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PROBLEMÁTICA DO SABER HISTÓRICO

Para estudar história é necessário analisar um acontecimento, segundo


coordenadas temporais e espaciais = CONTEXTO

Tempo histórico:

Mudança:

 Em história tudo muda (mais lentamente ou mais rápido) – épocas


históricas, cronologia, periodização – existem recuos e progressos
 Mudança por estrutura (traz mudanças profundas, ex: Revolução
Francesa; Revolução Industrial; Descobrimentos, ETC)
 Mudanças por conjuntura (traz mudanças na sociedade, embora não
sejam profundas)
 A história é como um rio, nunca para – antes era impossível domar a
natureza, hoje já se consegue (mas mal)
 Sentidos do tempo – é a forma como a humanidade tem visto a
mudança

Anacronismo: análise histórica desfasada do tempo e espaço corretos

Espaço:

 A história ocorre sempre num território – paisagens urbanas e rurais


(posições geoestratégicas)

1. HISTÓRIA: O CONCEITO
 Origem etimológica de “história” – vem do grego “historie”
 Deriva da raiz indo-europeia – wid/weid – ver
 Sânscrito (língua da índia) – vettas – testemunha

Quer isto dizer que o conceito de história está associado com a visão (fonte
essencial para o conhecimento). Contudo, a história não se limita à visão:

 “histor” = aquele que vê e que sabe


 “historein” = procura saber, informar-se
Assim HISTORIE = (procurar) – Heródoto (pai da História) - a sua obra
“histórias” refere-se a investigações/procuras (diz que escreve para que os
feitos dos homens não se desvaneçam, nem grandes empresas do Homem se
esqueçam).

Contudo, o “histor” (historiador), não observa a realidade histórica sobre a qual


se debruça (o passado foi diferente para aqueles que o viveram como um
“movimento de devir”). Estudo da história vem dos seus vestígios
(fontes/documentos/crónicas) que sobrevivem:

 Tempo
 Descuido
 Catástrofes naturais e humanas

Ou seja, só temos o conhecimento de vestígios/partes da história que ficaram


documentadas:

 Escritas
Interpretadas pelo historiador,
 Materiais
sem fontes não há história
 Oral

A palavra história pode ser utilizada em três aceções – palavra polissémica:

 Objeto da procura – a realidade histórica

 A vida dos homens ao longo do tempo (res gatae)


 Tudo o que aconteceu ao longo do tempo:
- aquela (realidade) que conhecemos – através de vestígios
- a que poderemos vir a conhecer
- aquela que nunca viremos a conhecer, pois os seus vestígios foram apagados e
sobre a qual apenas podemos formular hipóteses passiveis de serem verdade

 Resultado da procura – o conhecimento histórico

 Conhecimento da vida dos homens ao longo do tempo, registado e obras


historiográficas e considerado válido por especialistas qualificados – historia rerum
gestarum
NOTA: Alguns autores apresentam uma diferenciação de definição de história
enquanto:

 Realidade histórica (res gatae) – coisas que acontecem


 Conhecimento histórico (história rerum gestarum) – história das coisas
que acontecem

 Área do saber – ciência histórica

 Ciência que se dedica à elaboração do conhecimento histórico


 Disciplina científica que divulga o conhecimento histórico

Registo do conhecimento = HISTORIOGRAFIA = é um conceito que designa


de obras elaboradas por historiadores relativas a temas históricos e que
divulgam o conhecimento disponível

Ou seja, o investigador retira a informação das fontes e insere numa base de


dados que se traduz no tratamento da informação/é a história escrita

Fonte primária e secundária:

Primária:

 Começa do 0, não recorre a outra fonte


 Funcionam quase como provas de algo e o seu desaparecimento
impede-nos de ter conhecimento sobre uma realidade histórica

Secundária:

 Recorre a outras fontes para ter algo

Resta-nos invocar o conceito de memória histórica: significa uma construção


seletiva e alterada do passado de um grupo, de uma comunidade ou de uma
nação. Trata-se de uma “representação do passado que pode integrar
informação resultante de uma investigação cientificamente conduzida, podendo
conter ideias provenientes da tradição oral, bem como discursos ideológicos
Pensar historicamente – O QUE SIGNIFICA?

