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RELAÇÕES JURÍDICAS

CONTEMPORÂNEAS
AUTOR: DANIELLE DA COSTA LEITE BORGES

GRADUAÇÃO
2014.2
Todos os direitos reservados à Fundação Getúlio Vargas.

Organizadora
Professora: Borges, Danielle da Costa Leite.

Relações Jurídicas Contemporâneas


Elaborada em Setembro de 2014.

Apostila elaborada a partir da Apostila da Disciplina


Responsabilidade Civil e Direito do Consumidor, de
autoria da Profª Daniela Silva Fontoura de Barcellos.
Bibliografia, Editora FGV, Rio de Janeiro.

A presente apostila tem por intuito orientar o estudo


individual acerca do tema de que trata, antecipando-se
à aula que lhe é correspondente, com a estrita finali-
dade de oferecer diretrizes doutrinárias e indicações
bibliográficas relacionadas aos temas em análise. Nesse
sentido, este trabalho não corresponde necessaria-
mente à abordagem conferida pelo professor em sala
de aula, tampouco tenciona esgotar a temática sobre
a qual versa, prestando-se exclusivamente à função de
base para estudo preliminar e referência de consulta.
Sumário
Relações Jurídicas Contemporâneas

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 4

AULA 1. INTRODUÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) .......................................... 7

AULA 2. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO E O SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR ..................... 10

AULA 3. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR........................................................................................................... 12

AULA 4. RESPONSABILIDADE POR FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO .............................................................................. 13

AULA 5. RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS ....................................................................................... 15

AULA 6. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ............................................................................. 17

AULA 7. PROTEÇÃO PRÉ-CONTRATUAL .................................................................................................................... 19

AULA 8. PRÁTICAS ABUSIVAS ............................................................................................................................... 20

AULA 9. CONTRATOS DE CONSUMO ........................................................................................................................ 21

AULA 10. CLÁUSULAS ABUSIVAS ........................................................................................................................... 23

AULA 11. BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMO............................................................................................ 25

AULA 12. CONTROLE JUDICIAL DOS CONTRATOS DE CONSUMO ...................................................................................... 27

AULA 13. ESTRATÉGIAS PROCESSUAIS COLETIVAS EM MATÉRIA DE CONSUMO .................................................................. 29


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

INTRODUÇÃO

A disciplina Relações Jurídicas Contemporâneas tem como objetivo prin-


cipal auxiliar os alunos a entenderem a proteção do consumidor em face dos
desafios da sociedade massificada, globalizada e informatizada.
Como objetivos específicos a disciplina pretende transmitir aos alunos os
conceitos e princípios da legislação consumerista brasileira, possibilitando-
-lhes aplicar tais princípios a situações problema, bem como analisar e dis-
cutir doutrina e jurisprudência sobre a responsabilização civil na legislação
consumerista, além de contratos de adesão, identificando cláusulas e práticas
abusivas.

A. METODOLOGIA

A metodologia utilizada será participativa, com ênfase em estudos de caso


e na exposição dialogada. A leitura prévia dos textos indicados pelo professor
é fundamental para a construção do conhecimento e desenvolvimento das
atividades programadas para o curso.

B. ROTEIRO DAS AULAS

Tema Objetivos Metodologia


Compreender o contexto de surgi-
Introdução e âmbito de mento do direito do consumidor no
aplicação das normas Brasil. Reconhecer as principais dife- Aula expositivo-participati-
Aula 1
de defesa do consumi- renças sistemáticas entre o direito va com análise de julgados
dor (CDC) do consumidor e outros ramos do
direito, especialmente o direito civil.
Política Nacional das
Compreender o funcionamento do
Relações de Consumo e Aula expositivo-participa-
Aula 2 processo administrativo de defesa
o Sistema Nacional de tiva
do consumidor.
Defesa do Consumidor
Identificar os direitos básicos e prin-
Direitos Básicos do Con- Aula expositivo-participati-
Aula 3 cípios informadores do direito do
sumidor va com análise de julgados
consumidor.

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Integrar a responsabilidade civil


das relações de consumo no regi-
Responsabilidade por me geral a responsabilidade civil.
Aula expositivo-participati-
Aula 4 fato do produto e do Reconhecer as peculiaridades da
va com análise de julgados
serviço responsabilidade civil no CDC, espe-
cialmente a caracterização do fato
do produto ou serviço.
Identificar as peculiaridades da res-
Responsabilidade dos Aula expositivo-participati-
Aula 5 ponsabilidade dos profissionais, espe-
Profissionais Liberais va com análise de julgados
cialmente de médicos e advogados.
Diferenciar a responsabilidade pelo
Responsabilidade por fato e pelo vício. Utilizar os exclu-
Aula expositivo-participati-
Aula 6 vício do produto e do dentes de responsabilidade. Ope-
va com análise de julgados
serviço rar em conjunto a responsabilidade
pelo fato e pelo vício.
Aula expositivo-participa-
Identificar os vínculos de oferta e as tiva. Exercício de identifica-
Aula 7 Proteção pré-contratual
espécies de publicidade ilícita. ção de ilicitude a partir de
peças publicitárias.
Trabalhar o conceito de prática abu-
Aula expositivo-participati-
Aula 8 Práticas Abusivas siva e discutir o elenco exemplifica-
va com análise de julgados
tivo do CDC.
Compreender os princípios contra-
Aula expositivo-participa-
tuais gerais do CDC e, também, as
Aula 9 Contratos de Consumo tiva com análise de alguns
regras de interpretação dos contra-
contratos-tipo de consumo
tos de consumo.
Aula expositivo-participati-
Reconhecer uma cláusula abusiva e
Aula 10 Cláusulas Abusivas va. Técnica de revisão con-
corrigir um contrato-tipo.
tratual.
Introdução à proteção de dados
Bancos de dados e ca- Aula expositivo-participati-
Aula 11 pessoais e seu tratamento no âmbi-
dastros de consumo va com análise de julgados
to do direito do consumidor
Aula expositivo-participati-
Identificação dos temas contratu- va com análise de minutas
Controle judicial dos
Aula 12 ais mais discutidos nos tribunais no de iniciais de ações discu-
contratos de consumo
âmbito de contratos de consumo. tindo contratos de consu-
mo e de julgados
Estratégias processuais Compreender o funcionamento de
Aula expositivo-participati-
Aula 13 coletivas em matéria de tutela coletiva no tocante a direitos
va com análise de julgados
consumo individuais homogêneos.

