Ecologia de Comunidades SUBUNIDADE INTERAÇÕES
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ECOLOGIA DE
COMUNIDADES
CIêNCIAS BIOLÓGICAS
5º PERÍODO
Os organismos crescem, se reproduzem, migram e morrem. São
ainda afetados pelas condições impostas pelo meio e pelos recursos que
obtêm. Além disso, organismos não vivem isolados. Cada um, pelo menos em
parte de sua vida, é membro de uma população que interage com outras
populações.
As populações interagem principalmente através de relações
alimentares. Essas relações podem ser diretas, como, por exemplo, quando
dois predadores se alimentam de presas (predação), ou indiretas, quando
duas populações dividem um recurso comum (competição interespecífica).
Geralmente, uma comunidade biológica consiste de muitas populações, que
interagem e são muitas vezes mantidas juntas por relações alimentares.
Figura 15: Epífitas encontradas no Parque Santa Elena, Costa Rica. O epifitismo é
algo comum nas florestas tropicais, nas quais a competição por luz e espaço não
permite que plantas herbáceas prosperem sobre o solo. Dessa forma, certas espécies
que conseguiam germinar sobre a casca das árvores, crescem acima do nível do solo,
mas sem prejudicar a planta hospedeira.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Epiphytes_costa_rica_santa_elena.jpg
Acessado em 20 set. 2010.
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Figura 17: A predação pode ser visualizada (a) pelo consumo de peixes pela ave
(Nycticorax nycticorax) ou (b) pelo consumo de sementes vegetais pelo cão de pradaria
(Cynomys leucurus).
Fonte http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bihoreau_Gris.jpg. Acessado em 20 set.
2010.
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recursos por essa planta também pode variar ao longo do tempo. Em folhas
novas, substâncias açucaradas denominadas nectários extraflorais são ativos
e atraem diferentes espécies de formigas predadoras. Tais formigas
patrulham a planta em busca desse recurso e espantam os organismos que
encontram em seu caminho. Dessa forma, as formigas protegem a planta
hospedeira do ataque de herbívoros. Além disso, as diferentes espécies de
formigas apresentam diferentes horários de picos de atividades, trocando
de turno durante o dia, como uma forma de evitar a competição. Como
explicaremos a seguir, as interações ecológicas como competição, predação
e parasitismo exercem forte influência na estrutura da comunidade.
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Figura 22: (a) Predador-chave, a estrela do mar (Pisaster ochraceus), (b) crustáceos mari-
nhos sésseis, craca (balanus glândula) e (c) o mexilhão (Mytilus californicus).
Fonte: ttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ochre_sea_star.jpg. Acessado em 21 set.
2010.
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Figura 23: Alguns predadores podem imitar a cor do substrato onde se localizam
(camuflagem), a fim de não serem percebidos por suas presas, como é o caso de
aranhas encontradas sobre o tronco de árvores em florestas secas.
Fonte: Arquivo pessoal (Jhonathan O. Silva)
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Para complementação de
seu estudo a respeito do
mimetismo, pesquise sobre os
tipos de mimetismo: batesiano
e mülleriano. Leia o
arquivo: Estudos do mimetismo
em Lycidae (Insecta:
Coleoptera). Disponível em:
Figura 25: (a) Serpente de coral verdadeira (Micrurus tener) e
http://pgentomologia.ffclrp. (b) seu mímico totalmente inofensivo, coral falsa (Lampropeltis
usp.br/pdf/2010/Elynton%20 triangulum).
alves%20do%20Nascimento_ Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Micrurus_tener.
DO.pdf, apresentado como jpg. Acessado em 25 set. 2010.
tese de doutorado em
entomologia pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de 2.2.4 Competição e estrutura da comunidade
Ribeirão Preto – USP. Acessado
em 10 de nov. 2010.
Existem razões para acreditar que a competição interespecífica
seja importante para moldar as comunidades, uma vez que ela pode
determinar quantas e quais espécies podem coexistir. Atualmente, a ideia
ainda prevalecente devido a fatores estocásticos (aleatórios) e distúrbiosna
estruturação de comunidades naturais. A questão central refere-se à
determinação da importância da competição nas comunidades naturais,
já que se sabe que algumas vezes esse processo é importante, outras vezes
não. Assim, na prática, em que casos a competição é uma força ativa? A forma
mais direta de responder a essa questão é através de experimentos de
adição e remoção de espécies e monitoramento das respostas dos indivíduos.