 Pensar de forma não anacrónica, ou seja, é explicar ou apresentar um


determinado fenómeno, não o inserido no espaço de tempo em que
ocorreu
 É explicar o fenómeno sem inserir o seu contexto
 Em Portugal existe muita produção que surge como produção
historiográfica produzida, no entanto, por pessoas incapazes de explicar
à luz do contexto em que ocorreram
 É igual pensar e agir de forma informada (com base em factos, num
conhecimento da realidade histórica, adquirido de forma científica),
fundamentada (com base em obras históricas, assumindo a forma de
notas de rodapé ou no final do capítulo que remetem para a bibliografia
exterior) e critica
 Obras não fundamentadas traduz-se numa ausência ética e
deontológica resultante ou plagio
 Pensar os problemas, as situações, os factos no contexto em que
ocorreram
 A cronologia usada atualmente não é uma cronologia mundial, mas sim
referente ao mundo ocidental
 É também pensar na longa duração, não vendo os fenómenos na curta
duração

Porque importa estudar história?

Compreender o passado é uma das chaves para compreender o presente, isto


é, para o saber inserir no contexto em que foi produzido – a informação do
passado pode servir, se bem aplicada, para a resolução dos problemas do
presente

A história abraça múltiplas perspetivas e interpretações, pois a realidade


histórica é complexa e impossível de decifrar se nos forcarmos apenas numa
visão

 História não é compatível com fundamentalismos


 A História fortalece competências críticas - "A História é o produto mais
perigoso que a química do cérebro pode produzir"
 Treina-nos a recolher provas e encontrar padrões e tendências - saber o
que caracteriza uma determinada época/sociedade e reconhecer que
elas tendem a ser repetidas

George Duby - Jornalista Francês. Inicia-se como um historiador tradicional e


evolui para uma história mais moderna, ligada às mentalidades. Numa
entrevista, George Duby expõe o seu ponto de vista sobre a atual utilidade da
história:

 A história tem utilidade - estudar o passado permite alargar o horizonte


do observador e com isso aguçar o olhar sobre o mundo presente,
sempre em mudança
 Quem estuda história mais facilmente desenvolve um olhar preciso, e
perspicaz sobre os problemas do presente - história tem uma aplicação
útil
 O objeto de estudo da história não é estático e ajuda a perceber o
dinamismo do próprio presente da parte dos Leitores - "consumir
discurso histórico é um exercício de treino"
 Dá-nos acesso ao conhecimento e a novas competências
 Permite-nos agarrar os problemas do presente mais adequadamente
(porque nos dá uma melhor visão da sua dimensão)
 Permite-nos reconhecer uma situação do passado com semelhanças no
presente e assim, encurta o caminho para a sua resolução
 Da parte dos Produtores - produzir uma investigação histórica é produzir
conhecimento aplicável à realidade, pois, sistematizando o passado,
facilita o reconhecimento de semelhanças com situações do presente
 A história treina a dúvida metódica, pois treina as pessoas que sabem o
qual é a tendência do passado, a desconfiarem de certas ações no
presente. Assim, funciona como a "escola do cidadão" que forma
pessoas capazes de formar uma opinião mais livre e bem fundada
 A história dá àqueles que a estudam uma melhor noção do quão
complexa é a realidade e assim, a fazer uma leitura menos ingénua do
passado
 A história ensina-nos que o tempo é o verdadeiro agente da mudança e
cada mudança tem um diferente ritmo. É, por isso, insensato, tentar
imprimir em diferentes sociedades ritmos ou mudanças que não se lhe
adequam. Tais imposições tendem a resultar numa "aculturação brutal"
que pode destruturar toda uma cultura e sociedade

2. NOÇÕES BÁSICAS DE EPISTEMOLOGIA HISTÓRICA

Epistemologia histórica = estudo do conhecimento e da sua validade = ciência


do conhecimento

Problema da Epistemologia? estudo da relação sujeito-objeto num processo


de conhecimento

A iniciação numa área do saber pressupõe uma reflexão epistemológica sobre


o processo de construção do mesmo saber, sobre a natureza e a validade do
conhecimento nessa área. O conhecimento histórico resulta assim da interação
entre o historiador e as fontes (vestígios de uma realidade passada ou
contemporânea)

2.1. Discursos sobre a natureza do conhecimento histórico

A evolução do conhecimento não é meramente cumulativa (linear e continua).


