Vocação e Missão de Catequista (2)
Vocação e Missão de Catequista (2)
Vocação e Missão de Catequista (2)
1. A pessoa do catequista
O/a catequista é alguém que ama viver e se sente realizada; de maturidade humana e equilíbrio
psicológico, que sabe dialogar a partir de valores evangélicos e é capaz de criar relações e de acolher as
diferenças.
É alguém de profunda espiritualidade que se nutre da Palavra de Deus, tem vida de oração e se alimenta
da Eucaristia.
E, finalmente é alguém de sensibilidade que vê o rosto de Deus na pessoas, nos pobres, na comunidade.
Pessoa de fé e de vida em comunidade.
Algumas afirmações do Diretório para a catequese de 2020 podem nos ajudar a compreender a vocação
do catequista:
“No conjunto dos ministérios e serviços com os quais a igreja cumpre sua missão evangelizadora, o
ministério da catequese ocupa um lugar significativo, indispensável para o crescimento da fé. Este
ministério introduz à fé e, juntamente com o ministério litúrgico, gera os filhos de Deus no seio da Igreja. A
vocação específica do catequista, portanto, tem sua raiz na vocação comum do povo de Deus, chamado a
servir o desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade” (110)
2. A vocação-missão do catequista
Ainda afirma o Diretório:
“O/a catequista é um/a cristão/ã que recebe o chamado particular de Deus que, acolhido na fé, o capacita
ao serviço da transmissão da fé e à missão de iniciar à vida cristã. (111)
A partir do seu batismo, o catequista é testemunha da fé e guardião da memória de Deus sendo sinal
de esperança para seus irmãos e irmãs; é mestre e mistagogo, que introduz no mistério de Deus,
revelado na Páscoa de Cristo com a dupla missão de transmitir o conteúdo da fé e conduzir ao
mistério da mesma fé e finalmente, o catequista é acompanhador e educador daqueles que lhes foram
confiados pela Igreja.
Para exercer bem esta sua missão de discípulo-missionário, o Documento de Aparecida indica cinco
passos para a sua formação que podemos traduzir em cinco aspectos fundamentais:
1) Encontro com Jesus Cristo
2) Conversão
3) Discipulado
4) Comunhão
5) Missão
O catequista busca seguir Jesus Cristo, conhecendo-o cada vez mais em sua Palavra refletida
pessoalmente e proclamada na celebração da comunidade.
O catequista é capaz de celebrar e viver a riqueza dos sacramentos na vida e entender seus sinais na
celebração. Assim, ele vive do mistério e é capaz de conduzir outros ao mistério.
O catequista mistagogo é aquele que faz a experiência de Deus, professa a fé no cotidiano e discerne a
experiência de fé de seus catequizandos nos sinais que revelam a presença de Deus nos acontecimentos
da vida, na história da salvação e nos ritos celebrados na liturgia.
O catequista caminha nos passos de Jesus e é no grupo de catequistas que ele cresce, amadurece,
partilha, alimenta a espiritualidade e a convivência fraterna.
3. Vocação e missão, por que um ministério?
Papa Francisco, desejando consolidar a vocação do/a catequista, escreveu um documento chamado
“Motu Proprio” elevando a vocação do/a catequista a um ministério instituído. Mas afinal, por que este
ministério? Qual seria sua missão específica?
No livro “Vocação e missão de catequista, Por que um ministério? Padre Abimar define o ministério do/a
catequista a partir de três aspectos: profecia, cura e liturgia, como veremos abaixo:
Um ministério para profetizar
Um ministério para curar
Um ministério para celebrar
Anunciar a Palavra de Deus como fonte de denúncia do que não é sua vontade e como fonte de
esperança para quem se encontra já sem esperança.
3.1. Um ministério para profetizar
“Como ministro instituído, o/a catequista é chamado a colaborar, partindo da específica e fundamental
responsabilidade que tem no projeto da Iniciação à Vida Cristã comunitário, no discernimento acerca das
melhores e mais adequadas práticas que a comunidade eclesial é chamada a assumir” (pag. 22).
O/a catequista, por sua vocação, se coloca a serviço de uma informação autêntica e crítica sobre a vida da
própria Igreja, atualizando a doutrina e o modo de vida cristã seguindo a linha do profetismo de Jesus. É o
testemunho da vida, necessário à missão do/a catequista, que dará credibilidade à sua missão profética, e
reconhecendo suas fragilidades diante da misericórdia de Deus ele se torna sinal de esperança para seus
irmãos e irmãs e, neste sentido, sinal profético.
Sendo assim podemos dizer que, em seu ministério profético, o/a catequista:
Abre horizontes,
Indica orientação e sentido,
Orienta as pessoas num caminho de libertação do mal estar interior provocado pela falta de sentido
de vida, de valores.
Oferece seu apoio e é solidário com os que sofrem oferecendo uma palavra de fé oportuna no
momento adequado.
