Construção do indivíduo

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1 – O COMPORTAMENTO HUMANO

1.1 - O INGRESSO NO MUNDO SOCIAL

Ao nascer, a criança entra num cenário cuja construção não participou. Este cenário é
o mundo social, a realidade objetiva, que se constitui de um modo de organização econômica,
política e jurídica da sociedade, de uma cultura, de instituições como a família, a igreja, a
escola, o exército, os partidos políticos, etc. Tudo isto produto da construção humana, de
homens que antecederam esta criança que agora se introduz nas relações sociais.

Estas relações sociais ocorrem, num primeiro momento na família. É aí que começa
sua preparação para participar, posteriormente, das relações sociais mais amplas. A preparação
do indivíduo significa que ele, ao longo de sua vida, irá internalizando, apropriando-se da
realidade objetiva, e esta será constitutiva de sua formação psíquica, o que lhe possibilitará sua
ação no mundo, isto é, contribuir na construção deste cenário social que está sempre inacabado.

A história da vida do indivíduo é a história de pertencer a inúmeros grupos sociais. É


através dos grupos que as determinações sociais mais amplas agem sobre o indivíduo. Por
exemplo, é no grupo familiar que ele aprenderá a língua de sua nacionalidade. Este aprendizado
possibilitará sua participação nos outros grupos sociais e, conseqüentemente, sua interferência
nas determinações que agem sobre ele.

2 – PERSONALIDADE
2.1 - INTRODUÇÃO

A palavra personalidade, usada na linguagem informal, é a referência a um atributo ou


característica da pessoa, que causa alguma impressão nos outros. Este significado implícito é
derivado, provavelmente, do sentido etimológico da palavra.

2.2 – CONCEITO

Personalidade se origina da palavra latina “persona”, nome dado a máscara que os


atores do teatro antigo usavam para representar seus papéis (per sona significa soar através).
O sentido original do termo está, pois, bastante relacionado ao sentido popular porque
se refere à aparência externa, à impressão que cada um causa nos outros.
O psicólogo Gordon Allport, da Universidade de Harvard, listou cinqüenta definições
diferentes da palavra e, depois de estudá-las, classificou-as em categorias gerais. Este estudo e
outros que posteriormente foram feitos, permitiram identificar a existência de idéias
fundamentais comuns a respeito da personalidade, Isto é, pode-se perceber princípios
subjacentes às várias tentativas de conceituar personalidade. Estes princípios são:

a) Princípio da globalidade – Os vários traços e características, os vários sistemas, cognitivo,


afetivo e de comportamento são integrados e fundidos. Elementos inatos, adquiridos, orgânicos
e sociais são incluídos no conceito de personalidade. Personalidade é tudo o que somos.

b) Princípio social – É impossível pensar em personalidade sem dimensões sociais. As


características de personalidade se desenvolvem e se manifestam em situações sociais. A
personalidade consiste nos hábitos e características adquiridos em resultado das interações
sociais, que promovem o ajustamento do indivíduo ao meio social.

c) Princípio da dinamicidade – Personalidade é um conceito essencialmente dinâmico. Os


vários elementos interagem, combinando-se e produzindo efeitos novos e originais. Entende-
se, pois, que a personalidade é o que organiza integra e harmoniza todas as formas de
comportamento e características do indivíduo, de tal maneira que há um grau de coerência no
comportamento. Apesar da coerência e estabilidade, a personalidade é sempre capaz de receber
novas influências, adaptar-se a novas circunstâncias.

d) Princípio da individualidade – A personalidade é sempre uma realidade individual, que


marca e distingue um ser do outro. Há sempre uma dimensão peculiar e única da personalidade.
Cada um de nós é único no mundo. A personalidade, então, é o conjunto de todos os aspectos
próprios do indivíduo pelos quais ele se distingue dos outros.
A partir de todas estas concepções comumente aceitas, pode-se, resumindo, dizer que,
personalidade é o conjunto total de características próprias do indivíduo que integradas,
estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio.

2.3 – A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE

A configuração única da personalidade de um indivíduo desenvolve-se a partir de


fatores genéticos e ambientais.
Os fatores genéticos exercem sua influência através da estrutura orgânica e do processo
de maturação. Os fatores ambientais incluem tanto o meio físico como social e começam a
influenciar a formação da personalidade já na vida intra-uterina. No mesmo instante em que o
óvulo é fecundado, o ser humano recebe a totalidade de sua herança genética. Nada poderá ser
acrescentado. Mas a partir do momento da fecundação, este projeto de indivíduo se encontra
necessariamente sob a influência de um ambiente, o útero materno, habitat primário dos
mamíferos. Portanto, do ponto de vista da genética, nem tudo aquilo com que nascemos é
hereditariedade.

