Maria Paula Vieira Cicogna
Maria Paula Vieira Cicogna
Maria Paula Vieira Cicogna
São Paulo
2014
MARIA PAULA VIEIRA CICOGNA
São Paulo
2014
MARIA PAULA VIEIRA CICOGNA
Área de Concentração:
Engenharia de Produção
São Paulo
2014
Catalogação-na-publicação
The objective of this research was to investigate if imperfect competitive markets are
well represented by the flexibility of the Agent Based Models (ABM). Therefore, it is
expected that the ABM allows identifying agents’ new behaviour element, as well as
incorporating agents adaptability processes not previously described by the other
researches. Two distinct models were developed. The first one refers to the airfare
prices, while the second one aims to simulate the ethanol market. The high
complexity of the studied markets due to their non-trivial structure regarding the way
the agents relate to each other and take their decisions justifies the employment of
ABM, since ABMs are remarkably characterized by their flexibility. The common
factor among the models is the incorporation of uncertainties and expectations in the
models when the economic scenarios are considered by the agents for decision
making. The results showed that the simulated models reached the same tendency
of prices and production observed by the real data, respectively to the airfare and
ethanol models. The adaptive process of the agents to the market conditions showed
that ABMs are adequate tools for the study of imperfect markets, since for both
models non-apparent characteristics have emerged.
INTRODUÇÃO................................................................................................... 8
1 CONTRIBUIÇÕES DOS MODELOS BASEADOS EM AGENTES PARA A
DISCUSSÃO DE PROBLEMAS ECONÔMICOS.............................................. 11
1.1 CARACTERIZAÇÃO E ETAPAS DE FORMULAÇÃO DOS MODELOS
BASEADOS EM AGENTES...................................................................... 15
1.2 APLICAÇÕES DOS MODELOS BASEADOS EM AGENTES EM
PROBLEMAS ECONÔMICOS.................................................................. 17
1.3 VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS DOS ABMs E ASPECTOS
FUTUROS DA MODELAGEM................................................................... 23
2 INFORMAÇÃO INCOMPLETA E APRENDIZADO NA DISCRIMINAÇÃO
DE PREÇOS DE COMPANHIAS AÉREAS EM AMBIENTES
COMPETITIVOS................................................................................................ 27
2.1 LITERATURA RELACIONADA E CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA........ 28
2.2 DEFINIÇÃO DO MODELO…………………………………………………… 34
2.2.1 Ambiente de Negociação………………………………………………..... 36
2.2.2 Atributos do Mercado Consumidor……………………………………... 36
2.2.3 Atributos das Companhias.………………………………………………. 38
2.2.4 Passos da Simulação……………………………………………………… 42
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………… 44
2.3.1 Cenário Base e Comparação aos Dados Reais.................................. 45
2.3.2 Análises de Sensibilidade………………………………………………… 47
2.4 CONCLUSÃO……………………………………………………………… 54
3 EXPECTATIVAS E INCERTEZA NA DECISÃO DE PRODUÇÃO DE
ETANOL............................................................................................................. 57
3.1 LITERATURA RELACIONADA E CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA........ 59
3.2 ASPECTOS PRÁTICOS DO MERCADO SUCROALCOLEEIRO............. 63
3.3 DEFINIÇÃO DO MODELO........................................................................ 66
3.3.1 Mercado.................................................................................................. 68
3.3.2 Atributos da Entidade Representativa................................................ 69
3.3.3 Atributos da Usina................................................................................. 71
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 75
3.4.1 Previsão da Produção sem Alteração do Cenário Econômico......... 78
3.4.2 Atuação do Agente Governo: Políticas de Incentivo à Produção
de Etanol................................................................................................ 82
3.5 CONCLUSÃO............................................................................................ 87
4 CONCLUSÃO................................................................................................. 90
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………… 93
APÊNDICE A – Simulação de Monte Carlo.................................................... 101
8
INTRODUÇÃO
Holland e Miller (1991) afirmam que muitos sistemas econômicos podem ser
classificados como sistemas complexos adaptativos. Um sistema é complexo se
consistir em uma rede de agentes interativos, exibir dinâmica e comportamento
agregado emergente a partir de ações individuais, e, por fim, se seu comportamento
agregado puder ser descrito sem conhecimento detalhado do comportamento dos
agentes individuais.
O conjunto de modelos tratáveis matematicamente, empregados em larga
escala nos trabalhos econômicos, é restrito em relação à amplitude das
possibilidades de aplicação dos ABMs (PAGE, 2005). A ampliação do escopo de
pesquisa trazida pela aplicação dos ABMs à economia não significa, todavia, que tal
classe de modelos vá levar a teoria econômica a ser repensada. Conforme afirma
Page (2005, pg. 2): “No matter how they are implemented be it mathematically or
computationally, economic models will always have consumers and producers”.
A contribuição dos ABMs para a teoria econômica está muito mais voltada à
aplicação dos modelos matemáticos em situações que tem sido evitadas ou
ignoradas. Nos modelos econômicos tradicionais, as imperfeições são atribuídas à
informação incompleta dos mercados. Já nos ABMs, os próprios agentes possuem
racionalidade limitada, de forma que a informação está disponível no mercado,
embora não seja totalmente processada (CHANG; HARRINGTON Jr, 2006;
GILBERT, 2008).
