Fisiologia Do Sistema Respiratório
Fisiologia Do Sistema Respiratório
Fisiologia Do Sistema Respiratório
do Sistema
Respiratório
SUMÁRIO
1. Organização morfofuncional...............................................................................3
Músculos auxiliares da respiração .............................................................................. 5
2. Mecânica respiratória..........................................................................................7
Mecânica respiratória estática..................................................................................... 7
Mecânica respiratória dinâmica................................................................................. 12
5. Controle da respiração.......................................................................................22
Referências.........................................................................................................................25
O metabolismo aeróbio das células, chamado de respiração celular, depende do
suprimento de O2 e da remoção do CO2 produzido. Para tanto, é necessário que
ocorra troca desses gases entre o sangue e a atmosfera, no sentido de capturar O2 e
liberar o CO2, função essa que é a principal do sistema respiratório. Além disso, o sis-
tema respiratório atua também na regulação do pH dos líquidos corporais, na vocali-
zação e na defesa imunológica contra agentes agressores, como os outros epitélios
que têm contato com o meio externo.
1. ORGANIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL
Os órgãos e componentes do sistema respiratório podem ser classificados em 2
grupos: uma zona de transporte ou condução e uma zona respiratória.
A zona de transporte inclui: vias aéreas superiores (cavidade nasal, faringe e larin-
ge), traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. Trata-se de áreas que
não realizam trocas gasosas, sendo responsáveis pela condução do ar, além de filtrá-
-lo, umedecê-lo e aquecê-lo.
CV = VRI + VC + VRE
CPT = CV + VR
Tensão superficial
O ar inspirado é umedecido ao longo de seu trajeto pelas vias respiratórias até
chegar ao alvéolo, fazendo com que exista uma camada de líquido envolvendo a
parede alveolar. Entre as moléculas de água, existe uma força de coesão devido às
pontes de hidrogênio, e essa tensão tende a fazer com que os alvéolos colabem.
Dessa forma, a tensão superficial gera uma diferença de complacência na inspiração
e na expiração, chamada histerese, uma vez que a força de distensão (pressão trans-
pulmonar) precisa superar essa força de coesão para que os alvéolos se encham.
Quando os alvéolos estão mais cheios de ar, menor é a força de coesão e, portanto,
menor a força necessária para o fim da expansão.
Relações Pressão-Volume
O ar flui para o interior e para o exterior das vias aéreas, das áreas de maior pres-
são para as áreas de menor pressão. Na ausência de gradiente de pressão não
ocorre fluxo de ar. A ventilação-minuto é o volume de gás que é movido por unidade
de tempo. É igual ao volume de gás movido em cada respiração vezes o número de
respirações por minuto.
Para compreender a relação entre as variações da pressão e as variações do vo-
lume é útil examinar as variações da pressão durante a inspiração e a expiração. Em
indivíduos normais, durante a respiração com o volume corrente a pressão alveolar
diminui com o início da inspiração. Essa redução da pressão alveolar é geralmente
pequena (1 a 3 cmH20). Ela é muito maior em indivíduos com obstrução de vias aé-
reas devido à grande queda que ocorre nas vias obstruídas.
A pressão no espaço pleural (pressão pleural) também diminui durante a inspi-
ração. Essa redução equivale à retração elástica pulmonar, que aumenta quando o
pulmão se insufla. A pressão cai ao longo das vias aéreas, enquanto o gás flui da
pressão atmosférica (zero) para a pressão no alvéolo (negativa em relação à pressão
atmosférica). O fluxo de ar cessa quando a pressão alveolar e a pressão atmosférica
ficam iguais. Durante a expiração o diafragma se move mais alto no tórax, a pressão
pleural aumenta, a pressão alveolar fica positiva, a glote se abre e o gás novamente
flui da pressão maior (alvéolo) para a menor (atmosférica). No alvéolo a força motriz
para a expiração é a soma da retração elástica e da pressão pleural.
Fluxo aéreo
Quando há fluxo de ar, além das forças para manutenção dos volumes do pulmão
e da caixa torácica, há a necessidade de uma força adicional para superar a inércia e
a resistência dos tecidos e das moléculas de ar.
O fluxo de ar através dos tubos é proporcional à diferença entre as pressões baro-
métrica e alveolar (∆P) e inversamente proporcional à resistência total das vias aére-
as. Quando o fluxo de ar é laminar, podemos calcular essa resistência usando a lei de
Poiseuille, que afirma que a resistência de um tubo é proporcional à viscosidade do
gás que por ele flui e ao comprimento do tubo, mas inversamente proporcional à quar-
ta potência do raio do tubo. Quando o fluxo não é laminar, essa resistência fica ainda
maior.
