Representações Da Tradição Na Cultura

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

Representações da Tradição na Cultura


Nordestina: os vaqueiros da cidade de União-Piauí1

Sanny Ravanne da Cunha Rêgo2


Josiel Lima Nascimento3
Leila Lima de Sousa4
Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI.

RESUMO

O trabalho busca estudar a representatividade do vaqueiro, através da Procissão e do Coral


dos Vaqueiros da cidade de União, Piauí. O recorte temporal da análise vai desde a
regulamentação da profissão em 2013 até os setenta anos da Procissão no ano de 2014.
Constatou-se que instituições acabam por reafirmar a identidade cultural do vaqueiro, assim
como os meios de comunicação, que funcionam como determinantes de uma afirmação do
símbolo como representante da cultura nordestina, reafirmado, até hoje, pela mídia. Os
métodos para a realização desta pesquisa foram a história oral e documental e a principal
linha de pesquisa foi a proposta por Durval Muniz de Albuquerque Jr, sobre identidade e
representatividade.

PALAVRAS-CHAVE

Cultura Nordestina; Identidade cultural; Representatividade; União-Piauí; Vaqueiro.

1 INTRODUÇÃO

O vaqueiro está presente até os dias atuais em solenidades e festividades em União-


Piauí, sendo posto como figura representativa da cidade e do Nordeste; Por este motivo, fez-
se a escolha deste objeto de pesquisa. O Coral dos Vaqueiros, criado em 1987 pela
Associação dos Vaqueiros de União-Piauí (AVAUPI) e a Procissão dos Vaqueiros dos
Festejos de São Raimundo Nonato, iniciada em 1944 pelo Pároco Luís Brasileiro e o
representante da classe Teófilo José da Cruz, são duas formas simbólicas de preservação da
cultura do vaqueiro realizadas no Município.
O Coral, composto por vaqueiros e não-vaqueiros, participa de eventos
representando a cidade de União dentro e fora dela, e possui a capacidade de deslocar-se por

1
Trabalho apresentado no IJ 8 – Estudos Interdisciplinares em Comunicação do XVIII Congresso de Ciências
da Comunicação na Região Nordeste realizado de 07 a 09 de julho de 2016.
2
Graduanda da Universidade Estadual do Piauí. Teresina-PI. Endereço eletrônico: sanny_rav@hotmail.com
3
Graduando da Universidade Estadual do Piauí. Teresina-PI. Endereço eletrônico: josiel_lima@gmail.com
4
Orientadora do trabalho. Professora Assistente do curso de jornalismo da Universidade Federal do
Maranhão, campus Imperatriz. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Piauí. Email:
leilasousa.pi@gmail.com

1
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

diversas regiões carregando consigo o estereótipo do homem nordestino através de suas


canções e vestimentas, podendo ser considerado um símbolo cultural.
A Procissão, também composta por vaqueiros e não-vaqueiros, é um ato religioso
que busca manter vivos os traços da cultura mencionada. É um evento tradicional que
ocorre anualmente no dia 29 de agosto percorrendo as ruas de União, e diferente do Coral,
não é deslocado para outras regiões, no entanto é motivo de atração para turistas, romeiros,
curiosos e admiradores que vêm de vários locais do Brasil para participar e prestigiar o
acontecimento. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo geral propor uma
discussão acerca de como a imagem do vaqueiro unionense é construída, tendo como base o
Coral e a Procissão.
Os objetivos específicos são mostrar a simbologia criada em torno da figura do
vaqueiro no Piauí e informar sobre o contexto do vaqueiro presente ao longo dos anos na
formação da cidade de União. Desta forma, ocorre uma abrangência de como se dá a
preservação cultural e profissional da classe até os dias atuais, ao tempo em que é feita uma
análise, junto a relatos orais e matérias escritas e televisivas, sobre o papel dos meios de
comunicação e instituições na reafirmação da cultura do vaqueiro nordestino.
Para a realização do trabalho proposto, foi utilizado o método de história oral, que
inclui a técnica de entrevista semiestruturada. O recorte temporal da análise vai desde a
regulamentação da profissão de vaqueiro no ano de 2013 até os 70 anos da Procissão dos
Vaqueiros em 2014, visando entender como é feita a preservação dessa identidade cultural.
As duas solenidades aqui retratadas podem ser mais um desses meios de garantia
da preservação da cultura do vaqueiro.

