MÓDULO III (PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA -PCR-)

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SAMU e Vida no Trânsito

PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA
(PCR)
MÓDULO III
SUMÁRIO
PRIMEIROS SOCORROS DA VÍTIMA EM PCR................................................................................... 2
COMPRESSÕES CARDÍACAS EXTERNAS E VENTILAÇÃO COM A VÍTIMA EM PCR ....................... 3
 NO ADULTO: ......................................................................................................................... 3
 NA CRIANÇA ........................................................................................................................ 4
USO DO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA) .............................................................. 7
 PASSOS PARA A UTILIZAÇÃO DO DEA: ............................................................................... 8
 POSICIONAMENTO DAS PÁS NO USO DO DEA: ................................................................. 9
 SITUAÇÕES ATÍPICAS RELACIONADAS AO USO DO DEA: ............................................... 10
 QUANDO SUSPENDER A RCP: ............................................................................................ 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 14
@samuetransito 2

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)


PRIMEIROS SOCORROS DA VÍTIMA EM PCR
A parada respiratória nada mais é que o cessar das atividades normais do pulmão
e coração. Estima-se que cerca de 200.000 (duzentas mil) PCRs aconteçam no Brasil
todos os anos, sendo cerca de metade no ambiente hospitalar e o restante em
residências particulares ou em locais públicos como shopping centers, aeroportos,
estádios etc. A maioria das pessoas afetadas são adultas, entretanto, crianças
também são acometidas, a maioria em unidades hospitalares, mas com certeza há
casos externos. A dimensão exata é difícil de ser verificada, devido ao grande
número de ocorrências do tipo (GONZALES et al,2013).

A PCR exige uma resposta rápida, como já frisado em módulos anteriores. Essa
resposta consiste na realização da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP). O
protocolo de atendimento à vítima de PCR é formado por uma sequência lógica
de eventos que, se aplicados de forma correta, aumentam e muito as chances de
reverter a situação. Este protocolo é chamado de Cadeia Básica de Sobrevivência
e consiste na rápida identificação da PCR, contato imediato do serviço de
emergência, execução de RCP com alta qualidade e desfibrilação precoce, antes
mesmo da chegada do serviço especializado.

Para identificar se a vítima está em PCR, verifique, ao mesmo tempo: o pulso


carotídeo, colocando as pontas dos dedos indicador e médio no pescoço da
vítima, logo ao lado da garganta; a respiração, aproximando seu ouvido do nariz
da vítima para que possa ouvir a respiração enquanto olha para o tórax observando
se há movimento respiratório. Se a vítima não respira ou está em gasping (respiração
ineficiente), e tem ausência de pulso, a RCP deve ser iniciada imediatamente.

Uma observação visual torna a compreensão mais fácil. assim sendo, veja neste vídeo do
canal do youtube ehbocollege.nl como é a respiração em gasping:
@samuetransito 3

Vídeo 3. Gasping.

COMPRESSÕES CARDÍACAS EXTERNAS E VENTILAÇÃO COM A VÍTIMA EM PCR


A RCP é a execução intercalada de compressões cardíacas e ventilações. A forma
de executar as compressões, assim com a quantidade de compressões e
ventilações são diferentes para o adulto e para crianças. Vamos observar com mais
detalhes como executar uma RCP de qualidade em cada um desses grupos.

 NO ADULTO:
 Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um
do outro, para que tenha melhor estabilidade;
 Afaste ou corte a roupa da vítima (se uma tesoura estiver disponível), para deixar
o tórax desnudo;
 Coloque a região hipotenar de uma mão sobre a metade inferior do esterno da
vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a;
@samuetransito 4

IMAGEM 1. Região hipotenar da mão e metade inferior do osso esterno.

Fonte: Própria do autor.

 Estenda os braços e os mantenha eretos, formando um ângulo de 90º (noventa


graus) em relação ao corpo da vítima;
 Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/minuto, intercalando 30
(trinta) compressões e 2 (duas) ventilações;
 Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm (evitando compressões com
profundidade maior que 6 cm);
 Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, evitando apoiar-se
no tórax da vítima;
 Minimize interrupções das compressões, pause no máximo 10 segundos para
realização de duas ventilações;
 Caso haja outro socorrista no local um deve realizar as compressões enquanto o
outro realiza as ventilações. Reveze com ele a cada 2 minutos, para evitar o
cansaço e compressões de má qualidade.

 NA CRIANÇA:

os passos iniciais são os mesmos que os empregados na RCP para adultos. As


diferenças são:
@samuetransito 5

 EM BEBÊS (MENORES DE 1 ANO, EXCETO RECÉM NASCIDOS):


o Não é preciso checar o pulso (se a criança está inconsciente e não respira a RCP
deve ser realizada);
o Compressões realizadas com o dedo indicador e o médio. Comprimir logo abaixo
da linha dos mamilos;
o Profundidade da compressão deve ser de cerca de 4cm.

 CRIANÇAS ACIMA DE 1 ANO ATÉ O INÍCIO DA PUBERDADE:


o Compressões realizadas com uma mão ou as duas, a depender do porte da
criança;
o Profundidade de cerca de 5cm.