Assim, uma diferença essencial entre ABMs e os desenvolvimentos
matemáticos tradicionais da economia está no fato de que a última assume o
pressuposto de que o comportamento do agente econômico é ótimo. Já para os
ABMs o comportamento dos agentes é caracterizado por uma busca adaptativa ao
ambiente (CHANG, HARRINGTON JR; 2006). Este fator tem um impacto
considerável na lógica dos modelos e altera significativamente a forma de
interpretação dos resultados e suas implicações.
De maneira geral, os modelos tradicionais utilizados no desenvolvimento da
teoria econômica estão muito centrados na agregação das interações entre os
agentes econômicos refletidos no agente representativo. Aliada a esta
generalização, a ausência de um mecanismo de mercado, como processos
descentralizados ou de interação social, representa uma simplificação muito forte do
ambiente, ignorando a capacidade de adaptação, diferentes motivações e culturas,
além da evolução dos agentes (CHEN, 2012).
13
Um erro comum em relação aos ABMs é afirmar que seus resultados não
incluem análises de equilíbrio. Esta má interpretação dos modelos pode ser atribuída
ao fato de que nos modelos econômicos neo-clássicos o que importa é apenas a
solução ótima ou o equilíbrio, enquanto que nos ABMs todo o espaço de soluções
dos agentes interessa, visto que trata-se de uma busca adaptativa, como colocado
por Chang e Harrington Jr (2006).
Judd (1997) ressalta que os ABMs naturalmente incluem dinâmica em seus
resultados, que dificilmente permanecem em uma situação de equilíbrio estável visto
que há uma importante diferença entre alcançar o equilíbrio e permanecer no
equilíbrio.
Sistemas adaptativos, como aqueles tratados no âmbito dos modelos
baseados em agentes, podem ficar temporariamente em um equilíbrio local, no qual
a performance do modelo é adequada. Porém, tais sistemas deixam de ser
interessantes se permanecerem na mesma situação por um longo período, dado que
a trajetória e as interações interessam mais do que o ponto ótimo (HOLLAND;
MILLER, 1991).
Um ponto de discussão levantado por Judd (1997) é: o que é mais importante,
o desenvolvimento de teorias simples o suficiente para serem provadas, ou a
avaliação de teorias mais razoáveis utilizando métodos numéricos menos precisos?
O autor conclui que ideias computacionais e a prova de teoremas da economia neo-
clássica trabalham de forma conjunta, complementando suas fraquezas e
potencializando seus pontos fortes, visão corroborada por Holland e Miller (1991).
15
que, nos ABMS aplicados a torneios, é comum que os agentes sejam, inclusive,
homogêneos.
Axelrod (1997) obteve resultados surpreendentes quando aplicou ABM no
Dilema do Prisioneiro, com evolução e aprendizado dos agentes. De maneira
sucinta, as conclusões do autor foram no sentido de que os agentes, em geral,
cooperam entre si. Consequentemente, mais benefícios são alcançados do que
quando decidem delatar uns aos outros ou quando seguem a ação tomada pelo
outro agente no período anterior (política conhecida como tit-for-tat).
Zhang et al. (2011) desenvolveram um modelo baseado em agentes para
definir uma estratégia de negociação bilateral em um ambiente em que a divulgação
de informações não é aceitável, possível ou desejável entre as partes. No estudo, os
autores consideraram a interação entre comprador e vendedor via preço e
quantidade. Os resultados indicaram que o algoritmo de negociação é eficiente no
sentido de Pareto em termos dos contratos negociados, da utilidade conjunta obtida
e da equidade entre as partes. Ademais, o mecanismo de intermediação proposto
também demonstra que o comportamento dos agentes é previsível.
Por fim, a origem na economia experimental tem como motivação a
observação do comportamento humano. Neste caso, os ABM buscam replicar ou
simular o comportamento observado em experimentos cujo objeto são os humanos e
buscam explicações para os dados observados. Nesta linha de pesquisa, o
comportamento do agente é importante, não necessariamente as especificidades do
tipo de agente (ROBERTSON; CALDART, 2008).
Como, por exemplo, ocorre no trabalho de Powell e Coyle (2005), que
argumentaram que a perspectiva de formulação convencional de avaliação das
estratégias de negócios está limitada pela visão de racionalidade atribuída aos
gestores. Segundo os autores, a racionalidade incluída nos modelos desenvolvidos
até então não representa a realidade das organizações, em que gestores possuem o
racional movido pelo auto-interesse, em um ambiente onde há falta de informação.
Os autores propõem a adequação dos sistemas de simulação padrão a
pressupostos que julgam representar melhor a realidade das organizações por meio
de um sistema qualitativo na formulação do ABM utilizado.