2 METODOLOGIA

Para a realização desta utilizou-se como método, a história oral, a pesquisa


bibliográfica e documental e a técnica de entrevista semiestruturada. O recorte temporal do
estudo vai desde a regulamentação da profissão de vaqueiro em 2013 até os 70 anos da
Procissão dos Vaqueiros de União, em 2014. No jornalismo, o procedimento de história oral
permite captar informações do entrevistado por meio de uma entrevista-diálogo e das
neoconfissões.
A recolha de dados, através de entrevista, aconteceu ora de forma espontânea ora
de maneira planejada. Sempre com o cuidado por parte dos pesquisadores de, a partir dos
relatos, estudar os fatos, já que um relato não necessariamente remete ao ocorrido. A
utilização de coleta de dados será analisada conforme será projetada a partir de entrevistas

2
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

abertas com personagens conhecedores e interativos destas conquistas e enquete como


moradores de União.
A pesquisa trata a história, narrando os acontecimentos e focando na figura do
vaqueiro na construção de União e Piauí, com foco nas suas lutas, participações e
conquistas, além das atividades culturais e profissionais, analisando criticamente a questão
da identidade cultural envolta no símbolo vaqueiro.
Junto a isso, procurou-se analisar através da opinião do unionense, adquirida por
meio de entrevistas, como se dá esta representatividade cultural acerca da figura do
vaqueiro. O símbolo é tido como um traço da identidade piauiense ou ainda é tomado como
essência identitária?
A pesquisa assume um viés qualitativo, com caráter descritivo e interativo, uma
vez que os pesquisadores mantiveram contato direto com o local do objeto de pesquisa e
terá participação etnográfica. Num período de cinco a seis meses, os pesquisadores traçaram
contato direto com o ambiente do objeto de estudo.
Também houve uma pesquisa histórica nos pontos onde abrigam documentos e
registros sobre a história de União, cultura e profissão do vaqueiro, como por exemplo, no
Centro Cultural e bibliotecas da cidade e nas casas e acervos de cultura da capital do Piauí,
Teresina.
Como os acontecimentos abordados datam em tempos remotos, desde o
povoamento do Piauí, passando pelo povoamento de União, por volta de 1813, até agosto de
2014, foi providencial o tratamento analítico dos documentos e materiais disponíveis a
respeito do assunto. Para se responder à problematização proposta, a pesquisa de campo
teve papel indispensável na compreensão de determinados ocorridos atribuídos à história do
vaqueiro na cidade de União.

3 NORDESTINO: VÍTIMA DA SECA OU DA ESTEREOTIPAÇÃO?

A ideia de uma cultura nordestina surgiu no começo do século XX e o estereótipo


nordestino de vítima da seca e ao mesmo tempo bravo e resistente é formado historicamente
e perdura ao longo dos séculos desde o surgimento desse discurso, que se deu por volta de
meados de 1910. E foi ao longo dos anos 20, que o tipo regional nordestino vai sendo
elaborado a partir de discursos políticos e de movimento cultural regionalista.
(ALBUQUERQUE Jr, 2013)

3
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

Segundo Albuquerque Jr (2013, p. 28), cultura seria a tradição, o costume e a


memória. Com o advento da globalização, da mesma maneira que os meios de comunicação
que funcionam como elo entre o global e o local, a cultura se modifica por interferência de
outras culturas e, acaba por interferir também nas demais.

Cultura deveria, portanto, ser um termo empregado no plural, já que não


se constitui num complexo unificado coerente, mas sim, num conjunto de
“significados, atitudes e valores partilhados e as formas simbólicas
(apresentações, objetos artesanais) em que eles são expressos ou
encarnados”, que são construídos socialmente, variando, portanto, de
grupo para grupo e de uma época a outra. Mas, apesar de pequenas
divergências, essa visão de cultura já se generalizou entre os historiadores.
(BURITY, 2002, p. 15)

Fazendo um paralelo com a cultura nordestina, pode-se observar, baseado nos


estudos de Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2013), que alguns intelectuais faziam
acreditar que há um distanciamento entre a globalização e a cultura nordestina promovendo
a criação de uma identidade cultural da região, esta, por sua vez, fabricada e reafirmada
pelos meios de comunicação, através de séries, novelas, jornais e obras literárias.