2.3.1 – Personalidade e Hereditariedade

Hereditariedade é a transmissão de caracteres dos pais aos seus descendentes através


dos genes. Os genes (ou gens) são estruturas minúsculas encontradas nos cromossomos,
presentes no núcleo das células.
As células humanas, como se sabe, têm 46 cromossomos dispostos em 23 pares. As
células germinativas (espermatozóide e óvulo) contêm apenas um membro de cada par, de
modo que, quando se unem e formam o zigoto, completam novamente os 23 pares. Assim na
formação de cada novo indivíduo, exatamente a metade dos cromossomos vem do pai e a outra
metade, da mãe.
Um cálculo teórico estabeleceu em 8.385.108 o número possível de combinações
diferentes de cromossomos para um único homem ou para uma mesma mulher. Resulta daí
que, numa concepção, qualquer um destes milhões de espermatozóides diferentes pode
fecundar qualquer um dos milhões de tipos de óvulos. A possibilidade de nascerem indivíduos
diferentes, no entanto, é ainda infinitamente maior dado o fenômeno do “atravessamento”, isto
é, à possível troca de genes entre os cromossomos.
Apontam Bigge e Hunt (1994) que as combinações possíveis de genes são de tal ordem
que um único casal poderia ter 2024 tipos diferentes de crianças, número superior ao total de
seres humanos que jamais existiram.
Não é surpreendente, portanto, que dois irmãos possam ser muito diferentes entre si e
nem que cada pessoa seja única no mundo.
Seria um erro pensar, entretanto, que a hereditariedade estabeleça apenas diferenças
entre as pessoas; existe um limite para as diferenças individuais estabelecidas pela
hereditariedade. Qualquer que seja a combinação de cromossomos que venha a ocorrer, nada
poderá estar aí que não tenha provindo de um dos pais. Quanto mais próximas as relações de
parentesco entre as pessoas, menores são as diferenças genéticas encontradas. Assim, as
diferenças entre primos são maiores do que entre irmãos, entre gêmeos fraternos do que entre
gêmeos idênticos. Os gêmeos univitelinos são as únicas pessoas iguais entre si do ponto de
vista genético. Por isso, são de grande interesse para o estudo das questões ligadas à
hereditariedade.

2.3.2 – Como a hereditariedade influencia a formação da personalidade

Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que a hereditariedade não se constitui em
causa direta do comportamento. Sua influência se dá de forma indireta, através das estruturas
orgânicas pelas quais respondemos aos estímulos.
Para se compreender melhor a influência da hereditariedade, é útil distinguir entre
hereditariedade da espécie e hereditariedade individual.

A hereditariedade da espécie caracteriza todos os membros de uma mesma espécie.


Certas possibilidades e limitações do comportamento já são estabelecidas aqui pelas diferentes
estruturas orgânicas herdadas. As estruturas orgânicas diferentes é que possibilitam ao pássaro
voar e ao homem falar e não possibilitam o vice-versa. Enfatiza-se a expressão “possibilidade”,
já que a presença de determinada estrutura é condição necessária, mas não suficiente para o
desenvolvimento de determinado comportamento. O fato de possuirmos uma estrutura que nos
permite falar línguas estrangeiras não garante que necessariamente as falaremos. As estruturas
são herdadas, mas o comportamento não.
A maturação é o processo fisiológico pelo qual a hereditariedade atua durante toda a
vida, determinando mudanças na estrutura do corpo, no funcionamento das glândulas e do
sistema nervoso. Em conseqüência, também ocorrerão mudanças no comportamento. Assim, é
também responsabilidade da hereditariedade da espécie que espécies diferentes tenham
diferentes ritmos de maturação.
O conhecido estudo de Kellogg, da Universidade de Indiana, apontou este fenômeno.
Esses estudiosos trouxeram para casa um filhote de chipanzé, e o trataram em tudo como a seu
próprio filho. As mesmas condições de estimulação e aprendizagem foram garantidas. O
chipanzé, devido ao seu ritmo de maturação, aprendeu a subir uma escada e a descê-la, abrir
uma porta, operar um interruptor de luz, beber em um copo, comer com a colher e controlar os
esfíncteres, tudo isto bem antes da criança. No entanto, aos poucos a criança passou a superar
o animal.
A hereditariedade da espécie determina, ainda, que espécies diferentes tenham
diferentes comportamentos instintivos ou não aprendidos.