Existe uma diferença também na relação quantidade de compressões X


ventilações, que é de 15X2, ao invés de 30X2 recomendadas para adultos.
Entretanto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia indica que a variação seja
seguida apenas pelos profissionais da área de saúde, mantendo a recomendação
de 30x2 para socorristas leigos.

 ATENÇÃO: estudos indicam que compressões cardíacas contínuas realizadas por


leigos, ou seja, sem ventilação, aumentam a sobrevida de uma vítima de PCR
consideravelmente, sendo um padrão de recomendação para adultos ou
crianças. porém, se você souber fazer a ventilação e se sentir confiante, realize-
a para que a RCP tenha a melhor qualidade possível. em crianças, as ventilações
são sempre indicadas (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019).

Já sabemos a frequência com que devemos fazer as ventilações, vamos ver agora
como fazê-las. Funciona de forma simples: é feita a abertura das vias aéreas por
meio da manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo, então é só
realizar a respiração.
@samuetransito 6

IMAGEM 2. Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.

Um detalhe de extrema importância é que as ventilações devem demorar 1 (um)


segundo cada, sendo que o intervalo entre parar as compressões, realizar as
ventilações e voltar às compressões deve ser menor que 10 (dez) segundos, com
rápido retorno às compressões cardíacas, afim de manter o fluxo sanguíneo e
irrigação dos tecidos do corpo da vítima.

Como já citamos, é necessário sempre se proteger contra possíveis infecções, e na


ventilação não é diferente. A manobra comumente utilizada é a respiração boca-
a-boca, o que não gera muita preocupação quando realizada com uma pessoa
conhecida. Todavia, na maioria das vezes, não se conhece a procedência da
vítima, levando o socorrista a hesitar em realizar tal manobra.

Pensando nisso, atualmente já existem ferramentas que tornam a ventilação muito


mais segura, tanto para o socorrista quanto para a vítima, tendo em vista que casos
de infecções podem ocorrer em qualquer um dos sentidos: da vítima para o
socorrista e vice-versa. A máscara de bolso (pocket mask) é indicada para essas
situações, então, recomenda-se que você adquira a sua o quão cedo possível.
@samuetransito 7

IMAGEM 3. Uso da máscara de bolso (pocket mask).

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.

Existe a possibilidade que você se depare com uma parada respiratória, que ocorre
quando não há atividade pulmonar, porém o coração continua funcionando
normalmente. Se for esse o caso, realize uma ventilação a cada 5 ou 6 segundos
(fácil lembrar, afinal são os mesmos números que indicam a profundidade das
compressões cardíacas). Lembre-se de também verificar os sinais vitais a cada 2
minutos pois a parada respiratória pode evoluir para uma PCR, necessitando início
imediato da RCP.

 ATENÇÃO: Quando houver suspeita de trauma cervical (a coluna vertebral na


região do pescoço) as ventilações não deverão ser realizadas. a presença de 2
socorristas é de extrema importância em casos de PCR com suspeita de trauma
dessa natureza, sendo necessária que a região seja imobilizada, segurando
firmemente a cabeça da vítima para que a região não seja movimentada e
agrave uma possível lesão.

USO DO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)


O DEA é um aparelho que irá, automaticamente, avaliar o ritmo cardíaco e a
necessidade do choque, calculando também a corrente necessária. Ele falará com
você, literalmente, indicando o que você deve fazer, quais botões apertar e o
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momento em que você deve pausar a RCP para que o choque seja aplicado de
forma segura.

Considerando que a RCP deve ser realizada ininterruptamente, você não irá parar
as compressões durante a instalação das pás na vítima, exceto se tiver sozinho, pois
você mesmo precisará fazê-lo.

 PASSOS PARA A UTILIZAÇÃO DO DEA:


1. Ligue o aparelho no botão on-off;
2. Selecione as pás a serem utilizadas. Haverá pás para uso adulto e pás para uso
pediátrico (infantil). Retire os adesivos e posicione na vítima como indicam os
desenhos que estão nas próprias pás;
3. Encaixe o conector (o fio das pás) no aparelho;
4. Quando ele disser "analisando ritmo cardíaco, não toque o paciente" afaste-se e
garanta que todos ao redor façam o mesmo;
5. Se houver necessidade de aplicar o choque, ele dirá "choque recomendado,
afaste-se do paciente". Faça isso e garanta que todos façam o mesmo;
6. O aparelho indicará o botão para aplicar o choque;
7. Reinicie a RCP imediatamente após o choque. O aparelho irá avaliar a cada dois
minutos a necessidade de um novo choque. Se ele não indicar choque e a vítima
continuar inconsciente, retome imediatamente a RCP;
8. Caso a vítima acorde, não remova as pás e nem desligue o aparelho. Isso deverá
ser feito pela equipe de APH quando eles assumirem a situação;
9. Caso a vítima retome a consciência, com pulso e respiração normais e sem
suspeita de trauma, coloque-o em posição lateralizada (de recuperação) e fique
com ele até a chegada da equipe de APH.
@samuetransito 9

IMAGEM 4. Posição lateralizada (de recuperação).

