Infertilidade
Infertilidade
Infertilidade
• Esse diagnóstico só pode ser feito quando o casal apresenta toda a investigação inicial
completa normal (ovulação, análise seminal e patência tubária).
• Provavelmente, as causas são distúrbios endócrinos, imunológicos e genéticos não
identificados.
ETIOLOGIA
Alteração em qualquer uma das etapas a seguir pode ser causa de infertilidade:
➢ Mulher (35%),
➢ Homem (35%)
➢ Casal (20%)
➢ Infertilidade sem causa aparente (ISCA) (10%).
Fator feminino:
➢ Fator ovulatório
➢ Fator tuboperitoneal
➢ Fator uterino
➢ Fator cervical
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FATOR FEMININO
FATOR OVULATÓRIO
Obesidade
Hiperprolactinemia
Disfunções hipotalâmicas-hipofisárias
FATOR TUBOPERITONEAL
A hidrossalpinge (dilatação nas tubas uterinas causadas por acúmulo de líquido) é uma lesão na qual
a tuba contém líquido em seu interior e está dilatada e obstruída em sua porção distal.
Endometriose
• Aderências que levam a distorções anatômicas, podendo limitar a motilidade das fímbrias ou
causar obstrução tubária
• O líquido peritoneal tem citocinas inflamatórias e prostaglandinas que podem ter efeitos
adversos no espermatozoide ou no oócito e alterar a motilidade da tuba uterina;
• Alterações na ovulação e da produção oocitária;
• Endometriomas contribuem para redução da reserva ovariana.
Cirurgias pélvicas
FATOR UTERINO
• As anormalidades uterinas estão relacionadas tanto à infertilidade (por dificultar a
implantação) quanto ao mau desfecho obstétrico
Malformações mullerianas
→ Estão mais associadas com abortamentos de repetição e com mau desfecho obstétrico do que
com a infertilidade.
Endometriose
Endometrite crônica
• parece estar relacionada com falhas na implantação do embrião por provável liberação de
toxinas bacterianas
Hidrossalpinge
FATOR CERVICAL
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FATOR MASCULINO
• A fertilidade masculina atinge um pico aos 35 anos e diminui nitidamente após os 45 anos de
idade.
• Quando a causa da infertilidade é o fator masculino, não se encontra etiologia em cerca de 40%
dos casos.
O declínio na qualidade dos gametas é mais sutil do que aquele apresentado pelas mulheres.
• O impacto do fator idade é muito menor se comparado com a mulher: sabe-se que a idade
diminui o volume, motilidade e a proporção de espermatozoides morfologicamente normais,
mas não sua concentração.
• O real impacto da idade no fator masculino da infertilidade ainda é controverso
• Causa mais comum de infertilidade masculina, levando à oligospermia e, além disso, causa
também azoospermia não obstrutiva.
• Causas criptorquidia, torção trauma, orquite, desordens cromossômicas (síndrome de
Klinefelter, microdeleções do cromossomo Y), doenças sistêmicas, radioterapia ou
quimioterapia.
• No entanto, na maior parte dos casos (66%), a causa é desconhecida.
• O diagnóstico se baseia na redução do tamanho testicular e na elevação do FSH sérico.
Varicocele
• É a dilatação anormal das veias escrotais, podendo ser clínica (palpável ao exame clínico) ou
subclínica (apenas visível ao ultrassom).
• Ocorre refluxo venoso, o que provoca elevação da temperatura testicular, que parece
ocasionar efeitos adversos na espermatogênese.
• O impacto na infertilidade é controverso, mas parece haver aumento da fertilidade na correção
da varicocele clínica
Síndrome de Klinefelter
Criptorquidia
Orquite/infecções
• As infecções que causam orquite provocam redução do número de espermatozoides por danos
às células germinativas, isquemia e resposta imune à infecção.
• Causa mais comum de orquite: caxumba.
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Anamnese
→ História sexual: avaliar a presença de disfunções sexuais e a frequência de coito (pelo menos
2-3 x/semana)
→ Tempo de infertilidade e terapias anteriores: quanto menor o tempo de infertilidade, maiores
são as chances de concepção;
→ História menstrual: menarca, duração e características de ciclos menstruais, presença e
severidade de dismenorreia (dismenorreia grave sugere endometriose). Ciclos menstruais
regulares, fluxo normal e sintomas pré-menstruais (sensibilidade mamária, cólica, inchaço)
sugere que a paciente é ovulatória; e
→ Antecedentes pessoais e familiares.
EXAMES COMPLEMENTARES
Avaliação básica
→ Espermograma;
→ Dosagens Hormonais (DH): FSH e estradiol basais, prolactina, TSH, T4 livre, progesterona (P4)
de segunda fase;
→ Ultrassonografia Transvaginal seriada (USGTV);
→ Histerossalpingografia (HSG).