Outra aplicação no ambiente corporativo comportamental é o trabalho de
Caldart e Ricart (2006), que testa a relação entre o estilo de gestão familiar e a
performance das empresas. Os autores concluíram que a performance relativa de
22
Muitos avanços foram feitos na definição metodológica dos ABMs nos últimos
anos, inclusive com a melhor coleta de microdados para validação de resultados.
Entretanto, progressos na modelagem integrada de diferentes formas funcionais
podem oferecer novos caminhos para o estudo dos ABMs aplicados à economia,
abrindo novas oportunidades para a exploração plena do potencial da metodologia
definida pelos modelos baseados em agentes (FILATOVA et al., 2013).
27
600 600
400 400
300 300
200 200
100 100
0
0
60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5
Dias Restantes até a Data da Viagem Dias Restantes até a Data da Viagem
Companhia 1 Companhia 2 Companhia 3 Companhia 1 Companhia 2
(a) (b)
Fonte: Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo
(NECTAR)
se mostrou um bom previsor do market share das empresas, com base nas rotas
operadas, preços cobrados, diferencial de serviços, dentre outros fatores.
Adicionalmente, Gosavi et al. (2007) desenvolveram um modelo de simulação
com o objetivo de acomodar pressupostos realistas de cancelamentos e overbooking
na precificação de passagens aéreas. Testes empíricos provaram que o modelo foi
capaz de aumentar a receita das companhias quando comparado aos modelos
embasados em heurísticas mais comuns na indústria aérea.
Tendo em vista os estudos sobre discriminação de preços previamente
mencionados, o modelo apresentado no presente capítulo busca simular a forma
como as companhias aéreas aprendem e interagem com o mercado, com um foco
especial na estratégia de ajustes regulares do preço ótimo para se adequar às
condições da demanda. Também, o estudo avalia a eficiência desse tipo de política
de preços em diferentes situações de mercado e os efeitos de mudanças nas
principais variáveis do modelo, tanto sobre o preço das passagens, quanto sobre o
excedente dos consumidores.
Para que essa modelagem seja possível, o modelo apresentado é dinâmico e
interativo, em que as decisões das companhias e dos consumidores se alteram ao
longo do tempo. As companhias competem por meio de uma política ótima de
preços em relação à demanda estimada em cada intervalo de tempo, assim como ao
comportamento esperado dos competidores. O modelo incorpora variáveis do
comportamento do consumidor ao considerar a elasticidade da demanda e a
disposição a pagar como variáveis aleatórias, desconhecidas pelas companhias.
O objetivo do estudo apresentado nesse capítulo é definir, para cada
companhia i que atua no mercado de passagens aéreas, uma política temporal
ótima de preços ∗
, ∈ 0, 1, ⋯ , que maximiza sua receita esperada em um
ambiente incerto e competitivo.
As incertezas do modelo resultam da natureza estocástica da disposição a
pagar determinada pela elasticidade-preço da demanda do mercado consumidor.
Em adição à aleatoriedade, as companhias desconhecem a real função de
demanda. Todos esses fatores considerados de forma conjunta tornam impossível a
obtenção de uma solução analítica e são bem representados pelos Modelos
Baseados em Agentes.
34
Conforme afirmado por Cleophas (2011), os ABMs são utilizados para que a
modelagem da gestão de rendimentos seja formulada de acordo com as
características do mercado real.
- Condições de oferta:
i. Como há poucas Companhias que operam no mercado, a
decisão de preço de uma Companhia afeta as demais;
ii. As Companhias oferecem passagens com os mesmos tipos de
serviços, para as mesmas rotas e para as mesmas datas de viagens
(produtos são idênticos);
iii. As passagens de todas as Companhias são ofertadas durante o
mesmo período antes da data da viagem; e
iv. Os preços das passagens são amplamente divulgados ao
mercado.
1
As palavras Companhias e Consumidores serão utilizadas em letras maiúsculas para reforçar o fato
de que se tratam dos agentes do modelo, evitando a confusão com discussões mais amplas acerca
do mercado de passagens aéreas.
35
Em que:
: valor que o Consumidor atribui a uma passagem aérea (disposição a
'
pagar);
: preço mínimo da passagem disponível no Mercado;
: elasticidade-preço da demanda do Consumidor; e
$ % : probabilidade cumulativa de comprar uma passagem, igual a 1/k, em
que k representa o número de Companhias que atuam no mercado.
,= − (2.2)
Em que:
E: excedente do consumidor;
38
Caso exista mais de uma Companhia para a qual , ≥ 0 durante cada período,
a Companhia que maximiza o excedente do consumidor faz a venda da passagem.
Se o excedente do consumidor for negativo para todos os preços disponíveis, não
ocorre nenhuma venda.
os competidores da Companhia i.
Adicionalmente, no início do processo de vendas, cada Companhia possui
uma estimativa de sua elasticidade-preço da demanda ( ̂ ), que se altera com o
tempo de acordo com as condições de mercado constantemente observadas pelas
Companhias. As Companhias utilizam a estimativa da elasticidade da demanda para
39
D# &=
∗ EFG )H I ×K ∗ I LH , M I ×K M I)N
NLEFG )H I ×K ∗ I LH , M ×K M I)N
(2.3)
Em que:
D# ∗
&: probabilidade cumulativa de venda da Companhia i no período t ao
∗
preço ótimo ;
̂ : elasticidade-preço da demanda estimada pela Companhia i no período t;
̂,) : vetor de elasticidade cruzada da demanda estimado pela Companhia i
anterior.
