A dor escondida na nossa agressividade exagerada
A dor escondida na nossa agressividade exagerada
A dor escondida na nossa agressividade exagerada
Você entrou numa reunião, teus objetivos de verdade você fica ali, eu chamo
comendo pelas bordas, fingindo de morto e a vida vai ficando sem tempero, é
melhor ficar uma vez vermelho do que passar a vida inteira amarelo, sabe
assim?
Então a gente voltar para o corpo e estar no autoamor, estar no todo amor,
sentir vitalidade, sentir esperança requer encaminhar essa questão que eu
queria falar dando um foco especial para a fera, um foco especial pra essa
agressividade.
Sabe gente que, de qualquer bobeira, dentro de casa mesmo, não perde a
chance de dar um beliscão, não perde a chance de fazer uma cara assim, tipo
um bullying ou que às vezes alguns de nós numa interação na internet a gente
chama na chincha ou fala de uma maneira que o outro se sinta mal, uma
necessidade de expurgar, de agredir, de hostilizar, de fazer um bullying, até
mesmo de comprar briga.
A grande imensa maioria das pessoas acha que vai ficar rendendo isso, vai
ficar se vitimizando, “ai porque mamãe me deu um tapa”, “larga disso, vamos
em frente, ninguém morreu por causa disso, está todo mundo bem”, não é essa
a fala? Pois é. Essa é uma das falas que sobrevive até que a vida te pegue de
frente.
E você vai, você consegue casar, ter uns filhos, você consegue ter um
business, você consegue ter um emprego, você consegue ter um certo
conforto, mas parece que existe ali um elemento ali, fica a gotinha, fica
sangrando secretamente.
E sangrando secretamente não é bom, porque sangue chama tubarão, tubarão
é gente que engana, tubarão a gente que manobra, tubarão é gente que
percebe a tua vulnerabilidade e te leva pela mão para um lugar que você pode
ficar realmente muito vulnerável.
E aquilo que a gente nutre continua vivo, a gente precisa ir para esse lugar, na
resposta de fera, quando há uma agressividade muito grande, é preciso tomar
contato com circunstâncias de uma indignação que não foi endereçada.
Pode ser uma indignação por ter apanhado, pode ser uma indignação, às
vezes assim, até não por culpa de uma maldade perversa ou cruel, os pais
estavam muito bem de vida e a situação financeira declinou, perderam tudo e
alguém que foi criado com toda uma condição de repente passa uma
dificuldade financeira, tem uma sensação de rebaixamento social.
E ao afastar esses abraços você fica com mais raiva e fica com mais
hostilidade, acidez e violência. Então para eu aceitar que eu preciso desse
abraço, eu preciso parar de negar e justificar que eu preciso desse abraço e
que eu precisei e ele não esteve lá.
A vida é para a gente estar pleno, vida é para a gente amar de verdade, a nós,
ao outro, para a gente ter condição de ir e vir, para a gente ter saúde física, a
vida é uma só, a gente vai passando e fala “cara, isso aqui é passageiro, eu
vou passar aqui pondo em dúvida eu mesmo, porque eu trago uma ferida e
aprendi a esperar a validação dos outros do que a minha própria, nem sei me
validar, nem sei me autorizar”.
E aí quando essa lágrima é permitida, aquilo que era fera vira borda, vira saber
por limite, que é bom, bater na mesa e fazer os clipes darem uns pulinhos é
bom também, não é ruim não. Mas ficar num estado de fera, num estado de
ponta de faca, afasta a gente e não é o que a gente quer.
As pessoas falam “pense positivo, não renda muito isso, vá em frente, se você
quiser, tudo você pode”, como se isso significasse só acelerar, só que com um
carro atolado você acelera, você sabe o que acontece quando você acelera
com o carro atolado? Ele patina.
E aí você tem a sensação de afundar mais, como se você não fosse bom não.
“Vamos lá botar um calço”. Vamos lá tirar essa sabotagem. E aí a gente vai ter
que fazer o que tem que fazer, com compaixão, olhar, fazer essa reparação
com a nossa própria alma, com o nosso próprio coração, com coisas que a
gente passou que a gente pode olhar, a gente não é essa experiência. Essa
experiência não nos define.
Ameniza, não é brigando com o mundo que você vai soltar a indignação dessa
coisa aqui, essa raiva engolida, solta essa raiva, ela não pode te reger. O que
você quer é energia, o que você quer é consciência do seu valor, mas aí você
precisa aprender a ver seu valor.
Porque a gente tem horror de ficar no corpo, a gente aprendeu auto rejeição,
autocrítica, então a gente vai ter que gentilmente demitir esse crítico interno
perverso que nós desenvolvemos para tentar nos proteger da nossa família,
dos nossos criadores perigosos.