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LUIGI CENCI 1

▷ Carvão
É um mineral não renovável, rocha sedimentar, combustível, de origem orgânica. É formado principalmente
por hidrocarbonetos, e possui compostos de enxofre, nitrogênio e oxigênio; quanto maior o teor de carbono,
maior a pureza e o poder energético. Por sua vez, o teor de carbono é proporcional a sua idade.
A maior parte da reserva de carvão do BR está entre RS (89%) e SC (10%), principalmente no tipo de
hulha.
De acordo com a porcentagem de carbono podem ser classificados em tipos:
• Turfa
• Linhito
• Hulha
• Antracito

A hulha é o mais abundante e o mais importante


comercialmente, pois ao sofrer destilação seca, dá origem a três frações: (1) fração gasosa, usada como gás
de iluminação ou combustível; (2) fração líquida, que possui águas amoniacais utilizadas na produção de
fertilizantes e o alcatrão de hulha, principal fonte de hidrocarbonetos aromáticos; (3) fração sólida, dá origem
ao carvão coque, usado como redutor em metalurgia, na prod. de ferro e aço.
O alcatrão de hulha também pode passar por destilação e dar origem a cinco frações que são usadas na
produção de tintas, medicamentos, plásticos e pavimentações asfálticas (piche).

▻ Região Carbonífera Catarinense


Aproximadamente 100 km de comprimento e 20 km de largura;
Está contida nas bacias do rio Tubarão, do rio Urussanga e do rio Araranguá;
Essa região desenvolveu condições estruturais favoráveis à instalação de um importante centro de produção
de carvão → consolidação de alicerces de novos setores empresariais → auxílio no importante aumento
demográfico da Região Sul Catarinense → encadeamento socioeconômico de repercussão nacional e
internacional;
Setores de grande importância na economia: Ferrovia Teresa Cristina e Portos de Imbituba e Laguna;
Em todo o seu processo, o carvão catarinense, pelo seu envolvimento nacional, teve repercussão na
sociedade, nos mais diferentes aspectos, como econômico, social, ambiental e na distribuição de renda,
solidificando a região com suas características peculiares;
O carvão representa 4% da economia regional em Santa Catarina;
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda: consome, no mínimo, 200 mil toneladas
mensais;
A movimentação financeira de carvão em Santa Catarina é de 800 milhões/ano;
Os empregos gerados no sul de SC entre as minas de carvão, termelétricas e indiretos são, em média, de
100.000 pessoas;

▻ História do Carvão na Região Carbonífera


A descoberta do carvão catarinense nas regiões próximas de Lauro Muller aconteceu, em 1822, por um
grupo de tropeiros acampado nas proximidades de Lauro Müller que ajuntaram algumas pedras para servirem
de apoio às panelas. Após atearem fogo a lenha, observaram espantados que as pedras também estavam
queimando.
No período da Revolução Farroupilha (1835-1845), com a formação da república Juliana, a assunto da
exploração veio à tona, com influências dos pensamentos republicanos → mas ainda não ocorreu a exploração;
Primeira iniciativa para produção de carvão em Santa Catarina → Visconde de Barbacena → Segundo
Reinado – século XIX → trouxe para o Brasil o geólogo britânico James Johnson (1861) → influência positiva
para atrair a atenção de investidores britânicos → o Visconde obteve a concessão para exploração de carvão
nas cabeceiras do Rio Tubarão;
Em 1893, pela primeira vez, foi encontrado o carvão pedra em Criciúma, por Giácomo Sônego;
Início da comissão White (1904): analisava/pesquisava áreas possíveis de mineração, principalmente na
região de Criciúma;
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Ficou conhecida pelas divulgações nos jornais nacionais (divulgação da importância do carvão para energia)
e atraiu estrangeiros para virem para SC, em maior número os mineiros especializados, aumentando a
população da região, principalmente Criciúma a partir de 1914;