O ecólogo russo G. F. Gause (1934) estudou a competição em
experimentos de laboratório, utilizando três espécies de protozoários
(Paramecium caudatum, P.aurelia e P. bursaria). Todas as três espécies
cresciam bem isoladamente, alcançando capacidades de suporte estáveis
em tubos com um meio líquido. Quando Gause cultivou P. aurelia e P.
caudatum juntas, P. caudatum foi reduzida até o ponto de extinção, ficando
apenas P. aurelia (Figura 26a). Ao contrário, quando P. caudatum e P. bursaria
foram cultivados juntas, nenhuma delas sofreu um declínio até a extinção –
elas coexistiram. Porém, suas densidades estáveis foram muito mais baixas
do que quando cresceram isoladamente (Figura 26b).
Esses resultados levaram ao Princípio da Exclusão Competitiva,
que prediz que, se duas espécies existem em um ambiente estável, elas se
fazem por diferenciação de seus nichos realizados. Entretanto, se não existe
tal diferenciação, então, um dos competidores irá eliminar o outro. Não há
dúvida que exista alguma verdade no princípio segundo o qual as espécies
competidoras podem coexistir. Porém, cada espécie, quando examinada
de forma pormenorizada, apresenta seu próprio e único nicho. As espécies
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Nova Guine
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onde jamais saem. O pólen trazido pela fêmea é, então, pulverizado sobre
as flores do figo, enquanto ovos são colocados em alguns ovários (aqueles
com estigma mais curto). Em seguida, a fêmea morre. As larvas que emergem
dos ovos induzem galhas nos ovários. Algumas larvas se tornam machos que
são ápteros, e, portanto, nunca deixam os frutos. Outras se tornam fêmeas
que acasalam, fazem túneis nas paredes da sinconia e voam para uma nova
sinconia madura levando pólen. Ambos, planta e polinizador, sofreram
inúmeras adaptações comportamentais e morfológicas ao longo de vários
milhões de anos que culminaram com uma dependência extrema, mas uma
alta eficiência polinizadora e evolutiva (ver Price 1984).
Figura 29: Fêmea da vespa do figo, Ceratosolen arabicus, depositando seus ovos em uma
flor de Ficus sycomorus e extraindo pólen.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Syconium_ficus_glomerata.JPG. Acessado
em 21 set. 2010.
Um exemplo bastante estudado de mutualismo e coevolução é a
relação curiosa de polinização entre as plantas da iúca (Yucca, um membro da
família dos lírios) e a mariposa do gênero Tegeticula (Figura 30). As fêmeas
adultas da mariposa-da-iúca carregam bolas de pólen entre as flores por meio
de suas partes bucais especializadas. Durante o ato da polinização, a
mariposa faz cortes no ovário da flor e deposita os seus ovos. Após a
ovoposição, a mariposa rasteja para o topo do pistilo da flor e deposita
um pouco de pólen no estigma. Isso garante que a flor seja polinizadae
que os filhotes da mariposa tenham sementes desenvolvendo sobre as quais
se alimentarem. A relação entre mariposa e a iúca é um mutualismo
obrigatório. As larvas de Tegeticula não podem crescer em nenhum outro
lugar, e a Yucca não tem outro polinizador. Assim, a planta tolera as larvas da
mariposa que se alimentam de suas sementes, ocorrendo uma pequena
perda de reprodução potencial. Tal flor regula número de ovos postos pela
mariposa. Caso muitos ovos sejam colocados em seus ovários, a flor é
abortada e as larvas da mariposa morrem. Por ser o mutulismo da Tegeticula
e da Yucca tão ajustado, acredita-se que essa relação se desenvolveu como
resultado de uma coevolução entre as duas.
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Figura 30: (a) A iúca-de-mohave (Yucca shidigera) é polinizada apenas pela (b)
mariposa-da-iúca do gênero Tegeticula. A relação entre essas duas espécies é um
mutualismo obrigatório.
Fonte: Ricklefs (2006).
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PRICE, P.W. 1984. Insect ecology. 2ª Ed. New York, Wiley, 607p.
Sites:
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