Há momentos de viragem pela eventualidade de ruturas científicas. Estas
resultam de mudança de paradigmas.

Paradigma: modelo, conjunto de ideias que servem como parâmetro de


referência para uma ciência. Ao ser aceite, funciona como modelo de critério de
verdade, de validação, de reconhecimento nos meios em que pretende ser
adotado.

2.1.1. O PARADIGMA POSITIVISTA

 Surgiu no século XIX – período em que a História se institucionalizou


(instaurou)

 O discurso positivista tem de ser compreendido à luz das circunstâncias


em que foi produzido: mudanças políticas, institucionais, económicas e
sociais – revoluções liberais, romantismo e clima de otimismo científico
Teorias evolucionistas de Darwin – grande impacto na
ciência - tal como Darwin veio explicar a evolução das
espécies, os historiadores também queriam explicar a
credibilizar a história como ciência

 Primeira Guerra Mundial e bombas atómicas (Hiroshima e Nagasaki)


fazem cair por terra a crença na ciência como progresso

A história no paradigma positivista:

 Século XIX – tentativa de distanciamento da “história” romancista

 Discurso estratégico para valorizar a história – tentativa de a elevar à


condição de ciência – “A história não é uma arte. É uma ciência pura”
(PP NETO) O discurso sobre a natureza da História é elaborado tendo
como modelo as ciências da natureza – o paradigma dominante no séc.
XIX

 Método histórico – “Ela (a investigação história) consiste, como toda a


ciência, em constatar factos, analisá-los, juntá-los, estabelecer a ligação
entre eles”

Constatação de factos, análise, junção dessas e estabelecimento de ligações e conclusões

 OBJETIVO: “O historiador não tem outra ambição senão ver bem os


factos e compreendê-los com exatidão”
Ou seja, observação pura e desligada (sem opiniões, crenças,
esperanças), dos documentos, que contém factos (incontornáveis)
 Os factos são dados objetivos que se encontram nas fontes e se
impõem ao historiador – tal como um químico encontra os seus factos
em experiencias minuciosamente conduzidas, também o historiador o
faz através da observação minuciosa de textos
 Cabe ao historiador estabelecer a ligação entre acontecimentos/factos o
e encontrar as causas e as consequências dos acontecimentos, sendo
que, “O melhor dos historiadores é aquele que fica mais perto dos
textos, que os interpreta com mais fidelidade, que não escreve, e
mesmo não pensa, senão de acordo com eles”

NOTA: (sabemos, contudo, que é impossível fazer tal,


visto que o estudo de um documento, exige, desde
logo, a sua inserção num contexto que depende de
referências históricas)

Ranke defendia que “o objetivo do historiador é descrever os factos tal como


aconteceram”:
Emblema da escola positivista
 “Passivo” (enquanto as fontes eram “ativas)
 “Técnico” que apura os factos
 Limita-se a transferir para a sua narrativa os factos que se encontram
autonomizados nas fontes – não há espaço para a subjetividade
 Positivismo – objetivismo – verdade absoluta e definitiva em história

Revista histórica (Revue Historique) – revista de ciência positivista, que se


interessava no domínio dos factos e era fechada a teorias políticas e filosóficas
que não estivessem dentro do parâmetro da objetividade – selecionavam os
artigos a publicar

Um dos órgãos da escola


positivista

A escola positivista trás um contributo


relevante para a definição de uma
investigação histórica cientificamente conduzida. A ela devemos a distinção
entre hipóteses, opiniões e factos

OBJETIVIDADE: Discurso positivista sustenta a ideia de objetividade em


História na sua formulação positivista.
2.2.1. PARADIGMAS ANTI-POSITIVISTAS

 Os acontecimentos ocorridos na primeira metade do século XX no


campo da ciência alteram a forma de pensar o conhecimento cientifico
 As novas experiências históricas provocaram um sobressalto das formas
de pensar a evolução histórica
 Assim, os historiadores atualizam o seu discurso sobre conhecimento
histórico bem como práticas historiográficas

