000003C8

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 38

UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento Resistido na Prevenção de Lesões em Corredores

Giovanni Machado Freitas


Valdir Silvério Rodrigues Júnior

São José dos Campos/SP

2012
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TREINAMENTO RESISTIDO NA PREVENÇÃO DE LESÕES EM CORREDORES

GIOVANNI MACHADO DE FREITAS


VALDIR SILVÉRIO RODRIGUES JÚNIOR

Relatório final apresentado como parte das


exigências da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso à Coordenação de TCC
do curso de Educação Física da Faculdade
de Educação e Artes da Universidade do
Vale do Paraíba.

Orientador: Prof. Msc. Adriano Percival Calderaro Calvo

São José dos Campos/SP

2012
Dedicamos este trabalho ao nosso professor
e orientador Adriano Percival Calderaro
Calvo.
Agradecimentos

Agradecemos a Deus, primeiramente, pela força e fé para continuar os


estudos.

Agradecemos aos nossos familiares pelo incentivo e apoio nesses quatro


anos de estudo.

Agradecemos aos professores pela dedicação da transmissão de seus


conhecimentos.
Resumo
A prática da corrida de rua tem aumentado nos últimos anos, tanto por sua
facilidade quanto pelo baixo custo envolvido. Essa prática, todavia, envolve risco de
lesões musculoesqueléticas. O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de
lesões mais recorrentes em corredores de rua e diferentes formas de exercícios
resistidos na prevenção, no qual o maior numero de lesões encontrados é no joelho,
por ser uma articulação complexa e absorver impactos demasiados nos períodos de
treinamentos intensos. Com o treinamento de força há melhora significativa no
equilíbrio muscular, na coordenação do movimento e ainda há melhora no
desempenho da corrida e sobretudo evitando lesões. Um dos fatores para se ter
segurança na corrida deve-se controlar a quilometragem, intensidade, ritmo e
descanso, e qualquer alteração nesses fatores devem ser cuidadosamente
analisados.Outro fator e observar sinais de overtraining como por exemplo, um
acréscimo na frequência cardíaca de repouso, distúrbios do sono, alterações de
humor, mudanças de apetite, desmotivação, que são um dos fatores que mais causa
lesões.Por isso sempre dosar seu volume e intensidade em função de seus limites,
objetivos, características antropométricas e biomecânicas, respeitando o seu corpo.
Palavras- chave: Treinamento resistido, Lesão, Corredor
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................................08

2 OBJETIVO ...................................................................................................................................09
2.1 OBJETIVO GERAL ... ................................................................................................09
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ........................ .................................................................................09

3 METODOLOGIA...........................................................................................................................10

4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA.........................................................................................................11
4.1 PERFIL HISTÓRICO ........................ .......................................................................................11
4.1.1 CONCEITOS, FUNDAMENTOS E BENEFÍCIOS ........................ ......................................12
4.1.2 TREINAMENTO MUSCULAR ........................ ...................................................................14
4.1.3 APTIDÃO FÍSICA ........................ ......................................................................................15
4.1.4 ADAPTAÇÃO E SEGURANÇA DO TREINAMENTO ........................ ...............................16
4.1.5 MUSCULAÇÃO PARA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE LESÕES ....................... .17
4.2 CORRIDA DE RUA: ANÁLISE DE MODALIDADE ........................ ..........................................17
4.2.1 ANÁLISE BIOMECÂNICA ........................ ........................................................................ 18
4.3 CAUSAS E INCIDÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DE RUA ........................ ............19
4.3.1 UMA REVISÃO ACERCA DAS LESÕES EM CORREDORES DE RUA............................22
4.3.2 TIPOS DE LESÕES EM CORREDORES............................................................................28
4.3.3 ASPECTOS PREVENTIVOS...............................................................................................30
4.4 TREINAMENTO DE FORÇA PARA CORREDORES DE RUA .............................................32
4.4.1 ASPECTOS FISIOLÓGICOS..............................................................................................32
4.4.2 METODOS DE TREINAMENTO PARA FUNDISTAS.........................................................34
4.4.2.1 TREINAMENTO EM CIRCUITO COMBINADO COM EXERCÍCIOS AERÓBICOS.........34
4.4.2.2 TREINAMENTO DE RAMPA ..........................................................................................35

4.4.2.3 TREINAMENTO EM CIRCUITO COMBINADO COM EXERCÍCIOS AERÓBICOS ........35


4.4.2.4 TREINAMENTO CONCORRENTE OU CRUZADO..........................................................35
4.4.2.5 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS.............................................................................35
4.4.3 EFEITOS DE TREINAMENTO CONCORRENTE NO DESENVOLVIMENTO DE FORÇA
MOTORA E DA RESITÊNCIA AERÓBICA.....................................................................................36
5. CONCLUSÃO..............................................................................................................................37
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................................................38
8

1 INTRODUÇÃO

É notado que o número de adeptos da corrida praticada em ruas e avenidas


está aumentando progressivamente, independentemente do objetivo adotado pelo
individuo para realizar esta prática: qualidade de vida, competição. No caso dos
adeptos que tem o intuito de melhorar suas condições físicas e saúde, Fredericson e
Misra (2007 apud PEREIRA, 2010) afirmam que a procura pela corrida se dá devido
à facilidade da prática e do baixo custo para o praticante.

Por outro lado, a simples adoção do hábito de correr pode trazer prejuízos.
Dependendo do volume e intensidade do treinamento, a corrida pode promover uma
série de lesões microestruturais no sistema ósseo e articular, principalmente dos
membros inferiores, comprometendo a saúde de seus praticantes (YAMATO et al.,
2011, apud PEREIRA, 2010; SANT’ANNA; SANTOS, 2010, apud PEREIRA, 2010;
PAZIN, 2008, apud PEREIRA, 2010).

Considerando os riscos à saúde promovidos por uma prática de corrida


inadequada, é importante discutir ações que possam contribuir para prevenção de
lesões nos corredores. O trabalho de exercícios resistidos tem sido um recurso dos
atletas para a prevenção de lesões, sendo aplicada de forma associada a diversas
práticas físicas (SANTARÉM, 1999). Contudo, é interessante que os dois assuntos
sejam discutidos de forma ampla e abordando todos os aspectos da influência da
corrida no ser humano, seja benéfico ou maléfico, e quais os benefícios da inserção
de trabalhos físicos pautados em exercícios resistidos.
9

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Reunir informações da literatura sobre prevenção de lesão promovidos por


exercícios resistidos aplicados de forma concorrente ao treinamento de corredores
de rua.

2.1 Objetivos Específicos

 Reunir informações da literatura a respeito dos tipos de lesões mais


recorrentes nos corredores de rua;

 Reunir informações da literatura a respeito da frequência de


acometimento de lesões em corredores de rua;

 Reunir informações da literatura a respeito dos benefícios do exercício


resistido concorrente a treinamentos;

 Reunir informações da literatura a respeito dos benefícios do exercício


resistido concorrente em corredores de rua;

 Reunir informações da literatura a respeito dos benefícios específicos


do exercício resistido concorrente em corredores de rua para prevenção de lesões
nesses praticantes;
10

3 METODOLOGIA

Para realizar o estudo, foram realizadas buscas textuais em base de


dados como: Periódico Capes, Scielo, Domínio Público e outros gêneros. Além
disso, foram realizadas buscas textuais em acervo de bibliotecas especializadas
como: Biblioteca Univap (Base de dados ATHENAS), entre outras. Por fim foram
realizadas busca em sites.

Nessas bases de dados foram pesquisados artigos indexados e não-


indexados, livros, monografias, trabalhos de conclusão de curso, entre outros
trabalhos relevantes ao tema.

Para tal pesquisa, foram utilizadas as seguintes palavras-chave:


corredores de rua; exercício resistido; lesões em corredores; exercício resistido
concorrente; prevenção de lesões; lesões esportivas; exercício resistido na
maratona entre outras.

