da economia brasileira para
futuros investimentos (tanto nacionais como internacionais), fazendo as empresas reverem seus
objetivos produtivos (o que, consequentemente, afeta o mercado de trabalho, com a demissão de
funcionários). Isso também traz uma expectativa negativa sobre as pessoas que, com medo de
perderem seus empregos, passam a controlar mais seus gastos com bens e serviços, reduzindo
a Demanda Agregada (enaltecida por Keynes), e a intenção de produção, por consequência.
Se os juros da economia brasileira não são atrativos para tomadores de empréstimos locais, eles
vão procurar, em outra parte do mundo, esse dinheiro mais barato (com juros menores). No
momento em que essa empresa pagar o empréstimo com o acréscimo dos juros, haverá uma
saída de dólares do país (dinheiro que poderia ter sido gasto aqui dentro). Isso gera uma maior
dificuldade do Brasil em arcar com seus compromissos em moeda estrangeira (U$$),
prejudicando a imagem do país frente às agências de classificação de risco.
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Klabin S/A. Tal empresa exporta seus produtos,
importa matérias-primas, e poderia tomar empréstimos internacionais, tendo um relacionamento
estreito com outras nações. De acordo com os conceitos apresentados no item “Não pode
faltar”, você terá que ser capaz de enxergar como tais transações econômicas internacionais
feitas pela Klabin impactam o Balanço de Pagamentos do país (e em quais contas tais
transações são registradas), além de entender como os resultados do BP influenciam o cenário
em que esta empresa está inserida.
__________
⚠️Atenção!
Cabe ao gestor mensurar os impactos dos dados estatísticos sobre a sua empresa. Muitas
vezes, cenários negativos trazem consigo oportunidades de mudanças imprescindíveis para a
perpetuação de uma empresa.
__________
📌 Lembre-se
O BP é apenas uma fonte de dados para a tomada de decisões das empresas. Os outros dados
trazidos pela Contabilidade Social também precisam ser avaliados.
__________

Videoaula - Resolução SP

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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.

Videoaula - Resolução SP.


Disciplina

Macroeconomia

Referências

MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacional e comércio exterior. Atlas: São Paulo, 2014.
NUNES, Eduardo Pereira. Apostila de contabilidade social – PUC/RJ – 2004.
VASCONCELLOS, Marco Antonio S. de; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São
Paulo: Saraiva, 2012.
VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez; NEVES, Silvério das. Introdução à economia. São Paulo:
Frase, 2009.
,

Unidade 3
Políticas Macroeconômicas

Aula 1
Estrutura de análise macroeconômica
Disciplina

Macroeconomia

Introdução da Unidade

Nesta unidade de ensino você terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre as
Políticas Macroeconômicas, entendendo suas metas e os instrumentos utilizados pelo governo
para alcançá-las. Você conseguirá compreender as diferentes políticas econômicas que o
governo pode utilizar e quais resultados ele pretende obter ao fazer uso de cada uma delas. Para
ajudar nessa trajetória, os conceitos já aprendidos anteriormente (Oferta Agregada, Demanda
Agregada, Contas Nacionais, Taxa de Câmbio e Modelo Keynesiano) serão fundamentais.
Na primeira aula você deverá assimilar quais metas econômicas o governo busca alcançar e
quais mercados econômicos são afetados por essas ações. Na segunda aula, vamos entender
as diferenças existentes entre as políticas econômicas, já que a compreensão individual das
políticas acontecerá na terceira (política fiscal e cambial) e quarta (política monetária e de
rendas) aulas.
Para desenvolver suas competências e atingir os objetivos desta unidade, você irá conhecer as
histórias de alguns funcionários da empresa Etanol Brasil. Iremos ver que, apesar da empresa
estar prosperando nos últimos anos, as informações negativas sobre a economia brasileira têm
atrapalhado a melhora de vida de alguns dos seus colaboradores. Dessa forma, vamos
apresentar uma série de situações-problema que envolvem as políticas macroeconômicas
implementadas pelo governo (feitas numa tentativa de reversão desse quadro econômico
negativo) que afetam a vida de todas as pessoas. Aliás, você já teve algum contato com o termo
“Políticas Macroeconômicas”?
Disciplina

Macroeconomia

As políticas macroeconômicas afetam o desempenho da economia como um todo. Os dois


grandes tipos de política macroeconômica são a política fiscal e a política monetária. A política
fiscal é determinada em âmbito nacional, estadual e municipal, e diz respeito aos gastos e à
arrecadação do governo. A política monetária determina a taxa de crescimento da oferta de
moeda na nação e está sob o controle de uma instituição governamental conhecida como banco
central (ABEL et al., 2008, p. 7).
Assim, a essência das políticas econômicas está em controlar as variáveis econômicas (preço,
produto, emprego, taxa de câmbio, taxa de juros etc.) para levar o país a uma situação
econômica mais satisfatória (ou menos insatisfatória), para a maior parte da comunidade. Com
essas políticas macroeconômicas, o governo define o ambiente econômico em que as empresas
e as pessoas estarão convivendo, fazendo-as se adaptarem às alterações trazidas por tais ações
governamentais.
Venha conhecer mais de perto as ações econômicas do governo. Seus amigos vão se
impressionar quando você explicar para eles o que são os títulos públicos, ou por quais motivos
o governo subiu a taxa de juros da economia.
Não deixe a bola cair e bons estudos!

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?


Disciplina

Macroeconomia

Nesta aula, você estudará a estrutura de análise macroeconômica.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Analisar as políticas econômicas;


Entender as funções dos mercados econômicos;
Compreender como a inflação atinge a economia.

Situação-problema

Olá, estudante!
Vamos dar início aos estudos desta terceira unidade conhecendo um pouco mais as Políticas
Macroeconômicas. Assuntos como Metas Políticas, Política Fiscal, Política Monetária, Política
Cambial e Política de Rendas vão ser estudados em toda esta Unidade. Ao final desta aula,
caberá a você entender quais objetivos o governo busca atingir com suas ações econômicas e
quais mercados são impactados por elas.
Vale destacar que você não deve criar uma barreira ao termo “política econômica”, pois ele não é
um “bicho-de-sete-cabeças”. Quando o governo toma alguma ação econômica, ele está fazendo
política econômica. No Brasil, normalmente quando nos deparamos com a palavra “política”, a
associamos com conchavos e favorecimento próprio; no entanto, não podemos confundir o
comportamento político de algumas pessoas, com a política. Como já foi dito, política é
simplesmente uma ação governamental; e quando esta ação tem objetivos econômicos, temos a
chamada política econômica.
Nessa aula vamos focar o estudo nas metas das políticas macroeconômicas e na interferência
dessas sobre os mercados existentes. Também vamos entender que as Metas Inflacionárias
conduzem as políticas econômicas no Brasil, sobrepondo-se às outras metas. Vamos então dar
uma contextualizada no assunto?
De acordo com o site do Ministério da Agricultura, o Brasil, além de ser o maior produtor de cana-
de-açúcar do mundo, é também o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol,
conquistando cada vez mais o mercado externo (via exportações). Nosso país é responsável por
mais da metade do açúcar comercializado no mundo, e prevê aumentar suas exportações para
32,6 milhões de toneladas em 2019. Devido ao crescimento do consumo interno (causado pelo
aumento da nossa frota de automóveis bicombustíveis), esse segmento também conta com
projeções ainda mais positivas para os próximos anos.
Inserida nesse mercado está a empresa Etanol Brasil, líder na produção e comercialização de
açúcar e etanol no Brasil, e uma das maiores exportadoras mundiais destes produtos. Mesmo
trabalhando em um ambiente de altíssima carga tributária, juros altos e inflação cada vez maior,
a Etanol Brasil continua prosperando. No entanto, a prosperidade da Etanol Brasil não está
chegando até Cláudio, um jovem estagiário do departamento financeiro da Brasil Etanol. Ele está
começando sua vida profissional agora e, por esse motivo, o salário que recebe não é dos mais
animadores. Cláudio trabalha durante o dia e vai para a faculdade de Economia à noite, e nos
raros momentos em que tem um tempo livre (e não está nas redes sociais), ele acompanha as
notícias econômicas do Brasil. Apesar de não entender como a política econômica é coordenada,
ele tem sentido que sua qualidade de vida diminuiu nos últimos meses (mesmo sem ele ter feito
Disciplina

Macroeconomia

nenhum gasto novo), e que talvez isto esteja relacionado com a inflação crescente do país (que o
noticiário exalta que está pressionando o teto da meta inflacionária), pois não tem sobrado
dinheiro nem para ele fazer um lanchinho ao sair da faculdade. Assim, Cláudio começa a se
questionar: Será que ele não está sabendo administrar seu “suado dinheirinho”? Ou, será que
essa situação tem afetado também outras pessoas? Isto pode estar relacionado com a famosa
inflação?
Agora é com você! Busque as explicações para as indagações de Cláudio! Ao final dessa aula,
você conseguirá entender como a inflação, apesar de prejudicar todas as pessoas, traz muito
mais problemas para aquelas que recebem salários menores, fazendo com que seu controle seja
uma preocupação social prioritária do governo brasileiro. Mãos à obra! Muita leitura, atividades e
debates com seu professor e colegas.

Funções do governo na economia

Você já viu que os economistas e os seguidores da Escola Clássica defendem uma pequena
intervenção do governo na economia (pois, quando os agentes econômicos tentam maximizar os
resultados das suas ações individuais, eles fazem com que a economia como um todo flua para
um nível de eficiência maior, não havendo necessidade de uma presença recorrente do governo
nesse mercado), enquanto que a Teoria Keynesiana reforça a importância da participação do
governo na economia, principalmente para estimular a Demanda Agregada e, consequentemente,
a produção.
Com a participação mais ativa do governo na economia, as suas funções econômicas foram
sendo ampliadas, e, hoje, podem ser listadas, conforme o podemos ver abaixo.
Disciplina

Macroeconomia

Funções do governo | Fonte: O autor (2015)

O governo é o único agente econômico que tem o papel de zelar pelos interesses (bem-estar) da
comunidade em geral. Para esta finalidade, o governo procura atuar sobre determinadas variáveis
e, através destas, alcançar determinados fins tidos como positivos para a população. É comum,
por exemplo, encontrarmos no jornalismo econômico notícias a respeito da elevação ou redução
da taxa de juros promovida pelo governo. Essas modificações nos juros buscam afetar outros
objetivos maiores no país (no caso: crescimento econômico e/ou controle inflacionário).

Políticas Econômicas
Disciplina

Macroeconomia

Você pode até ter a impressão de que o governo faz política (ação) econômica sem nenhum tipo
de propósito, mas isso não acontece efetivamente. Quando o governo faz política econômica, ele
está preocupado com quatro tipos de metas, que atingirão diretamente cinco mercados que
formam a estrutura básica da economia de qualquer país. O esquema abaixo traz mais
informações sobre essa questão:
Disciplina

Macroeconomia

Políticas, metas e mercados econômicos | Fonte: O autor (2015)

Mercados Econômicos
Disciplina

Macroeconomia

No Mercado de Bens e Serviços, o equilíbrio é dado pela igualdade entre Oferta Agregada
(intenção de produção de bens e serviços) e Demanda Agregada (intenção de compra de bens e
serviços por parte dos Agentes Econômicos).
__________
🔁 Assimile
A Demanda Agregada do país soma a intenção de compra de todos os agentes econômicos. A
intenção de compra (Demanda) das famílias é chamada, em economia, de Consumo. A Demanda
das Empresas chama- se Investimento. Já a Demanda do Governo é traduzida pelo conceito
econômico Gasto Governamental. Enquanto que a Demanda dos outros países (Resto do Mundo)
é chamada de Exportação.
__________

As determinações do nível de produção e do nível médio de preços do país dependem das


interações entre Oferta Agregada e Demanda Agregada. Com relação à produção, havendo mais
demanda (intenção de compra) de sapatos por parte das pessoas, por exemplo, haverá aumento
na produção de sapatos (o que também ampliará o emprego do país, já que para se produzir
mais sapatos, as empresas necessitam de mais trabalhadores). Com relação ao nível médio de
preços, se a demanda (de)cresce mais rápido do que a oferta, ou se a oferta aumenta/diminui
além(aquém) da demanda, temos alterações (aumentos ou diminuições) dos preços.
Já no Mercado de Trabalho, o equilíbrio é dado pela igualdade entre Oferta de Trabalho e
Demanda por Trabalho. Em economia, quem oferece trabalho são os trabalhadores (as pessoas
são as detentoras do fator de produção “Trabalho”), enquanto a demanda por trabalho fica a
Disciplina

Macroeconomia

cargo das empresas (as empresas demandam trabalhadores para produzirem bens e serviços). A
interação entre Demanda por Trabalho e Oferta de Trabalho vai determinar o nível de emprego
desse país e o nível médio de salários, conforme imagem abaixo.

Mercado de trabalho: nível de emprego e nível de salário | Fonte: O autor (2015)

Para entendermos o gráfico, de maneira bem sucinta, temos que, quanto maior for o salário, mais
funcionários oferecem o seu trabalho, e quanto menor for o salário, menos gente está
interessada em trabalhar (Curva da Oferta de Trabalho). No entanto, os empresários pensam de
maneira oposta a essa, ou seja, quanto menor for o salário, mais trabalhadores eles demandam,
e, quanto maior for o salário, menor é o interesse em contratar funcionários (Curva da Demanda
por Trabalho). Assim, haverá um ponto que iguala a quantidade de funcionários que oferece
trabalho, e do número de trabalhadores que é demandado pelas empresas (visualizado no
cruzamento das duas curvas), a um dado nível de salário.
___________
➕ Pesquise mais
Para maiores informações sobre o volume de desemprego do Brasil, bem como outras
informações sobre o nosso mercado de trabalho, acesse a Pesquisa Mensal de Emprego
publicada pelo IBGE pelo link.
___________

Mercado Monetário, de Títulos e de Divisas


Disciplina

Macroeconomia

O Mercado Monetário refere-se ao mercado de moeda do nosso país. O equilíbrio desse mercado
é dado pela igualdade entre Oferta de Moeda e Demanda por Moeda. A interação entre a
Demanda por moeda e a Oferta de moeda vai determinar a taxa de juros do país, o que impacta a
produção, os preços e os investimentos externos no país.
O Mercado de Títulos também está relacionado com a parte monetária da economia. O seu
equilíbrio é encontrado quando há uma igualdade entre a Oferta de Títulos e a Demanda por
Títulos. Vamos entender como funciona o mercado de títulos públicos (títulos do governo)?
Imagine que o governo arrecadou R$ 100,00 com tributos, mas gastou R$ 120,00 para pagar os
funcionários públicos. Nessa situação, o governo está gastando mais dinheiro do que está
arrecadando (ou seja, o governo está numa posição de fazer dívida; o chamado déficit público).
Quando o governo apresenta resultados públicos deficitários, ele precisa encontrar uma solução
para isso (no exemplo, o governo precisa de mais R$ 20,00 para honrar com seus compromissos
financeiros atuais). Sabe qual é a solução para esse problema? Tomar emprestado o dinheiro que
falta para equilibrar suas contas atuais. Esse financiamento do déficit público (ou a tomada de
dinheiro emprestado por parte do governo) é conseguido pelo governo quando ele vende títulos
públicos. Se a esfera pública precisa de R$ 20,00 emprestados, por exemplo, o governo vende um
papel (título público) no valor de R$ 20,00, prometendo devolver o dinheiro ao comprador no
prazo estipulado (5, 10, 15 anos...), com o acréscimo de juros. Assim, naquele momento da venda
do título público entra dinheiro no caixa do governo, resolvendo seus problemas financeiros
momentâneos (pagar os funcionários públicos); mas o setor público terá que conseguir acumular
dinheiro no futuro para pagar pelo empréstimo tomado (no prazo de vencimento estipulado para
o título).
Disciplina

Macroeconomia

___________
💭 Reflita
Se você recebe R$ 2.000,00 de salário, por exemplo, mas seus gastos mensais são de R$
2.200,00, você precisará pegar dinheiro emprestado para cobrir esse “buraco” em suas finanças
(você cai no cheque especial, ou pede algum outro tipo de empréstimo). Ao receber o dinheiro do
empréstimo, não significa que você quitou sua dívida, mas que a transferiu para ser paga nos
meses seguintes (quando vencerem as parcelas do empréstimo contratado). As finanças do
governo funcionam da mesma forma: toda vez que o governo gasta mais do que arrecada, ele
precisa financiar esse “buraco” em suas finanças, oferecendo (vendendo) títulos públicos. No
entanto, isso não quita a dívida governamental.
___________

Os mercados monetário e de títulos, normalmente, são analisados ao mesmo tempo, devido à


sua grande interligação. Na verdade, a taxa de juros da economia deve levar em consideração
esses dois mercados.
Para finalizar os mercados econômicos, temos o Mercado de Divisas. O termo divisa, em bom
“economês”, refere-se a qualquer moeda internacional. Portanto, este mercado estará equilibrado
quando a Oferta de Divisas for igual à Demanda por Divisas. Nas próximas aulas, ao estudarmos
a política cambial, vamos compreender isso melhor.

