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8 DE DEZEMBRO

IMACULADA
CONCEIÇÃO
Deus se encarnou em nossa história
I. Introdução geral
A festa da Imaculada Conceição
situa-se dentro do tempo do Advento.
Com ela celebramos, ao mesmo tempo, a
"bendita entre as mulheres" e o "bendito fruto
do seu seio", o "menino que vai nas- cer e
que será chamado Filho de Deus"
Imaculada Conceição 801
(evangelho). Como a carta aos Efésios,
nós também podemos hoje dizer: "Ben- dito seja o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo: ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no
céu, em Cristo" (II leitura). Com Maria, que se proclama serva do Senhor,
as comunidades que ce- lebram sua fé vão aprendendo a superar o
espírito de autossuficiência que gera a morte em nossa sociedade (I
leitura).
II. Comentário
dos textos bíblicos
1. I leitura (Gn 3,9-15.20): É possível vencer a "serpente"
Os versículos que compõem a pri- meira leitura deste dia
pertencem a uma reflexão sapiencial sobre a origem do mal
na vida das pessoas e na sociedade. As es- tórias da
árvore, do paraíso e da serpente foram criadas no tempo
em que Salomão reinava em Israel. São estórias carrega-
das de crítica contra a absolutização do poder, ter e saber.
A absolutização gera a morte das pessoas. De fato,
Salomão criou a corveia, isto é, obrigou seu povo a
trabalhos forçados, fazendo com que o país se tornasse um
novo Egito para o povo sem terra e sem pão.
A opressão tem suas raízes na serpen- te. Ela simboliza a
autossuficiência, isto é, o desejo que as pessoas alimentam de
ocupar o lugar de Deus. Essa é a suprema idolatria.
Quando pessoas se absolutizam, as relações
acabam se deteriorando. O ser humano precisa se
esconder de Deus (v. 8). E, justamente porque se
esconde, Deus o procura (v. 9) e lhe faz ver que está
nu (v. 10). A nudez é a forma que
a estória encontrou para mostrar que,
quando dá livre curso à sede de autossu- ficiência, o ser humano
acaba desprote- gido, pois pode devorar seu semelhante ou ser
devorado por ele. As relações com Deus, portanto, são de medo e
fuga, pois ele se tornou um inimigo.
As relações entre as pessoas também acabam se deteriorando,
e era justamente o que acontecia no tempo de Salomão. O
homem não assume a responsabilidade dos seus atos e acusa
a mulher (v. 12). A mulher, já responsabilizada pelo homem,
põe a culpa na serpente (v. 13), que é o "espírito" da
autossuficiência que gera o mal e a morte na sociedade.
O fato de o homem dar nome à mu- lher tem um aspecto
positivo. A raiz he- braica do nome "Eva" está associada à
vida. Mas revela, sobretudo, a sociedade desigual daquele
tempo e de hoje tam- bém, pois "dar nome a alguém"
significa, para o povo da Bíblia, ter domínio sobre essa
pessoa. O homem, portanto, passou a dominar a mulher,
transtornando as relações entre seres feitos à imagem e
se- melhança de Deus.
Deus, fonte do bem e não do mal, amaldiçoa a serpente, o
"espírito" da au- tossuficiência que gera o mal e a morte na
sociedade. O compromisso dele é com a vida: "Por ter feito
isso, você é maldita entre todos os animais domésticos e
en- tre todas as feras. Você se arrastará sobre o ventre e
comerá pó por todos os dias de sua vida" (v. 14). Na
maldição da ser- pente está embutida também a garantia
de que a descendência da mulher vencerá um dia, a duras
perdas, o poder da au- tossuficiência: "Eu porei inimizade
entre você e a mulher, entre a descendência de você e os
descendentes dela. Estes vão lhe esmagar a cabeça, e
você ferirá o calca- nhar deles" (v. 15).

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