Por fim, os dados coletados foram selecionados conforme o tema do


estudo e posteriormente explanados para produção de texto.
11

4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

4.1 Perfil Histórico


De acordo com Fleck e Figueira Júnior (2003), o treinamento com pesos
passou por uma extraordinária evolução nos últimos 50 anos. Executado
anteriormente por um pequeno segmento da sociedade, hoje tornou-se popular entre
uma grande camada da população devido aos muitos benefícios que propicia ao
fitness e à saúde.
Nas décadas de 30 e 40, o treinamento com pesos era realizado quase que
exclusivamente por um pequeno número de atletas, em especial os levantadores de
pesos olímpicos e fisiculturistas. Nesse período, as pessoas tinham medo desse tipo
de treinamento, pois acreditavam que, além de não trazer benefício, o exercício com
pesos poderia lesionar os ossos e causar o encurtamento dos músculos (FLECK;
FIGUEIRA JUNIOR; 2003).
Nas décadas de 50 e 60, os mitos de que o treinamento com pesos poderia
prejudicar os ossos e outras capacidades físicas tornaram-se infundados. Desta
forma, cada vez mais atletas passaram a adotá-lo como parte do programa de
condicionamento físico completo (FLECK; FIGUEIRA JUNIOR; 2003).
Ao longo dos tempos, houve um aumento gradual do número de atletas de
elite que praticam o treinamento resistido concomitantemente ao treinamento da
modalidade em virtude dos benefícios obtidos nos resultados e em função das
exigências esportivas da atualidade. Assim, nas décadas de 70 e 80, o treinamento
com pesos passou a ser incluído no programa de condicionamento não apenas de
atletas, mas também de adeptos ao fitness de ambos os sexos (FLECK; FIGUEIRA
JUNIOR; 2003).
Por fim, nos anos 90, em conseqüência dos muitos benefícios para a aptidão
física e para a saúde, pessoas de praticamente todas as faixas etárias passaram a
se envolver no treinamento com pesos (FLECK; FIGUEIRA JUNIOR; 2003). Junto
desses fatos, houve uma intensa discussão sobre a dificuldade de definir os efeitos
de aprendizagem com o ganho de força no desempenho habilidoso. Contudo, essa
visão dos fatos vem se modificando atualmente, pois verifica-se nos últimos anos um
crescente aumento de pesquisas, muito bem controladas, que vêm mostrando,
convincentemente que o treinamento de força muscular de alta intensidade pode
produzir um aumento significativo de força muscular, bem como hipertrofia muscular
12

de um modo seguro, sem afetar o desempenho habilidoso (PHILIPS; HASKELL,


1995 apud OKUMA, 1998).

4.1.1 Conceitos, fundamentos e benefícios


Nas teorias de condicionamento físico, força é interpretada como resultado de
contração muscular que pode gerar, ou não, movimento. Ou seja, a força é
representada pela superação de uma dada resistência, obtida através da contração
muscular. ( MANSO, VALDIVIELSO, CABALLERO,1996 apud UCHIDA et al., 2004
apud GOBBI et al.; 2005)
De acordo com Santarém (2005), os exercícios resistidos geralmente são
isotônicos. Ou seja, apresentam alternância de contrações concêntricas e
excêntricas. Na contração concêntrica a força gerada pela contração muscular é
maior do que a resistência oposta ao movimento, o que determina o encurtamento
do músculo. Na contração excêntrica a força muscular é menor do que a carga,
ocorrendo então o alongamento do músculo embora esteja se contraindo.
O mesmo autor ressalta que quando os exercícios são realizados até a
exaustão, surgem fases isométricas. Os esforços isométricos não possuem efeitos
nocivos para pessoas saudáveis, mas induzem sobrecargas que devem ser evitadas
em situações de doenças ou despreparo físico. Evitar cargas que levem à esforço
isométrico é o cuidado básico no treinamento com pesos em situações especiais de
saúde.
Para Fleck e Figueira Júnior (2003), o benefício mais conhecido do
treinamento com pesos seja o aumento de força. Este é um fator decisivo para
melhorar o desempenho, tanto do atleta de elite nas competições, como das
pessoas nas atividades cotidianas. Assim, o objetivo de programas de treinamento
com exercícios resistidos para o fitness, wellness e healthness deve ser aumentar e
manter a força. Dentre os benefícios à saúde, este tipo de treinamento é importante
para manutenção da homeostase hemodinâmica do indivíduo (CHWALBINSKA-
MONETA et al., 1989 apud SANTARÉM, 1998; MARCINIK et al., 1991 apud
SANTARÉM, 1998; SANTARÉM, 2005). Contudo, uma pessoa que recebe esse tipo
de treinamento ao longo da vida envelhece de forma mais saudável, e tende a
manter-se capaz de realizar suas atividades cotidianas.
O aumento da força acontece em razão de dois fatores principais: (i) neurais e
(ii) anatômicos. Durante as primeiras semanas de treinamento, a força aumenta em
13

consequência das adaptações neurais (SALE, 1988, apud FLECK; FIGUEIRA


JÚNIOR, 2003; BARBANTI, 1990, apud FLECK; FIGUEIRA JÚNIOR, 2003). Essas
adaptações do sistema nervoso incluem a solicitação de músculos envolvidos no
exercício, assim como segmentos de outros músculos, em ordem e tempo
apropriados, de maneira coordenada, a fim de alcançar o resultado de força máxima.
Essa suposição baseia-se no fato de não haver aumento de massa muscular nesse
período (UCHIDA et al., 2004, apud GOBBI et al., 2005).À medida que o treinamento
avança, os ganhos de força tornam-se mais dependentes das alterações no volume
muscular, que são mais lentas do que as adaptações neurais.
Fleck e Figueira Junior (2003) destacam que o aumento do volume do
músculo (i.e. hipertrofia), adaptação bastante conhecida como resultado do
treinamento com pesos deve-se principalmente à maior concentração de proteína
contrátil encontrada no interior das fibras musculares humanas, esse processo nada
mais é que é o aumento da area transversa do músculo pelo aumento dos numeros
de sarcômeros em paralelo. Com o incremento da proteína no músculo esquelético,
intensifica-se o mecanismo celular para desenvolver a força.
Para Santarém (2005), atividades com tensão muscular em níveis adequados
e repetidas com regularidade, constituem o estímulo básico para o aumento dessas
proteínas contráteis no sarcoplasma das fibras musculares. O autor enfatiza ainda
que a aplicação graduada de sobrecarga tensional aos músculos esqueléticos tem
sido obtida de maneira ideal, eficiente e segura, com a utilização dos exercícios
resistidos.
O treinamento com pesos desenvolve não apenas a força muscular e a
flexibilidade, mas a capacidade de prolongar esforços, tanto de alta quanto de baixa
intensidade, apesar de não aumentar a capacidade aeróbia das pessoas. (ADES et
al., 1996 apud SANTARÉM, 1998; FRONTERA et al., 1994 apud SANTARÉM, 1998;
THOMPSON, 1994 apud SANTARÉM, 1998)
Do ponto de vista metabólico, os exercícios resistidos são sempre
anaeróbios, exceto quando realizados com intensidade muito baixa, o que
normalmente não é utilizado (FLECK; KRAEMER, 1997 apud SANTARÉM, 2005). O
limiar anaeróbio corresponde entre 30% e 40% das fibras musculares em atividade,
e o treinamento resistido costuma recrutar percentuais mais elevados de fibras.
14

4.1.2 Treinamento muscular


A utilização da musculação inserida na preparação física como método de
treinamento, prevenção e recuperação de lesão é imprescindível. Os treinamentos
de musculação
“[...] são meios de preparação física utilizados para o desenvolvimento das
qualidades físicas relacionadas com as estruturas musculares” (TUBINO, 1994).

Além disso,
“a musculação é um meio de treinamento caracterizado pela utilização de pesos e
máquinas desenvolvidas para oferecer alguma carga mecânica em oposição ao
movimento dos segmentos corporais” (CHAGAS; LIMA, 2008).

Com isso, a musculação deve ser entendida diferentemente de outros termos


que vem sendo utilizados como sinônimos aqui no Brasil: treinamento com peso,
exercício resistido e exercício contra resistência. Pois outros métodos de treino e
esporte podem caracterizar estes sinônimos, não incluindo somente a musculação,
por exemplo: (i) jiu-jítsu, treinamento com peso (i.e. corpo do oponente); (ii) corrida,
contra uma resistência (i.e. deslocar o peso do próprio corpo), natação (resistência
do atrito com água).
FLECK; KRAEMER (2006) relatam o crescente número de salas de
musculação em clubes. De acordo com estes autores, espera-se que ao final de um
programa bem elaborado de musculação, ele tenha produzido
“[...] benefícios, tais como aumento da força, aumento da massa magra, diminuição
da gordura corporal e melhoria do desempenho físico em atividades esportivas e da
vida diária” (FLECK; KRAEMER, 2006).

De acordo com Alves (2006), o treino de força pode ter como resultado: (i) a
hipertrofia muscular; (ii) o aumento da capacidade do músculo gerar tensão; (iii) o
aumento da resistência muscular; (iv) a melhoria da coordenação intra e
intermusculares; (v) o aumento da capacidade para realizar tensão mais
rapidamente; e (vi) um melhor equilíbrio muscular (i.e. entre agonistas e
antagonistas; entre membros; e entre tronco e membros inferiores). Todas estas
15

adaptações durante o treinamento de força refletem na melhora do desempenho das


ações do atleta durante uma corrida, por exemplo.