Inflação
Disciplina

Macroeconomia

As políticas econômicas são feitas para que sejam alcançadas as metas produtivas,
inflacionárias, externas e distributivas do país. Desde que a inflação brasileira caiu
drasticamente, após o Plano Real iniciado em 1994, o governo brasileiro deu muita importância
para a estabilidade dos preços na nossa economia. Essa preocupação com a inflação justifica-se
porque a inflação causa, principalmente, dois problemas graves para um país: 1- perda do poder
de compra (se R$ 10,00 hoje compram a mercadoria A, com inflação, os mesmos R$ 10,00 não
compram mais a mercadoria A no próximo mês – na década de 80 e início da década de 90, o
Brasil chegou a remarcar preços diariamente, tamanha era a inflação); e 2- desestruturação do
sistema financeiro no que diz respeito à inviabilidade de empréstimos de médio e longo prazos
(imagine a loucura que era o Brasil da década de 80, que chegou a ter uma inflação superior a
50% ao mês. Se nesse contexto alguém quisesse comprar um carro financiado, pagaria mais de
50% de juros mensais pelo financiamento, ou seja, em dois meses, o comprador pagaria mais do
que 100% do valor do carro só em juros).
Desde 1999, o Brasil adota um regime de Metas de Inflação para manter os preços dos bens e
serviços estáveis. Neste regime, o Banco Central estipula/determina qual taxa de inflação anual
ele vai aceitar para determinado ano, conduzindo suas políticas econômicas para atingir essa
meta (as metas inflacionárias no Brasil são vistas como prioritárias, estando à frente de metas
produtivas, externas e distributivas, ou seja, se, para manter a inflação dentro da meta
estabelecida, o governo tiver que fazer uma ação que prejudicará a produção, ele vai fazê-la).
Para o ano de 2015, por exemplo, o governo estipulou uma meta inflacionária de 4,5% ao ano,
Disciplina

Macroeconomia

aceitando uma variação para cima ou para baixo de 2 pontos percentuais (ou seja, o governo
aceita uma taxa de inflação entre 2,5% e 6,5% ao ano). Dessa forma, se a inflação brasileira
começa a pressionar o teto de 6,5%, o governo fará políticas contracionistas (através,
principalmente, do aumento da taxa de juros) para segurar o aumento dos preços (o aumento
dos juros diminui a Demanda Agregada (intenção de compra de bens e serviços) do país, o que
favorece o combate à inflação). Já se o governo percebe que o aumento de preços está
controlado, pode fazer políticas (expansionistas) que estimulem a Demanda Agregada (e o
emprego), mas que vão trazer um aumento de preços um pouco maior.
Você pode estar se perguntando: o que aconteceria caso a meta inflacionária do país não fosse
cumprida? Na verdade, não há nenhum tipo de punição ao país quando ele estoura o teto da
meta. No entanto, isso pode dar um sinal negativo para o mercado de que o governo não cumpre
com o que promete, gerando insegurança (maior risco) aos investidores, que podem exigir juros
maiores para comprarem títulos do governo.
____________
📝 Exemplificando
Em economia, com relação ao mercado de trabalho:

1. As empresas oferecem trabalho e as pessoas demandam trabalho.


2. As pessoas oferecem trabalho e as empresas demandam trabalho.
3. Quanto maior é o salário, maior é a demanda por trabalho.
4. Quanto maior é o salário, menor é a oferta de trabalho.
5. As empresas e as pessoas oferecem trabalho, em momentos diferentes.

Resposta correta: 2. Como as pessoas são as donas do fator de produção trabalho, elas
oferecem trabalho. Por fazerem uso do trabalho, as empresas demandam trabalho.
____________
💪 Faça você mesmo
Pesquise quais foram as taxas médias de desemprego no Brasil desde a década de 80, bem
como as taxas de inflação nesse mesmo período. Procure fazer uma relação entre essas duas
pesquisas.
____________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Você conseguiu perceber como as pessoas sofrem com o aumento persistente e generalizado
dos preços (inflação) de uma economia?
Apesar de todas as pessoas se prejudicarem com a inflação, as pessoas que recebem menores
salários são as que mais sentem os efeitos da inflação, já que a maior parte dos seus salários se
destina à alimentação e transporte (principais componentes dos índices de inflação).
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Etanol Brasil. Tal empresa está inserida num
ambiente em que o teto da meta inflacionária brasileira parece que não será alcançado, em 2015.
Trabalhando na Etanol Brasil, está o estagiário Claudio, que recebe um salário baixo, e está
percebendo que sua qualidade de vida está piorando. Se lembrarmos dos conceitos sobre os
problemas que a inflação traz para as pessoas, vamos entender que a situação do Cláudio está
piorando por esses motivos, e não por um descontrole financeiro que ele pudesse causar.
____________
⚠️Atenção!
Os principais problemas trazidos pela inflação são: perda de poder de compra e dificuldade para
a tomada de empréstimos de prazos maiores. Apesar de afetarem mais as pessoas de baixa
renda, tais problemas também impactam (em menor grau) as pessoas de um melhor nível social.
____________
📌 Lembre-se
Desde 1999, as Metas Inflacionárias brasileiras são colocadas à frente das metas produtivas,
externas e distributivas. No entanto, nem sempre a inflação fica dentro do intervalo estipulado
pelo governo.
____________
Disciplina

Macroeconomia

Aula 2
Instrumentos de política macroeconômica

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você aprenderá como são utilizados os instrumentos de política macroeconômica

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Analisar os problemas e as políticas econômicas que atingem o país;


Comparar o crescimento e desenvolvimento econômico;
Entender as ações governamentais na macroeconomia.
Disciplina

Macroeconomia

Situação-problema

Olá, estudante!
Nessa aula vamos ver que o governo tem várias ferramentas em suas mãos para controlar: o
nível produtivo (e de renda), o nível de preços, o fluxo de moeda estrangeira no país e a
distribuição da renda entre a população. A escolha de qual instrumento deve ser usado vai
depender muito do tipo de situação com a qual o governo vai se deparar e de quais objetivos
quer alcançar (se emergenciais e passageiros, ou se mais duradouros e resistentes). Quer ver
como essa dúvida do que escolher também afeta a sua vida? Imagine que você tem uma espinha
que está te incomodando: você vai espremer a coitada; vai usar um remédio para acabar com ela;
ou vai fazer um tratamento com um dermatologista para ela nunca mais voltar? Depende da
situação, não é verdade? Se você tiver uma festa amanhã..., mas se puder fazer um tratamento
para que ela nunca mais apareça...
Vimos na aula anterior que a prosperidade da Etanol Brasil não fez com que o estagiário Cláudio
tivesse uma melhora de qualidade de vida, já que as informações ruins da economia brasileira
estão prejudicando o seu crescimento financeiro. Pois, parece que isso está acontecendo com
outro colaborador da Etanol Brasil. Vamos conhecer a história dele? O funcionário Alfredo está há
três anos na empresa, e já foi promovido duas vezes. Apesar do bom momento profissional, ele
anda descontente, pois o aumento de salário que ele já obteve está sendo corroído pela alta
inflação dos últimos meses, e aquela sonhada viagem de férias para a Bahia se tornou um sonho
mais distante. Assim, Alfredo tomou coragem e foi pedir um novo aumento de salário para o seu
gerente. Após reunião com seu gestor, Alfredo se desanimou ainda mais, pois o novo cenário da
economia brasileira foi usado como desculpa para uma negativa ao seu pedido, afinal aumentar
os custos da empresa em períodos de crise seria uma insanidade. Na cabeça do Alfredo, ele não
entende como a empresa prospera tanto, mas ele não consegue alcançar melhorias
significativas no seu padrão de vida. Nesse momento, imaginando a areia branquinha da Bahia,
ele tem um pensamento meio estranho: será que o governo poderia tomar alguma ação que o
auxiliaria a realizar seu sonho de viajar nas férias?
Agora, cabe a você continuar a leitura para saber se o governo pode (ou não) ajudar o Alfredo a
fazer a viagem. Será que as políticas econômicas que o governo vai fazer vão alterar alguma
coisa na economia de forma a facilitar ou dificultar a viagem do nosso amigo? Ao final dessa
aula, você conseguirá entender como as diferentes políticas macroeconômicas podem ser
usadas pelo governo, e como isso vai afetar a vida de Alfredo. Vamos prosseguir, então? Mãos à
obra!

Problemas e políticas econômicas


Disciplina

Macroeconomia

Você já viu que políticas econômicas são ações tomadas pelo governo, que, utilizando
instrumentos econômicos, busca atingir determinadas metas para todo o país. É comum, por
exemplo, encontrarmos no jornalismo econômico notícias a respeito da elevação ou redução da
taxa básica de juros da economia (a taxa SELIC). Tais alterações nos juros são determinadas
pela atuação do governo sobre outras variáveis (neste caso, a oferta de moeda). Essas
modificações nos juros buscam afetar outros objetivos maiores, como crescimento econômico
e/ ou controle inflacionário. Ou seja, quando o governo faz política econômica, ele está
preocupado com quatro tipos de metas: nível de crescimento econômico; inflacionária; externa; e
distributiva, e, para atingir esses objetivos, ele pode fazer políticas conjunturais ou estruturais.
Política conjuntural
• Preocupada com problemas econômicos de curto prazo, como a geração de emprego e o
controle dos preços.
• Também chamada de política de estabilização.
Política estrutural
• Preocupada com problemas econômicos de longo prazo, como crescimento econômico e
melhora na distribuição da renda.
• Está relacionada com o desenvolvimento econômico do país que afetará as próximas
gerações.

Faz sentido para você dizer que as políticas conjunturais devem caminhar para o mesmo sentido
das políticas estruturais? Isso não é difícil de entender, certo? Se uma pessoa quer deixar de usar
o transporte público até o próximo ano, ela vai precisar comprar um veículo; assim, se ela gastar
Disciplina

Macroeconomia

todo o dinheiro dela no presente (curto prazo), ela não vai atingir seu objetivo de longo prazo (ou
seja, suas ações presentes vão impactar seus resultados futuros). No entanto, apesar de haver
essa relação entre as políticas conjunturais e estruturais, isso não impede que o governo, no
curto prazo, possa tomar uma ação contrária à sua política estrutural, já que problemas no
presente devem ser combatidos de forma rápida para impedir protestos populares e situações
econômicas insustentáveis (se você quer comprar um veículo, mas ficar doente em algum mês e
tiver que comprar um remédio caro que vai ajudar na sua recuperação, você vai fazê-lo, não vai?
Mesmo que isso prejudique, momentaneamente, a aquisição do seu veículo).

Crescimento e desenvolvimento econômico

Após esses entendimentos, podemos começar a entender as diferenças de dois conceitos muito
importantes em economia: crescimento econômico e desenvolvimento econômico. A principal
diferença de ambos é o caráter quantitativo ou qualitativo da análise.
Crescimento econômico
• Caráter quantitativo.
• Mede o aumento na quantidade produzida de bens/serviços finais (PIB).
• Aumentos do PIB significam que o país cresceu economicamente.
Política estrutural
• Preocupada com problemas econômicos de longo prazo, como crescimento econômico e
melhora na distribuição da renda.
• Está relacionada com o desenvolvimento econômico do país que afetará as próximas
gerações.
Disciplina

Macroeconomia

__________
🔁 Assimile
Crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico são conceitos diferentes, já que o
segundo leva em consideração a diminuição das desigualdades sociais e econômicas.
__________
No Brasil, estudos sobre o desenvolvimento econômico são muito importantes, pois, apesar de
sermos uma das maiores economias do mundo (em termos produtivos), nossos avanços sociais
ainda são tímidos. O Índice de Gini e o índice de Desenvolvimento Econômico (IDH) comprovam
esse fato.
O índice de Gini (ou coeficiente Gini) é um índice que foi criado pelo estatístico Corrado Gini, em
1912, que mede o grau de desigualdade social através da concentração da renda. De acordo com
uma publicação do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, apesar do Brasil
apresentar uma tendência decrescente no índice de Gini desde a década de 90, nós ainda
estamos entre os 15 países do mundo com maior desigualdade na distribuição da renda. Já o
IDH é calculado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e utiliza
tanto variáveis ligadas ao crescimento econômico (PNB per capita), como variáveis relacionadas
a melhorias sociais (dados sobre a educação são aferidos pelas variáveis: média de anos de
escolaridade, e anos de escolaridade esperada; enquanto que a qualidade da saúde é avaliada
pela expectativa de vida das pessoas ao nascer). Dentre 187 países estudados, em 2013, o Brasil
apareceu na posição 79 do IDH. As razões para essa posição do Brasil no índice de IDH estão
relacionadas, principalmente, aos dados sobre nossa educação e saúde, o que mostra o longo
trajeto que nosso país ainda precisa percorrer para melhorar os aspectos sociais dos brasileiros.
Em 2010, o PNUD criou o IDHAD (Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade),
um indicador que traz uma análise do IDH com a inclusão de mais um conceito: a desigualdade
social. Em publicação do site UOL de 2014, vemos que os dados do IDHAD brasileiro fariam o
país perder 16 posições no ranking do IDH, comprovando que ainda precisamos de muitos
avanços para um melhor desenvolvimento econômico do país.
___________
➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre o IDH brasileiro, acesse o pelo link.
Para mais informações sobre os IDH do Brasil em relação a outros países, acesse pelo link.
___________

Ações governamentais na macroeconomia


Disciplina

Macroeconomia

As ações governamentais macroeconômicas podem ser divididas em: fiscal, monetária, de renda,
e cambial/comercial. Essa divisão acontece porque, em cada uma delas, o governo vai alterar
variáveis econômicas específicas para atingir seus objetivos. Vamos ver o que cada uma delas
traz para a análise macroeconômica?

Política fiscal

A política fiscal é o principal instrumento de política econômica. Ela está baseada na elaboração
e organização do orçamento do governo (todo o dinheiro que o governo recebe menos todo o
dinheiro que o governo gasta), demonstrando tanto as fontes de arrecadação como os gastos
públicos que serão efetuados em um determinado período (exercício). A política fiscal visa atingir
a atividade econômica e assim alcançar metas de crescimento econômico, emprego e inflação.
Para fazer política fiscal, o governo se utiliza de duas ferramentas: aumentar/diminuir a
tributação (cobrança de impostos, taxas e contribuições); e aumentar/diminuir os gastos
governamentais. Essa política será mais estudada na próxima aula.

Política monetária

A política monetária é um pouco menos palpável, pois trabalha diretamente no controle da oferta
de moeda na economia (o que, vamos e venhamos, é um mercado mais distante do nosso dia a
dia, não é mesmo?). Ao determinar a quantidade de dinheiro que oferece, o governo estabelece a
taxa de juros da economia. Nesse sentido, o Banco Central pode elevar a taxa de juros,
diminuindo a oferta monetária (e vice-versa). Assim, para fazer política monetária, o governo usa
Disciplina

Macroeconomia

como ferramenta o controle da oferta de moeda (através: da emissão da moeda, da


compra/venda de títulos públicos, e da alteração das taxas de compulsório e de redesconto) para
alterar a taxa de juros da economia. Com a elevação/diminuição da taxa de juros, o governo
consegue impactar o crescimento econômico e a inflação do país (quando a taxa de juros sobe,
você não compra menos mercadorias? Essa é a ideia).

Política de renda

A política de renda é feita por ações que buscam uma melhoria na distribuição da renda da
população, a chamada justiça social. Tal política é executada através do controle dos preços e
salários, para que os segmentos sociais menos favorecidos tenham melhores condições de vida.
Quem já ouviu falar de salário mínimo? Pois a estipulação do salário mínimo é um exemplo
dessa política, já que o governo estabelece uma remuneração mínima que todos os
trabalhadores irão receber, obrigatoriamente, para que os salários pagos em uma economia não
estejam num nível muito baixo (que poderia levar muitas pessoas a situações extremas de
pobreza). Nesse mesmo caminho, temos ações de políticas de preços mínimos aos pequenos
produtores agrícolas, onde o governo estipula um preço mínimo de venda para esses agricultores
(independente da condição do mercado), evitando uma grande queda na renda deles (se o preço
mínimo estipulado pelo governo está maior do que o preço das mercadorias no mercado, ou o
governo compra as mercadorias pelo preço mínimo (a chamada política de compras), ou o
agricultor vende seu produto no mercado e o governo paga a diferença do valor mínimo ao
produtor (a chamada política de subsídios)).
Em outra direção, também temos como exemplo de política de renda a estipulação de preços
máximos. Você já se deparou com a informação de que o governo administra os preços da
energia elétrica, distribuição de água, e dos combustíveis no país? Pois isso é uma forma de o
governo evitar que o preço desses bens/serviços suba muito, facilitando o acesso de todas as
pessoas a eles.
Complementando as políticas de Rendas, também temos os Programas de Transferência de
Rendas que são feitos pelo governo, conforme quadro abaixo

Benefício de prestação
continuada da lei orgânica
Aposentadoria rural Aposentadoria rural
de assistência social (BPC-
LOAS)
• pagamento de um salário mínimo
• pagamento de um salário
mensal para trabalhadores rurais • pagamento de valores
mínimo mensal para
(mulheres acima dos 55 anos e mensais por parte do
pessoas com incapacidade
homens acima dos 60 anos) que governo para famílias com
comprovada para o
trabalharam, de forma comprovada, renda familiar inferior a R$
trabalho, e para idosos
por pelo menos 15 anos na atividade 140,00 por pessoa (valores
(acima dos 65 anos)
agrícola, sem que eles tenham feito para o ano de 2015). Fonte:
incapazes de prover o
alguma contribuição ao sistema de Ministério da Cidadania
próprio sustento.
seguridade social.

___________
💭 Reflita
Disciplina

Macroeconomia

Apesar de não transferir renda (dinheiro) diretamente do caixa do governo ao bolso das pessoas,
programas como o Minha Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) também fazem
parte da política de rendas do Brasil, pois têm como objetivo uma melhora na condição social
dos brasileiros (no caso do Minha Casa Verde e Amarela, o governo quer facilitar o acesso à casa
própria para as famílias de menor renda). Informações adicionais sobre o Minha Casa Verde e
Amarela podem ser encontradas em Ministério do Desenvolvimento Regional
___________

Política comercial e cambial

Por fim (ufa!), temos a política comercial e cambial. Na política comercial, o governo vai fazer uso
de instrumentos para incentivar/desestimular as exportações e importações do país, com o
intuito de atingir ou objetivos produtivos (aumentar as exportações), ou inflacionários (deixar as
importações mais baratas). Pare para pensar: será que quando o governo aumenta os impostos
das mercadorias importadas, ele não está querendo proteger a produção e o emprego do país?;
ou quando o governo desonera (diminui tributos) às empresas exportadoras, ele não quer
estimular o aumento produtivo aqui? Já na política cambial, o governo vai comprar/vender
moeda estrangeira no mercado de divisa para controlar a taxa de câmbio do país (deixar a
moeda nacional mais valorizada/desvalorizada), para dessa forma atingir metas produtivas,
inflacionárias e externas.
___________
📝 Exemplificando
As políticas econômicas podem ser divididas em quatro tipos: fiscal, monetária, de rendas, e
cambial/comercial. O que diferencia todas essas políticas?

1. Os objetivos que o governo quer alcançar com cada uma delas.


2. A esfera governamental que vai tomar a decisão da política.
3. As ferramentas utilizadas pelo governo para realizá-las.
4. O momento em que cada política é feita.
5. Não há diferenças significativas entre elas.

