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AULA 1
Saiba mais
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TEMA 1 – DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
CF/88
Emendas Constitucionais
Decretos
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No caso da isonomia, CF/88, art. 150, II, o tratamento tributário deve ser
igual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente (Brasil,
1988). Nesse caso, temos como exemplo as alíquotas do Imposto de Renda
aplicadas de acordo com as faixas salariais. Os indivíduos que auferem maior
renda são aqueles que pagam mais, assim, há isonomia tributária entre todos os
contribuintes.
O princípio da irretroatividade, CF/88, art. 150, III, a, garante que os
tributos não serão cobrados em relação a fatos geradores ocorridos antes do
início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Uma nova lei
não poderá incidir sobre fatos geradores ocorridos. Por exemplo, se uma
empresa comercializou mercadorias que não incidiam ICMS e foi publicada uma
nova lei que estabelece a incidência, esta não poderá atingir as mercadorias
comercializadas anteriormente.
E, por fim, conforme CF/88, art. 150, III, b e c, o princípio da anterioridade
estabelece que um tributo não pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro
em tenha sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou e deve cumprir o
período nonagesimal. Por exemplo, uma lei institui determinado tributo em 8 de
novembro. De acordo com a anterioridade de exercício, o tributo somente poderá
ser cobrado em 1 de janeiro do próximo ano. Entretanto, conforme a
anterioridade nonagesimal, o tributo apenas poderá ser cobrado em 6 de
fevereiro. O período a ser cumprido será aquele de maior prazo. Em consonância
com os princípios tributários, os entes federativos poderão instituir tributos de
espécies distintas. Os tributos são classificados em impostos, taxas,
contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios.
Essa classificação indica se há a vinculação ou não de um determinado serviço
público.
Os impostos são tributos não vinculados, cobrados sem a exigência de
qualquer contraprestação específica por parte do governo. Por exemplo, o
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é arrecadado aos
cofres públicos, mas não tem destinação específica para a recuperação de
rodovias. Sua arrecadação é destinada conforme lei orçamentária, seja para a
educação, saúde etc. Em contrapartida, as taxas, contribuições de melhoria e
especiais e empréstimos compulsórios são tributos vinculados a um serviço
público, mesmo que em parte. A destinação específica ocorre quando o governo
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realiza uma obra de melhoria de mobilidade urbana e para isso cobra um tributo
da espécie denominada contribuição de melhoria.
Os tributos podem ser diretos ou indiretos. Os tributos diretos são aqueles
que incidem diretamente sobre a renda ou o patrimônio. Os tributos indiretos são
aqueles que atingem indiretamente o consumidor final, incidindo sobre a
produção e circulação de bens ou serviços.
Em um sistema tributário complexo, os gestores são desafiados
constantemente a encontrar uma forma eficiente de reduzir o ônus tributário. O
número expressivo de normas e as alterações na legislação dificultam a atuação
dos gestores, exigindo maior atenção na interpretação e apuração dos tributos
que incidem sobre diferentes atividades e operações. A execução dessas
normas reflete no desempenho econômico-financeiro das empresas. E, quando
da incompreensão da legislação vigente no país, os erros cometidos na
elaboração do planejamento tributário são significativos, podendo comprometer
sua sobrevivência no mercado.
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4. Deixar de acompanhar o planejamento: a empresa faz uma análise inicial
e deixa de acompanhar a legislação. Essa falta de monitoramento legal
das normas coloca a empresa em situação de risco, uma vez que as
normas são atualizadas diariamente.
5. Planejar os tributos de forma isolada: os tributos precisam ser analisados
em conjunto. Por exemplo, o estudo isolado de um tributo não quer dizer
que a empresa esteja enquadrada no melhor regime tributário.
O Código Tributário Nacional (CTN), arts. 128 a 135, define como crimes
contra a ordem tributária as ações que envolvem dolo, má-fé e intenção como
descrito no Quadro 1 na sequência. Dolo consiste no ato de tirar proveito de algo
para atingir um determinado fim. A má-fé está associado a fraude ou intenção
dolosa, é a ação consciente de maldade. E, por fim, a intenção é o propósito de
fazer algo.
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Assim, o sujeito passivo é denominado de devedor da obrigação tributária
e é a pessoa (física e jurídica) obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária (CTN, art. 121) (Brasil, 1966). Atribui-se ao sujeito passivo o dever de
contribuir e a responsabilidade na prestação de contas sobre o fato jurídico
tributário. As informações são fornecidas por meio do preenchimento de
documentos e livros fiscais e são chamadas de obrigações acessórias.