3.1 Uma Imagem “Tipicamente” Nordestina

Na obra de Stuart Hall (2004), “A identidade cultural na pós-modernidade” é


possível identificar e distinguir três concepções de identidade do ser humano: o sujeito do
Iluminismo, que é o indivíduo centrado e dotado de capacidades de razão; o sujeito
sociológico, presente no mundo moderno e que não é independente, uma vez que se forma
pela relação que estabelece com os outros; e o sujeito pós-moderno, o qual não possui uma
identidade fixa, promovendo assim esse debate em torno da crise de identidade, ocasionada
pelo que ele chama de sociedade moderna, aquela com descontinuidades e sociedades da
modernidade tardia, com diferentes posições de sujeito carregadas pelo indivíduo, tendo em
vista que as concepções de identidade permeiam o ser humano desde o Iluminismo, onde o
foco encontra-se no homem racional e científico(HALL, 2004).
Para Castells (1999, p. 22), identidade "é a fonte de significado e experiência de
um povo, com base em atributos culturais relacionados que prevalecem sobre outras fontes"
(...). "A construção da identidade depende da matéria prima proveniente da cultura obtida,
processada e reorganizada de acordo com a sociedade".
A identidade estereotipada da Região Nordeste seria então caracterizada
especificamente pelo fenômeno climático da seca, que desencadeia outros fatores

4
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

identitários como a pobreza, o sertanejo, a exclusão social. O discurso da seca fabrica,


assim, representações para a cultura nordestina. O Nordeste seria uma construção histórica,
mas o tipo regional nordestino nem sempre existiu. (ALBUQUERQUE Jr, 2013).

O termo nordestino aparece para nomear os habitantes de uma área


inicialmente compreendida entre os estados de Alagoas e Ceará, sendo às
vezes aplicado para nomear também os habitantes do Piauí e Maranhão,
com menor frequência. (ALBUQUERQUE Jr, 2013, p. 137)

A imagem estereotipada de Nordeste atribuída aos nordestinos foi historicamente


construída pela literatura e pela mídia, associada a temas e valores sociais e naturais
normatizados como imutáveis. Dentro deste estereótipo, está inserida a figura do vaqueiro e
sua masculinidade, resistência, o conformismo quanto a sua classe social, forma como lida
com o gado e realiza seus trabalhos, lhe asseguram características específicas. Esta
afirmativa é comprovada por Burity (2002), quando diz que o termo identidade tem a ver
com os agentes históricos e sociais, e que cobra fundamental importância numa realidade
em que a forma como os atores se apresentam é arte constitutiva da realidade que constroem
e na qual atuam.
Como lembra Castells (2004), termos usados por escritores, jornalistas, políticos,
artistas de um modo em geral, ajudam na composição e legitimação desta identidade
regional e contribuem para a construção, que busca autenticidade e essência. Abordando a
região como pura, tornando-se um espaço prontamente delimitado e estruturado pela
tradição. Isso provavelmente ocorre com os termos tipicamente nordestinos.
Traços culturais característicos do Nordeste podem ser vistos em obras de arte e
músicas, por exemplo, retratando famílias com honra e moral, ao mesmo tempo em que
interage com outros componentes identitários regionais, como o clima semiárido, a seca, a
pobreza, o sol, os animais, a fome, o subdesenvolvimento e a precariedade, que unidos
sustentam a ideia da nordestinidade. (ALBUQUERQUE Jr, 2013).
Por outro lado e, ao mesmo tempo, próximo a essa discussão sobre identidade e
cultura estão os avanços tecnológicos, como os meios de comunicação, que proporcionam
uma interconexão do mundo. Com a globalização, as distâncias sofreram um encurtamento
e a troca de informação tornou-se mais instantânea, possibilitando aos indivíduos uma
interatividade maior, inclusive uma mesclagem de culturas. Resultando no que é
denominado hibridismo cultural (CANCLINI, 2011).
A fusão de culturas faz com que elas se modifiquem e assimilem novos traços, ao
mesmo tempo transformam outras, e isso é um hibridismo cultural (CANCLINI, 2011).

5
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

A cultura do vaqueiro seria utilizada então pela mídia com o propósito de


representar o piauiense e o nordestino, de um modo em geral. Vaqueiros modernos lidam
com o gado usando roupas jeans, boné e motos, mas em apresentações culturais, vestem
seus gibões, usam o chapéu de couro e montam em seus cavalos. Traços de sua cultura
arcaica, ou pelo menos visualmente primitiva, continuam sendo a base de espetáculo desses
eventos, mas é sabido que a profissão sofreu tal como propõe os autores acima,
ressignificações culturais pelo intercâmbio com novas culturas e aportes culturais,
decorrentes dos avanços tecnológicos ao longo dos tempos.