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C. AVALIAÇÃO

A avaliação será composta por uma prova individual e um trabalho em


grupo.

D. BIBLIOGRAFIA

Recomendamos ao aluno a leitura de um manual de doutrina para auxiliá-


-lo na compreensão dos conceitos. Sugerimos as seguintes obras: a) Manual
de Direito do Consumidor, de Antonio Herman V. Benjamin, Cláudia Lima
Marques e Leonardo Roscoe Bessa, (5ª Ed., Ed. Revista dos Tribunais, 2013)
ou b) Programa de Direito do Consumidor, de Sergio Cavalieri Filho (3ª Ed.
Atlas, 2011).
O acompanhamento dos capítulos pertinentes por, ao menos, um destes
manuais, constitui leitura obrigatória, salvo quando expressamente indicada
outra fonte.

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AULA 1. INTRODUÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO DAS NORMAS DE


DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC)

1.1. EMENTA

Sociedade do consumo. Conceito de consumidor e fornecedor. Diferenças


entre o CDC e o Código Civil.

1.2. OBJETIVOS

Compreender o contexto de surgimento do direito do consumidor no


Brasil. Reconhecer as principais diferenças sistemáticas entre o direito do
consumidor e outros ramos do direito, especialmente o direito civil. Serão
também trabalhadas as definições de consumidor e fornecedor.

1.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

Benjamin, Antonio Herman v.; Marques, Cláudia Lima; Bessa, Leonardo


Roscoe. Manual de Direito do Consumidor, 5ª Ed., Revista dos Tribunais,
2013. (Introdução, p. 31-53)

1.4. ROTEIRO DE AULA

A primeira aula objetiva apresentar as grandes linhas do direito do con-


sumidor. Para isso, trataremos de sua origem, inserção no ordenamento ju-
rídico brasileiro, características, definições de consumidor e fornecedor, bem
como as potencialidades do direito do consumidor para resolver problemas
concretos.
Irmão temporão do direito econômico e do trabalho, o direito do consu-
midor nasce como resposta às alterações sociais provocadas a partir da Revo-
lução Industrial. Considera-se o marco inicial da proteção ao consumidor o
discurso do presidente John Kennedy ao Congresso Nacional em 15 de mar-
ço de 1962.1 Nesta ocasião, proclama: “consumer by definition, include us all”
e reconhece quatro direitos básicos ao consumidor: ser ouvido e consultado,
segurança; informação e escolha. Esta proclamação inspirou posteriormente
legislações de proteção do consumidor em diversos países. No Brasil, este rol
de direitos básicos foi acolhido de forma ampliada no art. 6º do Código de 1
O Brasil, através da lei 10.604 de
Defesa do Consumidor. 08/07/2002, institui o dia 15 de março
como dia nacional do consumidor.

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A inserção da proteção ao consumidor nas constituições foi um passo im-


portante tanto na fundação deste um ramo jurídico, como para ampliação
dos direitos fundamentais. Entre os anos 1974 e 1990, cerca de trinta paí-
ses passaram por uma transição rumo à democracia. Este processo incluiu
a feitura de novos textos constitucionais que passam a conter a proteção ao
consumidor e a tutela dos interesses difusos.2 O Brasil incluiu o consumidor
como destinatário de proteção jurídica constitucional em finais da década de
1980, seguido por outros países latino-americanos, como Paraguai e Argen-
tina.
O reconhecimento da defesa do consumidor representou um avanço aos
direitos fundamentais. Da concepção individual, restrita a direitos civis e
políticos, eles passam ao conceito coletivo ou grupal (criança e adolescente,
consumidores idosos, torcedores), abarcando direitos sociais e difusos. Ade-
mais, concebe-se que as violações a esses direitos não ocorrem somente por
atos do Estado (abuso e desvio de poder), mas frequentemente por atos de
outras entidades sociais (empresas privadas nacionais e transnacionais).
A constituição brasileira reconhece a proteção do consumidor como direi-
to fundamental, no art. 5º, XXXII, in verbis: “O Estado promoverá na forma
da lei (...) a defesa do consumidor.” Igualmente, a defesa do consumidor está
prevista no art. 170, V, no rol dos princípios que regem a ordem econômica.
Além disso, a Constituição confere concreção ao princípio de defesa do
consumidor através de regras referentes à responsabilidade por danos (art.
24, VIII); ao esclarecimento sobre impostos incidentes (art. 150, § 5º); à
necessidade de lei sobre a concessão de serviços públicos e o direito dos usu-
ários3 (art. 175, parágrafo único, II); ao esclarecimento em propaganda dos
malefícios causados pelo fumo, bebida, agrotóxico, medicamentos e terapias
(art. 220, § 4º). Por fim, determina no art. 48 do Ato Constitucional das
Disposições Transitórias:

Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da pro- 2


CAPPELLETTI, Mauro. “O acesso dos
mulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. consumidores à justiça‘’. Revista de
Processo, n.º 62, abr.-jun./1991 p. 206.
3
Regulamentada pela Lei n.° 8.987, de
A promulgação da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhecida 13 de fevereiro de 1995. Tal lei, em seu
art. 7°, inclui direitos e obrigações dos
como Código de Defesa do Consumidor, consolida o direito do consumidor usuários, acrescendo ao rol do art. 6° do
CDCdireitos do consumidor de serviços
como ramo jurídico autônomo. O modelo legislativo adotado é o do micros- públicos.
sistema.4 A constatação do forte desequilíbrio da relação contratual entre 4
Um microssistema legislativo carac-
fornecedor e consumidor exige a tutela legal a incidir sob vários aspectos, teriza-se por ter a matéria mais impor-
tante em autênticos estatutos especiais
civil, comercial, processual, penal abarcando a tutela individual, homogênea, separados do Código Civil ou Comercial
e por possuírem suas próprias fontes de
coletiva e difusa. Além disso, o Código do Consumidor possui maneiras al- criação normativa. (LORENZETTI, Ricar-
do. Fundamentos do Direito Privado.
ternativas de resolução de conflitos (arbitragem, compromisso de ajustamen- São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
to, convenção coletiva de consumo).5 p. 46.)
5
Vide art. 5º do Código de Defesa do
Consumidor.

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Desse ponto de vista, a tradicional noção de cidadão, consubstanciada no


direito privado através de cinco protagonistas6 – o proprietário, o empresário,
o cônjuge, o contratante e o testador – é acrescida por um novo sujeito de di-
reito: o consumidor. Os tradicionais protagonistas do direito civil detêm um
status, ou seja, sempre carregam sua condição de forma estática. Ser consu-
midor, diferentemente, é um papel que se exerce em relação a um fornecedor.
Por isso, a caracterização do consumidor só pode ser feita tomando em conta
uma análise dinâmica relação jurídica.
O regime do Código de Defesa do Consumidor se diferencia do Código
Civil por inúmeros aspectos. Enquanto o Código Civil tutela o indivíduo
(1), possui apenas normas de direito material (2), tem como pilar a igualdade
entre as partes; (3) e tipifica os contratos (4), o Código de Defesa do Con-
sumidor tutela os indivíduos, a coletividade e os interesses difusos (1); possui
normas de caráter civil, criminal, administrativa e processual (2); tem como
prerrogativa a fraqueza do consumidor diante do fornecedor (3) e não tipifica
contratos (4). O Código de Defesa do Consumidor dispõe em seu título I
(Dos direitos do Consumidor) de uma espécie de “parte geral” contendo seus
princípios gerais e os direitos básicos do consumidor. Além disso, contém as
definições legais mais importantes da relação de consumo, ou seja, seus sujei-
tos (consumidor e fornecedor) e o objeto (produtos e serviços).

6
REALE, Miguel. Projeto de Código Civil.
São Paulo: Saraiva, 1986.

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AULA 2. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO E O


SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR

2.1. EMENTA

Política Nacional de Relações de Consumo. Esferas de competência. Ór-


gãos de defesa do consumidor. Sanções administrativas – aspectos gerais. In-
frações penais.

2.2. OBJETIVOS

Conhecer a Política Nacional das Relações de Consumo e compreender o


funcionamento do processo administrativo de defesa do consumidor.

2.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 2ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2000. p. 171-202.

2.4. LEITURA COMPLEMENTAR

REGO, Maria Lúcia Anselmo. Tutela Administrativa do Consumidor. Re-


gulamentação estatal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

2.5. ROTEIRO DE AULA

A proteção do consumidor é fundada na Constituição Brasileira de 1988


que consagra a promoção estatal da defesa do consumidor, observando-a tanto
como direito fundamental (art. 5°, XXXII da CF-88) como princípio da or-
dem econômica (art. 170, V, da CF-88). Esta proteção valorizada constitucio-
nalmente, procura ser a mais ampla possível, abrangendo não apenas o campo
civil, mas também o penal e o administrativo. Hoje estudaremos as formas de
proteção no âmbito administrativo e, na próxima aula, o âmbito penal.
A proteção administrativa do consumidor se dá através do funcionamento
do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, instituído pelo art. 105 do
CDC. Este é composto por órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e
municipais, além das entidades privadas de defesa do consumidor.

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Observa-se através da análise do CDC que o legislador optou por um


sistema de defesa do consumidor com organização político-administrativa
idêntica a do Estado Nacional prevista no art. 18 da CF-88.7 Por isso, or-
ganiza os órgãos públicos, dividindo-os em três níveis: federal, estadual (e
Distrito Federal) e municipal.

7
Art. 18 da CF-88: “A organização
político-administrativa da
República Federativa do Bra-
sil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, todos autôno-
mos, nos termos desta Cons-
tituição”.

