CÓRTEX CEREBRAL

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CÓRTEX CEREBRAL

O córtex cerebral é uma camada fina (2 a 4


mm) de substância cinzenta que cobre a
superfície externa do encéfalo.
Ele recebe informações sensoriais do mundo
interior e exterior, processa essas informações,
planeja e, finalmente, gera uma reação
específica.
Em nível macroscópico, é organizado em
sulcos e giros complexos. Essas dobras
aumentam muito a superfície do córtex sem um
aumento concomitante no volume, que permite
ao encéfalo encaixar-se no espaço que lhe é
reservado dentro do crânio.

Classificações

ANATÔMICA: divisão em lobos (frontal,


parietal, occipital, temporal e límbico) e
suas delimitações por sulcos e giros.
CITOARQUITETURAL: leva em conta a
estrutura microscópica do córtex cerebral -
isocórtex (6 camadas) e alocórtex (não são
encontradas as 6 camadas).
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL: divide
o córtex em 52 regiões diferentes, cada
uma designada por um número. (Divisão
de áreas de Brodmann).
FILOGENÉTICA: segundo esta classificação, o alocórtex seria mais antigo em
termos evolutivos e poderia ser dividido em: arquicórtex (presente no
hipocampo) e paleocórtex, presente no úncus. Todo o resto do córtex
constituiria o neocórtex, que corresponde a 95% do córtex cerebral na espécie
humana.
Citoarquitetura
Os neurônios do córtex cerebral são
organizados em camadas. As áreas
corticais possuem seis camadas distintas;
cada qual é caracterizada por forma,
tamanho e densidade de neurônios
residentes, assim como a organização das
fibras nervosas.
Além das camadas, se organizam também
em colunas (perpendiculares a superfície
cortical). Acredita-se que funcionem como módulos separados que processam
informações que chegam por meio de uma complexa cadeia de processamento
interno e distribuem, de maneira adequada, as informações recém-processadas
para as estruturas apropriadas do encéfalo.

Anatomia do Cérebro

Divisão Funcional

Funcionalmente, o córtex cerebral pode ser dividido em múltiplas áreas


separadas.
Cada área está estrategicamente ligada a outras áreas corticais e realiza uma
função muito precisa. Essas
funções incluem percepção
sensitiva, movimento, linguagem,
pensamento, memória,
consciência e certos aspectos das
emoções.
Algumas regiões corticais têm
uma função relativamente simples
e são conhecidas como córtices
primários. Isto inclui áreas que
recebem diretamente dados sensitivos (como visão, audição e sensação
somática) e regiões envolvidas na execução de um comando motor.
Por outro lado, os córtices de associação auxiliam as funções mais complexas,
que requerem o processamento de uma grande quantidade de dados.
Embora os sulcos delineiem algumas das áreas funcionais do córtex, os limites
de outras áreas funcionais não correspondem a qualquer ponto de referência
cortical reconhecível.

Áreas de Brodmann

Localização funcional refere-se ao


delineamento anatômico das áreas
funcionais do córtex. Isto forma a base
para a compreensão dos correlatos clínicos
do dano a várias partes do encéfalo.
Os mapas funcionais do córtex
correlacionam-se bem às áreas
citoarquitetônicas definidas por
Brodmann.
Divisão Funcional
Sulcos e giros são importantes pontos de referência cortical e ajudam a localizar
as áreas funcionais. Em alguns casos, há uma perfeita correlação entre um sulco
e uma área funcional específica; isto aplica-se a todos os córtices primários. Por
outro lado, a extensão exata dessas áreas corticais não podem ser determinadas
exatamente. Exemplo:
Embora, o córtex visual primário seja sempre encontrado no sulco calcarino,
suas margens externas não correspondem apenas a um sulco.

• A relação entre as áreas funcionais e os sulcos e os giros circundantes é


definida até de maneira mais livre para a maioria dos córtices secundários e
áreas de associação.
• Algumas funções corticais não são distribuídas igualmente entre os dois
hemisférios, sendo um hemisfério dominante para essa função específica. Este é
o caso da linguagem, por ex., função do hemisfério esquerdo na maioria das
pessoas.
Conexões Corticais

• As diferentes áreas do córtex


cerebral se ligam a outras regiões
do próprio córtex e outras
estruturas subcorticais. As
conexões de cada coluna cortical
são de quatro tipos: intracortical,
associativa, comissural e
subcortical.
As conexões intra-hemisféricas se
fazem com áreas adjacentes por
meio de fibras de associação (fibras
curtas e longas).

• Fascículo unciforme: une a parte orbital (inferior) do lobo frontal com a parte
anterior do lobo temporal, ambas com funções no sistema límbico.
• Fascículo longitudinal superior: conecta os lobos frontal, parietal e occipital.
A maior parte do córtex dos lobos frontal, parietal e occipital está ligada à
porção simétrica do hemisfério oposto pelas fibras do corpo caloso (fibras
inter-hemisféricas).