4.1.3 Aptidão física


Todas as qualidades de aptidão física são estimuladas pelos exercícios
resistidos: força, potência, resistência, coordenação e flexibilidade (ADES, 1996
apud SANTARÉM, 2005; FLECK; KRAEMER, 1997 apud SANTARÉM, 2005). O
benefício mais conhecido do treinamento com pesos seja o aumento de força, fator
decisivo para melhorar o desempenho das pessoas nas atividades cotidianas
(FLECK; FIGUEIRA JUNIOR, 2003)
A força muscular pode ser classificada quanto a velocidade de contração
muscular: (i) potência muscular e (ii) resistência muscular (GOBBI et al., 2005). A
potência muscular é definida como a capacidade de realizar trabalho na unidade de
tempo, ou seja, a capacidade de acelerar o corpo ou partes dele (FLECK;
KRAEMER, 1997 apud SANTARÉM, 2005).
A potência diminuída pode ser um dos principais fatores que contribuem para
a perda das capacidades funcionais e dos mecanismos de segurança relacionados à
prevenção de lesões (FLECK; KRAEMER, 1999, apud GERKEN et al., 2007). A
velocidade dos movimentos acompanha os níveis de força muscular; portanto,
manter a força muscular e a capacidade de utilizá-la com velocidade é vital para
prevenir e criar mecanismos de proteção(FLECK; FIGUEIRA JUNIOR, 2003).
O conceito de resistência muscular é definido como a capacidade de manter a
atividade contrátil do músculo. Resistência muscular pode ser entendida como a
capacidade de prolongar esforços. O treinamento resistido aumenta a resistência
para todos os tipos de esforços musculares (UCHIDA et al., 2004, apud GOBBI et
al., 2005; SANTARÉM, 2005).
Para prolongar esforços suaves, como caminhar, por exemplo, é necessário o
desenvolvimento da capacidade aeróbia, que é diretamente proporcional à força
muscular. A capacidade aeróbia é grande quando a pessoa consegue realizar
atividades suaves recrutando pequeno número de fibras musculares, o que permite
uma maior alternância de unidades motoras e consequentemente maior capacidade
de prolongar o esforço. (HICKSON; DVORAK; GOROSTIAGA, 1980 apud
SANTARÉM, 2005)
16

A coordenação motora melhora com a prática dos exercícios resistidos


porque os movimentos lentos e amplos estimulam adequadamente as terminações
nervosas proprioceptoras. Assim, contribui para o desempenho do equilíbrio, a
precisão do movimento e a consciência corporal (FLECK; KRAEMER, 1997 apud
SANTARÉM, 2005).
A flexibilidade é a capacidade de movimento da articulação com a maior
amplitude possível (OKUMA, 1998). A flexibilidade tende a aumentar durante o
treinamento resistido provavelmente porque os limites dos movimentos são
adequadamente solicitados nas amplitudes articulares disponíveis. O alongamento
muscular faz parte dos exercícios resistidos, ocorrendo durante a fase excêntrica
(BARBOSA; SANTARÉM; JACOB FILHO, 2002 apud SANTARÉM, 2005; FLECK;
KRAEMER, 1997 apud SANTARÉM, 2005).
Segundo Santarém (2005), estudos longitudinais bem conduzidos não
demonstraram redução da flexibilidade durante o treinamento com pesos. Por outro
lado, numerosos estudos documentam aumento de flexibilidade induzido pelos
exercícios com pesos, na ausência de exercícios específicos para esta finalidade.
Os graus de flexibilidade que pessoas sem alterações patológicas conseguem
por meio do treinamento resistido não são máximos, embora sejam mais do que
suficientes para uma boa qualidade de vida. O treinamento com pesos resulta em
benefícios para a aptidão física em todas as faixas etárias, com rápida melhora nas
capacidades motoras para a vida diária e isso é extremamente importante para um
envelhecimento saudável (FLECK; FIGUEIRA JUNIOR, 2003).

4.1.4 Adaptação e segurança do treinamento


Os exercícios resistidos podem ser considerados muito seguros, para todas
as pessoas, conforme Santarém (2005). A segurança músculo esquelética é dada
pela adequação ideal (i) das sobrecargas, (ii) das posturas, (iii) das repetições, (iv)
da amplitude dos movimentos, (v) dos intervalos de descanso, (vi) do número de
séries e de exercícios, e (vii) da frequência das sessões às condições físicas dos
praticantes. Assim, em pessoas com baixo condicionamento físico, mais recorrente
em idosos, os movimentos são relativamente lentos e cadenciados, sem
acelerações ou desacelerações violentas.
17

Em função de sua segurança e das qualidades de aptidão que desenvolve, os


exercícios com pesos têm sido utilizados com sucesso também na reabilitação
cardíaca e profilaxia de incapacidades em todas as pessoas .
A segurança cardiovascular é garantida pela adequação do duplo produto às
condições individuais. Como em toda forma de atividade física, a pressão arterial se
eleva também nos exercícios resistidos, mas dentro de limites seguros, mesmo com
cargas elevadas, desde que não se realizem contrações isométricas em apnéia.
Devido ao caráter interrompido do treinamento, a frequência cardíaca eleva-se em
níveis discretos. O resultado é um duplo produto de baixo risco cardíaco (EVANS,
1996 apud SANTARÉM, 1998; VERRIL; RIBISI, 1996 apud SANTARÉM, 1998).

4.1.5 Musculação para prevenção e recuperação de lesões


Segundo Sargentim (2010), as lesões musculares geralmente ocorrem
quando existe um desequilíbrio muscular. Ou seja, desequilíbrio entre a ação
concêntrica (i.e. agonista) e ação excêntrica (i.e. antagonista). Nos casos em que há
necessidade de movimentos pliométricos, a musculatura deve estar em perfeito
equilíbrio e forte o suficiente para suportar as características desse tipo de
movimento.
O trabalho de fortalecimento com exercícios de cadeia cinética fechada são
os mais recomendados para alcançar este desejável equilíbrio. Estes exercícios
“são aqueles os quais as extremidades dos membros específicos estão apoiados no
chão ou em uma plataforma, gerando uma estabilidade maior para a execução do
movimento” (SARGENTIM, 2010).

Esse método de treinamento fortifica a musculatura como um todo, age na


musculatura agonista, antagonista e sinergista em conjunto. Exemplo de exercício
mais praticado é o agachamento, podendo ser ele completo ou parcial.
O trabalho de propriocepção é muito utilizado como treinamento para
prevenção de lesões. Além disso, é responsável por gerar resultados significativos
no treinamento de força, já que as articulações estarão mais seguras e com
movimentos mais coordenados. Os exercícios de propriocepção podem ser
desenvolvidos em bases estáveis ou instáveis, movimentos com desequilíbrio, com
ou sem peso, com ou sem giro do corpo ou partes dele. Todo esse trabalho visa o
fortalecimento articular (SARGENTIM, 2010).
18

4.2 Corrida de Rua: Análise da Modalidade


De acordo com Platonov (2004), uma atividade competitiva só pode ser
realizada se o atleta domina as ações e os procedimentos que compõe o arsenal da
técnica e da modalidade esportiva em questão. O primeiro passo para um correto
planejamento do treinamento de uma modalidade é analisar as bases e os
componentes do rendimento físico que são determinantes em sua execução, pois
somente o desenvolvimento harmônico destes fatores pode permitir o seu aumento
e os melhores meios para o seu desenvolvimento (BARBANTI, 2010). Em outras
palavras, faz-se necessário determinar as capacidades biomotoras responsáveis
pelo ótimo rendimento na modalidade. Estas capacidades podem ser coordenativas,
responsáveis pela execução e domínio dos gestos técnicos de forma sincronizada,
precisa e econômica; ou condicionantes, fundamentadas na eficiência do
metabolismo energético e determinadas pelos processos que conduzem à obtenção
e transformação de energia. São estas: capacidade de força, capacidade de
resistência, capacidade de velocidade e flexibilidade (BARBANTI, 2010). De acordo
com Bompa (2001), a corrida é uma modalidade cíclica, isto é, caracterizada pela
repetição constante da estrutura biomecânica do movimento.
Segundo Billat (2001), o rendimento, principalmente nas modalidades cíclicas
locomotoras, é medido ou pelo tempo necessário para percorrer determinada
distância, ou pela distância percorrida em dado tempo. Considerando-se a curva
velocidade-tempo, o objetivo do treinamento desportivo nas corridas é deslocar esta
curva para direita. Para dar início ao planejamento propriamente dito, a análise da
modalidade será feita de acordo com fatores biomotores.

