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Trabalho de Conclusão Residência

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

Escola de Ciências da Saúde - ECS

Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família

As impressões dos agentes comunitários de saúde sobre seu trabalho dentro da


Unidade Básica de Saúde

Projeto para o Trabalho de Conclusão de


Residência, submetido a avaliação na disciplina
de TCR.

Orientadora:

Residentes: Débora S. de A Santiago, Gustavo


Adolfo Kletke Gislon ,Tuany De Souza Coelho

Itajaí, 2020
Justificativa:

Este trabalho de conclusão de residência - TCR surge da percepção dos residentes


sobre as impressões dos agentes comunitários de saúde - ACS quanto ao trabalho que
realizam na equipe na estratégia saúde família - ESF e da sua visão quanto a importância que
tem do seu processo de trabalho dentro da unidade Básica de saúde.
Pretendemos identificar as impressões dos ACS mediante a equipe, identificando suas
fragilidades e potencialidades, problematizando o processo de trabalho e reconhecê-lo e
legitimá-lo dentro de sua equipe, a fim de que possam eles próprios, enxergar o seu devido
valor, o qual é de suma importância para a equipe.
Segundo Mendes e Ceotto (2011) o ACS é o elo com a comunidade sendo relevante
para a equipe e tendo um papel fundamental. Muitas expectativas são depositadas no ACS, a
observação, a postura profissional equilibrada e o conhecimento são algumas das
competências exigidas e que, quando não bem desempenhadas ou correspondidas geram
dificuldades, tornando-o vulnerável ao sofrimento no trabalho (BRAND, et al, 2010).

Problema de Investigação:

Quais as impressões ​que os agentes comunitários têm sobre o seu processo de trabalho
dentro da equipe da Estratégia Saúde da Família?

Objetivos

Objetivo geral:

Compreender as impressões dos agentes comunitários têm do seu processo de


trabalho.

​Objetivos específicos:

-​Identificar as fragilidades e potencialidades que os agentes comunitários relatam


dentro do seu processo de trabalho.
-Problematizar o processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde dentro da
equipe.

-Conhecer as necessidades dos agentes comunitários de saúde na sua práticas de


trabalho dentro da equipe.

- Propor ações junto a equipe para fortalecer o trabalho interprofissional.

​Revisão da literatura:

O início do sistema único de saúde

O movimento da reforma sanitária surgiu no contexto da luta contra a ditadura militar


no Brasil no final da década de 1970, o agravamento das carências sociais, principalmente
nos grandes centros urbanos, e o afrouxamento do regime autoritário desencadearam o
surgimento de vários movimentos populares de caráter reivindicatório, dando início ao
Movimento da Reforma Sanitária
No ano de 1977 houve a criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência
Social, promovendo pequena abertura para ações de atenção integral na rede pública.
Há VIII Conferência Nacional de Saúde ocorreu no ano de 1986, tal conferência foi
um marco para a saúde pública no Brasil pelo seu caráter democrático, com grande
participação popular. Costa (2013, p.19) sobre a conferência

A conferência aprovou a unificação do sistema de


saúde, o dever do Estado, elaborou novas bases
financeiras do sistema e a criação de instâncias
institucionais de participação social. A 8ª CNS marcou
a história das conferências de saúde no Brasil por ter
sido a primeira vez que a população participou das
discussões. Suas propostas foram contempladas tanto
no texto da Constituição Federal de 1988 como nas leis
orgânicas da saúde, nº. 8.080/90 e nº. 8.142/90.

O sistema único de saúde (SUS) surgiu em 1988 pela constituição federal Brasileira,
que determinou que é dever do estado garantir saúde a toda a população brasileira. podemos
encontrar a criação do SUS, no Título VIII, da Ordem Social; Capítulo II, da Seguridade
Social; Seção II, da Saúde, artigos 196 a 200 (CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988).
A regulamentação do SUS se deu por meio da Lei 8.080/1990, a qual “dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes. Um sistema nacional com princípios e
diretrizes. A construção de um SUS público, universal, equânime,com atenção integral e
controle social é conquista da luta do povo organizado (MAEYAMA, DOLNY, KNOLL,
2018).