3.2 Piauí: Couro e Cultura

O vaqueiro piauiense, como sujeito histórico-cultural, e sua arte são peças


fundamentais na construção do símbolo o qual representa a região em que atua, trazendo
consigo a visão de contemplar a si próprio, ao mesmo tempo em que esse símbolo possa
colaborar para o pertencimento cultural da classe, diante de seus membros.
Uma destas artes trata-se da cultura do couro. O sertão nordestino possui uma
diversidade de utensílios domésticos e móveis produzidos a partir do couro bovino, ou seja,
a matéria-prima. Este domínio da pecuária é o que passa a ser conhecido como Civilização
do Couro, termo criado pelo historiador cearense Capistrano de Abreu (1930). A cultura do
couro/a representatividade que a pecuária teve para o Piauí é outra ideia que perdura,
fazendo do couro ainda lembrado como elemento cultural piauiense. Ao analisar este
complexo cultural, o autor enaltece o couro pela diversidade de usos.

De couro era a porta das cabanas; rude leito aplicado ao chão, e mais tarde
a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar
água, o mocó ou alforge para levar comida, a mala para guardar a roupa, a
mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagens, as bainhas
de facas, as brocas e os surrões, a roupa de montar no mato, os bangüês
para cortumes ou para apanhar sal... (ABREU, 1930, p.71)

Com a Civilização do Couro, surgiu um novo modo de vida no sertão piauiense.


Do couro, se fazia quase tudo que havia necessidade, desde roupas, até móveis. Também se
faziam as vestimentas típicas do vaqueiro (ABREU, 1930). Junto a isso, pode-se citar como
produtos decorrentes dessa civilização o gibão, chapéu, perneiras, luvas e guarda-pés, sela
da montaria, guarda-peito, chicote e joelheira, exemplos de utensílios e roupas usadas pelos
vaqueiros, não só como forma de caracterização para reconhecimento cultural, mas também
usados para proteção no contato com as caatingas e espinhos cortantes.

6
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

Atualmente, muito desta Civilização do Couro vem se transformando. Em regiões


mais afastadas do meio urbano da cidade de União, onde ainda se pratica a pecuária
extensiva, ou seja, o gado criado solto o ano todo, ainda é possível encontrar, nas casas,
objetos feitos a partir do couro. Dentro da cidade, também existem estes utensílios, só que,
desta vez, usados, em sua maioria, artesanalmente como material decorativo.
Com base nas entrevistas de unionenses com algum vínculo à cultura do couro,
quando feitas observações a respeito disso, adquiriu-se a mesma explicação de todos os
indagados para tal fato. Um dos motivos para que esta cultura venha se perdendo é em
decorrência do êxodo rural que ocasionou o afastamento dos vaqueiros do campo e, este por
sua vez, vem substituindo o homem por máquinas, fato ocasionado, principalmente, pelos
avanços tecnológicos na agricultura e pecuária. Hoje, quando há um serviço a ser realizado
em grandes fazendas, o número de funcionários são reduzidos pelo fato de os animais serem
dóceis e domesticados, facilitando o manejo, diferente das criações em sistemas rurais e
arcaicos de lida com o gado.
Fazendo uma relação com as festividades de União que incluem o vaqueiro, os
entrevistados admitiram que as peças rústicas antes utilizadas no trabalho com os bichos
estão sendo substituídas por outras semelhantes visualmente, porém mais leves, com um
trato mais alinhado e adequadas para serem usadas em festas. Ou seja, a cultura do couro
veio se modificando, deixando de ser necessidade e passando a ser artesanato e parecido a
isso, as próprias roupas do vaqueiro também ganharam novas utilidades e modificações,
remetendo a algo mais de simbologia cultural nas festas e publicidades e não mais de
apetrecho para exercer o ofício.

3.3 Os Meios de Comunicação e as Instituições na Invenção da Cultura e Identidade

A literatura possui forte tendência de tentativa de construção da identidade cultural


nordestina e os escritores, assim como os leitores, buscam isso como uma forma de
reafirmar a sua identidade local e pertencimento, além de quererem se reconhecer dentro da
história (ALBUQUERQUE JR, 2013). Assim, passou a ser mais constante a utilização da
descrição do ambiente nas obras ficcionais brasileiras escritas. Em Os Sertões, de Euclides
da Cunha (1973), o autor revela um Brasil autêntico e é uma obra essencialmente nacional.
No ano de 2002, a obra original escrita em 1902, completou 100 anos desde sua publicação
e, mesmo depois de tanto tempo, o seu discurso identitário continua atual no que diz
respeito à cultura e suas simbologias no contexto da nordestinidade sertaneja, como se o

