14 - Angelologia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 28

A

NGE
LOL
OGI
A

P
ROF
.NA
TAN
AEL
SOL
IS
INTRODUÇÃO

A Angelologia é uma parte vital da Teologia, tendo ligação direta para outros
ensinamentos da Bíblia.
Neste estudo abordaremos os seguintes assuntos: anjos santos, satanás, os
anjos caídos, inferno e batalha espiritual.
O importante papel que os anjos e todos os seres angelicais têm
desempenhado na história do homem, torna-os merecedores de referência e estudo
especiais.

Que Deus lhe abençoe.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 2


ANGELOLOGIA – A Doutrina dos Anjos

I. DEFINIÇÕES

ANGELOLOGIA ou Angeologia: é um ramo da teologia que estuda os anjos. Ou


seja, estudo através das Escrituras, dos anjos e de todos os seres espirituais criados
por Deus. O termo vem do grego angelos, "anjo" e logia, "estudo", "dissertação". A
Angelologia se constitui, portanto, da doutrina específica dentro do contexto da
Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características,
natureza moral e atividades dos anjos.

ANJO: A palavra portuguesa “anjo” tem origem no latim angelus, que deriva do
grego  = angelos e tendo sua origem do idioma hebraico, o termo malakh.
Seu significado básico é "mensageiro" para designar a ideia tanto para mensageiros
humanos quanto divinos (1Rs 19.2; Lc 7.24 e 9.52). O grego clássico emprega o
termo angelos para o mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que fala e
age no lugar daquele que o enviou.

No AT, onde o termo malakh ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres
celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó
1.6), são espíritos ministradores (1Rs 19.5), transmitem a vontade
de Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os
propósitos de Deus (Nm 22.22), e celebram os louvores de Deus (Jó 38:7; Sl
148.2).

No NT, onde a palavra angelos aparece por 175 vezes, os anjos aparecem como
representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes
às do AT são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-
11; Hb 1.6), são espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14),
transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26), obedecem a vontade dEle (Mt
6.10), executam os Seus propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo
(Lc 2:13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais, tais como: a
concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu nascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt
28.5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1.11).

SATANOLOGIA: Estudo de satanás; sua natureza, características, sua ação, sua


queda e seu castigo.

DEMONOLOGIA: é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve o estudo de


textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia, por geralmente se referir
aos demônios descritos no Cristianismo. Estudo dos demônios, anjos caídos e de
espíritos satânicos.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 3


II. A IMPORTANCIA DA ANGELOLOGIA

A doutrina dos anjos é fundamentalmente o estudo dos ministros da providência de


Deus (agentes especiais de Deus). Como em toda doutrina, há uma negligência muito
grande desta, nas igrejas e entre os teólogos, que chega a ser verdadeira rejeição.
Considerada pelos estudiosos contemporâneos como a mais notável e difícil das
matérias. Marco da implantação de grandes seitas e heresias, do mundo atual.

Muitos teólogos afirmam que “parece difícil definir especificamente os anjos”. Uma
das razões disto, é que a Angelologia não se constitui no enfoque primário das
Escrituras. Os contextos angelicais sempre têm Deus, ou Cristo, como seu ponto
central (Is 6.1-3; Ap 4.7-11). A maioria dos aparecimentos de anjos é fugaz, sem ser
provocada nem predita. Tais manifestações confirmam verdades, mas nunca
produzem por si mesmas.

“Quando os anjos são mencionados, é sempre para informar-nos mais a respeito de Deus, o que Ele
faz, e como o faz, bem como Ele requer”.

A ênfase primária da Bíblia, portanto, é o Salvador, e não os seus servos; o Deus dos
anjos, e não os anjos de Deus. Anjos podem ser escolhidos como método ocasional
para a revelação, mas nunca se constituem na mensagem. O estudo dos anjos,
contudo, será um desafio ao coração bem como ao intelecto. É necessário, portanto,
evitar zelosamente o extremismo, e ideias duvidosas ou antibíblicas que dominam a
nossa sociedade.

No século I, surgiu uma heresia que se constituiu num “pretexto de humildade e culto
aos anjos” (Cl 2.18). Paulo respondeu a essa heresia glorificando a Cristo que é a
fonte da nossa glória futura (Cl 3.1-4).

Angelologia na História da igreja.


Como os Pais da Igreja (com exceção de Orígenes de Alexandria) não demonstravam
interesse especial pela natureza dos anjos, pode-se dizer que as bases das doutrinas
angelológicas ocidentais foram formuladas por Agostinho no século IV d.C.
Segundo o pensador cristão, os anjos teriam uma natureza puramente espiritual e
livre. Comentando o livro de Gênesis, Agostinho definiu as funções destes seres
celestes, que seriam responsáveis pela glorificação de Deus e pela transmissão da
vontade divina. De acordo com a doutrina angelológica agostiniana, os anjos estariam
voltados tanto para o mundo espiritual quanto para o mundo visível, no qual
interviriam com certa frequência. Para Agostinho, os homens e os anjos tinham
semelhanças notáveis, tendo ambos sido criados à imagem de Deus. Ademais,
ambos seriam criaturas inteligentes.
Hoje, as diferentes denominações têm diferentes tratamentos e níveis de atenção
dados à doutrina. Enquanto algumas igrejas os reverenciam e os admiram, outras
evitam o tópico, associando-os à idolatria e desvio de foco de atenção, mentiras,
falsos sinais, e desordem de culto.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 4


A teologia pentecostal de algumas igrejas tem classificado muitas vezes anjos como
seres sem sentimento, ou livre arbítrio, como já o tendo usado e agora não podendo
tomar mais decisões próprias, sendo os fiéis principalmente mensageiros, e que não
entram em contato com o ser humano, raras exceções. O desejo de salvar anjos
caídos teve pouco estudo até hoje, sendo um dos que creram nessa hipótese
Orígenes. Atualmente, há poucos pastores que concordam com a possibilidade de
conversão de anjos caídos.

Vejamos Três Aspectos de Negligência desta Doutrina:

Primeiro. Desde a antiguidade, os gnósticos prestavam adoração aos anjos (Cl 2.18);
depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de bruxarias com
culto aos anjos, e agora em nossos dias, os estudos cabalísticos personalizados no
meio esotérico e místico, ensinam novamente o culto aos anjos, por meio de bruxos
sofisticados e modernos. Sabendo que antes de tudo, a existência e ministério dos
anjos são fartamente ensinados nas Escrituras, não podemos negligenciar os
ensinamentos sagrados.

Segundo. A evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma


veemente em nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a grande
idolatria que considerava adoração a demônios (1Co 10.19-21 ). Nos últimos dias,
esta adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante (Ap 9.20-21), até na
Grande Tribulação. A negligência deixa de existir para dar lugar a um crescente
pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Não podemos
negligenciar tal doutrina.

Terceiro. A prática acentuada do espiritismo que crescerá assustadoramente nos


últimos dias, conduzindo homens, mulheres e crianças a profundos caminhos de
trevas e cegueira espiritual (1Tm 4.1-2). E ainda a obra de Satanás e dos espíritos
maléficos, atrapalhando o progresso da graça em nossos próprios corações e a obra
de Deus no mundo (Ef 6.12).

Precisamos desejar e conhecer mais e mais os ensinamentos sagrados para


podermos estar firmes contra as astutas ciladas deste inimigo derrotado, Satanás, o
anjo caído (Rm 16.20; Ap 12.7-9; 20.1-10).

III. NATUREZA DOS ANJOS

1. SUA EXISTÊNCIA
Ao iniciarmos nosso estudo de Angelologia faz-se necessário que assentemos
biblicamente a verdade da existência dos anjos.
A existência dos anjos, conforme veremos a partir de agora, é claramente
demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento.

a) Estabelecida pelo Ensino do Antigo Testamento

São inúmeros os textos do AT que comprovam a realidade da existência dos anjos.


Queremos, no entanto, destacar apenas os que se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss;
1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17; 91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 5


17; Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos em suas
funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as mensagens de Deus,
obedecer Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também como guerreiros.

b) Estabelecida pelo Ensino do Novo Testamento

No contexto do NT, os anjos não são apresentados simplesmente como


"mensageiros de Deus", mas também como "ministros aos herdeiros da salvação"
(Hb 1.14). Igualmente, a existência dos anjos é apresentada de maneira inequívoca
no NT. Vejamos, por exemplo, os textos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc
8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe
2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9.
2. SUA ORIGEM
Os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus numa só
ocasião (Ne 9.6; Sl 148.2). A Bíblia não dá indício de um cronograma de criação
incremental de anjos (nem dalguma outra coisa). Foram formados por Cristo e para
Ele quando “mandou, e logo foram criados” (Sl 148.5; leia também Cl 1.16,17; 1Pe
3.22). Deus certamente criou todos de uma só vez, pois os anjos não tem
capacidade de propagar-se como o homem (Mt 22.30).

