Exames Anatomopatológicos em Animais Selvagens
Exames Anatomopatológicos em Animais Selvagens
Exames Anatomopatológicos em Animais Selvagens
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Lucas Braga Pimenta , Giulia Gaglianone Lemos , Maria Clara Lopes Alvarez , Lívia Perles , Julia
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Maria Ribeiro , Juliana Paula de Oliveira , Aline Eyko Kawanami , Ludmilla Geraldo Di Santo ,
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Mariele de Santi , Karin Werther .
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Graduando em Medicina Veterinária, bolsista do Projeto de Extensão: “Exames
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anatomopatológicos em animais selvagens”, Graduanda em Medicina Veterinária, Residente em
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Medicina de Animais Selvagens e Saúde Pública, Aprimoranda em Medicina de Animais Selvagens,
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Pós-Graduanda em Medicina Veterinária, Docente do Departamento de Patologia Veterinária,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (Unesp), Jaboticabal-SP.
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Exames anatomopatológicos em animais selvagens; Lucas Braga
Pimenta1, Giulia Gaglianone Lemos2, Maria Clara Lopes Alvarez2, Lívia Perles3, Julia Maria Ribeiro4, Juliana Paula de Oliveira5,
Aline Eyko Kawanami5, Ludmilla Geraldo Di Santo5, Mariele de Santi5, Karin Werther6 - ISSN 2176-9761
Introdução Departamento de Patologia Veterinária (DPVe) da
FCAV-Unesp. As amostras de tecidos e órgãos
A realização de exames necroscópicos e
foram devidamente fixados em formalina 10%,
histopatológicos em animais selvagens é uma
incluídos em parafina, cortados a 5µm de
importante ferramenta para o estudo dos mesmos.
espessura e corados com hematoxilina-eosina
Trazem conhecimento na área de patologia de
e/ou outras colorações indicadas. A avaliação
animais selvagens, dados anatomo-morfológicos,
microscópica (microscopia de luz) foi realizada
epidemiológicos, parasitários, hábitos alimentares.
pelos profissionais responsáveis do Serviço de
Os animais selvagens atuam como reservatórios e
Patologia de Animais Selvagens (SEPAS) do
disseminadores de agentes infecciosos, podendo
DPVe desta Instituição. Tanto a realização da
gerar implicações à saúde pública e aos animais
necropsia, quanto o laudo histopatológico, sob
domésticos. Da mesma forma doenças humanas
responsabilidade da docente orientadora, foram
ou de animais domésticos podem representar
acompanhados pelo bolsista responsável,
riscos à saúde dos animais selvagens, tanto de
estagiários, alunos de graduação, pós-graduação
vida livre, quanto de cativeiro. Diante dos fatores
e residentes em medicina veterinária de animais
apresentados, enfatiza-se a necessidade do
selvagens.
estudo e disseminação desse conhecimento.
Resultados e Discussão
Objetivos
No período de janeiro de 2014 a julho de 2015
O objetivo deste projeto foi utilizar os animais
foram realizadas um total de 209 necropsias, com
selvagens mortos para realização de exames
predomínio de aves 48% (100 animais) seguido de
necroscópicos utilizando-os como ferramenta
mamíferos 33% (69 animais) e répteis 19% (40
didática para formação e aperfeiçoamento
animais), como mostrado na Figura 1.
profissional de estagiários curriculares e extra-
curriculares da FCAV e de outras Instituições de
Classes dos animais submetidos
aos exames anatomopatológicos
Ensino Superior, residentes na área de Medicina aves mamíferos répteis
Veterinária e Saúde Pública e graduandos e pós-
graduandos em medicina veterinária. Os 19%
cadáveres foram aproveitados para outros projetos 48%
de extensão e de pesquisa. Todos os estudos
servem para contribuições científicas em uma área 33%
carente de informações; e difusão de dados
relevantes à saúde pública e medicina veterinária Figura 1: Classe dos animais submetidos aos
preventiva. exames anatomopatológicos (necroscópico e/ou
histopatológicos), no SEPAS do DPVe da FCAV
no período de janeiro de 2014 a julho de 2015.
Material e Métodos
Cerca de 60% (126 animais) dos animais
Os animais selvagens (aves, répteis e mamíferos) recebidos eram oriundos de cativeiro e 40% (83
que vieram à óbito, oriundos tanto de vida livre, animais) de vida livre, sendo que dos animais de
quanto de cativeiro (zoológicos, criatórios e cativeiro, 13% (17 animais) foram de zoológico,
proprietários particulares), foram encaminhados e 32% (40) de criatórios e 55% (69 animais) de
necropsiados, de acordo com a metodologia proprietários particulares, como pode ser visto na
descrita por MATUSHIMA (2007), no Figura 2.
