Tarso Firace - Querida Terra 4.0

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1

Querida Terra

Belo Horizonte
1ª EDIÇÃO
2019
Copyright © Tarso Firace 2019

Direitos reservados

2
Permitida reprodução desde que citada a fonte.
Editor responsável: Tarso B. Firace
Capa: Alexia Durso e Tarso Firace
Finalização do manuscrito: Equipe editorial Imensa Vida
Projeto Gráfico: Equipe editorial Imensa Vida
Dados Internacionais de Catalografia na Publicação (CIP)
________________________________________________________________________________
F 522. Firace, Tarso B.
2019 Querida Terra. Coleção Constelações com Pêndulos
Belo Horizonte, MG

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971
F522 Firace, Tarso B.
Querida Terra / Tarso B. Firace. —— Belo Horizonte : Instituto Imensa Vida, 2019.
144 p. ; 21 cm.
ISBN 978-85-54025-03-8
1. Poesia. 2. Água. 3. Psicologia - Respeito pela vida e pela natureza. I. Título.
CDD
B869.1_______________________________________________________________________________

Querida Terra / Tarso B. Firace


e-mail tarso.firace@gmail.com
Site : www.imensavida.com
contato (31) 994010015 - Instituto Imensa Vida

Livros do autor :

Imensa Vida, Ouvindo as Montanhas, Alma de Mestre, Escrever e Amar, Lições de Aviação, Abrindo
as Velas, Música do Universo, O Voo dos Sonhos, O Último Segundo, Jardim das Empresas, A Era
do Significado, A Última Aula de Dante Alighieri, Terapêutica Imensa Vida 1, Pedagogia Sistêmica,
Filhos da Luz, A Luz que da Luz a Vida, Plenuum, Terapêutica Imensa Vida 2- #tarsoresponde -
Olhai as Hortênsias de Campos, A Metáfora, Quanta Água, Vitrais - Constelacões Com Pêndulo,
Vitrais II – Constelações Com Pêndulo, Querido Pai.

Outros Livros da Editora Imensa Vida:

Meditaçōes, de Bert Hellinger. Tu Que Não Tens Nome de Moacir Amaral, Iluminação
Espiritualmente Incorreta de Jed McKenna. Aprendizado Sistêmico- Filmes 1, Polinizando o Mundo
no fluxo do Amor de Henderson Domingos, A Arte da Guerra Espiritual de Jed McKenna.

3
Dedicatória

Para os Professores do Imensa Vida,

No começo pedíamos apenas : “Dê o seu melhor ! ”

Hoje aprendemos a cada etapa o que significa isso.

Que honra trabalhar com tantas pessoas queridas !

4
Instituto Imensa Vida
Rua Helena Antipoff, 21 – São Bento
30350-690 Belo Horizonte MG
Tel.: 31 99401 0015
E-mail: institutoimensavida@gmail.com
www.imensavida.com

5
Querida Terra

E quando a dor
Se percebeu amor,
Não precisou doer mais.

Querida Terra,
Balsâmica Terra,
Quem és tu?
De donde vens ?

És maior que qualquer outro de teus viventes,


És mais viva,
Mais diversa,
Mostras-te, em infindáveis espécies.

Como chegastes a ser tão boa ?


De certo, não foi com a larva quente de teu ventre.
És delicada.
Sutil.
Preciosa.

Pedacinho de sol.
Te colocastes a uma tal distância dele,
Na temperatura adequada
Em que podias sintetizar
A poeira das estrelas.
Assim diversamente.

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És a química de inclusão.
Aqui presentes estão
Todos elementos.

És incandescente vulcão,
Vestida de verdes florestas.
Assim pudestes deflagrar a vida.

Nenhuma célula veio no rabo de um cometa.


Nada chegou pronto,
Tudo desabrochou aqui.
Milhões de anos limpando gases tóxicos
Até chegar a esta amena atmosfera.

Te fizestes “campo”.
Te fizestes condições físicas propícias
Para receber também o não físico,
O não propício,
E aqui pudesse se expressar.

Aqui a semente da vida


Pôde acordar do sonho
E germinar.