Resposta correta: 3. Apesar de poderem buscar os mesmos objetivos, para cada política
econômica o governo usa ferramentas diferentes. Para a política fiscal, ele altera gasto público e
tributação; para a política monetária, o governo altera a quantidade de moeda; para a política de
rendas, o governo controla preços e salários; enquanto que para a política cambial/comercial, o
governo atua sobre o câmbio (via a oferta e demanda de divisa) e sobre estímulos/desestímulos
para as exportações/ importações.
___________
💪 Faça você mesmo
Para visualizar como o governo brasileiro vem fazendo as políticas macroeconômicas no país,
pesquise quais ações fiscais, monetárias, cambiais e de renda estão sendo mais utilizadas no
Brasil, nos últimos dois anos.
___________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Você conseguiu perceber como as políticas econômicas são feitas e como elas afetam
diretamente a vida das pessoas? Também conseguiu entender que o desenvolvimento
econômico é muito mais difícil de ser alcançado do que o crescimento econômico?
De acordo com matéria publicada pelo site do jornal O Globo , 88% da população brasileira
acham que a crise brasileira já chegou à sua vida pessoal. Isso faz com que elas cortem
Políticas macroeconômicas gastos, mudem seus hábitos de consumo e busquem novas
alternativas para conseguirem um aumento de renda.
Nesse contexto, voltamos à situação do funcionário Alfredo, da Etanol Brasil. Ele já foi promovido
duas vezes, mas não consegue realizar uma sonhada viagem para a Bahia, já que seus ganhos
salariais são corroídos pela alta dos preços. Parece que o crescimento econômico da empresa
não está se transformando em desenvolvimento econômico para Alfredo, não é mesmo? Se
lembrarmos dos conceitos sobre as ferramentas que o governo tem em mãos para realizar as
políticas macroeconômicas, conseguimos ver que algumas ações governamentais poderiam
ajudar ou dificultar a viagem de Alfredo. A alteração dos tributos (impostos, taxas e
contribuições) feita por uma política fiscal; uma mudança na taxa de juros decorrente de uma
política monetária; ou o estabelecimento de preços máximos para alguns bens/serviços
(tornando-os mais baratos para as pessoas) iriam afetar diretamente as finanças de Alfredo,
tornando sua viagem um sonho possível de ser realizado, ou um sonho ainda mais distante.

Aula 3
Política comercial e fiscal
Disciplina

Macroeconomia

Introdução da Aula

Nesta aula, você estudará sobre a política comercial e fiscal nos regimes cambiais.

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Comparar a política fiscal e comercial;


Entender como ocorre a dívida pública;
Analisar como o governo faz a política cambial e seus regimes.

Situação-problema

Olá, estudante!
Nessa aula vamos focar a análise na política fiscal e sua relação com a política cambial e
comercial do país. Vamos entender que o governo pode fazê-la alterando tanto os gastos
públicos como o volume de tributos que cobra das pessoas e empresas. Você já deve ter
percebido que pagamos muito imposto no Brasil, não é verdade? Às vezes, parece que
Disciplina

Macroeconomia

trabalhamos só para saldar IPVA, IPTU, Imposto de Renda, e todos os tributos que pagamos ao
comprar qualquer mercadoria e serviço. Dá uma olhada na sua conta de celular para ver quanto
você paga de ICMS! Na reportagem Brasileiros trabalham o dobro do que nos anos 70 e 80 para
pagar impostos, vemos que os brasileiros precisam trabalhar cinco meses por ano apenas para
pagar os impostos.
Vamos agora voltar nossos estudos sobre os colaboradores da Etanol Brasil? A funcionária
Flávia trabalha na área de exportação da empresa desde fevereiro, quando a Etanol Brasil fechou
contrato de venda com um grande cliente na Inglaterra. Em agosto, o cliente rescindiu contrato
com a empresa brasileira, e Flávia foi avisada no mesmo mês que já cumpria o aviso prévio. Uma
amiga de Flávia a convidou para participar de um intercâmbio de quatro meses nos Estados
Unidos, o que agregaria muito em seu futuro profissional, já que na área de comércio exterior a
fluência em outros idiomas é fundamental. Ela já tinha feito todo o planejamento para conseguir
dinheiro para ir aos EUA: pegaria o dinheiro da rescisão do seu contrato de trabalho e
complementaria com os recursos do seguro-desemprego. No entanto, ela não tinha se atentado
para duas notícias divulgadas no Brasil recentemente: 1- o governo brasileiro acabara de alterar a
lei do seguro-desemprego, sendo que agora, só terá direito a receber esse benefício o funcionário
que tivesse trabalhado por pelo menos 12 meses (antes dessa mudança, o prazo mínimo de
trabalho era de seis meses); e 2- a moeda brasileira estava se desvalorizando muito frente ao
dólar, o que tornava o intercâmbio para os EUA ainda mais caro. Chocada com as notícias, Flávia
tem as seguintes indagações: por que o governo brasileiro mudou a lei do seguro-desemprego e
por qual motivo a moeda brasileira estava se desvalorizando tanto frente ao dólar?
Cabe a você continuar a leitura para entender por quais motivos o governo faz políticas fiscal,
cambial e comercial, e como essa política vai influenciar a vida de todas as pessoas e empresas
do país. Vamos prosseguir, então? Mãos à obra!

Dívida pública
Disciplina

Macroeconomia

Você já viu os quatro tipos de política macroeconômica que o governo tem em mãos para atingir
as metas econômicas do país. Dessas ferramentas, o principal instrumento de política
Disciplina

Macroeconomia

econômica do setor público refere-se à política fiscal, que é feita por alterações no nível dos
gastos públicos e dos tributos.
No modelo keynesiano, você viu que o gasto público tem um papel fundamental no estímulo da
produção (emprego) do país. No entanto, ele não pode ser feito sem controle, pois isso afeta o
resultado das contas públicas (o chamado resultado público). Você já ouviu falar em déficit
público? Déficit público é um resultado negativo das contas governamentais, ou seja, é um
resultado que aparece quando os gastos públicos são maiores do que a arrecadação de dinheiro
que o governo tem com os tributos (é como se uma pessoa recebesse R$ 2.000,00 de salário
mensal, mas estivesse gastando R$ 2.300,00 por mês). Ou seja, resultados públicos deficitários
vão fazendo o governo acumular dívida (a chamada dívida pública), e ninguém quer ter dívida,
não é mesmo? Aproveitando, será que o governo brasileiro tem dívida pública? A resposta é sim.
De quanto será essa dívida: alguns milhares de reais; milhões de reais; bilhões de reais? Não. A
dívida pública brasileira está na casa dos trilhões de reais (normalmente, quando uma pessoa
deve R$ 100,00 no banco, ela já fica preocupada; imagine dever trilhões de reais!!!? Haja
preocupação!!!). De acordo com informações do site do jornal Valor, devido a sucessivos
resultados de déficit público, em julho de 2015 o governo brasileiro atingiu uma dívida de R$ 2,6
trilhões (olha quantos zeros tem a nossa dívida pública: R $2.600.000.000.000!!!).
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🔁 Assimile
Déficit Público e Dívida Pública são conceitos diferentes. O primeiro é um conceito de fluxo (pega
um período específico e calcula o resultado público dele), enquanto o segundo é um conceito de
estoque (pega o acumulado total de dívidas do governo).
____________
➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre a evolução da dívida pública brasileira, acesse o link.
Para entender o conceito de Razão Dívida/PIB, acesse aqui.
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Política fiscal
Disciplina

Macroeconomia

Mesmo com altíssima dívida pública, o governo não pode parar de ter gastos (a máquina pública
não pode parar, não é mesmo?): os pagamentos dos funcionários públicos, a construção de
escolas, de hospitais, estradas etc., fazem parte das obrigações financeiras mensais do governo
(obrigações que são pagas pelo valor que o governo arrecada com tributos). Dessa forma, ao
fazer política fiscal, o governo vai alterar o nível de seus gastos e dos tributos cobrados, de
acordo com os objetivos que quer atingir. Tais políticas podem ser expansionistas (termo
utilizado porque geram expansão/aumento da produção, da renda, e do emprego) ou
contracionistas (porque geram contração/diminuição da produção, da renda, e do emprego).
Política fiscal expansionista
Como é feita? Governo aumenta gastos públicos e/ou diminui a tributação.
Objetivo: aumentar produção, emprego e renda do país.
Impactos sobre o resultado público: tende a piorar esse resultado.
Impactos sobre a Demanda Agregada: 1- se o governo gasta mais (por exemplo: compra
mais cadeiras para colocar nas escolas públicas), ele aumenta a demanda de
bens/serviços no país; e 2- se o governo diminui impostos, taxas e contribuições (tributos),
sobra mais dinheiro (renda disponível) para as pessoas comprarem bens e serviços, o que
também traz aumento de demanda.
Impactos sobre a Produção, Renda e Emprego: o aumento da demanda por bens e
serviços no
país traz aumento de produção, renda e emprego.
Impactos sobre a inflação: como aumenta a demanda, os preços tendem a subir (inflação).
Se há um aumento de demanda por qualquer mercadoria (e a produção dela ainda não
Disciplina

Macroeconomia

aumentou), as pessoas disputam "os poucos bens disponíveis", aceitando pagar um preço
mais alto por eles.

Política fiscal contracionista


Como é feita? Governo diminui gastos públicos e/ou aumenta a tributação.
Objetivos: controlar a inflação e/ou melhorar o resultado público.
Impactos sobre o resultado público: tende a melhorar esse resultado.
Impactos sobre a Demanda Agregada: 1- se o governo gasta menos (por exemplo: compra
menos cadeiras para colocar nas escolas públicas), ele diminui a demanda de
bens/serviços no país; e 2- se o governo aumenta impostos, taxas e contribuições
(tributos), sobra menos dinheiro (renda disponível) para as pessoas comprarem bens e
serviços, o que também traz diminuição na demanda.
Impactos sobre a Produção, Renda e Emprego: a diminuição da demanda por bens e
serviços no país traz queda na produção, renda e emprego.
Impactos sobre a inflação: como diminui a demanda, os preços tendem a cair (há um
controle sobre a inflação), pois se há uma diminuição na demanda por qualquer
mercadoria (e a produção dela ainda não caiu), as empresas disputam "os poucos
compradores interessados", aceitando vender por um preço mais baixo.

____________
💭 Reflita
Apesar da elevação de tributos ser uma ferramenta interessante para melhorar o resultado
público, a elevação dos tributos tem um limite [se as pessoas/empresas de um país já estão
pagando um volume muito grande de tributos, elevar os impostos existentes ou criar novos
impostos pode fazer as pessoas/empresas aumentarem a sonegação fiscal (para tentarem
manter seu padrão de vida)]. Em economia, esse conceito é expresso pela curva de Laffer. Para
mais informações, veja qual a carga tributária ideal?.
____________

Política cambial e comercial


Disciplina

Macroeconomia

Também precisamos entender como o governo faz política cambial e comercial. Para isso, você
deverá se lembrar dos conceitos de taxa de câmbio e regimes cambiais.
Disciplina

Macroeconomia

No regime de câmbio flutuante (também chamado de Flexível ou Livre), como o próprio nome diz,
a taxa de câmbio pode flutuar (variar) livremente (sem a intervenção do governo). Neste regime
cambial, apenas as transações de mercado interferem na taxa de câmbio (o governo não faz
intervenções). Mas você deve se perguntar: o que faz a taxa de câmbio flutuante aumentar ou
diminuir todo dia? Para responder a essa pergunta, temos que pensar na moeda como uma
mercadoria qualquer (caneta, por exemplo). Se uma empresa produz 1 caneta (ou seja, a oferta
de caneta é de 1 unidade) e há uma pessoa querendo comprar caneta (ou seja, a demanda por
caneta é de 1 unidade), há uma negociação entre o ofertante (vendedor) e o demandante
(comprador) da caneta, e eles chegam a um preço final de R$ 2,00 (valor aleatório para o
exemplo) que seja interessante tanto para o comprador como para o vendedor. Já, se numa outra
situação, a empresa oferecer 1 unidade de caneta, mas duas pessoas quiserem comprar
(demanda) a caneta, a demanda por caneta (2 unidades) estará maior do que a Oferta de caneta
(1 unidade), e isto trará um aumento do preço da caneta (R$ 3,00, por exemplo), pois um dos
compradores aceitará pagar mais por esta mercadoria “escassa”. Está acompanhando o
raciocínio? É simples: sempre que a demanda de uma mercadoria (que pode ser uma caneta ou
uma moeda) subir além da oferta desta mercadoria, seu preço subirá (ou seja, quando há
aumento da demanda por R$ (reais), o preço do R$ (real) sobe; e quando há um aumento da
demanda por U

ó
(d lar), éopreçodoU

(dólar) que sobe). Para entender o que traz aumento na demanda por Reais ou Dólares, vamos
acompanhar os quadros a seguir:

Quadro 3.8:
Quadro 3.9:
Disciplina

Macroeconomia

Câmbio flutuante e fluxo de saída de dólares do país | Fonte: O autor (2015)

Câmbio flutuante e fluxo de entrada de dólares no país | Fonte: O autor (2015)

Câmbio fixo
Disciplina

Macroeconomia

Ainda sobre o assunto política cambial e comercial, devemos estudar o câmbio fixo. Como o
próprio nome diz, no regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio é sempre a mesma, em todos os
dias. Neste tipo de regime cambial, o governo (através do Banco Central) é o único a determinar e
manter a taxa de câmbio. Você deve se perguntar, mas como a taxa de câmbio é mantida pelo
governo? Os quadros abaixo vão responder a esse questionamento:
Disciplina

Macroeconomia

Câmbio fixo e fluxo de saída de dólares do país | Fonte: O autor (2015)

Câmbio fixo e fluxo de entrada de dólares do país | Fonte: O autor (2015)

Câmbio flutuante
Disciplina

Macroeconomia

Você sabia que os principais países do mundo (o Brasil está nesse grupo) têm como Regime
Cambial o Câmbio Flutuante? No entanto, na maioria desses países (no Brasil, inclusive), esse
Câmbio Flutuante não é totalmente livre, ou seja, em alguns momentos o governo se permite
fazer intervenções cambiais para, forçadamente, valorizar ou desvalorizar a moeda nacional
(esse Regime Cambial é chamado de Flutuação Suja). Mas por qual motivo, às vezes, os
governos vão contra o fundamento do câmbio flutuante, fazendo tais intervenções? O governo
faz essas intervenções para fazer política cambial e comercial: se quiser aumentar a
produção/emprego do país, o governo pode forçar uma desvalorização da moeda nacional; já se
quiser combater a inflação, poderá forçar a moeda nacional a uma valorização.
O que se faz importante agora é entendermos como funciona a política fiscal num Regime de
Câmbio Flutuante (Modelo Mundell-Fleming ou IS-LM-BP), pois a maioria dos países adota esse
Disciplina

Macroeconomia

câmbio como Regime Cambial. Vamos então entender todo esse processo, seguindo as etapas
1, 2, 3 e 4 (e suas respectivas explicações nas caixas internas) do a seguir?

Política fiscal expansionista com câmbio flutuante (e livre mobilidade de capital) | Fonte: O autor (2015)

A conclusão da política fiscal expansionista para países com câmbio flutuante é que ela tem um
efeito bem limitado (às vezes, até nulo), pois os aumentos produtivos trazidos pela ampliação
dos gastos públicos/redução dos tributos são eliminados pela valorização da moeda nacional
que diminui as exportações (o governo estaria comprando mais bens e serviços das nossas
empresas, enquanto os outros países estariam comprando menos bens e serviços das nossas
empresas).
___________
➕ Pesquise mais
Para informações gráficas sobre o Modelo IS-LM-BP, acesse o link.
___________
📝 Exemplificando
A política fiscal de um país é feita com:

1. Alteração da taxa de câmbio.


2. Alteração da taxa de juros.
3. Compra/Venda de Títulos Públicos
4. Alterações nos gastos públicos e tributos.
5. Compra/Venda de Divisa.

Resposta correta: 4. Quando muda os gastos públicos e a tributação, o governo faz política fiscal.
___________
Disciplina

Macroeconomia

💪 Faça você mesmo


Pesquise quanto os brasileiros já pagaram de imposto nesse ano, acessando o Impostômetro.
___________

Conclusão

Você conseguiu perceber como as políticas fiscal, cambial e comercial são feitas, e como elas
afetam diretamente a vida das pessoas?
De acordo com notícia do portal Globo.com, o governo esperava economizar pelo menos R$ 6,4
bilhões, em 2015, apenas por ter mudado as regras do seguro-desemprego. Em outra notícia
publicada pelo mesmo site, o FMI vê a desvalorização do real frente ao dólar como positiva para
a economia brasileira, pois isso vai elevar nossas exportações, dando mais fôlego para as
empresas brasileiras que foram tão prejudicadas com a crise do nosso mercado interno.
Nesse contexto, voltamos à situação da funcionária Flávia, da empresa Etanol Brasil. Ela, que
trabalha com exportações, pensava em fazer um intercâmbio nos EUA para melhorar o seu
inglês. Para conseguir dinheiro para esse propósito, ela contava com a remuneração que
ganharia com o seguro-desemprego, já que estava cumprindo aviso prévio. No entanto, o governo
mudou as regras de quem se beneficiaria com o seguro-desemprego, deixando Flávia sem a
possibilidade de receber esse recurso. Para piorar a situação dela, a moeda brasileira começou a
se desvalorizar muito frente ao dólar, o que encareceu demais essa viagem. Para ajudarmos
Flavia a entender porque tais medidas foram feitas pelo governo, basta lembrarmos dos
Disciplina

Macroeconomia

objetivos que o governo tem ao fazer política fiscal contracionista, bem como os objetivos que
ele tem ao deixar o Real se desvalorizar. Tudo é uma questão de política econômica, certo?
_____________
⚠️Atenção!
Se em algum momento, o governo quiser usar a taxa de câmbio como arma para controlar a
inflação, ele terá que valorizar a moeda nacional. Para estimular a economia produtivamente, o
governo deve deixar nossa moeda se desvalorizar.
_____________
📌 Lembre-se
Além da políticas fiscal, cambial e comercial, o governo também tem em mãos a política
monetária e a política de rendas para atingir seus objetivos.
_____________

Aula 4
Política Monetária e de Rendas

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará sobre a política monetária e política de rendas.


Disciplina

Macroeconomia

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Analisar como é feita a política monetária;


Entender a funcionalidade do regime de câmbio flutuante;
Compreender como ocorre a política de renda.

