Aula 2 - Sobre Os Conceitos de Normal e Patológico

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PSICO LOGIA

“PSICHÊ”:PSIQUÊ, “LOGOS”:
“PATHOS”: PAIXÃO, LÓGICA,
PSIQUÍCO,
EXCESSO, DISCURSO,
PSIQUISMO, ALMA
PASSIVIDADE, NARRATIVA,
SOFRIMENTO CONHECIMENTO
As distinções entre psicopatologia descritiva
versus psicopatologia psicanalítica
Psiquiatria e Psicanálise

São áreas de conhecimento


que se opõem ou se atraem?

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Psiquiatria e Psicanálise

“A atitude que neles achamos mais desejável é a de


um benévolo ceticismo. Assim, também os senhores
devem esforçar-se por deixar que os pontos de vista
psicanalíticos amadureçam tranquilamente nos
senhores, junto com a visão popular ou
psiquiátrica, até surgir a oportunidade de ambas se
influenciarem reciprocamente, de uma competir
com a outra e de se aliarem no rumo de uma
conclusão”. (FREUD, 1916-1917)
• É empírico, metódico e trabalhoso;

• Trabalha com a subjetividade e com


interpretações diferente da psiquiatria que,
comumente, foca na objetividade dos sintomas;
O trabalho
psicanalítico... “Talvez se deva ao fato de que, como médico,
habitualmente se tem tão pouco contacto com
pacientes neuróticos e se presta tão pouca atenção ao
que dizem esses pacientes que não se pode imaginar
a possibilidade de que se possa derivar algo de
valioso de suas comunicações - isto é, a possibilidade
de efetuar acuradas observações a respeito delas.”
(FREUD, 1916-1917)
• A forma dos sintomas: a estrutura básica e
relativamente semelhante nos diversos
pacientes (alucinação, delírio, ideia
obsessiva, labilidade afetiva, angústia, etc.)
Forma e
Conteúdo • O conteúdo: é aquilo que preenche a
alteração estrutural (conteúdo de culpa, de
dos sintomas menosvalia, religioso, de perseguição, etc.)
Sendo mais pessoal e estando relacionado
com a história do paciente, seu universo
cultural e da personalidade prévia ao
adoecimento – (vide caso do texto Freud)
• Para a psicanálise, os sintomas são
dotados de sentidos e significados
partindo da história de vida de cada
pessoa. E, busca compreender o homem
na sua totalidade e o que está além da
consciência – o inconsciente.
A forma e
conteúdos
• Já, o foco da psiquiatria é o diagnóstico (o
dos sintomas adoecimento em si) e o prognóstico
(evolução futura) e, em alguns aspectos,
prioriza aspectos biológicos e objetivos na
experiência da doença em detrimento dos
aspectos subjetivos.
Para pensar e refletir!

Seria o caso de haver essa


separação das duas grandes
áreas de conhecimento no
campo da psicopatologia?

Existe algo na natureza do


trabalho psiquiátrico que
possa opor-se à investigação
psicanalítica?
(FREUD, 1916-1917)
“Não é fácil imaginar uma contradição
entre essas duas espécies de estudo, sendo
um a continuação do outro.
É de se esperar que, em futuro não muito
distante, perceber-se-á que uma psiquiatria
cientificamente fundamentada não será
possível sem um sólido conhecimento dos
processos inconscientes profundos da vida
mental”.
• O sentido dos sintomas neuróticos foi
descoberto, em primeira mão, por Josef
Breuer, em seu estudo e cura bem sucedida
(entre 1880 e 1882) de um caso de histeria,
que desde então se tornou famoso: Bertha
O sentido Pappenheim -Anna O.
dos
• O sentido do delírio;
sintomas...
• Os sintomas neuróticos, como as parapraxias
(atos falhos) e os sonhos, possuem um
sentido e têm íntima conexão com a vida e
as experiências do paciente;
• Buscar junto com o paciente a relação de uma ideia sem
sentido e uma ação despropositada, a situação passada
em que a ideia se justificou e a ação serviu a um
propósito;

• A forma e conteúdo dos sintomas – importante pensar


O sentido que cada caso é um caso a partir da singularidade de cada
indivíduo – interpretação histórica
dos
sintomas... • Embora, falemos sobre os sintomas ‘típicos’ de uma
doença - são quase os mesmos em todos os casos, as
distinções individuais neles desaparecem, ou pelo menos
diminuem, de tal forma, que é difícil pô-los em conexão
com a experiência individual dos pacientes e relacioná-los
a situações particulares que vivenciaram.
(FREUD, 1916-1917)
Os sintomas típicos que nos dão a
orientação para estabelecer um
diagnóstico;

Sintomas • A neurose obsessiva;


típicos...
• As fobias;

• A histeria
Referencias
FREUD, S. Conferências Introdutórias sobre
Psicanálise (1916-1917) Conferência XVI
Psicanálise e Psiquiatria. Vol. XVI. Edição
Standard das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Ed.
Imago, 1996.

FREUD, S. Conferência XVII. O Sentido dos


Sintomas. Edição Standard das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud.
Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1996.
• Na neurose, o ego, em sua dependência da
realidade, suprime um fragmento do id (da vida
instintual), ao passo que, em uma psicose esse
A perda da mesmo ego, a serviço do id, se afasta de um
fragmento da realidade.
realidade na
neurose e na • Assim, para uma neurose o fator decisivo seria a
predominância da influência da realidade, enquanto
psicose para uma psicose esse fator seria a predominância
do id. Na psicose a perda de realidade estaria
necessariamente presente, ao passo que na neurose,
segundo pareceria, essa perda seria evitada.

(FREUD, 1924)
A paciente, uma jovem, estava enamorada do
cunhado. De pé ao lado do leito de morte da irmã,
ela ficou horrorizada de ter o pensamento: ‘Agora
ele está livre e pode casar comigo.’ Essa cena foi
instantaneamente esquecida e assim o processo
Caso exemplo: de regressão, que conduziu a seus sofrimentos
histéricos, foi acionado.

Exatamente nesse caso é, ademais, instrutivo


aprender ao longo de que via a neurose tentou
solucionar o conflito. Ela se afastou do valor da
mudança que ocorrera na realidade, reprimindo a
exigência instintual que havia surgido - isto é, seu
amor pelo cunhado. A reação psicótica teria sido
uma rejeição do fato da morte da irmã.
• Chamamos um comportamento de ‘normal’
ou ‘sadio’ se ele combina certas
características de ambas as reações - se
A perda da repudia a realidade tão pouco quanto uma
neurose, mas se depois se esforça, como faz
realidade na uma psicose, por efetuar uma alteração
neurose e na dessa realidade. Naturalmente, esse
comportamento conveniente e normal
psicose conduz à realidade do trabalho no mundo
externo; ele não se detém, como na psicose,
em efetuar mudanças internas.
(FREUD, 1924)
Referencias

FREUD, S. (1924) A perda da realidade na neurose e na psicose. In: edição


Standard das obras completas. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1965.
Para a próxima aula:

Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais


e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diagnósticas.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1993., p. 85 - 107.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos


Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 30, p. 327 - 333.

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