7
A primeira célula

Eras tu Terra,
Quem brotava na primeira célula.
E na diminuta célula
Que conseguiu se reproduzir,
Era teu sonho que acontecia,
No momento que ela se dividiu,
Na primeira meiose,
E continuou viva.

Tu estavas lá !
Eu estava lá !

Nela estava todo seu carinho,


Da mesma forma, toda minha gratidão.
Naquele momento te tornastes a pérola do universo.
A jóia flutuante,
Preciosa Terra.

És meio de cultura,
És cultura do meio.

Terra querida,
Tu não és sem propósito.
De forma nenhuma.
És filha no universo

E na tua primeira célula


Te tornastes mãe.
E nos pariste

8
Em um longo parto,
Em que continuas dando a luz
A nossos filhos.

Pariste teus sonhos,


E as espécies todas.
Pariste esta,
Da qual somos.
Na qual continuas sonhar.

Que honra ser teu filho,


Tua filha.

E da mesma forma,
Como não conseguimos contar estrelas,
Em milhões de bilhões de trilhões…
Não conseguimos te entender
Além da névoa do tempo.

Quatro e meio bilhões de anos,


Não conseguimos entender
Quanto és especial.
E esse é nosso engano:
Te considerar trivial.
És muito mais,
És valiosa.

És pura poesia :
O pato que se nutre de folhas,
É o que nutre a hiena noturna,
Que nutre o tigre,
Que nutre a dor do deserto.

9
Oh, Terra, querida Terra,

Nasces e morres a cada ser,


Enquanto permaneces sempre viva.
E o que não se completa em cada ser,
Fica para o seguinte.

Pacientemente esperas.
Desfias bem aventuranças,
Enquanto contemplas.

E em cada ser tu propicias,


O sonho melhor que virá,
E assim se redimir do que ficou faltando,
No sonho anterior.

Em ti se faz possível todo encontro,


De semelhantes e de opostos.

Em ti se encontam prazer e dor,


Divergência e convergência,
Abrigas a todos,
És magnânima.

E ao te tornares encontro,
Possibilitaste o maior dos encontros
O do céu com a Terra.

O céu veio aqui.


Matar as saudades
De quando ele era um.

10
Como nas palavras do mestre Lao Tsé :

O Céu adoeceu,
E veio à Terra curar.

Querida Terra,
Me sinto eu mesmo o céu doente
Que vem em busca de cura.

Querida mãe,
Em meu corpo se ressentem
As feridas da minha espécie.
Da única enfermidade
Que é não amar.
Sofro de incompletude.
Sofro a impossibilidade de união e paz,
Como quimeras.

Sofro a cada um que sofre,


A cada guerra,
A cada tiro,
A cada mãe que chora o filho morto.

Sofro,
A guerra da sobrevivência,
Que a cada dia desperdiça talentos,
Por um punhado de moedas.
Sofro a desinteligência,
De nos separar em nações,
Em divisões,
Em clãs.
Sofro por ver tantos doentes
Serem considerados sãos.

11
Estou doente

Querida Terra,
Eu mesmo estou doente.
E conviver com tanta gente,
Me fez perceber bem claro isso.

A equação da humanidade não fecha.


Nenhum caminho chega a um lugar diferente
Onde haja verdadeira glória !

Paz é impossível.
União, apenas transitória.

Os ganhos contabilizados como ganhos


Inevitavelmente levam à perdas.
Perdas inglórias,
Perdas do sentido do um.

Querida Terra,
Estou doente.

Olhando dentro da alma humana


O que vi
Foi a incapacidade de amar,
Foi o adequar-se o tempo todo
Dentro da separação.

Todos sofrem,
O que me leva a crer,
Que o céu que adoeceu,
O separado,
Sou eu.

12
Somos nós,
Os anjos caídos,
Que viemos à Terra curar ?

Nós.

Somos nós que não conseguimos nos curar,


Não conseguimos parar com o movimento de separação
Enquanto pudermos dele,
Auferir ganhos.

Nós não queremos curar.


Não enquanto fabricamos armas e remédios.
Enquanto não criamos escolas para todos,
Não queremos cura.

Somos a metástase purulenta uns dos outros.


Na falsa ideia que a vida longa eximirá a morte.

Querida Terra,
Me cure.
Por favor.
Iludido fui
Ao te sonhar paraíso.
Agora vejo:
És inferno.

