2022-06-08-Tema II Relacao Juridica Roteiro
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ROTEIRO 2
3. Os direitos subjetivos
3.5. A pretensão
• Pretensão é o direito que o titular do direito subjetivo tem de exigir de outrem
o cumprimento do seu dever.
• O conceito foi introduzido por Windscheid, “que trouxe para o direito
material a actio do direito romano” (Francisco Amaral). No entanto, a
pretensão não se confunde com a ação: ambas têm um âmbito de
convergência, mas têm âmbitos autônomos.
• Windscheid → o direito subjetivo é uma realidade primária, enquanto que a
possibilidade de sua imposição por via de ação – a pretensão – é uma
realidade secundária.
• Embora seja apenas um dos aspectos do direito subjetivo, é considerado por
muitos como o principal. Thon define o direito subjetivo a partir da proteção
jurídica, como sendo uma expectativa de pretensão.
• A pretensão nasce no momento em que se pode exigir a prestação, o que nem
sempre coincide com o nascimento do direito subjetivo. O novo CC deixa
claro que a pretensão nasce com a violação do direito: “violado o direito,
nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição.” (art.
189).
• Moreira Alves e a “pretensão hibernada”.
• O conceito de pretensão pressupõe, pois, o direito subjetivo, o dever e a
exigibilidade. Daí porque é incompatível com os direitos potestativos.
• Para Moreira Alves, o direito sem pretensão seria um direito enfraquecido →
continua sendo um título jurídico válido, que justifica o objeto da pretensão
desde que esta seja cumprida espontaneamente.
• A questão da pretensão resistida.
3.6. Limites
• Pela teoria clássica, apenas os previstos na lei.
• Atualmente se fala em: (i) limites intrínsecos, que derivam da própria
natureza do direito, quanto ao seu objeto e conteúdo e (ii) limites que derivam
de cláusulas gerais, como a boa-fé e a função econômico-social do direito.
3.7. Faculdades
• São os poderes de agir contidos no direito subjetivo. Exemplo: as faculdades
clássicas da propriedade são as de usar, gozar e dispor da coisa.
• As faculdades não têm autonomia e dependem dos direitos subjetivos → são
desdobramentos deste.
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4. Os direitos potestativos
• O direito subjetivo, para ser atendido, pressupõe o cumprimento do dever.
Isso não acontece nos direitos potestativos, que produzem efeitos jurídicos
mediante declaração unilateral de vontade do titular, suficiente para
constituir, modificar ou extinguir uma relação jurídica.
• Não são suscetíveis de violação e não geram a pretensão. A eles se aplicam as
regras da decadência.
• Ao invés do dever, existe a sujeição do que está no pólo passivo da relação
jurídica. O exemplo clássico seria o direito do patrão de despedir o
empregado. Daí a definição de Goffredo Telles Jr.: “é o poder que a pessoa
tem de influir na esfera jurídica de outrem sem que este possa fazer algo que
não se sujeitar”.
5. Os poderes jurídicos
• Também chamados de potestas pela doutrina italiana, representam situações
híbridas que não podem ser reconduzidas às situações subjetivas
tradicionalmente definidas.
• O direito é, ao mesmo tempo, um dever exercido no interesse de outrem.
• Exemplos: poder familiar, curatela, poder de controle.
6. As situações jurídicas
• Seriam, em essência, os pólos da relação jurídica, cada qual com os seus
respectivos direitos e deveres.
• Hoje, em razão da função social dos direitos, muitos consideram que a
categoria dos direitos subjetivos foi suplantada pela categoria das situações
jurídicas.
• A evolução da responsabilidade civil tem ampliado situações jurídicas dignas
de tutela e criado outras novas (cláusula geral da personalidade, perda de uma
chance, dentre outros) → as preocupações são hoje mais com a essência e
menos com os conceitos.
FÓRUM DE DISCUSSÕES Nº 2
Discussões gerais
https://www.economist.com/international/2018/12/22/gradually-nervously-courts-
are-granting-rights-to-animals
• É possível se cogitar de direitos de imagem de um animal?
Grumpy Cat, gata emburrada estrela na internet, ganha R$ 2,2 milhões em
ação por direitos de imagem (http://www.bbc.com/portuguese/internacional-
42823294)
Nas duas ações, a associação afirma que já se posicionou expressamente contra testes em animais.
Entretanto, defende a necessidade de garantir a segurança jurídica às empresas que operam no setor.