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AULA 3. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

3.1. EMENTA

Direitos básicos do Consumidor. Vida, saúde e segurança, Liberdade de


escolha. Informação. Acesso à justiça e inversão do ônus da prova. Serviços
Públicos adequados e eficazes.

3.2. OBJETIVOS

Identificar os direitos básicos dos Consumidores.

3.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

FILOMENO, José Geraldo Brito. “Dos direitos básicos do consumidor.”


GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa do consumi-
dor: comentado pelos autores do anteprojeto (2011).

3.4. LEITURA COMPLEMENTAR

TORTOLA, Cláudia Andréia. “Dos direitos básicos do consumidor.”


BuscaLegis, UFSC. Disponível em http://www. buscalegis. ufsc. br/revistas/
index. php/buscalegis/article/viewFile/24262/23825 Acesso em 01.09.2014.

3.5. ROTEIRO DE AULA

Gabriel Stiglitz8 divide os direitos dos consumidores, classificando-os em


direitos formativos e direitos operativos. Os direitos formativos dão subsídios
ao consumidor para enfrentar as armadilhas do mercado e dizem respeito
à educação, organização e informação. Já os direitos operativos são os que
possibilitam o consumidor agir em defesa própria, evitando ou pedindo res-
sarcimento de algum prejuízo. São eles: expressão, assessoramento, assistência
e de representação em juízo.
No Brasil, os direitos básicos do consumidor extrapolam as duas catego-
rias previstas pelo professor argentino. Os mesmos estão previstos no art. 6°
do Código de Defesa do Consumidor e serão o foco de análise desta aula. 8
STIGLITZ, Gabriel. Protección Jurídica
del Consumidor. Buenos Aires: Depal-
ma, 1986.

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AULA 4. RESPONSABILIDADE POR FATO DO PRODUTO E DO


SERVIÇO

4.1. EMENTA

Fato do Produto ou Serviço. Periculosidade inerente (ou latente), exa-


gerada e adquirida. Modalidades de defeitos. Responsáveis. Solidariedade e
Subsidiariedade. Exclusão de Responsabilidade.

4.2. OBJETIVOS

Integrar a responsabilidade civil das relações de consumo no regime geral


a responsabilidade civil. Reconhecer as peculiaridades da responsabilidade
civil no CDC, especialmente a caracterização do fato do produto ou serviço

4.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Responsabilidade civil no Código do


Consumidor e a defesa do fornecedor. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.
301-312.

4.4. LEITURA COMPLEMENTAR

Fato do produto

PÜSCHEL, Flávia Portela. A responsabilidade por fato do produto no


CDC. Acidentes de consumo. São Paulo: Quartier Latin, 2006.

Fato do produto e do serviço

BENJAMIN, Antônio Herman. “Fato do produto e do serviço”. In: BEN-


JAMIN, MARQUES e BESSA. Manual de Direito do Consumidor. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 112-139.
Excludentes no CDC
SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Responsabilidade civil no Código do
Consumidor e a defesa do fornecedor. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.
301-312.

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4.5. ROTEIRO DE AULA

A responsabilidade por acidentes de consumo, nomeada pelo Código de


Defesa do Consumidor de responsabilidade pelo fato do produto e do servi-
ço, está prevista nos artigos 12 a 17 do CDC.
Os produtos e serviços considerados defeituosos são os que não apresen-
tam a segurança legitimamente esperada, causando dano à vida, saúde ou
segurança ocasionado por produto ou serviço. Também é considerado defeito
as situações das quais decorrem prejuízo lateral.
Para que possamos caracterizar esta ausência de segurança, distinguem-
-se dois tipos de periculosidade: a inerente e a adquirida. A periculosidade
inerente ou latente (unavoidably unsafe product or service) diz respeito ao risco
intrínseco do produto ou serviço, ligado à sua própria qualidade ou modo
de funcionamento. Ainda que a regra geral em relação aos produtos ou ser-
viços com periculosidade inerente seja o afastamento do dever de indenizar,
o fornecedor poderá responder se não informar adequadamente sobre sua
utilização e riscos.
Já os produtos ou serviços de periculosidade adquirida são aqueles que se
tornam perigosos em razão de um defeito com origem na fabricação, concep-
ção ou comercialização. A periculosidade adquirida gera responsabilização
objetiva, ou seja, independentemente de culpa. Além disso, os fornecedores
são proibidos de introduzir no mercado tais produtos e serviços.
Em caso de impossibilidade de prevenir o risco antes de sua inserção no
mercado, o fornecedor deverá informar as autoridades, os consumidores e
proceder ao recall.
A apresentação de um produto ou serviço relaciona-se com a informação
a respeito do produto ou serviço a que o consumidor teve acesso. O uso e
os riscos legitimamente esperados incluem também o uso anormal. Por fim,
há que se considerar a expectativa de segurança em relação aos padrões de
conhecimento e tecnologia à disposição na época em que o produto ou o ser-
viço foi colocado em circulação, o denominado ‘risco do desenvolvimento’.

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AULA 5. RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS

5.1. EMENTA:

Responsabildade civil do profissional liberal. A caracterização do profis-


sional liberal para o CDC. A responsabilidade do profissional liberal e a da
pessoa jurídica.

5.2. OBJETIVOS:

Aplicar o CDC aos casos de responsabilidade do profissional liberal. Ar-


ticular as hipóteses de responsabilidade do profissional liberal e da pessoa
jurídica.

5.3. LEITURA OBRIGATÓRIA:

MIRAGEM, Bruno. “Responsabilidade civil médica no direito brasileiro.”


