maxixe
maxixe
maxixe
PIRACICABA
Estado de São Paulo – Brasil
Julho - 2002
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE MAXIXE PAULISTA
(Cucumis anguria L.)
PIRACICABA
Estado de São Paulo – Brasil
Julho - 2002
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
CDD 635.63
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
In plantis semper parens juventus et in plantis resurgo
"Nas plantas a juventude sempre reaparece
e com elas rejuvenesce aquele que as ama"
PROVÉRBIO ROMANO
Aos meus queridos pais Narcizo e Yvonne por todo amor, confiança e compreensão
dedicados em todos os momentos.
Aos meus irmãos Júnior e Bel, e queridos sobrinhos Thiago, Matheus, Victória e
Gabriel, pela demonstração de carinho e presença constante.
Ofereço
Ao Prof. Dr. Cyro Paulino da Costa, pela orientação segura e eficiente, durante todos os
momentos necessários e pela amizade despendida;
Aos Profs. Drs. Keigo Minami, João Tessarioli Neto e Paulo César Tavares de Melo
pelos ensinamentos transmitidos com as disciplinas ministradas durante o curso;
Aos Profs. Drs. Luiz Carlos Marchini e Jorge Rezende pelos prestativos ensinamentos e
principalmente pela colaboração nos experimentos;
Aos colegas do curso, Fernando Sala, Léa Araújo de Carvalho, Saly Blat, Tamara M.
Gomes e Thaysa Guimarães Fonseca, pelo convívio e ajuda prestada durante o
desenvolvimento da pesquisa;
Página
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS..................................................................................................... ix
RESUMO......................................................................................................................... xi
SUMMARY..................................................................................................................... xiii
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 01
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 03
2.1 Aspectos gerais da cultura.......................................................................................... 03
2.1.1 Gênero Cucumis...................................................................................................... 03
2.1.2 A espécie Cucumis anguria ................................................................................... 04
2.1.3 Maxixe Paulista ...................................................................................................... 05
2.2 Manejo e tecnologia de produção de Cucumis........................................................... 08
2.2.1 Tutoramento............................................................................................................ 08
2.2.2 Poda......................................................................................................................... 09
2.2.3 Cobertura do solo ("mulching").............................................................................. 10
2.2.4 Produção em ambiente protegido e cultivo em substrato........................................ 11
3 CULTIVO DE MAXIXE PAULISTA EM CANTEIROS COM COBERTURA DE
POLIETILENO................................................................................................................ 13
Resumo............................................................................................................................. 13
Summary.......................................................................................................................... 14
3.1 Introdução.................................................................................................................. 14
vii
Página
3.2 Material e Métodos....................................................................................................... 17
3.3 Resultados Discussão.................................................................................................. 19
3.4 Conclusões.................................................................................................................... 24
4 CONDUÇÃO DE MAXIXE PAULISTA EM AMBIENTE PROTEGIDO.................. 25
Resumo............................................................................................................................... 25
Summary............................................................................................................................. 26
4.1 Introdução..................................................................................................................... 27
4.2 Material e Métodos....................................................................................................... 29
4.3 Resultados e Discussão................................................................................................. 31
4.4 Conclusões.................................................................................................................... 36
5 CONDUÇÃO DE HÍBRIDOS DE MAXIXE PAULISTA EM REDE AGRÍCOLA.... 37
Resumo............................................................................................................................... 37
Summary............................................................................................................................. 38
5.1 Introdução..................................................................................................................... 37
5.2 Material e Métodos....................................................................................................... 40
5.3 Resultados e Discussão................................................................................................. 41
5.4 Conclusões.................................................................................................................... 46
6 CONCLUSÕES GERAIS............................................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 48
LISTA DE FIGURAS
Página
1 Origem e genealogia das linhagens elites de Maxixe Paulista................................... 7
7 Massa total (kg) de frutos/parcela e 7 plantas das linhagens L1, L2, L4 e L60 e
híbridos H3, H5, H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista, durante as 6 etapas de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 2001.................................................................. 42
LISTA DE TABELAS
Página
1 Comparação da produtividade em kg/1.000 plantas entre cultivo em ambiente
protegido e plantio tradicional................................................................................ 12
2 Cronograma de adubação......................................................................................... 18
3 Massa de frutos/planta, em kg, de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4,
L5, L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas iniciais de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.................................................................. 19
4 Massa de frutos/planta, em kg, de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4,
L5, L6, L8, L42, L55 e L60) e do tipo Comum (A), nas seis etapas finais de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999................................................................ 20
5 Número de frutos/planta de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4, L5,
L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas iniciais de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999................................................................ 21
6 Número de frutos/planta de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4, L5,
L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas finais de colheita.
Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.............................................................................. 21
7 Número total (NTF), peso total (PTF) e peso médio (PM) de frutos/parcela de 6
plantas, de Maxixe Paulista (L1; L2; L3; L4; L5; L6; L8; L42; L55 e L60) e do
tipo Comum (A), após 12 colheitas. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999...................... 22
x
Página
8 Cronograma de adubação......................................................................................... 30
9 Número total (NTF), massa total (MTF) e massa média (MM) de frutos/parcela
de 8 plantas e produtividade estimada (PE), das linhagens de Maxixe Paulista
(L1, L2, L60) e do tipo Comum (A), após 10 etapas de colheitas. ESALQ/USP -
Piracicaba, 2000...................................................................................................... 33
10 Número total (NTF), massa total (MTF) e massa média (MM) de frutos/parcela
de 7 plantas, de linhagens L1, L2, L4 e L60 e híbridos H3, H5, H6, H61, H62,
H64 de Maxixe Paulista, após 6 colheitas. Piracicaba, ESALQ/USP,
2001........................................................................................................................ 43
11 Comprimento (C), largura (L), espessura de polpa (EP) e relação
comprimento/largura (C/L) de linhagens L1, L2, L4 e L60 e híbridos H3, H5,
H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista. Piracicaba, ESALQ/USP, 2001............. 44
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE MAXIXE PAULISTA (Cucumis anguria L.)
