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Direito

Direito e Saúde

MACIEL-LIMA, Sandra et al. Concepções de “saúde” na pesquisa jurídica:


uma revisão sistemática. *Revista de Estudos Empíricos em Direito*, v. 10,
2023. DOI: 10.19092/reed.v10.659. Licenciado sob uma Licença Creative
Commons - Atribuição 4.0 Internacional.

Trata-se de texto com amplitude e solidez linguística, citação de um sem-número de


fontes confiáveis e importantes à temática abordada, sendo de mister relevância
acadêmica para a compreensão e conhecimento acerca das diferentes concepções de
saúde na produção científica de pesquisadores da área jurídica.

Justifica-se pela necessidade de compreensão do termo polissêmico, saúde. De teor


exploratório e descritivo, segue-se também afirmar que o estudo visa a colaborar com o
estabelecimento de categorias de análise do verbete saúde.

Expõem-se resultados e análise de dados, sobretudo no modelo de tabelas gráficas,


com o intuito de ser didático e mais detalhadamente compreensível pelo público a que
se destina.

Considera finalmente os próprios resultados da pesquisa com relação ao tema, na


pretensão de auxiliar a ação estatal.

Constatou-se a hegemonia na produção científica do termo saúde como um direito


fundamental, e pouca exploração de sua vertente consumista pelos acadêmicos.
Assim, a predominância revela uma valorização do Estado como provedor dos direitos
e garantias fundamentais, entre eles, a saúde.

Não visando a fazer juízos valorativos, o que poderia ser prejudicial ao seu exímio
caráter científico, ainda assim contribui para concepções sociais que se opõem ao
mercado como meio de distribuição igualitário dos benefícios e vantagens sociais, o
que faz rememorar o pensamento jurídico do filósofo John Rawls.

Destaca também a quase ausência de publicações sobre a temática em alguns


periódicos da academia jurídica, revelando que estes, pela própria postura editorial de
suas revistas, concederam maior enfoque à teoria crítica em detrimento da abordagem
de direitos específicos.
Não obstante, a maior valorização da teoria crítica também se traduz, em outras
instituições, como a aceitação somente de um estudo mais amplo sobre os direitos
fundamentais, premiando toda a coletividade com uma visão mais socializante e menos
especifista. Isso decorre, consequentemente, dos princípios da teoria fundamental, que
critica a compartimentação das questões sociais como fenômeno da sociedade
capitalista.

Trata do intercâmbio entre as tecnologias contemporâneas e a área da saúde, bem


como as implicações éticas decorrentes, haja visto que nenhum avanço na saúde, ou
em qualquer área humana estará desprovido de questionamentos de ordem moral.

Atenta também para a importância da produção científica voltada ao assunto da


prevenção em saúde, especialmente no contexto brasileiro, em níveis de atenção
primária à saúde. Decorrente da extensão territorial continental, o assunto se faz
necessário sobretudo no caso brasileiro, por igualmente tratar-se de país
subdesenvolvido — logo, com grupos sociais muito vulneráveis no acesso a um
sistema de saúde — bem como um país tropical, de doenças quase exclusivas, se
comparado com países europeus.

Ainda sobre a metodologia, o estudo abarca citações de autores, como Dias, Silveira e
Ribeiro, acerca da participação popular na Agência Nacional de Saúde Suplementar,
revelando o poder de crítica e transformação da sociedade civil na regulação dos
assuntos tratados pela entidade, ainda mais considerando seu caráter regulatório dos
sistemas privados de saúde.

Aborda historicamente a eticidade no meio jurídico sobre a área da saúde, conquanto


tal assunto envolve caráter normativo, e traz à tona o contexto imediatamente posterior
à Segunda Grande Guerra, em que passou-se a questionar mais diuturnamente as
investigações científicas voltadas à área da saúde, especialmente quando envolvendo
diretamente a exploração de corpos humanos. Desta feita, rememora-se os inventos
Nazistas nos campos de concentração, em que os médicos germânicos não
observavam a moral dos seus trabalhos, mas apenas os resultados finais que seriam
produzidos como frutos de suas atividades.

Discorre ainda a necessidade de revisão contínua sobre a conceituação do termo


saúde, vez que a sociedade está sempre se transformando, o que se traduz em novas
concepções do termo, sejam mais abrangentes ou mais específicas. Aqui, aliás,
ressalta-se ainda um problema intrinsecamente geracional, posto que “cada época” tem
a sua forma de vida, estilos, uso do corpo, etc, que implica diretamente na forma como
se abordam todas as questões envoltas no termo saúde, ou dele consequenciadas.
Expõe a concepção de saúde como bem de consumo, transferindo-se da
responsabilidade estritamente pública para a privada, especialmente no contexto de um
mercado capitalista cada vez maior e mais amplo. Dessa forma, mostra como as
pessoas passaram a “comprar saúde” na forma de aquisição de substâncias, ou na
promoção pessoal de ações saudáveis, como a prática constante de atividades físicas.
Assim, conclui-se que as pessoas, na contemporaneidade, colocaram-se na
responsabilidade primeira sobre sua própria sanidade física, e também — diga-se —
mental.

Passou também a mercantilização da saúde às esferas da desigualdade, conquanto


quem tem maiores recursos calhou adquirir mais e melhores produtos e serviços
sanitários, enquanto quem tem menos recursos, teve seu acesso aos mesmos
benefícios mais restringidos — e não por força de opressão de ricos sobre pobres —
mas por falta de recursos, mesmo.

Preocupou-se também discernir corretamente sobre essa transferência da saúde para


o âmbito do mercado, destacando a importância elementar de salvaguardar o Sistema
Único de Saúde (SUS), de modo a não privilegiar demasiadamente a iniciativa privada,
e garantindo minimamente a ideia, na prática, de saúde universal, i.e., para todas as
pessoas independentemente de sua origem econômica.

Indicado para estudantes e pesquisadores da área jurídica que visem a contribuir para
uma maior abordagem acadêmica do tema saúde.

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