1 − θU
possibilidade pode ocorrer por nenhum consumidor chegar ao mercado, dada por
, ou porque os consumidores chegam ao mercado para verificar preços,
VWX
Sendo assim, a receita da Companhia i no período t é dada por:
OP ∗ = θU . D# ∗
&. 5OP)N + ∗
7 + 51 − θU . D# ∗
&7 . OP (2.5)
$8,0 $8,0
$7,0 $7,0
$6,0 $6,0
Preço
Preço
$5,0 $5,0
$4,0 $4,0
$3,0 $3,0
$2,0 $2,0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
1
16
31
46
61
76
91
106
121
136
151
166
181
196
211
226
241
256
271
286
301
316
331
(a) (b)
Fonte: próprio autor
b. Dados 8 e 9
disponíveis, então seu preço é considerado um valor elevado M.
, a Companhia i simula um número s de vezes o
valor de ̂ . O valor final de ̂ é a media dos valores simulados;
c. Caso o período t esteja à frente do período h, então:
c.1. Se as vendas acumuladas forem : ; <;=> do que a curva de
vendas esperadas, então 8 =8 −1 × 1−? ;
c.2. Se as vendas acumuladas forem : c @@=>
do que a curva de
vendas esperadas, então 8 =8 −1 × 1+? ;
Com os valores revisados da elasticidade média, vá para o passo (a).
Caso seja feita a revisão intermediária da elasticidade, a Companhia i
espera u períodos até a próxima avaliação das vendas.
d. Utilizando a nova estimativa da elasticidade-preço da demanda, ̂ ,o
preço dos competidores no período anterior ) − 1 , a estimativa da
elasticidade cruzada com respeito ao preço dos competidores ( ̂ , ) ), o
montante de passagens em estoque 4 e o número de períodos restantes
∗
até a data da viagem (T-t), a Companhia calcula o preço ótimo em t, , por
meio de (2.3) e (2.4), de acordo com (2.5);
∗
e. Companhia i revela o novo preço ao mercado;
f. Volte ao passo (a) até que todas as passagens tenham sido vendidas
ou até que o número de períodos restantes para a data da viagem seja igual a
zero.
As simulações terminam quando chega o período final T.
companhias (k=2, 2 = 1,2 ) e o início das vendas ocorre 360 períodos antes da data
O Cenário Base é definido da seguinte forma: mercado possui duas
da viagem ( = 360).
No processo de gestão de rendimentos, os preços das passagens são
revistos a cada 100 períodos (m = 100). Cada Companhia avalia a necessidade de
revisão intermediária de preços a partir do 150º período (h = 150), sendo u = 10
períodos, para os quais : ; <;=> = 2, : @A*=> = 0.5 e ? = 0,1.
As duas Companhias possuem a mesma capacidade disponível, com um
estoque de passagens igual a 100 cada (4 0 = 100). Os demais parâmetros iniciais
definidos para cada Companhia i são: ) 0 = $50, para (2, 2−∈ 1,2 , 2 ≠ 2− , e
λ∆=0.5. Caso uma das Companhias não tenha mais passagens disponíveis para
venda em um dado período de revisão de preços, seu preço é definido igual a
9 1 ≤ < 150 = 0,2; 8 150 ≤ < 300 = 1,0 e 9 150 ≤ < 300 = 0,2; 8 ≥
300 = 0,5 e 9 ≥ 300 = 0,1. Assume-se que a elasticidade da demanda estimada
pelas Companhias tenha distribuição Normal.
Pelo lado dos Consumidores, a elasticidade-preço da demanda é um valor
uniformemente distribuído no intervalo [0,5, 1,5] para < 250 e [0,01, 0,7] para t
≥ 250. Finalmente, o comportamento do Consumidor é completamente definido
pela propensão a comprar uma passagem de umas das companhias do mercado
aéreo, que, no Cenário Base, é dada por (F(k)=50%).
2
Em média, cada simulação leva 185,10 segundos.
46
Gráfico 2.3 – Cenário base: (a) Evolução dos preços e (b) vendas acumuladas
$25,0
$20,0
$15,0
Preço
$10,0
$5,0
$0,0
1
20
39
58
77
96
115
134
153
172
191
210
229
248
267
286
305
324
343
Companhia 1 Companhia 2
(a) (b)
Fonte: próprio autor
Base, de forma que as vendas aumentam momentos antes da data da viagem, mas
a receita total diminui em quase 39%.
Os resultados estão na Tabela 2.2:
Excedente
5.489,02 -8,7 % 3.042,39 -49,4 %
Consumidor ($)
c
Para aplicar a política de preços fixos (m>360), o preço de venda das duas
empresas foi definido como a média dos preços observados no Cenário Base. Os
resultados mostraram que sob preços fixos ao longo do tempo, claramente a
companhia com menor preço lidera o mercado, visto que os produtos são idênticos.