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.

 POSICIONAMENTO DAS PÁS NO USO DO DEA:


 Posicionamento anterolateral: uma pá entre o mamilo direito e a clavícula e outra
abaixo do mamilo esquerdo.

IMAGEM 5. Posicionamento anterolateral das pás do DEA.

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.

 Posicionamento anteroposterior: uma pá entre a parte externa do lado esquerdo


e o mamilo e outra no lado esquerdo das costas, logo abaixo da escápula.
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IMAGEM 6. Posicionamento anteroposterior das pás do DEA.

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.

 SITUAÇÕES ATÍPICAS RELACIONADAS AO USO DO DEA:


 Se houver excesso de pelos na vítima o indicado é que sejam removidos nos locais
onde serão colocadas as pás;
 Caso o tórax da vítima esteja molhado, seque-o. Se a vítima estiver em uma poça
d'água que não envolva o socorrista, não há problema, mas se envolver, remova-
a para um local seco o quanto antes;
 Se a vítima possuir marcapasso ou Cardioversor Desfibrilador Implantável – CDI -
(ambos são dispositivos introduzidos cirurgicamente que regulam os batimentos
cardíacos) no local indicado para colocação da pá é sugerido usar a colocação
anteroposterior;
 Remover adesivos de medicamentos que eventualmente podem estar no local
da colocação das pás. Seque se notar que é necessário.
 Se o DEA só tiver pás adultas e a vítima for um bebê ou criança de até 25kg
coloque uma pá sobre o osso externo (entre os peitorais) outra nas costas entre
as escápulas (é o meio das costas, quase na altura dos ombros). Utilize o
atenuador de carga, se houver.
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 Se acontecer o oposto e houver apenas pás infantis durante o atendimento de


uma vítima adulta não as utilize. O choque em adultos com pás infantis é
insuficiente.

 QUANDO SUSPENDER A RCP:


 Movimentação espontânea da vítima;
 Quando indicado pelo DEA ou para colocá-lo na vítima;
 Quando instalada a via aérea avançada pelo serviço de atendimento
especializado;
 No caso de exaustão do socorrista se estiver sozinho.

Para auxiliar no processo de aprendizagem e fixação do conhecimento, seguem os


vídeos 4 e 5, do Instituto Brasileiro de Atendimento Pré-Hospitalar, que estão
disponíveis no canal do instituto no youtube, e são apresentados pelo Dr. Leonardo
Clement. Os vídeos trazem demonstrações práticas de como Fazer a RCP e utilizar
o DEA em adultos e como realizar a RCP em bebês, respectivamente. Após os vídeos
você verá um fluxograma que demonstra de forma simples e objetiva os passos a
serem seguidos ao se deparar com uma vítima de acidente ou mal súbito.
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Vídeo 4. RCP no adulto + uso do DEA (simulação de atendimento).

fonte: https://www.youtube.com/watch?v=_0TUKBp4sWc

Vídeo 5. aula prática de RCP em lactentes, protocolo AHA.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kiMpB_Rz0fs
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Fluxograma do suporte básico de vida para aplicação por socorristas leigos (não
profissionais de saúde).

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação


Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019.
@samuetransito 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN HEART ASSOCIATION et al. Destaques da American Heart Association
2015. Atualização das diretrizes de RCP e ACE. Versão em português. AHA [Internet],
2015.

BERNOCHE, Claudia et al. Atualização da diretriz de ressuscitação cardiopulmonar


e cuidados cardiovasculares de emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia-2019. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.


Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro (RJ). Fundação Oswaldo Cruz; 2003.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Protocolos de


Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília:
Ministério da Saúde, 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR. RCP NO ADULTO + USO DO


DEA (SIMULAÇÃO DE ATENDIMENTO). Youtube. 22 ago. 2018. Disponível em <
https://www.youtube.com/watch?v=_0TUKBp4sWc&ab_channel=InstitutoBrasileirod
eAPH-IBRAPH>. Acesso em 16 ago. 2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR. AULA PRÁTICA DE RCP EM


LACTENTES, PROTOCOLO AHA. Youtube. 7 set. 2018. Disponível em <
https://www.youtube.com/watch?v=kiMpB_Rz0fs&ab_channel=InstitutoBrasileirode
APH-IBRAPH>. Acesso em 16 ago. 2020.

GONZALEZ, Maria Margarita et al. I guideline for cardiopulmonary resuscitation and


emergency cardiovascular care-Brazilian Society of Cardiology: executive
summary. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 100, n. 2, p. 105-113, 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de


Cardiologia. Rio de Janeiro: Pocket Book, 2016.
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ORGANIZAÇÃO

PROPONENTES

ERIVELTON LIMA SANTOS

JAQUELINE RENATA DA SILVA BRITO

PAULO CILAS DE CARVALHO SOUSA

AUTOR

ERIVELTON LIMA SANTOS

REVISÃO E DIAGRAMAÇÃO

ERIVELTON LIMA SANTOS

JOÃO BATISTA DE CARVALHO SILVA

ORIENTAÇÃO

FRANCISCO GILBERTO FERNANDES PEREIRA


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