História_Lúcis
História_Lúcis
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que muitos detalhes dos costumes de sua família, a tornaram quem ela é hoje. Por isso, voltaremos
algumas décadas antes de seu nascimento e assim contextualizar melhor sobre as decisões tomadas por
ela.
Começamos a história por seu avô Laucian. Um alto Elfo orgulhoso e esnobe, sendo ele o antigo
imperador Cormanthyr - que um dia foi a maior civilização élfica que Faerûn conheceu. Surgida na
Grande Floresta ao leste, o império de Cormanthyr se estendia dos Chifres da Tempestade, até a Orla do
Dragão. Sua capital era Myth Drannor, a Cidade da Canção, onde nasceu o único filho de Laucian,
chamado Aaron. Laucian era, portanto um ser respeitado e detinha a confiança de toda a população, era
tido como um Elfo imponente e conservador dos costumes, assim sua fama se extendia muito além
daquele continente. Falando um pouco da personalidade de Laucian, ele nunca foi um pai carinhoso ou
um marido amoroso, já que seu casamento foi fruto de uma aliança entre famílias nobres e não por
amor. E por isso o fruto deste casamento, Aaron, teve um destino semelhante, um casamento arranjado
com o intuito de beneficiar sua família. Mas beneficiaria principalmente os interesses do próprio
Laucian, já que ele tinha conhecimendo de que o futuro daquele império era incerto, pois muitos
conflitos já aconteciam naquela terra. Dentro deste cenário e esperando pelo pior, Laucian pediu apoio à
Encontro Eterno -solicitou que fosse enviada ajuda à capital de Cormanthyr, na tentativa de conter
aquela série de conflitos vinham sendo desencadeados um atrás do outro. E no futuro estes conflitos
seriam conhecidos como "Guerras da Coroa". A ajuda foi enviada e nada menos do que o próprio
imperador de Encontro Eterno em pessoa, Angrod, foi ao auxílio do povo de Cormanthyr. Para ser breve,
as forças dos demônios em dado momento, superou totalmente a força dos Elfos, assim pendendo para
uma invevitável derrota do Império de Cormanthyr. Infelizmente o pior de todos os mals que poderiam
ter acontecido, acabou se concretizando. A morte de Angrod, atual rei de Encontro Eterno. Mas antes
deste fatídico acontecimento, em algum momento em meio a todos aqueles conflitos, um acordo foi
celebrado e firmado entre os dois imperadores. Após aquela guerra sangrenta, os seus filhos se casariam
e selariam uma aliança eterna entre os dois impérios. E se caso o pior acontecesse com Cormanthyr,
Angrod teria o maior prazer em receber Laucian como um de seus conselheiros. Então, após a queda do
Império de Cormanthyr, Láucian e Aaron conseguiram fugir com alguns sobreviventes e a guarda
Imperial. Partiram diretamente para Encontro Eterno, onde se estabeleceriam e fizeram daquele Reino a
nova casa de todos os elfos remanescentes.
Aaron era apenas uma criança quando chegou em Encontro Eterno. Conheceu sua prometida no mesmo
dia em que colocou os pés naquela terra, Ádela era o nome de sua futura mulher. Ele cresceu e se tornou
um ser de uma personalidade cativante, era gentil e compassivo com os costumes de seu povo, tentava
sempre acatar as vontades de seu pai e mesmo inseguro, nunca duvidou do seu destino. Acreditava que
seu pai sabia o que era melhor para ele. Sempre chamou muito a atenção de todos desde os seus
primeiros anos de vida, pois era um ser de uma beleza etérea até mesmo para seu povo, suas linhas
delicadas e sua postura sempre muito elegante e de uma leveza sem igual. Em contraste, Ádela, a futura
esposa de Aaron, chamava a atenção de todos por seu espírito livre. Vivia explorando as florestas
próximas de sua cidade e estava sempre conjurando magias sem responsabilidade alguma. Ádela,
ganhou seu primeiro grimório muito cedo e desde então praticava magias todos os dias, era realmente
um prodígio e ainda sendo muito habilidosa com seu arco. Porém no momento em que Aaron chegou
naquela cidade, Ádela não passava essa impressão, ela vivia um momento extremamente delicado, seu
avô tinha acabado de perder a vida e ela era muito apegada a ele. Sobre a família de Ádela, seu pai foi
dado como morto na Guerra dos Reinos em Cormanthyr e a sua mãe já havia falecido a muito tempo,
quando ela era apenas um bebê. E por algum motivo, que ela nunca entendeu, falar sobre seus bisavós
era um grande tabu. A única informação que ela tinha sobre este assunto, é de que sua bisavó - mãe do
antigo rei Angrod, está viva em algum lugar. Sendo o mais impressionante de tudo, é que esta mulher
desconhecida, descende de um dragão...!