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Exames anatomopatológicos em animais selvagens; Lucas Braga
Pimenta1, Giulia Gaglianone Lemos2, Maria Clara Lopes Alvarez2, Lívia Perles3, Julia Maria Ribeiro4, Juliana Paula de Oliveira5,
Aline Eyko Kawanami5, Ludmilla Geraldo Di Santo5, Mariele de Santi5, Karin Werther6 - ISSN 2176-9761
Os animais de vida livre foram encaminhados, quati, mão-pelada, irara), Rodentia (capivara,
principalmente, pela policia ambiental, hamster, cotia), Lagomorpha (coelho),
concessionárias de rodovias, bombeiros e civis. A Didelphimorfia (gambá), Pilosa (tamanduá-
casuística observada ao longo dos últimos anos bandeira, tamanduá-mirim), Artiodactyla (cateto,
aumentou, indicando o reconhecimento da veadao-catingueiro, veado-mateiro), Cingulata
relevância deste serviço pelos proprietários dos tatu-galinha), Chiroptera (morcego). E as
animais. ordens/espécies de répteis analisadas foram:
Testudinata (cágado, tartaruga-da-amazônia, tigre
d’agua), Squamata (jibóia)
Os históricos, quando existentes, revelaram que
os animais de vida livre vieram a óbito devido a
traumas como atropelamentos e queimaduras,
muitas vezes associado a outras afecções; já os
animais de cativeiro, em geral, vieram a óbito
devido a afecções infecto-contagiosas, ou erros de
manejo, como deficiências nutricionais, traumas e
intoxicações.
Em relação à extensão no âmbito interno da
Figura 2. Origem dos animais provenientes do universidade foram orientados, ao longo dos anos,
cativeiro submetidos a exames estagiários de instituições públicas e particulares
anatomopatológicos no Serviço de Patologia de do Brasil e do exterior; alunos de graduação, pós-
Animais Selvagens do DPVe no período de janeiro graduação e de residência, que aproveitaram as
de 2014 a julho de 2015. atividades do projeto, para acompanhar as
necropsias e as leituras de lâminas, aprendendo
Dentre as aves atendidas, as mesmas eram as características de cada espécie e suas
pertencentes a 14 ordens diferentes. As respectivas doenças e riscos de zoonoses. A
respectivasespécies foram: Psittaciformes (arara importância do conhecimento obtido com os
canindé, arara azul, calopsita, papagaio-do-congo, materiais deste projeto, para os alunos, está
papagaio-do-mangue, papagaio-verdadeiro, vinculada a sua aplicação nas diversas áreas que
periquito-do-encontro-amarelo, periquito- abrangem a medicina veterinária. A partir dos
australiano, ring-neck, maritaca, jandaia), materiais colhidos foram realizadas pesquisas de
Passeriformes (quero-quero, pássaro-preto, bem- doenças emergentes e reemergentes, que afetam
te-vi, canário-do-reino, canário-belga, tarin), tanto animais (domésticos ou selvagens), quanto o
Anseriformes (ganso, marreco, pato), ser humano.
Columbiformes (pombo-correio, pomba-de-asa- Quanto à extensão no âmbito externo da
branca), Cathartifomes (urubu-de-cabeça-preta), universidade, a importância dos resultados está
Falconiformes (carcará, gavião-carijó), diretamente relacionada com a prevenção e/ou
Strigiformes (corujinha-do-mato, coruja- tratamento dos indivíduos contactantes
buraqueira, suindara), Galliformes (galinha), remanescentes, no caso de animais de cativeiro, e
Tinamiformes (perdiz, codorna), Piciformes na divulgação dos dados epidemiológicos no caso
(tucano-toco), Cariamiformes (siriema), de animais de vida livre. Além de envolver a saúde
Gruiformes (frango-d’agua), Caprimulgiformes pública, visto que: diversos agentes possuem
(urutau, bacurau), Suliformes (biguatinga). As potencial zoonótico, muitos dos animais selvagens
ordens/espécies de mamíferos analisadas foram: analisados eram mantidos como de estimação, ou
Primata (bugio,macaco-prego), Carnivora (onça- seja, possuíam certo grau de proximidade com
parda, jaguatirica, cachorro-do-mato, lobo-guará, seus proprietários, favorecendo a transmissão de
patógenos. Nos casos em que se julgou haver
8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Exames anatomopatológicos em animais selvagens; Lucas Braga
Pimenta1, Giulia Gaglianone Lemos2, Maria Clara Lopes Alvarez2, Lívia Perles3, Julia Maria Ribeiro4, Juliana Paula de Oliveira5,
Aline Eyko Kawanami5, Ludmilla Geraldo Di Santo5, Mariele de Santi5, Karin Werther6 - ISSN 2176-9761
para a geração de dados que podem se tornar
necessidade, foi feito contato com os proprietários publicações científicas, divulgando o
e averiguação do manejo sob o qual o animal era conhecimento e esclarecendo o público alvo.
mantido, levando em conta o recinto, a
alimentação, aspecto sanitário, e se havia animais Agradecimentos
contactantes, para esclarecimentos técnicos.
Á oportunidade de aprendizado e bolsa
disponibilizada pela PROEX, aos integrantes do
Projeto de Extensão “Exames Anatomopatológicos
Conclusões
em Animais Selvagens” e a professora orientadora
O acompanhamento de cada etapa dos exames Karin Werther, pela orientação, empenho e
necroscópico e histopatológico, que incluem dedicação em desenvolver as propostas do
descrição de achados/alterações e colheita de projeto.
material, processamento das amostras, além da ____________________
avaliação microscópica representam importante MATUSHIMA, E.R. Técnicas Necroscópicas. In: CUBAS, Z.S.;
SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS, J.L. (Ed.). Tratado de animais
oportunidade para a formação de profissionais. Os
Selvagens: medicina veterinária. São Paulo: Roca, 2007. p. 980-990.
resultados dos exames e os materiais
encaminhados para outros projetos contribuem
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Pimenta1, Giulia Gaglianone Lemos2, Maria Clara Lopes Alvarez2, Lívia Perles3, Julia Maria Ribeiro4, Juliana Paula de Oliveira5,
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