Atenção primária em Saúde- APS

A Atenção Primária em Saúde (APS) é reconhecidamente como um


componente-chave dos sistemas de saúde. Esse reconhecimento fundamenta-se nas
evidências de seu impacto na saúde e no desenvolvimento da população nos países que a
adotaram como base para seus sistemas de saúde: melhores indicadores de saúde, maior
eficiência no fluxo dos usuários dentro do sistema, tratamento mais efetivo de condições
crônicas, maior eficiência do cuidado, maior utilização de práticas preventivas, maior
satisfação dos usuários e diminuição das iniquidades sobre o acesso aos serviços e o estado
geral de saúde (OLIVEIRA, PEREIRA 2013).
A definição de atenção primária foi proposta na conferência internacional sobre
cuidados primários de saúde, realizada em Alma-Ata,a declaração entende a APS como
cuidados essenciais a saúde. De acordo com a Declaração de Alma Ata,

A APS refere-se à atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos


práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados
universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por meios
aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em
cada estágio de seu desenvolvimento [...]. É parte integrante do sistema de saúde do
país, do qual tem função central, tendo como enfoque principal o desenvolvimento
social e econômico global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos
indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a
atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham
(OMS, 1978).

Considera-se que a Atenção primária é a base para todos os níveis do sistema de


saúde, possibilitando a organização e racionalização da utilização de recursos tanto básicos
como especializados. ​Assim, a APS é aquele nível do sistema de saúde que oferece a entrada
do usuário para todas as novas necessidades e problemas, fornecendo atenção sobre a pessoa
(não direcionada para a enfermidade).

A Atenção Primária à Saúde (APS) tem sido o locus no qual mais avançaram as
propostas de organização dos serviços de saúde com base no trabalho em equipe e prática
colaborativa. Ela é reconhecida como melhor estratégia para organização dos sistemas de
saúde e o modo mais eficiente de enfrentamento dos problemas de saúde e da fragmentação
das ações e do próprio sistema (PEDUZZI, AGRELI, 2018, p 2).

Há uma grande discussão em torno da terminologia ideal para designar o primeiro


nível de atenção à saúde. No Brasil, esta discussão ganha contornos especiais. Em contraste
com a tendência internacional do uso de “Atenção Primária” (AP), a expressão “Atenção
Básica” (AB) foi oficializada pelo governo brasileiro, que passou a denominar assim suas
secretarias e documentos oficiais (BRASIL, 2006).Para alguns entendem “básica” vindo de
base, fundamental, e não de básico, simples; outros interpretam “primário” como primeiro,
principal, e não como elementar ou rudimentar.

O termo Atenção Básica utilizado no Brasil para designar a Atenção


Primária foi a forma que o governo brasileiro utilizou para se distanciar dos
programas seletivos propostos pelos organismos internacionais e propor as
políticas do movimento da reforma sanitária centralizadas numa APS
ampliada (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2012).

Cabe frisar também que a atenção básica ou atenção primária em saúde é na maioria
das vezes a "porta de entrada" dos usuários nos sistemas de saúde, é o atendimento inicial.
Seu principal objetivo é orientar sobre a ações integrais, solucionar os possíveis casos de
agravos e direcionar os mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade.
A atenção primária funciona, como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas
redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos.
Segundo a Portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011,

A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de


ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que
abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação,
redução de danos e a manutenção da saúde com o
objetivo de desenvolver uma atenção integral que
impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e
nos determinantes e condicionantes de saúde das
coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de
práticas de cuidado e gestão, democráticas e
participativas, sob forma de trabalho em equipe,
dirigidas a populações de territórios definidos, pelas
quais assume a responsabilidade sanitária [...] (BRASIL,
2011).