Portanto, não sabemos quando foram criados, mas podemos entender que isso deve
ter acontecido imediatamente após a criação dos céus e antes de ter criado a terra,
segundo podemos ver em Jó 38.4-7:

“Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens


inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre
ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua
pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos
os filhos de Deus jubilavam?” (Leia também Gn 1.1; 2.1).

a) Expressões usadas para se referir aos anjos:

• Filhos de Elohim (Deus) (Jó.1.6 e 2.1; Sl 29.1; 89.6).


• Santos (Sl 89.5-7).
• Vigias (Dn 4.13, 17, 23).
• Espíritos (Hb 1.14).
• Principados, poderes, tronos, dominações e autoridades (Cl 1.16; Rm 8.38;
1Co 15.24; Ef 6.12; Cl 2.15).

b) Coletivos usados para os anjos:

• Congregação/ assembléia (Sl 89.6,7).


• Hostes/ Senhor das hostes (Lc 2.13; Ef 6.12; Hb 12.22).

c) Testemunhos à origem e existência dos anjos:

• Cristo comprovou a existência dos anjos (Jo 1.51; Lc 22.43).


• O apóstolo Paulo também testemunhou (Gl 1.8).
• O próprio Satanás falou dos anjos (Mt 4.6).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 6


• O apóstolo João citou-os mais de 60 vezes no Apocalipse (Ap 1.1).

Anjos, então, foram comprovados pelos escritores da Bíblia e pelo próprio Jesus
Cristo, como sendo reais. Apesar de toda confusão de todos os tempos, não podemos
negligenciar esta grande doutrina – Angelologia.

3. SUA NATUREZA
Resumindo, os anjos são:

a) Criaturas – como já declaramos anteriormente, os anjos foram criados por Deus,


ou seja, são criaturas.

• Os anjos foram criados para darem glória, honra e ações de graça a Deus.
• Os anjos foram criados para adorarem a Cristo (Hb 1.6).
• Foram criados para cumprirem os propósitos de Deus:

b) Espíritos – os anjos são reais, mas nem sempre visíveis (Hb 12.22). Embora
Deus ocasionalmente lhes conceda a visibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos (Sl
104.4; Hb 1.7; 14). Os anjos são incorpóreos (Hb 1.14 ), não têm corpo físico,
mas podem assumir forma corpórea (Gn 18.19; Sl 104.4; Hb 1.7; Ef 6.2; Mt 8.16;
12.45; Lc 7.21; Ap 16.14). Nos tempos bíblicos, seres humanos experimentavam
às vezes os efeitos da presença de um anjo, mas não viam ninguém (Nm 22.21-
35). Às vezes, viam o anjo (Gn 19.1-22; Jz 2.1-4; 6.11-22; 13.3-21; Mt 1.20-25; Mc
16.5; At 5.19,20). Além disso, os anjos podem ser vistos sem serem reconhecidos
como anjos (Hb 13.2).
c) Imortais – como seres criados, são perpétuos, mas não eternos. Somente Deus
tem “imortalidade” (1Tm 6.16). No sentido de não ter começo nem fim. Os anjos
tiveram um começo, mas não terão fim, pois estarão presentes nos tempos
eternos e na Nova Jerusalém (Hb 12.22; Ap 21.9,12). Os anjos não estão sujeitos
à dissolução: nunca morrem. A imortalidade dos anjos deriva de Deus e depende
de Sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque assim Deus os fez. (Lc
20.35,36).

IV. CARACTERÍSTICAS DOS ANJOS

A Angelologia sempre foi proeminente em ambos os Testamentos. Muitas passagens


das Escrituras nos ensinam que ao nosso redor há um mundo de espíritos. Muito
mais populoso, mais poderoso, e de maiores recursos que o nosso próprio mundo
visível de seres humanos. Bons e maus espíritos dirigem os passos em nosso meio.
Passam de um lugar para o outro com a rapidez de um relâmpago e com os
movimentos imperceptíveis. Eles habitam os espaços em redor de nós. Sabemos que
alguns deles se interessam pelo nosso bem-estar; outros, porém estão empenhados
em fazer-nos o mal. Os escritores inspirados fazem-nos descobrir uma visão desse
mundo visível a fim de que possamos ser, tanto confortados, como admoestados.

1. São seres gloriosos (Lc 9.26).


• Os anjos são dotados de dignidade e glória sobre-humanos.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 7


2. Não são seres humanos glorificados (Hb 12.22,23). Há um cântico que diz:
"eu quero ser um anjo e com os anjos ficar". Contrário à Bíblia. Não podemos
dizer que, ser como anjos é ser anjo, também é ensinado erroneamente, que
crianças quando morrem, viram anjos (Lc 20.35,36).
• São perfeitos e sem falha (Gn 1.31).
• Parte dos anjos tornou-se rebelde (Jd 6; 2Pe 2.4).
• O restante permaneceu obediente (Mt 25.31; Sl 99.7).

3. Não se reproduzem conforme sua espécie - As Escrituras em parte alguma


ensina que os anjos são seres assexuados. Encontramos inferências referindo-
se aos anjos, com o uso de pronomes do gênero masculino (Dn 8.16,17; Lc
1.12,29,30; Ap 12.7; 20.1; 22.8,9). E posto que os anjos “nem casam, nem são
dados em casamento” (Mt 22.30), formam um grupo completo, que não
necessita de reprodução.
4. São numerosos - Não podemos também definir número, mas sabemos que um
"exercito" compreende grande quantidade, uma "legião" (entre os romanos
aproximadamente 6.000 homens) compreende um número grandioso (Dn 7.10;
Mt 26.53; Hb 12.22).
5. São poderosos – os anjos têm uma natureza incomparável; são superiores aos
seres humanos (Sl 8.5), mas inferiores ao Jesus encarnado (Hb 1.6; Sl 103.20;
2Pe 2.11; Hb 2.10). Contudo, esse poder tem seus limites estabelecidos. Veja
demonstração de poder dos anjos (At 5.19; 12.7,23; Mt 28.2).
• Não são oniscientes (Mt 24.36)
• Não são onipresentes (Dn 9.21-23)
• Não são onipotentes (Dn 10.13; 2Ts 1.7; 2Sm 24.16,17).
6. São seres velozes (Mt 26.53). O pensamento que deve ser destacado, é que os
anjos, cuja residência, supostamente era nos céus, podiam instantaneamente
aparecer em defesa de seu Senhor. Como essas legiões de anjos poderiam
passar, com tal rapidez, do céu até o triste Getsêmani, ultrapassa nosso
entendimento. Sabemos apenas que a possibilidade do fenômeno indica uma
atividade e rapidez verdadeiramente maravilhosa.
7. São seres pessoais. Eles possuem:
• Inteligência (Dn 10.14)
• Emoções (Jó 38.7)
• Vontade (Is 14.13,14)

8. São reverentes. Os anjos adoram, mas não devem ser adorados. “São
incomparáveis entre as criaturas, mas nem por isso deixam de ser criaturas”.
Erickson. Correspondem com adoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc
2.13-15; Ap 4.6-11; 5.1-14) e a Cristo (Hb 1.6). Como consequência, os cristãos
não devem exaltá-los (Ap 22.8,9); os que o fazem, perdem a sua recompensa
futura (Cl 2.18).
9. São servos. Os anjos servem, mas não devem ser servidos. Deus os envia
como agentes para ajudar os seres humanos, especialmente os fiéis (Ex 14.19;
Nm 20.16; Jz 6.11-22; 1Rs 19.5-8; Sl 34.7; 91.11; At 12.7-12). Os anjos também
mediam os juízos de Deus (Gn 19.22; At 12.23) e Suas mensagens (Jz 2.1-5; Mt
1.20-24; Lc 1.11-38). Mas eles nunca devem ser servidos, pois assemelham-se
aos cristãos num aspecto muito importante: são também servos de Deus (Ap
22.9).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 8


10. São agentes e mensageiros. Os anjos acompanham a revelação, mas não a
substituem total ou parcialmente. Deus os emprega, mas não são o alvo da
revelação divina (Hb 2.2). Há um grupo seleto chamado de “vigias” ou
“vigilantes” que são mencionados somente em Daniel 4.13,17,23. São os santos
que promoviam zelosamente os decretos soberanos de Deus, e demonstravam
o senhorio de Deus sobre Nabucodonosor.
11. Seu destino. Continuarão servindo a Deus por toda a Eternidade (Ap 21.1,
2,12).

“Quão capazes, portanto, são os anjos bons para ministrar ao homem; e quão desesperadora pode ser
a oposição dos principados, os dominadores deste mundo tenebroso! Confiemos, portanto, na força do
poder do Senhor e de seus ministros”.

Assunto importante a considerar:

Pergunta: "Quem eram os ‘filhos de Deus’ e as ‘filhas dos homens’ em Gn 6.1-4?"


Ler Gn 6.1-4; 1Pe 3.18-20; 2Pe 2.4 e Jd 6.