Entre outros pontos, sustenta que a Lei Federal 11.794/2008 não só permitiu a conduta como também
estabeleceu os procedimentos necessários para o uso científico de animais. Argumenta ainda que as
normas estaduais incorrem em inconstitucionalidade formal por violação das regras de competência
legislativa da União previstas nos artigos 22, inciso I, e 24, incisos V, VI e parágrafos 1º a 4º da
Constituição Federal.
Na ADI 5995, a associação ataca a integralidade do artigo 1º da Lei 7.814/2017 do Rio de Janeiro que
proíbe não apenas o uso de animais para testes, mas também a comercialização de produtos derivados
da realização de testes em animais. A ação ainda questiona o artigo 4º da lei fluminense, segundo o
qual a indústria deverá indicar nos rótulos de seus produtos que, de acordo com a lei estadual, não
foram realizados testes em animais para a sua elaboração.
Segundo a entidade, a lei fluminense usurpou a competência da União para estabelecer normas gerais
sobre fauna, conservação da natureza e proteção do meio ambiente e também sobre produção e
consumo e direito civil e comercial. O relator da ADI 5995 é o ministro Gilmar Mendes, que adotou o
artigo 12 da Lei 9.868/1999 para dispensar a análise da liminar e levar a ação para julgamento
definitivo pelo Plenário.
Já na ADI 5996, a entidade contesta a integralidade da Lei 289/2015 do Amazonas, nos mesmos
moldes da ação ajuizada contra a lei do RJ. O relator é o ministro Alexandre de Moraes, que também
adotou o rito abreviado.
AR/CR
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=389491
2. O Código Civil, ao definir a natureza jurídica dos animais, tipificou-os como coisas e, por
conseguinte, objetos de propriedade, não lhes atribuindo a qualidade de pessoas, não sendo
dotados de personalidade jurídica nem podendo ser considerados sujeitos de direitos. Na
forma da lei civil, o só fato de o animal ser tido como de estimação, recebendo o afeto da
entidade familiar, não pode vir a alterar sua substância, a ponto de converter a sua natureza
jurídica.
suficiente para resolver, de forma satisfatória, a disputa familiar envolvendo os pets, visto
que não se trata de simples discussão atinente à posse e à propriedade.
4. Por sua vez, a guarda propriamente dita - inerente ao poder familiar - instituto, por
essência, de direito de família, não pode ser simples e fielmente subvertida para definir o
direito dos consortes, por meio do enquadramento de seus animais de estimação,
notadamente porque é um munus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho. Não se
trata de uma faculdade, e sim de um direito, em que se impõe aos pais a observância dos
deveres inerentes ao poder familiar.
5. A ordem jurídica não pode, simplesmente, desprezar o relevo da relação do homem com
seu animal de estimação, sobretudo nos tempos atuais. Deve-se ter como norte o fato,
cultural e da pós-modernidade, de que há uma disputa dentro da entidade familiar em que
prepondera o afeto de ambos os cônjuges pelo animal. Portanto, a solução deve perpassar
pela preservação e garantia dos direitos à pessoa humana, mais precisamente, o âmago de sua
dignidade.
(REsp 1713167/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 19/06/2018, DJe 09/10/2018)
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=374075
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DIREITO CIVIL – FAMÍLIA Preexistência de casamento ou união estável e
reconhecimento de novo vínculo - RE 1045273/SE (Tema 529 RG) TESE FIXADA
“A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes,
ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o
reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia
pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”.
Em que pese ao fato de o art. 226, § 3º, da Constituição Federal (CF) ter afastado o
preconceito e a discriminação à união estável, que não mais faziam sentido frente à
evolução da mentalidade social, constata-se que, em determinadas situações, a união
não pode ser considerada estável, mas, sim, concubinato, quando houver causas
impeditivas ao casamento, previstas no art. 1.521 do Código Civil (CC). O Direito
brasileiro, à semelhança de outros sistemas jurídicos ocidentais, adota o princípio da
monogamia, segundo o qual uma mesma pessoa não pode contrair e manter
simultaneamente dois ou mais vínculos matrimoniais, sob pena de se configurar a
bigamia, tipificada inclusive como crime previsto no art. 235 do Código Penal (CP).
Por esse motivo, a existência de uma declaração judicial de existência de união
estável é, por si só, óbice ao reconhecimento de uma outra união paralelamente
estabelecida por um dos companheiros durante o mesmo período, independentemente
de se tratar de relacionamentos hétero ou homoafetivos. Com esses fundamentos, o
Plenário, por maioria, apreciando o Tema 529 da repercussão geral, negou
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