Revista de Direito do Consumidor, 63, jan.-mar/2007, p. 52-91.

5.4. LEITURA COMPLEMENTAR:

VIOLA, Mario. Responsabilidade civil dos médicos, dos hospitais e das se-
guradoras e operadoras de planos de assistência à saúde por erro médico.
Revista Jurídica da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-
-Campinas), Vol. 23, nº 1, 2007. Campinas: PUC-Campinas, 2007.

5.5. ROTEIRO DE AULA

O regime de responsabilidade civil no Código de Defesa do Consumidor


tem como regra a responsabilidade objetiva. No entanto, há uma previsão
diferenciada para o profissional liberal em que a responsabilidade é objetiva,
ou seja, passa a ser verificada mediante culpa. Tal hipótese está prevista no
art. 14, § 4°, do CDC.
De acordo com Denari,9 a justificativa para a diversidade de tratamento
dos profissionais liberais se dá em razão da pessoalidade de seus serviços.
Assim, embora o Código Brasileiro não tenha definido quem sejam os pro- 9
GRINOVER, Ada et alli. Código Brasilei-
fissionais liberais, subentende-se que estes sejam aqueles que possuem um ro de Defesa do Consumidor. 7ª ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2001.

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RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

título escolar e habilitação específica para o exercício da profissão. Portanto,


incluem-se na categoria de profissionais liberais os seguintes profissionais:
médicos, advogados, farmacêuticos, dentistas, engenheiros, arquitetos, eco-
nomistas, dentre outros.
Outra observação importante diz respeito ao fato de que este regime mais
brando dá ao profissional liberal tão somente o benefício da verificação da
culpa. A inversão do ônus da prova, por exemplo, pode ser usada em favor do
consumidor independentemente da responsabilidade ser por culpa.
Por fim, cabe destacar que, quando os profissionais liberais estiverem exe-
cutando obrigações de resultado, exige-se que o mesmo seja atingido. Exem-
plos desta situação é a cirurgia plástica, quando se tratar de médicos, e do
protocolo de recursos dentro do prazo, no caso dos advogados.
Ainda cabe ressaltar a necessidade de observância de deveres anexos, espe-
cialmente o dever de informar.

FGV DIREITO RIO 16


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AULA 6. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO


SERVIÇO

6.1. EMENTA

Responsabilidade civil pelo vício do produto e do serviço. O enfraqueci-


mento do princípio da relatividade e a ampliação do conceito de sujeito de
direito. A solidariedade aplicada à responsabilidade por vício. Elementos e
fundamentos da responsabilidade civil nas relações de consumo. As alterna-
tivas de tutela por vício.

6.2. OBJETIVOS

Diferenciar a responsabilidade pelo fato e pelo vício. Utilizar os excluden-


tes de responsabilidade. Operar em conjunto a responsabilidade pelo fato e
pelo vício.

6.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

BESSA, Leornardo Roscoe. “Vício do produto e do serviço”. In: BENJA-


MIN, MARQUES e BESSA. Manual de Direito do Consumidor. São Pau-
lo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 146-153 (produto); p. 156-163 (serviço).

6.4. LEITURA COMPLEMENTAR

LISBOA, Roberto Senise. Responsabilidade civil nas relações de consu-


mo. São Paulo: RT, 2006. Vício do produto (p. 218-234); vício do serviço
(p. 234-246).

6.5. ROTEIRO DE AULA

O regime de responsabilização adotado para as relações de consumo rom-


pe com o binômio contratual e extracontratual. Ao invés de classificar a res-
ponsabilidade de acordo com a natureza do vínculo, o CDC adota a lógica
dos bens jurídicos tutelados. Assim, a responsabilidade civil nas relações de
consumo divide-se em responsabilidade por defeito e por vício. Será consi-
derada responsabilidade por defeito se houver problemas referentes à inse-

FGV DIREITO RIO 17


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

gurança (art. 6º, I, do CDC) e responsabilidade pelo vício, se o dano for ao


patrimônio (art. 6º, VI, do CDC).
Assim, nas relações de consumo, os elementos da responsabilidade civil
são: o vício do produto ou serviço, o dano e o nexo de causalidade.
Para fins da proteção relativa ao vício do produto e do serviço somente o
consumidor em sentido estrito (art. 2º, caput, do CDC) possui proteção. No
entanto, em nome da facilitação dos direitos do consumidor a responsabili-
dade é atribuída solidariamente a todos os fornecedores da cadeia produ-
tiva. (arts. 18, 19 e 20 do CDC).
Sempre que houver vício do produto, o consumidor poderá optar por três
alternativas à sua escolha, previstas no art. 18 do CDC.

FGV DIREITO RIO 18


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AULA 7. PROTEÇÃO PRÉ-CONTRATUAL

7.1. EMENTA:

As regras gerais da oferta, as técnicas de vendas agressivas. O prazo de


reflexão. A publicidade como oferta e como ilícito. Propaganda enganosa,
abusiva e clandestina. A proteção do consumidor diante do contato social e
a força obrigatória da oferta.

7.2. OBJETIVO:

Identificar os vínculos de oferta e as espécies de publicidade ilícita.

7.3.LEITURA OBRIGATÓRIA:

BENJAMIN, Antonio Herman V. Oferta e Publicidade, in MARQUES,


Claudia Lima et al. Manual de Direito do Consumidor. 5ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013 (p. 235-273).

