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LIÇÃO VIII - CRISTO ENTRE DOIS LADRÕES

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LIÇÃO VII: A CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO

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LIÇÃO VIII

CRISTO ENTRE DOIS LADRÕES (Mc 15.22-32)


22 E levaram Jesus para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
23 Deram-lhe a beber vinho com mirra; ele, porém, não tomou.
24 Então, o crucificaram e repartiram entre si as vestes dele, lançando-lhes
sorte, para ver o que levaria cada um
25 Era a hora terceira quando o crucificaram.
26 E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua es-
querda.
28 E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado.
29 Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo:
Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas!
30 Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!
31 De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo,
entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se;
32 desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos.
Também os que com ele foram crucificados o insultavam.

INTRODUÇÃO
O episódio da crucificação de Je- pelos seus. Seus últimos momentos an-
sus traz a lume um dos feitos mais mar- tes da cruz foram ocupados rogando
cantes de seu ministério, o que e fato o por seus discípulos: ‘É por eles que eu
caracterizava como o único capaz de rogo; não rogo pelo mundo, mas por
ser nosso Salvador. aqueles que me deste, porque são teus’
Se você pudesse fazer um último (Jo 17.9), para que o Pai os guardasse,
pedido antes de morrer, qual será? livrando-os do mal: ‘Não peço que os ti-
Quais pensamentos tomariam sua res do mundo, e sim que os guardes do
mente ao saber que sua vida estava por mal1 (Jo 17.15).
um fio? Essa abnegação de Jesus foi com-
Em João 17 Jesus se dirige ao Pai provada quando, já na cruz, tem a opor-
na conhecida oração sacerdotal. Ela tunidade de trazer uma palavra de sal-
tem este nome porque Jesus, sabendo vação e conforto para um bandido, réu
que estava para morrer, aproveita a úl- confesso (e legitimamente condenado
tima oportunidade de orar e pedir – Lc 23.41).
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PARA ENTENDER A PASSAGEM


Esse texto fala-nos de Jesus Cristo Repetiam as palavras e os sentimentos
crucificado entre dois ladrões. Dois la- dos líderes religiosos que conseguiram
drões (Mc 15.27). Ainda que a palavra a condenação de Jesus (Mt 27,44; Mc
grega signifique frequentemente ‘la- 15.32).
drão’, pode também perfeitamente sig- Mas um dos criminosos silenciou-
nificar insurreicionista (Mc 14.48) – se e arrependeu-se (Lc 23.39) confes-
crime perfeitamente passível de con- sando seu pecado e pedindo graça de
denação à morte por crucificação para Jesus quando ninguém mais conside-
exemplo de todos que poderiam se rava Jesus capaz de fazer coisa alguma.
sentir atraídos por este tipo de ação ou
com um sentido mais genérico de cri- Não é de surpreender que Lucas
minoso. rotule o que ele fez de blasfêmia
(eblasfhmei – lançava-lhes insultos –
Uma vez que o roubo não era pu-
NVI). Esta palavra significa falar de
nido com a crucificação (Mc 15.13) um
modo repreensível, injuriar e insultar.
dos dois últimos significados é preferí-
vel aqui. Os que iam passando blasfe- Em sua breve intervenção ele: (a)
mavam dele (Mc 15.29) talvez consi- repreendeu seu companheiro (Lc
derando que todos os três estavam so- 23.40); (b) reconheceu sua própria
frendo aquela execução pelo mesmo culpa (Lc 23.41); (c) confessou a Jesus,
crime. acrescentando seu próprio testemunho
acerca da inocência de Cristo a todos
Ele foi escarnecido pelos tran-
os testemunhos semelhantes que já ti-
seuntes que ainda alimentavam as
nham sido dados (o de Pilatos e o de
mentiras espalhadas pelas falsas teste-
Herodes – Lc 23.4, 8, 41); (d) além
munhas. A história de que um dos la-
disso ele pediu a Jesus que se lem-
drões pediu para ser lembrado por Je-
brasse dele em seu reino (manifes-
sus quando viesse no seu reino é nar-
tando a esperança de vida eterna por
rada somente por Lucas (que não foi
meio de Jesus Cristo).
testemunha ocular, mas fez uma pes-
quisa criteriosa com as testemunhas A resposta de Cristo foi consola-
dos eventos da vida, morte e ressurrei- dora e concedida àquele muito mais do
ção de Jesus – Lc 1.1-4). que havia pedido. Este é o tema da
nossa abordagem hoje.
A principio os dois criminosos se
põem a zombar e blasfemar do Santo.