Os anjos são chamados "filhos de Deus" no Antigo Testamento, nas referências de Jó


1.6; 2.1; 38.7 e também em Gn 6.2,4. Deve ser observado, porém, que, apesar de
serem assim chamados, os homens também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A
palavra original é "Benai-Elohim" que significa “filhos de Deus”. Por causa do texto
de Gn 6.2-4, existe a polêmica sobre quem foram os tais "filhos de Deus".

Os “filhos de Deus” se refere aos anjos, neste texto de Gn 6, é a posição tomada


por Josefo, Filo Judeus e os autores do Livro de Enoque e do Testamento dos Doze
Patriarcas; era a posição geralmente aceita pelos judeus eruditos dos primeiros
séculos da era cristã. A impressão que geraram "gigantes" foi da Septuaginta (LXX),
que também traduziu todos os manuscritos, substituindo "filhos de Deus" por "anjos
de Deus" em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por "meus anjos" em Jó 38.7.

Observe o texto: (Gn 6.1-4) "...Estes eram os valentes que houve na antiguidade,
os homens de fama. Filhos do relacionamento entre ‘os filhos de Deus’ com as ‘filhas
dos homens’ ".

Esta é a definição original dos textos da Palavra de Deus e não "nefilins", que
encontramos em alguns textos traduzidos e não confiáveis, conforme The Theological
Wordbook of the Old Testament, por Harris, Archer e Waltke. Estes homens gerados
eram perversos e dominaram a terra, razão pela qual, Deus viu que havia grande
maldade sobre a terra (vs. 5 e 6).

Argumentos

➢ Teoria de que os "filhos de Deus" eram anjos:

1. As referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7.


2. A relação anormal produziu gigantes impiedosos.
3. Anjos podem aparecer como homens (Gn 19.1,5) ou em homens (Mc 1.23-26;
5:13). O Dr. Henry Morris diz: “Os filhos de Deus e as filhas dos homens são
homens e mulheres, mas foram possessos por demônios”.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 9


4. Em Mt 22.30 o Senhor estava apenas explicando que os anjos não se
reproduzem como os humanos. Não há prova que os anjos não têm sexo. Nos
originais, a palavra “anjos” sempre é no gênero masculino. Os “anjos” não se
reproduzem porque não existem "anjas".
5. As referências associadas com Jd 6; 1Pe 3.18-20; 2Pd 2.4-6.
6. Esta teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plínio.
7. Os livros apócrifos (três deles) asseguram esta posição.
8. É considerado que houve duas quedas de anjos, uma quando Satanás liderou a
rebelião, antes da queda do homem, e outra em Gn 6. Teoria defendida pelo
teólogo americano batista, Rev. Clarence Larkin (1850-1924).

➢ Teoria de que os "filhos de Deus" não eram os anjos e sim os descendentes de


Sete.

1. Se anjos de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio


espetacular da história que viola as normas da natureza, e não há nada na Bíblia
que diga que anjos têm poderes sexuais.
2. Em Gn 6, encontramos em seu contexto a sequência do termo "homem" (v. 1,2,3).
3. A distinção entre os "filhos de Deus" e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo
que, claramente entendemos que o título "filhos de Deus" não se refere aos anjos
caídos.
4. Se esta relação entre anjos e mulheres gerou os "nefilins - gigantes", como se
explica a presença destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33.
5. A linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relação entre humanos.
6. Os livros apócrifos, provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais
adotaram a interpretação angélica. Josefo trabalhou com este grupo.
7. Os textos do Novo Testamento não provam que são anjos:
• 1Pe 3.18-20 nada diz sobre estes "espíritos em prisão", sendo anjos. Pelo
contrário, o contexto indica homens (4.6).
• 2Pe 2.4 e Jd 6,7 são referências de anjos, mas não provam que eram
envolvidos em Gn 6.

V. CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS

Os anjos, normalmente são classificados como bons ou maus fiéis ou rebeldes. Os


últimos, também chamados de anjos caídos, e de demônios, inimigos de Deus e do
Seu povo. No próximo capítulo estudaremos este assunto.

CLASSIFICAM-SE OS ANJOS EM DUAS GRANDES CLASSES:

1. Anjos santos (ou anjos bons)


2. Anjos caídos (ou anjos maus)

1. Anjos santos – Descritos como seres alados/voadores (Dn 9.21; Ap 14.6a).


TRABALHAM PARA NOS FAVORECER (Sl 91.11; Hb 1.14; Dn 6.22).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 10


a. Guiam e guardam os crentes (Sl 91.11; Hb 1.14).
b. Ministram ao povo de Deus (Hb 1.14; Mt 4.11; Lc 22.43).
c. Defendem e livram os servos de Deus (Gn 19.11; At 5.19-20).
d. Guardam os eleitos falecidos (Lc 16.22; Lc 24.22-24; Jd 9).
e. Cooperam na separação entre justos e ímpios (Mt 13.49; Mt 25.31-32).
f. Cooperaram no castigo imposto aos ímpios (2Ts 1.7,8).

2. Anjos caídos - Aprisionados/ Libertos/ Demônios e Satanás.


PROPÓSITO DE OPOR-SE E DESTRUIR A OBRA DE DEUS E SEUS SANTOS.

a. Satanás antes de sua queda. A Teologia costuma afirmar que ele ocupava um
lugar especial entre os querubins (Ez 28.14).
b. Satanás e suas hostes caídas. Estão organizadas e preparadas para grandes
batalhas do mal.

Disto podemos concluir que existem duas forças invisíveis e poderosas - uma dirigida
por Deus e seus anjos e a outra por Satanás e seus anjos, onde a vitória final será de
Deus (Ap 20.7-10; Mt 25.41).

HIERARQUIA DOS ANJOS.

Na História - Na história do Cristianismo os anjos foram estudados de acordo com


diversos sistemas de classificação em coros ou hierarquias angelicais. A mais
influente de tais classificações foi estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o
Areopagita entre os séculos IV e V. Dionísio fora discípulo de Paulo (At 17.34)
no século I, mas provavelmente os textos foram escritos por um teólogo bizantino sírio
do fim do século V ou início do século VI, originalmente em grego e depois traduzidos
para o latim.

Dionísio foi um dos primeiros a propor um sistema organizado do estudo dos anjos e
seus escritos tiveram muita influência, mas foi precedido por outros escritores, como
Clemente, Ambrósio e Jerônimo. Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas,
alguns baseados no do Areopagita, outros independentes, sugerindo uma hierarquia
bastante diferente. Alguns autores acreditavam que apenas os anjos de classes
inferiores interferiam nos assuntos humanos.
Nenhuma destas ordens pode ser considerada única ou doutrinariamente correta,
mas são estabelecidas somente como teoria. O apóstolo Paulo fez alusão a cinco
ordens de anjos ou poderes nas regiões celestiais (Ef 1.21).
De todas as ordens hierárquicas dos anjos a mais aceita é a derivada do Pseudo-
Dionísio e de Tomás de Aquino, que divide os anjos em nove coros, agrupados em
três tríades:

1. Serafins 4. Domínios 7. Principados

2. Querubins 5. Poderes 8. Arcanjos

3. Tronos 6. Potestades 9. Anjos.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 11


HIERARQUIA BÍBLICA - Longe de tradições ou especulações através dos séculos
acerca de hierarquias angelicais, veremos a seguir somente o que a Bíblia nos
esclarece sobre a organização dos anjos como mensageiros de Deus:
O ARCANJO: o grande príncipe, Proteção de Israel (Dn 12.1).

OS SERAFINS: sua função é adoração a Deus perante o Seu Santo Trono (Is 6.2-7).

OS QUERUBINS: guardam o trono de Deus (Ez 10.1-4).

AS DIFERENTES ORDENS DE ANJOS: assistem a Deus em Sua obra soberana (Cl


1.16 e 2.10; Ef 1.21 e 3.10).

Pretendemos a partir de agora estudar a respeito de cinco classes especiais de


anjos, a começar por Miguel, o Arcanjo:
1. O ARCANJO MIGUEL

No grego encontramos Michael, heb. mika'el . O nome Miguel significa “quem é


como El (Deus)?”.
• Luta contra Satanás (Jd 9; Ap 12.7).
• Anuncia a Vinda de Cristo (1Ts 4.16).

A tradição sobre a existência de arcanjos não fazia parte original da fé judaica.


Assim, na literatura bíblica, Miguel é introduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece
no NT em Jd 9 e Ap 12.7. Embora algumas literaturas tenham Gabriel como outro
Arcanjo (totalizando sete na literatura apócrifa e pseudoepígrafa,
onde quatro nomes são revelados: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só
revela a existência de um único Arcanjo, Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de que
nas duas ocorrências da palavra grega archangelos, “arcanjo”, 1Ts 4.16 e Jd 9, o
termo só aparece no singular, ligado unicamente ao nome de Miguel, donde
se conclui biblicamente que só exista um anjo assim denominado Arcanjo, ou anjo-
chefe, e que esse Arcanjo chama-se Miguel.