Eventualmente, algumas décadas mais tarde o casamento real aconteceu, os dois herdeiros enfim
formaram a prometida aliança entre aqueles povos Élficos. Em uma noite bem iluminada com muitas
estrelas no céu, a cerimônia aconteceu e foi esplêndida, uma festa grandiosa. Houve muita música,
dança e o banquete maravilhoso. Aquela união que foi arranjada pelos patriarcas das famílias e não
gerada por amor, poderia ter tido o mesmo desenrolar da história do pai de Aaron, mas não foi o caso.
Ádela se tornou o lar de Aaron, eles realmente se amavam, eram uma só carne. Passados alguns anos de
casados, Ádela descobriu que estava esperando um filho de Aaron. A notícia foi celebrada por todos,
aquela criança era muito desejada, uma verdadeira benção. E alguns meses depois, Ádela deu a luz a
uma menina. Ali no momento do nascimento, alguma coisa naquele quarto não estava certa. Os Elfos
encarregados do parto ficaram tensos, começaram espuculações e estavam com os rostos sérios. Ádela
observando tudo aquilo, apesar muito cansada, ficou preocupada e logo ordenou que lhe entregassem o
bebê. Uma pequena surpresa, além de sua filha ter a coloração de cabelo totalmente diferente da dos
pais, ela possuía algumas estranhas marcas em sua pele, que naquele momento Ádela não conseguia
descrever e logo acabou desmaiano, pois tinha perdido muito sangue. Então Aaron foi chamado no
quarto, às pressas. Desesperado achando que tinha acontecido algo de errado com sua esposa, se
surpreendeu com o que viu. Mantendo a calma e aguardando o despertar da sua amada, que
necessitava de descanso, aguardou pacientemente com o bebê em seu colo. Enfim, quando Ádela
despertou, algumas horas depois, conseguiu analisar a situação com mais cuidado e, enfim
compreendeu o que estava acontencendo. Explicou sobre o que havia lido no livro de sua linhagem, que
o vivia carregando para cima e para baixo e o lendo repetidademente quando era jovem, pois era
deveras um livro muitíssimo interessante para uma criança. Antes do nascimento de seu pai filho do
antigo rei de Encontro Eterno, Angrod, há registros sobre uma ascendente que engravidou de um Dragão
de Ouro! Mas por séculos não se tinha visto um descendente direto com sangue de Dragão. Bom, até
aquele dado momento... Conforme leu no livro de sua linhagem, Ádela explicou ao seu marido que
aquelas marcas na pele de sua filha eram escamas de Dragão, e que provavelmente as cores de seus
cabelos e de seus olhos correspondiam às características daquele ser místico. Aaron, digerindo todas
aquelas informações, preocupado com o futuro de sua filha, pediu a Ádela que houvisse sobre seus
devaneios e que juntos, tentassem chegar a um consenso, a respeito do que fazer para a segurança de
sua prole. Chegando a uma conclusão e obervando que foram poucos os que tiveram contato e sabiam a
respeito da aparência daquela criança, Aaron e Ádela decidiram chamar cada um deles. Aquela situação
era preocupante demais para duas pessoas que acabaram de se tornar pais, eram muitos sentimentos e
então, não houve uma ordem ou uma determinação, mas sim um pedido, um pedido de ajuda. Todos os
elfos reunidos, estavam visualmente emocionados com aquela cena, já que os seus soberanos estavam
clamando pela cooperação deles. O pedido era de que nada fosse dito, nada a respeito das
características físicas de sua filha. E todos ali sendo totalmente leais à eles, fizeram um juramento, de
que jamais seria dito uma só palavra sobre aquele assunto! Logo em seguida, após um sentimento de
alívio, Ádela conjurou uma magia em direção ao bebê, alterando visualmente a cor de seus olhos e de
seus cabelos, e escondendo as escamas doradas de sua pele, que deu lugar à algumas sardas. E enfim,
Aaron e Ádela conseguiram paz. Depois de um dia repleto de muita felicidade, e com um toque de um
pouquinho de tensão, puderam enfim escolher o nome mais apropriado para sua filha! Aaron esticou
seus braços, elevou a criança um pouco mais alto de sua cabeça, e proferindo algumas palavras de muito
zelo e amor, abençoou a criança e a chamou de: Lúcis Dómus Áurea.
