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Figuras de Linguagem

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Figuras de linguagem

I. O que são figuras de linguagem?

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem
mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar, de forma conotativa, o que queremos dizer.
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas
do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não-denotativo, passa a pertencer a outro
campo de significação, mais amplo e criativo.

Dito de outro modo, figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de
palavras em sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que se
convencionalmente são empregadas.

As figuras de linguagem são normalmente utilizadas para tornar mais expressivo o que queremos
dizer. Empregadas tanto na língua escrita, quanto na língua falada, elas ampliam o significado de
uma palavra, suprem a falta de termos adequados e criam significados diferentes.

II. Quais são as figuras de linguagem?

- Figuras de palavras: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e antonomase.

- Figuras de som (ou de harmonia): aliteração, assonância, onomatopeia e paranomase.

- Figuras de pensamento: antítese, paradoxo, apóstrofe, eufemismo, gradação, hipérbole, ironia,


perífrase e personificação.

- Figuras sintáticas (ou de construção): polissíndeto, assíndeto, elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo,
hipérbato, anacoluto e silepse.

1. Metáfora

Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança
resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma
comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.

Trata-se, portanto, da figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra em um


sentido que não lhe é comum ou próprio, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de
semelhança, de interseção entre dois termos. É algo implícito que não vem acompanhado pelas
palavras que representam comparação.

Exemplos:

a) "Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair
pérolas, que é a razão." (Machado de Assis)

b) Você é uma flor. Nesse caso, cria-se uma imagem para representar a beleza e a delicadeza.
c) "Amor é fogo que arde sem se ver." (Luis de Camões)

d) "Meu coração é um balde despejado." (Fernando Pessoa)

2. Comparação

Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam,
ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual,
que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.

Assim, comparação é a figura de linguagem que consiste em aproximar dois seres em razão de
alguma semelhança existente entre eles, de modo que as características de um sejam atribuídas ao
outro, e sempre por meio de um elemento comparativo expresso: como, tal qual, semelhante a,
igual, que nem, etc. É algo explícito determinado por palavras como essas.

Exemplos:

a) "Amou daquela vez como se fosse máquina.

Beijou sua mulher como se fosse lógico."

(Chico Buarque)

b) Você é como uma flor. Nesse caso, ainda há a utilização de uma imagem, porém há uma junção
de dois elementos através da palavra "como".

3. Metonímia

Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum
grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição
fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos.

Metonímia é, portanto, a figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por
outra em razão de haver entre elas uma relação de interdependência, de inclusão, de implicação.
Essa figura de linguagem está presente nas seguintes situações:

3.1- O continente pelo conteúdo e vice-versa

Exemplos:

a) Antes de sair, tomamos um cálice de licor

Nesse exemplo, não se toma um cálice, mas o conteúdo de um cálice.

b) O bebê comeu dois pratos (alimento).


Na verdade, o bebê comeu o alimento que estava nos pratos.

3.2- A causa pelo efeito e vice-versa

Exemplos:

a) "E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento."

(Vinícius de Moraes)

Nesse caso, as palavras "suor" e "cimento" significam que o operário ergueu uma casa e um
apartamento com trabalho. Dessa forma, os dois termos utilizados representam o efeito do
trabalho, e não a causa, ou seja, o operário não ergueu a casa e o apartamento porque estava suado,
mas por conta de seu trabalho. No entanto, utilizou-se a metonímia para substituir a causa pelo
efeito.

b) Pedro é alérgico a poeira e a cigarro.

Na realidade, Pedro é alérgico a poeira e a fumaça, que é o efeito do cigarro.

3.3- O lugar de origem ou de produção pelo produto, ou seja, o lugar pelo produto característico de
determinado local

Exemplos:

a) Comprei uma garrafa do legítimo porto .

Nesse caso, "legítimo porto" é o vinho da cidade do Porto.

b) O gerente ofereceu um Havana a seus colegas

Na verdade, o gerente ofereceu um charuto produzido em Havana.