RESUMO
linhagem 2 foi tão produtiva, em termo de peso total, quanto o tipo Comum porém seu
peso médio de fruto foi 75% maior. A planta de maxixe mostrou ser inadequada para
condução no protocolo de tutoramento e podas da cultura do pepino. No terceiro ensaio,
foram avaliadas quatro linhagens e seis híbridos simples, quanto ao comportamento e
produção de frutos no sistema de cultivo tutorado em rede agrícola. A produção e a
qualidade dos frutos dos híbridos foi equivalente a das linhagens. A rede agrícola se
mostrou adequada para o cultivo de Maxixe Paulista na forma tutorada. A concentração
da frutificação ocorreu nas hastes secundárias e terciárias, cujas gavinhas mantiveram as
plantas presas à rede. Esta técnica de condução facilitou a colheita e incrementou a
qualidade dos frutos.
PAULISTA GHERKIN TECHNOLOGIC PRODUCTION (Cucumis anguria L.)
SUMMARY
Paulista Gherkin is a new gherkin type derived from Cucumis anguria x Cucumis
longipes. After mass selection cycles intercalated with inbreeding cycles, lines were
obtained that differ from the common types by their greater fruit size, spine abscence
and non-lobular shaped leaves, similar to cucumber ones. In three experiments, Paulista
gherkin lines and hybrids were evaluated for their yield and fruit production in three
production systems: a) under polyethylene mulching and fertigation crop system; b)
trellised and pruned plants grown in pots with substrate under high plastic tunnel; c)
under the trellised net crop system. In the first experiment, ten lines of Paulista Gherkin
and one type of Common Gherkin were evaluated. Paulista Gherkin fruits were, in
average, 66 to 91% heavier than the Common Gherkin ones. Total fruit weight, of two
gherkin types did not differ. Polyethylene-covered bed and drip fertigation use promoted
an estimate yield of 51,89 t.ha-1. In the second experiment, three Paulista Gherkin lines
and Common Gherkin were cultivated in pots with substrate, under high plastic tunnel
and they were trellised and pruned. Paulista Gherkin fruits were, in average, 62 to 84%
heavier than the Common Gherkin ones. Paulista Gherkin line number 2 was productive
as the Common type, considering the total fruits weight. However, its average fruit
weight was 75% higher. Gherkin plants showed to be inadequate for to be conducted as
suggested for the greenhouse cucumber crop protocol. In the third experiment, four
lines and six single hybrids performance were evaluated for their yield and fruit
production under trellised net crop system. Hybrids and lines were similar for yield and
fruit quality. The trellised net crop system showed to be suitable to support Paulista
Gherkin plants. Fruit concentration occurred in the secondary and tertiary lateral branch
and plants was hold by tendrils on the net. Trellised gherkin in net mate harvest easier
and enhance fruit quality.
1 INTRODUÇÃO
cultivo, práticas culturais e manejo desta cultura poderiam ser adotados para o Maxixe
Paulista.
Muitas são as técnica utilizadas na tecnologia de produção de pepino. Dentre
elas, pode-se destacar o cultivo utilizando cobertura de polietileno; condução vertical,
com manejo de podas e tutoramento e cultivo em ambiente protegido. Para a introdução
destas técnicas no cultivo de Maxixe Paulista, seria imprescindível verificar o
comportamento de linhagens e híbridos e sua adequação nos diferentes tipos de manejo.
O objetivo desta pesquisa foi verificar o comportamento e avaliar a produção de
frutos de Maxixe Paulista em três sistemas de produção: a) em canteiros, no sistema
rasteiro, utilizando cobertura de polietileno e fertirrigação; b) em ambiente protegido,
com tutoramento e podas, sendo as plantas cultivadas em substrato; c) em campo, no
sistema de cultivo tutorado em rede agrícola e sem podas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
cucurbitacina, composto terpenóide que confere sabor amargo aos frutos e em partes
vegetativas. O sabor amargo dos frutos constitui um mecanismo de sobrevivência nas
savanas africanas, contra animais herbívoros. No entanto, estas espécies selvagens
representam um vasto potencial de recursos genéticos a serem utilizados no
melhoramento de espécies cultivadas de Cucumis. A hibridação interespecífica entre
espécies de Cucumis é utilizada para incorporação de características de resistência a
doenças e pragas presentes no material selvagem (Paterniani, 1988).
Originalmente foi considerado nativo das Américas, porém, o maxixe teve sua
origem na África (Meeuse, 1958), sendo considerado um mutante não-amargo da
espécie selvagem africana Cucumis longipes Hook.