O Miguel que se pode encontrar no NT, surge no AT apenas no livro de Daniel. Como
Gabriel, é um ser celestial. Tem, no entanto, responsabilidades especiais como
campeão de Israel contra o anjo rival dos persas (Dn 10.13,21), e ele comanda os
exércitos celestiais contra todas as forças sobrenaturais do mal na última grande
batalha (Dn 12.1). Na literatura judaica recente, bem como nos apócrifos e
pseudoepígrafos, o nome de Miguel é apresentado como guardião militar e
intercessor de Israel.

No NT, Miguel aparece apenas em duas ocasiões. Em Jd 9, há referência a uma


disputa entre Miguel e o diabo com respeito ao corpo de Moisés. Essa passagem é
bastante polêmica. Orígenes acreditava que isto estaria registrado num
apócrifo chamado de "Assunção de Moisés", mas a história não aparece nos textos
existentes, porém incompletos, desta obra. A literatura rabínica posterior parece ter
conhecimento desta história. O outro texto em que Miguel aparece é Ap 12.7, que
retoma o tema de Dn 12.1, apresentando-se Miguel como sendo o vencedor do
dragão primordial, identificado como Satanás.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 12


2. OS SERAFINS

O termo hebraico é saraph. Quanto à origem exata e a significação desse termo,


não existe concordância entre os eruditos. Provavelmente, deriva-se da raiz
hebraica saraph, cujo significado é "queimar", o que daria a ideia de que os
serafins são anjos rebrilhantes, uma vez que essa raiz também pode significar
"consumir com fogo", mas também "rebrilhar" e "refletir".

A única menção a esses seres celestiais nas páginas das Escrituras Sagradas está
no livro de Isaías (Is 6). Os serafins aparecem associados com os querubins na
tarefa de resguardar o trono divino. Os seres vistos por Isaías
tinham forma humana, embora possuíssem seis asas (Is 6.2). Estavam
postos acima do trono de Deus (Is 6.2a), o que parece indicar que sejam líderes na
adoração ao Senhor. Uma dessas criaturas entoava um refrão que Isaías registra nas
palavras: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; a terra inteira está cheia da
Sua glória" (Is 6.3). Tão vigorosa era esta adoração, que é dito que o limiar do
Templo divino se abalava e o santo lugar ficava cheio de fumaça.

Pelo que observamos no texto, parece que para Isaías os serafins constituíam uma
ordem de seres angélicos responsáveis por certas funções de vigilância e adoração.
No entanto, parecem ser criaturas morais distintas, e não apenas projeções
da imaginação ou personificação de animais. Suas qualidades morais eram
empregadas exclusivamente no serviço de Deus.

3. OS QUERUBINS

No hebraico, temos keruhvim, plural de keruv . No grego cheroub. Palavra de


etimologia incerta.
No AT esses seres são apresentados como simbólicos e celestiais. No livro de
Gênesis, tinham a incumbência de guardar o caminho para a árvore da vida, no
jardim do Éden após o pecado original (Gn 3.24).
Uma função semelhante foi creditada aos dois querubins dourados, postos em cada
extremidade do propiciatório, a tampa que cobria a arca no santíssimo lugar (Ex
25.18-22; cf Hb 9.5), onde simbolicamente protegiam os objetos guardados na arca,
e proviam, com suas asas estendidas, um pedestal visível para o trono invisível de
Yahweh (veja Sl 80.1 e 99.1, para entender essa figura). As imagens de querubins
que Moisés colocou sobre a Arca da Aliança tinham forma humana, embora com
asas.

No livro de Ezequiel (Ez 10) são descritos como guardiões do trono de Deus e diz
que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se parecia com som de
vozes humanas; a cada um estava ligada uma roda, e se moviam em todas as
direções sem se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, touro, águia e homem, e
eram inteiramente cobertos de olhos, significando a sua onisciência.

Também foram bordados querubins nas cortinas e véus do Tabernáculo, bem como
estampados nas paredes do Templo (Ex 26.31; 2Cr 3.7).

Tem sido objeto de críticas acirradas, o fato de que os povos vizinhos de Israel
possuíam criaturas aladas simbólicas. Especialmente os heteus popularizaram os

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 13


grifos, uma criatura altamente complicada com corpo de leão, cabeça e asas de
águia e com a aparência geral semelhante à de uma esfinge. Por
estes motivos, alguns críticos têm conjeturado que Israel tenha tomado
esse costume por empréstimo desses povos vizinhos. No entanto, fica bastante
claro que a situação é inversa: os povos vizinhos é que deturparam a simbologia
israelita, adaptando-a a suas crendices. Exemplo disto é a conhecida “Epopéia de
Gilgamesh”, uma história babilônica do dilúvio, obviamente tomada por empréstimo
do relato bíblico.

4. O ANJO GABRIEL

O vocábulo hebraico “Gabriel” significa “homem de Deus” (hebr. geber , “varão” ou


“mensageiro” e El - forma abreviada de Elohim, “Deus”).

No AT, Gabriel aparece apenas em Daniel, e ali como mensageiro celestial que
surge na forma de um homem (Dn 8.16; 9.21). Suas funções são: revelar o futuro ao
interpretar uma visão (Dn 8.17), e dar entendimento e sabedoria ao próprio Daniel
(Dn 9.22).

No NT, Gabriel surge somente na narrativa de Lucas que descreve o nascimento de


Cristo. Ali, ele é o mensageiro angelical que anuncia grandes eventos: o nascimento
de João (Lc 1.11-20) e de Jesus (Lc 1.26-38). Também é apresentado como aquele
que “assiste diante de Deus” (Lc 1.19). Destes casos, conclui-se que Gabriel é o
portador das grandes mensagens divinas aos homens. Pode-se concluir, dizendo
que na Bíblia, Gabriel é o “anjo mensageiro” e Miguel o “anjo guerreiro”.

5. O ANJO DO SENHOR

Outro ensino veterotestamentário de grande importância, que por sua vez está
estritamente relacionado com as Teofanias. São as aparições do Anjo do Senhor, no
hebraico mal’akh YHWH. Optamos por estudar, separadamente, este assunto, em
virtude de sua importância crucial, uma vez que as aparições do Anjo do Senhor se
constituem em Teofanias, mas especificamente Teofanias onde as aparições
de Deus se davam de forma humana.

A expressão “Anjo do Senhor” ou sua variante “Anjo de Deus”, se encontra mais de


cinquenta vezes no AT. Portanto, são necessárias algumas considerações acerca
desse personagem, que se reveste de grande importância quando tratamos da
possibilidade da Encarnação.

A primeira aparição bíblica do “Anjo do Senhor” foi no episódio de Agar, no deserto


(Gn 16.7). Outros acontecimentos incluíram pessoas como Abraão (Gn 22.11,15),
Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Ex 3.2), todos os israelitas durante o êxodo (Ex 14.19) e
posteriormente em Boquim (Jz 2.1,4), Balaão (Nm 22.22-36), Gideão (Jz 6.11), Davi
(1Cr 21.16), entre outros.

A Bíblia nos informa que o Anjo do Senhor realizou várias tarefas semelhantes às
dos anjos, em geral. Às vezes, Suas aparições eram simplesmente para trazer
mensagens do Senhor Deus, como, por exemplo, em Gn 22.15-18; 31.11-13. Em
outras aparições, Ele fora enviado para suprir necessidades (1Rs 19.5-7) ou para
proteger o povo de Deus de perigos (Ex 14.19; Dn 6.22).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 14


Com relação à identidade do Anjo do Senhor, os eruditos não são e nunca foram
unânimes. Entretanto, não há porque duvidar da antiquíssima interpretação cristã de
que, nesses casos acima citados, encontramos manifestações preencarnadas da
Segunda Pessoa da Trindade, o próprio Senhor Jesus.

Desejamos, portanto, apresentar a seguir três argumentos bíblicos que comprovam,


indubitavelmente, que o Anjo do Senhor é Jesus Cristo antes de encarnado:

Josué 5.14 - Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor
que ele “...se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhe: Que diz
meu Senhor ao seu servo?”. Se o Anjo do Senhor não fosse o próprio Senhor
(ou melhor, o Senhor Jesus como Segunda Pessoa da Trindade), o anjo (caso fosse
simplesmente “um anjo”) teria proibido a Josué de adorá-lo, como ocorreu em Ap
19.10 e 22.8,9.

Juízes 13.18 - Embora concordemos com o fato de que existem controvérsias a


respeito desta passagem, reputamos a mesma como factual e elucidativa. Quando
Manoá, pergunta ao Anjo do Senhor, o Seu nome, Ele responde: “...porque perguntas
assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?” Uma comparação desta resposta
com a passagem de Is 9.6, demonstra que o Anjo do Senhor que apareceu a Manoá é
o “Menino que nos fora dado” de Isaías. Isto é, o Anjo do Senhor, cujo Nome é
Maravilhoso (YHWH), é o próprio Senhor, e ao mesmo tempo o “Menino que nos fora
dado”.