• Corpo caloso: interliga os lobos frontais, parietais, coccipitais e a parte


superior dos lobos temporais.
• Comissura anterior: parte média e inferior dos lobos temporais.
• O córtex cerebral recebe um grande número de fibras aferentes sensitivas, que
chegam a partir de núcleos do tálamo, o qual manda projeções excitatórias para
as porções específicas do córtex relacionadas com cada modalidade sensorial.

• Recebe ainda influências modulatórias vindas da formação reticular (projeções


adrenérgicas e serotoninérgicas). As conexões eferentes são amplas. Há fibras
que se dirigem para a medula espinhal, para diferentes regiões do tronco
encefálico, para o corpo estriado, para o tálamo, entre outros.

• Grande parte das fibras que se dirigem ao córtex ou que dele saem passa pela
cápsula interna, onde estão agrupadas as fibras relacionadas com a sensibilidade
e a motricidade contralateral de todo o corpo.

Considerações funcionais

O córtex cerebral assemelha-se a um


mosaico do ponto de vista funcional,
pois diferentes regiões estão
associadas a diferentes conexões e
funções.
• Ao longo dos anos, muito foi
discutido a respeito da possibilidade
de se localizarem (localizacionismo)
ou não funções em áreas corticais
restritas (holismo).
• Hoje, contudo, está estabelecido que existe certa especialização funcional
dentro de regiões do córtex cerebral, embora essa especialização não se faça em
termos absolutos (associacionismo). Assim, por exemplo, uma área
essencialmente motora pode estar relacionada também com a função sensorial e
vice-versa.

• Além disso, diferentes áreas contribuem para a realização de uma mesma


função, sem contar que estruturas subcorticais também estão usualmente
envolvidas no processo.
• Desta maneira, não se pode falar em centros corticais como se pensava antes,
mas sim em sistemas funcionais, envolvendo várias áreas participantes em
circuitos cerebrais, cujo funcionamento dá-se de maneira integrada. As áreas
corticais podem ser divididas em ÁREAS DE PROJEÇÃO, que recebem as
aferências sensoriais (áreas primárias), ou dão origem às fibras eferentes que
irão formar os tratos descendentes motores (áreas primárias).
• As ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO estão diretamente relacionadas com a
motricidade ou sensibilidade (unimodais: áreas de associação secundária) e
ligadas a funções mais complexas (multimodais: áreas de associação terciária).

ÁREAS DE PRIMÁRIAS (Projeção)

ÁREAS SENSITIVAS
Área somatossensorial primária (somestésica): áreas 3,2,1 de Brodmann (S1);
Área visual primária: área 17 de Brodmann (V1);
Área auditiva primária: área 41 de Brodmann (A1);
Área vestibular;
Área olfatória;
Área gustativa: área 43 de Brodmann;

ÁREAS MOTORAS: área 4 de Brodmann (M1).


ÁREAS SENSORIAIS PRIMÁRIAS

ÁREA SOMESTÉSICA PRIMÁRIA (S1)


• A área somestésica, responsável pela sensibilidade geral do corpo, está
localizada no giro pós-central (lobo parietal), correspondendo às áreas 3,2,1 de
Brodmann (S1).
• Recebe impulsos nervosos provenientes do tálamo relacionados com dor,
temperatura, tato, pressão e propriocepção consciente da metade oposta do
corpo.
• Todas as partes do corpo estão representadas nesta área, sendo esta
representação chamada somatopia.
– Na parte superior deste giro, na porção mediana do hemisfério, situam-se as
áreas dos órgão genitais e dos pés, seguidas das áreas da perna, tronco e braço,
estas últimas todas pequenas. Mais abaixo vem a área da mão e da cabeça, onde
a face e a boca têm uma grande representação. Na parte mais baixa do sulco, já
próximo ao sulco lateral, aparece a área da língua e da faringe. A maior e a
menor representação de cada uma destas partes no giro pós-central está
relacionada com a sua importância funcional e não com o seu tamanho.

ÁREA SOMESTÉSICA PRIMÁRIA (S1)


Lesões

Lesões nesta área provocarão


deficiências sensoriais como a
incapacidade de sentir ou de localizar
estimulações táteis, além da perda do
sentido de posição e da discriminação
de dois pontos, ou seja, da capacidade
de distinguir se uma pequena região da
pele está sendo estimulada em um ou
dois pontos, simultaneamente.

ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (V1)


• Área visual primária localiza-se nas
bordas do sulco calcarino no lobo
occipital, correspondendo à área 17 de
Brodmann (V1).
• Ele discerne intensidade, formato,
tamanho e localização dos objetos no
campo visual. Há uma retinotopia, já
que cada parte da retina se projeta para
uma parte específica do córtex
cerebral.
•Estimulação elétrica na área 17 faz
com que o indivíduo relate estar vendo pontos luminosos ou “clarões” nas
regiões correspondentes do campo visual (alucinações visuais).
• Lesões dessa área
resultarão em cegueira
parcial ou total,
dependendo da extensão
da lesão. Área auditiva
primária situa-se no giro
temporal transverso
anterior, correspondendo
às áreas 41 e 42 de
Brodmann (A1)).
Ela recebe as informações
auditivas vindas por meio das
fibras oriundas do corpo
geniculado medial. Sons de
diferentes frequências excitarão
partes diferentes do córtex
auditivo, o que torna possível
afirmar que na área auditiva
primária existe uma tonotopia:
sons mais graves são
representados
anterolateralmente, enquanto
sons mais agudos são
representados
posteromedialmente.

