Tarso Firace - Querida Terra 4.0
Tarso Firace - Querida Terra 4.0
Tarso Firace - Querida Terra 4.0
Querida Terra
Belo Horizonte
1ª EDIÇÃO
2019
Copyright © Tarso Firace 2019
Direitos reservados
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Permitida reprodução desde que citada a fonte.
Editor responsável: Tarso B. Firace
Capa: Alexia Durso e Tarso Firace
Finalização do manuscrito: Equipe editorial Imensa Vida
Projeto Gráfico: Equipe editorial Imensa Vida
Dados Internacionais de Catalografia na Publicação (CIP)
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F 522. Firace, Tarso B.
2019 Querida Terra. Coleção Constelações com Pêndulos
Belo Horizonte, MG
Livros do autor :
Imensa Vida, Ouvindo as Montanhas, Alma de Mestre, Escrever e Amar, Lições de Aviação, Abrindo
as Velas, Música do Universo, O Voo dos Sonhos, O Último Segundo, Jardim das Empresas, A Era
do Significado, A Última Aula de Dante Alighieri, Terapêutica Imensa Vida 1, Pedagogia Sistêmica,
Filhos da Luz, A Luz que da Luz a Vida, Plenuum, Terapêutica Imensa Vida 2- #tarsoresponde -
Olhai as Hortênsias de Campos, A Metáfora, Quanta Água, Vitrais - Constelacões Com Pêndulo,
Vitrais II – Constelações Com Pêndulo, Querido Pai.
Meditaçōes, de Bert Hellinger. Tu Que Não Tens Nome de Moacir Amaral, Iluminação
Espiritualmente Incorreta de Jed McKenna. Aprendizado Sistêmico- Filmes 1, Polinizando o Mundo
no fluxo do Amor de Henderson Domingos, A Arte da Guerra Espiritual de Jed McKenna.
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Dedicatória
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Instituto Imensa Vida
Rua Helena Antipoff, 21 – São Bento
30350-690 Belo Horizonte MG
Tel.: 31 99401 0015
E-mail: institutoimensavida@gmail.com
www.imensavida.com
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Querida Terra
E quando a dor
Se percebeu amor,
Não precisou doer mais.
Querida Terra,
Balsâmica Terra,
Quem és tu?
De donde vens ?
Pedacinho de sol.
Te colocastes a uma tal distância dele,
Na temperatura adequada
Em que podias sintetizar
A poeira das estrelas.
Assim diversamente.
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És a química de inclusão.
Aqui presentes estão
Todos elementos.
És incandescente vulcão,
Vestida de verdes florestas.
Assim pudestes deflagrar a vida.
Te fizestes “campo”.
Te fizestes condições físicas propícias
Para receber também o não físico,
O não propício,
E aqui pudesse se expressar.
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A primeira célula
Eras tu Terra,
Quem brotava na primeira célula.
E na diminuta célula
Que conseguiu se reproduzir,
Era teu sonho que acontecia,
No momento que ela se dividiu,
Na primeira meiose,
E continuou viva.
Tu estavas lá !
Eu estava lá !
És meio de cultura,
És cultura do meio.
Terra querida,
Tu não és sem propósito.
De forma nenhuma.
És filha no universo
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Em um longo parto,
Em que continuas dando a luz
A nossos filhos.
E da mesma forma,
Como não conseguimos contar estrelas,
Em milhões de bilhões de trilhões…
Não conseguimos te entender
Além da névoa do tempo.
És pura poesia :
O pato que se nutre de folhas,
É o que nutre a hiena noturna,
Que nutre o tigre,
Que nutre a dor do deserto.
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Oh, Terra, querida Terra,
Pacientemente esperas.
Desfias bem aventuranças,
Enquanto contemplas.
E ao te tornares encontro,
Possibilitaste o maior dos encontros
O do céu com a Terra.
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Como nas palavras do mestre Lao Tsé :
O Céu adoeceu,
E veio à Terra curar.
Querida Terra,
Me sinto eu mesmo o céu doente
Que vem em busca de cura.
Querida mãe,
Em meu corpo se ressentem
As feridas da minha espécie.
Da única enfermidade
Que é não amar.
Sofro de incompletude.
Sofro a impossibilidade de união e paz,
Como quimeras.
Sofro,
A guerra da sobrevivência,
Que a cada dia desperdiça talentos,
Por um punhado de moedas.
Sofro a desinteligência,
De nos separar em nações,
Em divisões,
Em clãs.
Sofro por ver tantos doentes
Serem considerados sãos.
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Estou doente
Querida Terra,
Eu mesmo estou doente.
E conviver com tanta gente,
Me fez perceber bem claro isso.
Paz é impossível.
União, apenas transitória.
Querida Terra,
Estou doente.
Todos sofrem,
O que me leva a crer,
Que o céu que adoeceu,
O separado,
Sou eu.