De acordo com a portaria nº 2.488, a atenção básica é desenvolvida com o mais alto
grau de descentralização, preferencialmente ser a porta de entrada e centro de comunicação
da rede de atenção à saúde. Orientada pelos princípios da universalidade, acessibilidade, do
vínculo e continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização e
humanização, da equidade e da participação social, considera o sujeito em sua singularidade e
inserção sócio-cultural.
Entre os fundamentos da atenção primária é ter o território adstrito a fim de
possibilitar o acesso universal e continuou aos serviços de saúde, adscrever os usuários e
ampliar as relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita
garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado.
Cabe salientar que a APS tem como dever contribuir com o funcionamento destas
Redes de Atenção à Saúde - RAS de forma que seja base, com o mais elevado grau de
descentralização e capilaridade; seja resolutiva, por meio de uma clínica ampliada buscando
ampliar os graus de autonomia dos indivíduos; coordene o cuidado, objetivando produzir a
gestão compartilhada da atenção integral; ordene as redes, para que a programação dos
serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos usuários.
A APS é apoiada em quatro pilares ou atributos essenciais, que são; Atenção no
primeiro contato, que nada mais é que a garantia da acessibilidade do usuário.
Longitudinalidade, seria a continuidade do cuidado, mesmo após interrupção do serviço em
alguns momentos, mantendo o vínculo do profissional com o usuário. Integralidade, os quatro
pilares da integralidade são promoção e prevenção, atenção nos três níveis de complexidade
da assistência médica, articulação das ações de promoção, proteção e prevenção e abordagem
integral do indivíduo e das famílias. A Coordenação do cuidado é a sincronização dos
serviços a fim de ofertar um conjunto de serviços efetivos ao usuário (OLIVEIRA,
PEREIRA,2013).
Mediante a tais colocações a atenção primária somente terá sucesso se a
implementação de seus atributos for feita de maneira equilibrada sem deixar nenhum deles
para trás, conseguindo dessa maneira alcançar o objetivo principal, que é de desenvolver uma
atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades.

Estratégia Saúde da Família

O programa saúde da família (PSF) surgiu em dezembro de 1993 com o objetivo de


substituir o modelo de assistência emergencial utilizado pelo país até então. Em 28 de março
de 2006 pela Portaria N° GM/648 o ministério da saúde então transformou o Programa saúde
família em estratégia saúde família, expandindo a ESF e reorganizando toda a atenção básica
no Brasil (PINTO e GIOVANELLA, 2018).

Com a descentralização do sistema público de saúde,


gradualmente, os municípios brasileiros passaram a
responsabilizar-se pela atenção à saúde de seus
habitantes, o que constituiu uma enorme mudança do
ponto de vista institucional, gerencial, político e
financeiro. Cada município do país teve que criar uma
estrutura gerencial, a Secretaria Municipal de Saúde,
implantar serviços de saúde mesmo onde, até então, não
havia uma única unidade de saúde, além de participar no
financiamento da atenção à saúde. Este processo se
completou e hoje os mais de 5.500 municípios brasileiros
responsabilizam-se pela atenção primária à saúde de seus
habitantes, e, em parceria com as secretarias estaduais de
saúde e com outros municípios de sua região, pela
atenção especializada e hospitalar (PINTO e
GIOVANELLA, 2018).
Hoje a Atenção Primária à Saúde é reconhecida no cenário mundial, representando
longos anos de batalhas e valores conquistados, impactando positivamente a saúde da
população sob a responsabilidade das equipes potencializando os indicadores de saúde
(Brasil, 2010).
Portanto a ESF propõe que a atenção à saúde fique centrada na família, entendida e
percebida a partir de seu ambiente físico e social, o que leva os profissionais de saúde a entrar
em contato com as condições de vida e saúde das populações, permitindo-lhes uma
compreensão ampliada do processo saúde-doença e da necessidade de intervenções que vão
além das práticas curativas
A ESF é construída por uma equipe multiprofissional, que possui, no mínimo, um
médico, enfermeiro, agentes comunitários de saúde e técnico de enfermagem, encarregados
pelo acompanhamento de uma população de uma definida área geográfica, em que agem com
ações de promoção de saúde, prevenção, recuperação e reabilitação de doenças, trabalhando
para continuidade da saúde dessa comunidade (MAEYAMA, DOLNY, KNOLL, 2018).
Outros profissionais podem compor tal equipe como cirurgião-dentista generalista ou
especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ ou técnico em saúde bucal.
É recomendado que cada equipe de saúde da família seja responsável por no máximo
4000 pessoas.Os agentes comunitários de saúde devem cobrir 100% da população cadastrada
do território,cada profissional deve ter no máximo 750 pessoas e cada equipe ter no máximo
12 ACS.
Por meio da Estratégia saúde da Família, é possível reorientar o processo de trabalho
com maior capacidade de enraizar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção
primária, de aumentar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas, além de
ocasionar uma importante relação custo-efetividade.