4.2.1 Análise Biomecânica


Os segmentos das diversas área do conhecimento e pesquisas se relacionam a
fim de resultados conclusivos, referindo-se assim a biomecânica colabora com as
modalidades esportivas identificando os músculos ou grupos musculares utilizados
nos movimentos e a forma com que estes músculos atuam nas diferentes fases do
movimento, para que a sobrecarga de treinamento seja feita de acordo com as
especificidades motoras de cada modalidade (SILVA, 2006, apud LIMA, 2010).
Segundo Martins (2008, apud LIMA, 2010) o procedimento da corrida ocorre com a
execução coordenada dos membros inferiores com os superiores, de forma que
19

ocorre equilíbrio e desequilíbrio simultaneamente controlados pelos membros


superiores e inferiores.
Para analisar a movimentação dos membros inferiores é necessária a divisão do
gesto motor em três fases: apoio, impulsão e recuperação. A fase de apoio tem
início quando o pé toca o solo à frente, amortecendo o impacto, até posicionar-se
sob o corpo do corredor; a fase de impulsão tem início no final da fase anterior e vai
até a perda do contato do pé com o solo; e a fase de recuperação corresponde ao
ponto onde o pé perde o contato com o solo e apenas retorna à frente do corpo
(CAMPOS et al ;2002, apud LIMA, 2010).
No movimento da corrida os glúteos são músculos determinantes em sua
execução. O glúteo máximo é o maior, retrai o fêmur abaixo da linha do tronco, o
que reduz o movimento de flexão do quadril. Enquanto o peso corporal está sobre
uma perna, os outros dois músculos mantem o apoio do tronco.
Na parte anterior um segundo conjunto de músculos, que se opõe aos glúteos,
chamado de iliopsoas (ilíaco e psoas) é responsável pela elevação do fêmur. Os
ísquio-tibiais (semimembranáceo, semitendíneo e bíceps femoral), responsáveis
pela flexão do joelho, localizam-se na parte posterior da coxa; na parte anterior da
coxa os músculos que se opõe aos ísquio-tibiais, chamados de quadríceps (reto
femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio), são responsáveis pela
extensão do joelho. Na articulação do tornozelo os músculos sóleo e gastrocnêmio
atuam na extensão da articulação, sendo que gastrocnêmio também participa da
flexão do joelho(NEWSHOLM, 2006, apud LIMA, 2010).
Os braços se movimentam de forma coordenada e alternada aos movimentos
das pernas, flexionados, balançando no eixo do ombro, e o tronco permanece ereto
(MARTINS 2008, apud LIMA, 2010). Na flexão gleno-umeral os músculos atuantes
são o deltóide (parte anterior), peitoral maior e o coracobraquial. A extensão da
articulação glenoumeral é feita pela ação dos músculos deltóide (parte posterior) e
grande dorsal (CARNAVAL, 2000, apud LIMA, 2010).

4.3 Causas e Incidência de Lesões em Corredores de Rua


É notado que o número de adeptos da corrida praticada em ruas e avenidas
está aumentando progressivamente, independentemente do objetivo adotado pelo
individuo para realizar esta prática: qualidade de vida ou competição. No caso dos
adeptos que tem o intuito de melhorar suas condições físicas e saúde, Fredericson e
20

Misra (2007, apud PEREIRA, 2010) afirmam que a procura pela corrida se dá devido
à facilidade da prática e do baixo custo para o praticante.
A prática de corrida por um longo período de tempo traz benefícios físicos e
mentais ao participante (MORGAN; COSTILL,1996, apud PEREIRA, 2010). Por
outro lado, é reportado que essa prática também é geradora de lesões (VAN
MECHELEN, 1992, apud PEREIRA, 2010). No período de um ano, verificou-se que
há a incidência de lesão em praticantes de corrida, amadores e profissionais, em
27% dos casos, no mínimo. Estas lesões são mais recorrentes no joelho. Uma
articulação complexa que absorve impactos demasiados em períodos de
treinamentos intensivos (PEREIRA; 2010), e em distâncias muito elevadas ao longo
de uma semana pelo indivíduo . (YAMATO et al., 2011). Mais especificamente, estas
lesões podem surgir por dois mecanismos: (i) macrotraumatismo, lesões que surgem
em função de um trauma mecânico como entorse, pancada, contusão; e (ii)
microtraumatismo, lesões que surgem em função de repetição exaustiva de
fundamentos da modalidade sem adequados tempos de recuperação ou por
repetição incorreta desses fundamentos. É importante salientar que lesões
relativamente pequenas que são ignoradas podem, com cargas repetidas, progredir
para lesões mais graves (SANT’ANNA; SANTOS, 2010, apud PEREIRA, 2010). Os
microtraumatismos são conhecidos como lesões por sobrecarga ou lesões por
esforço repetitivo (LER) (OLIVEIRA, 2009, apud PEREIRA, 2010)
Pazin (2008, apud PEREIRA, 2010) verificou que o treinamento intensivo é
muito frequente. Segundo este autor, corredores profissionais percorrem uma
distância de 64 km em treinamento realizados num espaço de tempo de quatro a
sete dias. As lesões por sobrecarga são muito mais frequentemente constatadas
que as lesões agudas Para Lasmar et al (2002, apud PEREIRA, 2010). Desta
forma, estresses mecânicos são inerentes à prática da corrida. Esta sobrecarga
acomete o sistema esquelético. Os ossos mais afetados são os que compõem os
membros inferiores, com acometimentos graves como fraturas. O osso mais
frequentemente fraturado pelos corredores é a tíbia, principalmente se estes
praticantes possuírem deformidades nas estruturas dos pés (ARHEIM et al., 2002
apud PEREIRA, 2010; WHITING; ZERNICKE, 2001 apud PEREIRA, 2010; LASMAR
et al., 2002; apud PEREIRA, 2010).
Outras formas de lesões graves que surgem em detrimento de microtraumas
que se tornam lesões graves devido ao estresse provocado pelo treinamento em
21

corrida são lesões condrais (p.e. osteocondrite dissecante) que interfere


drasticamente na morfologia anatômica da articulação, em determinados casos, há a
necessidade de intervenção cirúrgicas (OLIVEIRA, 2009, apud PEREIRA, 2010).
Lesões nas inserções musculares do sistema ósseo podem ser ocasionadas por
estresse de microtraumas. Este tipo de lesão é mais perceptível nas inserções de
musculaturas mais potentes dos membros inferiores, como lesões próximas à
sacroilíaca (PUERTAS et al., 2005, apud PEREIRA, 2010). Este tipo de lesão induz
a adoção de um novo comportamento motor pelo indivíduo, o que pode
sobrecarregar os membros inferiores, o que pode acarretar em lesões em outras
partes do membro (SANT’ANNA; SANTOS, 2010, apud PEREIRA, 2010).
Segundo Andrews et al (2000, apud PEREIRA, 2010) e Hillman (2002, apud
PEREIRA, 2010), a tensões promovidas por movimentos repetidos e que induzem à
lesão, são absorvidas em diversas estruturas dos membros inferiores. Levando ao
estresse tibial medial, representado por tendinite ou periostite, geralmente
apresentado em uma biomecânica anormal (SANTANNA; SANTOS, 2010, apud
PEREIRA 2010).
Essas lesões podem se apresentar de forma limitante, sendo resultado de
estresse anormal para os membros inferiores, podendo determinar lesão
independente e mais séria. Contudo, os microtraumas são indiscutivelmente e
fundamentalmente resultado de esforços repetitivos (CARAZZATO et al., 1997, apud
PEREIRA, 2010).
Tendo em vista que o excesso de atividade proporciona maior acometimento
de lesões, uma opinião desanimadora pode ser criada em relação à prática de
corrida de rua. Porém Marti (1998, apud PEREIRA, 2010)verificou a incidência de
lesões em 4000 corredores e concluiu que o desempenho foi inversamente
proporcional aos casos ambulatoriais. Isto sugere que corredores mais adaptados à
prática regular de corrida estão menos propensos às lesões ou doenças
relacionadas à baixa capacidade de produzir resposta imunológica.
Por ser um esporte que não demanda muitos recursos financeiros para sua
execução, ele é praticado em grande escala por atletas de baixa renda e, portanto,
se sujeitam a riscos de lesões devido ao treinamento em locais pisos inadequados,
com vestuário inadequado e de forma extenuante, em busca de aprimoramento
(SANT’ANNA; SANTOS 2010, apud PEREIRA, 2010). Fernandes (2003, apud
PEREIRA, 2010) discorda, pois coloca que os benefícios causados pela prática da
22

corrida são maiores que os eventuais problemas causados pela prática.


O entendimento das principais causas que levam o atleta a se lesionar é de
grande importância, visto que através de estudos pode se buscar meios eficazes de
prevenção (HINO et al, 2009 ; SIMÔES 2005, apud PEREIRA, 2010).
Apesar de todas essas constatações negativas, estudos em busca de
soluções são feitos, e sabe-se que há recursos como: o alongamento, os exercícios
isométricos, e os suportes de pé e tornozelo. Além dessa estratégias, segundo
Fredericson e Misra (2007, apud PEREIRA, 2010), existem evidências de que boa
parte dos problemas oriundos da prática da corrida de longa duração pode ser
evitada por meio de adaptação adequada ao treinamento.