Por sua vez, observa-se uma redução no excedente do consumidor quando não há
discriminação de preços, visto que apenas consumidores dispostos a pagar acima
do preço fixo são atendidos.
Os resultados para a política de preços fixos estão na tabela a seguir:
Tabela 2.3 – Análise de Sensibilidade para Política de Preços Fixos (m > 360)
m > 360
Var.
Média
Cia. 1 Cia. 2 Cen.
Merc.
Base
Preço ($) 15,67 15,78 15,73 0,0 %
Receita ($) 1.567,00 899,78 1.233,39 0,6 %
Vendas Acum.
100,00 57,02 78,51 -0,9 %
(unidades)
Excedente
5.785,86 -3,7 %
Consumidor ($)
Fonte: próprio autor
49
Excedente
3.137,32 -47,8 % 5.645,59 -6,1 %
Consumidor ($)
Fonte: próprio autor
c. Elasticidade Cruzada
Para testar mudanças na elasticidade cruzada, considerou-se que há um
aumento da influência dos preços entre as companhias concorrentes a partir do 300º
período. O aumento da elasticidade cruzada nos últimos 60 períodos próximos à
data da viagem é razoável na medida em que o custo da capacidade ociosa é muito
elevado. É, portanto, esperado que nos últimos períodos os preços dos
competidores possuam um maior efeito sobre as vendas.
Quanto maior a elasticidade cruzada entre as Companhias, maior a
competição entre elas. O efeito sobre os preços depende, porém, do nível de
estoques de passagens entre os concorrentes e do comportamento dos
consumidores. Nos testes aplicados ao modelo, a elasticidade cruzada aumentou
nos 60 períodos que antecedem a data da viagem, de forma que, com a redução da
elasticidade dos Consumidores e com as vendas dentro das expectativas, o
aumento de preços foi maior entre as Companhias do mercado.
Como o mercado possui apenas dois competidores, o aumento de preços da
Companhia com menor número de passagens em estoques levou seu competidor a
aumentar os preços também, mas em menor proporção. Como resultado, observa-
se que o preço médio de mercado ficou pouco acima dos preços do Cenário Base,
com uma pequena queda nas vendas e aumento no excedente do consumidor. Este
último está intrinsecamente relacionado à baixa queda nas vendas, ou seja, os
Consumidores com menor elasticidade continuavam dispostos a pagar os maiores
preços. Esse e os demais resultados estão na tabela a seguir:
51
Excedente
6.546,18 8,9 % 6.507,29 8,3 %
Consumidor ($)
Fonte: próprio autor
8 1 < < 150 = 1.0; 8 150 ≤ < 300 = 1.0; and 8 ≥ 300 = 1.5. Devidos aos
De forma mais específica, o primeiro reste de sensibilidade foi feito com:
preços maiores inicialmente, as vendas totais são menores do que no Cenário Base,
assim como o excedente do consumidor.
Já no caso da elasticidade constante em todo o período, os preços iniciais
são mais elevados, mas os preços finais são mais baixos do que no Cenário Base.
Como resultado, as vendas são menores nos primeiros períodos. Os preços médios
são mais altos, assim como a receita total. Além disso, como os Consumidores com
maior disposição a pagar chegam ao mercado nos períodos finais, o excedente do
consumidor aumenta, visto que é depois do 300º período que os preços estão
menores do que na simulação utilizada como comparação.
52
Var. Var.
Média Média
Cia. 1 Cia. 2 Cen. Cia. 1 Cia. 2 Cen.
Merc. Merc.
Base Base
Preço ($) 18,86 18,80 16,38 19,8 % 20,03 20,30 20,16 28,2 %
Receita ($) 1.311,28 1.268,96 1.303,11 5,2 % 1.502,48 1.497,69 1.500,09 22,4 %
Vendas Acum.
78,60 78,12 78,75 -1,0 % 79,10 78,08 78,59 -0,8%
(unidades)
Excedente
5.330,68 -11,3 % 7.064,83 17,6 %
Consumidor ($)
Fonte: próprio autor
Assuma que: 8N 1 < < 150 = 1,2, 8N 150 ≤ < 300 = 0,8 e 8N ≥ 300 =
são desconhecidas pelos consumidores.
0,4; ao mesmo tempo: 8n 1 < < 150 = 1,7, 8n 150 ≤ < 300 = 1,3 e 8n ≥
300 = 0,7.
Nesse caso, a média da elasticidade esperada pela Companhia é menor do
que a Companhia 1. Como resultado, o preço médio da Companhia 2 é menor e
suas vendas consideravelmente maiores do que a Companhia 1. Como nos últimos
períodos todas as passagens da Companhia 2 já foram vendidos, Companhia 1
aumenta seus preços rapidamente, como mostrado nos gráficos a seguir.
