Figuras de Linguagem
Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem
mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar, de forma conotativa, o que queremos dizer.
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas
do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não-denotativo, passa a pertencer a outro
campo de significação, mais amplo e criativo.
Dito de outro modo, figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de
palavras em sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que se
convencionalmente são empregadas.
As figuras de linguagem são normalmente utilizadas para tornar mais expressivo o que queremos
dizer. Empregadas tanto na língua escrita, quanto na língua falada, elas ampliam o significado de
uma palavra, suprem a falta de termos adequados e criam significados diferentes.
- Figuras sintáticas (ou de construção): polissíndeto, assíndeto, elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo,
hipérbato, anacoluto e silepse.
1. Metáfora
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança
resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma
comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.
Exemplos:
a) "Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair
pérolas, que é a razão." (Machado de Assis)
b) Você é uma flor. Nesse caso, cria-se uma imagem para representar a beleza e a delicadeza.
c) "Amor é fogo que arde sem se ver." (Luis de Camões)
2. Comparação
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam,
ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual,
que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
Assim, comparação é a figura de linguagem que consiste em aproximar dois seres em razão de
alguma semelhança existente entre eles, de modo que as características de um sejam atribuídas ao
outro, e sempre por meio de um elemento comparativo expresso: como, tal qual, semelhante a,
igual, que nem, etc. É algo explícito determinado por palavras como essas.
Exemplos:
(Chico Buarque)
b) Você é como uma flor. Nesse caso, ainda há a utilização de uma imagem, porém há uma junção
de dois elementos através da palavra "como".
3. Metonímia
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum
grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição
fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos.
Metonímia é, portanto, a figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por
outra em razão de haver entre elas uma relação de interdependência, de inclusão, de implicação.
Essa figura de linguagem está presente nas seguintes situações:
Exemplos:
Exemplos:
Adiante um apartamento."
(Vinícius de Moraes)
Nesse caso, as palavras "suor" e "cimento" significam que o operário ergueu uma casa e um
apartamento com trabalho. Dessa forma, os dois termos utilizados representam o efeito do
trabalho, e não a causa, ou seja, o operário não ergueu a casa e o apartamento porque estava suado,
mas por conta de seu trabalho. No entanto, utilizou-se a metonímia para substituir a causa pelo
efeito.
3.3- O lugar de origem ou de produção pelo produto, ou seja, o lugar pelo produto característico de
determinado local
Exemplos:
Exemplos:
Na verdade, ela parecia ler a obra de Jorge Amado. Foi substituído o nome da obra pelo nome do
autor.
Exemplos:
Exemplos:
Nesse caso, a palavra "metais" (matéria) representa um instrumento de sopro feito de metal
(produto).
Nesse exemplo, o sujeito está questionando se o menino quer uma goma de mascar.
3.11- O singular pelo plural
Nesse caso, a expressão "o brasileiro" representa todos os brasileiros, ou seja, a população.
Exemplos:
Nesse caso, a palavr "olhos" representa as pessoas que estavam assistindo à partida, ou seja, os
torcedores.
Observação 1: Ao contrário do que mostram esses dois últimos exemplos, sinédoque é a figura de
linguagem utilizada quando substituímos o todo pela parte. A sinédoque é uma espécie de
metonímia muito utilizada em poesias.
Exemplos:
Observação 2: Gregório de Matos, na obra "Boca do Inferno", utiliza bastante metonímia. Isso
porque ele faz com que o leitor interprete a obra, escrevendo fragmentos que podem ser unidos de
acordo com cada visão de mundo.
4. Catacrese
A catacrese é um tipo especial de metáfora. Segundo Othon M. Garcia, "é uma espécie de
metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e
pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já fora do âmbito estilístico".
A catacrese, porém, perdeu seu valor figurativo, uma vez que usamos essas expressões no
cotidiano. De acordo com Aristóteles, trata-se de metáforas mortas, visto que são tão comuns que
não enxergamos como tais.
Exemplos:
a) Folhas de livro;
b) Pele de tomate;
c) Dente de alho;
d) Pé da mesa;
e) Cabeça do prego.
5. Sinestesia
A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações
podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Encontramos essa figura de linguagem em textos com muitas imagens, muitas referências sonoras
e predomínio olfativo, fazendo com que possamos trabalhar em um campo sensorial. Em síntese, a
sinestesia enfatiza os sentidos humanos e a mistura de sensações.
Exemplos:
a) "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias
feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida,
macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)
Vemos, nos exemplos, a mistura de sentidos diferentes para compor uma imagem.