A hereditariedade individual é a que, excetuando-se a influência do ambiente, faz um


indivíduo ser diferente de outro da mesma espécie. Os indivíduos, já por ocasião do
nascimento, diferem acentuadamente quanto ao nível de atividade. Isto por sua vez, acarretará
diferenças acentuadas na maior ou menor percepção de estímulos e conseqüente aprendizagem.
Desde o nascimento, umas crianças reagem prontamente às variações de luz, som, temperatura,
e outras permanecem quase insensíveis.
Provavelmente, os fatores hereditários desempenham papel mais preponderante na
determinação dos padrões de comportamento dos animais do que dos seres humanos. Mesmo
assim nossas diferenças fisiológicas, determinadas geneticamente, desempenham papel
decisivo na formação de nossa personalidade.
Apesar de não existir uma relação causal direta entre estruturas hereditárias e auto-
estima, agressividade, sociabilidade e outras características de personalidade, nós nos
comportamos por meio de nosso corpo e a estrutura e funcionamento do organismo são
influenciado pela hereditariedade.
A nossa aparência física influencia muito na maneira pela qual seremos tratados pelos
outros e a partir das relações interpessoais se estabelecem muitas características pessoais, como
o auto-conceito e outras.
São aceitos os princípios segundo os quais incapacidades corporais e deformidades
físicas influenciam a personalidade. Elas determinam não só um auto-conceito negativo, mas
também desencadeiam mecanismos compensatórios. Adler defendeu com vigor esta tese.
De um modo geral, as pesquisas indicam que pessoas portadoras de defeitos físicos ou
muito diferentes fisicamente, da maioria das pessoas na sua cultura, apresentam um índice
maior de retraimento social, infelicidade e comportamentos defensivos. Esses indivíduos são,
em geral, desestimados pela sociedade e tem grande propensão para aceitar esse julgamento
desfavorável, o que os conduz inevitavelmente a um conceito negativo de si mesmos.
Interiorizado o conceito negativo, passam a agir de acordo com ele. O nível de ansiedade
também costuma ser maior nessas pessoas. Sob o domínio da ansiedade, sentem maiores
dificuldades e enfrentam menos adequadamente o meio.
Outra descoberta que atesta a influência da hereditariedade individual sobre a
personalidade é que inúmeras desordens de comportamento pressupõem certas predisposições
orgânicas herdadas. Estados depressivos, por exemplo, podem ser causados por insuficiência
de insulina.
Para concluir, ressalta-se a idéia de que a hereditariedade não é causa direta do
comportamento, mas através das estruturas orgânicas, estabelece limites para as manifestações
comportamentais.

Parece ser útil a divisão do conceito de ambiente em ambiente físico e social. O primeiro
se refere às influências da nutrição, temperatura, altitude; o segundo às influências das relações
interpessoais.
Pode-se, portanto, incluir sob o rótulo “ambiente”, um número enorme de fatores que
influem na formação da personalidade. Entre eles estão: a situação pré-natal, as primeiras
experiências infantis, a constelação familiar, as relações entre pais e filhos, as variadas
influências culturais e institucionais e muitos outros.
Já são amplamente conhecidos os resultados de alterações no ambiente pré-natal. Dieta
inadequada, ingestão de drogas e tratamento de raio X durante a gravidez podem alterar
profundamente a personalidade do futuro bebê. Emoções fortes e prolongadas, neste período,
podem fazer o mesmo. Isto se deve, provavelmente, às alterações hormonais que passam
através da placenta para o feto, tornando-o excessivamente ativo. Depois do nascimento, esta
criança pode continuar a sofrer os efeitos destas alterações, sendo hiperativa e irritável.
A nutrição é um fator dos mais importantes no desenvolvimento da personalidade em
muitos, senão em todos os aspectos, como, inteligência, constituição física, coordenação
motora, atenção, memória, etc., sem se falar nas características derivadas destas, como é o caso
do auto-conceito.
As primeiras experiências na vida de uma pessoa são as mais importantes. Freud e a
maioria dos estudiosos acreditavam que a estrutura da personalidade é fixada nos primeiros
anos de vida; o que ocorre ou deixa de ocorrer nesse período é decisivo.
Tem-se pesquisado bastante, recentemente, sobre os efeitos das privações de
estimulação nos primeiros momentos da vida. Vários estudos envolvendo crianças criadas em
orfanatos, comparadas com crianças criadas em ambientes familiares, apontam, naquelas, uma
série de problemas como saúde fraca, declínio intelectual progressivo e desajuste social e
emocional.
As privações sensoriais iniciais têm uma influência marcante no desenvolvimento da
criança, que não é facilmente superada mesmo que depois se lhes ofereça um meio estimulante.
Os estudos efetuados com as chamadas “crianças selvagens” ilustram bem este ponto. Com
animais, muitas são as pesquisas sobre privação sensorial ou qualquer condições especiais do
ambiente no início da vida.
Harlow e Zimmermann estudaram macacos criados por mães verdadeiras e mães
substitutas feitas de pano e arame. Em situações de emergência, os filhotes recorriam a mãe
substituta de pano, independentemente de qual delas havia amamentado o animal. Ficou claro
que o contato macio e aconchegante representa uma estimulação importante. Mesmo os filhotes
criados com a mãe de pano, comparados aos criados com a mãe verdadeira, apresenta, na vida
adulta, comportamentos peculiares e anormais. São mais agressivos e anti-sociais, apresentam
desenvolvimento psicomotor deficiente e tem grande dificuldade de manter relações sexuais
normais.
Freud foi um dos primeiros estudiosos a chamar a atenção para as experiências
traumatizantes, principalmente na primeira infância. Atribuiu grande importância a certas
atividades como a de alimentar a criança, o treinamento para o controle dos esfíncteres,
educação sexual e o controle da agressividade.
Alfred Adler procurou na constelação familiar uma explicação para a personalidade.
Cada membro da família tem uma posição diferente que é determinada pelo sexo e pela ordem
de nascimento. Essa posição no contexto familiar gera certas características peculiares.
Rosenthal estudou a relação existente entre expectativas dos pais e o nível de aspiração
e desempenho dos filhos.
Além das primeiras experiências e do meio familiar, a sociedade exerce poderosa
influência sobre a personalidade, particularmente no período da adolescência, quando os
grupos de amigos, a escola e a cultura tornam-se poderosos agentes determinantes da
personalidade.