Anos se passaram e a menina Lúcis cresceu muito amada por seus pais, mas por causa de sua aparência
peculiar naquela cidade, as crianças e muitos adultos não se aproximavam muito. Assim ela cresceu sem
amigos, brincava apenas com brinquedos, as bonecas eram suas amigas. Mas ela sempre tentava se
aproximar das outras crianças, pois herdou o temperamento de seu pai, ela muito gentil e amorosa.
Tentava enturmar e brincar com todos, sempre sem sucesso. Dentro de seus pensamentos ela não
conseguia compreender o porque das pessoas a tratarem de forma tão fria, já que a visão dela do
mundo, era com um olhar sempre gentil e acolhedor. Como ela não tinha companhia, ela explorava
sozinha as florestas que rodeavam a cidade e procurava por lugares para brincar. Em um dia, ela
adentrou mais profundamente a floresta e acabou se deparando com um tipo do construção muito
peculiar. Havia uma cabana que se misturava ao tronco de uma enorme árvore. Como uma boa criança,
era curiosa, então ela continuou a se aproximar. Enquanto observava aquele cenário, teve uma surpresa,
avistou uma Elfa já de idade avançada. Ela estava saindo da cabana e acabou percendo a presença de
Lúcis. Lúcis tentou se esconder atrás de uma árvore, mas sem sucesso, sua presença já era totalmente
conhecida ali. Então a senhora sorriu e fez um gesto, convidando Lúcis a chegar mais perto. Lúcis resistiu
um pouco, mas não conseguia ignorar o pedido de uma senhora e se dirigiu ao encontro dela. Quando
sentiu que não havia nenhuma má intenção vinda da Elfa, começou a fazer algumas perguntas. A
senhora deu risada e a convidou para entrar. Depois de algumas horas de conversa, logo criaram uma
amizade um tanto quanto incomum. Freda, como se chamava a senhora, era uma feiticeira assim como
Lúcis, que ficou muito animada em saber, pois não tinha nenhum feiticeiro próximo a ela. Com o passar
do tempo, Lúcis continuou visitando a senhora quase todos os dias. Passavam horas conversando sobre
tudo e principamente, sobre magia. Mesmo não ficando muito tempo no meio das outras crianças,
quando as escontravam, infelizmente faziam piadas e diziam maldades sobre Lúcis. Com o passar do
tempo as maldades se intensificaram e ficou mais difícil para Lúcis lidar, já que ela era apenas uma
criança. Um dia, uma daquelas crianças deu um jeito de pegar o boneco preferido de Lúcis, a criança
arrancou a cabeça do boneco, os braços e pernas. Quando Lúcis voltou e se deparou com aquilo. Viu o
boneco destruído, sentiu como se fosse um amigo querido, os bonecos que sempre fizeram companhia a
ela. Lúcis foi dominada por uma imensa tristeza. O sentimento foi tomando conta de sua vontade e
talvez pela primeira vez em sua vida ela sentiu ódio, um sentimento e uma sensação nova em que ela
não conseguia entender, e muito menos lidar ou controlar. Sentiu seu sangue ficar cada vez mais quente,
suas veias pulsavam. Lúcis não entendia o porque daquela situação, o porque por toda sua vida, até ali,
ela tinha que suportar tanta maldade, ela nunca tinha feito mal a ninguém. Repleta de fúria e dúvidas,
ela seguiu em direção daquelas crianças, mas não levada pela razão e sim movida únicamente por
aqueles novos sentimentos. Quando as crianças olharam para o rosto de Lúcis, viram sangue saindo de
um dos seus olhos e começaram a gritar e saíramcorrendo. A única criança que ficou, foi a que tinha
destruído o boneco, por algum motivo ela não conseguia se mover. Lúcis puxou aquela criança pelo
braço, com tanta força que na mesma hora um osso quebrou. Ao mesmo tempo em que a criança gritava
de dor, Lúcis enterrou o seu pequeno punho no meio de sua barriga, nesse momento o grito se calou. A
criança caiu desacordada no chão. Tudo isso aconteceu em alguns segundos, até que o adulto mais
próximo conseguiu tirar Lúcis de cima da criança com o uso de magia, na força ele não conseguiu. Então