7
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

sertão fosse um lugar à parte do resto do país, caracterizado basicamente por sua demografia
e clima seco. Unificando fenômenos naturais aos sociais.
A obra descreve o sertão como um vale fértil, sem dono. Depois que a época de
colheita se acaba, voltam os dias torturantes assombrados pela seca. A paisagem nordestina
de Os Sertões é a própria descrição do sofrimento e da calamidade, mas ao mesmo tempo,
da força e da fé de quem vive nela. Para o autor da obra, o sertão trata-se de um lugar onde
o estrangeirismo foi barrado e permaneceu autêntico, fiel.
Relacionando à ideia de Nordeste sob a visão de Albuquerque Jr (2013), a região
citada, bem como o Piauí, foram inventados através de um estereótipo regional criado a
partir de um local, baseado pelos elementos predominantes como fanatismo religioso e a
inabalável fé, além da figura do vaqueiro. Tais mecanismos fortificam e funcionam como
determinantes de uma afirmação dos símbolos que representam a cultura local, e reafirmam
até hoje esta memória coletiva.
O Nordeste é então inventado como espaço regional. Inicialmente o termo
aparece sempre vinculado aos dois temas que mobilizam as elites desta
área do país, naquele momento, e em que fizeram emergir a ideia de
Nordeste: a seca e a crise da lavoura. (ALBUQUERQUE JR, 2013, p. 139)

Em seu livro A invenção do Nordeste e outras artes, Albuquerque Jr (2006) aborda


o fato de novelas, documentários, reportagens jornalísticas e, principalmente programas de
humor, trazerem imagens da região Nordeste sendo um lugar distante do resto do País, os
personagens são engraçados e falam errado. Vestem-se com roupas emendadas, atiram com
peixeiras e usam maquiagens exageradas no rosto. O autor aborda que a identidade cultural
de Nordeste teria sido construída como um fruto de um discurso praticado por uma elite
para unificar os costumes de sujeitos heterogêneos. Servem para perpetuar imagens e
estereótipos, ou seja, mitos. Neste mesmo discurso, tem-se na seca a causa de todos os
problemas e da miséria e não um maior investimento financeiro e político. Há, assim, um
jogo de interesses políticos e econômicos não visíveis que sustentam essa fala.
Por exemplo, o Piauí é representado ainda hoje, como o Estado do Nordeste
marcado pela seca e pobreza, principalmente nos meios de comunicação. Percebe-se que os
sulistas5, termo utilizado para designar quem é natural da parte sul do Brasil, com deboche
representam e associam o Piauí e/ou piauienses, na maioria das situações, ao retrato

5O termo sulista é de Durval Muniz de Albuquerque Júnior. Em oposição a nortista, quer dizer quem é natural
de regiões do norte do Brasil. A diferença entre nortistas e sulistas teve origem no processo de
desenvolvimento de cada uma destas regiões.

8
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

decadente da seca. Utilizando deste discurso de identidade homogêneo e cômico para


ridicularizar e oprimir o Estado e seus habitantes. “Sendo o calor inadequado para o
desenvolvimento de uma civilização e os mestiços e negros uma sub-raça incapaz de
realizá-la”. (VASCONCELOS, 2006, p.04)
Indiretamente, esta indústria da seca, reforça o discurso do sertanejo sofredor do
semiárido piauiense, que seria retratado pelos meios de comunicação, basicamente sob a
figura do trabalhador rural e do vaqueiro. E a imagem adquirida deste vaqueiro é
comumente colocada como centro de festividades na cidade de União. Seus feitos do
passado chegam até o presente, sofrem processos culturais e são incorporados, apropriados
e, pode-se dizer ressignificados na contemporaneidade.

4 VAQUEIRO DE UNIÃO: FÉ, CULTURA E PROFISSÃO

O município de União, localizado há 56 km da capital do Piauí, Teresina, traz


algumas solenidades que utilizam a figura do vaqueiro como protagonista. São elas, o Coral
e Procissão dos Vaqueiros. O vaqueiro, por sua vez, analisado sob a ótica da cultura, é um
símbolo reforçado, ainda hoje, por instituições, tais como a Associação dos Vaqueiros de
União-Piauí (AVAUPI) e a Igreja Católica, além dos meios de comunicação, em
decorrência de sua história e tradição e, denota a manifestação e manutenção, assim como a
invenção ou reinvenção de práticas religiosas e culturais sertanejas.
Além disso, é provável também que União possua mais importância na história de
construção do Estado do Piauí do que os raros documentos existentes relatam. Um
emaranhado de dados contraditórios dificultam pesquisas a respeito do assunto. No entanto,
através de análise minuciosa, utilizando uma visão jornalística, sem pretensões de
mencionar em detalhes cada ano e, sim, os marcos históricos, é possível identificar vestígios
de acontecimentos significativos e que envolvem o vaqueiro como peça fundamental na
formação da cidade, bem como do Estado. Desta forma, fez-se necessário a organização
destas informações acessíveis por meio de documentos, escrituras e relatos orais, com a
finalidade de se construir uma base biográfica unionense que auxiliou no estudo de
compreensão acerca da simbologia do vaqueiro de União.
Fez-se necessário explanar o local onde se deu lutas relevantes que contribuíram
para o enriquecimento cultural e profissional da categoria, pois na cidade de União foi onde
se iniciaram processos que resultaram em importantes conquistas não só para o contexto
unionense, mas também o brasileiro. A Associação dos Vaqueiros de União-Piauí (1984),
criação do Coral (1987), 70 anos da Procissão em 2014, Dia Municipal, Estadual e Nacional