2.3.3 – Tipos de estudos sobre a Questão Hereditariedade e Meio-Ambiente

Já se destacou a dificuldade e talvez, mesmo, impropriedade de se traçar uma linha


demarcatória entre as influências da hereditariedade e ambiente. Estes dois fatores interagem,
numa relação multiplicativa, para determinar qualquer característica da personalidade.
No entanto, muitas vezes seria desejável, até por razões práticas, estabelecer o peso da
contribuição de cada fator nas diferenças encontradas entre os indivíduos. Por exemplo, se a
inteligência fosse uma questão preponderante genética, tornar-se-iam de pouca utilidade os
esforços de muitos programas educacionais que buscam desenvolvê-la.
Apenas pela observação do comportamento de uma pessoa, entretanto não é possível
responder a questões como estas. Para isso, muitos estudos têm sido criativamente elaborados.
Os primeiros consistiram em investigar genealogias familiares.
Francis Galton, cientista inglês, publicou uma obra em 1869 sobre isto. Estudou um
grande número de árvores genealógicas de pessoas ilustres (principalmente entre militares e
artistas) e acreditou ter encontrado provas de que a genialidade é herdada. De Candolle, suíço
em 1873, escreveu uma espécie de refutação às idéias de Galton. Listou uma série de
influências ambientais, tais como riqueza, boa educação, localização geográfica, laboratórios
e bibliotecas acessíveis, que teriam influenciado mais de 500 cientistas europeus.
Estes dois estudiosos, infelizmente, cometeram o mesmo tipo de erro. Levados pelo
entusiasmo de provar as suas idéias ignoraram a influência ambiental ou genética.
Os casos dramáticos e raros das chamadas “crianças selvagens”, embora sem dados
completos, fornecem um exemplo vigoroso da influência do meio ambiente. Trata-se de
crianças que foram encontradas vivendo nas florestas, como animais. Os casos mais conhecidos
são o do “Selvagem de Aveyron”, menino de uns 11 anos, encontrado em 1799, ao sul da
França; o das “crianças lobo”, duas meninas que viviam com lobos, encontradas em 1920, na
província de Bengala, na Índia; o caso de “Tamasha, o rapaz selvagem de Salvador, que possuía
muitos comportamentos de macaco.
O estudo destes casos, nem sempre tão detalhados quanto seria desejável, leva a
algumas poucas conclusões. Estas crianças desenvolveram comportamentos de certa forma
adaptados ao seu ambiente, como certos meios de locomoção, sons lingüísticos, reações
emocionais. Estes comportamentos, entretanto, estão longe de serem aqueles que conhecemos
como humanos. Não existe a linguagem, a conduta social, o raciocínio, pelo menos como os
conhecemos.
É possível uma recuperação, até certo ponto, destas crianças, mas quanto maior o tempo
em que ficaram isoladas, menor a probabilidade de virem a ser normais.
Experimentos têm sido feitos com animais, em que eles são criados em condições de
isolamento desde a mais tenra idade, permitindo-lhes ou não, estimulações sensoriais. As
observações destes animais na idade adulta, mostram que eles se tornam pouco adaptáveis, não
mostram algumas das reações que se considera típicas das espécies e não resolvem problemas
simples de aprendizagem. (animais em cativeiro).
O cruzamento seletivo de animais mostrou que é possível obter, em poucas gerações,
descendentes com características bem evidentes: maior ou menor inteligência, agressividade,
emotividade, etc.
Com seres humanos, um experimento de privação sensorial consiste em colocar pessoas
(voluntários) num pequeno compartimento com o menor número de estímulos possíveis: olhos
vendados, ouvidos tapados, mãos e pés cobertos por luvas grossas. Segundo Bexton, Heron e
