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Ética, Deontologia e Gestão da Advocacia: Desafios e


Responsabilidades na Prática Jurídica

Bárbara Kênia Damasceno Leonir

Faculdade Santo Agostinho de Sete Lagoas-MG

Sete Lagoas, 15 de outubro de 2024


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Introdução
O caso do advogado Lucas Mendes, renomado por sua atuação no campo do
direito civil, evidencia as complexas questões éticas e legais que cercam a prática
da advocacia. O citado advogado foi acusado de apropriação indevida de valores de
seu cliente após obter uma significativa compensação financeira em um processo de
indenização por danos morais. As alegações de que ele reteve parte do valor devido,
sob justificativas obscuras de custos adicionais e honorários extras, levantam sérias
preocupações sobre a transparência e a ética na gestão de recursos financeiros
pelos advogados. Este incidente não é apenas um caso isolado, mas reflete um
problema mais amplo que pode comprometer a confiança pública na profissão.
Portanto, é essencial analisar o papel ético dos advogados, as normativas
regulatórias que os regem e as possíveis medidas preventivas e corretivas para
evitar situações semelhantes.
Desenvolvimento
A ética e a responsabilidade profissional são fundamentais na prática da
advocacia, especialmente no que diz respeito à administração de valores
pertencentes aos clientes. O Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) e o Código de
Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estabelecem normas
rigorosas que regulam a conduta dos advogados. Esses dispositivos legais visam
garantir que a relação entre advogado e cliente se baseie em confiança,
transparência e respeito.
Segundo dispõe o artigo 12, do Código de Ética e Disciplina da OAB,recai
sobre o advogado a obrigação de prestar contas ao cliente, o que deve fazer de
forma pormenorizada. Essa norma é uma das principais balizas que regem a
conduta do advogado, refletindo a importância da honestidade e da lealdade na
gestão dos recursos financeiros dos clientes. O Código de Ética, por sua vez,
enfatiza que o advogado deve atuar com dignidade e responsabilidade, respeitando
as normas que regem a profissão.
A responsabilidade civil do advogado é tratada de forma complementar pelo
Código Civil e pelo Código de Processo Civil, que estabelece, que o advogado
responderá civilmente pelos danos que causar ao cliente. Além disso, o advogado
deve atuar de maneira leal e proba, responsabilizando-se por atos que não
respeitem esses princípios. O desrespeito a essas normas pode levar a
consequências legais e éticas significativas, comprometendo não apenas a relação
com o cliente, mas também a reputação da profissão como um todo.
O caso de Lucas Mendes, advogado acusado de apropriação indevida de
valores de um cliente, ilustra de forma contundente as complexas questões éticas e
legais que cercam a prática da advocacia. Mendes foi acusado de reter parte do
valor devido ao cliente sob justificativas obscuras, o que não só levantou sérias
preocupações sobre a transparência na gestão de recursos financeiros, mas
também comprometeu a confiança pública na advocacia. Tal incidente reflete um
problema mais amplo que pode prejudicar a imagem da profissão, ressaltando a
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necessidade de uma análise crítica das normas éticas e das possíveis medidas
preventivas e corretivas.
A violação da confiança entre advogado e cliente, como ocorre no caso de
Mendes, pode ter consequências graves. Além de danificar a reputação do
advogado, essa conduta impacta negativamente a percepção pública da advocacia,
afastando potenciais clientes e dificultando o acesso à justiça. Portanto, é imperativo
que a classe advocatícia adote medidas proativas para prevenir tais situações.
Entre as ações que podem ser implementadas para promover maior transparência e
responsabilidade, destacam-se:
1. Educação Ética e Deontológica Reforçada
Faculdades de direito devem integrar a ética profissional de maneira mais
efetiva no currículo, preparando os alunos não apenas para os aspectos técnicos,
mas também para os dilemas éticos que enfrentarão na prática. A promoção de
debates e estudos de casos práticos pode ajudar a moldar uma nova geração de
advogados mais conscientes de suas responsabilidades éticas.
2. Auditorias Regulares e Controle Rigoroso de Honorários
A OAB deve realizar auditorias periódicas nas contas de advogados,
garantindo a integridade e a correta administração de valores. Além disso, a criação
de um sistema de prestação de contas que exija relatórios financeiros claros e
detalhados pode aumentar a transparência nas relações entre advogados e clientes.
3. Mecanismos de Denúncia Acessíveis
Estabelecer canais de denúncia anônimos para clientes pode incentivar a
reportação de condutas inadequadas. A OAB deve garantir que essas denúncias
sejam tratadas com seriedade e rapidez, promovendo a responsabilização na
advocacia.
4. Punições Mais Rígidas para Violações Éticas
Reforçar o sistema de punições para condutas antiéticas é vital. As sanções
devem ser proporcionais à gravidade da infração, garantindo que os advogados que
se envolvem em apropriação indébita ou fraudes enfrentem consequências severas.
5. Fortalecimento da Fiscalização pela OAB
O fortalecimento do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB é fundamental para
a efetividade da fiscalização. Aumentar o número de conselheiros e otimizar os
processos de investigação de denúncias permitirá uma resposta mais ágil e eficaz
às condutas inadequadas.
6. Uso de Tecnologia para Aumentar a Transparência
O desenvolvimento de plataformas digitais que permitam a visualização em
tempo real dos honorários e despesas pode ajudar a mitigar o risco de apropriação
indevida e aumentar a confiança dos clientes na gestão dos seus recursos.
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7. Formação Contínua em Ética e Responsabilidade Profissional


