MULTIPLAS IDENTIDADES SURDAS
MULTIPLAS IDENTIDADES SURDAS
MULTIPLAS IDENTIDADES SURDAS
Em todo caso, para a construção destas identidades impera sempre a identidade cultural,
ou seja, a identidade Surda como ponto de partida para identificar as outras identidades Surdas.
Esta identidade se caracteriza também como identidade política, pois esta no centro das
produções culturais.
Outro ponto de partida que não pode ser esquecido é que a identidade Surda é possível
pela experiência visual. Isto é, se a pessoa tem audição já não pode ser Surda como no caso da
identidade intermediaria. