P2 M5 - Luigi
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▷ Carvão
É um mineral não renovável, rocha sedimentar, combustível, de origem orgânica. É formado principalmente
por hidrocarbonetos, e possui compostos de enxofre, nitrogênio e oxigênio; quanto maior o teor de carbono,
maior a pureza e o poder energético. Por sua vez, o teor de carbono é proporcional a sua idade.
A maior parte da reserva de carvão do BR está entre RS (89%) e SC (10%), principalmente no tipo de
hulha.
De acordo com a porcentagem de carbono podem ser classificados em tipos:
• Turfa
• Linhito
• Hulha
• Antracito
▻ Impactos do Carvão
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O carvão mineral é muito poluente, pois apresenta substâncias de sulfetos (como a pirita) que reagem
quimicamente com o ar ou a água (por causa da presença de oxigênio), e forma substancias como o ácido
sulfúrico e sulfato ferroso que vão para o subsolo e para o lençol freático, contaminando solos, rios e lagos;
A queima de carvão também libera substâncias que provocam poluição atmosférica, como fuligem, chuvas
ácidas, e ainda contribuem para o efeito estufa;
Em pesquisa realizada no estado de Santa Catarina é diagnosticado que o modelo extrativo adotado
concentra seus esforços no rendimento econômico, sem considerar os custos sociais e ambientais inerentes,
fazendo com que estes atinjam proporções alarmantes
Através de decreto no 85.206/1980, a região carbonífera foi considerada a 14a área crítica nacional para
efeito de controle de poluição e qualidade ambiental -> os municípios com situação mais grave são:
Siderópolis, Treviso, Lauro Müller, Urussanga, Forquilhinha e Criciúma.
▿Impactos Ambientais
A mineração gera tanto uma poluição visual (alteração da paisagem) como também contaminação do solo,
água e do ar.
• Processo de extração -- > escavação do solo, erosão, contaminação efluentes
• Beneficiamento --- > uso da água para retirada de impurezas como argila e pirita.
• Uso final -- > combustão, gerando gases poluentes.
Metais pesados oriundos das atividades de lavra e beneficiamento do carvão que promovem efeito da
bioacumulação:
1. Arsênio (As)
2. Bário (Ba),
3. Cádmio Cd),
4. Chumbo (Pb),
5. Cobre (Cu),
6. Ferro (Fe),
7. Manganês (Mn),
8. Mercúrio (Hg),
9. Níquel (Ni),
10. Prata (Ag),
11. Selênio (Se)
12. Zinco (Zn).
▿Impactos no Solo
Após a extração do carvão, utiliza-se a técnica de beneficiamento para reduzir as matérias inorgânicas e
impurezas existentes no carvão, de modo a melhorar a sua qualidade. Porém, como ocorre lavagem do mineral,
a água utilizada para remoção das impurezas, reage com a pirita, formando ácido sulfúrico.
Assim, um dos principais impactos da mineração do carvão é a drenagem ácida da mina. A queda do pH
do solo afeta o crescimento vegetal devido à presença de metais pesados (Fe, Al, Mn), que acaba reduzindo
a população de bactérias fixadoras de N, reduzindo a fertilidade do solo.
Além disso, ocorre o processo de lixiviação com a água da chuva, promovendo a contaminação de corpos
hídricos subterrâneos.
Isso pode levar à erosão do solo.
▿Poluição Hídrica
Parte significativa decorrente da drenagem ácida das minas, devido o processo de formação de ácido
sulfúrico ou nítrico nas minas, causando danos à vegetação e à vida aquática, pois muitas vezes é despejado
em rios.
Além disso, os processos de mineração utilizam enormes quantidades de água, comprometendo sua
disponibilidade.
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▿Poluição Atmosférica
Os principais poluentes emitidos pela mineração e queima do carvão mineral se dividem em: material
particulado (MP); metano (CH4) ; dióxido de enxofre (SO2) ; óxidos de nitrogênio (NOX) ; monóxido de
carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2) (IPCC, 2006).
Todos eles prejudiciais, em maior ou menor grau, ao meio ambiente, poluindo a atmosfera e
consequentemente à saúde humana, afetando, por exemplo, o sistema respiratório -> na medida em q aumenta
a [ ] de gases na atmosfera, são causados impactos duplamente prejudiciais: favorecimento do aquecimento
global e danos à saúde humana.
A população que vive próxima às termoelétricas sofre com tosse crônica, doenças de pele, lacrimejamento
e prurido nasal e ocular.
A queima de carvão mineral emite enormes quantidades de CO2, um dos gases do efeito estufa.
Há o "Projeto para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense" que é um grande plano
de recuperação em desenvolvimento em SC coordenado pelo Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão
do Estado de Santa Catarina - SIECESC.
▻ Saúde do Trabalhador
É um setor de produção com alta incidência de acidentes de trabalho, com frequentes caimentos de teto,
incêndios, explosões, gases e poeiras.
Trabalhadores se aposentam após 15 anos de trabalhos nas minas;
O principal problema é a Pneumoconiose de trabalhadores de carvão (PTC). As pneumoconioses são
doenças causadas pela inalação de material particulado acima da capacidade de depuração do sistema
imunológico -> dados de 2005: há mais de 3000 casos de pneumoconiose registrados na região de Santa
Catarina.
De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, existem mais de 2 mil casos de pneumoconiose
diagnosticados entre mineradores de carvão.
Nas pneumoconioses, a baixa captação de Oxigênio pode gerar eritrose secundária, um distúrbio
caracterizado pelo aumento da produção de eritropoetina que estimula a eritropoiese para compensar a queda
da concentração de Oxigênio circulante no sangue.
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Apresentam também doenças como resfriado, bronquite e asma (devido à umid, diferença de temp e ao sist
vent), problemas ortoarticulares (coluna e articulações, relacionados ao carregamento de peso e esforço físico)
e dermatite (infecção de pele causada por arranhões, cortes, queimaduras ou fricção da pele pelo uso de botas).
Saturnismo: é a intoxicação que ocorre em atividades ocupacionais com elevada exposição ao chumbo (Pb),
metal que pode se acumular por meses ou anos até que seja lentamente eliminado pelo organismo.
Sinais e sintomas: Dores abdominais severas; Sensação de gosto metálico; Constipação; Dor ou dormência
ou formigamento (parestesias) de mãos e pés; Dores nas articulações e músculos; Dor de cabeça; Irritabilidade
e agressividade; Declínio cognitivo (memória, atenção e aprendizagem); Hipertensão arterial; Infertilidade em
homens; Parto prematuro; Linha de depósito de chumbo na gengiva (azul).
Epidemiologia: Comum em trabalhadores da indústria primária e de materiais de construção e pescadores,
além de pessoas que vivem em áreas consideradas de risco, como arredores de zonas industriais e de
mineração.
▻ Eritrograma
Série vermelha. Apresenta contagem geral dos eritrócitos e concentração de
Hb, além de apresentar:
• Hematócrito (HTC). Porcentagem do sangue que equivale às
hemácias.
• Volume Corpuscular Médio (VCM). Volume médio das hemácias
• Hemoglobina Corpuscular Média (HCM). Massa média de Hb nas
hemácias
• Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM). Média da concentração
interna de Hb nas hemácias.
• Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW). Variação do
volume das hemácias.
▻ Leucograma
Série branca. Apresenta a contagem geral de leucócitos e a contagem diferencial.
•
Leucopenia: nº leucócitos ≤ 4.000/mm3
• Leucocitose: nº leucócitos > 10.000/mm3
• Neutropenia: nº neutrófilos < 2.000/mm3
• Linfopenia: nº linfócitos < 1.500/mm3
• Linfocitose: nº linfócitos > 3.500/mm3
▻ Plaquetas
Análise de quantidade e tamanho.
• Volume Plaquetário Médio (VPM).
• Plaquetócrito (PCT).
• Amplitude de Distribuição das Plaquetas (PDW).
• Percentual de Plaquetas Grandes (PLC-R). Plaquetas com volume > 12 fL.
O Harrison traz como sendo fatores que afetam os valores de referência: população estudada, duração e meios
de transporte do espécime coletado, métodos e instrumentos usados pelo laboratório e até o tipo de frasco
utilizado para coleta
▻ Altitude
Scaro e col. (1984), na Argentina, em trabalho sobre a regulação de eritropoiese em escolares residentes
em diversas altitudes, encontraram os resultados médios a seguir: à altitude de 4000 m, o hematócrito de
52,5% e hemoglobina de 15,2g/100ml; na altitude de 3.000m: o hematócrito de 48,5% e hemoglobina de
14,3g/100ml; a 2.750m: o hematócrito de 44,5% e hemoglobina de 12,6g/100ml; e a 2.000m de altitude:
hematócrito de 43,1% e hemoglobina de 11,3g/100ml.
▻ Condições Socioeconômicas
Em 1970, Jamra e Araújo realizaram estudo comparativo dos parâmetros hematimétricos no Brasil,
abrangendo as várias regiões geográficas do país. Nesse mesmo estudo fazem um comparativo do Brasil com
outros países. Os autores verificaram que tanto no Brasil como nos outros países, sendo boas as condições
sócio-econômicas, ocorrem valores hematológicos considerados satisfatórios, enquanto nas populações com
condições socioeconômicas precárias surgia o estado de anemia.
População preta e anemia falciforme: acredita-se que a doença tenha surgido por mutação genética no
continente africano e levada para os outros continentes durante o período de escravidão. Por isso, ainda
levando-se em conta o processo de miscigenação das populações, essa forma de anemia ainda prevalece na
população afrodescendente.
Resultado:
Muitos dos poluentes têm uma relação negativa com a hemoglobina e a contagem de hemácias, e positiva
com a contagem de leucócitos e plaquetas (ou seja, o excesso de poluentes diminui a contagem de
hemoglobina e hemácias, e aumenta a contagem de plaquetas e leucócitos).
A elevação de leucócitos está associada à elevação da taxa de poluição, ozônio e de partículas em suspensão.
Mesmo quadro para a diminuição de hemoglobina.
Conclusão:
É destacada uma associação entre poluição do ar e os parâmetros hematológicos, além de um possível estado
pró-inflamatório que traz consequências a longo prazo.
É citado um estudo experimental que mostra a relação entre a poluição do ar e a formação de placas de
ateroma (aterogênese), ainda que não se conheça o mecanismo de ação (pode ser pelo estado pró-inflamatório,
que afeta o metabolismo) → conexão entre a poluição do ar e a incidência de doenças cardiovasculares.
Também, outro estudo associando parâmetros hematológicos ao estado pró-inflamatório, e fatores de risco
cardiometabólicos → um aumento de células brancas e vermelhas e plaquetas pode desencadear manifestação
desses fatores
A exposição a esses fatores também leva em consideração a suscetibilidade do indivíduo: idosos, pessoas
com fatores de risco cardiovascular prévios e crianças.
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▷ Metais Pesados e Danos ao DNA em Cel. do Sangue pelo Carvão
Estudo realizado com análise de células sanguíneas de morcegos insetívoros em áreas de mineração de
carvão da bacia carbonífera catarinense.
Discussão:
A presença desses contaminantes nos morcegos pode ser por contato direto ou indireto, em função da cadeia
alimentar, habitat físico, disponibilidade e qualidade da água, entre outros.
Os morcegos insetívoros tendem a beber mais água, além de ingerir os insetos que habitam a região das
minas, somando uma dupla via de contaminação importante para metais pesados. Além disso, são indicadores
que permeiam entre os níveis tróficos e se relacionam com espécies de nichos diferentes, mostrando uma
associação entre os contaminantes e os distúrbios ambientais que podem causar
Metais como chumbo, ferro, cobre, manganês, cádmio, níquel e alumínio são mais perigosos porque ou são
muito penetrantes e com alta capacidade de acumulação, ou consegue causar efeitos de toxicidade em baixas
concentrações
Conclusão:
Existe a indicação de que níveis hepáticos de alumínio, silício, manganês, ferro e níquel em uma espécie de
morcego da região próxima às minas de carvão contribuem para a frequência de alteração de DNA nessas
espécies.
Os resultados alertam para essa contaminação das espécies e indicam que esses morcegos insetívoros podem
ser um bioindicador para a detecção de biomagnificação de metais pesados causados direta ou indiretamente
pela atividade carvoeira nos ecossistemas aquáticos e terrestres da região.
Os morcegos insetívoros da região carbonífera podem ser um bom indicador acerca do potencial ecológico
a que as populações humanas dos arredores estão expostas, principalmente quanto à acumulação de elementos
não essenciais e possivelmente tóxicos em seus tecidos. Isso apesar de que não necessariamente humanos se
alimentam ou bebem água diretamente das regiões contaminadas, apesar de conviverem no ecossistema.
Carvão é o combustível que mais polui, desde sua extração à combustão, tendo efeitos socioambientais
significativos sobre o solo, ar, cursos d’água e a biota associada a esses ecossistemas. A extração causa danos
com mudanças atmosféricas pela emissão de gases e partículas que ficam em suspensão, além de que sua
exposição a altas temperaturas formam cinzas e fumaça que contém diversas substâncias de potencial
genotóxico, como compostos orgânicos e metais pesados.