Cerificação de HIDROGÊNIO
Cerificação de HIDROGÊNIO
Cerificação de HIDROGÊNIO
Certificação de
Este livro é parte integrante do projeto de
P&DI Habilitadores técnicos e regulatórios para É crescente o entendimento do papel central do hidrogênio de baixa emissão
no processo de transição energética, especialmente pela sua aptidão para uso
HIDROGÊNIO
a viabilização de um mercado de hidrogênio
verde síncrono no Brasil voltado para encontrar em setores de difícil descarbonização. Todavia, a utilização em larga escala
mecanismos de viabilização da produção de de hidrogênio de baixa emissão requer critérios transparentes e ecientes de
hidrogênio de baixa emissão sem subsídios. certicação. O entendimento das variáveis comerciais, geopolíticas e tecnológi-
cas envolvidas nesta dinâmica é fundamental para o correto posicionamento do
HIDROGÊNIO
Ao trazer luz à inuência dos interesses econô- Brasil nesta indústria. Guilherme Dantas
micos e geopolíticos internacionais nas regras
de certicação, a leitura deste livro permite Com uma abordagem didática, este livro oferece uma análise detalhada e
multidimensional sobre a certicação de hidrogênio de baixa emissão, abran-
Aspectos É Sócio Fundador da Essenz Soluções e Pesqui-
Comerciais,
uma melhor compreensão das variáveis em sador Sênior do CEBRI. Consultor no setor de
jogo. Adicionalmente, o livro explicita a impor- gendo desde estudos de caso, discussões geopolíticas, plataformas digitais de
infraestrutura desde 2006 com ênfase nas
Geopolíticos e
tância de plataformas digitais baseadas na certicação e comercialização de hidrogênio até o estudo da realidade brasi-
tecnologia blockchain para a certicação e leira e a proposição de um modelo comercial que busca otimizar a produção de áreas de energia, de biomassa e de sanea-
criação de um mercado dinâmico de hidrogê-
nio de baixa emissão.
hidrogênio síncrono. Prepare-se para uma jornada intelectual que desvenda os
segredos e as oportunidades do hidrogênio como vetor de transformação ener- Tecnológicos mento. Doutor em Planejamento Energético
gética. pela COPPE/UFRJ. Possui Mestrado em Econo-
Nestas bases, esta obra endereça pontos de mia e Política da Energia e do Ambiente pela
extrema relevância para que avancemos na Como prossional e entusiasta do uso sustentável dos recursos energéticos, Universidade Técnica de Lisboa e Graduação
Certificação de
construção de um marco normativo que possibi- recomendo fortemente esta obra. É uma leitura esclarecedora, que traz à tona em Economia pela UFRJ. Especialista em Eco-
lite colocar o Brasil em posição de destaque na os desaos e oportunidades da certicação do hidrogênio de baixa emissão.
Seja você um prossional da área ou simplesmente um interessado no assunto, nomia da Regulação, com ênfase em modelos
indústria de hidrogênio de baixa emissão atra-
vés da exploração de nossos diferenciais com- este livro proporcionará insights valiosos e uma compreensão mais profunda de remuneração por incentivos, estrutura tari-
petitivos. dos desaos inerentes à certicação de hidrogênio de baixa emissão e sobre o fária, impactos dos recursos energéticos distri-
papel do Brasil nesta nova indústria. buídos, redes inteligentes e modelos de merca-
Júlia Rodrigues do. Além disso, realiza estudos técnicos-
Gerente de Inovação do Grupo AES Brasil Rafaela Guedes
Senior Fellow do Núcleo de Energia do econômicos de projetos de tecnologias reno-
Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) váveis no setor elétrico e de biorrenarias
produtoras de biocombustíveis avançados
e/ou produtos químicos. Mais recentemente,
vem desenvolvendo trabalhos de análises
técnicas e econômicas de projetos de hidrogê-
nio e de eólica offshore.
9 786598 272111
Certificação de
HIDROGÊNIO
Aspectos
Comerciais,
Geopolíticos e
Tecnológicos
Guilherme Dantas
Certificação de
HIDROGÊNIO
Aspectos
Comerciais,
Geopolíticos e
Tecnológicos
Copyright © 2024 Guilherme Dantas
Todos os direitos desta edição reservados à Synergia Editora
D192
Certificação de hidrogênio: aspectos comerciais, geopolíticos e tec-
nológicos / Guilherme Dantas. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Synergia, 2024.
148 p. ; 16 cm x 23 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-98272-11-1
CDU 333.794
Conselho Editorial
Adilson de Oliveira Jane Celeste
Ana Lúcia Rodrigues da Silva José Eugenio Leal
Andrea Borges de Souza Cruz Leandro Mello Frota
Daniela Garcia Giacobbo Luiz Alfredo Salomão
Demétrios Christofidis Mara Behlau
Dorel Soares Ramos Marcos A. V. Freitas
Douglas Estevam Marcos Pereira dos Santos
Edmar Luiz Fagundes de Almeida Marcus Quintella
Edmilson Moutinho Maria João Rolim
Elbia Ganoum Mariana de Mattos Souza
Enio Fonseca Miguel Fernandez y Fernandez
Fabio Amorim da Rocha Monique Fonseca Rocha
Guilherme Sandoval Góes Romario de Carvalho Nunes
Guiomar de Grammont Ronald Carreteiro
Hirdan Katarina de Medeiros Costa Werner Grau Neto
Elbia Gannoum
Economista, Ph.D.
Presidente da Abeeolica.
Vice-chair do Conselho Global de Energia Eólica.
1
Vide: https://www.ft.com/content/7eac54ee-f1d1-4ebc-9573-b52f87d00240.
2
Vide: https://www.goldmansachs.com/insights/pages/gs-research/green-hydro-
gen/report.pdf.
3
Vide: https://www.iea.org/reports/towards-hydrogen-definitions-based-on-
their-emissions-intensity/executive-summary.
4
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis e para o hidrogênio
de baixa emissão de carbono, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-
-lhes tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir
diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação à contribuição
de que trata o art. 195, V, e ao imposto a que se refere o art. 156-A.
5
Vide: https://www.iphe.net/iphe-wp-methodology-doc-nov-2022.
6
A União Europeia passou a denominar formalmente o hidrogênio renovável a partir
da eletrólise da água com base em renováveis outrora chamado de hidrogênio verde
como hidrogênio renovável de origem não-biológica. Para detalhes, vide: https://
www.europarl.europa.eu/doceo/document/A-9-2021-0116_EN.html https://oeil.
secure.europarl.europa.eu/oeil/popups/summary.do?id=1663379&t=e&l=en;
EUR-Lex - 32018L2001 - EN - EUR-Lex (europa.eu); EUR-Lex - 32023R1185 - EN
- EUR-Lex (europa.eu); e, Renewable hydrogen production: new rules formally
adopted (europa.eu).
Giovani Machado
Economista pela UFF, mestre e doutor em Planejamento Energético
pela COPPE/UFRJ. Capacitação robusta em planejamento, política
e desenho de mercado do setor de energia. Tem mais de 30 anos na
área de energia. Alta expertise em diversos temas de energia, como:
transição energética; planejamento, desenho de mercado, política
e regulação do setor energético; cenários, modelagem e projeção
de demanda de energia; geopolítica de energia; mercado e preços
de O&G; planejamento de infraestrutura de gás natural; mercado
de biocombustíveis; desenvolvimento sustentável, meio ambiente e
economia de baixo carbono; hidrogênio de baixa emissão de carbono;
eficiência energética; mercado de carbono; energia nuclear, inclusive
Pequenos Reatores Modulares (SMR). Assumiu diversas posições
de gestão na carreira, inclusive Diretor de Estudos Econômico-
Energéticos e Ambientais e Diretor Interino de Estudos de Energia
Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Atualmente, é
Assessor da Presidência da EPE.
1
Apesar de atualmente alguns países em vias de desenvolvimento serem grandes
emissores de gases do efeito estufa, as mudanças climáticas em curso são majorita-
riamente causadas pelas emissões históricas dos países hoje tidos como desenvol-
vidos. Logo, existe toda uma problemática associada à discussão sobre responsabi-
lidades comuns, porém diferenciadas
2
Existem rotas de produção a partir da biomassa. Além disso, existem rotas passíveis
de serem adotadas para a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono que
não utilizam fontes renováveis. O principal exemplo é a produção de hidrogênio a
partir da reforma a vapor do gás natural com captura de carbono.
3
Quando se fala da indústria de hidrogênio de baixa emissão de carbono, também
está se falando dos seus derivados. Por exemplo, amônia e metanol.
Introdução XXIII
Conforme vai ser visto neste livro, modelos comerciais desta nature-
za podem vir a assumir grande importância no desenvolvimento de um
mercado dinâmico e competitivo de hidrogênio de baixa emissão de car-
bono, sobretudo no âmbito do hidrogênio produzido a partir da rota da
eletrólise.
No caso específico do Brasil, verifica-se que o Brasil possui condi-
ções de ofertar grandes montantes de hidrogênio de baixa emissão de
carbono em bases extremamente competitivas de custos. Esta aptidão
advém de sua grande dotação de recursos renováveis conjugada com a
presença de uma indústria extremamente bem estruturada.
Em especial, as fontes eólica e solar habilitam o país a produzir
grandes montantes de hidrogênio a partir da rota da eletrólise. Ade-
mais, a disponibilidade de biomassa e a experiência brasileira com
bioenergia também o credenciam para produção a partir de rotas
de hidrogênio a partir da biomassa. Ainda que não seja uma fonte de
energia renovável, deve ser mencionado que as reservas de gás natural
do Brasil tornam a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbo-
no, a partir da reforma a vapor do gás natural com captura de carbono,
uma alternativa que também deve ser considerada.
Observa-se, assim, que o Brasil possui totais condições de ser um
player relevante da indústria mundial do hidrogênio. Para isso, são
precisas diretrizes claras sobre a produção e uso do hidrogênio de bai-
xa emissão de carbono brasileiro.
Esta base normativa deve ser construída baseada nos objetivos
que o país almeja com o desenvolvimento do setor de hidrogênio de
baixa emissão de carbono. Ademais, também se faz necessário reco-
nhecer as questões geopolíticas e de comércio internacional presentes
na agenda do hidrogênio de baixa emissão de carbono.
Em um primeiro momento, existiu uma grande expectativa do
Brasil se tornar um grande exportador de hidrogênio de baixa emissão
de carbono, sobretudo hidrogênio a partir da eletrólise para países da
União Europeia. Na ocasião, era comum se ouvir falar que o Brasil seria
a “Arábia Saudita do hidrogênio de baixa emissão de carbono”.
Introdução XXV
Toda a discussão acerca da sincronicidade da produção de hidro-
gênio da rota da eletrólise precisa considerar as especificidades do Sis-
tema Interligado Nacional (SIN). Questões como o caráter condominial
do sistema de transmissão brasileiro, requisitos de conexão e uso da
rede, assim como, a problemática do constrained-off precisam integrar
a análise a ser realizada.
Com base no exame de todos os contornos do problema e iden-
tificação de oportunidades, é possível o desenho de mecanismos de
mercado que possibilitem o desenvolvimento de um mercado de hi-
drogênio a partir da eletrólise com produção em bases síncronas.
É sobre este universo de variáveis complexas e interdependentes
inerentes à produção e certificação de hidrogênio de baixa emissão de
carbono, especialmente do hidrogênio produzido a partir da eletrólise
de forma síncrona, que este livro trata.
Esta obra está estruturada em cinco capítulos.
O Capítulo 1 é dedicado a discussão sobre modelos de certificação
que vem sendo adotados ao redor do mundo. O objetivo deste capítulo
é explicitar as características diferentes destes modelos. Para isso, são
apresentados os modelos da União Europeia, do Reino Unido e dos EUA.
Na sequência, o Capítulo 2 aborda todas as nuances envolvidas
com aquilo que pode ser chamado de geopolítica do hidrogênio de
baixa emissão de carbono. Em sua primeira parte, o capítulo descre-
ve como historicamente variáveis geopolíticas e o setor de energia se
relacionam. Na sequência, é discutido como variáveis geopolíticas in-
fluenciam o desenvolvimento do mercado mundial do hidrogênio de
baixa emissão de carbono. Por fim, a última parte do capítulo é dedica-
da ao estudo de caso da contribuição brasileira por meio da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE) na consulta pública da União Europeia.
Já o terceiro capítulo é voltado para o estudo de questões tec-
nológicas relativas à certificação de hidrogênio de baixa emissão de
carbono. Em síntese, o capítulo é voltado para apontar a necessidade
da adoção de plataformas digitais para a realização desta certificação.
Em especial, é enfatizada a importância da tecnologia blockchain, não
Introdução XXVII
Sumário
1 – Certificação de Hidrogênio de baixa emissão de carbono.................... 1
1.1. União Europeia..................................................................................................... 3
1.2. Reino Unido........................................................................................................... 8
1.3. EUA.........................................................................................................................13
1.4. Casos Adicionais.................................................................................................19
1
Também existe o entendimento que o hidrogênio será um importante mecanismo
de provimento de armazenamento sazonal para o setor elétrico europeu em um
contexto de crescente participação de fontes intermitentes no sistema.
2
Considerando que grande parte da energia renovável para produção de hidrogênio
por meio da eletrólise irá vir de usinas eólicas e sistemas fotovoltaicos, os fatores
de capacidade limitados destas fontes fazem com que a capacidade instalada de ge-
ração de energia elétrica renovável seja significativamente maior que a capacidade
instalada dos eletrolisadores.
3
O prazo de 36 meses foi estabelecido baseado na premissa que o caráter incipiente
da indústria traz consigo incertezas quanto ao cronograma de implementação dos
projetos. Logo, se justifica a existência de uma margem temporal.
4
Ou que o preço da energia elétrica esteja em um patamar inferior a 0,36 vezes do
valor de uma licença de emissão de CO2.
5
A estratégia britânica para o hidrogênio de baixa emissão de carbono contempla o
exame das perspectivas de outras rotas tecnológicas. Como já fora mencionado, até
mesmo rotas a partir da energia nuclear estão sendo avaliadas. Todavia, a opção
aqui foi por focar nas principais rotas.
6
Este enquadramento está restrito às emissões relativas ao processo de produção.
9
Estas emissões são relativamente importantes no caso da rota de produção de hi-
drogênio a partir da reforma a vapor do gás natural com captura de carbono.
1.3. EUA
10
O impacto nas emissões advém do consumo parasítico existente nas plantas. Por
exemplo, níveis mais elevados de pressão exigem maior dispêndios energéticos
com compressão.
11
Mais especificamente, acredita-se que o princípio da adicionalidade como um re-
quisito dos projetos pode vir a limitar a capacidade de projetos de hidrogênio verde
no curto e no médio prazo.
12
Existe a meta da indústria do hidrogênio de baixa emissão de carbono criar 100.000
empregos nos EUA somente até 20230.
13
Além do CO2, também devem ser contabilizadas as emissões de N2O e de CH4.
14
Nesta abordagem, não são consideradas às emissões relativas à produção dos equi-
pamentos, construção de infraestrutura, distribuição e vazamentos.
15
No caso de plantas com captura de carbono, também devem ser contabilizadas
emissões de processos downstream relativos a esta captura.
16
Com vistas a evitar entendimentos equivocados acerca dos limites de emissões
norte-americanos, é preciso fazer uma ressalva quanto aos valores de referência
fixados no IRA. O limite previsto de 2 se refere às emissões estritamente relaciona-
das à produção de hidrogênio sobre as quais podem ser adicionadas emissões de
processos upstream e downstream.
CO2 CO2
Generation
of electricity
Fuel combustion
fugitive Extraction of Feedstock H2 Production CO2 CO2
emissions feedstock delivery and CO2 capture Dellivery Sequestration
Net GHG emission associated Illustrative figure all potential pathways for H2
with producyion of biomass feedstock production not represented
17
Quando o hidrogênio é produzido em outras condições de pureza e pressão, é pre-
ciso mensurar a variação de emissões associada aos processos que coloquem este
hidrogênio nas mesmas bases dos valores de referência. Por exemplo, caso o hidro-
gênio produzido tenha uma menor pressão menor que 20 bar, é necessário quan-
tificar as emissões associadas ao processo de compressão requerido para que este
hidrogênio tenha uma pressão de 20 bar.
18
São contabilizadas emissões, não apenas da produção de energia elétrica, como
Note: ATR = autothermal reforming; B&C = book and claim; GO = guarantee of origin; SMR = steam methane reforming.
19
Para os leitores interessados em se aprofundar no assunto, recomenda-se a leitura
do livro “A Tirania do Petróleo” de autoria da escritora Antonia Juhasz.
Figura 2.1 análise entre da matriz energética mundial atual com a da matriz projetada
para década de 2050
Ammonia
Oil
Coal Methanol
Oil
Gas
Hydrogen
2020 2050
USD 1.5 trillion USD 1.6 trillion
Electricity
Methanol Bioenergy
20
Dentre as razões por esta integração, pode ser mencionado o fato de muitas compa-
nhias atuarem em diversos países. Ademais, é importante ressaltar que integração
das cadeias globais é relevante para países pobres dependentes de recursos exter-
nos e de transferência tecnológica.
21
Na esfera econômica, um ponto relevante é que as margens de lucro da indústria de
hidrogênio deverão ser menores que as margens tradicionalmente verificadas no
setor de óleo e gás. Este diagnóstico é baseado no fato do hidrogênio não ser uma
fonte primária de energia e sim um vetor energético advindo da transformação de
algum recurso energético primário. Logo, tende a ser uma indústria bastante com-
petitiva e, por consequência, com margens pequenas.
22
A inspiração para a elaboração desta figura é Pflugmann e Blasio (2020). Todavia,
foram adotadas premissas distintas para a realização da classificação dos países.
23
Alternativamente, podem ocorrer modelos de negócios em que se exporta energia
elétrica renovável por meio de linhas de transmissão e a produção de hidrogênio
ocorre no país importador desta energia elétrica.
24
Em uma abordagem mais abrangente, até rotas não renováveis que produzam hi-
drogênio de baixa emissão de carbono deveriam ser consideradas, sendo este o
caso da reforma a vapor do gás natural com captura de carbono.
25
Como ilustração de ferramenta digital passível de ser utilizada, pode se citar os
digitais twins que possibilitam a realização de simulações de ativos reais de forma
a permitir um melhor entendimento dos fluxos físicos da cadeia de produção.
26
O processo de verificação tende a tão mais complexo quanto maior o escopo das
emissões a serem consideradas na certificação.
27
A realização das auditorias deve ser feita por entidades independentes previamen-
te definidas.
28
Dada a necessidade de se contabilizar as emissões de outros gases do efeito estufa,
essa mensuração é feita com base no conceito de CO2 equivalente.
29
A contabilização das emissões deve incluir todos os processos assessórios e/ou
correlatos a produção de hidrogênio e seus derivados. Por exemplo, caso a água
utilizada na eletrólise seja oriunda de dessalinização, é preciso considerar todas as
emissões inerentes a este processo.
30
Este entendimento já é consenso na União Europeia onde diversas iniciativas nesta
direção estão sendo desenvolvidas.
31
Na medida que devem coexistir diversas plataformas de certificação em nível mun-
33
Seu caráter descentralizado impede a manipulação de dados porque, dado que
cada nó da rede possui uma cópia do blockchain, a tentativa de alteração do registro
da transação oriunda de um dos nós da rede precisaria ser validada pela maioria
dos demais nós da rede.
34
O registro da transação requer que o agente utilize sua chave privada para efetuar
uma espécie de assinatura digital da operação. Ao mesmo tempo, por meio da chave
pública deste agente, os demais participantes do blockchain irão usar a chave pública
do agente que está registrando a operação para autenticar sua assinatura digital de
forma a garantir que a operação está sendo efetivamente realizada por ele.
35
Além do direito de adicionar um novo bloco, o primeiro minerador a resolver o
problema também recebe uma recompensa por ter resolvido o problema. Este é
o método de mineração utilizado na rede Bitcoin onde o minerador que resolve o
problema pode adicionar um novo bloco e é recompensado por meio do recebi-
mento de Bitcoins.
36
QIN et al. (2023) realizam uma detalhada análise sobre o uso de blockchain e seus
impactos no caso da busca da neutralidade de carbono na China.
37
Esta é uma abordagem utilizada pela Ethereum 2.0.
38
FERREIRA (2023) enfatiza que blockchain é algo mais amplo do que uma simples tec-
nologia. De acordo com o autor, trata-se de uma nova abordagem no tratamento das
questões de confiança, segurança e liberdade, vide as relações de confiança serem es-
tabelecidas por códigos computacionais em detrimento da lógica tradicional em que
estas relações são atestadas por entidades. Dito de outro modo, blockchain é uma nova
forma de organizar e validar informações com base em mecanismos digitais.
39
A literatura também aponta para possíveis benefícios da tecnologia blockchain caso
seja utilizado na gestão de redes elétricas e em sistemas de comunicação, contri-
buindo assim para a segurança do suprimento de energia elétrica.
40
As funcionalidades e as características da plataforma blockchain possibilitam o
atendimento dos requisitos de verificação, interoperabilidade, autenticação e por-
tabilidade.
H2 generation plant
Client
GreenchainR
Data audit
H2 produced H2 consumed
Matching and
Renewable energy hourly
generation assignment
41
Esta unidade pode estar mensurada em massa ou em conteúdo energético.
$
Balancing and congestion
management through better opperation
of distributed energy resources
Peer-to-peer
Provision of ancillary services
electricity tradingr
to the main power grid
iff Tari
Tar k
Utility ff
i - Bac
Bu te
ra
Resident with solar Bui-Back
Resident with EV
rate
Tariff Tariff
P2P
Resident with solar Resident with EV
P2P P
P2
P
P2
P2
P
P2P
Resident with rooftop
Resident solar and EV
Data structure
Meter Meter
measuring measuring
Matching buyers and sellers
electricity electricity
exported imported
42
A responsabilidade pela contabilização e liquidações dos fluxos de energia e finan-
ceiros pertence a autoridades centrais (operadores do sistema, câmaras de comer-
cialização etc.) que asseguram a confiança dos agentes no modelo comercial.
43
Dada as estratégias definidas pelos participantes do mercado, o programa busca
matches entre as diferentes partes e realiza as transações de forma automática.
44
Nestas bases, deve haver a garantia do acesso às redes elétricas e a garantir que não
existirá a cobrança de tarifas, encargos e impostos desproporcionais aos volumes
de energia transacionados.
REGULATION
PHISICAL LAYER
Grid connection Grid connection PLATFORM
Network stetup
Network stetup
Network stetup
Metering Metering
PARTICIPATING
PEERS
VIRTUAL LAYER
EMS system EMS system EMS system
PLATFORM
Pricing Market Information
mechanism operation system
45
Ademais, o projeto versa sobre a exploração e produção do hidrogênio geológico
em território nacional.
46
No momento da elaboração deste livro, a promulgação deste Projeto de Lei ainda
carecia de sanção presidencial.
47
O PL nº 2.308/2023 também define as responsabilidades pela atividade regulató-
ria, cabendo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
a autorização do exercício das atividades de produção e comercialização de hidro-
gênio e seus derivados e carreadores. Concomitantemente, ficou estabelecido que
a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) possui a atribuição de emissão de
declaração de utilidade pública relativa para implantação e operação de instalações
de transmissão e de distribuição de energia elétrica de uso exclusivo de projetos de
projetos de hidrogênio de baixa emissão de carbono.
48
Esta alteração ocorreu por meio de emenda parlamentar no âmbito das discussões
do PL 2.308/2023 no Senado Federal.
49
Estes ganhos de competitividade aumentará o número de offtakeres dispostos a
pagar pelo hidrogênio de baixa emissão de carbono e, por consequência, induzirão
o crescimento do mercado.
50
O Rehidro deverá ser regulamentado pelo Poder Executivo por meio de decreto e
de instrução normativa da Receita Federal do Brasil.
51
O PL nº 2.308/2023 também versa sobre as condicionantes da cooperação técnica
entre as esferas pública e privada para o desenvolvimento de pesquisas de novos
produtos, tecnologias e processos voltados para a produção de hidrogênio de baixa
emissão de carbono.
52
Estes benefícios se aplicam independente da produção ser destinada ao mercado
interno ou à exportação. Ademais, os incentivos do Rehidro não são concorrentes
56
Os valores a serem disponibilizados devem estar previstos no projeto de Lei Orça-
mentária Anual a ser encaminhada pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional.
57
Ser participante do REHIDRO é um critério adicional de elegibilidade para produto-
res. No caso de compradores, esta elegibilidade exige que o hidrogênio seja adqui-
rido a partir de produtores enquadrados dentro do REHIDRO.
58
Como requisitos para cessão de créditos fiscais, o PHBC poderá prever o caráter de-
crescente dos montantes de créditos concedidos ao longo dos anos, apresentação
da relação entre o valor do crédito fiscal e a diferença entre o preço do hidrogênio
e o preço de bens substitutos, presença de garantia da implantação do projeto e
aplicação de penalidades em casos de não implantação de projetos.
59
No caso de produtos importados, deverá haver regulamento específico versando
sobre as condicionantes da certificação adotada no território de origem.
60
O Art. 19. do PL nº 2.308/2023 determina que estas instituições devem estabelecer
os procedimentos de credenciamento de empresas certificadoras, realizar o cre-
denciamento, disponibilizar lista atualizada de entidades certificadoras e auditar
os certificados emitidos por empresas certificadoras. s
61
A gestora de registros deverá facultar aos compradores o direito de verificar a au-
tenticidade do registro do certificado de hidrogênio emitido. Ademais, a gestora de
registros precisa manter sistema informatizado e plataforma eletrônica de caráter
público de acesso à base de dados.
62
Os certificados emitidos deverão respeitar o princípio da integralidade ambiental
visando assegurar a inexistência de dupla contagem.
63
Em situações em que a carga da planta de produção de hidrogênio e/ou a central
de geração fornecedora de energia elétrica não estejam modeladas na CCEE e exista
desacordo em relação às normas do Sistema de Medição para Faturamento (SMF)
previstas no PRODIST e/ou com Procedimentos de Rede, a medição deverá ocorrer
diretamente no medidor de forma individualizada, sendo dado à CCEE acesso ao
software de mediação, assim como aos equipamentos e as validações necessárias,
ressaltando-se a necessidade dos medidores serem certificados pelo INMETRO.
Análise da
documentação
64
Caso o sistema off-grid, aqui denominado como autoprodução, tenha um arranjo
em que as plantas de geração de energia elétrica e de hidrogênio possuam titula-
ridades diferentes, deverá ser firmado e registrado contrato de energia entre as
partes.
65
Os perfis de geração e de carga se referem às características sazonais e de modula-
ção dos contratos.
+ -
PPA Renovável
Fonte: CCEE (2023).
Z% Hidrogênio
de fonte parcialmente
renovável
100% Hidrogênio
de fonte renovável
X% Hidrogênio
de fonte renovável
Mês j Mês j + 1
Consumo de energia para produção de H2
Energia consumida com CCEAL de fonte renovável
Energia consumida sem comprovação renovável
+ -
AP Renovável
Fonte: CCEE (2023).
Z% Hidrogênio
de fonte parcialmente
renovável
100% Hidrogênio
de fonte renovável
Y% Hidrogênio
de fonte renovável
Mês j Mês j + 1
Consumo de energia para produção de H2
Energia consumida da Autoprodução renovável
Energia consumida sem comprovação renovável
PPA Renovável
Gerador ACL
SIN Produtor H2
Autoprodução
+ -
AP Renovável
Z% Hidrogênio
de fonte parcialmente
renovável
100% Hidrogênio
de fonte renovável
(X+Y)% Hidrogênio
de fonte renovável
Mês j Mês j + 1
Consumo de energia para produção de H2
Energia consumida com CCEAL de fonte renovável
Energia consumida da Autoprodução renovável
Energia consumida sem CCEAL de fonte renovável
Fonte: CCEE (2023).
+ -
100% Hidrogênio
de fonte renovável 100% Hidrogênio
de fonte renovável
Mês j Mês j + 1
Consumo de energia para produção de H2
Energia consumida da Autoprodução renovável
Fonte: CCEE (2023).
66
As bases da transação entre as partes não são compartilhadas com a CCEE. Da mes-
ma forma, a liquidação comercial da transação é de responsabilidade exclusiva das
partes envolvidas no negócio.
67
Dentre as informações a serem examinadas, está o registro do adquirente na CCEE,
a disponibilidade e a validade dos certificados solicitados para transferência. Além
Análise da Aceitação do
*O proprietário CCEE adquirente
*Não tendo nenhum
do certificado impedimento o
irá solicitar a *Como certificadora *O adquirente
a CCEE irá analisar certificado estará terá até 5 dias
transferência de apto a ser
propriedade do se a transação é úteis para aceitar
válida e poderá transferido. a transferência.
certificado através
do formulário ser realizada.
Solicitação de Transferência
transferência do certificado
disso, ressalta-se que que a transferência pode ser total em que a empresa adqui-
rente passa a ser a nova titular do certificado ou parcial em que a empresa transfere
apenas uma parcela do seu certificado para a empresa adquirente e permanece
sendo titular da parcela remanescente do certificado.
68
As bases da transação comercial e a responsabilidade pela liquidação financeira
com o consumidor não competem a CCEE.
69
O cancelamento do certificado pode ser total ou parcial. No segundo caso, apenas
a fração do certificado destinada ao consumidor é cancelada com a parte remanes-
cente permanecendo de titularidade da parte vendedora.
Análise da
*O proprietário CCEE
*Não tendo nenhum
do certificado impedimento o
irá solicitar o *Como certificadora,
a CCEE irá analisar certificado será
cancelament do cancelado
certificado através se o cancelamento
de formulário é válido.
Solicitação de Cancelamento
cancelamento do certificado
70
O caráter intermitente da geração é prejudicial à eficiência operacional dos ele-
trolisadores. Esta problemática é especialmente crítica no caso dos eletrolisadores
alcalinos que são os eletrolisadores mais utilizados em nível mundial.
dade das fontes eólica e solar, torna-se necessário à implementação de
sistemas de armazenamento.
Dado que as baterias permanecem tendo custos elevados, o supri-
mento de energia elétrica a partir da rede segue sendo uma alternativa
a ser priorizada. Esta opção é especialmente relevante no caso brasileiro
em função da oferta de energia elétrica do SIN ser majoritariamente de
origem renovável em anos típicos71.
Todavia, é preciso ressaltar que a engenharia financeira dos proje-
tos de hidrogênio de eletrólise a serem adotados no Brasil é muito sen-
sível aos custos com o uso do sistema de transmissão. Logo, a busca por
arranjos comerciais do uso do sistema de transmissão que considerem
as especificidades dos projetos de hidrogênio é bastante desejável.
Em contrapartida, considerando que os projetos de hidrogênio ele-
trolítico prospectados para o Brasil irão exigir vultosos investimentos
no SIN, é preciso também se examinar as implicações destes investi-
mentos nos custos de transmissão arcados pelos demais agentes.
Toda a discussão acerca do uso do sistema de transmissão para o
atendimento das necessidades das plantas de produção de hidrogênio
ocorre em meio à problemática do constrained-off. Efetivamente, trata-
-se de um problema com consequências extremamente negativas para
usinas eólicas e solar fotovoltaicas.
Como uma das principais causas do problema do constrained-off é a
falta de carga, a demanda de energia elétrica de origem renovável para o
atendimento da produção de hidrogênio eletrolítico pode ser vir a con-
sistir em uma estratégia de mitigação deste problema.
Nestas bases, o desenho de um modelo de uso da rede com tarifas
que otimizem o uso da rede e o aproveitamento da energia renovável
atualmente desperdiçada tende a ser atrativo. Na medida em que a tec-
nologia blockchain viabiliza transações P2P, são criadas condições para
que se avance em proposições nesta direção.
71
Em anos de hidrologias críticas, a participação renovável da matriz elétrica tende a
se reduzir de forma significativa em função da necessidade do despacho de usinas
termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
72
Na medida em que o potencial hídrico em rios de planalto foi se esgotando e o po-
tencial hídrico remanescente passou a se limitar a regiões de planície, os projetos
hidrelétricos mais recentes são do tipo fio d´agua. Neste tipo de usina hidrelétrica,
os reservatórios são de compensação com capacidade de regularização da geração
de energia por apenas alguns dias.
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Esta participação contabiliza a potência instalada dos sistemas de microgeração
e de minigeração solar fotovoltaica. Ao se considerar apenas as usinas conectadas
diretamente no SIN, em julho de 2024 a fonte eólica respondia por 13,5% da ca-
pacidade total do SIN com uma potência de aproximadamente 31 GW enquanto a
fonte solar fotovoltaica centralizada representava 6,2% da capacidade total do SIN
com uma potência instalada da ordem de 14 GW.
74
Este efeito advém da grande extensão de alguns rios brasileiros que permite a pre-
sença de diversas usinas hidrelétricas no curso de um mesmo rio. Como a presença
de reservatórios nas usinas a montante influenciam na geração das usinas a jusan-
te, passa a existir uma interdependência entre elas com implicações operativas e
comerciais. Maiores informações sobre esta dinâmica podem ser encontradas em
D’ARAUJO (2009).
75
A garantia do livre acesso às redes é uma necessidade oriunda das reformas liberali-
zantes dos setores elétricos a partir do final dos anos 1980. Considerando que estas
reformas visavam incitar a competição nos segmentos de geração e de comercializa-
ção de energia elétrica, o uso não discriminatório da rede é essencial. A reestrutura-
ção do setor elétrico brasileiro nos anos 1990, ao separar as atividades de compra e
venda de energia do uso da rede, também definiu os termos do acesso à rede.
76
A RAP pode ser descontada por meio de Parcelas Variáveis (PV) devido à indispo-
nibilidade na função de transmissão.
77
Esta contratação pode ocorrer por meio de processo licitatório ou ato autorizativo.
78
Também deve existir a cobertura de custos com o exercício de atividades adminis-
trativas.
79
O valor arrecado com os EUST também deve cobrir o custeio do Operador Nacional
do Sistema (ONS).
80
Toda a análise é feita baseada nas situações em que se exige carregamento máximo
do sistema de transmissão porque são estes casos que podem resultar na necessi-
dade de expansão do sistema.
81
Também é adotada a premissa da coincidência entre a capacidade de transmissão de
cada linha e de cada transformador da rede “ideal de custo mínimo” com o fluxo ve-
rificado na condição de demanda utilizada para o cálculo das tarifas de transmissão.
82
Historicamente, o sinal locacional é mais acentuado para a geração que para a carga.
83
Na medida em que a expansão do SIN ao longo dos últimos anos vem se caracteri-
zando por uma forte concentração de projetos de usinas eólicas e solares fotovol-
taicas na Região Nordeste, esta problemática tende a se acentuar.
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A não diferenciação entre geradores já conectados à rede e novos geradores consis-
te no ponto mais crítico da discussão. Esta polêmica gerou um Projeto Decreto Le-
gislativo – PDL 365/2022 que susta e revoga as Resoluções Normativas publicadas
pela ANEEL, aprovado na Câmara dos Deputados e que está em análise no Senado
aguardando apreciação. Trata-se de uma pauta com alto potencial de judicialização.
85
No caso do ACL, deverá haver aumento dos preços pagados pelos consumidores na me-
dida que os geradores deverão repassar esse aumento de custos. Já no caso do Ambien-
te de Contratação Regulada (ACR), dada a impossibilidade de gerenciar o custo com o
pagamento do uso da rede de transmissão, haverá impacto na margem do gerador.
86
Estes descontos foram estabelecidos na Lei nº 9.427/1996 com objetivo de incenti-
var fontes renováveis na ocasião tidas como alternativas. A regulamentação destes
descontos foi feita pela Resolução Normativa nº 77/2004 da ANEEL. Ficou estabe-
lecido que projetos eólicos, solares, de biomassa e cogeração qualificada com ca-
pacidade menor ou igual a 30 MW e empreendimentos hidrelétricos com potência
inferior a 1 MW deverão ter um desconto de 50% em suas tarifas de uso da rede.
No caso de projetos que utilizem mais de 50% de biomassa oriunda de resíduos
sólidos urbanos e/ou de biogás de aterro sanitário ou biodigestores de resíduos
vegetais ou animais, assim como lodos de estações de tratamento de esgoto, o des-
conto a ser concedido é de 100%.
87
Medida Provisória do Governo Federal publicada no primeiro semestre de 2024
prorrogou em 36 meses o prazo de entrada em operação de empreendimentos que
solicitaram outorga nos prazos previstos pela Lei nº 14.120/2021 para manter o
desconto nas tarifas de uso da rede.
88
Com o intuito de equacionar este problema, a ANEEL propôs um mecanismo regu-
latório excepcional de desistência voluntária em que é possível fazer a revogação
da outorga de geração, com devolução das garantias de fiel cumprimento e isenção
de multas administrativas. Adicionalmente, existe o pedido de autorização junto ao
ONS para rescisão do Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) sem apli-
cação das multas rescisórias. Eram passíveis de pleitear este benefício os agentes
de geração sem inadimplência de encargos setoriais, que não possuíssem débitos
de EUST e a que não tivessem contratos de geração Ambiente de Contratação Regu-
lada. Estes agentes deveriam manifestar demonstração de interesse prévio (até 6
de junho de 2023). Além disso, era preciso assinar e apresentar termo com renún-
cia ao direito a ações judiciais, processos administrativos ou litígio arbitrais cujo
objeto trate de questionamento ao pagamento de EUST, multas rescisórias de CUST
e postergação da data de entrada em operação comercial. Por fim, também existia
o requisito de apresentar declaração da transmissora de que está ciente e concorda
com a rescisão desses contratos.
89
O marco normativo do hidrogênio do Brasil não exige adicionalidade. Logo, em tese,
instalações de geração de energia elétrica existentes podem ser utilizadas para o
atendimento da demanda de plantas de hidrogênio. Todavia, embora atualmente o
sistema esteja sobreofertado, esta situação possui um viés conjuntural. Desta for-
ma, apesar de algumas plantas de hidrogênio poderem ser supridas por usinas de
energia elétrica já existentes, não é razoável supor que a indústria do hidrogênio
de baixa emissão de carbono por meio da rota da eletrólise irá se desenvolver sem
vultosos investimentos em nova capacidade instalada de produção de energia elé-
trica renovável.
90
Em grande medida, esta ausência de carga advém da difusão em ritmo acelerado
dos sistemas de microgeração e de minigeração solar fotovoltaicos conectados di-
retamente nas redes de distribuição.
91
Este corte pode ser parcial ou total. No caso em que o corte é total, se está diante a
92
Mesmo nos casos em que se caracterizar indisponibilidade por razão externa, o
ressarcimento só será possível se esta indisponibilidade for superior a 78 horas.
93
Mesmo nos casos em que se caracterizar indisponibilidade por razão externa, o ressar-
cimento só será possível se esta indisponibilidade for superior a 30 horas e 30 minutos.
94
Esta seção é baseada em reflexões e proposições realizadas por Guilherme Suste-
ras, Alexandra Januário e Alexandre Bueno.
Agente 1 Agente 2
produção Sobras/Déficits de H2 Verde produção
H2 Verde com por período de certificação H2 Verde com
geração síncrona geração síncrona
aç de
So or p
fic er
br er
ão
p
rti 2 V
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ce H
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H 2 fica
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Ve ção
po br
rd
So
e
Mercado Agente N
secundário de H2 produção
Verde para certificação, H2 Verde com
com geração de valor geração síncrona
95
Este acesso deve ocorrer na granularidade temporal previamente definida.
Fronteira 2 Fronteira 2
Fronteira 1 Fronteira 1
1 100 -120 30
2 80 70 -50
3 -70 20 30
Agente N
produção 4 -100 50 50
H2 Verde com
geração 5 120 60 -80
síncrona
Fatores redutores
Fronteira 1 Fronteira 1: 0,9
Fronteira 2 Fronteira 2: 0,7
Sobra/ Com- Preço Custo Sincro- Sobra/ Com- Preço Custo Sincro- Sobra/ Com- Preço Custo Sincro-
Déficit pra/ de da tran- nicida- Déficit pra/ de da tran- nicida- Déficit pra/ de da tran- nicida-
Venda Venda sação de equi- Venda Venda sação de equi- Venda Venda sação de equi-
valente valente valente
Sobra/ Com- Preço Custo Sincro- Sobra/ Com- Preço Custo Sincro- Sobra/ Com- Preço Custo Sincro-
Déficit pra/ de da tran- nicida- Déficit pra/ de da tran- nicida- Déficit pra/ de da tran- nicida-
Venda Venda sação de equi- Venda Venda sação de equi- Venda Venda sação de equi-
valente valente valente
Referências 117
Guilherme Dantas
Com diversos projetos de hidrogênio de baixa Certificação de
HIDROGÊNIO
emissão desenvolvidos ao longo dos últimos
anos, o Grupo AES Brasil se notabiliza pelo seu Guilherme Dantas
pioneirismo na busca da construção de uma
indústria de hidrogênio de baixa emissão no
Brasil que seja eciente e competitiva. Para
isso, acreditamos ser fundamental a criação de
regras de certicação e um arcabouço comer-
cial adequadas às características do sistema
elétrico brasileiro.
Certificação de
Este livro é parte integrante do projeto de
P&DI Habilitadores técnicos e regulatórios para É crescente o entendimento do papel central do hidrogênio de baixa emissão
no processo de transição energética, especialmente pela sua aptidão para uso
HIDROGÊNIO
a viabilização de um mercado de hidrogênio
verde síncrono no Brasil voltado para encontrar em setores de difícil descarbonização. Todavia, a utilização em larga escala
mecanismos de viabilização da produção de de hidrogênio de baixa emissão requer critérios transparentes e ecientes de
hidrogênio de baixa emissão sem subsídios. certicação. O entendimento das variáveis comerciais, geopolíticas e tecnológi-
cas envolvidas nesta dinâmica é fundamental para o correto posicionamento do
HIDROGÊNIO
Ao trazer luz à inuência dos interesses econô- Brasil nesta indústria. Guilherme Dantas
micos e geopolíticos internacionais nas regras
de certicação, a leitura deste livro permite Com uma abordagem didática, este livro oferece uma análise detalhada e
multidimensional sobre a certicação de hidrogênio de baixa emissão, abran-
Aspectos É Sócio Fundador da Essenz Soluções e Pesqui-
Comerciais,
uma melhor compreensão das variáveis em sador Sênior do CEBRI. Consultor no setor de
jogo. Adicionalmente, o livro explicita a impor- gendo desde estudos de caso, discussões geopolíticas, plataformas digitais de
infraestrutura desde 2006 com ênfase nas
Geopolíticos e
tância de plataformas digitais baseadas na certicação e comercialização de hidrogênio até o estudo da realidade brasi-
tecnologia blockchain para a certicação e leira e a proposição de um modelo comercial que busca otimizar a produção de áreas de energia, de biomassa e de sanea-
criação de um mercado dinâmico de hidrogê-
nio de baixa emissão.
hidrogênio síncrono. Prepare-se para uma jornada intelectual que desvenda os
segredos e as oportunidades do hidrogênio como vetor de transformação ener- Tecnológicos mento. Doutor em Planejamento Energético
gética. pela COPPE/UFRJ. Possui Mestrado em Econo-
Nestas bases, esta obra endereça pontos de mia e Política da Energia e do Ambiente pela
extrema relevância para que avancemos na Como prossional e entusiasta do uso sustentável dos recursos energéticos, Universidade Técnica de Lisboa e Graduação
Certificação de
construção de um marco normativo que possibi- recomendo fortemente esta obra. É uma leitura esclarecedora, que traz à tona em Economia pela UFRJ. Especialista em Eco-
lite colocar o Brasil em posição de destaque na os desaos e oportunidades da certicação do hidrogênio de baixa emissão.
Seja você um prossional da área ou simplesmente um interessado no assunto, nomia da Regulação, com ênfase em modelos
indústria de hidrogênio de baixa emissão atra-
vés da exploração de nossos diferenciais com- este livro proporcionará insights valiosos e uma compreensão mais profunda de remuneração por incentivos, estrutura tari-
petitivos. dos desaos inerentes à certicação de hidrogênio de baixa emissão e sobre o fária, impactos dos recursos energéticos distri-
papel do Brasil nesta nova indústria. buídos, redes inteligentes e modelos de merca-
Júlia Rodrigues do. Além disso, realiza estudos técnicos-
Gerente de Inovação do Grupo AES Brasil Rafaela Guedes
Senior Fellow do Núcleo de Energia do econômicos de projetos de tecnologias reno-
Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) váveis no setor elétrico e de biorrenarias
produtoras de biocombustíveis avançados
e/ou produtos químicos. Mais recentemente,
vem desenvolvendo trabalhos de análises
técnicas e econômicas de projetos de hidrogê-
nio e de eólica offshore.
9 786598 272111