3.4- O autor pela obra

Exemplos:

a) Ela parecia ler Jorge Amado .

Na verdade, ela parecia ler a obra de Jorge Amado. Foi substituído o nome da obra pelo nome do
autor.

b) Nas horas vagas, ouvimos Mozart.

Nesse exemplo, ouvimos a música de Mozart, e não Mozart.


3.5- O abstrato pelo concreto e vice-versa

Exemplos:

a) Não devemos contar com o seu coração.

Nesse caso, "coração" significa sentimento, sensibilidade.

b) Só ele tem cabeça para resolver isso.

Isso significa que só ele tem inteligência para resolver isso.

3.6- O símbolo pela coisa simbolizada

Exemplo: A coroa foi disputada pelos revolucionários.

Nesse caso, "coroa" significa poder.

3.7- A matéria pelo produto e vice-versa

Exemplos:

a) Lento, o bronze soa.

Nesse exemplo, "bronze" (matéria) significa sino (produto).

b) A um sinal do maestro, os metais iniciaram o concerto.

Nesse caso, a palavra "metais" (matéria) representa um instrumento de sopro feito de metal
(produto).

3.8- O inventor pelo invento

Exemplo: Edson ilumina o mundo.

Nesse caso, "Edson" (inventor) significa energia elétrica (invento).

3.9- A coisa pelo lugar

Exemplo: Vou à Prefeitura.

Nesse caso, a pessoa não vai à Prefeitura, mas ao edifício da Prefeitura.

3.10- A marca pelo produto

Exemplo: Menino, você quer um chiclete?

Nesse exemplo, o sujeito está questionando se o menino quer uma goma de mascar.
3.11- O singular pelo plural

Exemplo: O brasileiro é bem humorado.

Nesse caso, a expressão "o brasileiro" representa todos os brasileiros, ou seja, a população.

3.12- A parte pelo todo

Exemplos:

a) Mil olhos apreensivos seguiam a partida de futebol

Nesse caso, a palavr "olhos" representa as pessoas que estavam assistindo à partida, ou seja, os
torcedores.

b) Ao entrar em sala, olhos me observavam.

Nesse exemplo, a palavra "olhos" substituiu a palavra pessoas.

c) Ele não tinha um teto para morar.

A palavra "teto" representa uma parte do todo, isto é, a casa.

Observação 1: Ao contrário do que mostram esses dois últimos exemplos, sinédoque é a figura de
linguagem utilizada quando substituímos o todo pela parte. A sinédoque é uma espécie de
metonímia muito utilizada em poesias.

Exemplos:

a) O mineirão inteiro chorava com o 7 x 1 do futebol.

Nesse exemplo, choravam as pessoas que estavam no Mineirão.

b) Vou ganhar o pão com o suor do meu rosto.

Nesse caso, o sujeito vai ganhar alimento com o seu trabalho.

Observação 2: Gregório de Matos, na obra "Boca do Inferno", utiliza bastante metonímia. Isso
porque ele faz com que o leitor interprete a obra, escrevendo fragmentos que podem ser unidos de
acordo com cada visão de mundo.

Observação 3: A modernidade é o momento da fragmentação, que traz consigo uma realidade na


qual não abarcamos mais uma totalidade. A ruptura do total faz com que o ser humano veja a vida
em partes. Essa fragmentação é encontrada na literatura metonímica.

4. Catacrese

A catacrese é um tipo especial de metáfora. Segundo Othon M. Garcia, "é uma espécie de
metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e
pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já fora do âmbito estilístico".
A catacrese, porém, perdeu seu valor figurativo, uma vez que usamos essas expressões no
cotidiano. De acordo com Aristóteles, trata-se de metáforas mortas, visto que são tão comuns que
não enxergamos como tais.