3.2. Um ministério para curar
Oferecendo sentido de vida a quem perdeu o sentido da própria vida: sejam crianças, adolescentes,
jovens, famílias, adultos... a função terapêutica da catequese em nosso tempo é urgente e inadiável. O/a
catequista, ao oferecer às novas gerações uma Iniciação à Vida Cristã, vai abrindo horizontes, indicando
orientação e sentido e, assim exercendo uma função terapêutica. Ele/a oferece seu apoio, sem deixar de
indicar acompanhamento específico, quando necessário, aos seus interlocutores que muitas vezes
necessitam mais do que uma orientação catequética: necessitam psicólogos, psiquiatras ou assistentes
sociais. É a partir da empatia que o/a catequista vai criando um clima de solidariedade e acolhida aos que
sofrem e transformando seu ministério em ação que cura.
Diz o Diretório no nº 113.e “O catequista tem competências educacionais, sabe ouvir e entrar na dinâmica
do amadurecimento humano, torna-se companheiro de viagem com paciência e senso de gradualidade,
tornando-se assim ‘especialista’ em humanidade que conhece as alegrias e esperanças de cada pessoa,
suas tristezas e angústias e sabe colocá-las em relação com o Evangelho de Jesus.
3.3 Um ministério para celebrar
Em sua função litúrgica, o/a catequista capacita novos orantes, a fim de que, cada um deles, seja capaz
de levar para o espaço orante do culto ou da celebração, os problemas, as inquietações, as situações, as
interrogações. Na liturgia, eles encontrarão as luzes que, ao longo da semana, iluminarão o exercídio de
seus compromissos e responsabilidades fazendo da experiência celebrativa um espaço de fortalecimento
de seu empenho e labor evangelizador de cada dia.
Todos somos chamados a nos encontrar na Eucaristia, lugar de professar a fé, de testemunhar a
experiência de Deus e de celebrar seu louvor como Senhor da vida.
Um ministério é muito mais do que um cargo, uma função, um título: é a resposta a uma vocação, é uma
missão!
4. Os critérios para a formação de catequistas que querem assumir a própria vocação
O Diretório para a Catequese oferece alguns critérios importantes para nossa formação como catequistas
conforme segue:
4.1. Espiritualidade missionária e evangelizadora – para que a ação do/a catequista não caia num
cuidado pastoral estéril. Tal formação a partir de uma espiritualidade missionária, levará o/a catequista a
um compromisso mais concreto com o mundo e à paixão pela evangelização, alimentando a vida do/a
catequista e salvando-a do individualismo, do intimismo, da crise de identidade e do apagamento do fervor
4.2. Catequese como formação integral – numa ação que forma catequistas para ser capazes de
assumir a missão de mestres, educadores e testemunhas no processo de Iniciação à Vida Cristã dos
novos Discípulos de Jesus.
4.3. Estilo de acompanhamento – os/as catequistas devem ser formados na arte do acompanhamento
pessoal, por isso deve ser proposto a eles a experiência de ser acompanhados para crescer no
discipulado o que requer humilde disponibilidade de se deixar tocar pelas interrogações e desafios das
situações da vida, com um olhar cheio de compaixão e ao mesmo tempo respeitoso com a liberdade dos
outros.
4..4. Coerência entre os estilos formativos – que os/as catequistas superem o improviso na sua ação, a
partir de um estilo e uma sensibilidade que está sempre aberta à formação permanente.
4.5. Perspectiva de autoafirmação – devem ser desenvolvidas no/a catequistas a disposição de se
deixar tocar pela graça, a atitude serena e positiva em relação à realidade, a disponibilidade à
autoformação que leva o catequista a ser compreendido sempre como sujeito em formação e aberto às
novidades do Espírito, acolhendo o grupo de catequistas como fonte de aprendizagem.
Conclusão
A partir deste olhar global sobre a vocação do/a catequista, vamos concluir nossa reflexão olhando
pessoalmente e em grupos, nossa própria vocação de catequistas. A proposta é a leitura do testemunho
do catequista Paulo Apóstolo e à luz deste testemunho cada um de nós fazer memória de própria história
vocacional de catequista e a seguir compartilhar em pequenos grupos esta memória.
Trabalharemos em dois tempos: pessoalmente meia hora e em grupos meia hora. A seguir no plenário,
vamos compartilhar como nos sentimos nesta experiência.
Trabalho pessoal e em grupos
Leitura do testemunho vocacional de Paulo Apóstolo: catequista das nações: Gálatas 2,11-24
À luz deste testemunho, faça memória de sua caminhada como catequista. Onde você percebe
que o Senhor estava presente lhe chamando e sustentando sua vocação?
Que Palavra criadora de Deus lhe sustenta em sua vocação?
Como esta Palavra lhe ajuda a enfrentar as dificuldades do cotidiano de ser catequista?
Como você entende sua vocação profética, terapêutica e litúrgica?