A terceira prova escriturística que queremos apresentar, é que no contexto


neotestamentário, a Bíblia deixa de utilizar-se do termo “o Anjo do Senhor” como
pessoa específica. Isto é demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino
singular “o” deixa de ser utilizado, sendo substituído pelo artigo indefinido “um”.
Alguns exemplos disto são os textos de Lc 1.11; At 12.7 e At 12.23, dentre muitos
outros. Infelizmente, nem todas as ocorrências de “Anjo do Senhor” no NT, na versão
ARC, se encontram com o artigo indefinido "um", o que ocorre na versão ARA nos
textos citados e em outros correlatos.

Esta substituição possui um grande significado. Isto é, no contexto do NT,


contemporâneo ou posterior à Encarnação, as manifestações angelicais não eram do
Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor já
havia sido manifestado na carne (1Tm 3.16).

6. ANJOS
Todos os seres celestiais citados anteriormente são incluidos na organização geral
dos anjos. Contudo, podemos concluir que existem também legiões de “anjos” que
parecem ser o último degrau da hierarquia angelical.
Os anjos são seres angelicais mais próximos do reino humano. O nome de “anjo” é
dado com frequencia indistintamente a todas as classes de seres celestes. A tradição
hebraica está cheia de alusões a seres celestiais identificados como anjos, e que
ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo ordens divinas. São dotados
de vários poderes supernaturais, como o de se tornarem visíveis e invisíveis à
vontade, voar, operar milagres diversos e consumir sacrifícios com seu toque de fogo.
Com aparencia de luz e fogo (Sl 104.4), sua aparição é imediatamente reconhecida
como de origem divina também por sua extraordinária beleza.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 15


7. ANJO DA GUARDA

Não há nada para mostrar que há uma intervenção constante de anjos entre Deus e o
homem. Eles não são em sentido algum constituídos regularmente mediadores entre
Deus e o homem. Sua intervenção é ocasional e excepcional; sua atividade está
sujeita à ordem e permissão de Deus.

Mas é evidente que o crente comum não tem ligado importância suficiente ao
ministério dos anjos. Todavia, doutro lado, a noção de um anjo da guarda especial
para cada individuo não encontra fundamente nas Escrituras. Diz J. P. Boyce:

“Guiados por fábulas rabínicas e guiados pelas ideias peculiares da filosofia oriental, alguns têm
concebido que sobre cada pessoa nesta vida um anjo vigia para guardá-la e protegê-la do mal. Esta
teoria de anjo da guarda tem sido sustentada de várias formas. Uns confinaram sua presença aos
bons; outros a estenderam também aos ímpios; alguns supuseram dois em vez de um anjo, - um bom
e outro mau. Do mesmo modo a teoria tem sido sustentada de anjos da guarda sobre nações; uns
limitando-a a boas nações, outros estendendo-a a todas. Que tais ideias existiam entre os judeus e que
prevaleceram também entre os cristãos primitivos, pode admitir-se; mas autoridade escriturística para
elas falta” (Abstract of Systematic Theology, pág. 179).

Há, realmente, apenas duas passagens que sugerem mesmo esta doutrina de um
anjo da guarda para cada indivíduo, que são Mt 18.10 e At 12.15. Sobre Mt 18.10 diz
John A. Broadus:

“Não há garantia suficiente aqui para a noção popular de "anjos da guarda", um anjo especialmente
designado para cada individuo; diz-se simplesmente, de crentes como uma classe, que há anjos que
são seus anjos, mas nada há aqui ou noutro lugar que mostre ter um anjo o cargo especial de um
crente” (Commentary on Matthew).

Em Atos 12.15 diz H. B. Hackett:

“Foi crença comum entre os judeus, diz Lightfoot, que cada indivíduo tem um anjo da guarda e que
este anjo pode assumir uma aparência visível semelhante à da pessoa cujo destino lhe é cometido.
Esta ideia aparece aqui, não como uma doutrina das Escrituras senão como uma opinião popular que
não é afirmada nem negada” (Commentary on Acts).

Sobre esta passagem Broadus também diz:

“Os discípulos que estavam orando por Pedro durante sua prisão, quando a menina insistiu em que
Pedro estava à porta, saltaram logo a conclusão que Pedro fora executado e o que se dizia ser ele era
"seu anjo", segundo a noção que o anjo da guarda de um homem estava apto a aparecer com a sua
forma e sua voz aos amigos logo após sua morte; mas as ideias desses discípulos estavam errôneas
em muitos pontos e não são autoridade para nós a menos que inspirada”.

Encerramos o assunto com mais este comento de Broadus:

“Não pode ser positivamente assegurado que a ideia de anjos da guarda seja um erro, mas não há
passagem que prove ser verdadeira e as passagens que podiam meramente ser entendidas dessa
maneira não bastam como base de uma doutrina”.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 16


VI. SATANALOGIA

É denominada Satanalogia a doutrina sobre Satanás, anjos caídos e demônios.

1. SATANÁS

A Bíblia define Satanás como um ser angelical que decaiu de sua posição no céu e
está agora em posição exatamente oposta a Deus, fazendo tudo a seu alcance para
frustrar os planos de Deus para a humanidade.

A. SEU NOME. Do hebraico satã e do koiné (grego arcaico) satanas. Ambos os


termos significam “acusador”. Derivam da raiz semítica stan, significando “ser hostil,
acusar”. O Tanakh (AT judeu) utiliza a palavra satan para se referir a adversários ou
opositores no sentido geral assim como opositores espirituais.

B. SUA EXISTÊNCIA. 1. Ensinada em sete livros do Antigo Testamento e


reconhecido por todos (os nove) escritores do Novo Testamento. 2. Cristo
reconheceu e ensinou a existência de Satanás (Mt 13.39; Lc 10.18; 11.18).
C. NOMES PRINCIPAIS.

1. Satanás - adversário (2Co 11.14; Zc 3.1; 1Ts 2.18).


2. Diabo - caluniador (Mt 4.1; Ap 20.2).
3. Adversário (1Pe 5.8)
4. Apoliom (Ap 9.11).
5. Enganador (Ap 12.9)
6. Pai da mentira (Jo 8.44)
7. Antiga serpente (Ap 12.9).
8. Lúcifer - portador de luz (Is 14.12).
9. Maligno (1Jo 5.19).
10. Dragão (Ap 12.17).
11. Príncipe deste mundo (Jo 12.31).
12. O deus deste século (2Co 4.4).
13. Acusador dos irmãos (Ap 12.10).
14. Belzebu - príncipe dos demônios (Mt 12.24).
15. Belial (2Co 6:15).

D. SUA ORIGEM. Na Teologia respeita-se a seguinte teoria: “Satanás é o


reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ele era originalmente um dos poderosos
príncipes do mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se rebelaram contra Deus e
caíram. Nasceu no coração de Lúcifer – e, em última análise, no recém-criado
universo moral – o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a
insurreição angélica que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos”.

Uma questão preliminar


Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angélica, as Escrituras
não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, Satanás
aparece pela primeira vez no relato da queda de Adão (Gn 3). Ali, no entanto,
ele já era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado.
Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de Satanás é tratada como fato.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 17


Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua
queda está ausente nesse registro.

Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Isaías,
em meio a uma inspirada diatribe contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, mais tarde, por
Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas
passagens podem contar-nos (teoricamente) a maior parte do que sabemos sobre a
queda de Satanás.

Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a


menção da rebelião de Lúcifer aparece abruptamente num contexto que não trata,
especificamente, de Satanás. Esse fato levou estudiosos da Bíblia a rejeitar a ideia de
que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam
exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas.

Apesar disso, é preferível entender que Isaías e Ezequiel propositalmente queriam


levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção
do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio Satanás. Essas passagens
incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte
de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano.
O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei...”; “exaltarei o
meu trono...”; “me assentarei...”) em Isaías 14.13-14 refletiria um nível de ostentação
indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em
se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam. E
qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura...
Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)?

Além disso, a Bíblia ensina explicitamente que a perversidade do mundo visível é


influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn
10.12-13; Ef 6.12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os
propósitos do Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás,
o “deus deste século” (2Co 4.4).

Dessa forma, essas duas críticas severas (Ez 26-28 contra Tiro e Is 14 denunciando
Babilônia), que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião
espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo
da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a
destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.

Seguindo, portanto, essa linha de pensamento, Satanás era originalmente Lúcifer "o
que leva a luz", o mais glorioso dos anjos. Mas ele orgulhosamente aspirou a ser
"como o Altíssimo" e caiu na condenação (Ez 28.12,19; Is 14.12-15).