No Brasil, foi provavelmente introduzido há cerca de 300 anos, por ocasião do
tráfico de escravos africanos (Robinson & Decker-Walters, 1997). Sendo assim, a maior
área de produção desta olerácea ocorre nas regiões brasileiras de forte influência da
cultura africana, como o norte, nordeste e sudeste do país. Para os nordestinos, o maxixe
constitui-se numa das mais populares hortaliças juntamente com a batata-doce, o
inhame, o quiabo e a abóbora, fazendo parte da sua tradição culinária. O consumo ocorre
na forma de “maxixada”, que consiste no uso de frutos parcialmente imaturos cozidos
com outros ingredientes (Yokoyama & Silva Júnior, 1988). Embora não seja habitual,
esta hortaliça também pode ser consumida in natura na forma de salada e sua maior
potencialidade seria para o segmento de consumo em conserva na forma de picles (Koch
& Costa, 1991; Robinson & Decker-Walters, 1997).
A planta de maxixe é monóica, anual como o pepino, com hábito de crescimento
indeterminado e prostrado. Com relação ao aspecto vegetativo, esta espécie apresenta
folhas lobuladas, em contraste com as folhas não lobuladas típicas de pepino e melão.
Os frutos apresentam grande variabilidade quanto ao formato, presença e ausência de
espículos e sabor amargo (Lower & Edwards, 1986; Melo & Trani, 1998). É uma
espécie de clima quente, adaptada à temperatura e pluviosidade elevadas.
5
que resultam em frutos com alta espiculosidade, enquanto que frutos lisos, sem
espiculosidade, são duplamente recessivos. O caráter massa de fruto é quantitativo e de
herança aditiva, o que indica a possibilidade de rápido progresso no melhoramento do
maxixe para este caráter de alto valor oleráceo.
Posteriormente, a partir da população F2 obtida por Koch & Costa (1991), Costa1
obteve, após alguns ciclos de seleção massal intercalados a gerações de endogamia,
várias dezenas de linhagens elites de maxixe que diferem do tipo comum pela ausência
de espiculosidade, maior tamanho de fruto e formato de folha não lobulada semelhante
ao pepino (Figura 1). Estas linhagens elites foram avaliadas quanto à uniformidade e
características de fruto por Modolo et al. (1999) dando origem a um novo tipo de maxixe
que, por apresentar características totalmente distintas do maxixe tradicional, foi
denominado de Maxixe Paulista (Figura 2).
Como já foi mencionado, o maxixe comum é raramente submetido ao cultivo
convencional e, na maioria das vezes, é coletado a partir de populações subespontâneas
em roçados ou em plantios de subsistência. Porém, a promoção e a difusão de um novo
produto, com características agronômicas melhoradas demanda modernização de sua
tecnologia de produção.
1
COSTA, C.P Comunicação pessoal, 1998.
7
F1
a b
2.2.1 Tutoramento
2.2.2 Poda
As vantagens deste sistema são comuns a várias culturas. Dentre elas, pode-se
destacar: maior renda líquida por área cultivada; aumento da produção total e produção
precoce; conservação da umidade e da estrutura do solo; redução da amplitude térmica
do solo; menor perda de nutrientes por lixiviação; controle de plantas daninhas e
obtenção de produtos mais limpos e de maior qualidade (Passos, 1997; Robinson &
Decker-Walters, 1997; Martins et al., 1998; Martins, 2000).
Na cultura do pepino, o uso de cobertura tem significado uma alternativa de
produção tanto em ambiente protegido como em cultivo convencional. Araújo &
Castellane (1996), analisando o comportamento da cultura do pepino com e sem o uso
de cobertura de polietileno, verificaram que a produção total, em número e massa, e o
comprimento e diâmetro dos frutos foram superiores no cultivo com cobertura. Estes
resultados concordam com aqueles obtidos por Farias-Larios et al. (1994), que,
comparando três tipos de plástico como cobertura de solo no cultivo do pepino em
condições tropicais, verificaram que sua utilização promoveu aumento do crescimento
das plantas, precocidade de produção e aumento do número de frutos/planta.
Resumo
Summary
New gherkin lines were derived from Cucumis anguria x Cucumis longipes
crossing through mass selection cycles intercalated with inbreeding cycles. The new
lines differ from the common types by their absence of prickles, greater fruit size and
non-lobular shaped leaves, similar to cucumber ones. Ten of such lines, selected as elite
ones and named as Paulista Gherkin, were evaluated fruit production under polyethylene
covering and under fertigation growing system. The Common Gherkin was used as
check. Seedlings were produced in expanded polypropylene trays and then transplanted
to the bed center covered with black polyethylene. Plants were spaced out 1,0m apart
from each other and conducted in a prostrate habit under drip fertigation. A randomized
blocks experimental design with four replicates and six plants per plot was used. The
production was expressed as total number of fruits/plot, total weight of fruits/plot and
average fruit weight. A total of 12 harvests were carried out during two months. Paulista
Gherkin fruits were, in average, 66 to 91% heavier than the Common Gherkin ones.
Production of total weight of fruits, of two gherkin types did not differ. The use of
polyethylene-covered bed and drip fertigation promoted an estimate yield of 51,89 t.ha-1.
3.1 Introdução
ser habitual, esta hortaliça também pode ser consumida in natura na forma de salada,
substituindo com vantagem o pepino por ser menos indigesta. Sua maior potencialidade
seria para o segmento de consumo em conserva na forma de picles (Baird & Thieret,
1988; Koch & Costa, 1991; Robinson & Decker-Walters, 1997).