Argumentos contra a cientificidade da história:

 A História não é uma ciência porque não pode prever acontecimentos -


segundo o paradigma positivista associado às ciências exatas, as leis
produzidas pelas experiências permitiam criar regras que previam com
exatidão eventos futuros, pela sua semelhança com factos verificados -
isto é algo que a história não pode fazer
 A história não produz verdade absoluta - que era algo que, segundo este
paradigma, as ciências exatas eram pazes de produzir
 A História foi reconhecida como ciência no século XIX. Contudo, a
conceção de história como ciência reformulou-se à medida que se foram
alterando as conceções de epistemologia e gnoseologia no século XX

2.1.2.1. DISCURSOS DA ESCOLA FRANCESA

 Na desconstrução do discurso positivista referente ao processo de


construção do conhecimento histórico, no que toca aos propósitos de
objetividade do historiador e à natureza do conhecimento, destaca-se
Marrou, que demonstrou a impossibilidade de apreensão e descrição da
vida dos homens ao longo do tempo.

 Marc Bloch chama a atenção para a necessidade de atualizar o


discurso epistemológico sobre a História na obra “Introdução à história”
 “Ora a nossa atmosfera mental já não é a mesma. A teoria cinética dos gases, a
mecânica einsteiniana, a teoria dos quanta alteraram profundamente a ideia de que
ainda ontem toda a gente formava da ciência. Não a apoucaram. Mas tornaram-na mais
flexível. Substituíram, em muitos pontos, o certo pelo infinitamente provável”, ou seja,
ele acha que o conhecimento histórico é diferente do conhecimento de qualquer outra
ciência.
 LER MARC BLOCH

 Lucien Febvre – “Combates pela história” – lança, igualmente, um


veemente repto aos historiadores no sentido de atualizarem o discurso
epistemológico sobre a História

Defende que: Se os cientistas das ciências naturais, adotarem novos


métodos, porque não os cientistas do tempo fazem o mesmo?

O conceito de aceção positivista foi algo de particulares críticas, afirmando-se,


ao mesmo tempo, o papel do historiador no processo de identificação, seleção
e interpretação dos factos.

No contexto de crítica ao discurso positivista sobre a História:

 O conhecimento histórico é apresentado como produto do “diálogo”,


entre o historiador e as fontes, atribuindo-se, um papel ativo a ambos os
intervenientes: o sujeito (historiador) e o objeto (as fontes)
 Os historiadores franceses demonstram a impossibilidade de “descrever
os factos tal como aconteceram”
 Proclamam a ambição do historiador de compreender a evolução
histórica, o que implicava o envolvimento do historiador como sujeito
cognoscente (“aprender sobre”)

2.1.2.2. O DISCURSO PRESENTISTA

 Na 1ª metade do século XX, outros autores desmarcaram-se do discurso


positivista
 Os “persentistas” afirmavam a predominância do sujeito (historiador) na
relação de conhecimento
 Ao conceito de objetividade positivista, contrapunham a subjetividade do
conhecimento e a ideia de que a visão do passado é sempre uma
projeção do pensamento/interesses do presente

(PP NETO)

 “O pensamento histórico contemporâneo recusa a conceção dos sábios


do fim do século XIX e princípios do século XX, conceção segundo a
qual é possível escrever história tal como aconteceu realmente, à
maneira de um engenheiro descrevendo uma máquina determinada”
(Charles Beard).
 “Como um facto é histórico apenas na medida em que é pensado, e
como não existe nada fora do pensamento, a questão de saber quais os
factos que são históricos e quais os que não são, não tem sentido
algum” (Croce)
 Relativismo histórico
 Inexistência de uma verdade, mas de verdades
 Impossibilidade de chegar a consensos

2.1.3 OS DISCURSOS PÓS-MODERNO: O TEMPO DAS


INCERTEZAS

PÓS-MODERNIDADE (PP NETO)