* As solicitações de Laparoscopia (LSC) e Histeroscopia (HSC) devem ser individualizadas e não fazem parte da
propedêutica inicial.
Pacientes com reserva ovariana alterada podem alcançar a gravidez, espontaneamente ou por técnica
de reprodução assistida. Os testes que avaliam a reserva ovariana não têm acuidade suficiente para
predizer a chance de gravidez!
• Ou seja, mesmo pacientes com reserva ovariana alterada podem conseguir gravidez
espontânea ou por técnicas de reprodução.
• Principal utilidade: predizer quais mulheres responderão bem ou mal aos protocolos de
estimulação ovariana. Ou seja, a maior correlação dos testes é com a resposta ovariana à
indução e não com a chance de gravidez.
• caso um teste evidencie uma má reserva ovariana e outro uma boa reserva (dois testes
discordantes), prevalecerá o que mostrar o pior prognóstico
Indicações dos testes de reserva ovariana para situações de maior risco de diminuição da reserva
ovariana:
→ > 35 anos
→ História familiar de menopausa precoce
→ Presença de ovário único
→ Cirurgia ovariana prévia
→ Quimioterapia e radioterapia prévia
→ ISCA
→ Baixa resposta à estimulação com gonadotrofinas exógenas
→ Pacientes que vão se submeter a técnicas de reprodução assistida
Baixos níveis de FSH basal, habitualmente dosado no 3º dia do ciclo, respondem melhor à indução da
ovulação.
Estradiol no 3º dia não deve ser interpretada de forma isolada, somente em conjunto com o FSH.
• Se FSH é normal, mas estradiol elevado (> 60-80 pg/ml) na fase folicular inicial, há evidência
de baixa resposta à estimulação com gonadotrofinas, maior taxa de cancelamento em ciclo
de FIV e menor taxa de gravidez.
• Estradiol > 80 pg/mL e FSH normal ➤ mau prognóstico (Os folículos de pacientes com baixa
reserva ovariana produzem estradiol prematuramente, que, por mecanismo de feedback negativo,
inibe o FSH, dando a falsa impressão de reserva ovariana normal)
Razão FSH/LH
• Soma dos folículos antrais (2-10 mm de diâmetro médio) visibilizados em ambos os ovários ao
exame de ultrassonografia transvaginal realizado na fase folicular inicial (entre o 2º e o 5º dia
do ciclo menstrual)
• < 5-7 folículos antrais = reserva ovariana diminuída
• > 16 folículos ➤ relaciona-se a hiper-resposta ao uso de indutores e maior risco da ocorrência
da Síndrome de Hiperestímulo Ovariano
OVULAÇÃO
• Nem sempre precisa ser investigado, visto que a presença de ciclos menstruais regulares,
fluxo normal e sintomas pré-menstruais (sensibilidade mamária, cólica, inchaço) sugere que
a paciente é ovulatória.
• Nas mulheres que não descrevem os ciclos dessa forma, os testes devem ser realizados.
FATOR UTERINO
• Deve ser o primeiro exame a ser solicitado para avaliação do fator uterino*
Histerossalpingografia
Histerossonografia
Histeroscopia
• Método padrão-ouro para avaliação da cavidade uterina, pois permite visualização direta
da cavidade e realização de biópsias dirigidas.
• Só deve ser solicitado como investigação completar em pacientes com outros exames para
avaliação da cavidade uterina alterados.
• Não faz parte da investigação inicial!
FATOR TUBOPERITONEAL
Histerossalpingografia (HSG)
histerossalpingografia normal: contraste saindo das trompas e indo para a cavidade abdominal (imagem esquerda).
histerossalpingografia mostrando oclusão tubária à esquerda (imagem direita).
Histerossonografia (HSS)
FATOR CERVICAL
• Determina a quantidade e a qualidade do muco cervical, bem como a mobilidade dos espermatozoides.
• Consiste em obter uma amostra do muco cervical pré-ovulatório após a relação sexual (até 6-8 horas
após) e analisar a presença de espermatozoides móveis no microscópio.
• Por ser um teste subjetivo, inconveniente e não alterar a conduta clínica (não tem nenhum valor
preditivo nas taxas de gravidez), não é indicado na propedêutica básica do casal infértil.
OUTROS EXAMES
TSH e prolactina
Androgênios
Espermograma
Os critérios de morfologia de Kruger são os mais utilizados, já que são preditores de sucesso em
reprodução assistida.
→ Os espermatozoides normais têm cabeça lisa e ovalada e cauda uniforme, fina e longa.
→ Os critérios não caem em prova, só decore o valor padrão
Outros exames
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TRATAMENTO
MEDIDAS GERAIS
→ Ajustar a frequência sexual e ter atividade sexual a cada 1 ou 2 dias próximo à época
esperada para a ovulação.