▿ Primeiro Surto do Carvão


Primeira Guerra Mundial (1914-1918) → quando a importação de carvão inglês (um grande fornecedor
mundial) esteve dificultada – política de substituição de importações.
Foi ampliado o raio de ação da exploração de carvão em SC→ além das minas de Lauro Muller, ampliou-
se para os distritos de Criciúma e Urussanga, pertencentes ao município de Araranguá → atraiu atenção de
grandes grupos econômicos nacionais (ligados à importação de carvão);
No período entre 1917 e 1922 foram organizadas as primeiras empresas de mineração de carvão mineral de
SC → quatro principais empresas: Companhia Nacional de Mineração do Carvão Barro Branco, Companhia
Brasileira Carbonífera de Araranguá, Companhia Carbonífera de Urussanga e Sociedade Carbonífera
Próspera;
Com o fim da guerra, a procura pelo carvão diminuiu, mas o consumo continuou em outros ramos
industriais.
A partir de então, o município passou a se expandir economicamente incorporando, também outras
atividades p/ atender a demanda populacional.
Nesse processo todas as outras atividades não envolvendo carvão foram sendo deixadas em segundo plano
→ “a indústria carbonífera que gerava progresso para a região”;
Começou uma radical mudança na paisagem:
1º momento: atingia locais de extração de carvão→ implantação de indústria e locais adequados para a
extração;
2º momento: locais que tinham grande influência da mineração → os portos, principalmente.
Região carbonífera foi definida a partir de localidade que eram ou não de interesse para as empresas e o
poder político, que as alcançavam e as regionalizavam ou as deixavam de fora da região, conforme o interesse.

▿ Segundo Surto do Carvão


Revolução de 1930. Governo de Vargas ocasionou uma série de medidas de valorização dos produtos
brasileiros e substituição de importações (leis protecionistas ao carvão → ainda obrigatoriedade da utilização
do carvão nacional foi estabelecida em 10% em 1931, aumentando a cota para 20% em 1940 → nesse cenário
o carvão de SC foi considerado estratégico para a industrialização brasileira, com a criação da Companhia
Siderúrgica Nacional (1941);
Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o número de empresas carboníferas em SC se
acentuou devido a entrega obrigatória de todo carvão ao governo = venda garantida, logo, abrindo mais minas;
Porém, após a 2a Guerra Mundial (1939-1945), que a utilização de petróleo veio à tona e houve o
reestabelecimento da importação de carvão dos tradicionais produtores mundiais - Inglaterra, levando a
indústria carbonífera brasileira em meio a uma nova crise;
1946 – Década de ouro para Criciúma, cidade recebe o título de “Capital Brasileira do Carvão”;
De um estágio tecnológico existente no início dos anos 50, com o seu desdobramento em três frações, para
a utilização na siderúrgica, na termeletricidade e tentativas em outros segmentos industriais, sofreu sucessivas
intervenções governamentais a partir de 1953, decorrentes de planos nacionais.
Após anos de protelações, em 1965 a Sociedade Termoelétrica de Capivari iniciou suas atividades de
geração de energia, caminho da solução do problema de estoque de carvão vapor de SC, que depois de passar
por grandes acréscimos na potência energética transformou-se na maior termoelétrica da América Latina.

▿ Terceiro Surto do Carvão


Com a crise do petróleo em 1973, as atenções foram voltadas novamente para o carvão nacional. Criando,
pelo Governo Federal, o Programa de Mobilização Energética - PME, visando conhecer mais detalhadamente
as reservas de carvão nacional e incentivar seu uso.
No início dos anos 90 o setor é FECHADO por decreto do Governo Federal, mergulhando toda a região sul
de SC em uma profunda crise.

▻ Impactos do Carvão
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O carvão mineral é muito poluente, pois apresenta substâncias de sulfetos (como a pirita) que reagem
quimicamente com o ar ou a água (por causa da presença de oxigênio), e forma substancias como o ácido
sulfúrico e sulfato ferroso que vão para o subsolo e para o lençol freático, contaminando solos, rios e lagos;
A queima de carvão também libera substâncias que provocam poluição atmosférica, como fuligem, chuvas
ácidas, e ainda contribuem para o efeito estufa;
Em pesquisa realizada no estado de Santa Catarina é diagnosticado que o modelo extrativo adotado
concentra seus esforços no rendimento econômico, sem considerar os custos sociais e ambientais inerentes,
fazendo com que estes atinjam proporções alarmantes
Através de decreto no 85.206/1980, a região carbonífera foi considerada a 14a área crítica nacional para
efeito de controle de poluição e qualidade ambiental -> os municípios com situação mais grave são:
Siderópolis, Treviso, Lauro Müller, Urussanga, Forquilhinha e Criciúma.

▿Impactos Ambientais
A mineração gera tanto uma poluição visual (alteração da paisagem) como também contaminação do solo,
água e do ar.
• Processo de extração -- > escavação do solo, erosão, contaminação efluentes
• Beneficiamento --- > uso da água para retirada de impurezas como argila e pirita.
• Uso final -- > combustão, gerando gases poluentes.

Metais pesados oriundos das atividades de lavra e beneficiamento do carvão que promovem efeito da
bioacumulação:

1. Arsênio (As)
2. Bário (Ba),
3. Cádmio Cd),
4. Chumbo (Pb),
5. Cobre (Cu),
6. Ferro (Fe),
7. Manganês (Mn),
8. Mercúrio (Hg),
9. Níquel (Ni),
10. Prata (Ag),
11. Selênio (Se)
12. Zinco (Zn).

Muitas dessas substâncias possuem efeitos de mutagenicidade e carcinogenicidade em humanos.

▿Impactos no Solo
Após a extração do carvão, utiliza-se a técnica de beneficiamento para reduzir as matérias inorgânicas e
impurezas existentes no carvão, de modo a melhorar a sua qualidade. Porém, como ocorre lavagem do mineral,
a água utilizada para remoção das impurezas, reage com a pirita, formando ácido sulfúrico.
Assim, um dos principais impactos da mineração do carvão é a drenagem ácida da mina. A queda do pH
do solo afeta o crescimento vegetal devido à presença de metais pesados (Fe, Al, Mn), que acaba reduzindo
a população de bactérias fixadoras de N, reduzindo a fertilidade do solo.
Além disso, ocorre o processo de lixiviação com a água da chuva, promovendo a contaminação de corpos
hídricos subterrâneos.
Isso pode levar à erosão do solo.

▿Poluição Hídrica
Parte significativa decorrente da drenagem ácida das minas, devido o processo de formação de ácido
sulfúrico ou nítrico nas minas, causando danos à vegetação e à vida aquática, pois muitas vezes é despejado
em rios.
Além disso, os processos de mineração utilizam enormes quantidades de água, comprometendo sua
disponibilidade.
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▿Poluição Atmosférica
Os principais poluentes emitidos pela mineração e queima do carvão mineral se dividem em: material
particulado (MP); metano (CH4) ; dióxido de enxofre (SO2) ; óxidos de nitrogênio (NOX) ; monóxido de
carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2) (IPCC, 2006).
Todos eles prejudiciais, em maior ou menor grau, ao meio ambiente, poluindo a atmosfera e
consequentemente à saúde humana, afetando, por exemplo, o sistema respiratório -> na medida em q aumenta
a [ ] de gases na atmosfera, são causados impactos duplamente prejudiciais: favorecimento do aquecimento
global e danos à saúde humana.
A população que vive próxima às termoelétricas sofre com tosse crônica, doenças de pele, lacrimejamento
e prurido nasal e ocular.
A queima de carvão mineral emite enormes quantidades de CO2, um dos gases do efeito estufa.
Há o "Projeto para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense" que é um grande plano
de recuperação em desenvolvimento em SC coordenado pelo Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão
do Estado de Santa Catarina - SIECESC.

▻ Saúde do Trabalhador
É um setor de produção com alta incidência de acidentes de trabalho, com frequentes caimentos de teto,
incêndios, explosões, gases e poeiras.
Trabalhadores se aposentam após 15 anos de trabalhos nas minas;
O principal problema é a Pneumoconiose de trabalhadores de carvão (PTC). As pneumoconioses são
doenças causadas pela inalação de material particulado acima da capacidade de depuração do sistema
imunológico -> dados de 2005: há mais de 3000 casos de pneumoconiose registrados na região de Santa
Catarina.
De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, existem mais de 2 mil casos de pneumoconiose
diagnosticados entre mineradores de carvão.

Pneumoconiose –Doença ocupacional do aparelho respiratório, consiste na acumulação de poeiras nos


pulmões e nas reações dos tecidos em presença delas. Aumenta a incidência de tumores malignos nos
brônquios.
• Antracose: Inalação da poeira do carvão. Em condições crônicas um sintoma é a fibrose pulmonar,
tosse persistente (especialmente se o paciente for fumante). Usar máscara protetora ou mudar-se de
local para que não inale mais poeira.
• Silicose: fibrose permanente do parênquima pulmonar, da pleura e dos linfonodos regionais, causada
pela sílica inalada. Mecanismo: quando inalado, o pó da sílica adentra os pulmões, essa que pode
conter radicais livres na sua superfície. Ao fazer contato com os macrófagos ou outras células, a
interação desses radicais com os lipídios da membrana causam necrose dos tecidos. Quando os
macrófagos alveolares conseguem fagocitar as partículas, eles também morrem e assim liberando
enzimas hidrolíticas e radicais livres do oxigênio que agridem o tecido pulmonar e estimulam os
fibroblastos a proliferar e produzir colágeno (cicatriz). Com a morte dos macrófagos, as partículas são
novamente liberadas e fagocitadas, repetindo-se o ciclo. Leva-se anos para que a fibrose seja um
problema. As regiões de cicatriz não permitem que ocorra a oxigenação normal no parênquima
pulmonar. Também há a perda de elasticidade e expansão dos pulmões, fazendo com que o indivíduo
necessite um maior esforço para respirar; o coração terá que trabalhar dobrado em consequência do
parênquima pulmonar lesado, podendo causar uma insuficiência cardíaca. Os pacientes expostos à
silicose tem 3x mais chances de desenvolver tuberculose. Não possui cura.
• Asbestose: Lesões semelhantes às da silicose, causadas por exposição profissional ao asbesto/amianto.
Mecanismo: As partículas aspiradas ficam retidas nos bronquíolos respiratórios, não podem ser
eliminadas por ação ciliar, nem fagocitadas ou transportadas por linfáticos. Formam granulomas de
corpo estranho e levam à fibrose pulmonar e pleural. Na pleura, formam placas espessas de fibrose nos
dois folhetos.

Nas pneumoconioses, a baixa captação de Oxigênio pode gerar eritrose secundária, um distúrbio
caracterizado pelo aumento da produção de eritropoetina que estimula a eritropoiese para compensar a queda
da concentração de Oxigênio circulante no sangue.
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Apresentam também doenças como resfriado, bronquite e asma (devido à umid, diferença de temp e ao sist
vent), problemas ortoarticulares (coluna e articulações, relacionados ao carregamento de peso e esforço físico)
e dermatite (infecção de pele causada por arranhões, cortes, queimaduras ou fricção da pele pelo uso de botas).

Saturnismo: é a intoxicação que ocorre em atividades ocupacionais com elevada exposição ao chumbo (Pb),
metal que pode se acumular por meses ou anos até que seja lentamente eliminado pelo organismo.
Sinais e sintomas: Dores abdominais severas; Sensação de gosto metálico; Constipação; Dor ou dormência
ou formigamento (parestesias) de mãos e pés; Dores nas articulações e músculos; Dor de cabeça; Irritabilidade
e agressividade; Declínio cognitivo (memória, atenção e aprendizagem); Hipertensão arterial; Infertilidade em
homens; Parto prematuro; Linha de depósito de chumbo na gengiva (azul).
Epidemiologia: Comum em trabalhadores da indústria primária e de materiais de construção e pescadores,
além de pessoas que vivem em áreas consideradas de risco, como arredores de zonas industriais e de
mineração.

▷ Parâmetros Hematológicos (Artigo 1987)


Importantes para a avaliação do estado de saúde e padrão de vida da população.

▻ Eritrograma
Série vermelha. Apresenta contagem geral dos eritrócitos e concentração de
Hb, além de apresentar:
• Hematócrito (HTC). Porcentagem do sangue que equivale às
hemácias.
• Volume Corpuscular Médio (VCM). Volume médio das hemácias
• Hemoglobina Corpuscular Média (HCM). Massa média de Hb nas
hemácias
• Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM). Média da concentração
interna de Hb nas hemácias.
• Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW). Variação do
volume das hemácias.

▻ Leucograma
Série branca. Apresenta a contagem geral de leucócitos e a contagem diferencial.

Leucopenia: nº leucócitos ≤ 4.000/mm3
• Leucocitose: nº leucócitos > 10.000/mm3
• Neutropenia: nº neutrófilos < 2.000/mm3
• Linfopenia: nº linfócitos < 1.500/mm3
• Linfocitose: nº linfócitos > 3.500/mm3

▻ Plaquetas
Análise de quantidade e tamanho.
• Volume Plaquetário Médio (VPM).
• Plaquetócrito (PCT).
• Amplitude de Distribuição das Plaquetas (PDW).
• Percentual de Plaquetas Grandes (PLC-R). Plaquetas com volume > 12 fL.