A implementação de programas de formação contínua em ética, com ênfase
em responsabilidade e boa prática, é crucial. Esses cursos devem ser obrigatórios e
incluir temas como gestão financeira, comunicação com o cliente e resolução de
conflitos éticos.
8. Promoção da Cultura de Ética nos Escritórios de Advocacia
Grandes escritórios de advocacia devem instituir políticas internas de ética e
compliance, promovendo um ambiente de trabalho que valorize a conduta ética. A
OAB pode estabelecer um reconhecimento para aqueles que se destacam na
promoção de boas práticas, incentivando a adoção de normas éticas dentro das
organizações.
Essas medidas, se implementadas, podem contribuir significativamente para
prevenir casos semelhantes ao de Lucas Mendes, promovendo uma advocacia mais
transparente e responsável. É imprescindível que a classe se una para combater a
desonestidade e para que a advocacia continue a desempenhar seu papel
fundamental na defesa dos direitos e garantias de todos. Assim, a confiança na
profissão pode ser restaurada e consolidada, assegurando que os advogados sejam
vistos como agentes essenciais na promoção da justiça.
Conclusão
Portanto, diante do abordado no trabalho, fica evidente a relevância da ética e
da responsabilidade na advocacia. O caso de Lucas Mendes ilustra como a violação
de princípios éticos pode comprometer gravemente a confiança entre advogado e
cliente, além de prejudicar a imagem de toda a profissão. A administração
inadequada dos valores dos clientes, como a apropriação indevida, vai contra os
preceitos estabelecidos pelo Estatuto da Advocacia e o Código de Ética da OAB,
cujas normas visam preservar a transparência, a dignidade e a lealdade no exercício
da profissão.
A ética profissional não é apenas um imperativo moral, mas uma condição
indispensável para o funcionamento justo e eficaz do sistema jurídico. É fundamental
que os advogados atuem com responsabilidade, de modo a garantir que seus atos
reforcem a confiança da sociedade no Poder Judiciário e na advocacia como um
todo.
Diante disso, é imprescindível que sejam adotadas medidas eficazes para
prevenir situações semelhantes no futuro. O fortalecimento das auditorias e da
fiscalização pela OAB, a promoção de uma cultura de integridade durante a
formação jurídica, além da criação de mecanismos de controle financeiro claros e
acessíveis aos clientes, são algumas das ações necessárias para garantir a
transparência e a integridade na atuação dos advogados. Somente através de uma
prática ética e responsável será possível restaurar e manter a confiança da
sociedade na advocacia, preservando seu papel fundamental na defesa dos direitos
e garantias individuais.
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Referências

BITTAR, Eduardo C. B. Curso de ética jurídica: ética geral e profissional. 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. (Minha Biblioteca).
COSTA, Elcias Ferreira da. Deontologia jurídica: ética das profissões jurídicas. Rio de
Janeiro: Forense, 2013. (Minha Biblioteca).
GONZAGA, Álvaro de Azevedo; NEVES, Karina Penna Neves; BEIJATO JÚNIOR,
Roberto. Estatuto da Advocacia e Código de Ética e Disciplina da OAB comentados. 7. ed.,
rev. e atual. Rio de Janeiro: Método, 2022. (Minha Biblioteca).
BRASIL. Código Civil: Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acesso em: 15 out. 2024.
BRASIL. Código de Processo Civil: Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13105.htm. Acesso em: 15
out. 2024.
CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Código de Ética e
Disciplina da OAB. Disponível em:
https://www.oab.org.br/Content/pdf/legislacao/2015/Codigo-de-Etica.pdf. Acesso em: 15 out.
2024.

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