Situação-problema

Olá, estudante!
Estamos chegando ao final desta unidade, em que abordamos o assunto “Políticas
Macroeconômicas”. Nesta última aula vamos focar a análise na política monetária (e sua relação
com a política cambial do país) e na política de rendas. Vamos entender que o governo promove
a alteração da taxa de juros do país quando controla a oferta de moeda na economia. Você sabia
que na história recente do Brasil, nosso país sempre teve uma das maiores taxas de juros reais
do mundo? Muitas vezes, a taxa de juros do Brasil ficou na primeira colocação na corrida da
maior taxa de juros mundial. Mas, você deve se perguntar se taxa de juros alta é uma coisa boa
ou uma coisa ruim. Sabe qual é a resposta? Depende. Se você tiver uma dívida e precisar pegar
dinheiro emprestado (no cheque especial do banco, por exemplo), os juros altos são péssimos
para você. Já se você ganhar R$ 20 milhões na Mega Sena e colocar esse dinheiro em uma
aplicação que renda 0,7% ao mês (quanto maior a taxa de juros do país, maior será a
remuneração das aplicações financeiras), você ganharia, apenas com juros, R$ 140 mil todo mês
(nada mal, não é mesmo?).
Vamos agora voltar nossos olhos sobre mais uma funcionária da empresa Etanol Brasil? Rosa é
a vendedora mais experiente da empresa. Fazia alguns meses que ela tentava fechar contrato
com um grande cliente nacional, e, após muita negociação, o esforço de Rosa foi recompensado:
ela conseguiu finalizar as tratativas, com uma venda que lhe rendeu R$ 150 mil reais de
comissão. (Nossa, finalmente um funcionário se deu bem na Etanol Brasil, hein?) Rosa estava
radiante, pois pensava em aplicar o dinheiro para ter uma renda extra na aposentadoria. Após
fazer algumas pesquisas, ela decidiu que iria comprar títulos governamentais, afinal a
remuneração deles era muito atraente para quem fosse deixar o dinheiro rendendo juros por
tanto tempo. Como
Rosa não queria desperdiçar nem um centavo que ganharia com os juros, ela teria que fazer uma
escolha importante: comprar títulos públicos que pagam uma taxa de juros prefixada (aplicação
mais interessante se ela acha que a taxa de juros da economia vai diminuir ao longo dos anos),
ou comprar títulos públicos que pagam uma taxa de juros pós-fixada (aplicação mais
interessante se ela acha que a taxa de juros da economia vai aumentar ao longo dos anos).
Como Rosa vai conseguir entender se o governo estará mais propenso a aumentar ou a diminuir
a taxa de juros do país?
Cabe a você continuar a leitura para entender por quais motivos o governo faz política monetária,
e como essa política vai alterar a taxa de juros da economia, influenciando a vida de Rosa e de
todas as pessoas e empresas do país. Vamos prosseguir, então? Mãos à obra!
Disciplina

Macroeconomia

Política monetária

Você já viu as políticas fiscal e cambial feitas pelo governo. Agora está na hora de entendermos a
política monetária. A política monetária é feita quando há uma alteração na quantidade ofertada
de moeda na nação (que, por sua vez, vai alterar a taxa básica de juros da economia, a chamada
taxa de juros SELIC). De acordo com o site do Banco Central do Brasil, determinar a quantidade
de moeda (dinheiro) na economia é função do Conselho Monetário Nacional (CMN), com
participação do Banco Central do Brasil (BACEN). O CMN (composto pelo Ministro da Fazenda,
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, e pelo Presidente do Banco Central) se reúne
para planejar as metas monetárias do país, enquanto cabe ao Banco Central a condução das
ações para atingir essas metas. Para trazer mais informações para o Banco Central conduzir
suas ações, existe o COPOM (Comitê de Política Monetária), que é uma reunião entre o
presidente do Banco Central e seus diretores (chamado de colegiado do BACEN) que analisa o
relatório da inflação e estabelece metas sobre a taxa de juros SELIC do país. Como isso
funciona? Os membros que compõem o CMN, por exemplo, estabelecem as metas inflacionárias
do país, e são auxiliados por informações determinadas pelo COPOM; enquanto que o Banco
Central se responsabiliza por conduzir e executar as ações da política monetária para atingir
essas metas (ou seja, enquanto o CMN planeja, o Banco Central executa). Não é tão difícil
entender. Imagine que você esteja querendo perder peso e faça uma consulta a um
endocrinologista. Esse médico (auxiliado por informações vindas de um nutricionista e um
professor de educação física) vai planejar uma maneira de você perder “x” quilos em um mês (ele
estabelece uma meta, assim como o CMN e o COPOM). No entanto, o médico não vai mudar a
Disciplina

Macroeconomia

alimentação dele, nem vai começar a frequentar uma academia, pois a execução desse plano
deve ser feita por você (assim como ao BACEN cabe a execução da política monetária para
atingir a meta proposta).
_____________
➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre o COPOM, acesse aqui.
_____________
Ao determinar a quantidade de dinheiro que vai oferecer, o governo controla o nível da taxa de
juros SELIC do país. Nesse sentido, o Banco Central eleva a taxa de juros (preço do dinheiro),
enxugando (diminuindo) a oferta monetária (quanto mais escassa é a mercadoria (no caso aqui,
a mercadoria é o dinheiro), maior é o seu preço), e a reduz atuando de forma inversa.

Equilíbrio monetário

No mercado da moeda, o estudo econômico é feito em uma situação de equilíbrio monetário. Tal
equilíbrio é alcançado quando a Oferta de moeda (controlada pelo BACEN) for igual à Demanda
por moeda. Assim, se o governo oferece mais moeda, ele deverá estimular um aumento da
demanda por moeda para que o mercado monetário permaneça em equilíbrio (e vice-versa).
Você deve estar se perguntando: como assim, aumentar a demanda por moeda? Existe alguma
situação em que as pessoas não querem moeda? Tem algum louco por aí que rasga dinheiro ou
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Macroeconomia

não quer dinheiro? “Você está me tirando, mano”? Calma, relaxa, deixa eu te explicar. As pessoas
podem fazer duas coisas com o dinheiro delas: elas mesmas usam esse dinheiro (ou seja: você
ganhou seu salário; pegou esse dinheiro, e comprou alguma coisa), e vamos chamar essa
situação de “as pessoas põem o dinheiro no bolso delas mesmas”; ou as pessoas pegam o
dinheiro do salário delas e emprestam, momentaneamente, esse dinheiro para outra pessoa,
empresa, ou governo usar (quando uma pessoa compra um título público, ela empresta por 10,
15 anos seu dinheiro ao governo). A Demanda por moeda do equilíbrio monetário refere-se ao
dinheiro no bolso. Assim, quando há um aumento de demanda por moeda, queremos dizer que
as pessoas estão querendo usar mais o dinheiro delas (não estão querendo emprestar dinheiro
ao governo, por exemplo); enquanto que a diminuição da demanda por moeda acontece quando
as pessoas estão mantendo menos dinheiro no próprio bolso (porque preferem emprestá-lo ao
governo, por exemplo). Agora ficou claro?
A próxima pergunta que você deve estar se fazendo é: o que vai me fazer preferir manter meu
dinheiro no bolso, ou emprestar meu dinheiro? A resposta é: alterações na sua Renda e na taxa
de juros da economia. Veja a seguir:

Quanto maior a renda, maior a demanda por moeda no bolso


Por qual motivo você quer ser promovido no seu trabalho? Fácil: para ter um aumento de
salário (Renda). E o que você vai fazer com o dinheiro extra desse salário maior? Fácil
também: você vai pegar o dinheiro e vai comprar mais bens e serviços. Então, se você teve
um aumento de Renda, e pegou mais dinheiro para você gastar, você demandou mais
moeda (no bolso).

Quanto maior a taxa de juros da economia, menor a demanda por moeda no bolso
Por qual motivo alguém ia preferir não usar seu próprio dinheiro, ou seja, por qual motivo
alguém prefere emprestar dinheiro ao governo? Porque o governo está trazendo para o
emprestador um estímulo vantajoso: a taxa de juros. Ou seja, se o governo aumenta a taxa
de juros, você tem um estímulo maior a emprestar dinheiro para ele (mantendo menos
dinheiro no seu próprio bolso, ou seja, diminuindo a demanda por moeda no bolso). Já se o
governo diminui a taxa de juros, você não vai ficar tão interessado em emprestar dinheiro
para ele, preferindo manter o dinheiro no seu bolso. Ou seja, taxa de juros alta diminui a
demanda por moeda (no bolso), enquanto que taxa de juros baixa, aumenta a demanda
por moeda (no bolso).

Vale ressaltar que ao fazer política monetária, o governo tem algumas metas (objetivos) que quer
alcançar. Abaixo, veremos isso com mais clareza:

Política monetária expansionista


Como é feita? Governo aumenta a Oferta de Moeda. Para isso, ou o governo imprime
(emite) mais dinheiro, ou ele compra de volta os títulos públicos (passados 10 ou 15 anos
que alguém comprou um título público, o governo tem que devolver este dinheiro ao
comprador com o acréscimo de juros, ou seja, quando o governo devolve o dinheiro+juros
ao comprador, ele aumenta a quantidade de moeda nesta economia, isto é, ele aumenta a
Oferta de Moeda).
Disciplina

Macroeconomia

Objetivo: aumentar produção, emprego e renda do país.


Impactos sobre a taxa de juros da economia: diminui a taxa de juros.
Por que a taxa de juros diminui? Quando o governo aumenta a Oferta de Moeda, ele deve
estimular o aumento da demanda por moeda (no bolso) para o mercado monetário ficar
equilibrado.
Para aumentar a demanda por moeda (no bolso), o governo diminui a taxa de juros (isso
faz as pessoas comprarem menos títulos públicos, preferindo manter mais moeda no
próprio bolso).
Impactos sobre a Produção, Renda e Emprego: a diminuição da taxa de juros faz as
pessoas e as empresas comprarem mais, estimulando o aumento da produção.
Impactos sobre a inflação: como as pessoas e as empresas querem comprar mais, os
preços tendem a subir (inflação).

Política monetária contracionista


Como é feita? Governo diminui a Oferta de Moeda. Para isso, o governo vende títulos
públicos (se o governo possui uma dívida pública, ele pode financiar esta dívida vendendo
um papel (título público) pelo valor da dívida que tem, ou seja, ao vender título público,
uma pessoa passa o dinheiro ao governo e o governo dá um título público a ela,
prometendo-lhe devolver o dinheiro em 10/15 anos com o acréscimo de juros. Assim, ao
vender um título público, o governo diminui a quantidade de moeda (Oferta de Moeda) de
uma economia, já que o dinheiro do comprador do título deixa de circular na economia).
Objetivo: controlar a inflação.
Impactos sobre a taxa de juros: aumenta a taxa de juros.
Por que a taxa de juros aumenta? Quando o governo diminui a Oferta de Moeda, ele deve
estimular uma diminuição na demanda por moeda (no bolso) para o mercado monetário
ficar equilibrado. Para diminuir a demanda por moeda (no bolso), o governo aumenta a
taxa de juros (isso faz as pessoas comprarem mais títulos públicos, preferindo manter
menos moeda no próprio bolso).
Impactos sobre a Produção, Renda e Emprego: a elevação da taxa de juros faz as pessoas
e as empresas comprarem menos, desestimulando o aumento da produção.
Impactos sobre a inflação: como as pessoas e empresas querem comprar menos, os
preços tendem a cair (controle da inflação).

___________
🔁 Assimile
Política Monetária Expansionista é feita com o objetivo de expandir (aumentar) a Produção,
apesar de trazer aumento da inflação. Já a Política Monetária Contracionista é feita com o
objetivo de controlar a inflação, mas traz diminuição (contração) da produção.
___________

Regime de Câmbio Flutuante


Disciplina

Macroeconomia

Como fizemos na aula anterior, agora é importante entendermos como funciona a política
monetária num Regime de Câmbio Flutuante (Modelo Mundell-Fleming ou IS-LM-BP), pois a
maioria dos países adota esse câmbio como Regime Cambial. Vamos então entender todo esse
processo, seguindo as etapas 1, 2, 3 e 4 e suas respectivas explicações nas caixas internas, a
seguir.
Disciplina

Macroeconomia

Política monetária expansionista com câmbio flutuante (e livre mobilidade de capital) | Fonte: O autor (2015)

A conclusão da política monetária expansionista para países com câmbio flutuante (e livre
mobilidade de capital) é que ela consegue ampliar bastante a renda (produção), pois além da
diminuição da taxa de juros trazer aumento de consumo (gasto das pessoas) e Investimento
(gasto das empresas), que causam aumento da produção, também haverá um aumento das
exportações (o que aumenta mais uma vez a produção) devido à desvalorização da moeda
nacional.

Política de rendas
Disciplina

Macroeconomia

Para finalizar, vamos falar um pouco sobre política de rendas. Na Aula 2, vimos as políticas de
preços mínimos e máximos feitas pelo governo, bem como os Programas de Transferência de
Renda do Brasil. Agora, vamos aprender sobre o assunto “políticas de preços máximos”, mais
especificamente nos chamados preços administrados? Você sabia que os preços de serviços
telefônicos, derivados de petróleo (gasolina e gás de cozinha), eletricidade, planos de saúde, taxa
de água e esgoto, e a maioria das tarifas de transporte público são administrados? Isso significa
que o governo controla (estipula um preço máximo) os preços de muitos bens e serviços. Até aí,
não há nenhum problema, pois o governo pensa em administrar esses preços para deixá-los mais
acessíveis a toda a população do país. No entanto, a questão que tem provocado muita
discussão no Brasil refere-se à maneira como esses preços administrados são reajustados. Você
sabia que a maior parte dos bens e serviços que tem preços administrados é reajustada com
base na inflação acumulada e também com base numa variação cambial? De acordo com um
Relatório do Banco Central do Brasil, no período de janeiro de 1995 até março de 2015, os preços
administrados foram reajustados em 573,7%, enquanto que a inflação média desse mesmo
período ficou em 314,7%, ou seja, os preços que são controlados pelo governo estão subindo
mais do que os preços que não são controlados pelo governo. Maluco isso, não é mesmo?
___________
💭 Reflita
Se o governo administra os preços de uma mercadoria em um preço (máximo) que não está
trazendo lucratividade para o empresário, esse problema econômico não vai ter que ser
solucionado em algum momento? Para trazer esse assunto para a nossa realidade, pense na
Disciplina

Macroeconomia

recente situação das empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Para mais
informações, acesse aqui.
___________
📝 Exemplificando
A política monetária de um país é feita com:

1. Estipulação de preços máximos.


2. Alteração dos gastos públicos.
3. Compra/Venda de Títulos Públicos e emissão de moeda.
4. Alterações nos tributos.
5. Compra/Venda de Mercadorias.

Resposta correta: 3. Quando altera a oferta de moeda (comprando/ vendendo títulos públicos
e/ou emitindo moeda), o governo faz política monetária.
___________
💪Faça você mesmo
Pesquise como a taxa de juros SELIC do país acaba determinando a taxa de juros que os bancos
cobram ao emprestar dinheiro para os seus clientes, acessando aqui.
___________

Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Você conseguiu perceber como as políticas monetária e cambial são feitas, e como elas afetam
diretamente a vida das pessoas? Também entendeu como os preços administrados no Brasil
fazem parte da nossa política de rendas?
De acordo com notícia do jornal Valor Econômico, a maioria dos brasileiros não conseguiu
poupar recursos suficientes para manter seu padrão de vida na aposentadoria. Uma outra
reportagem mostra que 57% da população brasileira não se prepara para a aposentadoria, o que
significa que os cidadãos brasileiros não conseguem poupar dinheiro suficiente para aproveitar
os altos juros que são pagos aos poupadores nacionais.
Nesse contexto, voltamos à situação da funcionária Rosa (da Etanol Brasil): ela ganhou R$ 150
mil reais de comissão por uma venda que fez a um grande cliente, e, preocupada com sua
aposentadoria, quer investir todo esse dinheiro em títulos públicos que rendam para ela a maior
remuneração possível com juros. Para isso, ela tem que escolher entre aplicar seu dinheiro em
títulos que pagam juros prefixados ou pós-fixados, e essa escolha dependerá da expectativa que
ela tem sobre o que acontecerá com a taxa de juros do país. Assim, para conseguir analisar se a
taxa de juros do Brasil vai aumentar ou diminuir nos próximos anos (maximizando seus ganhos
com os títulos públicos), Rosa deve entender os motivos que levam o governo a fazer a política
monetária, de acordo com os cenários econômicos que vão sendo apresentados para o
Conselho Monetário Nacional. Durante essa aula, vimos que as políticas monetárias
expansionista e contracionista são responsáveis por estimular a produção ou combater a
inflação (respectivamente), e entender quais serão os próximos objetivos do governo que podem
levar Rosa a maximizar seus ganhos com os papéis do governo.

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Referência
Disciplina

Macroeconomia

ABEL, Andrew B. et. al. Macroeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. HUBBARD,
R. Glenn; O’BRIEN, Anthony Patrick. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MOCHÓN, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
,

Unidade 4
Economia Monetária

Aula 1
As funções das moedas no mundo globalizado

Introdução da Unidade
Disciplina

Macroeconomia

Olá estudante!
Nesta unidade de ensino, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a
economia monetária, entendendo as funções da moeda, a criação de moeda bancária e os
papéis do Banco Central e dos Bancos Comerciais. Para ajudar nessa trajetória, os conceitos já
aprendidos anteriormente relacionados à política monetária (oferta de moeda e demanda por
moeda) serão fundamentais.
Na primeira aula, você deverá assimilar a evolução da moeda, as funções da moeda e suas
características básicas. Na segunda aula, vamos entender como os bancos comerciais criam
moeda num processo conhecido como multiplicador bancário. Nas terceira e quarta aulas,
aprenderemos sobre os papéis (e funções) do Banco Central e dos Bancos Comerciais
(respectivamente). Nesta unidade, poderemos compreender as respostas que devem ser dadas
para questões usuais que temos sobre a economia monetária, tais como: o dinheiro que tenho
depositado no banco está lastreado em alguma coisa? Se depositamos nosso dinheiro no banco,
por qual motivo os bancos ficam sem dinheiro e decretam falência?; e por que o governo não
imprime mais dinheiro, tornando o país mais rico?
Como toda a unidade está focada no assunto “moeda”, preciso fazer a seguinte pergunta: você
sabe o que é moeda? De acordo com Vasconcellos e Garcia (2011, p. 198), “moeda é um
instrumento ou objeto aceito pela coletividade para intermediar as transações econômicas, para
pagamento de bens e serviços”. Dessa forma, moeda e dinheiro não são sinônimos, já que o
Disciplina

Macroeconomia

dinheiro é apenas um dos instrumentos que pode intermediar as relações comerciais, ou seja, o
dinheiro é um tipo de moeda.
Para desenvolver suas competências e atingir os objetivos desta unidade, você irá conhecer
alguns problemas que precisarão ser resolvidos por gestores da empresa Transporte Brasil, que
atua no ramo de transporte rodoviário de passageiros. Eles enfrentarão situações relacionadas
com a economia monetária e precisarão entender sobre moeda para chegarem a soluções
eficientes para a empresa.
Venha conhecer mais de perto a economia monetária, pois outros assuntos sobre economia
(agregados monetários, contabilidade social e políticas macroeconômicas) já foram assimilados
anteriormente. Informações bastante interessantes serão trazidas ao longo de toda esta última
unidade, afinal de contas quase todas as pessoas se interessam pela moeda. Não desanime e
bons estudos!