▷ Fatores Influenciadores dos Parâmetros Hematológicos


Não há unanimidade sobre os valores que são considerados normais → diferentes métodos e avaliação,
variação das amostras, diferenças fisiológicas e ambientais (idade, sexo, etnia, condiações socio-
econômicas, ...)
Influências relacionadas à industrialização → como a poluição e o estilo de vida moderno afeta a saúde da
população:
• Poluição do ar respirável e água potável;
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• Forma de cultivo hortigranjeiro, que pode ser afetado pelo uso de agrotóxicos e insumos químicos;
• Maior oferta de alimentos enlatados → corantes, conservantes e outros tóxicos;
• Uso de solventes a base de benzeno na indústria → afetam o sistema hematológico dos trabalhadores
→ benzenismo

O Harrison traz como sendo fatores que afetam os valores de referência: população estudada, duração e meios
de transporte do espécime coletado, métodos e instrumentos usados pelo laboratório e até o tipo de frasco
utilizado para coleta

▻ Altitude
Scaro e col. (1984), na Argentina, em trabalho sobre a regulação de eritropoiese em escolares residentes
em diversas altitudes, encontraram os resultados médios a seguir: à altitude de 4000 m, o hematócrito de
52,5% e hemoglobina de 15,2g/100ml; na altitude de 3.000m: o hematócrito de 48,5% e hemoglobina de
14,3g/100ml; a 2.750m: o hematócrito de 44,5% e hemoglobina de 12,6g/100ml; e a 2.000m de altitude:
hematócrito de 43,1% e hemoglobina de 11,3g/100ml.

▻ Condições Socioeconômicas
Em 1970, Jamra e Araújo realizaram estudo comparativo dos parâmetros hematimétricos no Brasil,
abrangendo as várias regiões geográficas do país. Nesse mesmo estudo fazem um comparativo do Brasil com
outros países. Os autores verificaram que tanto no Brasil como nos outros países, sendo boas as condições
sócio-econômicas, ocorrem valores hematológicos considerados satisfatórios, enquanto nas populações com
condições socioeconômicas precárias surgia o estado de anemia.

População preta e anemia falciforme: acredita-se que a doença tenha surgido por mutação genética no
continente africano e levada para os outros continentes durante o período de escravidão. Por isso, ainda
levando-se em conta o processo de miscigenação das populações, essa forma de anemia ainda prevalece na
população afrodescendente.

▷ Associação de Poluição do Ar e Parâmetros Hematológicos


Estudo realizado entre 2009-2010 com 134 crianças residentes na cidade mais poluída do Irã, em que a taxa
de poluição é cerca de duas vezes a considerada normal → indústria e tráfego

Resultado:
Muitos dos poluentes têm uma relação negativa com a hemoglobina e a contagem de hemácias, e positiva
com a contagem de leucócitos e plaquetas (ou seja, o excesso de poluentes diminui a contagem de
hemoglobina e hemácias, e aumenta a contagem de plaquetas e leucócitos).
A elevação de leucócitos está associada à elevação da taxa de poluição, ozônio e de partículas em suspensão.
Mesmo quadro para a diminuição de hemoglobina.

Conclusão:
É destacada uma associação entre poluição do ar e os parâmetros hematológicos, além de um possível estado
pró-inflamatório que traz consequências a longo prazo.

É citado um estudo experimental que mostra a relação entre a poluição do ar e a formação de placas de
ateroma (aterogênese), ainda que não se conheça o mecanismo de ação (pode ser pelo estado pró-inflamatório,
que afeta o metabolismo) → conexão entre a poluição do ar e a incidência de doenças cardiovasculares.
Também, outro estudo associando parâmetros hematológicos ao estado pró-inflamatório, e fatores de risco
cardiometabólicos → um aumento de células brancas e vermelhas e plaquetas pode desencadear manifestação
desses fatores

