Efeitos de Borda Sobre Comunidades de Musgos

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Resumos/Abstracts

Rev. Biol. Neotrop. 6(2):75-76, 2009

E feitos de borda sobre comunidades de musgos


epifíticos em área de Cerrado no Brasil Central
(Bryophyta)

Maria Adriana Santos Carvalho


Endereço atual/Current address: Universidade Estadual de Goiás, Campus Henrique
Santillo, Rod. BR 153, km 98, Anápolis, 75001-970, Goiás, Brazil; e-mail: mariadriana08@
yahoo.com.br
Dissertação de Mestrado/Master Dissertation: Programa de Pós-Graduação em
Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil/Postgraduate
Program in Ecology and Evolution, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brazil
Defendida/Defended: 24.III.2009
Orientador/Advisor: Prof. Dr. Frederico Augusto Guimarães Guilherme, Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal de Goiás, Campus de Jataí, Jataí, Goiás, Brasil/
Center of Agricultural Sciences, Universidade Federal de Goiás, Campus of Jataí, Jataí,
Goiás, Brazil
Co-orientadora/Co-advisor: Profa. Dra. Solange Xavier dos Santos, Universidade
Estadual de Goiás, Campus Henrique Santillo, Anápolis, Goiás, Brasil/Universidade Federal
de Goiás, Campus Henrique Santillo, Anápolis, Goiás, Brazil

Resumo: As mudanças microclimáticas promovidas pela proliferação de bordas nas


paisagens fragmentadas, designadas “efeitos de borda”, podem resultar em alterações na
composição de espécies, estrutura das comunidades e processos ecológicos. Apesar do
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drástico aumento das áreas de borda causado pela fragmentação antrópica, as bordas e suas
áreas de influência constituem importante característica estrutural também nas paisagens
naturais. Isto é evidente no bioma Cerrado, que além da acelerada perda e degradação
de habitats que vem sofrendo, é também composto por mosaicos de tipos vegetacionais
cujos limites ou ecótonos são comuns. As briófitas constituem um grupo de organismos
ideal para a avaliação dos efeitos de borda, pois, em decorrência de suas condições
fisiológicas, são vulneráveis às alterações microclimáticas, o que as torna particularmente
úteis como indicadoras dos efeitos adversos da fragmentação. Diante disso, este trabalho
teve por objetivo avaliar como as comunidades de musgos (Bryophyta) epífitos respondem
às bordas florestais proporcionadas antropicamente e às bordas naturais nas transições
campo-floresta no Cerrado. As áreas de estudo estão localizadas no Parque Estadual da
Serra de Caldas Novas e no seu entorno, compreendendo os municípios de Caldas Novas e
Rio Quente, estado de Goiás. A amostragem foi feita em três tipos de habitats: 1) florestas
de galeria nas encostas da serra com transições abruptas para campos rupestres; 2) borda
(0 a 10 m); 3) interior (100 m a 110 m) de fragmentos de florestas estacionais circundados
por matriz de pastagem. Os três tratamentos considerados na análise foram designados
pelas siglas: BN (borda natural), BA (borda antrópica) e IF (interior do fragmento). Para
cada tratamento foram selecionadas quatro réplicas. Quatro parcelas de 10 m x 10 m foram
plotadas aleatoriamente ao longo de transectos de 10 m x 200 m para cada tratamento
em cada área. Para a amostragem dos musgos nas parcelas, foram selecionadas todas
as árvores com perímetro à altura do peito (PAP) ≥ 20 cm e com cobertura mínima de
briófitas de 300 cm2. Para o levantamento quantitativo dos musgos, foi adotado o método
de interceptação de linha. A comparação das estimativas de riqueza de Jackknife (33,56
para IF, 30,56 para BA e 25,63 para BN) mostrou que houve diferença apenas entre IF e BN
e a cobertura de musgos foi significativamente maior em BN do que em BA (F2,45 = 5,34; p =
0,008). A análise de similaridade (ANOSIM) mostrou que a comunidade de musgos foi mais
distinta em BN e a composição de espécies neste ambiente foi significativamente dissimilar
tanto de BA quanto de IF (R = 0,198; p < 0,001). Dois fatores podem explicar porque
o efeito de borda sobre a riqueza e a cobertura de espécies de musgos epífitos não foi
evidenciado neste estudo: 1) a homogeneidade na estrutura da vegetação observada entre
borda e interior; 2) esta pesquisa ter considerado apenas os musgos, enquanto muitos
estudos confirmam maior sensibilidade das hepáticas aos diferentes distúrbios. Efeitos
mais claros foram observados entre BA e BN, tanto na cobertura quanto na composição de
espécies. Isso, provavelmente, se deve às diferenças espaciais e temporais na criação destas
bordas, ou às características topográficas dos enclaves, principalmente por sua localização
em depressões e por apresentar cursos de água no seu interior, o que, provavelmente,
determina maior umidade nestes ambientes. O teste de qui-quadrado mostrou diferenças
significativas na frequência de ocorrência das formas de vida nos diferentes tratamentos,
exceto para a forma tufo. O maior valor de qui-quadrado ocorreu para a forma de vida
flabeliforme, que predominou em BN, colaborando com as evidências já apresentadas de
condições microclimáticas mais favoráveis aos musgos em BN, visto que o hábito flabeliforme
é intolerante à dessecação. Isso indica que a utilização de grupos funcionais de briófitas
como formas de vida pode gerar maior generalização e propiciar a obtenção de respostas
mais claras do que a riqueza de espécies na avaliação dos efeitos de borda.
Palavras-chave: Bordas antrópicas, bordas naturais, briófitas, Cerrado, fragmentação
florestal, Goiás.