com toda aquela confusão formada, Ádela começou a se aproximar e viu Lúcis, totalmente
descontrolada, gritando e muito vermelha, como se estivesse queimando. Ádela ordenou que liberassem
a magia, chamou pelo nome de Lúcis e a abraçou. Quando Lúcis conseguiu entender o que havia
acontecido, agora o sentimento de culpa tomava conta e sem pensar direito disparou em direção a
floresta. Continuou a correr sem olhar para trás. Lúcis correu por algum tempo e quando sentiu o seu
corpo mais leve, sua visão no mesmo momento ficou turva e os seu sentidos confusos. E só aquele
instante ela se deu conta de que não estava nem perto do vilarejo, na verdade, ela não reconhecia nada
daquela parte da floresta. Nunca tinha ficado sozinha em um lugar desconhecido, começou a se
desesperar e mesmo se sentindo um pouco fraca, chorou copiosamente por tudo o que tinha acontecido
e pelo o que estava acontecendo. Logo continou a andar, obsevando e procurando por um possível
abrigo para passar a noite, já que estava na hora do pôr-do-sol. De repende Lúcis, sentiu um tipo de
presença. Ela não conseguia compreender aquele sentimento, tinha muita coisa acontecendo ao mesmo
tempo na sua mente, e continuou seguindo em frente. E inesperadamente ouviu uma voz, mas não
haviam sentido nas palavras ouvidas. Avançando pela floresta ela se deparou com uma montanha muito
alta, não conseguia nem ver onde ela acabava. E naquele momento sentiu a presença vindo daquela
direção, lá de cima. Lúcis pensou em escalar a montanha, mas se deu conta de que anoiteceria antes de
alcançar o topo. Mesmo sendo habilidosa e com uma boa visão no escuro, não queria correr o risco.
Decidiu encontrar um lugar onde pudesse passar a noite e logo quando o sol nascesse, ela escalaria
aquele paredão de pedra. Assim que o sol nasceu, Lúcis colocou o seu plano em prática, começçou a
escalada. Não sentiu muita dificuldade, comparado ao que ela esperava. Até mesmo parecia que ela
estava recebendo alguma tipo ajuda, o que ao mesmo tempo ela julgava que era impossível, ela estava
sozinha. Enfim, depois de um bom tempo de escalada, ela chegou ao seu destino. Parecia que a floresta
continuava ali, tinha muitas árvores e muita vegetação e sons de animais. Era um cenário fantástico,
parecia até mágica. Lúcis sentia a voz mais vívida agora em sua cabeça, realmente ela estava se
aproximando da fonte daquela voz. Então prosseguiu e mais a frente observou que existia uma grande
entrada para uma caverna, claramente a voz a chamava para dentro. Com todo o resto de energia que
tinha e toda sua determinação, entrou. Ali dentro sentia a presença mais forte, mas não havia maldade
ou desconforto algum, só confiou em sua intuição e seguiu até o fundo. Era um lugar enorme, parecia
um lugar criado com mágica, não era nada do que se esperava do interior de uma caverna. Tinham uma
enorme fissura no topo, onde se passavam raios do sol e o lugar ficava todo iluminado como se fosse dia
brilhasse ali dentro. Ainda mais ao fundo havia uma sombra grandiosa. Lúcis sentiu que não havia
problemas em se aproximar mais, e assim o fez. Mesmo presenciando tudo aquilo, ela custava a
acreditar no que os seus olhos viam! Aquela criatura enorme, com asas, escamas e que tinha uma cor de
um dourado que refletia aos raios do sol. Espantada, não conseguia acreditar em seus olhos, não poderia
ser, não havia como, ela estava diante de um lendário Dragão! Um Dragão! Dragões só existiam nos livros
de história, e a história muito antiga. Há muito não se tinha notícias da existência de um desses seres
místicos. Lúcis ficou cara a cara com a criatura, conseguia até sentir o quentinho de sua respiração. Ela
foi surpreendida com o Dragão abrindo os olhos e levantando a cabeça, a criatura fixou o olhar em Lúcis.