Cura-me.
Vejo-te hospital.
Cura-me,
Vejo agora que és um campo de doentes,
E a isso fostes propícia.

13
Só na adversidade há cura,
Só na incompletude.

Pensava que curar implicasse,


De alguma forma,
Restabelecer uma coisa boa.
Mas nesse momento,
Preciso confessar
Não vejo nenhuma.

Uma invasão de diabos vindos à Terra curar.


Caramba.

O salto comparativo da nossa espécie frente às outras,


Leva à compreensão
De que somos um ponto fora da reta.

Nossa espécie atua de forma estranha.


Invasiva, desrespeitosa, egoísta,
Temos uma forma louca de compreender riquezas.
Mais louca ainda de como dividi-las.

Somos tacanhos.
Não sabemos repartir ganhos.
Desde Antanhos…

Terra,
Somos realmente seus filhos ?
Ou baixamos aqui.
Enxertados fomos num macaco bom ?
Me responda…

14
Podres diabos

Ficavam esmolando
Por uma migalha de significado…

Meu amor
Eu quero algo para beber
Me leve para qualquer lugar
Onde eu possa falar com Deus.

Wander Lee

Querida Terra,
Não quero falar com Deus,
Quero falar contigo.

Eu vim aqui falar com você.


Não fique aí parada,
Magnânima.

Estou morrendo.
Desde que nasci,
Estou morrendo.

Gastando meus dias,


Ainda que numa vida de um príncipe.
Transito de cá pra lá,
De lá pra cá.
E é sempre o mesmo.

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Vejo que a vida em família,
Não é suficiente para curar,
Os diabos que dela nascem.

A família é oportunidade de melhorar,


Mas fica engastalhada quase sempre,
No “mais do mesmo”.

Então vamos para os amigos e trabalho,


Nos relacionar com outras pessoas,
Perder as cascas,
Aprender outros idiomas e linguagens.
E o que conseguimos ?
Um bocadinho de melhorias,
O resto é “mais do mesmo”.

Então vamos para uma experiência radical :


O casamento,
E o que vemos ?
Relacionamos as nossas próprias limitações
Com as limitações do outro.
Quebras, perda de casca,
Uma melhorazinha aqui outra ali,
E o resto, “mais do mesmo”.

Chegam os filhos.
Despejamos neles nossas amarguras e frustrações,
Passamos a bronca para frente.
Ficamos velhos,
E morremos.

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Oh, Terra
Onde está a sua cura,
Se aqui só tem mudança de conflito ?

Aprender um pouquinho,
Ganhar um troquinho,
Empurrar com a barriga,
E morrer ?

Onde está a cura ?


No morrer ?

Poxa,
Então nascemos para morrer ?
A morte é a medicina ?
Que palhaçada é essa ?

Terra,
Please,
Não quero baixar o tom.
Mas por favor,
Não me deixe sem resposta…

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Qual a função da morte ?

Como a morte pode curar alguma doença ?

Se a morte é solução,
Então só apertar o botão
Do arsenal atômico.
Deixar aquele menino da Korea do Norte
Apertar o botão,
Como se fosse video game,
E Game Over.
Ou aquele topetudo…

Não é por ai…

O que sabemos
É que todos temos
O encontro marcado com ela.
É só a gente ir indo,
Que mais na frente,
Tropeçaremos nela.

Mas a questão é :
Como a encontraremos ?
Resolvidos ou irresolvidos ?
Doentes obtusos ou conscientes de nossas doenças ?
Felizes ou infelizes ?
Com cara de bunda ?

Ou estaremos contabilizando as moedas que juntamos ?


Deixando para complicar a vida dos que ficam ?

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Querida Terra,

Terra curadora terra,


Estou entendendo…
Minha espécie não é daqui.
Somos alienígenas nascidos aqui !

Temos inteligência mas não somos inteligentes.


Temos riquezas mas não somos ricos.
Trocamos afetos mas não amamos.
Nascemos de uma mulher,
Que num certo momento,
Por algum motivo,
Baixou a anticoncepcionalidade.
Se entregou para um homem,
Com sonhos de família ou não,
Enquanto estava mais interessado em prazer.