A partir do cruzamento interespecífico entre Cucumis longipes e cultivares de
Cucumis anguria, Koch & Costa (1991) iniciaram um programa de melhoramento de
maxixe conseguindo, entre outras características, quadruplicar o massa do fruto. Após
alguns ciclos de seleção massal, foram obtidas várias dezenas de linhagens de maxixe
que diferem do tipo comum pela ausência de espiculosidade, maior tamanho de fruto e
formato de folha não-lobulada semelhante ao pepino. Estas linhagens foram avaliadas
(Modolo et al., 1999) e selecionadas dando origem a um novo tipo de maxixe que foi
denominado Maxixe Paulista.
O sistema de cultivo do Maxixe Comum é, na sua maioria, obsoleto sendo
raramente submetido ao cultivo convencional. É predominantemente coletado a partir de
populações subespontâneas em roçados ou em plantios de subsistência (Paiva, 1984).
Porém, a partir do momento que temos um novo produto como o Maxixe Paulista,
destinado a outros segmentos de mercado, como na forma de salada ou para conserva,
isto implica em modernização de sua tecnologia de produção.
Algumas técnicas de cultivo podem ser empregadas para promover aumento de
produtividade e melhoria de qualidade de uma hortaliça. Dentre elas pode-se destacar o
cultivo em canteiros com cobertura e uso de fertirrigação, como já vem sendo feito no
cultivo do morango há mais de trinta anos. Atualmente, devido às vantagens que este
sistema oferece, a adesão desta tecnologia de produção é total (Goto & Duarte Filho,
1999).
Há pouco tempo, surgiram no mercado vários tipos de materiais para a cobertura
de solo. Tessarioli Neto et al. (1994abc) compararam uma cobertura permeável, do tipo
não-tecido, de cor preta, com a cobertura normalmente utilizada na cultura do morango.
Foram avaliados temperatura, desenvolvimento vegetativo e produção. No tratamento
com cobertura de polietilieno preto, houve maior aquecimento do solo, maior
desenvolvimento vegetativo e, conseqüentemente, maior produção precoce. Nesta
16
mesma linha de trabalho e também para a cultura do morango, Castellane et al. (1995) e
Cortez et al. (1995) testaram polietileno preto e polipropileno cinza/preto tipo carpete,
comparando-os ao solo descoberto. Estes autores verificaram que tanto a produção total
dos frutos comerciais como sua massa média não foram influenciadas pelo uso de
cobertura, porém, houve redução na quantidade de frutos de qualidade inferior em
relação ao solo descoberto.
Segundo Paiva (1998), os efeitos da cobertura de canteiros para as diversas
hortaliças são praticamente os mesmos: influencia o metabolismo das plantas,
acelerando sua absorção radicular de água e nutrientes; protege o solo da erosão causada
pelo excesso de água de irrigação ou de chuva; aumenta a temperatura do solo nos
primeiros 10 cm de profundidade, favorecendo o desenvolvimento da planta; aumenta o
teor de umidade do solo na região radicular; controla algumas espécies de plantas
daninhas; aumenta a produção dos cultivos além melhorar a qualidade dos produtos
obtidos. Nem sempre esses efeitos são simultâneos e, na sua maioria, é necessário
verificar as interações entre prática olerícola e reação no desenvolvimento da hortaliça.
No cultivo convencional do maxixeiro, existem variações quanto à produtividade
dependendo da época e do local de cultivo. Na Amazônia, no período de menor
pluviosidade, porém, com irrigação e espaçamento de 3,00 x 2,00m entre plantas, as
cultivares Maxixe Liso e Maxixe com espículos produziram 110 e 165 frutos/cova, com
massa média de 37 e 38g/fruto, respectivamente (Pimentel, 1985). No Maranhão, a
produtividade média é de 16 t.ha-1, porém, no período chuvoso, reduz para
aproximadamente 8-10 t.ha-1 (Martins, 1986). Em São Paulo, a produtividade é de 12
t.ha-1, sendo cultivado preferencialmente de setembro a fevereiro (Melo & Trani, 1998).
Filgueira (2000), considerando de uma maneira geral, relata que a produtividade da
cultura do maxixe se situa em torno de 4 - 5 t.ha-1.
Não foi encontrada nenhuma referência sobre cultivo de maxixe utilizando
cobertura de canteiros com polietileno. No entanto, Leal et al. (2000) verificaram
aumento da produtividade desta cultura quando se utilizou palha de palmeira como
cobertura de canteiros. Neste sistema, estes autores verificaram uma produtividade de
17,78 t.ha-1 contrastando com 15,15 t.ha-1 no sistema convencional. No Maxixe Paulista,
17
Tabela 3. Massa de frutos/planta, em kg, de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3,
L4, L5, L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas iniciais
de colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.
Tipos de Massa (kg) de frutos/planta nas etapas de colheita
a
Maxixe 1 2a 3a 4a 5a 6a
A 0,09 0,18 0,38 0,62 0,78 0,31
L1 0,02 0,06 * 0,19 0,41 0,71 0,44
L2 0,12 0,26 0,39 0,86 0,61 0,51
L3 0,09 0,22 0,35 0,77 0,67 0,50
L4 0,02 * 0,06 * 0,14 * 0,52 0,40 0,36
L5 0,01 * 0,03 * 0,09 * 0,28 0,43 0,45
L6 0,08 0,16 0,30 0,59 0,57 0,41
L8 0,04 0,13 0,29 0,64 0,68 0,59
L42 0,02 * 0,07 0,19 0,49 0,52 0,33
L55 0,03 0,08 0,17 * 0,57 0,60 0,63
L60 0,03 0,14 0,21 0,51 0,56 0,46
Dentro da coluna, médias seguidas por (*) são significativamente diferente da testemunha (A) pelo teste
de Dunnet a 5% de probabilidade. Dados transformados em x + 0,5 .