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você aprenderá as funções das moedas no mundo globalizado.

Objetivos gerais de aprendizagem


Disciplina

Macroeconomia

Ao longo desta aula, você irá:

Conhecer como surgiu a moeda;


Entender como funcionava a moeda-mercadoria;
Analisar a evolução da moeda.

Situação-problema

Olá, estudante!
Vamos dar início aos estudos desta quarta unidade conhecendo um pouco mais sobre a
economia monetária. Assuntos como funções da moeda, criação da moeda, meios de
pagamentos, funções do Banco Central, e funções dos bancos comerciais serão estudados em
toda esta Unidade.
Vale destacar que, na história, nem sempre existiu moeda para facilitar a vida das pessoas.
Nesse tempo longínquo, as compras e vendas eram feitas por troca direta de mercadorias,
chamada de escambo (uma pessoa trocava ovos por roupa, por exemplo). Você consegue
imaginar como era difícil as aquisições de mercadorias nessa época? Hoje em dia, para
comprarmos uma roupa, entramos numa loja de departamentos, damos alguns pedaços de papel
com duas assinaturas e alguns animais impressos, ou então entregamos um pedaço de papel
assinado por nós, com o nome de um banco e pagamos pela mercadoria, certo? Mas por que a
loja aceita o dinheiro ou o cheque, sendo que eles são papéis como qualquer outro que, por si
próprios, não têm nenhum valor? Ao final desta aula, caberá a você entender a evolução da
moeda ao longo do tempo e quais são as funções das moedas nos dias de hoje. Certamente,
veremos um assunto bastante interessante, afinal, quem não gosta de dinheiro, não é mesmo?
Vamos, então, dar uma contextualizada no assunto?
Dados de 2015 apontam que no Brasil, o setor de transporte é responsável por 3,5% do PIB do
país. Quando falamos em transporte no Brasil, sabe-se que temos uma predominância muito
grande do transporte rodoviário. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de
Passageiros do Estado de São Paulo – SETPESP, 92% das viagens terrestres que acontecem no
país são feitas com a utilização de ônibus.
A empresa Transporte Brasil trabalha com transporte rodoviário de passageiros em todo o Brasil,
atendendo tanto a iniciativa privada como o setor público (ela tem contrato com várias
prefeituras para fazer transporte de estudantes para as escolas públicas). Ela faz viagens
municipais, interestaduais, e internacionais, sendo regulada pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT). Como vive um bom momento, a Transporte Brasil pensa em
ampliar sua frota, já que tem conseguido fechar contratos grandes de concessões de transporte
público municipal.
Mesmo com o bom momento, o Sr. Bruno, gerente geral da Transporte Brasil, está bastante
preocupado, pois a Justiça do Trabalho proibiu que os motoristas dos micro- ônibus
continuassem fazendo também o papel dos cobradores. Ou seja, ou o Sr. Bruno adaptava todos
os seus “carros” com catraca, e contratava funcionários novos para trabalharem como
cobradores (mas isso mostrou-se inviável, financeiramente, para a empresa), ou ele teria de
pensar em alguma alternativa para o motorista não precisar mais receber o valor da passagem
de cada passageiro nos micro-ônibus. Assim, o que o Sr. Bruno pode fazer para que os
motoristas não precisem mais realizar as tarefas típicas de cobradores, ou seja, como os
Disciplina

Macroeconomia

motoristas poderão fazer a moeda cumprir o seu papel de meio de troca (nesse caso, o de pagar
a passagem), sem precisar tocar com suas próprias mãos nela?
Agora é com você! Busque as explicações para as indagações do Sr. Bruno. Ao final desta aula,
você conseguirá entender todos os tipos de moeda existentes, percebendo que existem muitas
outras formas de se pagar uma conta, além do dinheiro vivo em mãos.
Então, vamos prosseguir?

Como surgiu a moeda

Nas sociedades primitivas, as pessoas eram autossuficientes, ou seja, elas produziam tudo
aquilo que necessitavam para sobreviver (a pessoa tinha de ser praticamente um ninja, pois o
mesmo indivíduo caçava, pescava, colhia frutos, fazia suas próprias vestimentas, construía suas
ferramentas rudimentares etc.). Nas raras vezes que precisavam de alguma mercadoria que não
conseguiam fazer sozinhos, os indivíduos trocavam produtos por produtos (escambo).
No entanto, à medida que a divisão do trabalho começou a ser implementada e apareceram os
trabalhadores especialistas (caçadores, pescadores, artesãos, pastores, ferramenteiros etc.), as
pessoas já não faziam mais tudo aquilo que necessitavam para sobreviver, tendo de recorrer
frequentemente aos mercados, onde todos se reuniam para trocar entre si os produtos que
elaboravam. Mas tudo ainda era muito difícil: se uma pessoa tinha porcos e quisesse trocar por
cordeiros, para variar o cardápio do almoço, por exemplo, e ela não fechasse negócio com o
criador de cordeiros (porque esse só queria trocar sua mercadoria por patos, por exemplo), isso
Disciplina

Macroeconomia

iria atrasar a vida do criador de porcos, não é verdade? E a gente diz que hoje os homens vivem
estressados? Ninguém viveu naquela época para saber o que era estresse...
Assim, para facilitar essas trocas, surgiram as primeiras moedas. Inicialmente, as moedas eram
mercadorias quaisquer que teriam valor mesmo que não fossem usadas como moeda, as
chamadas moedas-mercadorias. Gado, cereais, sal (você sabia que a palavra salário surgiu da
quantidade de sal que os soldados romanos recebiam?), ouro e prata são exemplos de
mercadorias que foram usadas como moeda em algumas sociedades antigas espalhadas pelo
mundo.
____________
💭 Reflita
Você já parou para pensar que nas prisões o cigarro é utilizado como moeda? Na economia
particular e informal dos centros penitenciários, se um detento quiser um tênis, uma calça, um
colchão melhor, ele paga por esses bens com maços de cigarros (ou até sabonetes e envelopes).
Temos, assim, numa economia moderna em que vivemos, um exemplo da antiga moeda-
mercadoria.
____________

Moeda-mercadoria
Disciplina

Macroeconomia

A moeda-mercadoria facilitou as trocas porque viabilizou as vendas, independentemente de o


comprador ter um bem que interessasse ao vendedor. No entanto, a maior parte das moedas-
Disciplina

Macroeconomia

mercadorias continuava trazendo algumas dificuldades de mercado, pois elas não tinham
características que são desejáveis para qualquer moeda. Abaixo podemos ver essas
características:

Características (qualidades) da moeda | Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Seguindo o quadro acima, como um boi (gado) seria indestrutível? Por acaso, ele não vai morrer
em algum momento? Ou como um boi seria igual ao outro (característica da homogeneidade)?
Como dividir o boi ao meio para pagar uma conta de valor mais baixo (característica da
divisibilidade)? Como carregar um boi para cima e para baixo para pagar as contas
(característica da facilidade de manuseio/transporte)? Se o proprietário tivesse queimado o
couro do boi para mostrar que o animal tinha dono, como esse animal é transferível? Conseguiu
perceber como a moeda-mercadoria ainda não era tão prática para viabilizar as trocas? Por isso,
surge a moeda metálica (processo chamado de metabolismo) para facilitar a vida das pessoas e
das empresas.
Os metais foram os elementos que mais traziam consigo as características (qualidades)
buscadas nas moedas, por isso eles passaram a ser utilizados como moeda. Inicialmente, os
metais eram pesados para a determinação do seu valor, mas isso logo foi alterado com a
cunhagem (impressão na moeda do seu valor). Cobre, bronze, ferro, prata e ouro foram utilizados
na produção da moeda metálica.
Apesar de melhorar muito a maneira como as trocas eram realizadas (via moeda metálica), o
sistema monetário precisou se adaptar a novas situações que eram apresentadas ao cenário das
trocas. As moedas metálicas começaram a trazer dificuldades de transporte internacional (já que
os países começavam a se relacionar mais comercialmente), tanto pelo peso da moeda como
pelo risco de roubo (você já assistiu algum filme com algum pirata que estava atrás das moedas
de ouro levadas nas embarcações?).
Disciplina

Macroeconomia

Moeda-papel

Assim, os comerciantes da época passaram a recorrer às casas de custódia (instituições


equiparadas aos bancos comerciais que temos hoje em dia) para guardarem suas moedas
metálicas. A coisa funcionava da seguinte maneira: quando o dono da moeda metálica deixava
seu recurso financeiro guardado no banco, ele recebia um papel conhecido como certificado de
depósito (que a pessoa tinha de levar de volta ao banco para conseguir “sacar” sua moeda
metálica). Assim, por comodidade e segurança, os proprietários do certificado de depósito
começaram a usá-los (no lugar da moeda metálica) para a compra de mercadorias (ou seja, o
dono do certificado de depósito o repassava para outra pessoa, e essa segunda pessoa poderia
sacar aquele valor em moeda metálica na casa de custódia). Surge, assim, um novo tipo de
moeda: a moeda-papel. Essa moeda-papel era totalmente conversível (100% lastreada) em
moeda metálica, pois, para isso, bastava ao proprietário do certificado bancário apresentá-lo ao
banco.
Ao longo do tempo, o lastro tornou-se menor do que 100% (os donos das casas de custódia
perceberam que nem todos os detentores dos certificados de depósitos reconvertiam o
certificado em moeda metálica ao mesmo tempo, o que trouxe a possibilidade para os
“banqueiros” emitirem empréstimos, com certificados sem lastro), até que o sistema monetário
evoluiu para a criação do papel-moeda (ou moeda fiduciária), em que as notas bancárias não
tinham lastro algum.
O poder público (governo) ficou preocupado com essa falta de lastro do papel- moeda e passou a
regulamentar o poder de emissão das notas bancárias (papel- moeda), confiando a uma única
Disciplina

Macroeconomia

instituição o direito a essa tarefa, fazendo surgir os primeiros Bancos Centrais. Assim, o papel-
moeda passou a ser aceito por força de lei, denominando-se moeda de curso forçado.
Pense comigo: por que um papel no qual você assina e diz valer R$ 20,00 (por exemplo) é
diferente do papel que o governo assina e dizer valer R$ 20,00? A resposta para essa pergunta é
muito simples: porque todo mundo confia que o dinheiro impresso pelo governo será aceito em
qualquer lugar do país (a palavra fidúcia que aparece na moeda fiduciária significa confiar),
enquanto que apenas as pessoas que conhecem você (e, às vezes, nem elas) poderiam aceitar
um papel no qual você escreveu e assinou seu nome, dizendo que ele valeria R$ 20,00.
De acordo com o quadro abaixo, vemos que surgem novas características da moeda que são
atreladas ao papel-moeda.

Novas características do papel-moeda | Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

A moeda continuou evoluindo, e o crescimento dos bancos comerciais trouxe outro tipo de
moeda: a moeda escritural (também chamada de moeda bancária). A moeda escritural recebe
esse nome porque só existe na escrita (registro) contábil dos bancos (lançamentos de débitos e
créditos bancários), não tendo uma existência física (em cédula impressa). Criada pelos bancos
comerciais, essa moeda corresponde aos recursos que os clientes depositam nas instituições
financeiras, e sua movimentação é feita por cheques ou ordens de pagamentos (transferência
entre contas, DOCs bancários, etc.).
___________
🔁 Assimile
Os bancos comerciais podem criar moeda escritural, no processo chamado multiplicador
bancário. Portanto, os bancos comerciais conseguem aumentar a oferta de moeda (meios de
pagamentos) num país. Assim, ao fazer política monetária, o governo precisará de instrumentos
Disciplina

Macroeconomia

para controlar a criação de moeda escritural feita nos bancos comerciais, a fim de realizar
política monetária.
___________

Funções clássicas e ampliadas da moeda

Cabe ressaltar que toda essa evolução da moeda (e do sistema monetário), além de facilitar a
vida das pessoas, tinha como objetivo central fazer a moeda cumprir as suas funções. Conforme
o quadro abaixo, existem 3 funções clássicas da moeda.
Acontece quando o comprador passa moeda ao vendedor ao comprar um
Meio de troca
bem/serviço. Quando entra em uma padaria, por exemplo, você está confiante
(ou circulação)
que o local vai aceitar sua moeda em troca dos itens que são vendidos ali.
É um padrão de medida que todos na economia usam para anunciar preços. Se
Unidade de um suco custa R$ 5,00 e uma bolacha custa R$ 2,50, é correto dizer que o suco
conta custa 2 bolachas, mas não fazemos dessa forma, pois usamos a moeda (e não
a bolacha) como unidade de precificação.
Se não houver inflação, a moeda pode ser acumulada para a compra de um
Reserva de
bem/serviço no futuro. Assim, quando um vendedor aceita moeda no presente,
valor
ele pode ficar com a moeda e tornar-se um comprador no futuro.
Podemos ampliar essa visão com outras 3 funções mostradas no quadro seguinte:
Disciplina

Macroeconomia

A palavra diferido significa adiado, prorrogado. Assim, a moeda é usada para


Padrão de facilitar os pagamentos/recebimentos ao longo do tempo. Essa função, faz a
Pagamento moeda viabilizar o crédito e os adiantamentos financeiros. Dessa forma, quando
Diferido uma pessoa compra uma mercadoria para pagá-la no futuro, ela utilizará a
moeda para cumprir com esse acordo.
A moeda tem a capacidade de liberar (por isso o termo liberatório) um devedor
de uma situação passiva (o Estado garante isso), ou seja, quando alguém tem
Liberatória
uma dívida e quita esse compromisso financeiro com a moeda, a pessoa fica
livre da situação de devedora, em termos jurídicos.
A moeda traz poder para o seu possuidor, ou seja, quem tem muito dinheiro
Instrumento de acaba por ter poder, e quem tem poder almeja muito dinheiro. Esse poder não
Poder fica restrito apenas à área econômica, mas pode atingir também as esferas
política e social.
Como pôde ser visto pelos quadros acima, a moeda tem muito mais funções do que apenas a
intermediação das trocas. Vê-se, portanto, que, hoje em dia, a moeda é indispensável em
qualquer economia, sendo um assunto muito importante a ser entendido por qualquer gestor.
_____________
📝 Exemplificando
Quando o gado era utilizado como moeda, qual das características da moeda ele conseguia
preservar?

1. Transferibilidade.
2. Divisibilidade.
3. Homogeneidade.
4. Aceitabilidade.
5. Indestrutibilidade.

Resposta correta: letra d). O gado só era usado como moeda porque era aceito pela maioria das
pessoas para tal finalidade.
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💪 Faça você mesmo
Descubra quais são os requisitos mínimos de qualidade para o Euro poder circular no link.
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Conclusão
Disciplina

Macroeconomia

Você conseguiu perceber como a moeda evoluiu ao longo do tempo para facilitar a vida das
pessoas e para ser aprimorada no atendimento das suas funções?
Existem países que querem acabar, num futuro muito próximo, com as moedas e cédulas de
dinheiro. Na Dinamarca, por exemplo, os pagamentos com cédulas e moedas caíram 90% desde
1990.
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Transporte Brasil, em que o Sr. Bruno, gerente
geral da organização, precisa achar uma alternativa para fazer com que os motoristas dos seus
micro-ônibus não exerçam mais tarefas características dos cobradores. Para isso, os
pagamentos das passagens feitos com dinheiro “vivo” (cédulas e moedas metálicas) devem ser
abolidos, e, se lembrarmos dos conceitos apresentados sobre moedas eletrônicas, vamos
entender que o Sr. Bruno pode investir em tecnologia nos micro-ônibus, para que todos os seus
“carros” (no Brasil inteiro) consigam aproveitar as facilidades trazidas pelos smart cards, afinal
de contas a moeda evoluiu (e continua evoluindo) para trazer novas opções aos compradores e
vendedores, não é mesmo?
____________
⚠️Atenção!
Dinheiro e moeda não são sinônimos. Enquanto o dinheiro é uma forma de moeda, a moeda tem
um conceito mais amplo, pois abrange todos os ativos que as pessoas usam para comprar bens
e serviços de outras pessoas.
____________
📌 Lembre-se
O Banco Central do país tem como missão a estabilidade do poder de compra da moeda e a
solidez do sistema financeiro.
Disciplina

Macroeconomia

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Aula 2
Oferta e demanda de moedas e meios de pagamentos

Introdução da Aula

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará sobre a oferta e demanda de moedas e meios de pagamentos, bem
como a Teoria quantitativa da moeda (TQM)

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Analisar a atividade de oferta e demanda;


Conhecer o conceito da moeda;
Disciplina

Macroeconomia

Compreender o processo do multiplicador bancário.