O sujeito passivo da obrigação classifica-se em contribuinte ou
responsável. O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o
evento que constitui o respectivo fato gerador, isto é, é aquele quem irá pagar o
tributo conforme determinado em lei. O contribuinte do ICMS é aquele que realiza
a comercialização de mercadorias para revenda. O responsável é aquele que,
mesmo não sendo o contribuinte, é obrigado a pagar o tributo, ou seja, se o
contribuinte não pagar, o responsável terá que arcar com o pagamento. No caso
do ICMS, se a empresa que realizou a venda de mercadorias não efetua o
pagamento, a empresa que está adquirindo para revenda será responsável.
O contribuinte tem o dever de apresentar as obrigações acessórias com
o objetivo de facilitar a fiscalização da obrigação principal. O sujeito ativo, o
Estado, depende da informação correta do sujeito passivo para proporcionar a
constituição do crédito tributário. Sendo assim, as empresas devem entregar as
declarações de suas operações ao governo como obrigação acessória a fim de
possibilitar a verificação do tributo a ser recolhido. É o caso da Escrituração
Fiscal Digital (EFD), em que todas as compras e vendas são evidenciadas,
proporcionando o cálculo do ICMS devido.
2.1 Benefícios
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significativo, pois, apesar de demandar tempo para o estudo, o ganho financeiro
tende a ser maior.
2.2 Finalidades
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Diminuir o custo burocrático por intermédio da simplificação de processos
e atividades, assim como da uniformização e informatização de
procedimentos.
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Dessa forma, ao evitar a ocorrência do fato gerador, a empresa evitará o
surgimento da obrigação de recolher o tributo. A relação contribuinte (empresa)
e fisco (governo) é observada pelo interesse de o contribuinte reduzir os custos
com a carga tributária, utilizando-se das lacunas da legislação enquanto o fisco
procura criar e incluir na legislação procedimentos de combate à evasão e elisão
fiscal, visto que reduz a arrecadação aos cofres públicos.
Observa-se no art. 116 do CTN que são dados plenos poderes para a
autoridade administrativa desconsiderar atos ou negócios jurídicos com a
finalidade de mascarar a ocorrência do fato gerados do tributo ou a natureza dos
elementos originários da obrigação tributária, cumpridos os procedimentos a
serem determinados em lei ordinária (Brasil, 1966).
Existem duas correntes de pensamentos sobre a elisão fiscal. A primeira
trata a elisão como um fator negativo e defende que é ilícito o contribuinte
promover a redução da carga tributária pela lesão causada ao governo. A
segunda entende que a elisão fiscal é um benefício legal aprovado, com a
justificativa fiscal de que acontece antes da ocorrência do fato gerador, não
gerando a obrigação tributária e, com isso, o governo não sofre qualquer
prejuízo. Assim, ao passo que alguns idealizados afirmam que a elisão fiscal
significa evasão fiscal, outros não entendem dessa forma.
Os termos brecha e lacuna mencionados no texto têm origem no Direito
Romano e são citados por importantes tributaristas brasileiros. Suponha-se que
o governo, com intuito de beneficiar o pequeno empresário, atribua por meio de
uma lei vantagens com a redução de tributos às empresas com capital igual ou
inferior a R$ 500.000. Consequentemente, uma empresa que possua capital de
R$ 1.000.000 resolve desmembrar a empresa em duas menores com capital de
R$ 500.000 cada uma. O procedimento adotado com o propósito de diminuir a
carga tributária estaria correto, uma vez que os benefícios são atribuídos às
empresas com capital igual ou inferior a R$ 500.000.
Outra medida adotada por profissionais liberais com rendimentos
elevados (por exemplo, médicos, dentistas, advogados) que possuem diversos
imóveis alugados, para evitar a tributação do Impostos de Renda na pessoa
física, utilizam as lacunas da legislação constituindo uma empresa em seu nome
e registrando todos os imóveis na empresa. Logo, o Imposto de Renda tributado
na pessoa jurídica será inferior ao tributado na pessoa física, pois a distribuição
do lucro não é tributada.
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Portanto, a elisão fiscal consiste em uma prática lícita de economia
tributária. É tarefa dos gestores apresentar medidas de elisão fiscal como
gerenciamento de resultados.
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território e nas relações que ocorrem entre Estado, povo e território (Rezende;
Pereira; Alencar, 2010, p. 23)
Em razão da necessidade de organizar-se e oportunizar a realização de
ações direcionadas ao bem-estar comum, a sociedade remete ao Estado
(governo) o poder de desenvolver essas ações.
O poder atribuído ao Estado não obrigatoriamente deve ser formal ou
voluntário, ou seja, pode haver apenas um contrato, o qual pode ser dogmático
ou não, em que o governo se compromete a proteger pelo bem da sociedade e,
em contrapartida, o povo se compromete a fornecer subsídio para isso.