9
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

do Vaqueiro são as mais relevantes apropriações advindas do homem do campo do local,


por meio de representantes políticos da classe mencionada e, num estudo detalhado,
procurou-se relacioná-las à história da cidade, desde o seu início quando ainda era Distrito
de Campo Maior, conhecida como Fazenda Estanhado, pois a categoria esteve presente nos
momentos mais importantes da narrativa de construção e consolidação do município.

Se tornou uma tradição tão importante e significante para a cidade que


virou obrigatoriedade que no dia 29 de agosto não poderia deixar de ter a
Procissão dos Vaqueiros porque é um marco da cultura de União, é um
marco dos Festejos de São Raimundo
Nonato. (CRUZ, 2015)

Para início de construção da presente pesquisa, buscou-se conhecer e compreender


o contexto histórico da cidade para então elencar os fatos e relacioná-los ao trabalhador das
fazendas, que de um modo em geral, teve papel importante nessa cronologia.

5 A REPRESENTATIVIDADE DO VAQUEIRO UNIONENSE

As manifestações populares já não são de interesse apenas de seus protagonistas,


mas também de grupos organizados. União possui, atualmente, duas fortes instituições
responsáveis pela preservação da cultura vaqueira, são elas a Igreja Católica Nossa Senhora
dos Remédios e a Associação dos Vaqueiros de União-Piauí (AVAUPI).
Baseando-se em entrevistas, acredita-se que a igreja católica utilizou da
religiosidade para aproximar os vaqueiros unionenses à sua Instituição, através de São
Raimundo Nonato, vestindo o santo com indumentárias características da classe como
chapéu de couro e gibão. Em vida, São Raimundo Nonato, era um homem dedicado aos
mais pobres e campestres, no entanto não exercia a atividade de um vaqueiro, mesmo assim
é aclamado como patrono e símbolo pelos mesmos.
A Igreja, juntamente com a AVAUPI realiza, desde 1944, a Procissão que traz
como integrantes pessoas vestidas como vaqueiros, reafirmando mais ainda a imagem do
vaqueiro como símbolo cultural na cidade. Em detrimento disso, a maioria dos participantes
são adeptos à religião católica, como uma forma de enaltecer a figura do santo padroeiro.
A AVAUPI, como outra forma de fortalecer e preservar a simbologia do vaqueiro e
seus direitos trabalhistas, também criou um coral composto por um grupo de pessoas
caracterizadas com vestimentas de couro e regidas por um maestro, entoando músicas
típicas nordestinas, além de aboios e dos hinos cíveis representativos do município, do
estado do Piauí e do País, com a finalidade de angariar fundos para a manutenção da
Associação.

10
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

5.1 A Procissão e o Coral dos Vaqueiros: Representatividade Cultural

A Procissão e o Coral são as mais fortes atividades culturais exercidas na cidade de


União, cujo foco está mantido na figura do vaqueiro. Dessa forma, procurar-se-á identificar
seus contextos históricos, estabelecendo, após, uma análise de como se dá a
representatividade da cultura no Estado do Piauí.
Em 2014, a Procissão completou 70 anos de existência. Criada por uma iniciativa
do vigário da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, Pe. Luís de Castro Brasileiro: é
tida, atualmente, como preservação cultural e artística dos vaqueiros. 15 vaqueiros,
incluindo o padre, seguiram pelas ruas da cidade montados em seus cavalos acompanhando
a imagem de São Raimundo Nonato. São eles: Teófilo José da Cruz, Francisco Reduzino,
João Flor, Fernando Viriato, Riquinha, Luis de Sousa, Manoel Conrado, Antônio Camilo,
José Serafim, Raimundo Sampaio, Antônio Ribeiro, Onofre Rodrigo, João Barbosa, Pucuta,
Aurélio Coutinho e Pe. Luis Brasileiro.
Cruz (2015), que participa do ato desde 1856, quando tinha cinco anos de idade,
explica que a primeira Procissão saiu da Praça Getúlio Vargas, de frente da casa do
“Sampainha” e seguiu até a igreja.