Veja os passos que levaram Satanás à queda:

1. SUBIREI AO CÉU (v.13) – Satanás queria a posição ao lado de Deus no céu,


lugar este reservado a Cristo (Ef 1.20).
2. EXALTAREI MEU TRONO (v.13) – Satanás queria seu trono sobre todo
principado, potestade e domínio, lugar este prometido a Cristo (Ef 1.21).
3. ME ASSENTAREI NO MONTE DA CONGREGAÇÃO (v.13) - Satanás queria
reinar sobre o povo de Deus, privilégio dado ao Messias prometido (Is 9.6-7).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 18


4. SUBIREI ACIMA DAS MAIS ALTAS NUVENS (v.14) – Satanás queria a Glória
que só Deus tem, e esta pertence a Cristo (Jo 17.5).
5. SEREI SEMELHANTE AO ALTÍSSIMO (v.14) – Satanás queria o poder e a
autoridade do Altíssimo e esta pertence somente a Cristo (Jo 8.58). O seu
pecado foi a soberba (1Tm 3.6) e pode ser caracterizado como o de falsificar
Deus (ser semelhante ao Altíssimo) através do engano, tentar simular e imitar o
poder de Deus, para, assim, receber a adoração devida a Ele e tentar tomar-Lhe
o lugar, tentar ser igual a Deus.

Veja o castigo de Satanás:

a. Expulso da sua posição original do Céu (Ez 28.16).


b. No jardim do Éden (Gn 3.14-15).
c. Na cruz (Jo 12.31).
d. Barrado totalmente o acesso ao Céu durante (a partir da metade) a
Septuagésima Semana de Daniel (Ap 12.7-13).
e. Confinado no abismo (Ap 20.2).
f. Lançado para dentro do Lago de Fogo (Ap 20.10).

E. SEU CARÁTER. O nome Satanás revela-o como “o adversário”, não do homem


em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra Adão como a coroa da criação de
Deus, forja a destruição, razão pela qual é chamado Apolion (destruidor), Ap 9.11, e
ataca Jesus, quando Este empreende a obra de restauração. Depois da entrada do
pecado no mundo é denominado “diabolôs” (acusador), acusando continuamente o
povo de Deus (Ap 12.10).
Ele é apresentado nas Escrituras como o originador do pecado (Gn 3.1,4; Jo 8.44;
2Co 11.3; 1Jo 3.8; Ap 12.9; 20.2,10) e aparece como reconhecido chefe dos que
caíram (Mt 25.41; 9.34; Ef 2.2). Ele continua sendo o líder das hostes angélicas que
arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa desesperada resistência a Cristo
ao Seu Reino. É também chamado “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e
até mesmo “deus deste século” (2Co 4.4). Não significa que ele detém o controle do
mundo, pois Deus é quem o detém, e Ele deu toda autoridade a Cristo, mas o sentido
é que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em que está
separado de Deus (Ef 2.2).
Ele exerce influência em grande escala, mas restrita (Mt 12.29; Ap 20.2), e está
destinado a ser lançado no abismo (Ap 20.10).
1. É um ser criado (Ez 28.14,15) - Portanto tem que responder perante seu Criador.
2. Um ser espiritual (Ef 6.11,12).

F. SUA PERSONALIDADE.

1. Tem intelecto (Mt 4; 2Co 11.3) - cita as Escrituras.


2. Tem emoções (Ap 12) - ira.
3. Tem arbítrio, ou seja, resolução dependente da vontade (2Co 2.26; Is 14; Mt
25.41; 2Tm 2.26) - moralmente responsável.
4. Tem limitações:
a. Ele é uma criatura e por conseguinte, não é onipotente, onipresente, nem
onisciente.
b. Pode ser resistido pelos salvos (Tg 4.7).
c. Deus lhe colocou certas limitações (Jó 1.12).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 19


5. Traços da personalidade:

a. É um assassino (Jo 8.44a) e mentiroso (Jo 8.44b).


b. É um pecador inveterado (1Jo 3.8).
c. É um acusador (Ap 12.10) e nosso adversário (1Pe 5.8).

G. SUA OBRA. A obra de Satanás está relacionada com:

1. Deus:

a. Tenta opor-se ao plano de Deus em todas as áreas e por todos os meios possíveis.
b. Tenta falsificar o plano de Deus.
c. Tentou a Cristo (Mt 4.3-11).
d. Possuiu o corpo de Judas para trair Cristo (Jo 13.27).

2. Descrentes:

a. Cega-lhes as mentes (2Co 4.4).


b. Rouba-lhes a Palavra dos seus corações (Lc 8.12).
c. Usa descrentes para se opor ao trabalho de Deus (Ap 2.13).
d. Reuni-los-á para a batalha do Armagedom (Ap 16.13-16).
e. Atualmente engana-os (Ap 20.3).

3. Crentes:

a. Tenta os crentes para mentirem (At 5.3).


b. Acusa e calunia os crentes (Ap 12.10).
c. Pode impedir o trabalho de um salvo (1Ts 2.18).
d. Tenta derrotar-nos através de demônios (Ef 6.12).
e. Tenta-nos para a imoralidade (1Co 7.5).
f. Semeia falsificadores entre os crentes (Mt 13.38,39).
g. Incita perseguição contra os crentes (Ap 2.10).

H. DEFESA DO CRENTE CONTRA SATANÁS.

1. Intercessão de Cristo (Hb 7.25; Jo 17.15).


2. Ter a atitude correta para com Satanás (Jd 8,9).
3. Estar vigilante contra Satanás (1Pe 5.8).
4. Tomar uma atitude de resistência contra Satanás, mas por vezes devemos fugir (Tg
4.7; 2Tm 2.22).
5. Usar a armadura espiritual (Ef 6.11-18).

I. VITÓRIA DO CRENTE SOBRE SATANÁS.


Não estudamos as forças das trevas a fim de descobrir as riquezas da graça de Deus.
Muito pelo contrário: o enfoque deve recair nas riquezas da graça divina, que hão de
desmascarar os logros e enganos pregados pelas vozes das trevas. O túmulo vazio e
o testemunho do Espírito Santo são a garantia da vitória final de Deus. Satanás
realmente dirigirá uma resistência tardia contra Deus, mas será fútil (2Ts 1.9-12; Ap
19.7-10). A vitória final pertence a Deus! (No cap. VII estudaremos Batalha Espiritual).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 20


2. ANJOS CAÍDOS e DEMÔNIOS

A. DEFINIÇÕES. São os anjos aprisionados, libertos, demônios e o próprio


Satanás. Seu propósito é opor-se e destruir a obra de Deus e seus santos (Zc 3.1;
2Co 12.7; Ef 6.11,12; 2Co 11.14; 4.4; 1Pe 5.8).

Alguns rejeitam a ideia de que os demônios são anjos caídos porque Judas v.6
declara que os anjos que pecaram estão “em prisões eternas até ao juízo daquele
grande dia”. No entanto, é bem claro que nem todos os anjos que pecaram estão “em
prisões”, já que Satanás ainda está livre (1Pe 5.8). Por que Deus escolheu aprisionar
o resto dos anjos caídos e permitir que o líder da rebelião permanecesse livre?
Aparenta ser o caso que Judas 6 está se referindo a Deus confinando os anjos caídos
que se rebelaram provavelmente de uma forma adicional.

Anjos aprisionados – estão confinados em abismos de trevas e presos por algemas


eternas, reservados para o juízo do grande dia. (2Pe 2.4 e Jd 6).

Anjos libertos – Estão incluídos em todo "principado, potestade, poder e domínio”.


São normalmente mencionados em conexão com Satanás, seu líder (Ef 1.21, 6.12; Cl
2.15; Mt 24.41; Ap 12.7-9, 9.14; 1Co 6.3).

Demônios – A explicação bíblica mais consistente para a origem dos demônios é que
eles são anjos caídos, aqueles que juntamente com Satanás, rebelaram-se contra
Deus. O termo “demônio” aparece três vezes no AT (Lv 17.7; Dt 32.17; Sl 106.37).
a. São anjos caídos (Is 14.12-15; Ap 12.3,4)
b. Não são almas dos homens maus.
c. Não são os espíritos desincorporados de uma raça pré-Adâmica (Sl
9.17; Lc 16.26-31; Ap 1.18; Ap 12.7-9).

AÇÃO DE DEMÔNIOS – Assim como os anjos podem subir aos mais altos lugares da
espiritualidade, os demônios podem descer às profundezas do ódio, rancor e
perversão. Os demônios atormentam as pessoas, se apossam delas e as tiram de
Deus e da sua verdade (Mc 5.2-5; At 13.6-12).

Embora a luxúria, o homossexualismo, a bebedice, a glutonaria e a magia negra


sejam expressões da carne pecaminosa, essas estão entre as práticas que podem
também ser expressões da atividade demoníaca na vida das pessoas. Práticas
sexuais grosseiramente pervertidas, tais como sadomasoquismo e pedofilia, tem
origens demoníacas. De igual modo, a esquizofrenia pode ser uma doença mental,
mas pode também ser causada pela possessão de demônios.