4.3.1 Uma revisão acerca das lesões em corredores


Todas as pessoas estão sujeitas a algum tipo de distúrbio
musculoesquelético, e a maior parte sofre com o distúrbio em algum momento ao
longo de suas vidas, resultando em qualquer anormalidade temporária ou
permanente do sistema musculoesquelético que provoca dor ou desconforto. Alguns
distúrbios ocorrem dramaticamente e sua causa é óbvia, por exemplo, uma perna
quebrada causada pelo impacto em um acidente automobilístico ou por um lance
violento no futebol. Nesses contextos, o termo lesão pode ser mais apropriado.
É interessante obtermos a informação de que não existe um consenso na
literatura com relação à incidência de lesões provenientes da corrida (VAN
MECHELEN, 1992, apud PEREIRA, 2010). A grande variedade de métodos
utilizados para compilar os dados dificulta a identificação da verdadeira incidência de
lesões. Por exemplo, a incidência é apresentada de diferentes formas: percentual de
lesionados, percentual de lesões e número de lesões por mil horas de corrida.
Diferenças nas definições de lesão desportiva, participação esportiva,
características do corredor, metodologia da pesquisa e duração do estudo podem
influenciar achados na incidência de lesões como descrito por Van Mechelen et al.
(1992, apud PEREIRA, 2010). Na tabela 1 são demonstradas as diferenças nas
definições de lesão e seu desfecho, além das características da amostra de
corredores.
No estudo desenvolvido por Van Mechelen (1992, apud PEREIRA, 2010) é
apresentado um resumo dos resultados de vários estudos epidemiológicos que
tentaram identificar a causa de lesões dos membros inferiores durante a corrida.
23

Deve-se notar que os métodos utilizados para coletar os dados e as estatísticas


relativas à lesão e a população específica da amostra podem ter um efeito
significativo nos resultados, e tais fatores podem ser responsáveis por algumas das
grandes diferenças vistas nos estudos mostrados. Estes dados podem ser
analisados observando-se a tabela (2) a seguir:
Tabela 1: Definições de lesão e amostras de diferentes estudos epidemiológicos
relacionados à corrida.
Autor População Definição de lesão
Pollock et al. Pausa no
Corredores amadores
(1976) treinamento>7dias
Jacobs et al. Iniciantes treinamento para rústica Redução ou pausa no
(1986) de 10 km treinamento
Lyshlm et al. Corredores pertencentes a 2 Redução no
(1987) grupos de corrida (assessorias) treino>7dias
Blair et al. Redução no
Corredores amadores
(1987) treino>7dias
Pausa>2sessões ou
Watson et al.
Estudantes corredores redução no treino ou
(1987)
faltar ao treino de pista
Iniciantes participantes de um
Marti et al.
programa de treinos para Redução no treino
(1989)
maratona
Iniciantes participantes de um
Bovens et al.
programa de treinos para Redução de treino
(1989)
maratona
Redução no
Macera et al. treinamentos ou visita
Corredores habituais
(1989) ao médico ou uso de
medicação
Redução no
Walter et al. treinamento ou visita
Maratonistas Iniciantes
(1989) ao médico ou uso de
medicação
Clough et al.
Maratonistas iniciantes Definida pelo corredor
(1989)
Taunton et al. Dores relatadas após o
Corredores iniciantes de 10 km
(2003) exercício
Rauch et al. Estudantes praticantes de corrida Perderam um treino ou
(2005) de aventura uma prova.
Fonte: Ryan et al.( 2006).
24

Tabela 2: Taxa de incidência de lesões em corrida em estudos com período de


incidência de 1 ano.
Efeito no treino N° de sujeitos, gênero Programa Taxa de
Referência e condição da e média de idade de treino Incidência
amostra (anos) (km/sem) (%)
Menos treino,
Koplan et tratamento 693 feminino, (33); 37;
>10
al. (1982) médico e 730 masculino, (29) 38
medicação
Blair et al. Menos treino>7 438 feminino e
40 24
(1987) dias masculino, (44)
Lysholm e 19 velocistas, (21); 68;
Menos
Wiklander 13 meio-fundistas (19); ? 77;
treino>7dias
(1987) 28 fundistas, (35) 57
Yzerman e Menos
757 feminino, (15-70); 56;
Van Galen treinamento 70
50 masculino, (15-70) 38
(1987) médico
Marti et al.
Menos treino 4335 fem. (17-64) 24 45,8
(1988)
Holmich et Parada no
1310 feminino, (34) >30 31
al. (1989) treino
Menos treino, 1959
489 maratonistas
Clough et tratamento km/ano; 41;
femininos, (33); 440
al. (1989) médico, 1212 49
marat. (aband.) (31)
medicação km/ano
Menos treino,
Macera et tratamento 485 feminino, (42); 98 39; 52;
al. (1989) médico, masculino, (36) 37 49
medicação
Menos treino,
Walter et al. tratamento 985 feminino, (14-50+); 49; 49;
(1989) médico, 303 masculino, (14-50+) 35 46
medicação
Ooijendink Menos treino,
256 feminino, (39); 60 27;
e Van Agt tratamento 30
masculino, (39) 24
(1990) médico
Fonte: Adaptado de Van Mechelen (1992).

Seguindo os dados levantados por Van Mechelen (1992, apud PEREIRA,


2010) na tabela acima, para o corredor recreativo, aquele que treina constantemente
e os participantes decorrida de longa distância, a incidência anual absoluta das
25

lesões provenientes da corrida variam entre 37% a 56%. E estes dados estão de
acordo com as observações de Hreljac (2005, apud PEREIRA, 2010) onde em seu
trabalho foram relatados vários estudos epidemiológicos onde 27% a 70% de todos
os corredores, sejam amadores ou profissionais, que apresentaram algum tipo de
lesão durante o período de um ano.

Observa-se a partir destes dados que o engajamento na atividade de corrida


de maneira indiscriminada, ou sem critérios, pode acarretar em um problema de
saúde, no caso, a lesão, e com isto afastar-se-á do objetivo inicial de promoção da
saúde e bem estar, pois segundo Van Mechelen (1992, apud PEREIRA, 2010),
lesões provenientes da corrida induzem a redução do treino ou até a não realização
do mesmo em 30 a 90%.

Das lesões relatadas, cerca de 20 a 70% destas lesões levaram ao


tratamento médico, e 0 a 5% resultaram em falta ao trabalho.
Corredores são suscetíveis a algumas lesões agudas como, por exemplo, uma
entorse de tornozelo, mas a maioria das lesões podem ser classificadas em lesões
por overuse, ou uso excessivo, esta pode ser definida quando a estrutura é exposta
a uma grande quantidade de forças repetitivas sendo cerca de 75% de todas as
lesões, provenientes de uso excessivo. (HRELJAC 2000, apud PEREIRA, 2010;
MARTI et al.,1988, apud PEREIRA, 2010; OOIJENDIJK; VAN AGT, 1990, apud
PEREIRA, 2010),
Dentre os fatores etiológicos associados com lesões provenientes da corrida,
incluem-se lesões pré-existentes, falta de experiência, competições, excessivo
volume semanal de treino além de um acréscimo súbito na intensidade do
treinamento (VAN MECHELEN, 1992, apud PEREIRA, 2010; YEUNG e YEUNG,
2001, apud PEREIRA, 2010; TAUNTON, 2002, apud PEREIRA, 2010; RYAN,2006,
apud PEREIRA, 2010). As associações entre lesões provenientes da corrida e
fatores como aquecimento, flexibilidade, peso corporal, desvios posturais,
desequilíbrio muscular, mobilidade restrita, frequência de corrida, nível de
performance, estabilidade no padrão de corrida, calçados, necessitam de maiores
investigações segundo Van Mechelen (1992, apud PEREIRA, 2010).
A causa subjacente de muitos distúrbios musculoesqueléticos é a sobrecarga
excessiva, de natureza aguda ou crônica,onde o nível real de sobrecarga depende
da influência dos fatores de risco associados. Há três principais categorias de fator
26

de risco: fatores do movimento, fatores intrínsecos e fatores extrínsecos (LYSENS et


al , 1984, apud PEREIRA, 2010; ZATSIORSKY, 2001, apud PEREIRA, 2010). Os
fatores de movimento têm relação com as características dos movimentos
envolvendo a atividade e, em especial, a velocidade do movimento e o grau de
contato físico entre o indivíduo e o meio circundante.
Em geral, quanto maior a velocidade do movimento é, maior o grau de contato
físico, maior o risco de lesão. Os fatores de risco intrínsecos são características
pessoais, físicas e psicológicas que distinguem os indivíduos entre si, e os fatores
extrínsecos têm relação com as condições ambientais e a maneira como as
atividades são administradas. Embora a principal causa de um distúrbio ou lesão
possa estar aparente, na maioria dos casos eles são o resultado de uma complexa
interação dos fatores de movimento com fatores intrínsecos e extrínsecos
(ZATSIORSKY,2001, apud PEREIRA, 2010). Sabendo que as variáveis identificadas
como fatores de risco para lesões por uso excessivo variam na literatura, podemos
agrupá-las em três grandes categorias (tabela 3): fatores de treinamento anatômicos
e biomecânicos (HRELJAC, 2005, apud PEREIRA, 2010).

Tabela 3: Causas de lesão por overuse em corredores tabela extraída de Hreliac


2005

Treinamento Anatômicos Biomecânicos

Calçado Impróprio

Alto volume e Pés cavos/planos Estatura


intensidade
Joelhos varos Peso
Súbito aumento no
volume ou intensidade Discrepância de Flexibilidade de Isquiostibiais
inadequado comprimento de perna Densidade Mineral Óssea
alongamento de
membro inferior

Fonte: Hreliac (2005)

Ressaltando algumas das variáveis de treinamento que apresentam maior risco


para lesão destacam-se: volume de treino exacerbado, alta intensidade do
treinamento e um súbito incremento semanal no volume e/ou intensidade. O
27

mecanismo gerador do agravo pode ser entendido analisando a curva de relação


entre estresse e frequência de aplicação do estresse no gráfico abaixo:

Gráfico 1: Efeito sobre a ocorrência de lesão de esforço repetitivo, de acordo com a relação
teórica entre aplicação do estresse e da frequência . Fonte: Hreljac (2006).