TEMA
JESUS CRISTO ENTRE DOIS LADRÕES
A. O AMOR MESMO ENTRE OS ESPINHOS (Mc 15.34)
Muitos acham que precisamos ‘es- com o próximo fossem facultativas e
tar no clima’ para demonstrar amor, ou pudessem depender de nosso estado
seja, é como se nossas obrigações para de espírito (Mc 15.34) ou mesmo das
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circunstâncias. Ao olharmos para Jesus, Seu principal sofrimento foi cau-


naquela circunstancia da crucificação, sado por levar sobre si o pecado de
vemos que usa obediência a Deus não todo o povo de Deus (Is 53.11-12) e,
foi questionada pelo fato de estar pas- por consequência, o castigo da parte
sando por sofrimentos. do Senhor. Ele, então, foi ‘abandonado’
‘Está angustiada a minha alma’ – deixado sem amparo e assistência pelo
desabafou ele antes de ser preso (Jo Pai (Mt 27.46). O verbo enkatelipej
12.27). Ele sofreu nas mãos dos homens normalmente significa ‘abandono’, mas
e nas mãos do próprio Deus. Sentiu-se também pode significar 'deixado em
desamparado (Mc 15.34 – num senti- grandes dificuldades, deixado em de-
mento inexprimível por causa da natu- samparo sem necessariamente signifi-
reza de sua ligação ontológica com o car quebra de um relacionamento.
Pai) por seu Pai e machucado por seu É justamente esta ausência de
próprio povo: ‘Veio para o que era seu, ‘bondade’ e a presença da ira de Deus
mas os seus não o receberam’ (Jo 1.11), que representa o inferno – nosso in-
ao contrário, o mataram sem piedade ferno (Mc 15.34). tudo isso ele sofreu
(At 2.23; 5.30) em conluio com os ro- na cruz, em nosso lugar, não aos berros
manos. como morre qualquer animal, mas
Na morte do Filho de Deus houve completamente mudo, como uma ove-
trevas ao meio dia (Mt 27.47; Lc 23.44; lha (Is 53.7). O inferno veio até o Cal-
Jo 19.25; Mc 15.33). Além da humilha- vário nesse dia, e o salvador desceu a
ção e do sofrimento por causa da tor- ele em nosso lugar – aquele lugar, na
tura a que foi submetido e a violenta cruz e no inferno, não era dele era
morte na cruz, as dores de Jesus não fo- nosso: o justo sofreu no lugar dos peca-
ram somente físicas e emocionais (Mc dores (1Pe 3.18).
15.34).

B. OS MALFEITORES INSULTARAM JESUS (Mt 27.44; Mc 15.27-28; Lc 23.39-


40; Jo 19.17-18)
Jesus foi crucificado entre dois sentenciado injustamente, ao contrário,
malfeitores (Mc 15.27) que sem dúvida eles até admitiram a própria culpa pe-
alguma eram legítimos representantes los seus atos (Lc 23.41).
da totalidade da humanidade, cum- Os evangelistas também concor-
prindo a profecia de que seria contado dam que ambos, e não somete um, in-
entre os transgressores (Is 53.12). em- sultaram Jesus durante a crucificação
bora Mateus e Marcos os caracterizem (Mt 27.44). O que aconteceu durante
apenas como ladrões (Mt 27.38; Mc aquelas três horas em que Jesus esteve
15.27) o temo malfeitor é mais genérico crucificado (do meio dia às três da
e pode indicar que além de ladrões tarde – Mt 15.33-34) que faz com que
praticavam outros crimes, até mesmo aquele bandido mudasse de atitude tão
assassinatos, tendo em vista que a drasticamente? Creio que foi provavel-
morte da cruz não era a sentença para mente o mesmo motivo que fez com
crimes de menor gravidade. que Pedro confessasse a Jesus como o
O fato é que, diferentemente do Filho do Deus vivo (Mt 16.16-17).
caso de Jesus, nenhum dos dois foi
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C. MUDANÇA SÚBITA (Lc 23.40-41)


A resposta a essa pergunta não 3. O comportamento de Jesus: ‘E,
está explícita no texto, mas podemos como ovelha muda perante os seus
considerar algumas possibilidades: tosquiadores ele não abriu a boca’
1. O medo de se encontrar com Deus (Is 53.7). Pense em como você agi-
– ‘Horrível coisa é cair nas mãos do ria se estivesse pregado em uma
Deus vivo’ (Hb 10.31). Ao repreen- cruz sabendo que em poucos ins-
der o outro bandido, ele faz menção tantes estaria morto. O normal seria
a respeito da necessidade de se te- agir como o crucificado arrepen-
mer a Deus nessa hora: ‘Nem ao me- dido: mesmo arrependido, buscar o
nos temes a Deus, estando em igual próprio interesse (lembra-te de
sentença?’ (Lc 23.40). Pode ter sido mim – Lc 23.42).
a ação do Espírito Santo que o con- 4. A obra do Espírito Santo: ‘Ele nos
venceu do seu pecado, da justiça de salvou mediante o lavar regenera-
Deus e do juízo iminente (Jo 16.8)? dor e renovador do Espírito Santo’
Como judeu que era ele certamente (Tt 3.5). Já foi dito anteriormente do
sabia que era chegado o tempo de papel do Espírito Santo no conven-
prestar contas ao criador (Ec 11.9). cimento do pecador a respeito do
2. A intercessão de Jesus: ‘Pai, per- juízo de Deus e também deve ser
doa-lhes porque não sabem o que lembrado que toda e qualquer con-
fazem’ (Lc 23.34). se ele estava fissão de fé em Jesus Cristo é fruto
sendo motivo de zombaria da parte da ação do Espírito Santo. O que já
de todos, como podia ainda rogar o foi dito acima pode não ter sido
perdão por eles? Mas é exatamente importante na conversão daquele
isto o que Jesus faz, porque sabia homem. A morte de Cristo é o fato
que eles eram doentes e veio justa- mais importante do cristianismo,
mente para buscar e salvar os per- diz John Chalres Ryle. Dela de-
didos (Lc 19.10) dando a sua vida pende a esperança de todos os pe-
por eles (Mc 10.45). cadores.