Scott, os sujeitos relatam que em muito pouco tempo tornam-se incapazes de se concentrar em
qualquer coisa e começam a ter alucinações. Estes estudos enfatizam a necessidade de contato
contínuo com o meio ambiente físico e social para um comportamento normal.
Os gêmeos idênticos criados em ambientes diferentes constituem um objeto de especial
interesse para os psicólogos, pois sendo sua constituição genética exatamente a mesma,
eventuais diferenças observadas no seu comportamento podem ser atribuídas à ação do meio.
Os gêmeos fraternos, tão parecidos geneticamente quanto dois irmãos qualquer, têm,
na maioria dos casos, um ambiente muito parecido. (não é possível falar de ambientes iguais).
No caso de serem detectadas diferenças muito acentuadas no seu comportamento, talvez elas
possam ser atribuídas à hereditariedade.
Os filhos adotivos também se constituem em excelente material de estudo porque
podem ser comparados, segundo muitas características, aos pais verdadeiros e aos pais
adotivos. Quando em alguma característica se assemelham mais aos pais verdadeiros, é
razoável atribuir a semelhança à hereditariedade, se ocorre o contrário, ao meio.
Os estudos com gêmeos e filhos adotivos têm investigado, com maior freqüência, os
efeitos da hereditariedade e do meio sobre a inteligência, mas procurando-se fazer uma síntese
das suas descobertas, os gêmeos idênticos criados em ambientes diferentes, tem mostrado
notável semelhança em estrutura física, inteligência e execução motora. Gêmeos fraternos,
assim como outros irmãos que crescem juntos, são muito mais semelhantes do que os que
crescem separados; os filhos adotivos são mais semelhantes, no que se refere à inteligência,
aos pais verdadeiros do que aos pais adotivos.
Estas conclusões parecem apoiar a tese da maior influência da hereditariedade, mas
quando, com estes mesmos sujeitos, se investiga as atitudes sociais e os interesses, verifica-se
que eles são determinados basicamente pelo meio.
A comparação entre as personalidades das pessoas criadas em culturas diferentes revela
a grande diferença estabelecida pelas condições diferentes de criação, hábitos, valores e
práticas sociais, atestando a importância do meio.

2.3.4 – Personalidade na Empresa

É de grande importância a personalidade daquele que vai desempenhar uma atividade


na sociedade. Por essa razão o indivíduo para ser colocado num determinado cargo, deverá ser
antes submetido a testes que possam avaliar a sua personalidade.
Procura-se através dos testes a justa adequação entre o homem e a atividade para a qual
ele está sendo testado. É a busca do homem certo para o lugar certo.
O sucesso de uma empresa dependerá do grau de adaptação do funcionário à função.
Testes de personalidade e de inteligência deverão ser preparados por psicólogos
experimentados que darão assessoramento ao departamento de pessoal da empresa. Os testes
de personalidade se apresentam sob duas formas:

- Biográficos – que faz uma investigação na vida pregressa do testado, mas não oferece
fidelidade por omissão de certos fatos;

- Projetivos – aquele que de uma forma sutil faz com que o testado projete características de
sua personalidade que ocultaria se o teste fosse de forma direta.

2.3.5 – Ação do Administrador

O Administrador deverá procurar o equilíbrio entre a produção e o homem que produz.


Deverá também ver o homem como pessoa humana (com virtudes e defeitos), nunca procurar
subestimar ou supervalorizar esse homem. O homem é o fim último da Empresa. Administrar
é administrar pessoas.

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