Haverá um aumento do estresse, devido ao volume na sessão de treino, pois


uma grande distância percorrida acarreta em altas frequências de passadas, já o
aumento da intensidade, relacionado a um incremento da velocidade na corrida
acarretando e um maior valor nas forças de reação do solo (FRS), a qual é
transmitida para a estrutura funcional do corredor (ossos, ligamento, músculos e
tendões) (HRELJAC, 2005, apud PEREIRA, 2010). Todas estas variações fazem
com que o estímulo ultrapasse a linha do limiar de lesão.

Destacam-se como fatores anatômicos relacionados com lesões em


corredores, as diferenças no comprimento de membros, excessiva pronação e
supinação do pé, um grande valor do ângulo Q, pés varos, valgos ou planos
(TAUNTON et al., 2002, apud PEREIRA, 2010).

Correlações positivas foram encontradas em outros estudos dos fatores


anatômicos de alinhamento do membro inferior (WALTER et al, 1987, apud
PEREIRA, 2010; WEN et. al.,1997, apud PEREIRA, 2010; YEUNG e YEUNG,2001,
apud PEREIRA, 2010).

Pesquisas recentes tem procurado através da Biomecânica explicar os


28

mecanismos da corrida e sua relação com a gênese de lesão (RYAN et. al., 2006,
apud PEREIRA, 2010).
Segundo Ryan et. al. (2006, apud PEREIRA, 2010) quando são examinados
os fatores biomecânicos associados com lesões por uso excessivo, a variação
cinemática do retropé é o tema mais investigado, isto pode refutar que existe uma
associação entre a pronação da articulação subtalar e lesões provenientes da
corrida, pois este movimento de pronação é essencial para atenuar as forças de
impacto do calcanhar, e subsequente transmissão da força de reação do solo para
as outras estruturas ósseas, através da ativação muscular, mecanismo denominado
por Nigg (2001, apud PEREIRA, 2010) de muscle tunning. Este movimento
coordenado com a rotação da tíbia e flexão do joelho são fundamentais para a
transmissão de força e manutenção da corrida. Nota-se que a manutenção e
coordenação das articulações são fundamentais para a boa qualidade da
manutenção da corrida e isto depende diretamente dos fatores de treinamento,
como um bom tênis e reforço muscular,e dos fatores anatômicos característicos de
cada indivíduo, os quais estão ligados a fatores biomecânicos, visto que a
representação da marcha um complexo sistema de interação destes.
Neste capítulo fica evidente a dimensão do problema que a lesão proveniente
da prática de corrida exerce sobre os indivíduos interessados e engajados em
assumir um estilo de vida ativo. Em média, 40% de todos os corredores correm o
risco de se lesionar no período de um ano. Foi citado que, as lesões afastam e até
mesmo impedem a realização da atividade, em média 60% dos casos.
As lesões por uso excessivo, oriundas de uma sobrecarga repetitiva, podem
ser evitadas com a administração de uma auto- percepção e adequação das cargas
de treinamento feitas pelo treinador. Este deve e tem a obrigação de observar cada
indivíduo dentro dos fatores citados anteriormente e analisar todo e qualquer tipo de
informação referente ao treinamento, variações antropométricas e biomecânica da
marcha.

4.3.2 Tipos de lesões em corredores


Um grande número de pessoas sofrem algum tipo de alteração
musculoesquelético no decorrer de suas vidas, podendo ser qualquer
anormalidade temporária ou permanente, que causar desconforto e dor. As
alterações do sistema musculoesquelético afetam boa parte das pessoas em algum
29

estágio de suas vidas. Na literatura ainda não entrou em consenso com relação à
incidência de lesões provenientes da corrida, cita Van Mechelen (1992, apud
PEREIRA, 2010). A grande variedade de métodos utilizados para avaliar os dados
não facilita a identificação da verdadeira incidência de lesões. Por exemplo, é
apresentada a incidência de diferentes formas: em número de lesões por mil horas
de corrida; percentual de lesionados e percentual de lesões. As várias lesões
desportivas, a característica do corredor, metodologia da pesquisa e a duração do
estudo, podem influenciar nas lesões, como descrito por Van Mechelen (1992, apud
PEREIRA, 2010).
Estudos epidemiológicos de lesões provocadas pela prática da corrida
verificou que o joelho é o local mais frequente para lesões, com a condromalacia
patelar, e dores na superfície patelar, como uma das lesões mais frequentes.
(CLEMENT et al.,1981, apud PEREIRA, 2010; MAUGHAM e MILLER,1983, apud
PEREIRA, 2010; VAN MECHELEN,1992, apud PEREIRA, 2010; HRELIAC,2005,
apud PEREIRA, 2010)
Em um estudo de Tauton et. al.(2002, apud PEREIRA, 2010), onde foram
analisados corredores, cerca de 42% das lesões ocorreram na articulação do joelho.
Em geral, 70 a 80% das lesões adquiridas da corrida que ocorrem abaixo da linha do
joelho e a reincidência de lesões é relatada em 20 a 70% dos casos (VAN
MECHELEN ,1992, apud PEREIRA, 2010). A pronação na região posterior do pé é
citada frequentemente, e tem sido uma das causas primária deste tipo de dor no
joelho, com a rotação medial da patela que acompanha a pronação na região
posterior do pé,o que faz com que patela seja tracionada lateralmente, elevando a
pressão exercida na superfície interna da patela (JAMES et al.,1978, apud
PEREIRA, 2010). Nigg et al. (1984, apud PEREIRA, 2010) encontraram maior
pronação em corredores com tendinite tibial, comparados com corredores que não
sentiam dor. Entretanto, para Landry e Zebas (1985, apud, PEREIRA, 2010) nada
de significativo foi encontrado sobre a incidência de dor no joelho nas medidas
variadas de movimentos amplos, incluindo o ângulo de pronação máxima, o ângulo
Q e a torção tibial. No pé e no tornozelo, podem apresentar patologia com tendinite
no tendão calcâneo (Aquiles) a e fascite plantar que estão associadas com fatores
anatômicos e de movimento. A pronação demasiada pode ser fator causador em
ambas as lesões (CLEMENT et al., 1984b, apud PEREIRA, 2010; NIGG et al. 1984,
apud PEREIRA, 2010). Portanto, os corredores com dor no tendão de Aquiles
30

apresentam pisadas de pronação máxima , assim como máxima força vertical de


impacto , porém Messier e Piitala (1988, apud PEREIRA, 2010) não encontraram
relação entre a fascite plantar e a pronação do retropé ou medidas de força de
reação do solo. Os erros de treinamento têm sido um fator determinante apontados
como um fator primário na tendinite de Aquiles (em 75% dos casos), e a lesão é
frequentemente associados com varismo moderado ou severo subtalar ou do antepé
(em 56% dos casos) como aponta Clement et al. (1984b, apud PEREIRA, 2010). Foi
paradoxalmente descoberto que a fascite plantar está associada com o pé plano e
com o pé cavo rígido (WARREN, 1990, apud PEREIRA 2010), e um movimento
mais amplo de extensão do tornozelo (MESSIER e PIITALA, 1988, apud PEREIRA,
2010).

4.3.3 Aspectos Preventivos


É de grande necessidade um conhecimento das habilidades do corredor, para a
manutenção dos níveis seguros de atividade. A experiência do corredor, histórico de
lesões, ritmo (pace), melhores tempos devem ser levadas em conta. Referente ao
histórico de treino deve-se contralar a quilometragem, ritmo, descanso e qualquer
alteração nestes fatores devem ser cuidadosamente analisados (STRAKOWSKI,
JAMIL,2006, apud PEREIRA, 2010).

Quaisquer sinais de overtraining devem ser investigados, por exemplo,


umacréscimo na frequência cardíaca de repouso, distúrbios do sono, alterações
dehumor, mudanças de apetite, desmotivação, letargia e infecções frequentes.
Justificasse aqui a administração de métodos de investigação como, por exemplo, o
proposto por Kentta e Hassmen (1998, apud PEREIRA, 2010) onde são
administrados e confrontados os valores de percepção de esforço (Borg) com a
percepção de recuperação (TQR), assim é observado a recuperação e o estado
físico psíquico do atleta de elite ou amador.
Os princípios da prevenção de lesão em corredores são os mesmos para
todas as categorias. Desde o mais experiente ao iniciante é consenso que as lesões
provenientes da corrida são uma combinação dos fatores extrínsecos e intrínsecos
que superaram a capacidade do corredor de resistir a lesão. Usando esta lógica de
fatores de risco e as três principais categorias citadas neste trabalho: treinamento,
antropométrica e biomecânica, um profissional que se preocupe com tais variáveis e
31

