OS AVISOS CLAROS DA FIGUEIRA
OS AVISOS CLAROS DA FIGUEIRA
OS AVISOS CLAROS DA FIGUEIRA
1
EDWARDS, James R. O Comentário de Marcos, 2018, p. 499-501.
A amendoeira floresce cedo na Palestina, em geral no fim do inverno. As
oliveiras, os carvalhos, os terebintos e as árvores sempre verdes não perdem as
folhas no inverno e, portanto, não pode anunciar a mudança de estação.
Contudo, a figueira é diferente. Ela perde as folhas no inverno, e só bem tarde
na primavera, quando o inverno já acabou e o tempo quente se aproxima, é que
os galhos começam a dar brotos (Mc 13.28-29).
Jesus viu na figueira uma metáfora adequada para a aproximação do fim:
‘Assim, também vós: quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está
próximo, às portas’ (Mc 13.29).
Assim como o verão vem todos os anos sem qualquer esforço humano,
também Deus cumpre seu reino em seu próprio tempo. A figueira assinala que
o verão ‘está próximo’ (v. 28-29), mas não sua imediação, ou seja, que o verão
está vindo, embora não assinale exatamente quando (Mc 13.29).
O original grego do versículo 28 fala de uma ‘parábola’, mas a ilustração da
figueira não é uma parábola completa, pelo menos no sentido das parábolas de
Jesus ´Mc 13.28s). É uma analogia ou lição (como na NVI). No capítulo 11, Jesus
aplica a imagem da figueira à destruição do templo.
b. A queda de Jerusalém (Mc 13.30). A queda de Jerusalém funciona mais
uma vez como um paradigma misterioso do fim do mundo.
i. Os pronunciamentos solenes o acompanham (‘sabei que o verão’
– v. 28; ‘assim também, quando virem’ – v. 29; ‘eu asseguro’ – v. 30) e
enfatizam exatamente o quão paradigmática é a destruição do templo
para o eschaton. A ‘geração’ que ‘não passará (...) até que todas estas
coisas aconteçam’ (v. 20) suscitou bastante controvérsia na teologia do
Novo Testamento. A geração sob discussão, de acordo com uma
interpretação, não é a da segunda vinda2, mas a da geração
contemporânea de Jesus que viveu para testemunhar a destruição do
templo e a queda de Jerusalém (ver cumprimento próximo e profético,
como no caso do menino de Isaías).
ii. A subitaneidade (!) do cumprimento. ‘Em verdade vos digo que
não passará esta geração, até que todas estas coisas aconteçam’ (Mc
13.30). Isso fala da ‘subitaneidade do cumprimento’, uma vez que se
inicie o processo (Mc 13.30). Então, também podemos crer que esta
predição inclui ambos os acontecimentos, ou seja, a geração
contemporânea de Jesus (cumprimento imediato) como a geração da
segunda vinda (cumprimento posterior). A profecia geralmente segue
essas linhas, e sempre foi verdade, no Antigo Testamento, que ‘o retorno
do cativeiro’ seria o início da era áurea e do governo teocrático direto
sobre a terra. O fato de que estavam equivocados, ou seja, tinham uma
interpretação subjetiva, que ano se adaptava aos fatos, não invalidou a
profecia (Mc 13.30)3.
2
Contra Bultmann (entre outros) que afirmou que ‘a expectativa de Jesus do fim próximo do mundo
resultou em uma ilusão’ (Theology of the New Testament, trad. K. Grobel, New York, Scibner’s,
1951/1955, p. 1, 22).
3
CHAMPLIN, Norman Russell. O Novo Testamento Interpretado, vol 1, 1983, p. 774.
c. A durabilidade da profecia. Passará o céu e a terra, porém as minhas
palavras não passarão (Mc 13.31). Além do cataclismo, no entanto, está
Jesus. ‘Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais
passarão’ (Mc 13.31).
i. A palavra de Jesus sobreviverá ao céu e à terra (Mc 13.31). para
Jesus afirmar que suas palavras sobreviverão ao céu e à terra é uma
declaração notável de autoridade4. O único ser que, de modo aceitável,
poderia fazer tal afirmação é Deus (também Is 51.6). Logo, a palavra que
se fez carne está, portanto, inextrincavelmente relacionada ao Filho do
homem que vem nas nuvens do céu. A primeira e a segunda vindas do
Filho de Deus consistem de um acontecimento no plano divino.
Granfield capta a unidade deles da seguinte forma: ‘Era, e ainda é,
verdade afirmar que a parousia está próxima...5’.
ii. A palavra de Jesus sobreviverá ao cosmo (Mc 13.31). Aqui está
uma importante chave para as predições escatológicas de Mc 13, pois
se for para as palavras de Jesus sobreviverem ao cosmo, então o mundo
por vir já está presente nelas. Se em Marcos 13 os acontecimentos
associados com a encarnação são misturados de modo misterioso com
aqueles da parousia – acontecimentos que, para nossa forma de pensar,
são totalmente separados – pode ajudar lembrar que no plano salvífico
de Deus, a encarnação, a crucificação, a ressurreição, a ascensão e a
parousia são todas elas facetas de um acontecimento, um tanto similar à
forma que várias montanhas separadas se unem como uma cordilheira
quando vistas por intermédio de um telescópio (2Pe 3.86).
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo fala daqueles que amam a vinda de Jesus Cristo. Sim,
quando devidamente compreendida, a doutrina da segunda vinda de Jesus é
repleta de grande consolo espiritual. ‘Consolai-vos, pois, uns aos outros com
estas palavras’ – as palavras que se referem à segunda vinda de Cristo em glória
e grande poder (1Ts 4.18; 5.11, 23; 2Ts 2.16-17). Vamos permanecer em
segurança e confiança quanto à doutrina da segunda vinda de Jesus Cristo. Ela
ocorrerá na consumação do século e se resumirá numa sequência de três lições
importantes: os avisos claros da figueira, a queda de Jerusalém e a durabilidade
da Palavra.
Há necessidade de preparação para aguardar a segunda vinda de Cristo.
Os sinais são claros e precisamos atentar para eles. A maneira que ela será
manifestada não pode ser esquecida. Somos conclamados a uma constante
vigilância.
4
EDWARDS, Op.Cit. p. 501.
5
Grenfield, The Gospel According to St Mark, p 408. Sobre a unidade de todos os aspectos do
acontecimento Cristo na economia divina, veja do mesmo autor, ‘St Mark, 13’, SJT 7 (1954), p. 288, e em
especial BART, Karl, Church Dogmatics: The Doctrine of Creatino, 3/2, Ed G, Brmiley e T. Torrance
(Edinburg, T&T Clarck, 1960, p. 485-511.
6
EDWARDS, Op.Cit. p. 501.