A exposição a esses fatores também leva em consideração a suscetibilidade do indivíduo: idosos, pessoas
com fatores de risco cardiovascular prévios e crianças.
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▷ Metais Pesados e Danos ao DNA em Cel. do Sangue pelo Carvão
Estudo realizado com análise de células sanguíneas de morcegos insetívoros em áreas de mineração de
carvão da bacia carbonífera catarinense.
Discussão:
A presença desses contaminantes nos morcegos pode ser por contato direto ou indireto, em função da cadeia
alimentar, habitat físico, disponibilidade e qualidade da água, entre outros.
Os morcegos insetívoros tendem a beber mais água, além de ingerir os insetos que habitam a região das
minas, somando uma dupla via de contaminação importante para metais pesados. Além disso, são indicadores
que permeiam entre os níveis tróficos e se relacionam com espécies de nichos diferentes, mostrando uma
associação entre os contaminantes e os distúrbios ambientais que podem causar
Metais como chumbo, ferro, cobre, manganês, cádmio, níquel e alumínio são mais perigosos porque ou são
muito penetrantes e com alta capacidade de acumulação, ou consegue causar efeitos de toxicidade em baixas
concentrações

Conclusão:
Existe a indicação de que níveis hepáticos de alumínio, silício, manganês, ferro e níquel em uma espécie de
morcego da região próxima às minas de carvão contribuem para a frequência de alteração de DNA nessas
espécies.
Os resultados alertam para essa contaminação das espécies e indicam que esses morcegos insetívoros podem
ser um bioindicador para a detecção de biomagnificação de metais pesados causados direta ou indiretamente
pela atividade carvoeira nos ecossistemas aquáticos e terrestres da região.
Os morcegos insetívoros da região carbonífera podem ser um bom indicador acerca do potencial ecológico
a que as populações humanas dos arredores estão expostas, principalmente quanto à acumulação de elementos
não essenciais e possivelmente tóxicos em seus tecidos. Isso apesar de que não necessariamente humanos se
alimentam ou bebem água diretamente das regiões contaminadas, apesar de conviverem no ecossistema.

▷ Genotoxicidade em Mineiros do Brasil e Fatores Associados


Em genética, genotoxicidade refere-se à capacidade de alguns agentes químicos de danificar a informação
genética no interior de uma célula, causando mutações ou induzindo modificações na sequência nucleotídica
ou da estrutura em dupla hélice do DNA de um organismo vivo.
Estudo feito com 158 mineiros que exerciam diferentes funções, divididos em grupos de acordo com grau
de exposição e contato com a extração de carvão, e 48 indivíduos que vivem na mesma cidade mas sem
participação em atividades de mineração (grupo controle). Coletadas amostras de sangue e saliva.

Carvão é o combustível que mais polui, desde sua extração à combustão, tendo efeitos socioambientais
significativos sobre o solo, ar, cursos d’água e a biota associada a esses ecossistemas. A extração causa danos
com mudanças atmosféricas pela emissão de gases e partículas que ficam em suspensão, além de que sua
exposição a altas temperaturas formam cinzas e fumaça que contém diversas substâncias de potencial
genotóxico, como compostos orgânicos e metais pesados.

A problemática da mineração de carvão é a exposição ocupacional dos mineiros a diversos fatores


genotóxicos, tanto de forma direta quanto indireta; isso porque sua mineração, por si só, libera para o ambiente
hidrocarbonetos aromáticos e metais pesados, que podem induzir alterações no DNA e seu mecanismo de
reparação, além de modular a expressão de enzimas, o que afeta os mineiros a longo prazo.
Além disso, a combustão incompleta do carvão produz nanopartículas que são fagocitadas pelo nosso
sistema de defesa mas não podem ser destruídas, aumentando os riscos de carcinogenicidade por intoxicar a
célula e induzir erros cromossômicos. Exemplos disso são os clastogênicos (induzem ruptura de
cromossomos) e aneugênicos (causam um número anormal de cromossomos em células jovens) →
micronúcleos muito associados aos riscos de desenvolvimento de câncer
Por causa desse mesmo processo, podem ser gerados radicais livres (como o de oxigênio) que são muito
reativas com as moléculas formadoras e reguladoras do DNA (DNA-glicosilases, endonucleases purínicas e
pirimidínicas), contribuindo para erros no DNA.
Por fim, o uso do carvão como fonte de energia leva a múltiplos riscos ambientais que podem causar efeitos
na saúde das pessoas, estando direta ou indiretamente relacionados a fatores mutagênicos e/ou genotóxicos.

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