NASF

O NASF (Núcleos de Ampliado à Saúde da Família) foi criado pelo Ministério da


Saúde em 2008, tem a finalidade de apoiar e fortalecer a Estratégia de Saúde da Família na
rede de serviços, bem como ampliar a abrangência, a resolutividade, a territorialização, a
regionalização, bem como as ações da APS no Brasil (BRASIL, 2010).

De acordo com Portaria 2.488/2011,


Os NASFs devem buscar contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento
da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde,
tanto em termos clínicos quanto sanitários. São exemplos de ações de apoio
desenvolvidas pelos profissionais dos NASF: discussão de casos, atendimento
conjunto ou não, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos,
educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais
e da coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde,
discussão do processo de trabalho das equipes e etc. (BRASIL, 2011b).

Dentre os profissionais que podem compor o NASF-AB são:Assistente social,


profissional de Educação Física, farmacêutico, fisioterapeuta,fonoaudiólogo, profissional
com formação em arte e educação (arte educador), nutricionista, psicólogo, terapeuta
ocupacional, médico ginecologista/obstetra, médico homeopata, médico pediatra, médico
veterinário, médico psiquiatra, médico geriatra, médico internista (clínica médica), médico do
trabalho, médico acupunturista e profissional de saúde sanitarista.
Os núcleos são compostos por equipes multiprofissionais que atuam de forma
integrada com as equipes de Saúde da Família (eSF).Tal atuação permite que os profissionais
realizem discussões de casos clínicos, atendimentos compartilhados,visitas domiciliares
compartilhadas, construção de projetos terapêuticos e ações de promoção e prevenção da
saúde.

Com a publicação da Portaria 3.124,28 de dezembro de 2012,qualquer município que tenha


pelo menos 1 equipe de estratégia de saúde da família pode implantar o NASF.​Atualmente,
existem três modalidades de NASF,sendo que cada um deles possui suas particularidades.

Modalidades do NASF – Portaria 3.124/2012.

MODALIDADES Nº DE EQUIPES VINCULADAS SOMATÓRIA DAS CARGAS


HORÁRIAS PROFISSIONAIS*

5 a 9 eSF*** e/ou eAB**** para Mínimo 200 horas semanais. Cada


populações específicas (eCR**, ocupação deve ter, no mínimo, 20h
NASF 1
equipe ribeirinha e fluvial) e, no máximo, 80h de carga horária
semanal.
3 a 4 eSF e/ou eAB para Mínimo 120 horas semanais. Cada
populações específicas (eCR, ocupação deve ter, no mínimo, 20h
NASF 2
equipe ribeirinha e fluvial) e, no máximo, 40h de carga horária
semanal.
1 a 2 eSF e/ou eAB para Mínimo 80 horas semanais. Cada
populações específicas (eCR, ocupação deve ter, no mínimo, 20h
NASF 3
equipe ribeirinha e fluvial) e, no máximo, 40h de carga horária
semanal.
Fonte: Adaptado Brasil 2014 (Caderno 39).
*Nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor que 20 horas.
**Equipe Consultório na Rua.
*** Equipe Saúde da Família.
**** Equipe de Atenção Básica.