Algumas vezes, contornamos a Igreja Matriz e outras vezes, não. Em


alguns períodos, era feito o contorno da Igreja porque havia um tumulto
muito grande na porta da Igreja, e o padre não queria se envolver e
deixava que as barracas ficassem no local. Arrodear a Igreja servia como
um aviso e um tempo dado aos proprietários das barracas para que estes
desmontassem e saíssem (CRUZ, 2015).

Após o trajeto, os vaqueiros concentram-se em frente à Igreja Matriz para a


organização dos cavalos e recebimento das bênçãos iniciais feitas pelo padre para, em
seguida, ser celebrada a Missa dentro do templo. Durante a Missa, vaqueiros entoam aboios
em glorificação à São Raimundo Nonato, depois partem rumo à vaquejada.

Alguns membros da AVAUPI acreditam que a categoria não será extinta.

O vaqueiro sempre vai estar presente na memória de todos os brasileiros


devido aos eventos realizados por eles, sempre atuantes Ao menos uma
vez no ano, é chamada nos meios de comunicação que os vaqueiros estão
se manifestando, por isso que esta profissão não acaba. (CRUZ, 2015)

11
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

Em contrapartida, Sousa (2015), critica o vaqueiro de União, ao dizer que, quando


participa de uma festividade, por exemplo, na Procissão, ele não vai mais vestido a caráter.
Ainda relacionado a isso, De Lima (2015), que também participa da Procissão, não
concorda com o fato de a Associação considerar vaqueiro “todo mundo que usa chapéu e
monta o cavalo; vaqueiro era o que fazia roça e cuidava dos bichos”.
Independente das discussões, anualmente, a cavalgada acontece e após a realização
da mesma, os vaqueiros deslocam-se até o Parque João Noé, hoje localizado no fim do
perímetro urbano, sentido que dá acesso à cidade de Miguel Alves, na PI-112 em União,
onde acontece a vaquejada. Esta prática teve início no ano 1986. Elas acontecem sempre no
dia 29 de agosto, Dia do Vaqueiro, data em que também é realizada a Procissão dos
Vaqueiros.
Já o Coral dos Vaqueiros de União, criado em 13 de maio 1987, trata-se de uma
atividade da Associação dos Vaqueiros. Em entrevista cedida para a realização deste
trabalho, Cruz (2015) ratifica que o engenheiro aposentado José Benício, um dos
coordenadores do Coral chegou do Rio de Janeiro, passando férias, e disse que tinha um
coral mirim no estado. Foi de onde surgiu a ideia de fazer um grupo somente com vaqueiros
(homens), que cantam o aboio sertanejo e as tradicionais músicas nordestinas,
acompanhados pelo som da sanfona.
O Coral utiliza-se de métodos que fortificam mais ainda sua relação com a
nordestinidade. As melodias executadas durante as apresentações possuem características
simbólicas da dita cultura nordestina, pois são desde os aboios até clássicos de Luís
Gonzaga, artista conhecido por exaltar em suas letras e músicas a satisfação e o orgulho de
ser nordestino, apesar do recorte regional vigente caracterizado pela seca periódica.
O vaqueiro, podendo ser considerado uma figura simbólica cultural, faz parte
destas duas manifestações realizadas em União. Durante a Procissão, seguem montados em
cavalos e percorrem as ruas da cidade exaltando São Raimundo Nonato. No Coral, um
grupo de vaqueiros, composto somente por homens, regidos por um maestro, fazem
apresentações em diversas regiões. O objeto desta pesquisa está presente nos processos
comunicacionais e é lembrado e relembrado pelos mesmos, promovendo reflexões acerca
do significado cultural do vaqueiro no mundo contemporâneo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões abordadas nesse trabalho acontecem num espaço de discussões repleto


de opiniões distintas. O vaqueiro utilizado pelos meios de comunicação, literatura,

12
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

instituições sociais e políticas é um símbolo cultural reafirmado como representativo do