- Descrença nos ideais iluministas


- Descrença no progresso
- Incertezas

 As novas abordagens da história da cultura levaram a história a cruzar-


se (na última década do séc. XX), com um fenómeno que viria a colocar
no mesmo plano o discurso histórico e o literário - “Os historiadores
temeram que os bibliotecários do futuro colocariam a História nas
estantes da ficção”
 Linhas estruturantes do discurso pós-moderno = subjetividade e
relativismo
 Iggers sintetizou, a conceção pós-moderna da História
 Teoria historiográfica pós-moderna – nega que a historiografia se refere
à realidade
 Ronald Barthes e Hayden dizem que a historiografia não se diferencia
da poesia e que ela mesmo é poesia

(A natureza científica da História torna-se objeto de um amplo debate)

2.1.4. ENTRE A OBJETIVIDADE “INGÉNUA” DO POSITIVISMO E


O SUBJETIVISMO DAS CONCEÇÕES PÓS-MODERNAS

 À objetividade, na aceção positivista, e à subjetividade, na aceção


presentista e pós-moderna, contrapôs-se a conceção de
intersubjetividade do conhecimento histórico, onde o conhecimento
histórico válido resulta dos consensos da comunidade dos
historiadores.
 No entanto estes consensos historiográficos são sempre “verdades
provisórias”, ou seja, o conhecimento histórico está sempre em
construção, podendo refazer-se.
 Podemos afirmar assim que o conhecimento histórico é fruto do diálogo,
entre o historiador e as fontes: sem fontes não há história, mas não há
história sem fontes

O historiador:

 Dá vida e significado aos vestígios do passado ao inseri-los num determinado


contexto
 Seleciona e interpreta a informação das fontes condicionado por um conjunto de
circunstâncias – natureza; metodologia da pesquisa; o estado e conhecimento de
outras ciências; preparação teórica, metodológica e cultural do historiador e
circunstâncias do tempo em que vivem

3. A HISTÓRIA, AS CIÊNCIAS SOCIAIS E AS HUMANIDADES

 A história embora integrada nas humanidades, tem uma ligação com


as ciências sociais, pois partilha com elas o objeto: o estudo dos
homens e das sociedades
 Ciências socias: Sociologia; Geografia; História; Psicologia;
Antropologia
 O campo das ciências sociais é “um só” = estudam o mesmo campo
=realidade social e humana
 Embora as ciências sociais e humanas tenham o mesmo objeto de
estudo, é necessário o diálogo entre elas

FACTO SOCIAL TOTAL - (expressão de Marcel Hauss - "Ensaio Sobre a


Dádiva")

 factos que, pela sua estrutura particular ou pelas suas relações, têm
implicações em vários níveis e em diferentes dimensões do real-social.
Desta maneira, são suscetíveis de interessar várias ciências
simultaneamente
 compreensão da totalidade de uma realidade social e humana implica a
sua observação e estudo através da perspetiva própria de cada uma
destas ciências + discussão posterior entre especialistas das várias
áreas = conclusões mais corretas sobre a realidade
 o foco de uma pesquisa e o problema atacado simultaneamente pelas
várias ciências sociais, a partir de diferentes pontos de vista
 Unidade social e a diversidade das ciências sociais + unidade de objeto
de estudo + diversidade de perspetivas de abordagem =
INTERDISCIPLINARIDADE

Materialização dessa Relação - Exemplos:

 noções elaboradas no âmbito de uma ou outra área acabam por ser


generalizadas e adaptadas a outras ciências humanas, senão todas elas
(ex: noção de Facto Social Total)
 certos métodos ou processos de pesquisa ou de construção teórica, do
mesmo modo, universalizam-se e aplicam-se noutros ramos
EM PORTUGAL:

Principal impulsionador - Vitorino Godinho

 Ciências humanas estão sobre constante renovação.


 problemática acompanha o ritmo da própria humanidade, ou seja, a
escolha dos problemas deve ser feita de acordo com aquilo a que o
Homem atual quer compreender e desvendar
 renovação e elaboração de novos processos de estudo
 um esquema e noções operatórias diferentes (conceitos que utilizamos
para designar um determinado fenómeno

Historia e Interdisciplinaridade:

