Don Juan Velociraptor
Don Juan Velociraptor
Comparar Don Juan Velociraptor a qualquer obra literária digna de menção seria um insulto
ao conceito de literatura. É como se Crepúsculo se encontrasse com um documentário do
Discovery Channel, depois fosse abandonado em um caldeirão de clichês e aquecido à
temperatura da absoluta insanidade. O resultado? Um romance tão distorcido quanto tentar
fazer um piquenique romântico em um vulcão ativo: é desastroso e muito provavelmente
fatal para qualquer resquício de bom senso.
Marian, a protagonista, é uma jornalista que aparentemente perdeu sua bússola moral no
mesmo laboratório que criou este "galante" velociraptor. Sua missão? Decifrar o genoma de
um dinossauro geneticamente modificado que, por alguma razão misteriosa, exala
feromônios tão potentes que fazem as mulheres ao redor do mundo desmaiarem de desejo.
Só que, ao invés de fugir em direção oposta, Marian decide que a melhor maneira de manter
sua sanidade é resistir à tentação de se apaixonar por uma criatura que deveria estar extinta
há milhões de anos.
A leitura é um passeio num parque de diversões quebrado onde cada atração é mais ridícula
que a anterior. A tensão sexual entre uma mulher e um dinossauro parece ter sido inspirada
em algum delírio febril. A trama é tão sólida quanto um suflê malfeito: ela infla com
promessas de absurdo, apenas para desmoronar sob o peso da sua própria pretensão
ridícula.
Comparar essa "saga" com uma história de amor convencional seria como comparar uma
reunião de negócios a uma luta de lama entre gremlins. A tal “sedução sauriana” é tratada
com a mesma seriedade que um circo de horrores, o que não seria tão problemático se o
autor não estivesse tentando desesperadamente vender essa loucura como um romance
digno de ser levado a sério.
Em suma, Don Juan Velociraptor é a prova de que nem todo o lixo deve ser reciclado. Se
você valoriza seu tempo, sua sanidade e qualquer noção de gosto literário, deixe esse
dinossauro em paz. Há muitos outros livros por aí que não farão você questionar o propósito
da humanidade em meio a feromônios de répteis pré-históricos.