A mãe abriu o alçapão


E quem caiu
Fui eu.

A mãe é o anjo mau


Que mexeu os pauzinhos
E nós viemos parar aqui.

Ela nos passou a ancestralidade


No conteúdo mitocondrial.
Seus óvulos, vieram da sua mãe,
Que ao nascer o recebeu da mãe,
Da mãe e da mãe,
Até chegar na Eva.

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Eva era a chefa da Máfia.

A diaba chefe,
Que adoecendo de morte
Veio a terra se curar,
Esparramando sofrimento e incompletude.
Nos confinando numa vida tola,
Com uns momentos de alegria
Em meio à paulera.

Pode ser.

A gente fazendo uma bruta vida boa,


Dando um duro danado,
Ganhando Premio Nobel da paz, e os timbau,
E mesmo assim
A gente não melhora a vida em nada.
Continuamos a morrer,
Tudo do mesmo jeito.

20
Então precisamos mesmo entender essa morte

Querida Terra,
Fica aqui comigo,
Enquanto vou conversar com a morte.
Segura na minha mão direita.

Dona morte,
Olá !
Tenho a impressão que a senhora me conhece,
Eu é que não conheço a senhora.

Tudo que eu ouvi falar da senhora,


Não são coisas boas.
Espero que o que a senhora tenha ouvido de mim,
Tenha sido bem diferente.
Eu venho com um coração sincero,
E me comprometo a ser 100 % honesto,
No que vou conversar com a Senhora.

Dona Morte,

Eu estou doente.
Demorei para entender
Mas agora compreendi.
Antes achava graça nas coisas,
Esportes, política, questões sociais, salvação do mundo,
amores, organizar empresas, ganhar dinheiro, boas férias,
passeios, viagens, carros, conforto.

21
Mas confesso, D.Morte,
Que estou sem pique
Estou chateado com isso tudo.

Eu gosto de tudo,
Acho tudo bom,
Não tenho como reclamar da vida.
Trabalho honestamente.
Dou cursos.
Virei gentólogo.
Bato o olho na pessoa,
Parece que já a conheço há muito tempo.
E o pior,
Parece que a conheço mais do que ela mesma…
Imagine isso com mais de mil clientes por ano.
Está vendo o tamanho da encrenca ?

Acho que cheguei no ponto mais crucial de minha vida.


Não me movo por dinheiro,
Não busco conquistar afetos,
Não seduzo.

Tudo que tenho feito nesses anos,


Foi me aproximar pelo mistério da vida.

Mas agora o bicho pegou.


Outro dia,
Acordei no meio da noite,
E peguei o gravador do celular
E ditei o seguinte texto :

22
Meu corpo é o corpo de um Deus que morre.

É o corpo de um Deus mortal.


A vida que está no meu corpo,
É a vida que é.
Cada célula do meu corpo
Trabalha numa escala universal.
A vida que está em cada célula,
Não pode ser vista, sentida
Ou separada do meu corpo.
Desse corpo,
Que é ligado com o todo.
Cada corpo, cada ser,
É espelho do Universo.

Sendo homem
Reflito apenas a metade.
Apenas um lado.
Meu corpo é voltado para o outro lado,
Para o corpo de uma mulher.

Quando meu corpo toca o outro sexo,


Conhece então a frequência de Deus.

Meu corpo é o corpo de um deus


Depois do abraço.
É o corpo depois do abraço
De dois deuses.

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Venho do abraço de meus pais.
De cada um deles
Recebi metade da minha primeira célula.
Que juntas a formaram,
E desta vieram todas as outras
Inclusive esta que agora está olhando
Para esse mistério.

Olhando para tudo isso.

Vejo que meu corpo,


Não é meu.
Veio do meu sistema,
É o corpo de meu sistema familiar
Com a cara dele e tudo.

Nele, eles escreveram suas dores.


Nele, jaz a história das dores de seus amores,
E estas, por amor a eles,
Chamo-as minhas.

Meu corpo é o corpo de um Deus mortal.

Meu corpo é a incompletude


Por onde o universo expande,
Por onde faz acontecer o que é necessário.
Meu corpo é simetria do universo.
Ah, se eu pudesse ler as mensagens no meu corpo…
Ah, se eu pudesse ler suas dores…
Talvez então, pudesse curá-lo.