tenha um bom conhecimento das mesmas poderá diminuir ao máximo a incidência


de lesões em seus atletas, corredores amadores e iniciantes. Segundo Hreljac
(2006, apud PEREIRA, 2010)uma abordagem proativa pode-se permitir que os seus
praticantes tenham um prognóstico do risco das lesões provenientes da corrida,
baseadas em perfis biomecânicos e antropométricos dos corredores.
Uma definição de atividade proativa que o treinador, como responsável pela
manutenção das variáveis de treinamento, é estar sempre informado sobre os
materiais, como por exemplo, os tênis, as palmilhas ortopédicas de correção, tipos
desolados e suas correções de pisada. Strawkowski e Jamil (2006, apud PEREIRA,
2010), Hreljac (2005, apud Pereira, 2010), Ryan (2006, apud PEREIRA, 2010)
relatam que a escolha de um bom calçado, visando equilibrar as força se
articulações, é um excelente caminho para evitar e diminuir o risco de lesões. Ryan
(2006, apud PEREIRA, 2010) cita em seu artigo de revisão que uma melhor
compreensão advindas de pesquisas futuras sobre os temas joint coupling, ou seja,
uma associação articular e treinamento funcional do membro inferior, implementarão
as medidas preventivas de lesão para a população de corredores.
Artigos recentes citam que a fraqueza da musculatura do quadril, em especial
os abdutores, está intimamente ligada às lesões de joelho e tornozelo (HRELJAC,
2006, apud PEREIRA, 2010; RYAN, 2006; STRAKOWSKI, Jamil, 2005, apud
PEREIRA, 2010) pois a musculatura abdutora é um estabilizador natural da
articulação do quadril e caso este músculo apresente alguma deficiência, o corpo
humano com sua plasticidade acabará recrutando outras musculaturas para tal
função em especial os adutores. Estes sobrecarregados podem modificar padrões
na associação articular, e modificar o padrão biomecânico da marcha acarretando
em alguma sobrecarga, como por exemplo uma síndrome da banda iliotibial,
condromalacia patelar.
Medidas simples, como uma avaliação postural, goniometria, avaliação da
composição corporal, testes de mobilidade articular, testes de campo, avaliação da
pisada, treinamento periodizado e manutenção dos níveis de segurança são
fundamentais para prevenir e diminuir os riscos de lesão em corredores. Todas
estas medidas visam a procura de um trabalho responsável e pro ativo. Uma
abordagem multifatorial apresenta-se como um método eficaz para minimizar os
riscos de lesão existentes na prática de corrida. De maneira geral uma avaliação
abordando todos os fatores envolvidos na atividade sejam eles de treinamento,
32

antropométricos e biomecânicos justifica-se como uma metodologia capaz de reduzir


os riscos da atividade de corrida. Somando-se a isso podemos destacar que o
indivíduo, ou corredor, é a peça mais importante de todo este contexto envolvendo a
atividade decorrida administrada de uma maneira segura, pois ele quem ditará a
percepção das atividades propostas e da sensação que estas lhe proporcionam. E
cabe aos treinadores terem a sensibilidade de poder adequar e conscientizar os
reais objetivos da atividade, (HRELJAC, 2006, apud PEREIRA, 2010; RYAN, 2006;
STRAKOWSKI, Jamil, 2005, apud PEREIRA, 2010)

4.4 Treinamento de força para corredores de rua.


O termo “treinamento de força” vem descrever um tipo de exercício que exige
dos músculos movimento, ou seja, que eles procurem se mexer – mover.
São considerados treinamento de força tanto o uso em forma de máquinas ou
pesos livres, mas podemos também dizer que as corridas em aclive e pliometria
fazem parte deste treinamento.(CHAGAS; LIMA, 2008)

4.4.1 Aspectos fisiológicos


A denominação clássica de força dentro da Educação Física é a capacidade de
gerar uma tensão maior do que a resistência, capaz de empurrar, tracionar ou elevar
(PLATONOV, 2004). É exigida da musculatura respostas diversas para manter uma
corrida de longa distância, devido às suas variáveis. A força é necessária para ações
e gestos motores, estando ligadas a outras capacidades motoras, correlacionadas
com a corrida.

Manter a força por um período de tempo no esporte é conhecida como força de


resistência, podendo ser aeróbio ou anaeróbio (MANSO, 1999, apud GERKEN et al.,
2007). Segundo Barbanti (1997) a resistência aeróbia é importante para os músculos
resistirem a fadiga, por isso é utilizada uma quantidade suficiente de oxigênio em
corridas de fundo. A resistência física é importante para que o atleta fundista consiga
vencer o cansaço provocado por várias contrações, e isso é fundamental para
corridas de longa distancia. Vários autores citam força hipertrófica como variáveis
para capacidade motora, mas sabemos que ela só é uma resposta adaptativa
morfológica.
33

Para determinar o nível da velocidade é necessária a força, principalmente para


modalidade de resistência como corrida de fundo. São indispensáveis treinamentos
especiais para este esportista. Um atleta deve manter o desenvolvimento do
treinamento, juntamente com o profissional de educação física, observando suas
capacidades genéticas, cardiovasculares, respiratória e também muscular na sua
periodização. Desta forma haverá um ganho positivo nos treinamentos, que é
necessário a força. Deve ser fazer vários métodos de treinamento durante o
planejamento como cargas variadas em cada fase da preparação, promovendo a
capacidade metabólica e neuromuscular de maneira positiva e eficiente. Porém, é
fundamental que se faça um treinamento de força como planejamento para obter
capacidade aeróbia e muscular, e assim podem alcançar melhores resultados para o
atleta. Não esquecendo-nos das três fases durante o treinamento de fundistas que
são obrigatórias, três tipos de exercícios em suas dimensões para uma melhora de
força muscular são elas: força explosiva (FE), força máxima (FM) e resistência de
força (RE), sempre respeitando as variáveis de um treinamento como velocidade de
execução, amplitude dos movimentos, ações musculares e pausa para descanso.

A força explosiva é a capacidade muscular de vencer uma determinada


resistência na maior velocidade de contração possível (LETZELTER apud
BARBANTI, 1997). Em uma corrida de longa distancia isso não é um fator
determinante, mas a utilização de treinamentos de força explosiva ajuda o atleta
corredor a ter uma melhoria da sua performance aeróbia (HÄKKINEN et al., 2003
apud PAULO et al., 2005; KRAEMER et al., 1995 apud GERKEN et al., 2007). Para
Antoniazzi et al. (1999), essa melhora econômica em um atleta faz com que ele
tenha uma eficiência biomecânica e reduza o consumo de oxigênio, pode-se dizer
que dois atletas com o mesmo nível de VO²Max, o que vai fazer que um tivesse mais
rendimento será aquele que economizar mais em uma corrida chegando ser mais
importante que o VO²Max.
Força máxima para Platonov (2004) seria a força possível que o desportista é
capaz de exercer em uma ação voluntaria máxima (AVM). É importante inserir o
trabalho de força máxima na periodização de atletas de resistência para servir de
base para o treinamento de força explosiva, pois se não atingirmos o nível suficiente
de força máxima, podem causar traumatismo e diminuir o rendimento do atleta no
treinamento. Em fundistas o trabalho de força deve ser levado em conta o nível do
34

atleta e sua experiência e variáveis da capacidade de força em treinamentos


anteriores. A capacidade aeróbia são uns dos fatores que farão um corredor ter
resistência à fadiga e uma melhor economia na corrida.

4.4.2 Métodos de treinamento para fundistas


Os métodos que aqui iremos apresentar vem demonstrar entre os vários
apenas três métodos como o treinamento em circuito combinado com exercícios
aeróbicos, treinamento de rampa e treinamento de resistência de força no Leg
Press. Métodos estes que visam aprimorar os resultados dos fundistas.

4.4.2.1Treinamento em circuito combinado com exercícios aeróbicos.


Esse tipo de treinamento consiste em trabalhar com peso em circuito
combinado com exercícios de 12 – 15 repetições a 40% - 60% da repetição máxima
elevando o consumo de oxigênio de homens e mulheres em um treinamento com
duração de oito a vinte semanas e foi verificado que aumentou em 17% o VO²Max
em homens e mulheres saudáveis realizando esse treinamento de exercícios
aeróbios e circuito combinado (GETTMAN; POLLOCK, 1981, apud GERKEN et al.,
2007).
Segundo Caetano (2005, apud GERKEN et al., 2007) o trabalho tradicional de
força em circuito também apresentam um numero de VO²Max, mas em uma
pequena proporção, já os exercícios aeróbio combinado e o treinamento de força em
circuito é mais significativo. Quando realizado um treinamento individual só de força
ou de resistência aeróbia quando comparado, observa-se que a força de resistência
diminui o tempo de exaustão e na resistência aeróbia apresentam um maior
desempenho na corrida de longa distancia.

4.4.2.2Treinamento de rampa.
Foram realizados treinamentos de força para 64 corredores de fundo e o
método foi a de rampa em corredores de meia e longa distancia (BARNES, 2000
apud GERKEN et al., 2007). Para Manso (1999 apud GERKEN et al., 2007)
dependendo da fase do atleta, são determinadas as distancias de 200 e 400metros,
com uma intensidade media para evolução do trabalho de resistência aeróbia e
35

anaeróbia dos fundistas. A inclinação da rampa não pode atrapalhar o


desenvolvimento mecânico da corrida do atleta (MANSO, 1999 apud GERKEN et al.,
2007). O treinamento deve ser realizado semanalmente, caso seja negligenciado por
duas ou três semanas, pode comprometer o treinamento, tendo queda em seu
desempenho competitivo. O presente estudo observou que o treinamento de rampa
melhora a passada em sua amplitude e desenvolve a resistência de força especifica.