Exemplos:

a) Folhas de livro;

b) Pele de tomate;

c) Dente de alho;

d) Pé da mesa;

e) Cabeça do prego.

5. Sinestesia

A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações
podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

Encontramos essa figura de linguagem em textos com muitas imagens, muitas referências sonoras
e predomínio olfativo, fazendo com que possamos trabalhar em um campo sensorial. Em síntese, a
sinestesia enfatiza os sentidos humanos e a mistura de sensações.

Exemplos:

a) "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias
feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida,
macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)

b) Sentia o cheiro doce de sua presença.

c) Senti o cheiro quente do café.

d) Escutei uma doce voz.

Vemos, nos exemplos, a mistura de sentidos diferentes para compor uma imagem.

Observação 4: A sinestesia foi um recurso que os simbolistas utilizavam, pois esse estilo tinha por
objetivo trabalhar o lado sensitivo do leitor.

6. Antonomase
Ocorre antonomase quando há a substituição de um nome por um termo pelo qual a pessoa é
conhecida.

Exemplo: Tiradentes, sendo que o nome é Joaquim José da Silva Xavier.

7. Aliteração

Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares,


geralmente em posição inicial da palavra. Trata-se, portanto, da repetição de sons e fonemas
consonantais. Essa figura de linguagem imprime ritmo e musicalidade ao texto.

A aliteração é um recurso poético, isto é, uma maneira de construir poema. Tal recurso é
extremamente valorizado pelo simbolismo porque, de acordo com esse estilo literário, a música é a
arte perfeita, capaz de mexer com nossos sentidos sem nos dizer nada.

Exemplos:

a) "Toda gente homenageia Januária na janela." (Chico Buarque)

b) O rato roeu a roupa do rei de Roma.

8. Assonância

Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema. Tal
figura de linguagem, assim como a aliteração, é muito utilizada no simbolismo.

Exemplo: "Sou Ana, da cama

da cana, fulana, bacana

Sou Ana de Amsterdam."

(Chico Buarque)

Nesse exemplo, vemos a repetição de uma única vogal praticamente em todas as palavras,
imprimindo ritmo e dando musicalidade ao texto. Em outras palavras, no exemplo acima, vemos a
repetição intencional rítmica através do fonema vocálico "a".

Observação 5: Considere o seguinte exemplo: "Pedro pedreiro penseiro esperando o trem." (Chico
Buarque).

No exemplo acima, vemos a repetição do "r" (aliteração) e das vogais "e" e "o" (assonância).
9. Onomatopeia

Ocorre onomatopeia quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som. Essa
figura de linguagem aparece muito nas revistas em quadrinho.

Exemplos:

a) "O silêncio fresco despenca das árvores.

Veio de longe, das planícies altas,

Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...

Vvvvvvvv... passou."

(Mário de Andrade)

b) Au au!

c) Miau miau!

Em todos os exemplos, vemos a representação escrita de sons.

10. Paranomase

Exemplos:

a) Sede e cede.

b) Eminente e iminente.

11. Antítese

Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Trata-se,


portanto, da oposição de palavras, ou seja, de um vocábulo que se opõe ao outro pelo seu sentido.
Nesse sentido, pode-se afirmar que essa figura de linguagem acontece sob o ponto de vista da
palavra, a qual precisa se opor à palavra que lhe é contrária.

Em suma, antítese é a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõem
quanto ao sentido. Trata-se, então, do uso de palavras contrárias (anti = antônimo).

Exemplos:

a) "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos
bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa)

b) O dia e a noite se completam.

c) "Tristeza não tem fim, felicidade, sim."


Observação 6: Todo o barroco se estabeleceu através de antíteses. Nesse período, o homem vive
uma encruzilhada ideológica e essa divisão é representada por expressões antagônicas observadas
na antítese.

12. Paradoxo

Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de
ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência
de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.