Lesões nesta área dificilmente


provocam surdez, pois as vias auditivas, apesar de cruzarem a linha média como
as demais vias sensoriais, têm um grande componente ipsilateral, ou seja, fibras
que não se cruzam e que irão atingir o córtex auditivo do mesmo lado.
• Assim, uma surdez cortical só é possível por lesão bilateral.

ÁREA AUDITIVA PRIMÁRIA (A1)

• Área auditiva primária situa-se no giro


temporal transverso anterior, correspondendo
às áreas 41 e 42 de Brodmann (A1)).
– Ela recebe as informações auditivas vindas
por meio das fibras oriundas do corpo
geniculado medial. Sons de diferentes
frequências excitarão partes diferentes do
córtex auditivo, o que torna possível afirmar
que na área auditiva primária existe uma
tonotopia: sons mais graves são representados
anterolateralmente, enquanto sons mais agudos são representados
posteromedialmente.

• Lesões nesta área dificilmente provocam surdez, pois as vias auditivas, apesar
de cruzarem a linha média como as demais vias sensoriais, têm um grande
componente ipsilateral, ou seja, fibras que não se cruzam e que irão atingir o
córtex auditivo do mesmo lado.
• Assim, uma surdez cortical só é possível por lesão bilateral.

OLFATO E GUSTAÇÃO:
os sentidos químicos

• Por meio dos sentidos do olfato e da


gustação, uma pessoa é capaz de detectar
um impressionante número e uma grande
variedade de substâncias químicas no
mundo externo.

– Esses sentidos químicos informam


acerca da disponibilidade de alimentos e
de
seu potencial prazer ou perigo. O aroma e o sabor também iniciam alterações
fisiológicas necessárias para a digestão e para a utilização do alimento.
– Em muitos animais, o sistema olfatório também é utilizado para uma
importante função social, detectando feromônios que determinam respostas
inatas comportamentais ou fisiológicas.
– Embora a capacidade discriminativa dos humanos seja de certo modo limitada
quando comparada àquela de muitos outros animais, químicos que estudam
odores calculam que o sistema olfatório humano possa ser capaz de detectar
mais de 10 mil substâncias químicas voláteis diferentes.
– Perfumistas altamente treinados para discriminar odores podem distinguir até
5 mil diferentes tipos de substâncias odoríferas, e degustadores de vinhos
podem discernir mais de cem componentes da gustação com base na
combinação de sabores e aromas.
OLFAÇÃO
A área olfatória na espécie humana localiza-se na porção mais anterior do giro
parahipocampal e do úncus.

Gustação
A área gustativa situa-se em uma porção mais
inferior do giro pós-central: área 43
(intermediária do córtex da ínsula). Vestibular
Finalmente, admite-se que os impulsos
originados nos receptores vestibulares atingem
o córtex em uma porção inferior do giro
pós-central (lobo parietal), que conflui com
regiões da ínsula.

ÁREA MOTORA PRIMÁRIA (M1)


O córtex motor primário (M1) ocupa a parede anterior do sulco central e
somente uma parte limitada da superfície exposta do giro pré-central,
especificamente sua parte posteromedial.
• Anteriormente, M1 está ocultado na profundidade do sulco central.
• M1 é a origem de uma grande proporção das fibras corticoespinais.
• Similar ao córtex somatossensorial M1 é somatotopicamente organizado com
uma representação invertida do corpo.
• A mão e a boca têm áreas desproporcionalmente grandes.
• Ele executa os movimentos voluntários.

Área motora primária: área 4 de Brodmann, localiza-se na região do giro


pré-central.
– Estímulos elétricos aplicados nessa região provocam o aparecimento de
movimentos em partes específicas da metade oposta do corpo.
– Estímulos na porção mais baixa do giro produzem movimentos da língua; um
ponto acima, movimentos da face; depois, movimentos do braço, até chegar à
face medial do hemisfério, onde estimulações provocaram movimentos da perna
e do pé.

SOMATOTOPIA
Para cada parte do corpo existe uma região correspondente do córtex cerebral,
um homúnculo motor que é distorcido.

– A representação para o tronco é relativamente pequena, enquanto que para a


face e para os dedos é extensa.
– A correspondência se faz não com o tamanho, mas com a capacidade para
realizar movimentos precisos, existentes em cada parte do corpo.
– Esta capacidade será determinada pelos hábitos comportamentais de cada
espécie.

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