Agentes comunitários de saúde

​No processo de fortalecimento do sistema único de saúde (SUS), o agente


comunitário de saúde (ACS), tem sido um personagem muito importante realizando a
integração dos serviços de saúde da atenção primária à saúde com a comunidade. (BRASIL,
2009).
Em 1991 através de convênio entre o ministério da saúde e as secretarias dos estados,
foi criado o programa de agentes comunitários de saúde (PACS) visando reduzir os
alarmantes indicadores de morbimortalidade infantil e materna. A implantação ocorreu
inicialmente na região nordeste, até mesmo porque lá existiam experiências significativas
para a criação do PACS.
Como fator determinante a profissão do ACS é amparada pela lei n°11.350, de 5 de
outubro de 2006. Segundo o Art 3° cabe aos ACS exercer, sob supervisão, atividade de
prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de ações domiciliares ou comunitárias,
individuais ou coletivas, desenvolvidas de acordo com as diretrizes do sistema único de saúde
(SUS).
Cabe considerar que muitas expectativas são depositadas no ACS, a observação, a
postura profissional equilibrada e o conhecimento são algumas das competências exigidas e
que, quando não bem desempenhadas ou correspondidas geram dificuldades, tornando-o
vulnerável ao sofrimento no trabalho (BRAND, ANTUNES, FONTANA, 2010).
A partir do pressupostos que os agentes comunitários de saúde desempenham papel
relevante dentro da equipe de saúde da família, eles se tornaram um profissional com papel
fundamental na composição atuação da equipe, este trabalho busca compreender melhor a
constituição desta atividade e sua contribuição para o trabalho desenvolvido pela equipe da
estratégia da família.
Segundo Mendes e Ceotto (2011), o agente comunitário de saúde (ACS), é um
profissional constituído com o objetivo de ser o elo entre a comunidade em que vive e a
unidade em que trabalha. Cabe salientar que estar entre a UBS e a comunidade é um dos
fatores que tende a provocar sofrimento no trabalho.
O constante contato com a população, a entrada em domicílios, e por, consequência,
se envolvendo na vida privada e íntima do usuário, o envolvimento com a população, o
vínculo que estabelece, o conhecimento e a apropriação das demandas dos mesmo e as
impossibilidades de ação, quando constata os limites do setor de saúde, geram sentimentos
ambíguos de prazer e sofrimento (JARDIM, 2007).
Portanto o sofrimento se estabelece à medida que esse profissional percebe que
apesar de agente transformador, não tem ferramentas necessárias, o conhecimento, nem todo
este atributo de mudança que acompanha a teoria sobre sua função (MENDES E CEOTTO,
2011,p 3).

Trabalho em equipe na saúde

Para os autores Costa, Enders, Menezes (2008) O trabalho em equipe se caracteriza