Trata-se, portanto, da figura de linguagem que consiste no emprego de palavras ou expressões


que, embora opostas quanto ao sentido, se fundem em um enunciado. Há, nesse caso, ideias que se
contradizem, ou seja, que entram em conflito. Esse jogo de ideias constitui o paradoxo, o qual
consiste no uso de palavras contraditórias, tornando o texto "incoerente". Vale destacar que a
palavra "doxo" significa opinião ou ideia.

Exemplos:

a) "Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;"

(Camões)

b) Estou dormindo acordado.

c) Eu quero ouvir o silêncio!

Observação 7: Pelos mesmos motivos citados acima em relação à antítese, o paradoxo é muito
utilizado no Barroco.

13. Apóstrofe

Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar
presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à
expressão.

Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)
14. Eufemismo

Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade
tida como penosa, desagradável ou chocante. Trata-se, portanto, da figura de linguagem que
consiste no emprego de uma palavra ou expressão no lugar de uma outra palavra ou expressão
considerada desagradável ou chocante. Cabe ressaltar que a palavra "eu" significa bem ou
agradavelmente e "femi" significa dizer (falar de forma agradável).

Exemplos:

a) "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque)

Nesse exemplo, "paz derradeira" significa morte.

b) Ele partiu desta para melhor.

Assim como no primeiro exemplo, nesse caso, queremos dizer que ele morreu, porém suavizando
a ideia.

c) Você é desprovida de beleza.

Nesse exemplo, utiliza-se a expressão "desprovida de beleza" para não chamar a pessoa de feia.

d) Você faltou com a verdade.

No exemplo, usa-se "faltou com a verdade" para não chamar o indivíduo de mentiroso.

e) Ele foi morar junto com Deus.

No exemplo, "morar junto com Deus" é usado para não falar que ele morreu.

f) Ele subtraiu o celular do idoso no ônibus.

No exemplo, fala-se "subtraiu" para não dizer que roubou.

Observação 8: O eufemismo caracteriza a sociedade contemporânea. O contexto ocidental é


eufemístico, pois a nossa tendência é tirar o grau que certas palavras possuem e dar novos
significados à elas. A sociedade do politicamente correto utiliza, como uma estratégia discursiva,
essa figura de linguagem.

15. Gradação

Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia. É a
figura de linguagem que consiste na disposição de palavras ou expressões em uma sequência que dá
ideia de progressão.

Exemplos:

a) "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves)
b) 1, 2, 3, 4...

Nesse exemplo, tem-se uma sequência de números, partindo do menor para o maior.

c) 4, 3, 2, 1...

Nesse exemplo, tem-se uma sequência de números, partindo do maior para o menor.

d) Ele anda, corre, voa.

Nesse exemplo, vemos uma sequência de ações, partindo da menor para a maior ação (clímax).

e) Ele voa, corre, anda.

Nesse exemplo, vemos uma sequência de ações, partindo da maior ação para a menor
(anticlímax).

f) Dei um passo, apressei-me, corri.

16. Hipérbole

Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem
emocionante e de impacto. É a figura de linguagem que consiste em expressar uma ideia com
exagero.

Exemplos:

a) "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)

b) Já falei mil vezes a mesma coisa!

No exemplo, o sujeito não falou realmente a mesma coisa mil vezes, mas essa figura de linguagem
demonstra o exagero com finalidade expressiva.

c) "Pois há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que darei na sua boca."

d) Está muito calor. Os jogadores estão morrendo de sede no campo.

17. Ironia

Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se algo
diferente do que as palavras ou as orações parecem exprimir. É a figura de linguagem que consiste
em afirmar o contrário do que se quer dizer. Nesse caso, a intenção quase sempre é depreciativa ou
sarcástica.

Exemplos:

a) "Moça linda, bem tratada,

três séculos de família,


burra como uma porta:

um amor."

(Mário de Andrade)

b) Ah, esse aluno é ótimo, só tira nota vermelha.

c) Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo que estava gravado?

d) Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o dedo.