Observação 4: A sinestesia foi um recurso que os simbolistas utilizavam, pois esse estilo tinha por
objetivo trabalhar o lado sensitivo do leitor.
6. Antonomase
Ocorre antonomase quando há a substituição de um nome por um termo pelo qual a pessoa é
conhecida.
7. Aliteração
A aliteração é um recurso poético, isto é, uma maneira de construir poema. Tal recurso é
extremamente valorizado pelo simbolismo porque, de acordo com esse estilo literário, a música é a
arte perfeita, capaz de mexer com nossos sentidos sem nos dizer nada.
Exemplos:
8. Assonância
Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema. Tal
figura de linguagem, assim como a aliteração, é muito utilizada no simbolismo.
(Chico Buarque)
Nesse exemplo, vemos a repetição de uma única vogal praticamente em todas as palavras,
imprimindo ritmo e dando musicalidade ao texto. Em outras palavras, no exemplo acima, vemos a
repetição intencional rítmica através do fonema vocálico "a".
Observação 5: Considere o seguinte exemplo: "Pedro pedreiro penseiro esperando o trem." (Chico
Buarque).
No exemplo acima, vemos a repetição do "r" (aliteração) e das vogais "e" e "o" (assonância).
9. Onomatopeia
Ocorre onomatopeia quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som. Essa
figura de linguagem aparece muito nas revistas em quadrinho.
Exemplos:
Vvvvvvvv... passou."
(Mário de Andrade)
b) Au au!
c) Miau miau!
10. Paranomase
Exemplos:
a) Sede e cede.
b) Eminente e iminente.
11. Antítese
Em suma, antítese é a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõem
quanto ao sentido. Trata-se, então, do uso de palavras contrárias (anti = antônimo).
Exemplos:
a) "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos
bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa)
12. Paradoxo
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de
ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência
de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
Exemplos:
É um contentamento descontente;
(Camões)
Observação 7: Pelos mesmos motivos citados acima em relação à antítese, o paradoxo é muito
utilizado no Barroco.
13. Apóstrofe
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar
presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à
expressão.
Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)
14. Eufemismo
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade
tida como penosa, desagradável ou chocante. Trata-se, portanto, da figura de linguagem que
consiste no emprego de uma palavra ou expressão no lugar de uma outra palavra ou expressão
considerada desagradável ou chocante. Cabe ressaltar que a palavra "eu" significa bem ou
agradavelmente e "femi" significa dizer (falar de forma agradável).
Exemplos:
a) "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque)
Assim como no primeiro exemplo, nesse caso, queremos dizer que ele morreu, porém suavizando
a ideia.
Nesse exemplo, utiliza-se a expressão "desprovida de beleza" para não chamar a pessoa de feia.
No exemplo, usa-se "faltou com a verdade" para não chamar o indivíduo de mentiroso.
No exemplo, "morar junto com Deus" é usado para não falar que ele morreu.
15. Gradação
Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia. É a
figura de linguagem que consiste na disposição de palavras ou expressões em uma sequência que dá
ideia de progressão.
Exemplos:
a) "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves)
b) 1, 2, 3, 4...
Nesse exemplo, tem-se uma sequência de números, partindo do menor para o maior.
c) 4, 3, 2, 1...
Nesse exemplo, tem-se uma sequência de números, partindo do maior para o menor.
Nesse exemplo, vemos uma sequência de ações, partindo da menor para a maior ação (clímax).
Nesse exemplo, vemos uma sequência de ações, partindo da maior ação para a menor
(anticlímax).
16. Hipérbole
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem
emocionante e de impacto. É a figura de linguagem que consiste em expressar uma ideia com
exagero.
Exemplos:
No exemplo, o sujeito não falou realmente a mesma coisa mil vezes, mas essa figura de linguagem
demonstra o exagero com finalidade expressiva.
c) "Pois há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que darei na sua boca."
17. Ironia
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se algo
diferente do que as palavras ou as orações parecem exprimir. É a figura de linguagem que consiste
em afirmar o contrário do que se quer dizer. Nesse caso, a intenção quase sempre é depreciativa ou
sarcástica.
Exemplos:
um amor."
(Mário de Andrade)
c) Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo que estava gravado?
d) Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o dedo.
18. Perífrase
Similar à antonomase, a perífrase é construída a partir da substituição de uma coisa por outra pela
qual ela é conhecida.
Ocorre prosopopeia (ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento,
enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários. Também a
atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopeia, o que é comum nas
fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e
levemente melancólico..."