 A história tem um papel privilegiado pois o facto de cada acontecimento


do presente ter espessura temporal (a duração e raízes do passado que
o afetam e impulsionaram) faz com que qualquer outra ciência
necessite da perspetiva histórica ao estudar os
acontecimentos/problema.
 Extensão de um problema no passado implica um olhar panorâmico
sobre o mesmo -› história = método universal de pensar os problemas
humanos, uma "síntese, por excelência, de tudo o que é humano" -
(Vitorino Godinho)

Na atualidade, os historiadores estão conscientes da necessidade de


reforçarem a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Por parte das
outras ciências há, a perceção de que a História alarga o conhecimento
da experiência humana, sendo o “campo da experimentação do humano

4. O OFÍCIO DO HISTORIADOR

O Historiador – traz à memória as vidas que, de outra maneira, não seriam


lembradas:
Para que servem? “interpretar o passado no presente. São um tipo de
interpretes, de tradutores, de tradutores culturais”
O que é? é um especialista creditado para fazer investigação e publicação na
área da história, sendo portador, em princípio, de uma formação académica
HISTORIADORES ACADÉMICOS = credenciados por uma carreira académica
 Graus na área
 Licenciatura
 Mestrado
 Doutoramento

 Obra publicada (livros, artigos ou teses publicadas) - sujeitos a avaliação


pelos seus pares
Exemplos:

 Professores universitário
 Membros de academia

HISTORIADORES NÃO ACADÉMICOS:

 Divulgadores de textos históricos com diferentes formações e não


sujeitos a validação publica das suas publicações
 Historiadores locais (pessoas que têm gosto pela história das suas
origens) – contudo, necessário determinar o ofício do historiador - a
história não se improvisa (há um método científico a seguir na
construção do conhecimento histórico

HISTÓRIVA VS FICÇÃO:

 Historiador procura reconstruir a realidade histórica VERDADEIRA –


apresenta provas do que afirma, servindo-se do cruzamento de fontes
 Autor do romance histórico – parte da realidade histórica + criatividade e
imaginação = história com bases científicas, mas não verdadeira. (EX:
Saramago)

4.1.1. OS SÉCULOS XVII E XVIII: o lançamento das bases de


uma investigação cientificamente conduzida
 “O conhecimento de todos os factos humanos no passado e o
conhecimento da maior parte deles no presente tem de ser, um
conhecimento por vestígios”
 Todos os vestígios, testemunhos, evidencias, dados e fontes primárias,
depois de interpretadas pelo historiador se transformam em factos
 Constituindo as fontes primárias e o elo de ligação entre o historiador e o
seu objeto de estudo, constitui uma etapa no processo de construção do
conhecimento
 Crítica no campo da história inicia-se no século XVI

4.1.2. A ESCOLA METÓDICA

 A convergência entre o caminho da erudição e da construção histórica


concretiza-se no século XIX, no contexto da escola metódica =
positivista ou positiva

Esta corrente historiográfica afirmou-se na consequência


da Revolução Francesa e pelas revoluções liberais

 Aqui, a história foi


convocada para legitimar
os projetos políticos
liberais e construir a memória histórica nas nações

4.1.4. O PROCESSO DE RENOVAÇÃO DA HSITÓRIA NA


PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX: A ESCOLA DOS ANNALES

 As guerras mundiais e as bombas de Hiroshima e Nagasaki provocaram


uma profunda crise de consciência e de valores
 No caso da História, as evidências da guerra sofridas por alguns jovens
historiadores levaram-nos a contestar uma história política e militar
centrada na heroicidade de alguns protagonistas e que esquecia “os
homens de carne e osso”
 A ciência histórica, nas primeiras décadas do século XX, foi confrontada
com o dinamismo de mudança vivido no seio de jovens ciências sociais
(Geografia humana e a Sociologia)
 Crítica se Simiand: acusa os historiadores de adotarem três ídolos:

Ídolo Político
Individual
Cronológico
4.1.5 POR UMA “HISTÓRIA NOVA”

 No início do século XX, a história narrativa de acontecimentos,


organizados numa sequência linear e cronológica não satisfazia alguns
historiadores
 Assim, Henri começou a estabelecer um diálogo com as ciências sociais
 Marc Bloch e Lucien haveria, de se distinguir no esforço de renovação
do processo de construção do conhecimento histórico