Mas meu corpo sofre quieto.


Da mesma forma vive alheio
Das doenças que deveras sente.

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Ah, se soubesse ler meu corpo.
Veria que nele só acontece o necessário
Para acontecer o amor.

Veria que sofro a incompletude,


Sofro estar na incompletude,
Para poder olhar para a completude.

Entender que meu corpo


É o corpo de um Deus mortal,
É me colocar fora do mundo das barganhas,
Incapaz de aceitar as pequenas injustiças,
As pequenas verdades,
Que encobrem interesses.

Entender o significado desse corpo,


É não me permitir mais meias verdades,
Não permitir exclusão,

Entrar profundamente na energia desse corpo.


É esticar a mão,
E passá-la no rosto de Deus.

Entrar na energia desse corpo


É não me sentir separado de nenhuma vida,
E por nada prejudicar ou ser prejudicado.

Entrar na energia desse corpo


É entrar num campo de informação
Onde é irrelevante se esse corpo está vivo ou não.
Se as cargas inscritas neles vem de um antepassado
Próximo ou distante,
Vivo ou não.

25
Entrar na energia desse corpo,
É como sair dele.
Fora dele é como habitar
A sua dimensão mais ampla.

Entrar na energia desse corpo


É perceber que o que faz esse corpo funcionar,
Não tem nada a ver com a comida que come.
Esta fornece apenas a lenha
Para o calor da química das reações,
Esse alimento é a mentirinha.
O que nos mantém vivos,

Essa energia
Com a qual o corpo está ligado
É que o mantém,
Pelo tempo que ela quiser.

Entrar na energia do corpo,


É como ver que a árvore
Se alimenta da luz e não do solo.

O alimento é o que nos prende a Terra,


Como à Terra se prendem as raízes das árvores ,
Mas quem as alimenta
É a luz.

A energia é a ponte entre a matéria e a luz.

Entrar na energia desse corpo,


Ê caminhar para a luz.
É cruzar a linha da existência.

26
Querida Morte

Quando cruzo a linha da existência,


Encontro com você.

Se cruzo as fronteiras da existência,


Aprendo uma nova forma de viver.
Como numa corrida de bastão.
A energia da vida passou por milhares de nós,
Até chegar aqui.
E só chegou,
Por milagre.

E ela passa por nós,


Para chegar a milhares de outros seres.
E isso acontece no nível da célula,
Quando é assimilado.
Acontece no nível da genética,
Quando é assimilado.
Acontece no nível da ancestralidade,
Então alcança o nível da energia de todas as histórias,
De todos os enredos já vividos no passando,
Até chegar aqui.

Uma pessoa é a somatória de todos os enredos da humanidade.


Naquele período de gravidez,
Enquanto estravamos abraçados com “Eva”,
Nosso corpo puxou para si
Todas as informações planetárias.
Todas apresentadas nas nossas características

27
Ah, se soubéssemos ler corpo…

O ser que nasce


Tem todas as características,
Todas as informações planetárias,
Do céu,
No instante em que nasceu.

Não apenas desses planetinhas


Próximos e vizinhos,
Que os leitores de mapa astral aprenderam ler.

Mas nesse período de nove meses,


Simetrizamos toda a história,
Da singularidade até agora.

Somos a história do universo


Passando a limpo,
Sob a influência das galáxias distantes,
Desde antes da formação do universo,
Desde antes do Big Bang.

O momento em que o imanifesto irrompe no manifesto

Simetricamente
No momento em que acontece a minha concepção
No abraço de meus pais
O que acontece é também um Big Bang,
E quem caiu do imanifesto no manifesto,
Fui eu.

28
Querida morte,

Agora a coisa está clareando…


A vida que está em mim,
Tem numa mão o Big Bang,
Do momento da concepção,
Quando passei do imanifesto para o manifesto.
E na outra mão um Buraco Negro,
Do momento da morte.
Quando vamos passar no sentido contrário
Do manifesto para o imanifesto
De volta.

Na mão esquerda,
O anjo da concepção
O chamado anjo do bem,
Na mão direita
O anjo da morte.
O chamado anjo do mau.

