Artigo_entregue_Josiane_Hensel_do_Canto
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Resumo
1. Introdução
Diante das constantes adaptações de modelos temos que 'da teoria para a prática', é o
que nos propicia a forma mais eficiente na aplicação e na obtenção dos resultados de
tais modelos. Sink (1991) apud Martins (1998), em sua obra relatou que as mudanças na
tecnologia, competição e ambiente (externo e interno) estão demandando que seja
mudado o que é medido, como é medido e como é usada a medição. Logo, estas
mudanças estão forçando as organizações a reexaminar os paradigmas relativos à
medição.
Desta forma, no caso dos sistemas de transportes, faz-se necessário a medição dos
impactos gerados por suas externalidades, muito embora, seja de alta complexidade e o
tema de grande subjetividade. Assim, o método de cálculo para mensuração deve
contemplar, a análise sobre os aspectos que implicam no consumo dos recursos naturais
e aqueles que afetam a qualidade de vida das pessoas.
A externalidade pode ser negativa, quando gera custos para os demais agentes. Com
referência aos efeitos prejudiciais, Stiglitz (2003) usa como exemplo de externalidades
negativas a contaminação do ar (um bem público puro) por atividades de uma fábrica,
que para melhor concorrer no mercado, gera elementos carregados de poluentes,
forçando assim, a sociedade em seu conjunto, a suportar os custos sociais da poluição.
Modos não-motorizados
Pedestres e bicicletas, produzem poluição zero, mas podem causar acidentes e congestionamento; as
bicicletas consomem pequenas quantidades de recursos naturais e requerem espaços moderados para
circular e estacionar;
Modos motorizados
Produzem poluição atmosférica e sonora assim como acidentes e congestionamento; Podem produzir
vibração nas estruturas dependendo do seu tamanho e quantidade no trafego; Também estão
relacionados ao consumo intensivo de recursos naturais e produzem grande quantidade de resíduos;
Fazem usos intensivos do espaço viário e de estacionamento.
Modos eletrificados
Trens e metros produzem polução quase nula (na operação) e congestionamento nulo ao usar as vias
próprias; Podem causar acidentes a outros veículos que cruzam o seu caminho, quando existem
cruzamentos em nível; Estão ligados ao uso intensivo de recursos naturais e consomem grandes
espaços para sua operação.
Todos os meios motorizados
Podem contribuir para o „efeito barreira‟ quando suas características físicas e sua forma de operação
afetam as relações sociais no entorno.
Infra-estrutura viária
Consome grande quantidade de terra e podem exigir a expulsão de muitas pessoas do seu local de
habitação; Podem causar o „efeito barreira‟ quando suas características físicas e a composição do
trafego afetam as relações sociais; Podem causar destruição do tecido urbano; Finalmente, podem ter
um profundo impacto no uso do solo.
Figura 3 – Modos de transporte e externalidades
Fonte: Adaptado de Vasconcellos, 2006
A ANTP em 2006, estimou que no Brasil em cidades com população maior que 60 mil
habitantes, as emissões anuais do transporte urbano de passageiros totalizam cerca de
1,5 milhões de toneladas de poluentes locais e 25,2 milhões de toneladas de CO2
considerando gasolina e diesel como, respectivamente, os combustíveis de veículos
leves e pesados.
No caso dos trens, a respeito do suposto 'alto custo', tem-se, através do cômputo das
externalidades, a percepção de grande vantagem econômica em longo prazo, no qual
desponta os seguintes aspectos: redução da emissão de poluentes (créditos de carbono),
custos com gerenciamento de trânsito, custos com acidentes, tempos de viagem, e
consumo energético, além da indução do desenvolvimento no eixo de atuação.
3. Método
A TRENSURB foi criada em 1980, para implantar e operar uma linha de trens urbanos
no eixo norte da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA e atender, diretamente,
às populações dos municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia, São Leopoldo
e Novo Hamburgo. Por sua alta capacidade e por circular em via pública, facilita o fluxo
dos demais modos de transporte que transitam nas ruas e rodovias.
Começou a ser idealizada a partir de 1976, através de estudos desenvolvidos pelo Grupo
Executivo de Integração das Políticas de Transportes da Empresa Brasileira de
Planejamento de Transporte – GEIPOT. Na época, o GEIPOT justificou o projeto pela
possível redução do fluxo de veículos na BR-116 devido a sua capacidade estar saturada
à época. Além disto, uma alternativa de transporte com baixo custo e com maior
rapidez, segurança, conforto e capaz de absorver uma demanda inicialmente prevista na
casa dos 300 mil passageiros por dia, foi uma justificativa forte.
Para cumprir sua missão, a empresa esta organizada em 5 grandes áreas: Operação,
Manutenção, Administração e Expansão e Comercial. Conta com um quadro de pessoal
de 1.160 empregados. Mobilizados para a melhoria contínua do sistema, diversos
projetos estão em andamento, dentre deles, a Expansão São Leopoldo - Novo
Hamburgo com 9,3 km de linha contemplando 4 estações com acessibilidade universal,
implantação do Projeto Aeromóvel que conectará a Estação Aeroporto da TRENSURB
ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, ambos estão em andamento, e o Metrô de
Porto Alegre que consolidará a integração plena em um Sistema Integrado de
Transporte e Mobilidade Urbana para toda a RMPA.
Segundo Gil (2007, p. 17), uma pesquisa é definida como o “procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde
a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”.
O método de pesquisa tem, por sua natureza aplicada, o intento de gerar conhecimentos
para a aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, enquanto a
abordagem do problema ocorre de forma qualitativa e quantitativa. A abordagem
qualitativa permite a compreensão e o aprofundamento da avaliação dos resultados,
enquanto que, a abordagem quantitativa abarca a apresentação da evolução dos
resultados ao longo dos anos.