como um dos pilares na reorganização da atenção à saúde no âmbito dos serviços do Sistema
Único de Saúde (SUS) voltada a projetos assistenciais mais integrais e resolutivos, capazes de
provocar mudança nos processos de trabalho e nas formas de atuar sobre a complexidade dos
fatores intervenientes no processo saúde-doença da população.
Desde os anos 2000, o trabalho em equipe vem sendo tratado de forma associada à
prática colaborativa, visto que não bastam equipes integradas e efetivas para melhorar o
acesso e a qualidade da atenção à saúde (PEDUZZI, AGRELI 2018). Os mesmos autores
pontuam que para se constituir-se como uma equipe, requer trabalho – é uma construção, um
processo dinâmico no qual os profissionais se conhecem e aprendem a trabalhar juntos para
reconhecer o trabalho, conhecimentos e papéis de cada profissão.
Frente a estas colocações os autores Costa, Enders, Menezes (2008), consideram que
o trabalho em equipe constitui-se como parte da totalidade do trabalho em saúde e de suas
características, possuindo também uma significação particular, expressa por diferentes
dimensões, em conformidade com o contexto.
A tal respeito, a construção do trabalho em equipe para o desenvolvimentos das
atividades dentro das unidades de saúde é dificultada pela falta de relação entre seus
membros. Constituir-se como uma equipe requer trabalho, é uma construção, um processo
dinâmico no qual os profissionais se conhecem e aprendem a trabalhar juntos para reconhecer
o trabalho, conhecimentos e papéis de cada profissão (PEDUZZI E AGRELI 2018, p.2).
Sendo assim o trabalho em equipe interprofissional é muito importante para o serviço de
saúde, ele requer que os profissionais com experiências diferentes aprendam entre si,
compartilhando saberes para melhorias na saúde.
Para melhor compreensão as autoras Peduzzi e Agrelli (2018), citam que desde os
anos 2000, o trabalho em equipe vem sendo desenvolvido de forma correlacionada à prática
colaborativa, uma vez que não bastam equipes integradas e efetivas para aprimorar o acesso e
a qualidade da atenção à saúde – é preciso que equipes de um mesmo serviço cooperem entre
si e que profissionais e equipes de um serviço colaborem com profissionais e equipes de
outros serviços e outros setores no nexo de redes.
Cabe considerar que o trabalho em equipe deve envolver uma atuação
multiprofissional, na qual cada um dos agentes tem definidas as suas atribuições e sua base de
atuação, seja no ambiente da UBS, seja na comunidade seja ainda junto aos demais
profissionais da equipe (COSTA, ENDERS, MENEZES, 2008, p.3).
Uma da principais dificuldades é a comunicação entre as diversas áreas de
atuação,tornando necessário discutir transdisciplinaridade dentro do ambiente de trabalho.
Partindo deste contexto os autores Peduzzi, Agreli (2018) citam que a proposta do
trabalho em equipe tem sido veiculada como estratégia para enfrentar o intenso processo de
especialização na área da saúde. Esse processo tende a aprofundar verticalmente o
conhecimento e a intervenção em aspectos individualizados das necessidades de saúde, sem
contemplar simultaneamente a articulação das ações e dos saberes.

Metodologia

Segundo Padilha e Maciel (s/ano,p.13) um projeto de intervenção (PI), pode ser


entendido como prática à junção entre a prática e teoria, possibilitando boas sementes para
grande colheitas de novos pensamento e trocas/saberes. Outro conceito é a capacidade do
sujeito de intervir através da pesquisa-ação, onde aprendem com suas práticas e re-significam
os saberes e conhecimentos, criando oportunidades transformadoras em seu meio.
As intervenções ​serão realizadas no campo de atuação dos residentes. O instrumento
que iremos utilizar será o arco de Charles Maguerez. A autora Prado et al (2012) cita que o
arco de Charles Maguerez tem cinco etapas:
A primeira etapa ela é uma observação da realidade onde terá a participação ativa dos
sujeitos para olhar suas realidades, realizando uma pré leitura da inserção da vida real. pode
utilizar metodologias como ​visitas, filmes, dramatização, reportagens/notícias, discussão em
grupo, entrevistas com população e especialistas, dentre outras.
A segunda etapa é a identificação dos pontos chaves e onde os atores irão eleger os
temas levantados na etapa anterior por ordem de importância.
A terceira etapa é a teorização, este momento os sujeitos percebendo o problema se
indagam o porquê dos acontecimentos das etapas anteriores, levando a compreensão desta
problemática e não só as suas manifestações.
A quarta etapa é a identificação de uma hipótese de solução, onde os atores irão
formular as soluções dos problemas levantados.
A quinta etapa é aplicar à realidade, é quando os sujeitos envolvidos são conduzidos
a construir novos conhecimentos para transformar toda a realidade observada anteriormente.
Para a construção do arco, os residentes realizaram a observação da realidade em
uma Unidade de Saúde (UBS) do Município de Itajaí/SC. A partir dessa observação pode ser
levantado problemas passíveis ou não de intervenção.

Cronograma

ATIVIDADES ESF NASF MATERIAL PRAZO HORÁRIO

Cinco encontros X X Papelaria em Setembro:14/09/2020 08:00/ 09:00


de OFICINAS geral, espaço 21/09/2020, 28/09/2020
físico UBS. Outubro:05/10/2020,
12/10/2020
Convites para as X X Papel, tesoura, Setembro 01/09/2020 Comercial
ACS impressão.

Obs: Reunião X X - Agosto Comercial


Geral para
definição das
oficinas na UBS .