→ Perda de peso, cessar tabagismo e reduzir a exposição às toxinas
→ Evitar dieta rigorosa, estresse excessivo e exercícios físicos extenuantes, além de se abster
de álcool e reduzir o consumo de cafeína.
INDUÇÃO DE OVULAÇÃO
• Apresentação: 50 mg
• Dose varia de 50-250 mg/dia, inicia do 2º ao 5º dia do ciclo menstrual, mantendo-se por 5 dias
• Mandatório ➤ monitorização ultrassonográfica para avaliar a resposta folicular, a espessura
endometrial a fim de determinar o melhor momento para orientar o coito e para reduzir os
riscos de síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO) e de gestação múltipla
Gonadotrofinas
Metformina
• Por ação indireta, é capaz de aumentar a ovulação em pacientes com SOP, pois reduz a
resistência insulínica e o hiperandrogenismo, aumentando a secreção endógena de FSH e,
consequentemente, restabelecendo a ovulação
• Tratamento minimamente invasivo que realiza perfurações no tecido ovariano para induzir a
ovulação em pacientes anovulatórias com SOP.
• Portanto, é considerado um indutor da ovulação com ação direta no ovário.
• Reservado para casos refratários ao tratamento farmacolgico
CIRURGIA TUBÁRIA
REPRODUÇÃO ASSISTIDA
Conjunto de técnicas que visa facilitar o encontro dos gametas no organismo materno (técnicas
intracorpóreas) ou em laboratório (técnicas extracorpóreas) para que ocorra a fertilização”
→ A IIC foi abandonada devido aos pobres resultados quando comparada à IIU.
→ Transferência intratubária de gametas: em desuso devido ao aumento das taxas de sucesso da
FIV
Coito programado (CP)
• Janela fértil: 5 dias antes da ovulação e termina 24 horas após a ovulação, com pico de
fecundidade ocorrendo 2 dias antes da ovulação.
Indicações do CP:
→ Ausência de fatores tuboperitoneais (com a certeza de que as tubas uterinas estão pérvias), em
ciclos ovulatórios e na presença de cavidade uterina normal; e
→ Mínimo de 5 milhões de espermatozoides do tipo A
Indicações da IIU:
Etapas do processo:
1. Acompanhamento ultrassonográfico da ovulação: a IIU pode ser realizada após um ciclo natural ou
induzido (preferível). Nos dois casos, o desenvolvimento folicular e a ovulação devem ser
acompanhados para avaliar o momento da inseminação;
2. Preparo seminal: o esperma deve ser coletado na própria clínica (idealmente) e processado para obter
uma amostra concentrada em espermatozoides viáveis e móveis; e
3. Inseminação intrauterina: a paciente é colocada em posição ginecológica e o esperma é inserido por
meio de um cateter transcervical. Após 14-16 dias do procedimento, deve ser feita dosagem sérica de
beta HCG para confirmar a gestação.
Indicações da FIV:
1. Fator tuboperitoneal: é tratamento de primeira linha para pacientes acima de 35 anos com
lesões tubárias, obstrução tubária bilateral proximal ou distal e/ou lesões tubárias graves
(hidrossalpinges graves e aderências densas);
2. Fator masculino: é indicação primária nos casos de oligozoospermia grave (< 5 milhões
espermatozoides/mL);
3. Fator uterino grave: pacientes histerectomizadas, com agenesia uterina ou com patologias
que impeçam a implantação embrionária, têm a indicação de útero de substituição (“barriga
de aluguel”). Nesses casos, os oócitos da paciente e os espermatozoides do parceiro são
transferidos para o útero de uma terceira pessoa;
4. Falha das técnicas de baixa complexidade;
5. Necessidade de doação de oócitos;
6. Preservação de fertilidade;
7. Casais homoafetivos
8. Doenças virais (casais sorodiscordantes portadores de vírus da HIV, hepatite B e hepatite
C)
Varicocelectomia
Reversão de vasectomia
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FATOR OVULATÓRIO
• Os 3 primeiros são os grupos divididos pela OMS e o 4º grupo compreende pacientes com
anovulação por hiperprolactinemia.
Grupo 1 da OMS: hipogonadismo hipogonadotrófico.
• Principal: SOP
• Primeira linha: MEV + Perda de peso
• Segunda linha: Citrato de clomifeno +/- Metformina
• Se não houver resposta com 3-6 ciclos de clomifeno: indução da ovulação com
gonadotrofinas
• Terceira linha: Técnicas de reprodução assistida (RA).
Hiperprolactinemia
FATOR TUBOPERITONEAL
FATOR UTERINO
FATOR CERVICAL
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Oligozoospermia
Astenozoospermia
Teratozoospermia
Varicocele
Disfunções sexuais
Hipogonadismo hipogonadotrófico
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→ 1º grau: mãe/filha;
→ 2º grau: avó/irmã;
→ 3º grau: tia/sobrinha; e
→ 4º grau: prima