Agora eu vejo,
Está tudo invertido.
Você querida morte,
Você que é o anjo bom.

E isso muda tudo !

29
Me sinto mais forte

Será que curei ?


Nesse instante vejo,
Não preciso de nada !

Nada que eu faça


Pode mudar absolutamente nada,
É isso.
E me surpreendo,
Pois isso não me incomoda,
Pelo contrário,
Me conforta.

Nesse instante
Olho para todas pessoas à minha volta,
E o que vejo é um campo de caídos.
Caminhando na direção contrária.

Nesse instante
Vejo todos os seres humanos
Como anjos caídos,
Com rabos escondidos,
Que vieram à Terra se curar.

30
Quanta Terra

Me curo,
Ao me aproximar de ti.

Me curo,
Ao cicatrizar a separação,
Entre imanifesto e manifesto,
Entre Vida e luz,
Entre Amor e afeto,
Entre Verdade e consciência

Me curo, querida Terra.


Tu podes me curar,
Tu me ofereces medicinas,
De plantas e rituais,
De terapias e quimioterapias,
Protocolos.

Sou grato.
Tu me disponibiliza
Tantas formas de me tratar,
Que nem me sinto num hospital.
Agora vejo
Que nenhum tratamento
Me separará do último abraço,
Aquele forte e definitivo abraço da morte.
Mas, então me pergunto :
Não seria esse o inevitável remédio ?
O único que pode curar
Do mal de nascer ?
Não seria esse abraço,
A reparação para o anjo caído ?

31
Querida Terra

Minha frustração é constatar:


Que afeto nunca será Amor
Que conhecimento nunca será Verdade
Que essa existência nunca será Vida.

Não me preocupa saber de onde vieram


As dificuldades que chegaram a mim.
Da mesma forma nem quero saber
Para onde elas vão,
Quando eu partir.

Não preciso saber,


Não me apoquenta.

O que me doi é saber


Que nunca amarei.
Que o máximo que posso
É me aproximar do amor em afetos.
Que o maximo de saúde e Vida que experimentarei,
Será no momento da morte.
Que só posso saber quem sou
Quando tocar o anjo
Com minha mão direita,
Com todo conteúdo pai,
E com a minha mão esquerda,
Com todo conteúdo mãe.
E ao mesmo tempo apertar
A mão deles.

32
E olhar para minha mãe,
O anjo que me sequestrou e me trouxe,
E com seu jeito doce de ser,
Inverteu meus afetos.

Olhar para meu pai,


O representante do anjo que agora me leva,
E com seu cutucão,
Me mostra o que é ser um.

Fecho os olhos
E me disponho acordar desse sonho.
Desse falso paraíso de consumo
Construído para ser comprado,
Manipulado pelos poderosos,
Em detrimento dos humildes.

Me disponho a não mais abrir os olhos para esse mundo


Até acordar fora do sonho,
No campo do amor possível,
No campo das respostas para as incertezas,
No campo do tempo fora da duração.
E ao acordar
Despido de carne,
Nos vermos emoções.

Nos vermos como somos.


Desinvertidos.
Não mais chamando dores de amores
Na eterna espera de afetos
Que sabemos,
Nunca acontecerão.

33
Não nos lamentaríamos
Pelos socorros, bençãos e terapias
Que não nos salvaram.
Não execraríamos os que tendo atendido
Os nossos seres queridos,
Os deixaram morrer.

Diríamos então :
Sou
Sou isso que sou.
Sou o apartado reunido.
Sou o segregado incluído.

Vim à Terra
Para me curar.
Mas a Terra,
É apenas uma estação,
De se entender doente,
E se aprender a ser quem se é.

Aprender que nenhum remédio cura.


São todos placebos.
A não ser o último abraço
Do anjo bom.

Aprender que são apenas afetos,


Que um coração não pode ser feliz,
No meio da infelicidade.
Que um corpo não pode ser sadio,
No meio da epidemia.
Que os bens não podem ser riqueza,
No meio do flagelo.

34
Como puderam meus abraços
Representar aproximação,
Se eu mesmo sou um ser que afasta ?

Com puderam representar encontro,


Se só abriram novas feridas
Em cima de outras anteriores,
Moradoras antigas do meu peito ?