Observação 9: Na literatura machadiana há muita ironia sofisticada. A ironia estrutura o próprio


romance, com uma visão irônica da realidade.

18. Perífrase

Similar à antonomase, a perífrase é construída a partir da substituição de uma coisa por outra pela
qual ela é conhecida.

19. Personificação (ou prosopopeia)

Ocorre prosopopeia (ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento,
enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários. Também a
atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopeia, o que é comum nas
fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e
levemente melancólico..."

A personificação, portanto, é a figura de linguagem que consiste em atribuir linguagem,


sentimentos e ações próprias dos seres humanos a seres inanimados ou irracionais.

Exemplos:

a) "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp)

b) As árvores gritavam seu nome.

Nesse exemplo, tem-se um ser inanimado associado à ação humana.

c) "As casas espiam os homens, que correm atrás das mulheres."

d) "A lua é uma amante." (Vinícius de Moraes, no Soneto da Lua)


20. Polissíndeto

Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do
que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos
ininterruptos ou vertiginosos.

Polissíndeto, então, é a figura de linguagem que consiste na repetição, com finalidade enfática, de
uma conjunção coordenativa. Trata-se da sequência de ideias utilizando uma mesma conjunção para
todas.

Exemplos:

a) "Vão chegando as burguesinhas pobres,

e as criadas das burguesinhas ricas

e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza."

(Manuel Bandeira)

b) Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua.

Nesse exemplo, vemos a repetição intencional da conjunção coordenada "e".

c) "E o olhar estaria ansioso esperando

E a cabeça ao sabor de mágoa balançando

E o coração fugindo e o coração voltando

E os minutos passando e os minutos passando..."

(Vinícius de Morais)

d) "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se
espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

21. Assíndeto

Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas,
aparecendo justapostas ou separadas por vírgulas. Exigem do leitor atenção maior no exame de
cada fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas). Trata-se, portanto, da figura de linguagem
que consiste no emprego de orações coordenadas justapostas, isto é, sem o uso de conjunções.

Exemplos:

a) "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis)

b) Trabalha, teima, lima, sofre, sua.

c) Vim, vi, venci.


d) Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.

e) "Metade de mim é fada, a outra metade é bruxa. Uma é séria; a outra sorri; uma voa, a outra é
pesada. Uma sonha dormindo, a outra sonha acordada."

Em todos os exemplos, vemos várias orações coordenadas entre si sem a presença de uma
estrutura sintática, ou seja, sem o uso de conjunções.

22. Elipse

Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou
subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou
verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.

Nesse sentido, a elipse é um recurso coesivo que oculta um termo na oração. Em outras palavras,
trata-se da omissão de um termo que não foi utilizado anteriormente, omissão essa que pode ser de
qualquer tipo.

Exemplos:

a) "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas."

Nesse exemplo, vemos a elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias
coloridas).

b) Na sala, três ou quatro convidados.

Nesse exemplo há um verbo escondido (haver). Reformulando a frase, na sala há três ou quatro
convidados. Observa-se, assim como em todos os exemplos, a omissão de um termo que o contexto
recupera.

c) Fomos a Roma.

Nesse exemplo, "nós" é o sujeito elíptico, pois podemos identificar o verbo na primeira pessoa do
plural.

23. Zeugma

Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua
repetição. Assim, essa figura de linguagem, que também é chamada de concordância ideológica,
consiste na omissão de um termo já mencionado. Trata-se de uma variante ou especificidade da
própria elipse.

Exemplos:

a) "Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes." (Camilo Castelo Branco)
Nesse exemplo, existe zeugma do verbo "foram". Reformulando a oração, e foram assassinados os
partidários dos Felipes.

b) Antônio lê Shakespeare. Joana, não.

Nesse exemplo, como já foi dito, na primeira oração, o que Antônio lê, não é necessário repetir "lê
Shakespeare" para Joana na oração seguinte.

c) Eu fui à praia. Ela, ao cinema.