Situação-problema

Olá, estudante!
Nesta aula, vamos ver que não é apenas o governo que tem poder para aumentar ou reduzir a
quantidade de moeda no país, já que os bancos comerciais também conseguem fazer isso, por
meio de um processo chamado de multiplicador bancário (ou multiplicador da base monetária ou
multiplicador monetário), no qual há aumento da moeda escritural. Você já parou para pensar o
que faz os bancos comerciais terem lucro? Apesar de parecer absurdo, os bancos comerciais
usam o seu “suado dinheirinho” para obter lucro. De que forma? Eles pegam parte do dinheiro
que você depositou na sua conta e emprestam para outra pessoa, cobrando juros por essa
transação. Ainda está confuso? Imagine que você está na praia e queira entrar no mar. Antes de
ir para a água, você pede para um amigo guardar o seu dinheiro até você voltar e, enquanto você
está curtindo as ondas, ele pega o seu dinheiro, empresta para alguém e ganha juros com isso.
Quando você voltar do mar, seu amigo te devolve o seu dinheiro, enquanto ele fica com os
recursos financeiros dos juros. Bingo! Essa é forma que os bancos trabalham!
Vamos ver a influência que os bancos comerciais têm sobre o cotidiano das empresas? O Sr.
Rogério é gerente financeiro da Transporte Brasil. Ele será o responsável pela compra de novos
ônibus para a organização, pois a empresa acabou de fechar contratos de concessões de
transporte público municipal. Por ser um investimento muito grande, o Sr. Rogério precisará
viabilizar um financiamento junto a bancos comerciais para a aquisição dos novos “carros”. No
entanto, o Sr. Rogério está preocupado com uma informação, ainda não confirmada, que vem
sendo ventilada nas redes sociais: o governo poderá voltar a confiscar a Caderneta de Poupança
dos brasileiros (como aconteceu em 1990, no governo do presidente Collor). Esse rumor está
levando algumas pessoas a sacarem seus recursos financeiros depositados nos Bancos
Comerciais (tanto das Cadernetas de Poupanças como das Contas Correntes), e o Sr. Rogério
tem a seguinte dúvida: essa retirada de dinheiro dos Bancos Comerciais poderá atrapalhar o
financiamento que ele precisa viabilizar para a Transporte Brasil?
Cabe a você continuar a leitura para saber se o saque, em massa, que as pessoas estão fazendo
para se prevenirem contra o possível confisco, poderá prejudicar o financiamento dos novos
ônibus que o Sr. Rogério precisa viabilizar. Ao final desta aula, você conseguirá entender quais
variáveis influenciam a criação de moeda escritural, num processo que envolve a concessão de
empréstimos feitos pelos bancos comerciais. Vamos prosseguir, então? Mãos à obra!

Oferta e demanda
Disciplina

Macroeconomia

Você já viu que o mercado monetário está equilibrado no momento em que a oferta de moeda é
igual à demanda por moeda. Quando o governo faz política monetária expansionista, ele amplia a
oferta de moeda (o que traz uma redução da taxa de juros básica da economia), aumentando a
produção (e o emprego do país), mas causando inflação, enquanto que, quando o governo faz
política monetária contracionista, ele diminui a oferta de moeda (o que traz um aumento da taxa
básica de juros da economia), diminuindo a produção (e o emprego), mas ajudando no combate
inflacionário. Vimos também que a demanda por moeda aumenta com aumentos na renda, mas
diminui com aumentos dos juros. Lembre-se que essa demanda por moeda se refere à moeda
das pessoas que elas mesmas querem usar (demanda por moeda no bolso), já que todos têm a
opção de usar seu próprio dinheiro, ou emprestá-lo a alguém (em troca de juros). Nesse contexto,
faltou explicar os motivos que levam as pessoas a demandarem moeda (no bolso). No Quadro
4.6, temos a explicação disso:
As pessoas demandam moeda (no bolso) para suas transações diárias, ou seja,
as pessoas precisam ficar com moeda com elas mesmas para comprarem
alimento, combustível, roupa etc. A demanda por moeda para transação surge da
falta de coincidência do momento em que alguém recebe a moeda e que a utiliza
Motivo
para comprar bens e serviços, ou seja, as pessoas não estão prestes a receber um
Transação
dinheiro no exato momento em que precisam pagar por uma coisa e, por isso, elas
mantêm alguma moeda disponível entre os seus recebimentos.
Esse motivo está intimamente relacionado com a renda (quanto maior a renda,
mais dinheiro para comprar bens e serviços as pessoas vão requerer).
Disciplina

Macroeconomia

As pessoas demandam moeda para terem recursos financeiros disponíveis


quando situações imprevistas aparecem, ou quando ocorrem atrasos em
recebimentos esperados. As pessoas não sabem exatamente quanto receberão
Motivo nas próximas semanas nem quais gastos ocorrerão nesse período. Será que o
Precaução pneu do carro vai furar e precisarei pagar um borracheiro? E se eu ficar doente,
como eu vou comprar medicamentos?
Esse motivo também está intimamente relacionado com a renda (quanto maior a
renda, mais dinheiro para comprar bens e serviços as pessoas vão requerer).
Os investidores devem deixar a moeda no bolso (demandar moeda) para fazer
algum novo negócio que se apresenta como muito rentável. Se o investidor tem
um dinheiro aplicado em um investimento que tem uma carência mínima (o
dinheiro, obrigatoriamente, precisa ficar aplicado por "x" meses para que comece
Motivo a render juros) e aparece uma oportunidade de investir em ações que se mostram
Especulação muito rentáveis, por exemplo, ele só conseguirá aproveitar essa oportunidade de
investimento se tiver dinheiro no bolso (já que não poderá tirar o dinheiro aplicado
em um produto financeiro que não cumpriu sua carência mínima).
Este motivo especulação está intimamente relacionado com a taxa de juros
(quanto maior a taxa de juros, menor será a demanda por moeda (no bolso).

Com o quadro acima, podemos completar o assunto da seguinte forma: aumentos na renda e
reduções da taxa de juros básica da economia trazem aumento na demanda por moeda no bolso
(e as pessoas demandarão mais moeda pelos 3 motivos citados acima), enquanto que
diminuições na renda e aumentos na taxa de juros trazem diminuição na demanda por moeda no
bolso (e as pessoas demandarão menos moeda pelos 3 motivos citados no quadro acima). Vale
lembrar que a alteração da demanda por moeda deve acompanhar a mudança na oferta de
moeda (política monetária), para manter o mercado monetário sempre equilibrado.
Nesse ponto, podemos fazer a seguinte indagação: se existem meios de se provocar uma
alteração na demanda por moeda, quando o governo altera a oferta da mesma, por que o país
não imprime um monte de moeda (aumenta a oferta de moeda) e distribui para aqueles mais
pobres? Boa pergunta, hein! Vamos entender o motivo que o governo, infelizmente, não pode
fazer isso, através do entendimento da teoria quantitativa da moeda (TQM).

Teoria quantitativa da moeda (TQM)


Disciplina

Macroeconomia

A teoria quantitativa da moeda (também chamada de equação das trocas) foi formulada para
responder à seguinte pergunta: qual é a quantidade de moeda que o governo deve oferecer
(oferta de moeda) para que exista moda suficiente para a aquisição de todos os bens e serviços
disponíveis na economia? Ou seja, quanto “dinheiro” o governo deve imprimir para não faltar nem
sobrar moeda para comprar aquilo que foi já produzido? A resposta a essa pergunta é feita com
base em uma análise sobre a equação das trocas.
Equação das trocas: M x V = P x Y
Onde: M = Oferta de moeda (quanto de moeda é ofertado na economia)
V = Velocidade de circulação da moeda (quantas vezes a mesma cédula é utilizada na economia)
P = Nível médio de preços
Y = Quantidade total produzida de bens e serviços
Para entendermos como funciona a equação das trocas (TQM), vamos fazer um exemplo bem
prático? Imaginemos que a produção total de um país se restrinja a apenas 1 unidade da
mercadoria A, e 1 unidade da mercadoria B, sendo que tanto a mercadoria A como a mercadoria
B são vendidas por R$ 10,00 cada uma. Se, a partir dessas informações, pensarmos quanto
dinheiro o país deve imprimir para que tenhamos dinheiro suficiente para comprar tanto a
mercadoria A como a mercadoria B, parece simples de enxergar que o governo deveria ofertar R$
20,00 em moeda (R$ 10,00 para comprar A e mais R$ 10,00 para comprar B), certo? Errado.
Como assim errado?
Vamos supor que João tenha R$ 10,00 no bolso e queira comprar a mercadoria A de Paulo: ele
passa R$ 10,00 a Paulo e recebe, em troca, a mercadoria A. Agora, Paulo pega os mesmos R$
Disciplina

Macroeconomia

10,00 recebidos e vai até a loja de André comprar a mercadoria B: ele passa R$ 10,00 a André e
recebe, em troca, o bem B. Viu? Nessa situação, se o governo tivesse imprimido “apenas” R$
10,00, o dinheiro teria sido suficiente para comprar todas as mercadorias disponíveis nessa
economia.
Por que isso acontece? Porque a mesma moeda (cédula) é usada várias vezes (e não apenas
uma única vez), e isso determina a velocidade de circulação da moeda. Assim, se lançarmos
esses últimos dados na equação das trocas, veríamos que, nesse caso, o valor da oferta de
moeda (M) necessário para comprar tudo o que o país produziu seria de R$ 10,00, pois:
Mx2
= R$ 10,00
(?) (A moeda circulou duas x2
(Nível médio de preços: R$ 10,00
vezes: uma, da mão de João (Quantidade total produzida: 1
de A mais R$ 10,00 de B dividido
para a de Paulo; e outra, da de A mais 1 de B = 2)
por 2 mercadorias)
mão de Paulo para André)

Vale ressaltar que, para os economistas clássicos, dois componentes da fórmula da equação das
trocas são assumidos como valores constantes: a velocidade de circulação da moeda (no curto
prazo, mantidas as mesmas circunstâncias, não há motivo para a velocidade de circulação da
moeda ser alterada) e a quantidade total produzida (para os clássicos, a produção (renda)
sempre está no ponto de pleno emprego). Dessa forma, se V e P são constantes, toda vez que o
governo aumenta a oferta de moeda (M), ele traz um aumento do nível médio de preços (P). E aí,
conseguiu entender qual é o motivo do governo não sair imprimindo dinheiro para distribuir aos
mais pobres? O “excesso” de oferta de moeda causa inflação!
_____________
➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre a renda de pleno emprego (trazida pelos clássicos), acesse o link.
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Chegou a hora de entendermos que o conceito de moeda vai muito além do dinheiro e das
moedas metálicas que temos em nossas carteiras. Quando falamos em moeda, devemos ter em
mente os chamados agregados monetários (moedas e quase moedas), que representam os
recursos financeiros que temos de forma física (cédulas e moedas bancárias), bem como
qualquer aplicação financeira que alguém possua. Assim, a moeda vai compreender: o dinheiro
que temos na carteira, os depósitos que fazemos numa conta corrente, os recursos que
deixamos na caderneta de poupança, as aplicações financeiras que fazemos em títulos públicos
e privados, além das aplicações em fundos de renda fixa.

Multiplicador Bancário
Disciplina

Macroeconomia

Esses ativos monetários são classificados pelas siglas M1, M2, M3 e M4 que podem ser mais
bem compreendidos no link. Dessa forma, quando há um aumento da quantidade ofertada de
qualquer moeda (dinheiro vivo mais aplicações financeiras), a inflação vai subir, de acordo com a
TQM. Mas não é só o Banco Central que consegue alterar a quantidade de moeda em uma
economia, pois os bancos comerciais também conseguem fazer isso, pelo processo chamado de
multiplicador bancário, conforme abaixo:
Cliente de um Banco Depósito Conta Encaixe Total Drenagem Novo
Empréstimo
Comercial Corrente (33%) (7%) Depósito
Professor R$1.000,00 R$330,00 R$670,00 R$70,00 R$ 600,00
Loja X R$ 600,00 R$ 198,00 R$ 402,00 R$42,00 R$ 360,00
Loja W R$360,00 R$118,80 ... ... ...
... ... ... ... ... ...
Total até aqui R$ 1.960,00 R$ 646,80

Vamos entender o multiplicador bancário apresentado na tabela anterior? Para isso, vamos supor
que o governo imprimiu R$ 1.000,00 em cédulas e pagou o professor. Ele foi até um banco
comercial qualquer e depositou os R$ 1.000,00 na conta corrente dele. Para obter lucro, o banco
vai emprestar o dinheiro depositado pelo professor, cobrando juros por isso. Mas será que o
banco pode emprestar todo o dinheiro (R$ 1.000,00) que foi depositado?
Não, pois ele precisa manter uma parte do dinheiro guardada para disponibilizar para os saques
dos seus clientes (o percentual do dinheiro depositado que o banco comercial não vai emprestar
(vai deixar guardado) é chamado de encaixe total). No nosso exemplo, dos R$ 1.000,00
depositados pelo professor, o banco guarda 33% (encaixe total), ou seja, R$ 330,00. Os R$ 670,00
restantes (que é a diferença de R$ 1.000,00 depositados menos os R$ 330,00 guardados) o
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Macroeconomia

banco vai emprestar para um cliente qualquer (que vamos chamar de cliente K), que precisa de
R$ 670,00 naquele momento.
Mas o que o cliente K vai fazer com os R$ 670,00 que ele pegou emprestado (afinal, não
pegamos dinheiro emprestado para colocar debaixo do colchão, não é mesmo)? Ele vai pagar
uma parcela do carnê que fez na Loja X, e que vencia naquela data, ou seja, os R$ 670,00
acabaram de ser entregues para o cliente K, mas já foram repassados para a Loja X. A Loja X
pode pegar todo o valor recebido (R$ 670,00) e depositar na conta corrente que possui em um
banco? Claro que pode! No entanto, ela pode pegar uma parte do dinheiro que recebeu e não
depositar (a loja pode deixar uma parte do dinheiro recebido para troco, por exemplo).
Esse percentual do dinheiro que as pessoas e empresas recebem e não colocam nos bancos é
chamado de drenagem. No nosso exemplo, dos R$ 670,00 recebidos pela Loja X, ela “deixou para
troco” R$ 70,00 (a drenagem é calculada sobre o valor que iniciou o processo: R$ 1.000,00 x 7%)
e, portanto, depositou a diferença que é R$ 600,00. Assim, surge um novo cliente no banco
comercial (Loja X) que depositou R$ 600,00. Em cima desses R$ 600,00 é feito todo o processo
novamente: 33% são guardados no caixa do banco comercial (R$ 198,00), e a diferença (R$
402,00) é emprestada para o cliente K (ou outro cliente). O cliente K pega o dinheiro que recebeu
do empréstimo (R$ 402,00) para pagar a Loja W, e dos R$ 402,00 que a Loja W recebeu, R$ 42,00
ficam no caixa da empresa para troco e R$ 360,00 são depositados. Sobre os R$ 360,00,
acontece o mesmo processo...
Veja que interessante: o governo imprimiu R$ 1.000,00 em cédulas; no entanto, se o professor for
ao banco ele tem direito a sacar R$ 1.000,00, se a Loja X for ao banco ela terá direito a sacar R$
600,00, enquanto a Loja W tem direito ao saque de R$ 360,00. Como assim? O governo imprimiu
“só” R$ 1.000,00, mas os clientes bancários têm direito de receber R$ 1.960,00 do banco? Isso
mesmo! Fisicamente (em cédulas e moedas metálicas), essa economia tem R$ 1.000,00
impressos, mas os meios de pagamentos somam R$ 1.960,00! Essa moeda “extra” que apareceu
é a chamada moeda escritural (que só existe na escrita contábil dos bancos), e foi criada por
esse processo bancário (de depósitos, empréstimos e novos depósitos) chamado de
multiplicador bancário.
____________
🔁 Assimile
O encaixe total será a soma do encaixe obrigatório (taxa de compulsório) com o encaixe
voluntário. A taxa de compulsório é um percentual mínimo (do depósito recebido) que os bancos
comerciais precisam, obrigatoriamente, guardar. Ela é estipulada pelo Banco Central para garantir
que os bancos comerciais tenham recursos suficientes para disponibilizarem aos seus clientes
(inclusive, tais recursos ficam recolhidos no caixa do Banco Central). Já o encaixe voluntário é o
percentual que o banco comercial guarda (em seu próprio caixa), acima da taxa de compulsório
(se a taxa de compulsório estipulada pelo governo for de 45%, e o banco comercial guardar 53%
do valor dos depósitos recebidos, por exemplo, significa que o Encaixe Voluntário é 8% (53%
menos 45%)). O encaixe voluntário tende a aumentar em momentos em que os bancos
comerciais preveem que mais clientes vão fazer saques das suas contas.
____________
💭 Reflita
Se você recebesse o seu salário em dinheiro (cédula em cima de cédula), você pegaria todo o
recurso e depositaria na conta corrente do banco, ou será que já pegaria uma parte dele para
comprar alguma coisa? Muito provavelmente, parte do dinheiro que você recebeu, seria usado
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antes de você depositá-lo. Isso é drenagem (parte do dinheiro que as pessoas e empresas
recebem, que acaba não indo para os bancos, em forma de depósitos).
____________
Dessa forma, conseguimos ver que os bancos comerciais conseguem alterar a quantidade de
moeda da economia. Isso significa dizer que, se for criada muita moeda escritural na economia,
teremos inflação (de acordo com a TQM)? Exatamente! Mas, como o governo vai conseguir
controlar a criação de moeda escritural? Simples: é o governo que estipula a taxa de
compulsório!!! Dessa forma, se ele aumentar a taxa de compulsório (o que faz o encaixe total
aumentar), menos moeda escritural será criada (veja isso na tabela a seguir, quando
aumentamos o encaixe total de 33% para 55%, o total de dinheiro que aparece como novos
depósitos é menor, ou seja, menos moeda escritural é criada), ou seja, aumentando a taxa de
compulsório, o governo faz política monetária contracionista. Já, se o governo diminuir a taxa de
compulsório, mais moeda escritural será criada, e isso é uma situação de política monetária
expansionista.