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Somos nós,
Os anjos caídos,
Que viemos à Terra curar ?
Nós.
Querida Terra,
Me cure.
Por favor.
Iludido fui
Ao te sonhar paraíso.
Agora vejo:
És inferno.
Cura-me.
Vejo-te hospital.
Cura-me,
Vejo agora que és um campo de doentes,
E a isso fostes propícia.
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Só na adversidade há cura,
Só na incompletude.
Somos tacanhos.
Não sabemos repartir ganhos.
Desde Antanhos…
Terra,
Somos realmente seus filhos ?
Ou baixamos aqui.
Enxertados fomos num macaco bom ?
Me responda…
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Podres diabos
Ficavam esmolando
Por uma migalha de significado…
Meu amor
Eu quero algo para beber
Me leve para qualquer lugar
Onde eu possa falar com Deus.
Wander Lee
Querida Terra,
Não quero falar com Deus,
Quero falar contigo.
Estou morrendo.
Desde que nasci,
Estou morrendo.
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Vejo que a vida em família,
Não é suficiente para curar,
Os diabos que dela nascem.
Chegam os filhos.
Despejamos neles nossas amarguras e frustrações,
Passamos a bronca para frente.
Ficamos velhos,
E morremos.
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Oh, Terra
Onde está a sua cura,
Se aqui só tem mudança de conflito ?
Aprender um pouquinho,
Ganhar um troquinho,
Empurrar com a barriga,
E morrer ?
Poxa,
Então nascemos para morrer ?
A morte é a medicina ?
Que palhaçada é essa ?
Terra,
Please,
Não quero baixar o tom.
Mas por favor,
Não me deixe sem resposta…
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Qual a função da morte ?
Se a morte é solução,
Então só apertar o botão
Do arsenal atômico.
Deixar aquele menino da Korea do Norte
Apertar o botão,
Como se fosse video game,
E Game Over.
Ou aquele topetudo…
O que sabemos
É que todos temos
O encontro marcado com ela.
É só a gente ir indo,
Que mais na frente,
Tropeçaremos nela.
Mas a questão é :
Como a encontraremos ?
Resolvidos ou irresolvidos ?
Doentes obtusos ou conscientes de nossas doenças ?
Felizes ou infelizes ?
Com cara de bunda ?
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Querida Terra,
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Eva era a chefa da Máfia.
A diaba chefe,
Que adoecendo de morte
Veio a terra se curar,
Esparramando sofrimento e incompletude.
Nos confinando numa vida tola,
Com uns momentos de alegria
Em meio à paulera.
Pode ser.
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Então precisamos mesmo entender essa morte
Querida Terra,
Fica aqui comigo,
Enquanto vou conversar com a morte.
Segura na minha mão direita.
Dona morte,
Olá !
Tenho a impressão que a senhora me conhece,
Eu é que não conheço a senhora.
Dona Morte,
Eu estou doente.
Demorei para entender
Mas agora compreendi.
Antes achava graça nas coisas,
Esportes, política, questões sociais, salvação do mundo,
amores, organizar empresas, ganhar dinheiro, boas férias,
passeios, viagens, carros, conforto.
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Mas confesso, D.Morte,
Que estou sem pique
Estou chateado com isso tudo.
Eu gosto de tudo,
Acho tudo bom,
Não tenho como reclamar da vida.
Trabalho honestamente.
Dou cursos.
Virei gentólogo.
Bato o olho na pessoa,
Parece que já a conheço há muito tempo.
E o pior,
Parece que a conheço mais do que ela mesma…
Imagine isso com mais de mil clientes por ano.
Está vendo o tamanho da encrenca ?
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Meu corpo é o corpo de um Deus que morre.
Sendo homem
Reflito apenas a metade.
Apenas um lado.
Meu corpo é voltado para o outro lado,
Para o corpo de uma mulher.
23
Venho do abraço de meus pais.
De cada um deles
Recebi metade da minha primeira célula.
Que juntas a formaram,
E desta vieram todas as outras
Inclusive esta que agora está olhando
Para esse mistério.
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Ah, se soubesse ler meu corpo.
Veria que nele só acontece o necessário
Para acontecer o amor.
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Entrar na energia desse corpo,
É como sair dele.
Fora dele é como habitar
A sua dimensão mais ampla.
Essa energia
Com a qual o corpo está ligado
É que o mantém,
Pelo tempo que ela quiser.
26
Querida Morte
27
Ah, se soubéssemos ler corpo…
Simetricamente
No momento em que acontece a minha concepção
No abraço de meus pais
O que acontece é também um Big Bang,
E quem caiu do imanifesto no manifesto,
Fui eu.
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Querida morte,
Na mão esquerda,
O anjo da concepção
O chamado anjo do bem,
Na mão direita
O anjo da morte.
O chamado anjo do mau.
Agora eu vejo,
Está tudo invertido.
Você querida morte,
Você que é o anjo bom.