A consecução dos objetivos dá-se por meio de uma pesquisa exploratória, dado que são
poucos os estudos que tem como objetivo explorar o tema externalidade e, segundo
Vergara (2000), a investigação exploratória é aquela que é realizada em área na qual há
pouco conhecimento acumulado e sistematizado.
Para avaliar os dados existentes na empresa deve-se pesquisar a(s) base(s) de dados
referentes às externalidades da empresa. Esta base de dados compreende os anos de
2003 a 2009 e estão computadas todas as deseconomias geradas pela empresa.
Outro fator a ser verificado nesta etapa, é se a sua forma de medição está adequada com
o que é apresentado na literatura. No caso de novas externalidade identificadas na etapa
anterior, a sua forma de mensuração deve ser definida e avaliada quanto a sua
aplicabilidade.
Etapa 4 – Proposição de nova sistemática de mensuração de externalidades para a
empresa
4. Resultados Obtidos
O efeito barreira, segundo Vasconcellos (2006, p. 31) ocorre “uma vez que o tráfego
inibe ou impede a interação social e o uso dos modos não motorizados”, desta forma as
principais consequências são a redução na interação social e no uso dos espaços
públicos (APPLEYARD, 1981 apud VASCONCELLOS, 2006).
Para Mouette (2004, p.34) há três variáveis para a geração do efeito barreira: os
elementos causadores, os elementos de influência e os impactos decorrentes. Exemplo
disto, no transporte por trens de superfície, os causadores são as vias por seus muros de
vedação, os elementos de influência é a estrutura urbana das cidades e a necessidade de
geração de viagem, enquanto que os impactos decorrentes ocorrem sobre os pedestres,
usuários de bicicleta, segregação territorial.
Assim, os impactos relacionados ao tráfego condicionam o comportamento das pessoas,
logo, o impacto causado pelos automóveis são os mais significativos em função da sua
quantidade e sua necessidade de transformar o espaço, que deve ser amplo e disperso. O
efeito barreira está associado a um obstáculo e à percepção das pessoas, sem a
identificação de como o ambiente de circulação está transformado, e em muitos casos,
prejudicando a equidade na divisão do espaço de circulação.
Os impactos causados pela poluição sonora, gerados pela grande quantidade de veículos
motorizados têm conseqüências somente ao nível local, afetando basicamente as
populações que residem/trabalham nas proximidades das infra-estruturas de transportes.
Os principais responsáveis pela produção de ruído e vibrações são o setor rodoviário e
ferroviário.
Atrasos e congestionamentos, quer nas vias do setor rodoviário, ou mesmo, nos nós
considerados como pontos de acesso aos transportes públicos das redes de transportes, é
uma externalidade preponderantemente e está ligada ao tempo adicional que é criado
para os outros usuários do sistema assim que uma pessoa resolve entrar na via
(VASCONCELLOS, 2006).
Desta forma, conforme definição sobre indicadores de EEA (1999) apud Villela et al
(2007), para a externalidade Poluição Atmosférica tem-se o indicador de emissão de
poluentes que possui 12 medidores de desempenho que monitoram o quantitativo (ton)
e a sua valoração. Já a externalidade Acidentes tem dois indicadores, um corresponde ao
modal ônibus e outro ao modal automóvel, o primeiro possui um medidor de
desempenho e o segundo três medidores, sendo todos sob o aspecto monetário. Por fim,
se tem a externalidade Atrasos e Congestionamento que possui três indicadores, o
primeiro trata da frota adicional de ônibus e possui um medidor, o segundo trata de
congestionamento com dois medidores e o terceiro representa o consumo de
combustível através de dois medidores de desempenho cujas unidades de medidas são
quantidade de litros e a valoração.
Figura 7 – Externalidades respectivos indicadores
Para o Efeito Barreira sugere-se o indicador de valor da terra, podendo ser monitorado
através dos medidores de desempenho definidos como o valor do m2 dos imóveis e a
taxa de ocupação do solo, ambos analisados sob aqueles que foram afetados pelo Efeito.
Para a Poluição Sonora sugere-se a adoção do indicador de nível de ruído, cujo
monitoramente ocorrerá em razão do nível de pressão sonora (no interior dos trens)
nível máximo de ruído na estação, nível máximo no entorno da linha, e o indicador de
nível de vibração com os medidores de desempenho de nível de vibração na estação e
nível de vibração no entorno. Desta forma, a TRENSURB estará monitorando as
deseconomias geradas por suas externalidades, conforme se visualiza na Figura 8.
Figura 9 – Totais em milhões das externalidades computadas nos anos de 2003 a 2009
Em análise realizada sobre cada indicador, veja os valores na Figura 7, observa-se que
não há uma tendência de crescimento ou mesmo de queda dos resultados ao longo do
período analisado. Contudo, é conclusivo que o transporte em massa, e neste caso o
transporte por Trens, embora apresente um custo de implantação elevado, nota-se que à
longo prazo, a compensação para a sociedade ocorre por meio das deseconomias
geradas. No cenário de aplicação do estudo de caso – TRENSURB, tem-se ainda a
diminuição do tráfego de automóveis e ônibus na BR-116, gerando menos acidentes e
menor poluição do ar, por sua faixa exclusiva requer menor ocupação da infra-estrutura
do que os demais modais, promove integração tarifária com mais de 280 linhas de
ônibus da RMPA através de Bilhetagem Eletrônica, além da reurbanização dos entorno
das estações com obras de drenagem pluvial, saneamento, pavimentação de ruas e
calçadas, etc.
5. Considerações finais
Referências