Nordeste, Piauí e do ambiente estudado, a cidade de União.
A profissão deste sertanejo também encontra-se envolto de debates contraditórios
quanto à sua existência e/ou manutenção nos dias atuais. O certo é que, falar de identidade
nordestina acerca da figura do vaqueiro é um campo vasto de possibilidades opinativas e de
estudo. A mídia por sua vez, carrega consigo a necessidade de manter esse reforço midiático
sobre o vaqueiro e o sertanejo, numa tentativa de aproximar o espectador/leitor desse
ambiente-simulacro, através da comoção em torno da rotulação existente de nordestino
sofredor, necessitado sempre de atenção, mas sempre resistente e cabra-macho. Algo
repassado e já interiorizado.
Trazendo para o contexto da cidade de União, a Procissão e o Coral dos vaqueiros
podem ser mais um desses meios de garantia da preservação da cultura do vaqueiro.
Instituições, meios de comunicação e políticos usam a fé e o apego que muitos tem pela
profissão e por suas práticas culturais como uma forma de, muitas vezes, se beneficiarem.
Essa figura é ainda hoje trabalhada em União com interesses, principalmente, reforçados
por políticos e instituições, onde os traços do vaqueiro acabam sendo usados para a
construção de uma cultura.
Baseando-se nas entrevistas realizadas com unionenses, vaqueiros e não-vaqueiros,
constatou-se que o morador de União não possui proximidade, tanto física como ideológica,
com os objetivos nem com as apresentações do Coral. Talvez isso aconteça pela falta de
conhecimento dos gastos que acarretam o grupo musical, que participam esporadicamente,
na maioria das vezes, de eventos financiados por políticos ou grandes empresas, diferente
da cavalgada, ocasião religiosa, tradicional e cultural capaz de englobar um maior número
de participantes, sejam eles quais forem.
O Coral, apesar de ser nomeado como “dos vaqueiros”, não é uma atividade
voltada para a classe. Seu público é mais elitizado e politizado. Como os próprios membros
da AVAUPI afirmam, foi criado no intuito de arrecadar recursos financeiros e apoio para a
Associação manter-se funcionando e, de alguma forma, contribuir com os profissionais.
Acabou adquirindo grande espaço na mídia como atividade cultural do vaqueiro unionense
e sendo pauta frequente decorrente de suas apresentações. Muito mais que a Procissão, que
apesar de sua tradição é tida como mais representativa, no entanto, menos midiatizada, o
que pode ser explicada pelo fato de ter menos envolvimento direto com a classe política.

13
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

REFERÊNCIAS

ABREU. Capistrano de. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Ed. da Sociedade Capistrano
de Abreu. Rio de Janeiro: Briguiet, 1930.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Nordestino: invenção do “falo” – uma história do
gênero masculino (1920-1940). 2. ed. São Paulo: Intermeios, 2013. (Coleção Entregêneros)

______. A feira dos mitos: a fabricação do folclore e da cultura popular (nordeste – 19201950). São
Paulo: Intermeios, 2013.
______.A invenção do Nordeste e outras artes. 2. ed. Recife: FJN, São Paulo: Cortez, 2006.

BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí.


Colaboração (acréscimos e atualizações) de Adrião Neto. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor
Chaves –PMT, 1994. 600 p.

BURITY, Joanildo A. Cultura e identidade: perspectivas interdisciplinares. Rio de Janeiro:


DP&A, 2002.

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São
Paulo: UNESP, 2011.

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. 3. vol. São Paulo: Paz
e terra, 1999.
______. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

CUNHA, Euclides da.Os Sertões. São Paulo: Cultrix-MEC, 1973.

CRUZ, Francisco Ferreira da. Entrevista concedida aos pesquisadores Josiel Lima Nascimento e
Sanny Ravanne da Cunha Rêgo no dia 10 de janeiro de 2015, às 18h24. O local da entrevista foi
a residência de Francisco Ferreira da Cruz, na rua Benedito Rêgo, centro do município de União-
Piauí.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 9. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa – características, usos e possibilidades. São Paulo, Caderno
de pesquisas em administração, v. 1, n.3, 2º semestre 1996.

POLETTO, Júlia. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.


Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 2, p. 199-203, maio/ago. 2014.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Variações sobre a técnica de gravador no registro da
informação viva. São Paulo: T. A Queiroz Editor, 1991.

SODRÉ, Muniz. Técnica de reportagem. Notas sobre a Narrativa Jornalística. São Paulo: Summus
Editorial, 1986.

SOUZA, Ana Lucia G. de. Vaqueiro: sinônimo de tradição, trabalho e cultura. Wordpress: 2011.
Disponível em:<https://sbecbr.files.wordpress.com/2011/06/vaqueiros-ana-lucia-gde-souza.pdf>.
Acesso em: 02 jan. 2015.

14
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Caruaru - PE – 07 a 09/07/2016

VASCONCELOS, Cláudia Pereira. A construção da imagem do nordestino/sertanejo na constituição


da identidade nacional. In: II ENECULT: Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura,
2006, Salvador. Anais eletrônicos... Bahia: Faculdade de Comunicação/UFBa, 2006.

15

Você também pode gostar