7.4. LEITURA COMPLEMENTAR:

PASQUALOTTO, Adalberto. Os efeitos obrigacionais da publicidade no


CDC. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

MARTINS-COSTA, Judith Hofmeister Martins. “A Incidência do princípio


da boa-fé no período pré-negocial: Reflexões em Torno de uma Notícia Jor-
nalística.” Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, n.º 4, p.140-172.

7.5. ROTEIRO DE AULA

A proteção contratual do consumidor brasileiro apresenta-se como um


processo, no sentido atribuído por Clóvis do Couto e Silva,10 uma vez que
esta relação obrigacional possui fases interdependentes que iniciam antes da
aceitação e prolongam-se para além da execução. A proteção contratual como
processo compõe-se de um conjunto de atividades necessárias à satisfação
integral do interesse do consumidor. É nesse contexto que se enquadram a
oferta e a publicidade, que têm o condão de vincular o fornecedor de serviços 10
COUTO E SILVA, Clóvis Veríssimo do. A
obrigação como um processo. São Pau-
ou produtos. Nessa aula trataremos da proteção pré-contratual do fornece- lo: FGV, 2006.
dor, abordando as consequências da oferta e da publicidade ilícita.
FGV DIREITO RIO 19
RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

AULA 8. PRÁTICAS ABUSIVAS

8.1. EMENTA

Conceito de prática abusiva. Elenco exemplificativo do CDC. Cobrança


de dívida. Repetição do indébito.

8.2. OBJETIVOS

Trabalhar o conceito de prática abusiva e discutir o elenco exemplificativo


do CDC.

8.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

GRINOVER, Ada Pellegrini; WATANABE, Kazuo; NERY JÚNIOR, Nel-


son. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores
do Anteprojeto – Vols. I e II, 10ª Ed., Forense, 2011 (parte sobre práticas
abusivas).

8.4. LEITURA COMPLEMENTAR

PFEIFFER, Roberto Augusto Castellanos. “O código de defesa do consumi-


dor e a proibição de práticas abusivas.” Revista do Advogado (2011): 119.

8.5. ROTEIRO DE AULA

O art. 39 do CDC apresenta, de forma não exaustiva, rol de práticas


abusivas cometidas contra consumidores. Um dos exemplos mais frequentes
de prática abusiva é a denominada venda casada, caracterizada por vincular a
venda de um bem ou serviço à compra de outros itens, ou, ainda, pela impo-
sição de quantidade mínima de produto a ser comprado.
Nesta aula, analisaremos diversas práticas abusivas previstas no CDC e
outras já reconhecidas pela jurisprudência pátria.

FGV DIREITO RIO 20


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

AULA 9. CONTRATOS DE CONSUMO

9.1. EMENTA

Princípios contratuais gerais do CDC. Cláusula geral de boa-fé. Dever de


informar e dever de redação clara nos contratos de consumo. Direito de arre-
pendimento do consumidor. Interpretação do contrato de consumo.

9.2. OBJETIVOS

Compreender os princípios contratuais gerais do CDC e, também, as re-


gras de interpretação dos contratos de consumo.

9.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumi-


dor: o novo regime das relações contratuais. 6ª Ed., Revista dos Tribunais,
2011. (Introdução)

CAVALIERI FILHO, Sergio. Princípios do Código de Defesa do Consumidor.


in: Programa de Direito do Consumidor. São Paulo: Altas, 2008. p 24-45.

9.4. LEITURA COMPLEMENTAR

Sobre os princípios nas relações de consumo

Boa-fé

MARTINS-COSTA, Judith Hofmeister. “Mercado e solidariedade social


entre cosmos e taxis: a boa-fé nas relações de consumo”. In: MARTINS-
-COSTA, Judith Hofmeister. (org.) A reconstrução do direito privado. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 611-661.

Vulnerabilidade

MORAES, Paulo Valério dal Pai Moraes. Código de Defesa do Consumi-


dor: o princípio da vulnerabilidade no contrato, na publicidade e nas demais
práticas comerciais. Porto Alegre: Síntese, 2001. p. 115-174.

FGV DIREITO RIO 21


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

9.5. ROTEIRO DE AULA

A forma de contratar por adesão é uma nova forma de contratar que se


agrega ao tradicional contrato negociado. Enquanto o contrato negociado
favorece o equilíbrio, por proporcionar o exercício da autonomia privada de
ambos os contratantes, o contrato de adesão favorece a agilidade, pois dispen-
sa a negociação. Embora não sejam exclusivos das nas relações de consumo
é neste âmbito que os contratos de adesão encontram sua maior incidência.
A partir desta leitura percebe-se que o contrato de adesão é elaborado pelo
proponente que predispõe antecipadamente um conteúdo homogêneo des-
tinado a um número ainda indeterminado de sujeitos. Por prescindir de fase
preliminar, sua aceitação se dá por simples adesão.
No âmbito dos negócios jurídicos, parte-se da premissa de que o contrato
inicia com o acordo volitivo firmado entre as partes. Ocorre que, os contratos
de adesão, limitam a vontade do aderente sujeitando a à do proponente. Este
fato aumentou em grande proporção os defeitos na formação dos contratos
facilitando o surgimento de anomalias, como é o caso das cláusulas contratu-
ais abusivas, que serão foco de análise da próxima aula.
Nesta aula nos concentraremos nos princípios contratuais gerais do CDC,
como a cláusula geral de boa-fé, e nas regras de interpretação dos contratos
de consumo.