Tabela 4. Massa de frutos/planta, em kg, de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3,
L4, L5, L6, L8, L42, L55 e L60) e do tipo Comum (A), nas seis etapas finais
de colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.
Tipos de Massa de frutos/planta nas etapas de colheita
a
Maxixe 7 8a 9a 10a 11a 12a
A 0,60 0,30 1,36 2,02 0,77 0,57
L1 0,80 0,52 0,67 0,77 * 0,70 0,77
L2 0,81 0,56 0,44 * 0,83 * 0,70 0,57
L3 1,08 0,86 0,79 1,10 1,05 0,94
L4 0,78 0,59 0,96 0,64 * 0,62 0,52
L5 0,79 0,53 0,72 0,76 * 0,69 0,74
L6 0,90 0,71 1,17 1,04 * 0,92 0,83
L8 1,16 0,96 0,73 0,95 * 1,12 0,96
L42 0,92 1,13 * 1,09 0,74 * 0,63 0,50
L55 1,21 1,22 * 1,03 0,81 * 0,89 0,79
L60 0,89 0,69 0,72 0,46 * 0,66 0,50
Dentro da coluna, médias seguidas por (*) são significativamente diferentes da testemunha (A) pelo teste
de Dunnet a 5% de probabilidade. Dados transformados em x + 0,5 .
21
Tabela 5. Número de frutos/planta de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4, L5,
L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas iniciais de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.
Tipos de Número de frutos/planta nas etapas de colheita
a
Maxixe 1 2a 3a 4a 5a 6a
A 3,1 6,6 11,5 18,2 22,2 9,3
L1 0,5 * 1,3 * 3,3 * 7,0 * 11,3 * 7,6
L2 2,6 4,8 7,0 14,0 11,0 * 9,4
L3 2,2 4,1 6,5 13,2 11,4 * 8,9
L4 0,5 * 1,3 * 2,5 * 8,2 * 7,2 * 6,3
L5 0,1 * 0,7 * 2,0 * 5,2 * 7,3 * 7,9
L6 2,3 3,5 * 7,0 11,5 11,4 * 7,5
L8 0,9 * 2,5 * 5,5 * 10,9 12,6 10,7
L42 0,5 * 1,6 * 4,3 * 13,0 10,9 * 6,8
L55 0,7 * 1,7 * 3,5 * 11,0 11,0 * 11,9
L60 0,9 * 2,8 * 4,0 * 8,6 * 9,7 * 8,4
Dentro da coluna, médias seguidas por (*) são significativamente diferentes da testemunha (A) pelo teste
de Dunnet a 5% de probabilidade. Dados transformados em x + 0,5 .
Tabela 6. Número de frutos/planta de linhagens de Maxixe Paulista L1, L2, L3, L4, L5,
L6, L8, L42, L55 e L60 e do tipo Comum (A), nas seis etapas finais de
colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 1999.
Tipos de Número de frutos/planta nas etapas de colheita
Maxixe 7a 8a 9a 10a 11a 12a
A 15,6 8,4 41,1 56,9 20,0 13,3
L1 11,8 8,1 9,2 * 11,5 * 10,4 12,3
L2 13,3 9,7 7,5 * 13,8 * 12,9 13,1
L3 16,5 13,5 12,6 * 16,0 * 17,2 14,5
L4 12,3 10,5 12,3 * 8,9 * 9,6 * 7,8
L5 12,8 9,0 12,1 * 12,1 * 12,0 12,6
L6 15,8 12,8 20,6 * 16,5 * 15,5 14,0
L8 18,3 16,4 11,7 * 13,7 * 20,3 15,5
L42 17,8 22,3 * 20,9 * 15,7 * 12,0 9,0
L55 20,1 21,8 * 17,3 * 11,4 * 15,6 13,8
L60 14,5 11,3 11,0 * 6,4 * 11,1 8,0
Dentro da coluna, médias seguidas por (*) são significativamente diferentes da testemunha (A) pelo teste
de Dunnet a 5% de probabilidade. Dados transformados em x + 0,5 .
22
Tabela 7. Número total (NTF), massa total (MTF) e massa média (MM) de
frutos/parcela de 6 plantas, de Maxixe Paulista (L1; L2; L3; L4; L5; L6; L8;
L42; L55 e L60) e do tipo Comum (A), após 12 colheitas. Piracicaba,
ESALQ/USP, 1999.
Tipos de maxixe NTF MTF (kg) MM (g)
A 1306 a 47,91 a 36,78 b
L1 517 b 36,44 a 70,05 a
L2 656 b 39,98 a 61,55 a
L3 738 ab 50,53 a 68,96 a
L4 462 b 33,68 a 70,41 a
L5 508 b 33,13 a 64,07 a
L6 752 ab 46,12 a 61,22 a
L8 735 ab 49,45 a 67,23 a
L42 674 b 39,67 a 58,94 a
L55 708 ab 48,31 a 68,65 a
L60 512 b 34,94 a 65,64 a
C.V. 25,45 % 27,46 % 8,04 %
Dentro da coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
população de 13.000 plantas.ha-1 tem sido de 12 t.ha-1 (Melo & Trani, 1998). Para as
diferentes regiões produtoras de maxixe, a produtividade varia de 4 a 16 t.ha-1 (Pimentel,
1985; Martins 1986; Filgueira 2000). Isto mostra ganhos de produtividade total no
sistema de manejo com cobertura plástica de canteiros e fertirrigação por gotejamento,
onde foi obtida uma produtividade de três a treze vezes maior que a descrita na literatura
no cultivo convencional.