Com o objetivo de manter essa administração sob responsabilidade do
Estado, faz-se necessária a cobrança de tributos. Essa administração, ao longo
do tempo, foi responsabilidade das instituições religiosas, monarquias, impérios,
dentre outras formas de conciliar os desejos da comunidade.
A tributação é necessária para manter a máquina pública funcionando. O
tributo garante o poder autoritário do Estado de manter um equilíbrio do bem-
estar social. A cobrança, sob ponto de vista contemporâneo, está associada à
teoria dos contratos.
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Instituições financeiras oferecem capitais e recebem juros, sendo
tributadas;
Fornecedores fornecem produtos, mercadorias e serviços e recebem
dinheiro e são onerados;
Governo contribui de certa forma com as entidades garantindo
estabilidade e recebem tributos.
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analisar um tributo específico ou até mesmo a estudar a forma de
reconhecimento das contas contábeis.
Tratando-se do melhor regime de tributação, tem-se a apuração pelo lucro
real, lucro presumido, lucro arbitrado, Simples Nacional e até mesmo atuando
como microempreendedor individual. Cabe à empresa analisar cada um dos
regimes e decidir qual é o mais adequado para suas atividades.
Segundo Crepaldi (2017, p. 31), o primeiro passo para realizar o
planejamento tributário é analisar o regime de tributação. Para saber qual é o
melhor regime, deve-se realizar um levantamento do fluxo financeiro da empresa
e estabelecer metas e ações por um período de cinco anos. Assim, o gestor
poderá comparar a redução dos tributos nos diferentes regimes, tão logo
reconhecer a importância dos benefícios fiscais federais, estaduais e municipais
que incidem sobre os produtos, mercadorias e serviços da empresa.
Com base na definição do regime, o gestor deve se concentrar no
planejamento das operações da empresa em conformidade com o modelo
escolhido. Na sequência, é possível encontrar formas de redução de gastos
tributários no próprio regime por meio da redução da base de cálculo e alíquotas
dos tributos e ainda recuperação dos impostos.
O planejamento tributário depende de um estudo histórico da empresa
para projetar ganhos futuros, fundamentado na origem dos fatos ocorridos. Além
disso, exige que a empresa verifique a incidência do fato gerador para que não
seja pago valor maior ou que ocorra uma cobrança indevida. Ainda, devem-se
comprovar os fatos geradores previstos em lei a fim de se evitarem sanções
fiscais, além de revisar ao final de cada exercício social para verificar se o regime
tributário adotado realmente continua sendo o mais adequado para fins de
recolhimento do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
E, por fim, auditar os tributos com objetivo de averiguar a existência de créditos
fiscais não aplicados.
Chaves (2017, p. 4) descreve os seguintes procedimentos para revisão
fiscal:
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3. Analisar se houve ação fiscal após cinco anos da ocorrência do fato
gerador;
4. Estudar anualmente o regime tributário mais vantajoso para a empresa
para fins de tributação do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido;
5. Verificar o total de tributos pagos nos últimos cinco anos para compensar
possíveis créditos fiscais.
1. Legislação tributária;
2. Documentos contábeis da empresa;
3. Livros de escrituração contábil e fiscal;
4. Guias de recolhimentos dos tributos e declarações.
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A contabilidade tributária é essencial para qualquer tipo de planejamento,
visto que é por meio da contabilidade que se obtêm relatórios confiáveis e
eficazes para demonstrar a real situação do patrimônio e do resultado da
empresa para fins de tributação. A situação patrimonial é evidenciada no Balanço
Patrimonial, conjunto de bens, direitos e obrigações. O resultado econômico é
apresentado na Demonstração do Resultado do Exercícios, ou seja, receitas
menos despesas.
O Regulamento do Imposto de Renda de 2018 determina as adições e
exclusões ao lucro líquido contábil. Com base nesses ajustes, obtém-se o lucro
real, base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
2. Pedro precisa optar pelo regime tributário menos oneroso, Lucro Real,
Lucro Presumido ou Simples Nacional. A empresa de Pedro presta serviços de
elaboração e manutenção de softwares e também comercializa equipamentos
de informática. A empresa de Pedro faturou nos últimos 12 meses R$ 224.000,00
e apurou os tributos pelo Simples Nacional. Nesse sentido, Pedro refez o
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movimento contábil e aplicou as três formas de tributação e, ao final, decidiu pela
que pagava menos tributos. Qual foi o tipo de planejamento tributário realizado?
Justifique sua resposta.
O gabarito para as questões pode também ser encontrado ao final deste
material, após a seção Referências.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
21
GABARITO
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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