FGV DIREITO RIO 22


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

AULA 10. CLÁUSULAS ABUSIVAS

10.1. EMENTA:

Cláusulas abusivas. Consequências. Revisão Contratual. Princípio da Pre-


servação do Contrato.

10.2. OBJETIVOS:

Reconhecer uma cláusula abusiva e corrigir um contrato-tipo. Técnica de


revisão contratual.

10.3. LEITURA OBRIGATÓRIA:

MARQUES, Cláudia. “Noções Preliminares: os contratos de massa.” in:


Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 4ª. ed. São Paulo: RT,
2004. 52-76.

10.4. LEITURA COMPLEMENTAR:

NORONHA, Fernando. “Contratos de consumo padronizados e de ade-


são”. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, n.° 20, p. 88-111,
out./dez. 1996.

10.5. ROTEIRO DE AULA

A imposição de condições abusivas, expressas através de cláusulas con-


tratuais, excessivamente onerosas para o aderente e vantajosas para o estipu-
lante, constituem-se num abuso de direito ou ferem o princípio da boa-fé
objetiva, caracterizando as denominadas cláusulas contratuais abusivas. Estas
são resultantes de um exercício abusivo de direito, com vantagem indevida
para um dos contratantes. Neste sentido, as cláusulas abusivas não apenas
ferem as normas positivadas como também atingem os princípios gerais de
moralidade e de interesse público.
O controle das cláusulas abusivas nos diversos países que possuem legisla-
ção sobre a matéria é feito através de três sistemas: sistema das listas enume-
rativas, sistema da cláusula geral e sistema misto.

FGV DIREITO RIO 23


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

O sistema de listas tipifica as situações de abusividade mais ocorrentes no


universo jurídico, oferecendo uma enumeração dos casos mais graves. O sis-
tema de cláusula geral adota certos valores que, uma vez ultrapassados exigem
revisão. A legislação brasileira, procurando beneficiar-se da vantagem do con-
trole prévio e abstrato do sistema de listas e do controle concreto do sistema
de cláusulas gerais adotou um sistema misto. O art. 51 enumera na maior
parte de seus incisos as hipóteses constantes da lista de cláusulas proibidas.
Além destas, o Ministério da Justiça através da Secretaria de Direito Econô-
mico, publicou uma série de portarias acrescendo outras cláusulas abusivas ao
rol do art. 51. Por uma questão de legalidade, estas portarias possuem eficácia
limitada ao âmbito administrativo, mas servem de parâmetro para o judici-
ário, podendo ser utilizadas em conjunto com as cláusulas gerais. Nessa aula
trataremos das cláusulas abusivas previstas no CDC e, também, das listas pro-
duzidas pela Secretaria de Direito Econômico. Abordaremos, também, as con-
sequências do reconhecimento da abusividade de uma cláusula, assim como a
aplicação do princípio da preservação do contrato por nossos tribunais.

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AULA 11. BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMO

11.1. EMENTA

Bancos de dados e cadastros de consumidores.

11.2. OBJETIVOS

Introdução à proteção de dados pessoais e seu tratamento no âmbito do


direito do consumidor.

11.3. LEITURA OBRIGATÓRIA

BESSA, Leonardo Roscoe. “Bancos de dados e cadastros de consumo”. In:


BESSA, MARQUES e BENJAMIN. Manual de Direito do Consumidor.
São Paulo: 2008. p. 239-276.

11.4. LEITURA COMPLEMENTAR

DONEDA, Danilo. Da privacidade à proteção de dados pessoais. Rio de


Janeiro: Renovar, 2006.

VIOLA, Mario. Privacidade e Seguro: a coleta e utilização de dados nos


ramos de pessoas e de saúde. Caderno de Seguros – Teses 33. Funenseg: Rio
de Janeiro, 2009.

10.5. ROTEIRO DE AULA

Nossa aula tem por objetivo abordar a regulação e a utilização dos bancos
de dados de cadastros de consumidores.
O art. 43 do CDC regula um conjunto de normas relativas a dados re-
levantes a respeito dos consumidores. A primeira distinção relevante é entre
cadastros e bancos de dados ao consumidor. Nos cadastros é o próprio con-
sumidor que fornece os dados sobre si, enquanto os bancos de dados são
criados pelos fornecedores a fim de produzir informações relevantes sobre
os consumidores. Estas informações podem ter as mais diversas finalidades,
sendo a mais relevante a concessão de crédito. Assim, após a coleta e arma-

FGV DIREITO RIO 25


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zenamento das informações os bancos de dados, transferem as informações a


um credor potencial, a fim de que este possa deliberar sobre a concessão ou
não ao crédito ao consumidor.
Em relação a estes bancos de dados, o consumidor tem direito a acessar as
informações existentes sobre si, bem como saber a origem de tais fontes. (art.
43, caput, do CDC). Ademais, os dados de consumidores devem ser objeti-
vos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão. A abertura de
cadastro negativo ou positivo, deverá ser comunicada por escrito ao consumi-
dor, (art. 43, § 2°, do CDC) não podendo armazenar informações negativas
referentes a período superior a cinco anos. (art. 43, §1º, do CDC) ou ao
prazo de prescrição da dívida, o que acontecer antes (art. 43, § 5°, do CDC).
Por fim, sempre que houver inexatidão nos seus dados, o consumidor pode-
rá exigir a imediata correção no prazo de 5 dias úteis. (art. 43, § 3°, do CDC).