No editorial de Marc Bloch e Lucien propunham-se prosseguir um trabalho


honesto, consciencioso e solidamente fundamentado (valores positivistas),
mas marcado por uma grande abertura cronológica, geográfica e temática e
recetiva a outros saberes, sobretudo no âmbito das ciências sociais

4.1.5.1.
UMA
REDEFINIÇÃO DO OBJETO DA HISTÓRIA: “O HOMEM TODO E
TODOS OS HOMENS”

O objeto de estudo da história:

 todos os homens são igualmente importantes para o historiador


 a seleção do grupo ou dos indivíduos a estudar depende do objetivo que
se pretende atingir (adaptar o grupo ao foco do estudo)
 ao historiador interessa o "Homem todo", ou seja, todas as suas
manifestações, políticas, económicas, sociais, culturais, mentais, etc..

Esta redefinição do objeto da História implicou uma reformulação do processo


de construção do conhecimento histórico, isto é, da metodologia histórica

4.1.5.2. NO INÍCIO: A DEFINIÇÃO DE PROBLEMAS E


FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES
 Toda a investigação científica é uma procura de respostas a problemas
 O ponto de partida da investigação histórica passou a ser, a definição
dos problemas e a formulação das hipóteses.
 A identificação e a seleção das fontes é feita em função dos problemas e
das hipóteses que foram previamente definidas – as fontes só
respondem ás questões que lhe são colocadas
 ASSIM, a fonte é também uma “construção” do historiador na medida
em que é o historiador que lhe dá vida, quando a integra num
determinado contexto espacial e temporal

4.1.5.3. O ALARGAMENTO DO CONCEITO DE FONTE

 O alargamento das fontes levou a uma convocação de múltiplas áreas


do saber para fazer o tratamento e aproveitamento das fontes
 ASSIM, a confusão entre a subjetividade e parcialidade marcou, o
discurso sobre a História, ignorando-se os princípios deontológicos que
devem guiar o historiador
 Receio do Historiador: não é receio de ser enganado pela fonte mas
o de se enganar ou de não ser capaz de compreender a informação
dela

4.1.6 FACTOS DE REPETIÇÃO E METODOLOGIA QUANTITATIVA

 A história segundo o modelo positivista, centra-se no indivíduo e


acontecimentos.
 Crítica de Simiand á História: "Se o estudo dos factos humanos quer
constituir-se em ciência, tem que se desviar dos factos únicos para se
interessar pelos factos que se repetem, quer dizer, afastar-se do
acidental para se fixar no regular, eliminar o individual para estudar o
social".
 O estudo de factos tinha de vir de “fontes sérias” – isto implicava contar,
medir, agregar, avaliar estatisticamente o peso dos dados históricos, isto
é, a utilização de uma metodologia quantitativa
Permitiu o estudo de fenómenos estruturais e dinâmicas
conjunturais nas áreas da demografia histórica e da
história económica, social, cultural, política e das
4.1.7 A METODOLOGIA mentalidades
COMPARATIVA

 Os historiadores começam a
aplicar este método quando sentiram necessidade de comparar aspetos
formais dos documentos no sentido de proceder à sua avaliação crítica e
interpretação
 O método comparativo permite ao historiador avaliar, analisar, organizar,
classificar, elaborar periodizações, aplicar conceitos e teorias. A história
comparada implica a utilização do método comparativo, mas não se
circunscreve a este.
 Comparar sociedades, economias ou culturas é uma tarefa muito
complexa. São portanto necessárias duas condições para que haja,
historicamente falando, comparação: uma certa semelhança entre os
factos observados e uma certa dissemelhança entre os meios onde
tiveram lugar.
 É possível comparar sociedades distantes no espaço e no tempo,
aparentemente não influenciadas umas pelas outras, ou sociedades
próximas em termos espaciais e temporais. No entanto, é necessário ter
particular cuidado com os anacronismos.
 Uma das primeiras obras de história comparada foi escrita por Marc
Bloch e intitula-se os Reis Taumaturgos. Ao longo do século XX, tem-se
praticado história comparada, constituindo hoje uma característica da
história global que procura identificar diferenças, mas também conexões,
transferências e mestiçagens.

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