O multiplicador bancário com aumento da taxa de compulsório

Cliente de um Banco Depósito Conta Encaixe Total Drenagem Novo


Empréstimo
Comercial Corrente (55%) (7%) Depósito
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Professor R$1.000,00 R$550,00 R$450,00 R$70,00 R$ 380,00


Loja X R$ 380,00 R$ 209,00 R$ 171,00 R$26,60 R$ 144,40
Loja W R$ 144,40 R$ 79,4 ... ... ...
... ... ... ... ... ...
Total até aqui R$ 1.524,40 R$ 838,42

Esse assunto é bem interessante, não é mesmo? Vale ressaltar que o governo também pode
alterar a taxa de redesconto para fazer política monetária. A taxa de redesconto é a taxa de juros
que o Banco Central cobra ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais. Você deve estar se
perguntando: mas por qual motivo os bancos comerciais tomariam dinheiro emprestado do
Banco Central?
Caso os Bancos comerciais não tenham guardado dinheiro suficiente para disponibilizar aos
seus clientes (ou porque houve um aumento de demanda inesperado por saques, ou porque
muitos clientes que tomaram dinheiro emprestado no Banco Comercial não estão pagando pelos
empréstimos recebidos), o Banco Central vai “socorrê-los” através da concessão de empréstimos
(e cobrará juros – taxa de redesconto – por essa operação).
Assim, se o governo aumentar a taxa de redesconto, ele fará política monetária contracionista,
pois, se os bancos comerciais tiverem de pagar juros maiores para tomar dinheiro emprestado
no Banco Central (a taxa de redesconto está maior), eles evitarão pegar esse dinheiro
emprestado, ou seja, eles guardarão, voluntariamente (encaixe voluntário), mais dinheiro (se eles
guardam mais dinheiro, o encaixe total é ampliado, fazendo com que menos moeda escritural
seja criada, conforme Tabela acima). Enquanto isso, ao diminuir a taxa de redesconto, o governo
fará política monetária expansionista (pois os Bancos comerciais diminuirão seus encaixes
voluntários, já que, se precisarem tomar dinheiro emprestado no Banco Central, vão pagar juros
mais baixos, pois a taxa de redesconto diminuiu).
Assim, podemos completar as maneiras que o governo tem para fazer política monetária, com os
dados contidos:
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Macroeconomia

Como o governo faz política monetária | Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Vale ressaltar que uma alteração na drenagem também vai impactar na criação de moeda
escritural. O quanto de moeda as pessoas não vão depositar nos bancos é uma decisão
individual de cada pessoa. Assim, se as pessoas começarem a tirar seus recursos financeiros
dos Bancos Comerciais (ou porque estão com medo que aquele banco não está saudável
financeiramente, ou por uma preocupação relacionada a alguma nova lei que o governo possa
criar, que vai reter o dinheiro das pessoas nas instituições bancárias (como aconteceu com o
confisco da Caderneta de Poupança no governo do presidente Collor), ou por uma expectativa de
guerra, terremoto, maremoto etc.) e não mais depositá-los (ou seja, se houver um aumento da
Drenagem), isso vai diminuir a criação de moeda escritural, conforme tabela abaixo.
Cliente de um Banco Depósito Conta Encaixe Total Drenagem Novo
Empréstimo
Comercial Corrente (33%) (20%) Depósito
Professor R$ 1.000,00 R$330,00 R$670,00 R$200,00 R$ 470,00
Loja X R$ 470,00 R$ 155,10 R$ 314,90 R$94,00 R$ 220,90
Loja W R$220,90 R$72,90 ... ... ...
... ... ... ... ... ...
Total até aqui R$ 1.690,90 R$ 558,00

Se compararmos a primeira tabela com a terceira, vemos que o aumento da drenagem de 7%


para 20% diminui a criação de moeda escritural (novos depósitos). Isso acontece porque, se as
pessoas depositam menos dinheiro nos bancos comerciais (pelo aumento da drenagem), os
bancos terão menos recursos financeiros para emprestar, fazendo com que os novos depósitos
diminuam. Essa situação pode ser tão grave que pode trazer a falta de recursos nos bancos
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Macroeconomia

comerciais para serem emprestados para o investimento produtivo das empresas e para as
compras (a prazo) das famílias.
__________
📝 Exemplificando
Para fazer política monetária expansionista, o governo deve:

1. aumentar a taxa de compulsório;


2. vender títulos públicos;
3. aumentar a taxa de redesconto;
4. diminuir os tributos;
5. diminuir a taxa de compulsório.

Resposta correta: letra e. Para fazer Política Monetária Expansionista, o governo deve aumentar a
oferta de moeda (papel-moeda e moeda escritural). Para aumentar a quantidade de moeda
escritural, os bancos devem emprestar mais dinheiro (guardar menos recursos financeiros), e
isso acontecerá quando o governo diminuir a taxa de compulsório do país.
__________

Conclusão

Você conseguiu perceber por quais motivos as pessoas demandam moeda (no bolso) e como se
dá o processo do multiplicador bancário?
Disciplina

Macroeconomia

De acordo com matéria publicada pelo site do UOL, pelo motivo de precaução, algumas pessoas
resolveram demandar mais moeda, tirando suas economias da caderneta de poupança, após
ouvirem o rumor que o governo confiscaria tais valores. Apesar de uma Emenda à Constituição
(feita em 2001) proibir novos confiscos, os brasileiros ainda ficam temerosos com tais boatos, já
que o ocorrido em 1990 foi bastante traumático. Rumores sobre o setor bancário são muito
perigosos, pois vimos que os bancos comerciais guardam apenas um percentual de todos os
depósitos que recebem, fazendo com que uma “corrida dos clientes para sacarem seus recursos”
possa levar as instituições financeiras à falência.
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Transporte Brasil, em que o gerente financeiro,
Sr. Rogério, precisa viabilizar um empréstimo (junto aos bancos comerciais) para adquirir novos
ônibus para a empresa. Se houvesse uma grande retirada, via saques, dos recursos financeiros
dos bancos comerciais (estimulados por um rumor sobre o confisco da caderneta de poupança),
iríamos nos deparar com uma situação de elevação da drenagem no sistema financeiro.
Dessa forma, voltando aos conceitos sobre o que acontece com a criação da moeda escritural
quando a drenagem é ampliada, conseguiremos perceber se os Bancos Comerciais teriam
condições (ou não) de atender ao empréstimo que será requisitado pelo Sr. Rogério. Nesse
contexto, o entendimento de como funciona o multiplicador bancário é fundamental para que o
Sr. Rogério entenda o que pode acontecer com os empréstimos na economia brasileira, caso os
rumores ganhem força para direcionarem as decisões das pessoas.
___________
⚠️Atenção!
A elevação ou diminuição da drenagem é uma variável que independe da vontade do governo,
pois cabe a cada pessoa, individualmente, decidir se quer levar seus recursos financeiros para os
bancos comerciais (ou não).
___________
📌 Lembre-se
A taxa de compulsório que influencia o multiplicador bancário é estipulada pelo governo.
___________

Aula 3
Funções e papéis do Banco Central

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você estudará sobre as funções e os papéis do Banco Central

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Conhecer como ocorreu o surgimento do Banco Central;


Analisar os papéis essenciais do Banco Central;
Identificar as funcionalidades do Banco Central.

Situação-problema

Olá, estudante!
Nesta aula, vamos ver que o Banco Central tem diversos papéis na economia brasileira. Suas
ações não ficam restritas à execução da política monetária e da política cambial, como vimos
anteriormente, já que ele atua também como banco do governo e como banco dos bancos, além
de ter um papel fundamental na saúde de todo o sistema financeiro do país. O Banco Central tem
1.001 utilidades! Assim, ele vai atuar como um “médico da economia” do país, trabalhando de
forma preventiva, em algumas situações, e emergencial, em outras situações. Quer ver como isso
funciona?
Se uma pessoa procurar um médico sem ter nenhum tipo de doença, esse profissional atuará de
maneira preventiva junto ao paciente, para que ele continue saudável (assim, o Banco Central, por
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Macroeconomia

exemplo, pode trazer regras que o sistema financeiro deve seguir, para não ser acometido por um
problema sério); já se uma pessoa procurar um médico em um momento em que já tem uma
doença crônica, ele terá de atuar de forma emergencial para salvar a vida do paciente (assim, o
Banco Central pode interferir no sistema financeiro, para que ele não entre em colapso, por
exemplo).
Lembra do Sr. Rogério, gerente financeiro da Transporte Brasil? Devido ao bom momento
financeiro da empresa, fazia 5 meses que ele aplicara quase R$ 10 milhões em renda fixa, no
Banco Garantido. A ideia do Sr. Rogério era manter esse dinheiro aplicado por pelo menos 2 anos,
para que a alíquota de imposto de renda que incide sobre o rendimento dessa aplicação fosse
caindo ao longo do tempo, fazendo a Transporte Brasil ganhar mais com essa operação (a
alíquota do imposto de renda é de: 22,5% para aplicações que durem até 6 meses; 20% para
aplicações que durem entre 6 e 12 meses; 17,5% para aplicações que durem entre 12 e 24
meses; e 15% para aplicações que durem 24 meses ou mais.
No entanto, informações veiculadas nos meios de comunicação dizem que o Banco Garantido
está com problemas para arcar com seus compromissos financeiros, deixando o mercado em
estado de alerta. Nessa situação, será que o Sr. Rogério deve sacar imediatamente todo o
dinheiro aplicado no Banco Garantido (deixando de aproveitar os benefícios das alíquotas de
imposto de renda decrescentes ao longo do tempo), ou será que o Banco Central pode fazer
alguma coisa para que o Banco Garantido se recupere, fazendo com que o Sr. Rogério não
precise sacar o dinheiro de imediato (o que diminuiria a alíquota do imposto de renda que a
Transporte Brasil iria pagar nos meses seguintes)?
Cabe a você continuar a leitura para saber se o Banco Central pode (ou não) socorrer o Banco
Garantido, já que isso vai influenciar na decisão do Sr. Rogério. Afinal de contas, o não
aproveitamento das alíquotas decrescentes do imposto de renda pode fazer a Transporte Brasil
deixar de ganhar bastante dinheiro. Ao término desta aula, você conseguirá entender todas as
funções do Banco Central e verá até onde esse banco pode intervir na economia monetária do
país. Vamos prosseguir, então? Mãos à obra!

Breve histórico do Banco Central


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Macroeconomia

Você já viu que, muito tempo atrás, as pessoas começaram a depositar o metal (a moeda
metálica) que possuíam em casas de custódia (antigos bancos), recebendo papéis que
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Macroeconomia

comprovavam o depósito e que garantiam sua total conversão em metal. Logo depois, os
banqueiros perceberam que uma parcela do metal depositado sempre ficava ociosa (os donos
daquele metal não requeriam toda a moeda metálica que haviam depositado ao mesmo tempo),
o que trouxe a possibilidade de essas casas de custódia começarem a emprestar esse metal
para outros agentes econômicos, mediante a emissão de papéis sem lastro (o que fez surgir o
papel moeda).
Dessa forma, os bancos comerciais (casas de custódia) começaram a trabalhar como
intermediadores financeiros, ou seja, eles (além de servirem de “cofre” para os recursos
financeiros) começaram a viabilizar a aproximação dos poupadores de moeda (aqueles que
depositavam a moeda metálica) e dos tomadores de empréstimos (aqueles que aceitavam pagar
juros para financiar seus déficits, com moeda emprestada). Você consegue enxergar uma
proximidade da atividade das casas de custódia com as operações de empréstimo que são feitas
nos dias de hoje pelos bancos comerciais?
À medida que as transações financeiras (bancárias) vão ficando mais complexas e (totalmente)
baseadas na confiança dos participantes do sistema financeiro (já que a moeda se tornou
inconversível e sem lastro), aparece a necessidade de um órgão fiscalizador e regulador: o Banco
Central. No Brasil, o Banco Central foi criado em 31 de dezembro de 1964, pela Lei 4.595. Isso
significa dizer que não tínhamos bancos comerciais no Brasil, que precisavam ser regulados
antes desse período? Não! O Banco do Brasil, por exemplo, existe desde 1808, com a vinda da
corte portuguesa para as nossas terras.
Então, podemos dizer que antes de 1965 não tínhamos uma instituição que organizava e
regulamentava o lado monetário da economia? Mais ou menos, pois antes de 1965, as funções
que são desempenhadas pelo Banco Central nos dias de hoje eram divididas entre: a
Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), o Banco do Brasil, e o Tesouro Nacional. No
quadro abaixo, vemos como eram divididos os papéis da autoridade monetária do país:
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Macroeconomia

Papéis desempenhados antes da criação do Banco Central | Fonte: Adaptado de Parkin (2009, p. 764)

O papel do Banco Central

Hoje em dia, apenas o Banco Central assume todas as funções que antes eram feitas pelos 3
órgãos (haja trabalho, hein?). Ele está inserido no Sistema Financeiro Nacional (SFN), estando
submetido ao Conselho Monetário Nacional (CMN), sendo o órgão executivo central deste, de
acordo com o quadro a seguir:
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Macroeconomia

Instituições do Sistema Financeiro Nacional que compõem o Conselho Monetário Nacional | Fonte: Adaptado de Parkin (2009,
p. 765)

Assim, seguindo as diretrizes das decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco
Central tem dois papéis essenciais: 1 – fiscalizar, regular e controlar os intermediários
financeiros para garantir a solidez do Sistema Financeiro Nacional; e 2 – promover a estabilidade
da economia, através da estabilidade dos preços (que evita uma desvalorização da moeda
nacional). Para cumprir esses papéis, o Banco Central precisa fazer uso de todas as suas
funções que foram destacadas no quadro abaixo:
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Macroeconomia

Funções do Banco Central | Fonte: Adaptado de Parkin (2009, p. 765)

Quando estudamos as características do papel-moeda, vimos que existe um monopólio estatal


de emissão. Esse monopólio de emissão de moeda está centralizado no Banco Central. Você
pode estar se perguntando: então, para que serve a Casa da Moeda? A Casa da Moeda apenas
fabrica a moeda, ou seja, toda a confecção (impressão) das cédulas e toda a cunhagem da
moeda metálica é feita na Casa da Moeda.
Já ao Banco Central, cabe a decisão se o país deve aumentar a oferta de moeda (emitir mais
moeda), ou diminuir a oferta de moeda (retirar meios e pagamentos de circulação), sendo que
tais decisões estão relacionadas à política monetária do governo. Funciona mais ou menos
assim: se o Banco Central mandar, a Casa da Moeda imprime mais cédulas para aumentar a
emissão de moeda.
___________
🔁 Assimile
Emitir moeda e imprimir moeda são dois conceitos diferentes. A emissão de moeda está
relacionada com a alteração da quantidade dos meios de pagamentos do país. Já a impressão
de moeda se refere ao processo de produção física das cédulas e moedas metálicas.
___________
Você possui uma conta corrente aberta em algum Banco Comercial onde você coloca o dinheiro
que ganha? Pois o governo federal tem uma “conta corrente” no Banco Central. Dessa forma, o
Banco Central é o Banco do Governo, uma vez que é nesse banco que a União (governo federal)
deposita todos os recursos financeiros arrecadados com os tributos, bem como é dali que saem
os pagamentos da Federação. Nas finanças públicas, existe um princípio chamado de unidade de
caixa, o qual obriga que qualquer tipo de receita arrecadada pela União seja recolhido na Conta
Única do Tesouro Nacional, mantida junto ao Banco Central. Mas como o governo federal faz
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Macroeconomia

para transferir dinheiro para as unidades gestoras, se não existe agência do Banco Central
espalhada pelo Brasil? A operacionalização das contas públicas é feita pelo Banco do Brasil.

A função do Banco Central

A função do Banco Central de ser o banco dos bancos é bastante ampla. Nela, o Banco Central é
responsável por ser o depositário das reservas bancárias e fornecer empréstimo aos Bancos
Comerciais. Lembra que os bancos comerciais não podem emprestar todo o dinheiro recebido
dos depósitos? Pois os recursos que não são emprestados pelos bancos comerciais
(estipulados pela taxa de compulsório) ficam “retidos” no Banco Central, que é o depositário das
reservas bancárias. Já o fornecimento de empréstimo aos bancos comerciais acontece quando
muitos clientes resolvem sacar recursos desses bancos, fazendo com que eles fechem o dia
com mais saques do que depósitos.
Quando isso acontece, um banco comercial pode (e isso acontece frequentemente) emprestar
dinheiro para outro banco comercial (o chamado mercado interbancário), mas, se uma grande
quantidade de bancos comerciais fechar o dia com “saldo negativo” (mais saques do que
depósitos), o Banco Central pode emprestar recursos financeiros a eles (cobrando uma taxa de
juros por essas operações, que é chamada de taxa de redesconto). Esse financiamento do Banco
Central aos bancos comerciais também pode acontecer quando uma situação mais grave é
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Macroeconomia

apresentada a algumas instituições financeiras: a possibilidade de quebra de um banco


comercial.
Se um banco comercial atravessar um grave problema de liquidez (ou seja, se muitas
pessoas/empresas que tomaram dinheiro emprestado nesse banco derem calote nessa
instituição), tal banco pode ficar com pouco recurso financeiro para disponibilizar para os
clientes sacarem, fazendo com que empréstimos “pequenos” diários não sejam suficientes para
reverter tal situação. Dessa forma, para evitar a falência do banco comercial, o Banco Central
pode emprestar a ele uma quantia vultuosa em dinheiro, aumentando a sua liquidez e impedindo
a quebra dele. Nessa situação, dizemos que o Banco Central agiu como emprestador de última
instância, dando tempo ao banco socorrido de melhorar a sua situação financeira.
Sendo o superintendente do sistema financeiro, o Banco Central precisa normatizar, controlar e
fiscalizar as atividades das instituições financeiras do país. Assim, o Banco Central, além de
construir todo o arcabouço de leis, normas e diretrizes que deverão ser cumpridas pelas
instituições financeiras, também fará a fiscalização sobre os Bancos Comercias, Bancos de
Investimento e Bancos Múltiplos, ou através de vistorias, ou pela análise e avaliação das
informações passadas por esses bancos à sociedade e a outras entidades (como a ANBIMA –
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para mostrar a constante preocupação do Banco Central com o bom funcionamento do Sistema
Financeiro, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (forma de transferência de recursos e
liquidações entre os agentes econômicos) foi todo reformulado em 2002, com o intuito de
reduzir o risco dos nossos bancos. Vale destacar que também é o Banco Central que concede
uma autorização para que novas instituições financeiras possam funcionar.
____________
💭 Reflita
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) possui
provas (avaliações) para certificar os profissionais que atuam em diversas áreas de bancos
comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de
valores mobiliários e consultores de investimento, para melhorar a qualificação dos
trabalhadores do sistema financeiro. De que forma tais certificações podem melhorar o sistema
financeiro como um todo?
____________
Como executor da política monetária e da política cambial, o Banco Central tem um papel ativo
nas políticas macroeconômicas do país. Como essas duas políticas já foram bastante estudadas
em aulas anteriores, cabe apenas destacar que o Banco Central é depositário das reservas
internacionais do país, ou seja, é no Banco Central que as moedas estrangeiras recebidas pelas
transações internacionais ficam guardadas, já que não podem circular pela economia brasileira.
O Banco Central também assessora, economicamente, o governo. Isso acontece via pesquisas
realizadas pelo Banco Central, principalmente com informações relacionadas à economia
monetária (projeções de inflação, estabilidade financeira, risco de crédito etc.), que serão
utilizadas para a tomada de decisão do governo sobre vários assuntos (estudos sobre a inflação,
por exemplo, serão utilizados pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) no estabelecimento e
controle das metas inflacionárias, lembra?).
____________
📝 Exemplificando
Em termos hierárquicos, o Banco Central:
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Macroeconomia

1. está subordinado aos bancos comerciais.