A característica que melhor caracteriza as diferenças entre o Maxixe Comum e o
Paulista é a massa média do fruto. O Maxixe Comum apresenta massa média variando
de 14,57 a 45,70g dependendo da cultivar, da época de plantio e da região produtora
(Pimentel, 1985; Resende, 1998). Isto concorda com o encontrado neste experimento
onde a média de massa/fruto foi de 36,78g. As linhagens de Maxixe Paulista apresentam
massa média de fruto de 66 a 91% maior que o do tipo Comum (Tabela 7).
Torna-se importante ressaltar que o sistema de comercialização no atacado de
hortaliças é baseado em volume de frutos, enquanto a comercialização no varejo é feita
com base na massa do produto. No Brasil, a embalagem mais utilizada na
comercialização do Maxixe Comum é a caixa tipo "K", com 20kg do produto (Filgueira,
2000). Considerando-se uma massa média de fruto maior, seria necessário menor
número de frutos para completar o mesmo volume de comercialização, o que traria
economia de mão-de-obra tanto na colheita quanto na embalagem do produto. Outra
vantagem do aumento da massa média do fruto é a inserção deste novo produto no
consumo in natura na forma de salada. Tradicionalmente, para o preparo do Maxixe
Comum, os frutos são raspados para retirada dos espinhos e da casca e, devido ao seu
tamanho, estes são colocados inteiros para o cozimento com outros ingredientes. No
Maxixe Paulista, além do uso na forma cozida, os frutos com casca lisa e dimensões
maiores facilitam o corte em fatias, como é feito com o fruto de pepino, para o consumo
em saladas.
Algumas considerações podem ser feitas quanto ao comportamento do cultivo do
maxixe no manejo adotado. O espaçamento de 1,0m entre plantas mostrou ser
competitivo, com ampla cobertura do solo, o que dificultou o manuseio das plantas na
fase final das etapas de colheita. O hábito de crescimento prostrado e a intensa
24
ramificação da cultura fizeram com que as ramas crescessem para fora da cobertura de
polietileno. Este comportamento fez com que houvesse pisoteio e danos nas
ramificações ao longo dos espaços entre os canteiros, nas etapas finais de colheita. Com
isso, as vantagens diretas na qualidade dos frutos oferecidas pelo uso da cobertura de
solo foram restritas somente às primeiras etapas de colheita. Se fosse considerado o
cultivo de maxixe como alternativa para produtores de morango, como cultura de
entressafra, maiores estudos deveriam ser realizados para que a produção dos frutos seja
concentrada em cima da cobertura.
3.4 Conclusões
♦ A produção em massa total de frutos não diferiu entre os dois tipos de maxixe;
Resumo
75% maior. A planta de maxixe mostrou ser inadequada para condução no protocolo de
tutoramento e podas da cultura do pepino. O maxixe apresentou uma forte supressão da
dominância apical predominando uma concentração de frutificação na região basal da
planta o que tornou a poda trabalhosa e ineficaz.
Summary
Paulista Gherkin is a new gherkin type derived from Cucumis anguria x Cucumis
longipes, crossing with distinct fruit and leaf characteristics. The behavior of three
Paulista Gherkin lines was evaluated. Plants were grown in pots with substrate, under
hight plastic tunnel and they were trellised and pruned. Common Gherkin was used as
control. Seedlings were produced in expanded polypropylene trays and then transferred
to 5-liter pots containing a mixture of sand, vermiculite and humus. Inside a high plastic
tunnel, the pots were arranged within 5 double rows and displayed 0.5m from each
other, with 1.0m between lines. Plants were trellised and pruned according to the
cucumber cultivation protocol under protected environment. Drip irrigation system was
made with spaghetti type, and N-P-K fertlizer was used for fertigation. A randomized
blocks design with eight replicates and eight plants per plot was used. Evaluated
characteristics were total number of fruits/plot, total weight of fruits/plot and average
fruit weight. A total of ten harvests were carried out during two months. The total
production expressed as the total weight of fruits did not differ between the two gherkin
types. Paulista Gherkin fruits were, in average, 62 to 84% heavier than the Common
Gherkin ones. The line number 2 of Paulista Gherkin was as productive as the Common
type, considering the total weight of fruits. However, its average fruit weight was 75%
27
4.1 Introdução
2
citado por Brandão Filho & Callegari (1999).
29
30,0
20,0 L1
L2
10,0 A
L60
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Colheitas
Figura 3 - Massa total (kg) de frutos/parcela de 8 plantas das linhagens L1, L2 e L60 de
Maxixe Paulista e do tipo Comum (A), durante as 10 etapas de colheita.
ESALQ/USP - Piracicaba, 2000.
600
Número de frutos/parcela
500
L1
400
L2
300
A
200 L60
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Colheitas
Tabela 9. Número total (NTF), massa total (MTF), massa média (MM) de frutos/parcela
de 8 plantas e produtividade estimada (PE) das linhagens de Maxixe Paulista
(L1, L2, L60) e do tipo Comum (A), após 10 etapas de colheitas.
ESALQ/USP - Piracicaba, 2000.