Exemplos:
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do
que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos
ininterruptos ou vertiginosos.
Polissíndeto, então, é a figura de linguagem que consiste na repetição, com finalidade enfática, de
uma conjunção coordenativa. Trata-se da sequência de ideias utilizando uma mesma conjunção para
todas.
Exemplos:
(Manuel Bandeira)
(Vinícius de Morais)
d) "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se
espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
21. Assíndeto
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas,
aparecendo justapostas ou separadas por vírgulas. Exigem do leitor atenção maior no exame de
cada fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas). Trata-se, portanto, da figura de linguagem
que consiste no emprego de orações coordenadas justapostas, isto é, sem o uso de conjunções.
Exemplos:
a) "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis)
e) "Metade de mim é fada, a outra metade é bruxa. Uma é séria; a outra sorri; uma voa, a outra é
pesada. Uma sonha dormindo, a outra sonha acordada."
Em todos os exemplos, vemos várias orações coordenadas entre si sem a presença de uma
estrutura sintática, ou seja, sem o uso de conjunções.
22. Elipse
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou
subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou
verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.
Nesse sentido, a elipse é um recurso coesivo que oculta um termo na oração. Em outras palavras,
trata-se da omissão de um termo que não foi utilizado anteriormente, omissão essa que pode ser de
qualquer tipo.
Exemplos:
Nesse exemplo, vemos a elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias
coloridas).
Nesse exemplo há um verbo escondido (haver). Reformulando a frase, na sala há três ou quatro
convidados. Observa-se, assim como em todos os exemplos, a omissão de um termo que o contexto
recupera.
c) Fomos a Roma.
Nesse exemplo, "nós" é o sujeito elíptico, pois podemos identificar o verbo na primeira pessoa do
plural.
23. Zeugma
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua
repetição. Assim, essa figura de linguagem, que também é chamada de concordância ideológica,
consiste na omissão de um termo já mencionado. Trata-se de uma variante ou especificidade da
própria elipse.
Exemplos:
a) "Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes." (Camilo Castelo Branco)
Nesse exemplo, existe zeugma do verbo "foram". Reformulando a oração, e foram assassinados os
partidários dos Felipes.
Nesse exemplo, como já foi dito, na primeira oração, o que Antônio lê, não é necessário repetir "lê
Shakespeare" para Joana na oração seguinte.
Nesse exemplo, na primeira oração ("Eu fui à praia"), não houve omissão do verbo fui. Já na
segunda oração houve a omissão de um termo, pois já apareceu anteriormente, buscando-se, assim,
evitar sua repetição.
24. Anáfora
(Castro Alves)
Observação 10: Anáfora, elipse, zeugma, polissíndeto e assíndeto são consideradas figuras
referentes à sintaxe.
25. Pleonasmo
O pleonasmo literário é o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de
vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a
expressão, dando ênfase à mensagem. Esse tipo de pleonasmo tem intenção de ênfase e de estética,
possuindo um efeito retórico.
O tipo de pleonasmo em análise tem como objetivo enfatizar uma determinada ideia. Trata-se, de
forma resumida, do reforço de uma ideia através do uso de expressões redundantes.
Exemplos:
(Alberto de Oliveira)
Exemplos:
Observação 11: Falar "entregar-lhe a ele" também entra na categoria de vício de linguagem.
26. Hipérbato
Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase. Trata-se de uma
inversão sintática que sofistica o texto.
Exemplos:
Nesse exemplo, vemos uma inversão dos termos. Modificando a frase, as belas passeiam na
Avenida à tarde.
b) Hino Nacional.
Para encontrar o sujeito da oração, a estratégia é perguntar antes do verbo: quem ouviu? No hino,
sabemos que o verbo "ouviram" não indica sujeito indeterminado. Na verdade, o sujeito seria as
margens plácidas do Ipiranga. No hino, todos os termos oracionais estão trocados, fora do seu lugar
canônico.
Observação 12: No Barroco, por existir uma linguagem confusa e rebuscada, observa-se a falta de
clareza e, consequentemente, a utilização de hipérbatos.
27. Anacoluto
Como consequência sintática, "eu" era o sujeito. Depois, esse termo perdeu totalmente a sua
função sintática. O termo "nós" torna-se o sujeito.
28. Silepse
Em relação a esse exemplo, temos um incômodo muito grande, pois sabemos que o termo "a
gente" está no singular. O verbo precisa acompanhar esse termo e, portanto, deve estar também no
singular (a gente vai). No entanto, do ponto de vista ideológico, sabemos que "a gente" (termo
singular feminino) carrega a ideia de mais de um, assim como "nós" traz a ideia de plural. Por esse
motivo, muitas pessoas colocam o verbo no plural.