FONTE: Elaborada pelos Autores, 2020.

PLANEJAMENTO DA OFICINA​ 1

1.​ U
​ BS/Orientador: Portal 2 /​Clarice

2. TEMÁTICA: ​O meu trabalho como agente comunitário de saúde

3. DATA:​ 14/09/2020

4. OBJETIVOS: ​observação da realidade onde terá a participação ativa dos sujeitos para
olhar suas realidades, realizando uma pré leitura da inserção da vida real

- ​Conhecer os agentes comunitários de saúde da unidade

- Mostrar e explicar o objetivo da nossa pesquisa .

5. MATERIAL: caixa de chocolate bis​, ​caneta, papel A4, fita durex, espaço físico (sala ,
cadeiras).

6. PÚBLICO ALVO: ​Agentes comunitários de saúde

7. LOCAL: ​Unidade Básica de saúde portal 2

8.​ M
​ ETODOLOGIA

8.1. PRIMEIRO MOMENTO​ (Quebra gelo)

Realizar uma dinâmica para interação da turma e dos residentes.


Dinâmica quero bis ​- essa dinâmica cada ACS vai pegar um bis e vai falar uma coisa boa na
vida profissional e pessoal que gostaria que acontecesse novamente, isso eu quero bis na minha
vida.

8.2.​ SEGUNDO MOMENTO​ (Temática principal)

​Dinâmica principal completar as frases​, o meu trabalho é importante porque…, o trabalho


da minha equipe é importante porque…. fazendo com que elas digam o que vem na cabeça,
completando as frases, fazendo com que os residentes entendam como é a visão de cada uma
dentro da equipe.

PLANEJAMENTO DA OFICINA ​ 2

1.​ U
​ BS/Orientador: Portal 2 /​Clarice

2. TEMÁTICA: ​A árvore das possibilidades, (Identificar os problemas)

3. DATA:​ 21/09/2020

4. OBJETIVOS: ​A segunda etapa é a identificação dos pontos chaves e onde os atores


irão eleger os temas levantados na etapa anterior por ordem de importância,
observação da realidade dos problemas onde terá a participação ativa dos sujeitos para
olhar suas realidades dentro do seu local de trabalho, realizando uma leitura de quais
problemas constam neles.

- ​Identificar os problemas que acontecem no meu local de trabalho

- Mostrar o quanto eles afetam o processo de trabalho no dia a dia. .

5. MATERIAL: ​caneta, giz de cera cartolina, fita durex, cola branca, papel pardo e
balão, E.V.A (verde, marrom), espaço físico (sala , cadeiras).

6. PÚBLICO ALVO: ​Agentes comunitários de saúde

7. LOCAL: ​Unidade Básica de saúde portal 2


8.​ M
​ ETODOLOGIA

8.1. PRIMEIRO MOMENTO​ (Quebra gelo)

Dinâmica O telefone sem fio​, fazer um círculo ou uma fila, e falar uma frase referente
ao trabalho de saúde e a frase ir passando até chegar na ultima pessoa e verificar
qual a forma que ela chega, fazendo assim que cada um pense com é a
comunicação dentro da nossa equipe de trabalho.

8.2.​ SEGUNDO MOMENTO​ (Temática principal)

Dinâmica Construindo a árvore de possibilidades na parede, e colocando nela tudo que elas
percebem que dificulta o processo de trabalho da equipe dentro da unidade básica de saúde,
temas que serão discutidos no próximo encontro.

PLANEJAMENTO DA OFICINA ​ 3

1.​ U
​ BS/Orientador: Portal 2 /​Clarice

2. TEMÁTICA:​ O conhecimento (teorização)

3. DATA:​ 28/09/2020

4. OBJETIVOS: ​A terceira etapa é a teorização, este momento os sujeitos percebendo o


problema se indagam o porquê dos acontecimentos das etapas anteriores, levando a
compreensão desta problemática e não só as suas manifestações.