Tipos de maxixe NTF MTF (kg) PM (kg) PE (kg/planta)
A 270, 12 a 10,80 ab 39,80 c 1,4
L1 132,00 b 9,70 b 73,32 a 1,2
L2 191,00 b 13,50 a 69,77 ab 1,7
L60 154,37 b 10,10 b 64,79 b 1,3
C.V. 16,55% 19,63% 4,27%
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Conforme relatado por Modolo & Costa (2001b), a característica que melhor
diferencia o Maxixe Paulista do Comum é a massa média do fruto. Isto também foi
constatado no sistema de cultivo em ambiente protegido, pois a massa média de fruto
das linhagens foram de 62 a 84% superiores ao tipo Comum.
A linhagem L2 destaca-se pelo seu desempenho em duas das três características
observadas. Quanto à produção total, ela é tão produtiva quanto o tipo Comum, porém,
seu massa média de fruto é 75% maior.
A produtividade estimada de Maxixe Comum neste sistema de condução e
cultivo em ambiente protegido foi de 1,4 kg/planta. Com a densidade de plantas utilizada
no experimento, estima-se uma produtividade de 3,6 kg.m-2. Marouelli et al. (2001),
estudando o efeito residual de fontes de nitrogênio no cultivo de maxixe tutorado em
rede agrícola, sem podas e em ambiente protegido, obteve produtividade de 4,4 kg.m-2.
Estes resultados são superiores aos encontrados por Leal et al (2001) que, no cultivo
34
tutorado em ambiente com 50% de sombra, obtiveram produção variando de 0,19 a 0,6
kg.m-2 .
O manejo da planta de maxixe tutorada, com podas e em ambiente protegido,
trouxe algumas dificuldades na condução do experimento. A planta de maxixe, embora
sendo do mesmo gênero que o pepino, não teve a mesma resposta ao protocolo de podas
das suas hastes laterais. Tanto no Maxixe Paulista como Comum, há uma forte supressão
da dominância apical e forte estímulo da brotação lateral na parte basal da planta. Sendo
assim, à medida que se efetuava a poda das hastes secundárias, o crescimento apical da
planta não era estimulado e sim ocorria o surgimento de uma nova brotação lateral
secundária, terceária ou até quaternária (Figura 5). A concentração de brotação e
frutificação na região basal da planta fez com que houvesse pisoteamento das ramas
laterais nas etapas finais de colheita. Isto mostra a dominância do caráter silvestre e
pouco domesticado do maxixe em relação ao pepino, que, aliás, é a espécie de Cucumis
mais domesticada e submetida a intensivos processos de melhoramento. Nas modernas
variedades ginóicas de pepino, a frutificação ocorre principalmente na haste principal,
com domínio sobre as brotações laterais (Maroto, 1995).
35
3
Marchini, L.C. Comunicação pessoal, 2002.
36
4.4 Conclusões
♦ A produção total em massa de frutos não diferiu entre os dois tipos de maxixe;
Resumo
Summary
New gherkins lines were obtained from the crossbreeding between Cucumis
anguria x Cucumis longipes through mass selection intercalated with inbreeding cycles.
New lines differ from the common type by their absence of prickles, greater fruit size
and non-lobular shaped leaves, similar to cucumber ones. Four of such lines and six
simple hybrids were evaluated for their yield and fruit production under the trellised net
cultivation system. Seedlings were produced in expanded polypropylene trays,
containing 128 cells, and then transplanted to the center of 1,20m beds. Plants were
conducted without pruning on a 0,10m x 0,10m trellised net. A randomized blocks
experimental design with four replicates and seven plants per plot was used. The
production was expressed as the number and total weight of fruits/plot. Length, width
and pulp thickness fruits were evaluated, with five sampled ones per plot for two
harvests. Hybrids and lines were equivalent for production and fruits qualities. The
trellised net showed to be suitable for the growing of Paulista Gherkin to support plants.
Fruit concentration occurred in the secondary and tertiary lateral branch and their
tendrils hold plants on the net. It is a trellis technique that mate harvest easier and
improved fruit quality.
5.1 Introdução
produção total e massa média de frutos, algumas características são peculiares a cada
uma delas. Dentre estas, pode-se destacar formação lenta de semente, maior espessura de
polpa de fruto, prolificidade e dormência de sementes. As cucurbitáceas são conhecidas
por não apresentarem depressão do vigor quando submetidas à endogamia (Robinson &
Decker-Walters, 1999; Maluf, 2001). Contudo, a utilização de híbridos é amplamente
difundida na cultura do pepino, onde a combinação de genes de qualidade de frutos ou
de resistência a doenças é mais vantajoso que a heterose. A combinação de
características através de produção de híbridos de Maxixe Paulista poderia ser uma
alternativa para aumentar a qualidade de frutos e/ou a produção.
No cultivo tradicional a planta de maxixe desenvolve-se de maneira prostrada,
com baixa produtividade e seus frutos, devido ao contato com o solo, apresentam-se
danificados, desuniformes e estiolados, conhecidos como "barriga branca", o que
deprecia sua qualidade (Martins 1986). Sendo o Maxixe Paulista um novo produto
destinado aos segmentos de consumo in natura na forma de salada, em conserva ou
cozido como abobrinha, existe a necessidade de adequar sua tecnologia de produção.