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AULA 12. CONTROLE JUDICIAL DOS CONTRATOS DE CONSUMO

12.1. EMENTA:

A revisão judicial dos contratos de consumo. Modificação por despropor-


cionalidade. Revisão judicial por onerosidade excessiva. Resolução do contrato.

12.2. OBJETIVOS:

Identificar as possibilidades de proteção pós-contratual. Aprender a reali-


zar o recall.

12.3. LEITURA OBRIGATÓRIA:

TARTUCE, Flávio. A revisão do contrato no Código de Defesa do Consu-


midor e a suposta adoção da Teoria da Imprevisão. Visão frente ao princípio
da função social do contrato. BuscaLegis. UFSC. Disponível em http://www.
egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/24802-24804-1-PB.pdf. Acesso
em 01.09.2014.

12.4. LEITURA COMPLEMENTAR

DE LACERDA, Heloísa Camargo e EFING Antônio Carlos. A REVISÃO


CONTRATUAL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMO
FORMA DE EFETIVAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. Anais de
Congressos do Conpedi. Disponível em http://www.conpedi.org.br/manaus/ar-
quivos/anais/salvador/heloisa_camargo_de_lacerda.pdf. Acesso em 01.09.2014.

12.4. ROTEIRO DE AULA

O CDC instituiu a regra que mesmo uma “simples onerosidade ao con-


sumidor poderá ensejar a chamada revisão contratual, prevendo também o
11
afastamento de uma cláusula abusiva, onerosa, ambígua ou confusa (artigos TARTUCE, Flávio. A revisão do contrato
no Código de Defesa do Consumidor e
51 e 46) e a interpretação do contrato sempre em benefício do consumidor a suposta adoção da Teoria da Im-
previsão. Visão frente ao princípio da
(artigo 47).”11 Essa previsão tem como escopo assegurar equilíbrio nessa rela- função social do contrato. BuscaLegis.
UFSC. Disponível em http://www.
ção contratual, que é pautada pela hipossuficiência e vulnerabilidade de uma egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/
das partes, qual seja o consumidor. anexos/24802-24804-1-PB.pdf. Acesso
em 01.09.2014.

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RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

Assim, nessa aula iremos discutir, dentre outras questões, o disposto no


inciso V do art. 6º do CDC, que reconhece a possibilidade de modificação
das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente
onerosas.

FGV DIREITO RIO 28


RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

AULA 13. ESTRATÉGIAS PROCESSUAIS COLETIVAS EM MATÉRIA DE


CONSUMO

13.1. EMENTA:

Defesa dos interesses e direitos individuais homogêneos dos consumidores


em juízo. Defesa dos interesses e direitos coletivos dos consumidores em juí-
zo. Defesa dos interesses e direitos difusos dos consumidores em juízo.

13.2. OBJETIVOS:

Compreender o funcionamento de tutela coletiva no âmbito das relações


de consumo.

13.3. LEITURA OBRIGATÓRIA:

MIRAGEM, BRUNO. Curso de Direito do Consumidor. 4a. Ed. Revista


dos Tribunais. (2.2. Tutela coletiva no CDC e na Lei da Ação Civil Pública)

13.4. LEITURA COMPLEMENTAR

DOS SANTOS LUCON, Paulo Henrique. Tutela coletiva: 20 anos da


Lei da ação civil pública e do fundo de defesa de direitos difusos, 15 anos do
Código de defesa do consumidor. Atlas, 2006.

13.4. ROTEIRO DE AULA

O artigo 81 do CDC prevê que “a defesa dos interesses e direitos dos con-
sumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a
título coletivo”. O mesmo artigo 81, em seu inciso I, conceitua direitos ou
interesses difusos como “os transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”.
O CDC inovou ao reconhecer a possibilidade de tutela coletiva de di-
reitos individuais homogêneos no inciso III do parágrafo único de seu art.
12
DALLA, Humberto. A tutela coletiva
81.12 Nessa última aula nos analisaremos aspectos gerais da tutela coletiva no Brasil e a sistemática dos novos
de direitos, para ao final concentramo-nos na tutela dos direitos individuais direitos. Disponível em http://www.
humbertodalla.pro.br/arquivos/a_tu-
homogêneos, notadamente aqueles decorrentes de relações de consumo. tela_coletiva_e_os_novos_direitos.
pdf. Acesso em 01.09.2014.

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RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

DANIELLE DA COSTA LEITE BORGES


PhD e LL.M em Direito pelo European University Institute. Mestre em
Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz. Bacharel em Direito pela UERJ. Pes-
quisadora do Centro de Pesquisas em Direito e Economida da FGV DI-
REITO RIO.

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RELAÇÕES JURÍDICAS CONTEMPORÂNEAS

FICHA TÉCNICA

Fundação Getulio Vargas

Carlos Ivan Simonsen Leal


PRESIDENTE

FGV DIREITO RIO


Joaquim Falcão
DIRETOR
Sérgio Guerra
VICE-DIRETOR DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Rodrigo Vianna
VICE-DIRETOR ADMINISTRATIVO
Thiago Bottino do Amaral
COORDENADOR DA GRADUAÇÃO
André Pacheco Teixeira Mendes
COORDENADOR DO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
Cristina Nacif Alves
COORDENADORA DE ENSINO
Marília Araújo
COORDENADORA EXECUTIVA DA GRADUAÇÃO

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