Lei 8069-1990_estatudo Do Adolescente

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Legislação

Lei 8.069/1990
ESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE
Conhecimentos Específicos

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Profissional do Magistério – Área de Atuação: Docência I

As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguar-


LEI FEDERAL Nº 8.069/1990. ESTATUTO DA CRIANÇA dar a família natural ou a família substituta, sendo está ultima pela
E DO ADOLESCENTE: TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de assistên-
PRELIMINARES. CAPÍTULO II – DO DIREITO À cia material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos os deve-
LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE. CAPÍTULO res da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos incom-
IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO pletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos direito e
ESPORTE A AO LAZER deveres, inclusive sucessórios.
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá-
LEI FEDERAL Nº 8.069/90 – DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DA vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88.
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE; Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando
fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi-
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par- poder.
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica- Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute- obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. substituta mediante guarda, tutela ou adoção.
A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre
desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado. da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen-
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, tes.
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de-
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao máxi-
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. mo a estabilidade emocional, econômica e social.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa-
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri-
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- dos na entidade familiar.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que
à Constituição da República de 1988. cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co-
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze anos mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e
de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, excepcional- conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
mente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, em Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar
situações que serão aqui demonstradas. composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re-
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob- gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de- O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen-
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas
direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus
criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condi- Tutelares:
ções dignas de existência. 1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro-
teção.
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi-
das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar
serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada-
mente, descumprir suas decisões.

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Conhecimentos Específicos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Es- 4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en-
tatuto tenha como infração administrativa ou penal. fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes. juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude,
sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. 5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez
7. Expedir notificações em casos de sua competência. que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran-
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
adolescentes, quando necessário. recolhimento em entidade especializada
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da propos- 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre-
ta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direi- ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total
tos da criança e do adolescente. da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep-
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para cional.
que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con-
trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de Antes da sentença, a internação somente pode ser determina-
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
meio ambiente. baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra-
11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju- cional.
diciais de perda ou suspensão do pátrio poder. Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen- internação têm a obrigação de:
tais que executem programas de proteção e socioeducativos. 1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
lescentes;
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade
restrição na decisão de internação,
da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
dignidade ao adolescente,
dor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra algu-
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
ma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados dos vínculos familiares,
ao Conselho Tutelar para providências cabíveis. 5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda
Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de- infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área
linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida- de lazer e atividades culturais e desportivas.
des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento 6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo
diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis. de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe-
Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos tente.
incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli-
cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im-
Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu-
responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de
atitudes, definindo sanções para os casos mais graves. internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas
sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação
imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores.
estatuto como medidas socioeducativas. Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infracio-
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res- nal, o representante do Ministério Público poderá conceder o per-
pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a dão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendido
adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res- às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, perso-
ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e fre- nalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato
quência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de infracional.
auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológi- Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi-
co ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro-
em família substituta. grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação
a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psico-
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis)
lógico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já
orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveitamen-
descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe-
to escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição da
ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do
tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
fato e a gravidade da infração, são elas: O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi- podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito-
nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes-
em atos infracionais e sua reiteração, soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado.
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja A implantação integral do ECA sofre grande resistência de parte
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví- da sociedade brasileira, que o considera excessivamente paternalis-
tima, ta em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e ado-
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo lescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada vez
conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social, mais violentos e reiterados.

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Conhecimentos Específicos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e edu- Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
car a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos
criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa. ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida-
Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res- detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe-
ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente,
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança.
importância fundamental no comportamento dos mesmos.1
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização
Últimas alterações no ECA de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo
As mais recentes:
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad-
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
ministração:
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos
- A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019; dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos da
- A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis-
lei nº 13.812, de 16 de março 2019; trito Federal) em que foi cometido o crime.
- A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles-
cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812; agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con-
- A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares, tra a dignidade sexual de criança e de adolescente
que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos, Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes
em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019. contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao
ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio
Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al- cibernético.
tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o
trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domésti-
de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis- co de adolescentes
ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção. Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regu-
larização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A
Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo
Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo
crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
e que frequentemente são expostos a condutas profissionais não o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço
qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, ou para doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou
pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo desnecessaria- na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do traba-
mente seu drama. lho infantil ilegal.
Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob-
jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da
Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es-
violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de
tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade
atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado
máxima para o atendimento na educação infantil.2
por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom- (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par-
adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica-
à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamenta- parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute-
ção, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
mãe permanecer na unidade hospitalar. Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II,
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos
crimes cometidos contra crianças e adolescentes.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia Mara
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
de Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo 2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com

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Conhecimentos Específicos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados Título II
à Constituição da República de 1988. Dos Direitos Fundamentais

Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente Capítulo II


será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex- Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que
seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
seus direitos fundamentais. respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou- tos:
tras providências. I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
rios, ressalvadas as restrições legais;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na- II - opinião e expressão;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
Título I V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
Das Disposições Preliminares VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
adolescente. gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran-
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
doze e dezoito anos de idade. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep- adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
anos de idade. Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote- ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
social, em condições de liberdade e de dignidade.
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
nº 13.010, de 2014)
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
pela Lei nº 13.010, de 2014)
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli-
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni- cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que
dade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe- b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu- II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida- tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
cunstâncias; 2014)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re- c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
levância pública; Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res-
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeduca-
públicas; tivas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem
cionadas com a proteção à infância e à juventude. castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão
quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes me-
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, didas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (In-
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

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Conhecimentos Específicos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In- tados os recursos escolares;
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) III - elevados níveis de repetência.
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali- Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado-
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli- lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
Capítulo IV acesso às fontes de cultura.
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es-
timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o e a juventude.
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
cola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estu-
dantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên-
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
postas educacionais.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremia-
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me-
didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de-
pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os
que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra-
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
mentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú-
blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida-
de competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsável, pela freqüência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

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