Nesse exemplo, na primeira oração ("Eu fui à praia"), não houve omissão do verbo fui. Já na
segunda oração houve a omissão de um termo, pois já apareceu anteriormente, buscando-se, assim,
evitar sua repetição.

24. Anáfora

Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou


verso. Tal repetição vai imprimindo um determinado ritmo no texto. Dito de outro modo, a anáfora
é a repetição de palavras ou expressões no início de versos ou de frases, com intenção estética.

Exemplo: "Depois o areal extenso...

Depois o oceano de pó...

Depois no horizonte imenso

Desertos... desertos só..."

(Castro Alves)

Observação 10: Anáfora, elipse, zeugma, polissíndeto e assíndeto são consideradas figuras
referentes à sintaxe.

25. Pleonasmo

Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundância de significado.

25.1- Pleonasmo literário (ou intencional)

O pleonasmo literário é o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de
vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a
expressão, dando ênfase à mensagem. Esse tipo de pleonasmo tem intenção de ênfase e de estética,
possuindo um efeito retórico.

O tipo de pleonasmo em análise tem como objetivo enfatizar uma determinada ideia. Trata-se, de
forma resumida, do reforço de uma ideia através do uso de expressões redundantes.
Exemplos:

a) Eu vi com os meus próprios olhos.

b) "Iam vinte anos desde aquele dia

Quando com os olhos eu quis ver de perto

Quando em visão com os da saudade via."

(Alberto de Oliveira)

25.2- Pleonasmo vicioso

O pleonasmo vicioso, considerado erro, é o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em


palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de
reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras.
Normalmente, são utilizados por sujeitos que não possuem um bom domínio da Língua Portuguesa.

Exemplos:

a) Vou subir para cima.

b) Menino, entre já para dentro!

c) Você poderia repetir de novo?

d) Acabei de ouvir com os ouvidos.

e) Vou sair para fora.

f) Vou descer para baixo.

g) Eu fui fazer um hemograma de sangue hoje de manhã.

h) Joana sofre de leucemia no sangue.

i) A protagonista principal do filme "O Sorriso de Monalisa" é Julia Roberts.

Observação 11: Falar "entregar-lhe a ele" também entra na categoria de vício de linguagem.

26. Hipérbato

Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase. Trata-se de uma
inversão sintática que sofistica o texto.

Exemplos:

a) "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (Carlos Drummond de Andrade)

Nesse exemplo, vemos uma inversão dos termos. Modificando a frase, as belas passeiam na
Avenida à tarde.
b) Hino Nacional.

Para encontrar o sujeito da oração, a estratégia é perguntar antes do verbo: quem ouviu? No hino,
sabemos que o verbo "ouviram" não indica sujeito indeterminado. Na verdade, o sujeito seria as
margens plácidas do Ipiranga. No hino, todos os termos oracionais estão trocados, fora do seu lugar
canônico.

Observação 12: No Barroco, por existir uma linguagem confusa e rebuscada, observa-se a falta de
clareza e, consequentemente, a utilização de hipérbatos.

27. Anacoluto

O anacoluto é a quebra na estrutura sintática, funcionando para a análise de falas.

Exemplo: Eu... nós fomos à praia.

Como consequência sintática, "eu" era o sujeito. Depois, esse termo perdeu totalmente a sua
função sintática. O termo "nós" torna-se o sujeito.

28. Silepse

Exemplo 1: A gente vamos ao Maracanã.

Em relação a esse exemplo, temos um incômodo muito grande, pois sabemos que o termo "a
gente" está no singular. O verbo precisa acompanhar esse termo e, portanto, deve estar também no
singular (a gente vai). No entanto, do ponto de vista ideológico, sabemos que "a gente" (termo
singular feminino) carrega a ideia de mais de um, assim como "nós" traz a ideia de plural. Por esse
motivo, muitas pessoas colocam o verbo no plural.