4.4.2.3 Treinamento de resistência de força no Leg Press


Augusti (2007 apud GERKEN et al., 2007) diz que o Leg Press Endurance
Training (LPET) não é nada mais do que um trabalho de força muscular de caráter
aeróbio, e sua execução e a alteração de trabalho de Leg Press alternado com
corridas fracionadas, sem pausa para recuperação e com velocidade crescente. E a
utilização de 20% - 30% da força máxima deve-se fazer uma corrida moderada
antes do treinamento e depois uma corrida moderada.

4.4.2.4 Treinamento concorrente ou cruzado.


A literatura usa terminologia treinamento concorrente a combinação na
mesma sessão de treino, durante uma periodização, treinamentos de força (TF) e
treinamento de resistência aeróbia (TRA). Esta metodologia está sendo muito
aplicada na população geral, pois gera adaptações fisiológicas e estruturais,
gerando bons índices de massa magra em paralelo com a redução de medidas
(BELL et al., 2000 apud PAULO et al., 2005; HAKKINEN et al., 2003 apud PAULO et
al., 2005; Mc.CARTHY et al., 2002 apud PAULO et al., 2005).

4.4.2.5 Alterações Fisiológicas


O treinamento aeróbico, prescrevido pelo profissional de educação física, se
desenvolverá de forma a gerar modificações funcionais relacionadas ao transporte
de oxigênio (O²), em sua melhor e mais adequada utilização, pois a musculatura vai
captar e oxidar os carboidratos, devido sua alta concentração de mitocôndrias
(COOGAN et al., 1995 apud SILVA et al., 2006; AZEVEDO et al., 1998 apud SILVA
et al., 2006). Somado a este fator temos que considerar o processo que ocorre com
lipídios, devido ao aumento da densidade capilar do músculo, na qual capta as
gorduras e as metabolizam com suas enzimas (TUNSTALL et al., 2002 apud SILVA
et al., 2006; HOWARD et al., 2004 apud SILVA et al., 2006).
36

Para Fry (2004 apud SILVA et al., 2006), o treinamento de força irá gerar
modificações estruturais na musculatura esquelética, aumento do numero de
sarcômeros transversais, dando volume na musculatura, que aumentará a atividade
enzimática relacionada com a via glicolítica, especialmente a fosfrutoquinase,
recrutada durante exercícios de força.

4.4.3 Efeitos do Treinamento concorrente no desenvolvimento de


força motora e da resistência aeróbica.
Sale et al., (1990 apud PAULO et al., 2005), fizeram testes de treinamento
concorrente em dois grupos, 4 dias, grupo no qual foram submetidos a 4 sessões
alternadas de treinamento por semana, enquanto o grupo 2 dias trabalhava apenas
2 sessões por semana. Observou-se que houve um aumento significante nos itens
ganho de força máxima, 25% grupo 4 dias comparado aos 13% de 2 dias, índice de
resistência máxima (IRM) à 80% da fadiga, no qual 4 dias obteve 64% enquanto 2
dias 39%. Observam-se fatores que levam à menor qualidade no treinamento de
força subsequente ao treinamento de resistência. Estes fatores aplicados a
corredores fundistas melhoram o nível de condicionamento atlético em itens
importantes, pois até a menor qualidade no ganho de força é algo importante ao
corredor porque colabora com o fortalecimento de sua estrutura, impedindo grande
aumento de massa muscular, não piorando o tempo de prova.
Corredores de media e longa distancia utilizam de fontes energéticas extra,
comparada a participantes de provas menores,. Este fator exige morfologicamente e
estruturalmente, e para tais condições é nessesario uma preparação longa e
sistematizada junto ao profissional de educação física, na qual o corpo irá suportar
tamanha carga de trabalho. Devemos considerar o índice de lesões acometidas pelo
esporte, aonde deve se atentar aos cuidados antes, durante e pós-prova com o
intuito de diminuir ao máximo esta probabilidade. Tamanha a importância e garantia
de qualidade se têm os corredores que usam do treinamento concorrente para
fortalecer e estruturar seu organismo, periodizando segundo a necessidade
individual, levando em consideração o nível do praticante e seu tempo, empenho e
determinação para alcançar bons resultados.
37

5. Considerações Finais
Baseados nos estudos apresentados conclui-se que o treinamento resistido é
essencial para corredores, para se evitar lesões e adquirir aptidões físicas
como:aumento da força, aumento da massa magra, perca de percentual de gordura,
equilíbrio muscular e coordenação para que se ocorra uma melhor utilização
energética e técnicas de movimentos da corrida. E também podendo utilizar de
treinamento concorrente pois esse tipo de treinamento e muito importante para
fundista ocorre um fortalecimento estrutural sem um ganho de massa muscular para
que não perca velocidade em suas corridas. A corrida é uma atividade muito
complexa e deve ser muito bem planejada sua prática tendo em vista os altos
índices de lesões e sua lenta recuperação. A atividade de corrida deve ser
empregada de maneira gradativa para se tornar segura para o iniciante. No casos
de corredor experiente, profissional ou amador, seu plano de treinamento deverá
dosar seu volume e intensidade em função de seus limites, objetivos, características
antropométricas e biomecânicas, respeitando o seu corpo.
38

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, J. M. O treino de Força no Futebol. Porto, 2006.

ANTONIAZZI, R. M. C. Alteração do VO2 máximo de indivíduos com idades entre


50 e 70 anos, decorrente de um programa de treinamento com pesos. Revista
Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.4, nº 3. 1999.

BARBANTI, V. J. Treinamento Esportivo: As Capacidades Motoras dos


Esportistas. São Paulo: Manole, 2010. 246p.

BARBANTI, V. J. Teoria e prática do treinamento esportivo. 2ª ed. São Paulo:


Edgard Blücher, 1997.

BILLAT, L. V. Interval Training for Performance: A Scientific and Empirical


Practice. Sports Med. v. 31, n.01, 2001, pp. 13-31.

BILLAT, V. L. et al. Physical and training characteristics of top-class


marathonrunners. Med. Sci. Sports Exerc., v. 33, n. 12, 2001, pp. 2089-2097.

BOMPA, T. O. A Periodização no Treinamento Esportivo. Tradução Dayse


Batista. São Paulo: Manole, 2001. 260p.

CHAGAS, M; LIMA, F. Musculação: Variaveis Estruturais. Belo Horizonte, Casa da


Educação Física, 2008.

FLECK, S. J; JÚNIOR, A. F. Trenamento de Força para Fitness & Saude. São


Paulo , Editora Phort, 2003.

FLECK, S; KRAEMER W. Fundamentos de Treinamento de Força Muscular. 3ed.


Porto Alegre: Artemed, 2006.

GERKEN, G. A. et al. Treinamento de Força para Corredores de Fundo. Revista


de Educação Física – nº138 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil, Setembro de 2007.

GOBBI, S et al.Bases Teórico-praticas do condicionamento fisico. Guanabara-


Koogan, Rio de Janeiro, 2005.
39

LIMA, L.E.M. Periodização de ultramaratona: comrades o desafio dos 89KM.


Universidade Gama Filho, São Paulo/ SP, Nov. 2010.

OKUMA, S. S. O Idoso e a Atividade Física. Coleção Vida Idade. 4ª Edição.


Campinas. Papirus, 1998.

PAULO, A. C. et al. Efeito do Treinamento concorrente no desenvolvimento da


força motora e da resistência aeróbia. Revista Mackenzie de Educação Física e
Esporte. V.4. p. 45-154. 2005.

PEREIRA, J. L. R. Lesão em corredores: Aspectos Preventivos através de uma


abordagem epidemiológica.. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Nov. 2010.

PLATONOV, V. N. Tratado Geral de Treinamento Desportivo. São Paulo: Phorte


Editora, 2004. 887p.

SANTARÉM, J.M. (1998) Atualização em exercícios Resistido: Conceituações e


situação atual. Disponível em: <http://www.saudetotal.com/artigos/atividadefisica>.
Acesso em: 23 agosto 2004.

SANTARÉM, J.M. (1999) Aptidão Física, Saúde e Qualidade de vida.Disponível em


<http://saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/qualidade.asp>. Acesso em: 25 abril
2012.

TUBINO, G. Metodogia Científica do Treinamento Desportivo. São Paulo, Ibrasa,


1994.

SARGENTIM, S.Treinamento de Força no Futebol. São Paulo: Phorte, 2010.

SANTAREM, J. M. Fisiologia do exercício e treinamento resistido na saúde, na


doença e no envelhecimento. Apostila CECAFI, São Paulo, 2005. p. 1-24.

SILVA, S. F. et al. Treinamento cruzado e seus efeitos na composição corporal.


Fitness & Performance Journal v.5, nº 4, p. 204-209, 2006.

Você também pode gostar