Segundo Filgueira (2000), a condução tutorada apresenta algumas consideráveis
vantagens: favorece o controle fitossanitário, facilita alguns tratos culturais, melhora a
qualidade do fruto, aumenta a longevidade da planta, alonga o período produtivo,
favorece a colheita parcelada e possibilita produtividade mais elevada. Diversos
protocolos de podas e tutoramento são utilizados em culturas hortícolas como pepino,
melão e tomate, tanto em ambiente protegido ou não. Na cultura do pepino, o
tutoramento tem grande importância para maximizar a produção e qualidade de frutos.
Nesta cultura, esta prática promove um aumento de 3 a 5 vezes na produção quando
comparada ao cultivo rasteiro (Alvarenga, 1982; Illescas & Vesperinas, 1989). No caso
do Maxixe Paulista, não houve resposta positiva quando a cultura foi submetida a um
dos protocolos de tutoramento e podas da cultura de pepino (Modolo & Costa, 2001b).
Esta inadequação foi devido à forte supressão da dominância apical e estímulo da
ramificação basal, concentrando a maior produção de fruto nas hastes secundárias e
terciárias do terço basal da planta. No entanto, Leal et al. (2000) verificaram que, no
cultivo tutorado do Maxixe Comum com fio de ráfia, a total distribuição da luz por todos
40
o lados do fruto proporcionou menor percentual de frutos com "barriga branca", com
incremento de sua qualidade. Marouelli et al. (2001), avaliando o efeito residual de
nitrogênio na produção de maxixe em ambiente protegido, utilizou rede agrícola para
tutoramento das plantas. Estes autores verificaram porcentagem média de 6,4% de frutos
com "barriga branca" e 0,1% de frutos refugo.
O tutoramento em rede agrícola, sem o uso de podas, poderia ser uma alternativa
de manejo nesta cultura. Neste caso, a rede facilitaria o tutoramento vertical e horizontal
das hastes secundárias e terciárias, evitando o contato dos frutos com o solo o que
melhoraria sua qualidade e facilitaria a colheita.
O objetivo desta pesquisa foi comparar a produção de linhagens e híbridos de
Maxixe Paulista cultivadas em campo, com práticas de tutoramento em rede agrícola.
180
Número de frutos/parcela
L1
160
L2
140 H3
120 L4
100 H5
80 H6
60 L60
H 61
40
H 62
20 H 64
0
1 2 3 4 5 6
Etapas de colheita
Figura 6 - Número total de frutos/parcela de 7 plantas das linhagens L1, L2, L4 e L60 e
híbridos H3, H5, H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista, durante as 6 etapas
de colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 2001.
12,00
L1
Massa total (kg/parcela)
10,00 L2
H3
8,00 L4
H5
6,00 H6
L60
4,00
H 61
2,00 H 62
H 64
0,00
1 2 3 4 5 6
Etapas de colheita
Figura 7 - Massa total (kg) de frutos/parcela de 7 plantas das linhagens L1, L2, L4 e L60
e híbridos H3, H5, H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista, durante as 6
etapas de colheita. Piracicaba, ESALQ/USP, 2001.
43
Tabela 10. Número total (NTF), massa total (MTF) e massa média (MM) de
frutos/parcela de 7 plantas, de linhagens L1, L2, L4 e L60 e híbridos H3,
H5, H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista, após 6 colheitas. Piracicaba,
ESALQ/USP, 2001.
Maxixe Paulista NTF MTF (kg) MM (g)
L1 221 b 16,29 b 74,59 a
L2 497 a 34,40 ab 69,52 a
H3 480 a 37,84 a 72,63 a
L4 461 ab 31,23 ab 67,79 a
H5 496 a 35,28 ab 71,98 a
H6 465 ab 36,05 ab 77,20 a
L60 410 ab 29,34 ab 71,13 a
H61 360 ab 28,18 ab 77,13 a
H62 517 a 39,35 a 76,27 a
H64 443 ab 32,50 ab 72,70 a
C.V. 23,02% 27,71% 10,43%
Dentro de cada coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
porém, não foram feitas relações entre este parâmetro e relação C/L. Os frutos de
Maxixe Paulista são mais arredondados que compridos, quando comparados aos do
pepino. Portanto, são necessários estudos mais detalhados quanto ao ponto de colheita e
relação C/L para que sejam definidos valores ideais para processamento.
Para o consumo in natura na forma salada é desejável que o fruto apresente
maior espessura de polpa.
Tabela 11. Comprimento (C), largura (L), espessura de polpa (EP) e relação
comprimento/largura (C/L) de linhagens L1, L2, L4 e L60 e híbridos H3,
H5, H6, H61, H62, H64 de Maxixe Paulista. Piracicaba, ESALQ/USP,
2001.
Maxixe Paulista C (cm) L (cm) C/L EP (cm)
L1 7,25 a 4,71 a 1,54 a 0.57 a
L2 6,85 a 4,75 a 1,44 a 0.46 ab
H3 6,19 a 4,65 a 1,44 a 0.53 abc
L4 7,01 a 4,82 a 1,46 a 0.50 abc
H5 6,98 a 4,75 a 1,47 a 0.50 abc
H6 7,26 a 4,76 a 1,52 a 0.50 abc
L60 6,86 a 4,69 a 1,46 a 0.45 c
H61 7,24 a 4,86 a 1,49 a 0.53 ab
H62 7,13 a 4,83 a 1,47 a 0.49 bc
H64 7,22 a 4,87 a 1,48 a 0.51 abc
C.V. 6,48% 3,66% 3,94% 5.98%
Dentro de cada coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
5.4 Conclusões
♦ A utilização de rede agrícola para o tutoramento mostrou ser adequada para o cultivo
de Maxixe Paulista;
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