Assim como os anjos têm poderes mais altos, os demônios têm os chamados
“principados e potestades”. É possível que vários demônios-príncipes supervisionem
específicas cidades ou regiões do mundo. Há conflito no mundo invisível entre os
mensageiros leais de Deus e as forças demoníacas. De alguma forma, na
maravilhosa ordem de Deus, Ele usa as orações do Seu povo para restringir as
atividades demoníacas e direcionar a ação dos poderes angelicais para controlar os
demônios (ver Dn 10 e Batalha Espiritual no cap. VII).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 21


B. A QUEDA DOS ANJOS.

A origem do mal. Com exceção de alguns filósofos e cientistas, que chamam de "erro
da mente mortal", todos os homens reconhecem o fato severo e solene do mal no
Universo. Verdadeiramente, sua presença no mundo é um dos problemas mais
desconcertantes para a filosofia e para a teologia. Acreditamos que os anjos foram
criados (originados) em estado de perfeição e parte destes deixaram seu próprio
principado e habitação original perfeita (Jd 6, 2Pe 2.4), para criar raízes do mal (Sl
78.49; Mt 25.41; Ap 9.11 e 12.7-9). No relato bíblico da criação, em Gn 1, lemos seis
vezes que o que Deus fizera era bom (vs. 4,10,12,17,21,25, e no v.31) encontramos
as palavras “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Isso certamente
inclui a perfeição dos anjos em santidade, até esse momento.

1) A ÉPOCA DE SUA QUEDA. Como já afirmamos, as Escrituras nada confirmam


diretamente sobre o fato da “queda” de Satanás. Acredita-se que se deu após toda a
criação perfeita de Deus (Gn 1.31- 2.3).

2) A CAUSA DE SUA QUEDA. O que causou a queda dos anjos do céu? Este é
um dos profundos mistérios da Teologia. Mostramos que os anjos foram criados
perfeitos, como puderam tais seres pecar?

É aqui que podemos ver a perfeição de toda a criação. Teólogos latinos são autores
de uma frase que diz: “Posse pecare et posse non pecare”. Isso traduz a capacidade
de pecar e a de não pecar. É a posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas
sem ser constrangido a fazer uma ou outra coisa. Em outras palavras, havia liberdade
de escolha, livre arbítrio. Deus não coagiu nenhuma de suas criaturas, nem mesmo
os anjos. Se indagarmos que motivo pode ter estado por trás dessa rebelião,
podemos obter algumas respostas nas Sagradas Escrituras.

a. GRANDE PROSPERIDADE E BELEZA (teoria da tipologia - rei de Tiro / tipo de


Satanás – Ez 28.11-19; 1Tm 3.6).
b. AMBIÇÃO DESMEDIDA e CONCUPISCENCIA DE SER MAIS QUE DEUS
(teoria da tipologia - rei da Babilônia / tipo de Satanás – Is 14.13,14).

3) O RESULTADO DE SUA QUEDA.

1. Perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta


(Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap 12.9).
2. Alguns deles foram lançados no "inferno-Tártaro" e acorrentados até o dia do
julgamento (2Pe 2.4).
3. Alguns estão em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos
bons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21; Jd 9).
4. A terra foi amaldiçoada por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19) e a criação
está gemendo por causa da queda (Rm 8.19-22), tanto de Adão como dos anjos
caídos.
5. Um dia serão lançados sobre a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento serão
lançados no "lago de fogo" (1Co 6.3; Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).

O destino dos anjos caídos – Temos informação definitiva de que terão sua parte no
LAGO DE FOGO ou Gehenna (Mt 25.41). Quando Cristo voltar, os crentes terão parte
no julgamento, ou condenação dos anjos caídos (1Co 6.3). Em contraste com a

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 22


atenção relativamente pequena que o AT dedica à derrota das forças das trevas, os
Evangelhos impressionam-nos com a ênfase que dedica à questão. Teologicamente
falando, a implicação é que o aumento da atenção dada à derrota dos demônios nos
Evangelhos deve-se à revelação prévia da graça e da verdade na vinda de Jesus
Cristo (Jo 1.14). Realmente, a chegada da luz a este mundo tornou visíveis as obras
das trevas (Jo 3.19-21). Isso significa que a derrota das trevas somente pode ser
entendida à luz da graça e da libertação divina.

O destino de Satanás – Será lançado no abismo Tartaroo (Ap 20.1-3), onde ficará
confinado e acorrentado por mil anos. Então será solto por "pouco tempo", durante o
qual tentará frustrar os propósitos de Deus aqui na terra (Ap 20.7-8). E daí, por fim,
ele e seus anjos serão lançados no “lago de fogo” (Mt 5.41; Ap 20.10; 14), seu destino
final, onde serão atormentados para todo o sempre.

C. O INFERNO

Definição: Lugar destinado ao suplício das almas dos perdidos. Há quatro definições
para o termo INFERNO:

1) SHEOL (hebraico). No AT, o mundo dos mortos (Dt 32.22; 2Sm 22.6; Sl 18.5).

2) HADES (grego). Corresponde a Sheol, lugar das almas que partiram deste mundo.
(Mt 11.23, 16.18; Lc 16.23; At 2.27).

3) GEHENNA (grego). “Vale de Hinom”. Um vale de Jerusalém, onde se fazia


sacrifícios humanos. Termo usado para designar um lugar de suplício eterno (Mt 5.22,
29-30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Lc 12.5; Tg 3.6; Ap 20.10,14).

4) TARTAROO (grego). Derivado de tartaros, o mais profundo abismo do Hades.


(1Pe 2.4; Ap 20.3).

Sabemos que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos, de acordo com
Mateus 25.41: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de
mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

Há duas descrições do inferno na Bíblia. Uma delas é de um fogo que queima


continuamente. Jesus frequentemente usava a palavra geenna para descrever o
inferno. Geenna era um depósito de lixo fora de Jerusalém, que estava sempre
queimando. * Jesus disse que o inferno era um lugar de vermes, fogo e tribulação
(Mc 9.43-48). Jesus também disse que o inferno seria “trevas exteriores... pranto e
ranger de dentes” (Mt 8.12). Aqui a imagem é de terrível solidão: um lugar espiritual
mostrando a separação do homem e de Deus. Aqueles que estão confinados no
inferno serão lançados nas profundas trevas da eternidade, sem ninguém para quem
se virar ou para conversar – constantemente sozinhos. Eles sofrerão o remorso de
saber que tiveram a oportunidade de ir para o Céu com o Senhor, mas
desperdiçaram. * A Bíblia fala de um lago de fogo preparado para o diabo e seus
anjos (Mt 25.41). Os seres humanos nunca foram destinados para ir ao inferno. Mas
aqueles que escolherem rejeitar a Deus, um dia seguirão Satanás para esse mesmo
tormento. Não haverá saída do inferno, nenhum caminho de volta nem uma segunda
oportunidade. É por isso que é tão importante, nessa vida, receber o perdão que Deus
estende a todos os homens através da cruz de Jesus Cristo (Ap 20.11-15).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 23


VII. BATALHA ESPIRITUAL

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do
diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais” (Ef 6.11-12).

O que é Batalha Espiritual? É a batalha constante que o cristão enfrenta contra a sua
própria natureza pecaminosa (carne), contra as influências do mundo e contra o
diabo.

1) A BATALHA ESPIRITUAL É UMA REALIDADE BÍBLICA.

a. Já no início da Bíblia vemos tal batalha sendo referida em Gn 3.15. Ao


pronunciar o juízo contra a serpente (o diabo), Deus diz que sempre haveria inimizade
entre satanás e os descendentes da mulher. E o descendente da mulher (Jesus)
pisaria a cabeça da serpente que morderia o calcanhar dEle (a crucificação). O crente
precisa ter consciência que existe uma batalha, cuja guerra é travada no coração
humano e na história dos seres humanos. “O inimigo das nossas almas não quer que
estejamos conscientes desta batalha. Ele procura convencer a todos que, tudo que
acontece é normal e pura casualidade. Seria isto verdade? As coisas absurdas que
sucedem a cada instante são normais? Os crimes, as tragédias, as injustiças, as
distorções sociais, a destruição desenfreada na família, dos valores morais da ética;
será tudo isto casualidade?” (Joá Caitano Silva).

b. No confronto entre Jesus e Satanás. Quando no seu ministério terreno Jesus


enfrentou oposição de Satanás que o tentou no deserto. A Palavra diz que mesmo
Jesus como homem não cedeu as tentações. Veja Hb 4.15: “porque não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas um que,
como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. A Palavra ainda diz mais, que
Jesus venceu a Satanás como homem. Veja Hb 2.14: “… ele participou das mesmas
coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o
diabo”.

c. O combate das trevas contra a luz. Aquele que está em Jesus está na luz e
sofre oposição das trevas. Veja 1Jo 1.5-7; 2.9-11.

2) CONHECENDO OS ADVERSÁRIOS.