FLUXOGRAMA – FLUXOGRAMA –
MECÂNICA DA INSPIRAÇÃO MECÂNICA DA EXPIRAÇÃO
Resistência
A resistência é modulada por diversos fatores, como pelo sistema nervoso autô-
nomo (SNA), fatores humorais e por mudanças no próprio volume pulmonar.
O SNA parassimpático age pela liberação de acetilcolina, através do nervo vago, que
age em receptor muscarínico no músculo liso brônquico, provocando broncoconstri-
ção. Já a divisão simpática do SNA age pela liberação de norepinefrina, que dilata os
brônquios e bronquíolos, mas caracteriza-se como um agonista fraco dos receptores
β adrenérgicos. Um broncodilatador mais potente será então a epinefrina liberada pela
medula adrenal.
Outro fator humoral importante na modulação da resistência das vias aéreas é a
histamina. Ela causa constrição dos bronquíolos e dos dutos alveolares, aumentan-
do assim a resistência. Também são importantes os leucotrienos, que apresentam
ação broncoconstritora ainda mais potente.
Por fim, um outro fator determinante da resistência é o volume pulmonar. A resis-
tência é extremamente alta no volume residual e cai acentuadamente conforme o
volume pulmonar aumenta. Isso porque as vias se expandem com o aumento do vo-
lume, fazendo que a resistência diminua com o aumento do tamanho do raio.
Broncodilatação Broncoconstrição
Simpático Parassimpático
SNA
Regulação
da resistência
das vias
aéreas
Histamina O aumento do
volume das vias aéreas
diminui a resistência
Tromboxano
Leucotrienos
LTC4 e LTD4
Broncoconstrição
3. VENTILAÇÃO E PERFUSÃO
PULMONAR
A ventilação e a perfusão são determinantes dos gradientes de pressão parcial
ao longo dos quais o O2 e o CO2 se difundem. Ambas apresentam variações entre os
grupos de alvéolos.
Ventilação
A ventilação diz respeito ao volume de ar que se move para fora dos pulmões por uni-
dade de tempo. Pode ser considerada o produto entre o volume corrente e a frequência
respiratória.
A inspiração traz o ar atmosférico para os alvéolos, onde o O2 é captado e o CO2,
excretado. Assim, a ventilação alveolar se inicia com o ar ambiente. Este é uma
mistura de gases composta de N2 e O2, com quantidades mínimas de CO2, argônio e
gases inertes. O ar atmosférico é composto de aproximadamente 21% de O2 e 79%
de N2. As vias condutoras de ar não participam da troca gasosa. Assim, as pressões
parciais de O2, N2 e vapor de água permanecem inalteradas, nas vias aéreas, até que
o gás atinja o alvéolo.
A ventilação por unidade alveolar não é uniforme por todo o pulmão. O peso do pul-
mão sobre si mesmo, aliado a diferenças de pressão pleural (menor no ápice do que
na base), faz os alvéolos do ápice ficarem mais distendidos que os da base, antes do
início da inspiração. Assim, os alvéolos do ápice não têm capacidade para se distender
tanto quanto os da base, reduzindo a quantidade de ar que podem acomodar. A venti-
lação do ápice é, portanto, menor do que na base. Dessa forma, a base do pulmão se
Perfusão
Fonte: cono0430/Shutterstock.com
O pulmão possui dupla circulação. A circulação brônquica tem origem na aorta e
nas artérias intercostais. Sua função é nutrir os brônquios e bronquíolos. As artérias
pulmonares acompanham os brônquios, se dividindo em paralelo às vias aéreas. Na
periferia do parênquima pulmonar, os componentes arteriais formam uma rede capi-
lar que percorre o interstício e envolve os alvéolos.
O pulmão recebe todo o débito cardíaco do coração direito. Esse volume de sangue
não oxigenado se distribui nos capilares pulmonares, onde entra em contato com a bar-
reira alvéolocapilar. Durante a passagem do sangue no capilar pulmonar, ocorre a difu-
são e a saturação da hemoglobina com oxigênio.
A circulação pulmonar possui algumas características que a distinguem da cir-
culação sistêmica. A principal dela aparece ao observarmos que a circulação pul-
monar trabalha em baixas pressões e, por isso, apresenta baixa resistência. Além
disso, algumas características dos vasos conferem a essa circulação uma alta
complacência.
Grande quantidade de
↓ Pressão
anastomoses e ramificações
Receptores para
Centros superiores estiramento e para
do SNC compostos químicos/
irritantes
Sanar
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