35
Querida vida que existe em mim

Socorro.
Volto-me para você.
De você posso me aproximar.

Quando entro dentro de você


Percebo que minha natureza
Minha essência,
É ser um.

Um, que não se aparta.


Que nem consegue se apartar.
Um, que não precisa se encontrar
Pois vive encontrado.

Ao me aproximar de você, vida,


Vejo que a Terra me cura
Quando me oferece a morte.
E quando sou Terra
Curo o outro,
Quando o mesmo ofereço.

E como sou filho dessa Terra


Tomo a força dela.
Curo, me disponibilizando.

E curando me curo.
Assim como me alegro,
Alegrando o outro.

36
Me curo,
Ao cicatrizar a ferida da separação no outro.

Me curo,
Ao representar o anjo da morte
Quando abraço.

Me curo,
Quando me dou conta de ser
Portador de uma arma letal,
Disparada por perguntas.

Me curo,
Abraçando o anjo da morte,
Porém em vida,
Sem perdê-lo de vista
Um só momento.

Reconhecendo-o
Nos atendimentos,
Nos protocolos.

Entendendo-o como o único remédio.


O único fora da ilusão do principio ativo,
Capaz de curar anjo caído.

E na prontidão
De não deixar para ver quem ele é
No último momento.
Saber que ele vive dentro de todos homens
Como em nosso pai,
Sem que nenhum se dê conta.

37
Saber que ao seduzir uma mulher
E ter feito amor com ela,
Como foi com nossas mães,
Trouxe a cura.

O homem traz cura,


Ao ampliar o campo de cura,
Que chega
Ao fazer de uma mulher, mãe.

Amplia o campo de cura


Ao propiciar filhos,
Que mobilizarão torrentes de afetos
Que os manterão invertidos
Até que um dia despertem
Para o que são.

O casal é instrumento de cura,


Ao dar movimento à separação,
Ao dar mais opções à luz,
Ao processo da luz, Lúcifer,
Que descarrega sua dor,
Habitando a Terra.
Dor que será redimida,
Naquele forte abraço final.

Ao ver isso,
Me curo da inversão.
De ver o anjo bom no começo
E o mal no final.

Me curo,
Em não esperar outra cura
Fora do abração.

38
Me curo,
De olhar as doenças
Como males que afastam,
E passo a vê-las
Como benesses que aproximam.

Me curo,
Ao entrar por uma medicina sem remédios,
Apenas com protocolos
Que nos façam lembram quem somos.
Me curo, ao encarar desinvertidos
Os assuntos que eu vim tratar.

Me curo,
Na nova forma de me relacionar
Com coisas finitas.

Me curo
Ao ver o desdobro
Apenas como desdobro.

Me curo,
Ao ver que o desdobro
Nunca será indobro.

Me curo,
Ao aceitar as coisas finitas,
Como incompletas.

Me curo,
Do frenético correr contra o prazo de validade.
E me ponho apenas à frente da validade
Que puder alcançar no meu prazo.

39
Me curo,
Ao valorizar esse segundo
Como o mais precioso do mundo.

Me curo,
Se puder vê-lo
Pela observação direta.

Me curo,
Ao vê-lo uno.
E senti-lo integrado.

Me curo,
Com outros,
Com quem posso acolher e ser acolhido.

Me curo,
Nesse momento,
Ao me conectar com o universo.
Sentindo as infindáveis conexões que nos unem.
Sentindo que somos um do outro.
E quando tomo em mim os seus desejos,
Ele, com imensa gentileza,
Toma os meus.

Me curo,
Ao me fazer cúmplice do outro.
Em ajudá-lo a sabotar
O que o mantém adormecido.

Me curo,
Quando vejo que é possível acordar
E enxugar todo o sonho que há mim.

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Me curo,
Ao ver
Que sonhos, são apenas sonhos.
Todos emanados do sonho primeiro
Que veio ser sonhado aqui na Terra.

Me curo,
Ao acordar do sonho
De dormir na separação.

Acordar do sonho
De dormir homem,
E acordar humanidade.

Acordar do sonho
De dormir Quanta Água
E acordar Fonte.

Acordar do sonho
De dormir invertido,
E acordar Quanta Terra.

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