Podemos ouvir alguém dizer, também, a seguinte frase: a gente foi ao cinema e vimos Pantera
Negra. Há, nesse caso, concordância do verbo "foi" com o sujeito "a gente" na primeira oração.
Entretanto, na segunda oração, essa concordância foi esquecida. Isso porque a expressão "a gente"
pressupõe nós e, portanto, a segunda oração utiliza o nós como sujeito.
Nesse exemplo, observa-se uma concordância lógica, pois o verbo "ser" concorda com o núcleo (a
maioria). No entanto, se dissermos "a maioria dos alunos são legais", vemos a concordância do
verbo "ser" com o elemento mais próximo (alunos), o que, por vezes, é lógico-gramatical e, em
outras situações, não. Nesse último caso, vemos uma concordância atrativa.
A Língua Portuguesa traz o predomínio dos verbos regulares. Verbos da segunda conjugação,
como comer, beber e fazer, podem ser confundidos por aqueles que não possuem domínio da
língua, principalmente as crianças. Conjugando os verbos citados acima em pretérito perfeito,
primeira pessoa do singular, temos: eu comi, eu bebi e eu fiz. Entretanto, o último verbo pode ser
confundido com "fazi", para seguir o padrão da regularidade verbal.
Nesse exemplo, o falante elimina o plural que está ali a rigor (os meninos foram).
Nesse caso, "vossa majestade" se refere ao rei, mas o certo seria "cansada", pois majestade é uma
palavra feminina. No exemplo, "cansado" concorda com o gênero da pessoa, ou seja, do rei, e não
com o gênero da palavra. Vemos, nessa situação, a concordância com algo que está subentendido. O
mesmo ocorre quando dizemos "vossa majestade é bondoso". "Vossa" é pronome de tratamento e,
nessa situação, assim como na outra, vemos uma silepse de gênero.
Observação 13: A gramática aceita o brasileiro somos, pois refere-se à um todo, todos os brasileiros.
III. Exercícios
1. "As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros xales nos ombros,
pareciam aves noturnas paradas..." (Jorge Amado)
Resposta: Comparação.
Resposta: Catacrese.
Resposta: Personificação.
Resposta: Pleonasmo.
(Fernando Pessoa)
principal protagonista
Resposta: Pleonasmo.
Resposta: Metáfora.
Resposta: Metáfora.
Resposta: Comparação.
Resposta: Comparação.
Resposta: Personificação.
Resposta: Sinestesia.
Resposta: Sinestesia.
Resposta: Catacrese.
Resposta: Catacrese.
Resposta: Metonímia.
Resposta: Eufemismo.
Resposta: Hipérbole.
Resposta: Ironia.
24. Se você gritar mais alto, eu agradeço.
Resposta: Ironia.
Resposta: Onomatopeia.
Resposta: Elipse.
Resposta: Zeugma.
Resposta: Pleonasmo.
Resposta: Polissíndeto.
Resposta: Assíndeto.
Resposta: Metonímia.
c) Tenho um grande amor por uma menina alegre, a despeito de eu ser triste.
Resposta: Antítese.
d) Moça linda, bem tratada, /3 séculos de família/, burra como uma porta: um amor.
Resposta: Eufemismo.
Resposta: Hipérbole.
Resposta: Polissíndeto.
Resposta: Metonímia.
Resposta: Comparação.
Resposta: Eufemismo.
Texto para as próximas questões
A ARTE DE ENGANAR
Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido
mencionar “calças” na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas
expressões perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia de
mercado; imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de
desenvolvimento; oportunismo se chama pragmatismo; 1despedir sem indenização nem explicação
se chama flexibilização laboral” etc.
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um
jeitinho de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. 6Ora, poderia
dizer que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo
seminovo os torna mais vendáveis.
Coitadas das palavras! Elas 7são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça
como está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, 8rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Frei Betto
Questão 3: (Uerj 2016) Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra de bom
agouro” ou “palavra que deseja o bem”. Como figura de linguagem, indica um recurso que suaviza
alguma ideia ou expressão mais chocante. Na crônica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos
eufemismos, que serviriam para distorcer a realidade. De acordo com o autor, o eufemismo camufla
a desigualdade social no seguinte exemplo:
Resposta: letra D.
Questão 4: (Uerj 2016) Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos
com outros recursos ou figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da
superposição entre um eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é: