SERICULTURA EM PORTUGAL
SERICULTURA EM PORTUGAL
SERICULTURA EM PORTUGAL
A sericultura acompanhou a história do povo português até meados do século XX, quando começou a ruir e até desapareceu
dos circuitos comerciais, pondo fim a uma coexistência de oito séculos.
Os árabes introduziram a indústria da sericultura na Península Ibérica. Ainda hoje, em Portugal, existem vestígios da
linguagem vulgar da sericultura como a palavra alferga (do árabe al-hilqa, dedal), que é a medida do bicho-da-seda,
representada pela porção do junco comum, entre dois nós.
O primeiro documento, em Portugal, que menciona a criação do bicho-da-seda e a plantação de amoreiras data de 1233, é o
foral conferido pelo Arcebispo de Braga, D. Silvestre Godinho. De passagem por Chaves, entregou este documento aos
moradores do Couto Ervededo no qual ordenava que as folhas de amoreira não fossem vendidas para fora desta zona.
Em Portugal, Trás-os-Montes e Alto Douro foi sempre a principal área de produção de seda e de produtos de seda.
Em 1891 foi criada em Mirandela a primeira e única Estação de Sericultura nacional que foi encerrada em 1898. Esta
unidade tinha como objectivos formar produtores qualificados de bichos-da-seda, obter ovos saudáveis, melhorar os
métodos de produção de seda e a cultura das amoreiras e também obter dados estatísticos. Foi reaberta em 1930 com o
nome de Estação de Sericultura Meneses Pimentel.
Ao longo das décadas foram vários os autores que pensaram ser possível o ressurgimento da produção de bichos-da-seda
em Portugal. Em 1930, tínhamos legislação nacional para: (1) protecção da produção de amoreiras, (2) protecção do bicho-
da-seda, (3) associações e sindicatos de produção de seda, (4) protecção da indústria de fiação de seda, (5) estação de
desenvolvimento da produção de bichos-da-seda, estações de secagem e armazenamento de casulos, (6) comissão central
e comissões regionais de sericultura. Apesar destas tentativas a indústria nacional de produção de seda entrou em declínio e
foi quase extinta.
Em 1994, as áreas do Norte e Centro de Portugal acolheram a sétima conferência das rotas culturais do Conselho Europeu,
focada principalmente no papel da seda e dos têxteis como elementos estruturantes da economia regional. O encontro foi o
trampolim para o lançamento oficial da rota da seda portuguesa, centrada numa área historicamente fortemente relacionada
com a sericultura.
No sítio de Chacim, achados arqueológicos revelam partes de uma antiga fábrica de seda que mais uma vez mostraram a
importância desta indústria em Trás-os-Montes.
Em Portugal, a seda ainda é usada nos nossos dias, não só de forma tradicional, mas também como uma plataforma técnica
e científica muito flexível para produtos revolucionários principalmente no setor biomédico, como um biomaterial.