- ​Estudar cada tema identificado na oficina anterior

​5. MATERIAL: ​caneta,, giz de cera cartolina, fita durex, cola branca, papel pardo,
cartolina de cores diferentes(amarela, verde, azul, vermelho), espaço físico (sala,
cadeiras).

6. PÚBLICO ALVO: ​Agentes comunitários de saúde


7. LOCAL: ​Unidade Básica de saúde portal 2

8.​ M
​ ETODOLOGIA

8.1. PRIMEIRO MOMENTO​ (Quebra gelo)

Dinâmica das cores​, na entrada da sala o residente fica com fitas coloridas distribuído de
forma aleatórias para as ACS, em seguida cada grupo fica com a mesma cor de fita que
recebeu na entrada, e respondendo o que as mesma tem em comum além de terem tirado a
mesma cor.

8.2.​ SEGUNDO MOMENTO​ (Temática principal)

Cada grupo vai retirar da árvore temas que serão estudados entre o grupo menor e depois
socializados no grupo maior.

PLANEJAMENTO DA OFICINA ​ 4

1.​ U
​ BS/Orientador: Portal 2 /​Clarice

2. TEMÁTICA: ​A árvore das possibilidades (hipóteses de solução)

3. DATA:​ 05/10/2020

4. OBJETIVOS: ​observação da realidade dos problemas onde terá a participação ativa


dos sujeitos para olhar suas realidades dentro do seu local de trabalho., realizando uma
leitura de quais problemas constam neles

- ​trazer para a árvores soluções dos problemas identificados na oficina anterior

5. MATERIAL: ​caneta, giz de cera cartolina, fita durex, cola branca, cartolina para
fabricar os frutos da árvore, balão, espaço físico, (sala , cadeiras).

6. PÚBLICO ALVO: ​Agentes comunitários de saúde

7. LOCAL: ​Unidade Básica de saúde portal 2


8.​ M
​ ETODOLOGIA

8.1. PRIMEIRO MOMENTO​ (Quebra gelo)

Dinâmica “não podemos deixar a peteca cair”​, cada ACS vai receber um balão cheio, ao
som de uma música vai bater ele para cima andando pela sala e não deixando com que o seu
balão não caia.

8.2.​ SEGUNDO MOMENTO​ (Temática principal)

Fabricar os frutos de soluções para a árvore e discutir o porquê dessa solução.

PLANEJAMENTO DA OFICINA ​ 5

1.​ U
​ BS/Orientador: Portal 2 /​Clarice

2. TEMÁTICA: ​EU e o MEU trabalho (Finalização)

3. DATA:​ 12/10/2020

4. OBJETIVOS: ​A quinta etapa é aplicar à realidade, é quando os sujeitos envolvidos


são conduzidos a construir novos conhecimentos para transformar toda a realidade
observada anteriormente.

- Qual a mudança as ACS percebem a partir desses encontros

5. MATERIAL: Pacote de bombons de ouro branco, ​caneta, giz de cera cartolina, fita
durex , espaço físico (sala , cadeiras).

6. PÚBLICO ALVO: ​Agentes comunitários de saúde

7. LOCAL: ​Unidade Básica de saúde portal 2

8.​ M
​ ETODOLOGIA

8.1. PRIMEIRO MOMENTO​ (Quebra gelo)


​Dinâmica eu sou ouro, ​cada ACS vai falar o porque a ACS do lado é ouro na equipe

8.2.​ SEGUNDO MOMENTO​ (Temática principal)

Vamos conversar sobre os encontros e quais as impressões a partir daquele momento elas têm
do seu trabalho dentro da equipe na unidade básica de saúde.

Referências

BRAND, C. I; ANTUNES, R. M; FONTANA, R. T. Satisfação e insatisfação no trabalho do


agente comunitário de saúde. Cogitare enferm. Jan/Mar 2010; 15(1); 40-7

BRASIL, Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Legislação Estruturante do SUS.


Brasília: CONASS, 2011. 534 p. Coleção para entender a gestão do SUS 2011, 13.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. O trabalho do agente comunitário de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009

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da Saúde, 2010.

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WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Lívia. 45ª ed. Atual e ampl.. São
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