Podemos ouvir alguém dizer, também, a seguinte frase: a gente foi ao cinema e vimos Pantera
Negra. Há, nesse caso, concordância do verbo "foi" com o sujeito "a gente" na primeira oração.
Entretanto, na segunda oração, essa concordância foi esquecida. Isso porque a expressão "a gente"
pressupõe nós e, portanto, a segunda oração utiliza o nós como sujeito.

Exemplo 2: A maioria é legal.

Nesse exemplo, observa-se uma concordância lógica, pois o verbo "ser" concorda com o núcleo (a
maioria). No entanto, se dissermos "a maioria dos alunos são legais", vemos a concordância do
verbo "ser" com o elemento mais próximo (alunos), o que, por vezes, é lógico-gramatical e, em
outras situações, não. Nesse último caso, vemos uma concordância atrativa.

Exemplo 3: Eu fazi o dever.

A Língua Portuguesa traz o predomínio dos verbos regulares. Verbos da segunda conjugação,
como comer, beber e fazer, podem ser confundidos por aqueles que não possuem domínio da
língua, principalmente as crianças. Conjugando os verbos citados acima em pretérito perfeito,
primeira pessoa do singular, temos: eu comi, eu bebi e eu fiz. Entretanto, o último verbo pode ser
confundido com "fazi", para seguir o padrão da regularidade verbal.

Exemplo 4: Os menino tudo foi.

Nesse exemplo, o falante elimina o plural que está ali a rigor (os meninos foram).

Exemplo 5: Vossa majestade está muito cansado hoje.

Nesse caso, "vossa majestade" se refere ao rei, mas o certo seria "cansada", pois majestade é uma
palavra feminina. No exemplo, "cansado" concorda com o gênero da pessoa, ou seja, do rei, e não
com o gênero da palavra. Vemos, nessa situação, a concordância com algo que está subentendido. O
mesmo ocorre quando dizemos "vossa majestade é bondoso". "Vossa" é pronome de tratamento e,
nessa situação, assim como na outra, vemos uma silepse de gênero.

Observação 13: A gramática aceita o brasileiro somos, pois refere-se à um todo, todos os brasileiros.

Observação 14: O uso da norma padrão ainda é um instrumento de inclusão ou exclusão.

III. Exercícios

Questão 1: Identifique as figuras de linguagem presentes nos fragmentos textuais a seguir.

1. "As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros xales nos ombros,
pareciam aves noturnas paradas..." (Jorge Amado)

Resposta: Comparação.

2. Ele é um bom garfo.

Resposta: Metonímia. "Bom garfo" significa guloso, glutão.

3. céu da boca cabeça de prego

mão de direção ventre da terra

asa da xícara sacar dinheiro no banco

Resposta: Catacrese.

4. "Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno." (Fernando Pessoa)


Resposta: Onomatopeia.

5. Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)

Resposta: Personificação.

6. "Morrerás morte vil na mão de um forte." (Gonçalves Dias)

Resposta: Pleonasmo.

7. "Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal"

(Fernando Pessoa)

Resposta: Apóstrofe e pleonasmo.

8. hemorragia de sangue monopólio exclusivo

principal protagonista

Resposta: Pleonasmo.

9. Minha boca é um túmulo.

Resposta: Metáfora.

10. Essa rua é um verdadeiro deserto.

Resposta: Metáfora.

11. O meu coração está igual a um céu cinzento.

Resposta: Comparação.

12. O carro dele é rápido como um avião.

Resposta: Comparação.

13. O céu está mostrando sua face mais bela.

Resposta: Personificação ou metáfora.


14. O cão mostrou grande sisudez.

Resposta: Personificação.

15. Raquel tem um olhar frio, desesperador.

Resposta: Sinestesia.

16. Aquela criança tem um olhar tão doce.

Resposta: Sinestesia.