“É impossível passar despercebido o que acontece no mundo espiritual. Todo o


crente é vítima de ataques constantes que ocorrem no viver de cada dia (…). É
preciso, urgentemente, acordar do sono da indiferença e da posição derrotista de que
tudo é assim mesmo, conformando-se com uma vida medíocre, pobre, infeliz e
fracassada. Os três adversários que não dão trégua ao crente são, de fato: a carne, o
mundo e o diabo. E para vencê-los é preciso de revestimento do poder do Espírito
Santo” (Joá Caitano da Silva).

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 24


a. A Batalha entre o espírito e a carne. A Palavra de Deus fala da guerra interior
existente na alma do crente entre a carne (natureza pecaminosa) e o espírito. A carne
com sua concupiscência deseja o pecado, o espírito deseja as coisas de Deus:
“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-
se um ao outro, para que não façais o que quereis” (Gl 5.17).

“Só será vitorioso nesta batalha, quem utilizar as estratégias bíblicas ao seu dispor (Gl 5.16), buscar a
plenitude do Espírito, andar dirigido e orientado por Ele, e permitir que Ele fecunde o fruto
Espiritual” (Pr. Joá Caitano da Silva).

b. A Batalha contra o mundo (mundanismo) e suas aflições. Quando falamos


da batalha contra o mundo não estamos falando no sentido físico, nem nos referimos
às pessoas “porque Deus amou o mundo…” (Jo 3.16). Mas queremos dizer sobre os
valores terrenos e pecaminosos que enchem a humanidade. João afirma que “o
mundo inteiro jaz no maligno” (1Jo 5.19) e Paulo chama satanás de deus deste século
(2Co 4.4). “Como príncipe deste mundo, satanás espalha nele sua influência (Jo
12.31; 14.30; 16.11). Ele anima o espírito do anticristo… presentemente já está no
mundo” (1Jo 4.3), de maneira que, na realidade, o reino das trevas, composto dos
súditos humanos e espirituais do demônio, organiza e sustenta a oposição contra
Cristo e sua Igreja” (Russel P. Shedd).

Outro aspecto da oposição do mundo são as suas aflições peculiares. O cristão


pertence ao Reino de Deus, portanto sofrerá oposição do reino deste mundo (Jo 15.
18-19; 1Jo 3.13). Jesus disse que venceu o mundo com suas aflições (Jo 16.33). Nós
podemos também vencer. “O segredo para vencer as tribulações e aflições existentes
no mundo é permanecer no Senhor Jesus. Ele diz que nEle há paz. Ele garante paz
verdadeira, descanso para a alma e ânimo redobrado (cf Jo 14.27)”. (Joá Caitano da
Silva).

c. A oposição de Satanás. “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso


adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”
(1Pe 5.8).

“Para vencer o diabo com todas suas artimanhas, estratégias, ciladas e operações
malignas, é preciso estar em sobriedade, equilíbrio e, sobretudo, vigilância constante.
A armadura de Deus está a dispor, a fim de que, fortalecido no Senhor e na
autoridade do Seu poder, o crente se torne um autêntico vencedor” Pr. Joá Caitano da
Silva. (Leia Tiago 4.7; 2Co 2.11).

3) COMO ENTRAR NA BATALHA.

Houve uma época no meio evangélico na qual o tema “Batalha Espiritual” virou
“modismo”. Soldados levantaram-se aos milhares e manuais de guerra foram escritos
às centenas, detalhando ações, ensinando estratégias. A guerra foi travada, mas,
poucos resultados positivos foram colhidos. Qual o motivo para tantos fracassos? Por
que em alguns lugares funcionou e em outros não?

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 25


Um dos pontos importantes, geradores de fracassos é menosprezar o inimigo ou não
conhecê-lo o suficiente. A Bíblia deixa claro, que o diabo é extremamente sagaz e
poderoso, tem em suas mãos poder para fazer grandes feitos e conhece
profundamente o ser humano. Ele conhece todas as chamadas estratégias de guerra
e está devidamente preparado com o seu exercito para anular os possíveis ataques e
pronto para um contra-ataque eficaz contra a igreja.

As histórias vitoriosas narradas em livros, não se aplicam necessariamente em outras


regiões ou cidades, o opositor já conhece os passos e está pronto para a resistência.
É aconselhável ler tais narrativas, mas, fazer uso das mesmas práticas não é sábio.

A Batalha Espiritual, como o nome afirma, é travada no mundo espiritual e é


necessário que haja homens santos e cheios do Espírito Santo, agraciados com dons
(visão, revelação, profecia, etc.) para que sejam canais, através dos quais o Senhor
Deus orientará o Seu exercito de servos, revelando as estratégias certas para cada
ocasião, bem como, os passos do inimigo. A Batalha não é segundo a carne: “Embora
andando na carne, não militamos segundo a carne” (1Co 10.3), não é contra homens,
sim, contra satanás: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12).

Os servos chamados a guerrear precisam ser irrepreensíveis em suas ações, a


santidade é uma qualidade imprescindível. Neste exército não há espaço para os
chamados “crentes carnais”, ou desprovidos de compromisso verdadeiro com Deus.
Aventurar-se na batalha com brechas é morte certa!

A recomendação de Paulo a Timóteo foi: “...ó filho Timóteo, segundo as profecias de


que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate,
mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência,
vieram a naufragar na fé.” (1Tm 1.18,19). O soldado de Deus precisa manter-se firme
na fé e procurar desempenhar com seriedade e zelo a missão confiada. A vigilância
deve ser constante: “sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos
varonilmente, fortalecei-vos” (1Co 16.13), não se contaminando com o mundo, nem
abrindo brechas através das quais o inimigo possa tocá-lo. A oração e o jejum são tão
importantes quanto o ar que se respira: “com toda oração e súplica, orando em todo
tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os
santos” (Ef 6.18). Se não houver vida de oração, a derrota está próxima.

4. NESSA BATALHA NÃO ESTAMOS SOZINHOS.

Temos a nossa parte a fazer nestes enfrentamentos, porém sozinhos não


venceremos. Precisamos de Deus e do Seu poder para vencer.

• O Senhor é um homem de guerra (Ex 15.3).


• Deus é O Senhor dos exércitos (Zc 4. 6b; 1 Sm 1.11)
• O Senhor peleja pelo seu povo (Ex 14.14)
• A guerra é do Senhor (1 Sm 17.47b).

Deus está conosco. Ele é O Senhor dos Exércitos que peleja pelo seu povo. Usemos
a nossa fé nEle para vencermos essa batalha.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 26


“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o
Filho de Deus?” (1Jo 5.4,5).

A Batalha Espiritual engloba todos os servos que procuram vivenciar o senhorio de


Cristo Jesus (Fp 1.30), não apenas alguns: “Portanto, tomai toda a armadura de
Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef
6.13). Mas, como já foi tratado antes, é indispensável que haja compromisso e vida
santa. Os soldados são capacitados e protegidos pelo próprio Senhor a
desempenharem a missão (“Porque eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão
direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo.” Is 41.13; “Ó SENHOR, meu Deus e
meu Salvador, tu me protegeste na batalha.” Sl 140.7). A força vem de Cristo! “Mas o
Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e
todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão.
E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a
quem seja glória para todo o sempre. Amém” (2Tm 4.17,18).

A vitória na guerra vem do próprio Senhor! “Graças a Deus, que nos dá a vitória por
intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.57). Não é à força do homem, não
são objetos e recitações de textos que nos fará vencedores. Somos nesta batalha
apenas soldados sob o comando do nosso General.

Leia mais sobre o tema Batalha Espiritual. Os relatos edificam a fé e mostram o quão
sério é o mundo espiritual, no entanto, não queira imitar as ações descritas, sem a
devida revelação do Senhor, sendo motivo de gargalhadas para os dominadores das
trevas. As estratégias e atos proféticos de uma batalha espiritual são revelados por
Deus, são orientações únicas para cada localidade.

CONCLUSÃO

Como filhos de Deus, estudar os seres angelicais foi entrar em uma dimensão
espiritual, envolvendo-nos numa realidade que muitos ignoram: os anjos existem e
estão sempre atentos ao nosso mundo.

Nesta grande batalha espiritual travada com potestades e principados, os anjos


finalmente expulsarão o mal e a vitória será completa. Com o Pai por nós, com Cristo
acima de nós, o Espírito Santo dentro de nós, e os anjos ao nosso lado, somos
encorajados a correr com firmeza em direção ao prêmio que está diante de nós.

Amém.

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 27


BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE – Sociedade Bíblica do Brasil. Respostas


Espirituais a Questões Difíceis. Pat Robertson.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática – Rio de Janeiro. CPAD. 1996.
http://solascriptura-tt.org/
http://www.gotquestions.org/
http://www.chamada.com.br/
http://solascriptura-tt.org/Angelologia/Angelologia-LazaroDeAssis.htm

http://pastorazevedo.com.br/teologicos

http://preberjamil.wordpress.com/

http://www.vivos.com.br/

UNIVERSIDADE DO REINO Angelologia – A Doutrina dos Anjos 28

Você também pode gostar