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Me sinto mais forte
Nesse instante
Olho para todas pessoas à minha volta,
E o que vejo é um campo de caídos.
Caminhando na direção contrária.
Nesse instante
Vejo todos os seres humanos
Como anjos caídos,
Com rabos escondidos,
Que vieram à Terra se curar.
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Quanta Terra
Me curo,
Ao me aproximar de ti.
Me curo,
Ao cicatrizar a separação,
Entre imanifesto e manifesto,
Entre Vida e luz,
Entre Amor e afeto,
Entre Verdade e consciência
Sou grato.
Tu me disponibiliza
Tantas formas de me tratar,
Que nem me sinto num hospital.
Agora vejo
Que nenhum tratamento
Me separará do último abraço,
Aquele forte e definitivo abraço da morte.
Mas, então me pergunto :
Não seria esse o inevitável remédio ?
O único que pode curar
Do mal de nascer ?
Não seria esse abraço,
A reparação para o anjo caído ?
31
Querida Terra
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E olhar para minha mãe,
O anjo que me sequestrou e me trouxe,
E com seu jeito doce de ser,
Inverteu meus afetos.
Fecho os olhos
E me disponho acordar desse sonho.
Desse falso paraíso de consumo
Construído para ser comprado,
Manipulado pelos poderosos,
Em detrimento dos humildes.
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Não nos lamentaríamos
Pelos socorros, bençãos e terapias
Que não nos salvaram.
Não execraríamos os que tendo atendido
Os nossos seres queridos,
Os deixaram morrer.
Diríamos então :
Sou
Sou isso que sou.
Sou o apartado reunido.
Sou o segregado incluído.
Vim à Terra
Para me curar.
Mas a Terra,
É apenas uma estação,
De se entender doente,
E se aprender a ser quem se é.
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Como puderam meus abraços
Representar aproximação,
Se eu mesmo sou um ser que afasta ?
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Querida vida que existe em mim
Socorro.
Volto-me para você.
De você posso me aproximar.
E curando me curo.
Assim como me alegro,
Alegrando o outro.
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Me curo,
Ao cicatrizar a ferida da separação no outro.
Me curo,
Ao representar o anjo da morte
Quando abraço.
Me curo,
Quando me dou conta de ser
Portador de uma arma letal,
Disparada por perguntas.
Me curo,
Abraçando o anjo da morte,
Porém em vida,
Sem perdê-lo de vista
Um só momento.
Reconhecendo-o
Nos atendimentos,
Nos protocolos.
E na prontidão
De não deixar para ver quem ele é
No último momento.
Saber que ele vive dentro de todos homens
Como em nosso pai,
Sem que nenhum se dê conta.
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Saber que ao seduzir uma mulher
E ter feito amor com ela,
Como foi com nossas mães,
Trouxe a cura.
Ao ver isso,
Me curo da inversão.
De ver o anjo bom no começo
E o mal no final.
Me curo,
Em não esperar outra cura
Fora do abração.
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Me curo,
De olhar as doenças
Como males que afastam,
E passo a vê-las
Como benesses que aproximam.
Me curo,
Ao entrar por uma medicina sem remédios,
Apenas com protocolos
Que nos façam lembram quem somos.
Me curo, ao encarar desinvertidos
Os assuntos que eu vim tratar.
Me curo,
Na nova forma de me relacionar
Com coisas finitas.
Me curo
Ao ver o desdobro
Apenas como desdobro.
Me curo,
Ao ver que o desdobro
Nunca será indobro.
Me curo,
Ao aceitar as coisas finitas,
Como incompletas.
Me curo,
Do frenético correr contra o prazo de validade.
E me ponho apenas à frente da validade
Que puder alcançar no meu prazo.
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Me curo,
Ao valorizar esse segundo
Como o mais precioso do mundo.
Me curo,
Se puder vê-lo
Pela observação direta.
Me curo,
Ao vê-lo uno.
E senti-lo integrado.
Me curo,
Com outros,
Com quem posso acolher e ser acolhido.
Me curo,
Nesse momento,
Ao me conectar com o universo.
Sentindo as infindáveis conexões que nos unem.
Sentindo que somos um do outro.
E quando tomo em mim os seus desejos,
Ele, com imensa gentileza,
Toma os meus.
Me curo,
Ao me fazer cúmplice do outro.
Em ajudá-lo a sabotar
O que o mantém adormecido.
Me curo,
Quando vejo que é possível acordar
E enxugar todo o sonho que há mim.
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Me curo,
Ao ver
Que sonhos, são apenas sonhos.
Todos emanados do sonho primeiro
Que veio ser sonhado aqui na Terra.
Me curo,
Ao acordar do sonho
De dormir na separação.
Acordar do sonho
De dormir homem,
E acordar humanidade.
Acordar do sonho
De dormir Quanta Água
E acordar Fonte.
Acordar do sonho
De dormir invertido,
E acordar Quanta Terra.
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