2. está no mesmo nível dos bancos comerciais.
3. está subordinado ao Conselho Monetário Nacional.
4. está subordinado à Comissão de Valores Mobiliários.
5. está subordinado à Bolsa de Valores.

Resposta correta: 3. O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão que tem a


responsabilidade de fazer o Sistema Financeiro Nacional (SFN) funcionar de maneira correta. O
Banco Central está submetido ao CMN, sendo o órgão executivo central do SFN.
____________
💪 Faça você mesmo
Veja o link e saiba quais são os outros órgãos normativos que compõem o Sistema Financeiro
Nacional.
____________

Conclusão

Você conseguiu entender o leque de funções que estão sob a responsabilidade do Banco
Central?
De acordo com uma reportagem publicada pelo site InfoMoney, apesar de ser uma situação
muito improvável, nem mesmo os principais bancos brasileiros estão livres de uma situação
financeira de vulnerabilidade. No nosso país, em algumas situações já vimos bancos conhecidos
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Macroeconomia

quebrarem (por exemplo: Bamerindus (os mais velhos vão se lembrar do jingle “o tempo passa, o
tempo voa, mas a Poupança Bamerindus continua numa boa...”), Econômico, Nacional (lembra do
boné que o Ayrton Senna usava?)), enquanto que, em outras situações, as medidas emergenciais
tomadas impediram a quebra de uma instituição financeira (como aconteceu com o Banco
Panamericano, que era do apresentador Silvio Santos).
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Transporte Brasil, em que o gerente financeiro,
Sr. Rogério, precisa decidir entre manter o dinheiro da empresa aplicado por mais tempo no
Banco Garantido (para pagar uma alíquota de imposto de renda mais baixa), ou sacar todos os
seus recursos financeiros de lá, já que as últimas notícias indicam que o Garantido passa por um
momento financeiro delicado.
Se voltarmos aos conceitos apresentados, veremos que o Banco Central pode socorrer o Banco
Garantido, fazendo valer uma das suas funções, já que a quebra de um Banco Comercial traria
prejuízos irreparáveis para muitas empresas e pessoas, além de trazer problemas sérios para
todo o sistema financeiro do país. Cabe saber se o Sr. Rogério teria sangue frio suficiente para
manter seus recursos aplicados em um banco que precisa de ajuda financeira, não é mesmo?
__________
⚠️Atenção!
O Banco Central não concede apenas empréstimos emergenciais. Muitas vezes, o Banco Central
concede empréstimos para contornar situações de baixa liquidez, de curtíssimo prazo (em
determinado dia, um banco teve um número de saques superior ao volume de depósitos,
precisando tomar dinheiro emprestado, mas, no dia seguinte, essa situação já pode ter sido
revertida).
__________
📌 Lembre-se
A taxa de redesconto é a taxa de juros que o Banco Central cobra ao emprestar recursos
financeiros aos bancos comerciais.
__________

Aula 4
Funções e papéis dos bancos comerciais

Introdução da Aula
Disciplina

Macroeconomia

Qual é o foco da aula?

Nesta aula, você entenderá quais as funções e os papéis dos bancos comerciais

Objetivos gerais de aprendizagem

Ao longo desta aula, você irá:

Compreender a importância dos bancos no processo de poupança-investimento;


Identificar as funcionalidades dos bancos comerciais;
Entender a relação dos bancos comerciais com o Banco Central.

Situação-problema

Olá, estudante!
Nesta aula, vamos focar a análise nas funções e papéis dos bancos comerciais. Quem nunca se
indignou com as informações apresentadas em noticiários econômicos que mostram que o lucro
dos bancos comerciais vem batendo recordes atrás de recordes no Brasil? Ou ainda mais: quem
nunca se inquietou com as informações de que a elevação da taxa de juros só traz benefícios
para esses bancos? Quando você olha no extrato da sua conta corrente e vê aquele monte de
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Macroeconomia

tarifa e taxa que o banco lhe cobra, não consegue entender todo o trabalho que acontece nos
bastidores do sistema financeiro e toda a importância e relevância dos bancos comerciais para
qualquer economia. Dessa forma, vamos deixar nossa indignação de lado, para entendermos
quais são os papéis dos Bancos Comerciais na economia.
Vamos agora voltar nossos olhos para a empresa Transporte Brasil? O Sr. Rogério, gerente
financeiro da empresa, está constantemente em contato com o gerente do Banco Dinheirão que
administra a conta corrente da Transporte Brasil. Não é incomum ele ligar para o Banco pedindo
redução das tarifas cobradas, linhas especiais de crédito, e dicas para uma melhor administração
do dinheiro da empresa. Ultimamente, o Sr. Rogério tem percebido que o gerente do Banco tem
estado muito mais presente no seu cotidiano, tanto que, agora, é o gerente do Dinheirão que tem
ligado, quinzenalmente, para ele. Na última ligação que recebeu do Banco, o Sr. Rogério ficou
intrigado: por que será que o gerente do Dinheirão insiste tanto para ele tirar o dinheiro da Conta
Corrente, para investir em uma aplicação a prazo, que renda juros?
Apesar de não fazer sentido um Banco pedir para você tirar dinheiro da Conta Corrente (que o
Banco não precisa pagar juros), para colocar em uma aplicação a prazo (que ele precisará ter um
gasto com juros), há uma lógica por detrás disso. Cabe agora a você continuar a leitura para
entender as razões dessa insistência do gerente do Dinheirão.
Vamos prosseguir, então? Mãos à obra!

Processo de poupança-investimento
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Você concorda que para que a economia possa crescer, é necessário que a sociedade invista em
seu próprio futuro? Nas sociedades primitivas (que viviam basicamente da atividade agrícola), as
pessoas tinham de separar parte daquilo que haviam produzido, para conseguirem plantar no
período seguinte (se possível, numa escala ainda maior).
Assim, se aquelas pessoas consumissem (comessem) todo o alimento colhido, não restaria
nada para ser colocado no próximo processo produtivo. Já nas sociedades modernas, a maior
parte do investimento não está tão relacionada com a decisão de não consumir todas as
mercadorias produzidas, mas tem relação com a capacidade que a sociedade possui para
poupar recursos financeiros (que poderiam ser utilizados para a compra de bens e serviços), para
colocá-los na aquisição de máquinas e equipamentos que serão utilizados no aumento do
volume produzido de bens e serviços. Conseguiu entender o princípio da possibilidade do
crescimento econômico? As pessoas devem poupar, para que esse dinheiro seja investido na
renovação e ampliação da produção da economia. É a poupança que traz a possibilidade do
investimento (aquisição de máquinas e equipamentos) e, portanto, do crescimento produtivo!

Papel do banco no processo de poupança-investimento


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Com um papel muito importante nesse contexto, temos os bancos. Mas por qual motivo os
bancos têm tanta importância nesse processo poupança-investimento? Porque os bancos
servem como intermediadores financeiros entre os poupadores e os investidores, ou seja, é nos
bancos que se forma uma relação de crédito entre duas partes distintas, em que os
acumuladores de recursos financeiros (que não querem empregá-los produtivamente) podem
transferir tais recursos, com o intermédio de um banco, para aqueles dispostos ao investimento
produtivo. Quando um banco empresta dinheiro para uma empresa, ele usa parte do dinheiro
depositado em conta corrente (ou qualquer aplicação financeira) por uma pessoa e o repassa
(cobrando uma taxa de juros por essa transação) para uma empresa comprar uma máquina, por
exemplo.
O conceito do que é Banco é bastante vago. De acordo com Carvalho et al. (2000, p. 253),
“embora não haja definição universalmente aceita do que constitui um banco, o sistema bancário
é normalmente tomado como compreendendo os intermediários financeiros que captam
recursos sob a forma de depósitos”. Seguindo as informações trazidas pelo site da Federação
Brasileira de Bancos – FEBRABAN, podemos dividir os bancos em 3 tipos, de acordo com o
exposto no quadro abaixo:

Tipos de bancos | Fonte: Elaborado pelo autor

No quadro a seguir, vemos as definições desses 3 bancos, de acordo com o site do Banco
Central.
Instituições financeiras públicas ou privadas que concedem financiamentos de
Bancos curto e médio prazos para empresas e pessoas físicas. Fazem a captação dos
comerciais recursos financeiros via depósitos à vista (contas correntes), podendo também
captar depósitos a prazo.
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Instituições financeiras privadas que concedem financiamentos de médio e


longo prazos para empresas, além de prestarem serviços especializados em
Bancos de operações de participação societária de caráter temporário, tais como: oferta
investimento inicial de ações, operações internacionais, e administração de carteiras de
investimentos. Fazem a captação de recursos financeiros apenas via depósitos
a prazo (não possuem Contas Correntes).
Instituições financeiras públicas ou privadas que prestam vários serviços
bancários (misturam os serviços de Bancos Comerciais e Bancos de
Bancos
Investimentos, além de poderem atuar com desenvolvimento, crédito
múltiplos (ou
imobiliário, arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento).
universais
Itaú, Bradesco, Santander, HSBC, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal
são exemplos de bancos múltiplos.

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➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre as particularidades de cada tipo de Banco, acesse o link.
___________

Bancos comerciais

Conseguiu perceber que os bancos comerciais (e bancos múltiplos que desempenham papéis de
bancos comerciais) são os únicos a receberem depósitos à vista? Você pode estar se
perguntando: mas o que leva as pessoas a fazerem depósitos à vista (em conta corrente), ao
invés de manterem o dinheiro consigo mesmas, já que tais depósitos não são remunerados com
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o acréscimo de juros? As respostas a essa pergunta são: comodidade e segurança. Mas, para
deixarem seus recursos financeiros depositados em um local mais seguro (segurança) do que
em suas próprias casas (ou carteiras), e num local que permita uma diversidade maior
(comodidade) de formas de pagamentos (cheques, transferências bancárias, cartões de débito
etc.), as pessoas devem acreditar na solidez do banco. Isso acontece porque, além de ser
intermediador financeiro, os bancos comerciais tem como papel o fornecimento de crédito (o que
faz dos bancos comerciais, agentes de criação de moeda). Com isso, podemos dizer que os
bancos comerciais são, antes de qualquer coisa, administradores de risco.
Para os bancos comerciais, sempre há o risco de os clientes depositantes decidirem sacar seus
recursos ao mesmo tempo (mesmo que não haja nenhuma notícia negativa sobre a liquidez
desse banco). Para isso, eles devem conseguir analisar em que momento devem emprestar mais
dinheiro (fornecer crédito), e quando devem aumentar seus encaixes totais (percentual do
dinheiro que foi depositado, o qual o Banco Comercial não empresta ao público em geral, como
já estudamos).
Buscando minimizarem os riscos de saques “excessivos”, os bancos comerciais podem tentar
diversificar suas fontes de depósito, através de depósitos a prazo, pois, apesar de os depósitos a
prazo exigirem dos bancos o pagamento de juros aos aplicadores, eles trazem a vantagem da
informação antecipada de quando (em qual data) os clientes farão (provavelmente) os saques, já
que exigem um período mínimo (carência) que o depósito precisa ficar aplicado, para que
comece a render juros. No entanto, à medida que são diversificados os tipos de depósitos que os
clientes fazem nos bancos comerciais, abrem-se novas portas para tais instituições financeiras
fornecerem crédito, o que aumenta o risco de se emprestar recursos para tomadores de
empréstimo que vão dar o calote no banco (para minimizarem esses riscos, os bancos precisam
fazer uma análise criteriosa para saber para quem eles poderão emprestar dinheiro (quais
pessoas ou empresas possuem o histórico de boas pagadoras)). Isso parece uma bola de neve,
não é mesmo? Quanto mais os bancos tentam se proteger contra os perigos da liquidez (que são
inerentes às instituições bancárias), mais situações de risco eles precisam conseguir
administrar.
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🔁 Assimile
A liquidez bancária está relacionada com a possibilidade dos bancos em arcarem com seus
compromissos financeiros, no momento em que acontecem. Assim, se um cliente quiser fazer
um saque da sua conta corrente no dia de hoje, o banco precisa ter esse recurso financeiro para
passar ao sacador. Caso não o possua, o banco está enfrentando problemas de liquidez.
____________

Bancos comerciais X Banco Central


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Também é importante dizer que os bancos comerciais mantêm um relacionamento muito


próximo com o Banco Central. Já vimos que o Banco Central tenta minimizar os riscos do
sistema financeiro com a estipulação da taxa de compulsório e da taxa de redesconto. No
entanto, também precisamos perceber que o aparecimento de um Banco Central regulador só
acontece pela incapacidade de autorregulação dos próprios bancos comerciais, já que, por
emprestarem, parcialmente, recursos que não lhe pertencem, os bancos comerciais estão numa
constante situação de risco de incorrerem em baixa liquidez (a ganância desses bancos poderia
levá-los a emprestar mais dinheiro do que deveriam). Assim, o respaldo do Banco Central como
regulador e emprestador de última instância (ambas situações já estudadas anteriormente)
aparece como forma de controle e garantia de sobrevivência do sistema financeiro.
___________
💭 Reflita
Será que a função de emprestador de última instância do Banco Central (que trouxe maior
solidez ao sistema financeiro) não poderia fazer os bancos comerciais abusarem dos
empréstimos de alto risco, já que, se algum problema acontecesse, eles teriam o respaldo (ajuda)
do próprio Banco Central?
___________

Podemos dizer também que os bancos comerciais se sujeitam ao Banco Central no momento
em que estão iniciando suas atividades, já que é o Banco Central que concede as licenças de
funcionamento das instituições financeiras.
____________
📝 Exemplificando
Com relação à captação de recursos:
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1. os bancos de investimento recebem depósitos à vista e a prazo.


2. os bancos comerciais só captam depósitos à vista.
3. os bancos de investimento só recebem depósitos à vista.
4. os bancos comerciais não podem receber depósitos a prazo.
5. os bancos de investimento só recebem depósitos a prazo.

Resposta correta: 5. Os bancos de investimento fazem captação de recursos financeiros apenas


via depósitos a prazo (não possuem contas correntes).
____________
💪 Faça você mesmo
Vá até um caixa eletrônico, ou acesse o internet banking, e veja quantas opções de aplicação
financeira você tem à sua disposição. Reflita por que os bancos trazem tantas opções de
investimento financeiro aos seus clientes.
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Conclusão

Conseguiu entender os papéis dos bancos comerciais e como eles se relacionam com o Banco
Central?
Você já deve ter percebido que a atual postura de relacionamento dos bancos comerciais com
seus clientes está muito mais ativa. Hoje em dia, é bastante comum o gerente da conta corrente
ligar para o cliente oferecendo produtos bancários (seguros de vida, seguro de automóvel, planos
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de aposentadoria, títulos de capitalização etc.) e linhas especiais de crédito e de aplicações


financeiras (existem várias possibilidades de aplicação dos recursos financeiros, de acordo com
o perfil de cada investidor, bem como diversas linhas de crédito disponíveis). De acordo com
notícia do Valor Econômico, um grande banco nacional fez uma ação para a identificação de
novas empresas tomadoras de crédito que estavam, até então, fora da mira desse banco, pois a
crise da economia brasileira diminuiu o volume de empréstimos concedidos aos empresários. Ou
seja, diante de tantos problemas trazidos pela crise econômica nacional, os bancos comerciais
estão fazendo uso do chamado marketing bancário (ferramentas de marketing destinadas ao
mercado dos bancos) para melhorarem seus resultados.
Nesse contexto, voltamos à situação da empresa Transporte Brasil. O gerente financeiro da
organização, Sr. Rogério, não entende os motivos que fazem o gerente do Banco Dinheirão (que
administra a carteira de recursos da Transporte Brasil) insistir tanto para que ele retire o dinheiro
que a empresa tem em conta corrente, passando a colocá-lo numa aplicação a prazo, que vai
render juros. Isso parece ilógico, pois, ao estimular os depósitos a prazo, o banco tem que
desembolsar dinheiro para pagar juros à Transporte Brasil (coisa que não acontece quando a
empresa mantém seus recursos em Conta Corrente).
Para entendermos isso, temos de lembrar alguns conceitos trazidos nesta aula relacionados aos
riscos de liquidez que os bancos comerciais precisam administrar. Tais bancos estão em
constante pressão, pois, além de poderem levar calote daquelas pessoas e empresas que
tomaram dinheiro emprestado, eles não sabem exatamente quando os seus clientes vão querer
realizar os saques de suas contas correntes. A incerteza que circula o mercado bancário é muito
grande. Ferramentas que tragam uma previsibilidade maior ao setor são sempre muito bem-
vindas.
____________
⚠️Atenção!
O marketing bancário é a inclusão do marketing nas instituições financeiras. Devido aos
processos de aquisições e fusões que o sistema financeiro brasileiro atravessou, e com a
entrada de bancos estrangeiros no Brasil, o mercado financeiro ficou bastante competitivo,
fazendo com que as ferramentas de marketing começassem a ganhar espaço nas instituições
bancárias.
____________
📌 Lembre-se
A maior parte dos bancos brasileiros é formada pelos bancos múltiplos que englobam serviços
de bancos comerciais. De acordo com artigo de 2015 publicado pelo Estadão, mais de 75% de
todos os depósitos realizados no Brasil são feitos em apenas 4 bancos (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Itaú e Bradesco).
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Videoaula - Resolução SP.

Referências

CARVALHO, Fernando J. Cardim de et al. Economia monetária e Financeira. Rio de Janeiro:


Campus, 2000.
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
HUBBARD, R. Glenn; O’BRIEN, Anthony Patrick. Introdução à economia. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2010.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
PARKIN, Michael. Economia. 8. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de
economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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