O olhar era amistoso, mas muito curioso. Com um idioma que Lúcis sabia que não era o Élfico, mas
mesmo assim ela o compreendia totalmente, ele disse:
- Hora, hora... Uma visita depois de tantos séculos. Que criança mais engraçada...
Lúcis ficou confusa, se perguntando como ela conseguia entender aquela língua.
- Err... Olá... Onde... Você é mesmo um Dragão? Estou certa? Só vi essas criaturas em escrituras e livros
antigos, umas ilustrações. O que é esse lugar? Como eu consigo te entender? Por que você permitiu que
eu chegasse até aqui? Mas você se parece muito com o que eu vi nos livros. E você é dourado, caramba
um Dragão dourado. Que incrível, queria que minha mãe e meu pai estivessem aqui. Qual é o seu nome?
O que...
O Dragão interrompeu Lúcis, ela não parava de falar, a sua curiosidade só crescia, então ele disse:
- Criança... Tu estás exatamente onde deveria. Ninguém mais, apenas você. Eu sou exatamente o que os
teus olhos veem.
-Mas eu queria...
- Eu sei criança, tu querias muita coisa. Mas não há tempo, tem alguém se aproximando.
Então Lúcis olha para trás assustada e não vê ninguém.
- Acho que você se enganou, não tem ninguém vindo. Como é o seu nome? Qual é o nome dessa
floresta? Uau, que lugar incrível. Eu posso viver aqui com você? Quero aprender a controlar esse poder
estranho dentro de mim...
- Criança, ainda és apenas um filhote. Ainda tens muito a crescer e se fortalecer, mas aqui não é o lugar
certo para isso. Precisas de um condutor, te ajudará a controlar teus poderes. Ali, na sua esquerda,
próximo aquela rocha. Tem um baú, abra-o.
- Criança, pegues este bordão. Fiques com ele, um presente por teres chegado até aqui.
A criança olha aquele pedaço de madeira, um bordão com uma cabeça de dragão esculpida na ponta e
vários detalhes em dourado e uma gema vermelha na boca.
- Para mim? Uau, ele é lindo... Vai me ajudar como? Como eu uso? Eu tenho que balançar ele e falar
algumas palavras legais? Minha mãe faz isso...
- Calma criança, na hora certa aprenderás a usar o bordão. Mas agora, tens de ir. Precisas reencontrar
tua família. Teu futuro é muito maior do que habitar nesta floresta mágica. Deves cumprir o teu destino,
achas que teu poder é apenas para o teu próprio bem? Tens muito o que aprender e deverás
desempenhar o teu papel. Lembre-se, o teu poder não é só seu...
De repente Lúcis sente a grama em sua bochecha. Abre os olhos devagar e se vê deitada no lugar onde
tinha ficado para passar a noite. Sem entender, se levanta rapidamente e começa a olhar para todos os
lados, procurando a montanha, mas não a acha. Era apenas uma planície e ela estava embaixo de uma
grande árvore, com raízes enormes. Ao seu lado, ela vê o bordão, o pega. Algumas lembranças começam
a surgir em sua mente. Ela pensa em uma caverna, um Dragão de ouro, uma floresta em cima de uma
montanha que não tinha fim... E logo seu pensamento se perde, pois ouve vozes, vozes chamando por
seu nome. Pega o bordão e sai correndo em direção ao que ouve. Vê sua mãe de longe, chorosa,
gritando muito por ela e então grita de volta. Elas se abraçam e começam a rir e Lúcis pergunta como
estava a criança que ela a machucou, estava realmente preocupada. Mas sua mãe a tranquiliza e diz que
tudo vai ficar bem, ao mesmo tempo em que percebe o que tem na mão direita de Lúcis e questiona a
menina sobre onde ela encontrou aquilo. E para a surpresa de Ádela, Lúcis a pergunta se ela já tinha
visto algum Dragão. Ádela da uma gargalhada e segura o rosto da filha e diz: Que tipo de sonho você
teve essa noite, minha princesa? Então Lúcis repensa e acha melhor não comentar mais sobre o sonho
que teve, parecia real e tinha até mesmo recebido um presente daquele Dragão, mas... Dragões não
existem, existem?