Edge effects on epiphytic moss (Bryophyta) communities in the Brazilian Cerrado


Abstract: Microclimatic changes enhanced by the proliferation of edges in fragmented
landscapes, known as “edge effects”, may result on shifts in species composition,
structure of communities, and ecological processes. Despite the dramatic increase in
edge areas caused by anthropogenic habitat fragmentation, the edges and their areas
of influence also constitute a relevant structural feature in natural landscapes. This is
evident in the Cerrado biome, which is suffering an accelerated degradation and habitat
loss and is composed of mosaics of vegetation types that have common boundaries or
ecotones. Bryophytes are an ideal group for assessing the edge effects because due to
their physiological characteristics, they are vulnerable to microclimatic changes, which
makes them particularly useful as indicators of adverse fragmentation effects. This study
aimed at assessing how epiphytic moss (Bryophyta) communities respond to forest edges
originated from anthropogenic fragmentation and to natural edges in the grassland-forest
transitions in the Cerrado. The areas under study are located in Parque Estadual da Serra
76 de Caldas Novas and its surroundings, encompassing the municipalities of Caldas Novas
and Rio Quente, state of Goiás. Sampling was performed in three habitats: 1) gallery
forests on the slopes of the hills with abrupt transitions to rock outcrops fields; 2) edge
(0 to 10 m); 3) interior (100 m to 110 m) of seasonal forest fragments surrounded by
a grazing matrix. The three treatments considered in the analysis were designated by
the abbreviations: BN (natural edge), BA (anthropogenic edge), and IF (interior of the
fragment). For each treatment we selected four replicates. Four plots of 10 m x 10 m were
randomly delimited along transects of 10 m x 200 m for each treatment in each area. For
moss sampling in the plots, we selected all the trees with perimeter at breast height (PBH)
≥ 20 cm and with minimum bryophyte coverage of 300 cm2. For the quantitative moss
survey we employed the interception line method. The comparison of Jackknife richness
estimates (33.56 for IF, 30.56 for BA, and 25.63 for BN) showed that there was difference
only between IF and BN and that moss coverage was significantly higher in BN than in BA (F2,45
= 5.34, p = 0.008). The analysis of similarities (ANOSIM) showed that the moss community
was more distinct in BN, and the composition of species in this environment was significantly
dissimilar to BA and IF (R = 0.198, p < 0.001). Two factors may explain why the edge effect
on species richness and coverage of epiphytic mosses was not evidenced in this study: 1)
homogeneity of the vegetation structure observed between edge and interior; 2) this study
considered only the mosses, whereas many studies confirm a higher sensitivity of liverworts
to disturbance. Clearer effects were observed between BA and BN, both in coverage and in
species composition. This is probably due to differences in spatial and temporal development
of these edges, or topographic features of the gallery forests, particularly due to their location
in depressions with creeks, which probably provides more moisture to these environments.
The chi-square test showed significant differences in the frequency of occurrence of life forms
in the different treatments, except for the tuft form. The highest chi-square value occurred for
the flabelliform life form, which predominated in BN, collaborating with the evidences already
presented of microclimatic conditions more favorable to mosses in BN, since the flabelliform
habit is intolerant to desiccation. This indicates that the use of functional groups of bryophytes
as life forms can generate more generalization and help get clearer answers than species
richness in the evaluation of the edge effects.
Key words: Anthropogenic edges, natural edges, bryophytes, Cerrado, forest fragmentation,
Goiás.

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