17. O menino quebrou o braço da cadeira.

Resposta: Catacrese.

18. A manga da camisa rasgou.

Resposta: Catacrese.

19. Li Jô Soares dezenas de vezes.

Resposta: Metonímia.

20. Nada com Deus é tudo.

Tudo sem Deus é nada.

Resposta: Antítese a favor da construção do uso de um paradoxo.

21. Ele foi repousar no céu, junto ao Pai.

Resposta: Eufemismo.

22. Ela chorou rios de lágrimas.

Resposta: Hipérbole.

23. Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.

Resposta: Ironia.
24. Se você gritar mais alto, eu agradeço.

Resposta: Ironia.

25. Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.

Resposta: Onomatopeia.

26. Após a queda, nenhuma fratura.

Resposta: Elipse.

27. Ele come carne; eu, verduras.

Resposta: Zeugma.

28. Nós cantamos um canto glorioso.

Resposta: Pleonasmo.

29. Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar.

Resposta: Polissíndeto.

30. Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar.

Resposta: Assíndeto.

31. Cada alma é uma escada para Deus,

Cada alma é um corredor-Universo para Deus,

Cada alma é um rio correndo por margens de Externo

Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)

Resposta: Metáfora (na construção dos versos) e anáfora.

Questão 2: Identifique as figuras de linguagem presentes nas frases abaixo:

a) A vida é uma cereja.


Resposta: Metáfora.

b) Durante as manifestações, pernas cruzavam a avenida.

Resposta: Metonímia.

c) Tenho um grande amor por uma menina alegre, a despeito de eu ser triste.

Resposta: Antítese.

d) Moça linda, bem tratada, /3 séculos de família/, burra como uma porta: um amor.

Resposta: Ironia e comparação.

e) Aquele bandido comerá capim pela raiz.

Resposta: Eufemismo.

f) Rios de lágrimas te correrão pelos olhos.

Resposta: Hipérbole.

g) "E trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua."

Resposta: Polissíndeto.

h) O aluno dizia que adorava Lima Barreto.

Resposta: Metonímia.

i) O homem nasce, cresce, reproduz, envelhece, morre.

Resposta: Gradação e assíndeto.

j) Aquele rapaz falava como um personagem de desenho animado.

Resposta: Comparação.

k) Aqueles políticos enriqueceram por meios ilícitos.

Resposta: Eufemismo.
Texto para as próximas questões

A ARTE DE ENGANAR

Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido
mencionar “calças” na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas
expressões perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia de
mercado; imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de
desenvolvimento; oportunismo se chama pragmatismo; 1despedir sem indenização nem explicação
se chama flexibilização laboral” etc.

A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador;


lobista é consultor; 2fracasso é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio;
desmatamento é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; 3acumulação
privada de riqueza é democracia; socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é
populismo; tortura é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; 4peste é pandemia; 5magricela
é anoréxica.

Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um
jeitinho de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.

Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. 6Ora, poderia
dizer que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo
seminovo os torna mais vendáveis.

Coitadas das palavras! Elas 7são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça
como está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, 8rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.

Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos.

Frei Betto

Adaptado de O Dia, 21/03/2015.

Questão 3: (Uerj 2016) Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra de bom
agouro” ou “palavra que deseja o bem”. Como figura de linguagem, indica um recurso que suaviza
alguma ideia ou expressão mais chocante. Na crônica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos
eufemismos, que serviriam para distorcer a realidade. De acordo com o autor, o eufemismo camufla
a desigualdade social no seguinte exemplo:

a) fracasso é crise (ref. 2)

b) peste é pandemia (ref. 4)

c) magricela é anoréxica (ref. 5)


d) rico é corrupto (ref. 8)

Resposta: letra D.

Questão 4: (Uerj 2016) Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos
com outros recursos ou figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da
superposição entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é:

a) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (ref. 1)

b) acumulação privada de riqueza é democracia; (ref. 3)

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