53
$90,0
$80,0
$70,0
$60,0
Preços
$50,0
$40,0
$30,0
$20,0
$10,0
$0,0
1
20
39
58
77
96
115
134
153
172
191
210
229
248
267
286
305
324
343
Companhia 1 Companhia 2
(a) (b)
Fonte: próprio autor
definida dentro do intervalo B0,01, 0,7C em todos os períodos, então nas revisões
Por exemplo, se a elasticidade-preço dos consumidores for randomicamente
Excedente
191,30 -96,8 % 7.064,83 8,3 %
Consumidor ($)
Fonte: próprio autor
2.4 CONCLUSÃO
pela seção de resultados. Por fim, na seção 3.4 estão as conclusões e implicações
do modelo apresentado, bem como suas limitações e futuros desenvolvimentos.
3
O etanol anidro é mistura à gasolina A, formando a gasolina C, comercializada nos postos de combustíveis.
60
4
CIDE: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
5
Volatilidade retornos mensais, calculada pelo desvio-padrão amostral para uma janela de 12 meses.
61
6
Agradecimentos especiais à Usina Alta Mogiana, à ÚNICA e à SCA – Etanol do Brasil.
64
abril novembro
Término da safra em
Ociosidade: neste período, novembro, quando as
é possível converter a chuvas se iniciam
produção de açúcar para novamente
etanol em,
aproximadamente, 5%
Fonte: próprio autor, com base nas informações coletadas junto a produtores e
entidades do setor sucroalcooleiro
Gráfico 3.1 – Retornos do Etanol Anidro, Etanol Hidratado e Açúcar entre as Safras
2007/2008 a 2012/2013
60,0%
40,0%
20,0%
Retornos Mensais
0,0%
Abril-2008
Junho-2008
Agosto-2008
Outubro-2008
Dezembro-2008
Abril-2009
Junho-2009
Agosto-2009
Outubro-2009
Dezembro-2009
Abril-2010
Junho-2010
Agosto-2010
Outubro-2010
Dezembro-2010
Abril-2011
Junho-2011
Agosto-2011
Outubro-2011
Dezembro-2011
Abril-2012
Junho-2012
Agosto-2012
Outubro-2012
Dezembro-2012
Fevereiro-2009
Fevereiro-2010
Fevereiro-2011
Fevereiro-2012
Fevereiro-2013
-20,0%
-40,0%
-60,0%
Etanol Anidro Etanol Hidratado Açúcar
3.3.1 Mercado
= 0,1, … ,
A Usina e o Mercado Competidor fazem o planejamento da produção no início
da safra, t=0, e revisam sua produção até o último mês da safra, t=T, ,
em que t=0 representa o período que antecede a produção quando a Entidade
Representativa divulga os primeiros dados de previsão de produção e de retornos
para os meses vindouros.
(4U
Os vetores de retornos esperados para os próximos períodos por produto
∗
) dependem da média de m retornos passados em um mês específico da safra
(denominado aqui de mês-safra) nas últimas S safras, 8 I , e da volatilidade dos
retornos nestes meses, 9 I , sendo m = 1,...,T. Garante-se, com isso, que a média e
volatilidade de cada mês da safra serão considerados, como forma de manter a
sazonalidade dos dados.
Para conciliar a aleatoriedade dos dados e a sazonalidade característica da
safra, os retornos dos próximos períodos da safra são estimados pela Simulação de
70
Monte Carlo. Segundo esta simulação, os retornos dos ativos seguem um processo
estocástico descrito pelo processo estocástico dado pelo Movimento Browniano
Geométrico, cuja discretização dos retornos é feita pelo Lemma de Itô7 (JORION,
2003), chegando à seguinte equação:
9
n
| = (X }~8 − I • € . ∆t + 9 . • I . √∆ ƒ
I I 2 I (3.1)
|
Em que:
I : retorno do produto, estimado no período t, para o período-safra m;
∆ : intervalo de tempo entre o período t e o período-safra m;
8 I : média dos retornos do produto i, estimado em t, para o período-safra m, dada
por: 8 =
∑†
…‡ˆ > ,…
I ‰
, sendo: S o número de safras passadas consideradas no
9
cálculo dos retornos esperados;
I : volatilidade (ou desvio-padrão) dos retornos do produto i, estimado em t, para o
=Š
•
∑†
…‡ˆ5> )‹ Œ 7
período-safra m, dada por: 9
,…
I ‰)N
, sendo: S o número de safras
7
Para maiores detalhes sobre a Simulação de Monte Carlo, ver Apêndice A.
71
” = ”R , … , ”K ( ” = ” z ,0 ≤ z ≤
u
: conjunto de estratégias adotadas
pela Usina até o instante de tempo final t, as quais resultam na riqueza ‘ ™ . A
restrição de posições a descoberto para os ativos de risco implica que as estratégias
” ≥ 0.
de investimento encontradas para estes ativos não podem ser negativas, ou seja,
s s s
œ‘ ™ = •| . ‘™ +ž #4rx −| &. ” Ÿœ + ž ž 9 .” .œ
› QN QN QN
‘ 0 = ‘R > 0
(3.4)
‘™
Em que:
: valor da carteira ao longo do tempo
|
4rx
: retorno do ativo livre de risco
: vetor de retornos dos ativos de risco previstos para os próximos T períodos
73
= ∏©)N
composto por 1 em todas as componentes
! sQI |§ % ( ! =1
8=
ª)« R .@ R
¬ - , sendo ¯ calculado de maneira aproximada como:
N)
®
¯ = ∏©)N ̅
sQR 5| % − °± % ° 7, em que:
n
+ 4U
n
³ = ´| n. ¤ n . #¥ −| . (&´
N+ )N+
±̅ % = w )N
. #¥¦ + 4U −| . (&
=
p ™ #I,« I &
«¹ I
de produção de etanol anidro, etanol hidratado e açúcar, dado por ,
para = 1, … , .