A primeira coisa que Lúcis queria fazer ao retornar para casa, era ir até a cabana de Freda para mostrar
aquela bordão e contar mais sobre o que aconteceu com as crianças. Ao chegar na cabana, Lúcis
encontrou Freda do lado de fora mexendo em suas ervas. Freda avistou Lúcis se aproximando, a primeira
coisa que ela notou e ficou muito impressionada, foi com aquele bordão que a menina carregava. Lúcis
contou tudo o que havia acontecido, todos os detalhes e também de quando perdeu o controle de seus
poderes. Falou o que conseguia lembrar daquele estranho sonho que teve quando passou a noite na
floresta sozinha. A partir daquele momento da vida de Lúcis, Freda começou a ensinar muito mais a
menina sobre magia, agora ela tinha uma ferramenta em sua posse que iria ajudá-la no controle de seus
poderes e na conjuração das magias. E durante muitos anos, Freda continuou mentorando Lúcis, sem
ninguém nunca ter desconfiado dos sumiços da menina.
Enfim, algumas décadas depois, Lúcis continuava empenhada treinando todos os dias o controle de seus
poderes e principalmente das suas emoções, e claro sempre carregando o bordão que achou na floresta.
De vez em quando ela ainda sonhava com lembranças, que mais parecem vindas de um outro sonho,
lembranças de quando encontrou uma floresta encantada e um Dragão de Ouro! Mas são apenas
sonhos... Ou será que não?
Lúcis sempre se encantou com a história de Cormanthyr, e de seu avô materno que morreu lutando
bravamente defendendo aquela terra! Desde criança lia vários livros sobre a história daquele continente
tão imponente, e que hoje só restava um cenário de guerra. Como ela nutria um amor por aquela terra -
sem sequer ter colocado os seus próprio olhos pessoalmente sobre aquele lugar, brotou desde muito
cedo um sonho no seu coração. Ela queria salvar aquela terra. A terra que um dia pertencia aos cuidados
de sua família, ela sonhava em poder viver lá, com a futura família que um dia ela teria. Junto com a
vontade de explorar o mundo e conhecer todo tipo de pessoa, reuniu coragem e comunicou aos seus
pais que queria sair de Encontro Eterno. Mas escondeu o seu sonho mais ambicioso, o de que queria
reerguer Cormanthyr, achou melhor esperar para outro momento. E foi neste meio tempo em que ficou
sabendo dos desejos de seu avô, Laucian. Ele estava planejando um casamento arranjado para Lúcis, o
que a motivou a sair de Encontro Eterno o mais rápido possível. Ela sonhava em se casar, mas com o
homem que ela amasse e não por desejo de sua família em formar alguma aliança. Entre a opinião de
seus pais, a respeito da aventura em que Lúcis queria ingressar, Ádela entendia e apoiava qualquer que
fosse a decisão de sua filha. Mas não ao ponto de contrariar Aaron e arrumar uma briga por isso, então
ela se manteve neutra e apoiaria a decisão de seu marido. Aaron permitiu a ida de Lúcis para o
continente de Faerun, mas com algumas condições impostas, para o próprio bem dela e claro de toda a
sua família. Ela não poderia dizer jamais que era a filha dos líderes de Encontro Eterno, pois muitos
poderiam querer se aproveitar e tirar vantagem e sabe-se lá o que de pior poderia acontecer. Se
perguntassem de onde ela vinha e o que seus pais faziam, ficou acordado entre eles, que ela deveria
responder que vinha de uma família de ferreiros que viviam em Encontro Eterno.