D. UM GRANDE TESTEMUNHO EM UM TEMPO TÃO PEQUENO (Lc 23.40-


42)
Alguém, certa vez, ponderou que, 1. Ele admite sua culpa diante de
se o ladrão da cruz se converteu na úl- Deus e dos homens. ‘Nós, na ver-
tima oportunidade da vida, então al- dade (estamos condenados), com
guém poderia viver a juventude como justiça, porque recebemos o cas-
quisesse e buscar a Deus somente na tigo que os nossos atos merecem;
velhice. Um dos primeiros problemas mas este nenhum mal fez’ (Lc
é: como saber se chegará à velhice? 23.41).
Aquele bandido, porém, não se 2. Não aceitou que Jesus fosse ultra-
converteu na última oportunidade, mas jado. ‘Respondendo-lhe, porém, o
na primeira! Teve somente poucos ins- ouro, repreendeu-o, dizendo: Nem
tantes mais de vida, uma única oportu- ao menos temes a Deus, estando
nidade na presença de Jesus, na qual sob igual sentença’? (Lc 23.40). Isto
ofereceu uma maravilhosa demonstra- aconteceu quando ele caiu em si –
ção de fé. viu seu pecado e a pureza de Jesus.
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3. Confessa Jesus como sendo o ver- teu reino’ (Lc 23.42). Ele já admitia
dadeiro Rei. ‘E acrescentou: Jesus, a veracidade do reino não terreno
lembra-te de mim quando vieres no de Jesus.
E. HÁ TEMPO PARA A GRAÇA (Lc 23.43)
Jesus não olhava para a injustiça em Cristo. Alguns chegam a ensinar
que sofria até mesmo porque a injustiça que ela fica em repouso, como que
humana (At 2.23; 5.30) estava sendo dormindo, aguardando o retorno
usada para ser a justiça de Deus (2Co de Cristo (adventismo). A ênfase
5.21). Seus olhos ainda tinham lugar que se dá é: te digo hoje: estarás co-
para a graça, para a salvação de mais migo no paraíso, e não ‘te digo: hoje
um pecador. Cristo literalmente viu o estarás comigo no paraíso’.
fruto do penoso trabalho de sua alma 2. A alegria futura não anula o so-
naquela cruz (Is 53.11). Sua resposta frimento presente: ‘Hoje estarás
diante da súplica daquele malfeitor foi: comigo no paraíso’ (Lc 23.43).
‘Em verdade te digo que hoje estarás Aquele homem deveria entender e
comigo no paraíso’ (Lc 23.43). se consolar no fato de que a glória
1. O reino é hoje. ‘Hoje estarás co- do reino é certa. Essa informação
migo no paraíso’ (Lc 23.43). Muitas deve despertar no cristão a paciên-
religiões especulam sobre o des- cia em relação a esta vida presente
tino da alma daqueles que morrem (Rm 8.18).

CONCLUSÃO
Dois homens muito maus tiveram sua reação. Um foi completamente re-
contato com Jesus no ato da crucifica- fratário, mas o outro creu e foi imedia-
ção. Mesmo perante tanto sofrimento, tamente transformado: ‘Em verdade te
Jesus teve disposição de viver o evan- digo que hoje estarás comigo no para-
gelho diante dele. Assim, cada um teve íso’.

APLICAÇÃO
É de se esperar que o evangelho aquele ladrão não teve – mas ele creu,
faça diferença na vida do pecador. Ele sem evidencia alguma ele creu (Jo
deve olhar para Jesus como sendo o Se- 20.29).
nhor da vida eterna e isto deve ser feito Ele deve se consolar com o fato de
por fé. Não havia nenhuma indicação que o sofrimento presente é infinita-
no momento da confissão daquele ho- mente pequeno se comprado à gloria
mem na cruz ao lado de Jesus de que futura (2Co 4.17).
Jesus era o Filho de Deus, ou de que Je-
sus era de fato rei, e, ainda, de que hou- Se assim o fizer, as dificuldades
vesse um reino a aguardar. Alguns que não serão mais uma ameaça, mas uma
vieram depois tiveram a ressurreição oportunidade de viver o evangelho da
de Jesus e a vinda do Espírito Santo graça diante dos ímpios e assim,
como elementos probatórios que mesmo chorando, frutificar.
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