Embora o modelo de otimização multiperíodo esteja descrito e resolvido em
tempo contínuo, a resolução computacional é feita conforme Dantas (2006).
74
txN
variância-covariância, os retornos estimados para o mês corrente para cada produto
(4 ) e os dados de produção divulgados no mesmo período, ,
comparativamente à produção inicial prevista pela Entidade Representativa.
Emprega-se neste caso o modelo de otimização de média-variância,
conforme Markowitz (1952 e 1959), visando adequar os resultados ótimos iniciais às
condições correntes de risco e retorno de cada um dos produtos.
txN
Antes de fazer a revisão da produção, a Usina ajusta o retorno de cada
produto conforme divulgado pela Entidade Representativa no período t, 4 , pela
comparação entre os dados de produção observados no período anterior, −1 ,
em relação à produção estimada no início da safra, yx 0 , da seguinte forma:
txN ′
− 1 ≥ yx 0 + ∆, então: 4 txN
= »¼ × 4
txN ′ txN
- Se:
− 1 ≤ yx 0 − ∆, então: 4 = »™ × 4
txN ′ txN
- Se:
- caso contrário: 4 =4
,#½ &≥½ ∗
£
¾
K
¾ ž p
=1
QN
z”•(2 – W p
≥ 0, W|W –œ– 2
¢
¾ 1− × p
−1 ≤ p
≤ 1+ × p
−1 , z( ≤ 4
¾ ¿ ¿ ¿
¡ p
¿ = p
¿ −1 , z( > 4
txN ′
Em que:
R(t): retorno da carteira, dado por: ∑ QN ×4
K
R(t)*: retorno da carteira calculado pelos pesos correntes divulgados pela Entidade
Representativa e os percentuais de produção do período anterior
w : matriz de variância-covariância dos retornos dos ativos de risco
w(t): vetor de percentuais da alocação (pesos) da cana nos k ativos de risco
p
¿: percentual de alocação da cana-de-açúcar na Usina para a produção de açúcar,
alterado apenas nos primeiros quatro períodos de revisão da produção
: percentual de cana-de-açúcar que pode ser redirecionado da produção de açúcar
para o etanol, e vice-versa, nos primeiros quatros meses da safra, sendo 0 ≤ ≤
0,10
Note que em (3.6) não há restrições para mudanças de alocação entre etanol
anidro e etanol hidratado. A restrição técnica de alteração de alocação entre etanol e
açúcar é garantida pelas duas últimas equações do conjunto de restrições.
8 @
O ABM descrito foi implementado em MATLAB .
76
0.2 0.2
0.1 0.1
Retorno ao Mês
Retorno ao Mês
0 0
-0.1 -0.1
-0.2 -0.2
-0.3 -0.3
-0.4 -0.4
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12
Mês da Safra Mês da Safra
Mínimo Mínimo
Média Média
Mediana Mediana
Máximo Máximo
3,00
25%
2,50
Percentual Mandatório
20%
2,00
Preço (R$)
15%
1,50
10%
1,00
5%
0,50
0,00 0%
Abril-2010
Maio-2010
Junho-2010
Agosto-2010
Setembro-2010
Outubro-2010
Novembro-2010
Março-2011
Abril-2011
Maio-2011
Junho-2011
Agosto-2011
Setembro-2011
Outubro-2011
Novembro-2011
Março-2012
Abril-2012
Maio-2012
Junho-2012
Agosto-2012
Setembro-2012
Outubro-2012
Novembro-2012
Março-2013
Julho-2010
Dezembro-2010
Janeiro-2011
Fevereiro-2011
Julho-2011
Dezembro-2011
Janeiro-2012
Fevereiro-2012
Julho-2012
Dezembro-2012
Janeiro-2013
Fevereiro-2013
Gasolina Tipo C - Preço Varejo Gasolina Tipo A Etanol Hidratado - Preço Produtor
Etanol Anidro - Preço Produtor Percentual Mandatório
O valor inicial da carteira em todos os casos foi R$ 1,00 (‘R = $1). Os demais
parâmetros utilizados nas simulações foram: = 0,10, ∆= 0,10, » ™ = 1.05 e » ¼ =
0.95.
Inicialmente, a aplicação do modelo para cada safra foi feita sem a
interferência do agente Governo, como forma de observar os resultados de risco e
retorno do planejamento ótimo da produção da Usina em relação ao que foi
efetivamente realizado no mercado.
Na sequência foram feitas simulações em que o agente Governo interfere no
ambiente de negociação. O objetivo de tais simulações é verificar as alterações no
planejamento da produção da Usina, além da sensibilidade do modelo proposto.
de açúcar da Usina nas três safras foi de pouco mais de 53%, enquanto que o
percentual médio observado no mercado foi de 61,5%.
A diferença na produção de açúcar foi compensada pelo maior
direcionamento médio da cana-de-açúcar para o etanol anidro, que ficou em
aproximadamente 20,8% para a Usina, sendo de 13,5% na média do mercado. A
produção de etanol hidratado foi bastante similar na média das três safras entre os
resultados do modelo e o que realmente ocorreu no mercado, sendo ambos em
torno de 25%.
Entretanto, quando os resultados de alocação da cana-de-açúcar são
observados por safra, nota-se considerável divergência entre os percentuais ótimos
do modelo e o que realmente ocorreu com no mercado sucroalcooleiro, como pode
ser visto na tabela a seguir:
Tabela 3.1 – Plano Final da Produção da Usina e do Mercado para as Três Safras
2011/2012. Para as demais safras, o risco observado no modelo ABM foi menor do
que aquele obtido com o planejamento inicial de longo prazo.
Em termos de retorno, o modelo ABM é mais conservador e permite maior
proteção em momentos adversos de mercado, como nas duas últimas safras. Na
safra 2010/2011, devido a não alocação em etanol hidratado para minimizar o risco
da carteira, o modelo ABM teve um retorno médio pouco menor do que o modelo de
otimização multiperíodo.
A tabela a seguir traz os dados de retorno médio, volatilidade média e relação
retorno sobre risco dos dados observados no mercado e dos resultados do modelo
ABM e do modelo multiperíodo inicial (sem revisões de curto prazo):
Tabela 3.2 – Comparação Risco, Retorno e Retorno sobre Risco no Modelo ABM,
Modelo Multiperíodo sem Revisões de Curto Prazo e Dados Reais de Mercado
Modelo Multiperíodo sem
Modelo ABM Dados Reais de Mercado
Revisão de Curto Prazo
Retorno Volatilidade Retorno Retorno Volatilidade Retorno Retorno Volatilidade Retorno
Médio Média / Risco Médio Média / Risco Médio Média / Risco
2010/2011 1,04% 8,42% 0,1230 0,87% 8,49% 0,1030 1,12% 8,42% 0,1332
2011/2012 -1,78% 8,66% -0,2052 -2,05% 8,54% -0,2397 -2,37% 8,56% -0,2771
2012/2013 -1,82% 8,58% -0,2123 -1,86% 8,51% -0,2191 -1,86% 8,60% -0,2165
Fonte: próprio autor
28,9%, subiu para 40,0%. Por sua vez, a produção média de etanol anidro ao longo
das safras passou de 20,7% para 11,3%. Os dados de alocação percentual média
por produto em cada safra estão na próxima tabela. A variação mostrada na tabela
refere-se à diferença, em pontos percentuais (p.p.), entre produção da Usina com o
cenário simulado em relação ao cenário inicial (“Var. PI”, em que PI significa Plano
Inicial).
Assim, os resultados das três simulações indicam que retornos mais elevados
não são suficientes para alterar o plano de produção da Usina quando o risco
associado do produto é elevado. O modelo privilegia o produto que tem melhor
relação retorno sobre risco, além de produtos com menor correlação com os demais,
visto que neste caso trata-se de proteção da receita esperada.
Por este motivo, quando os resultados de produção da Usina são comparados
com as alocações da cana-de-açúcar efetivamente observada ao longo das safras, o
modelo apresenta melhores retornos, com risco similar. Além disso, nas simulações,
os resultados mostram que políticas que privilegiam a redução das incertezas de
preços e institucional são mais vem sucedidas em incentivar a produção do que
aquelas que aumentam o retorno esperado.
Pelo fato do modelo não incorporar quantidades mínimas definidas por
contratos, nem estoques, as alocações dos planos de produção podem ter variado
mais do que esperado, como os resultados da Simulação 2. Porém, cabe destacar
que a constatação da influência da incerteza na produção pelos resultados do
modelo está em linha com os artigos discutidos anteriormente e com os fatos
correntemente reportados por produtores e pelas entidades representativas.
3.5 CONCLUSÃO
4 CONCLUSÃO
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= 8. œ + 9. œÁ
¼ Œ
Œ
(A.1)
Em que:
P: preço do ativo
t: tempo
8: taxa de retorno esperada
9: volatilidade dos retornos
Á: Processo de Wiener (ou Movimento Browniano)
9
Estritamente falando, a Simulação de Monte Carlo considera os fatores de risco dos ativos de uma
carteira para estimar a distribuição dos retornos desta em um dado horizonte de tempo. Para maiores
detalhes, ver Alexander (2009) e Jorion (2003).
102
Em que:
padrão e a matriz de correlação dos retornos passados dos ativos que compõem a
carteira para simular os retornos futuros. A partir da distribuição dos valores
simulados, é calculado o valor esperado para o percentil de interesse.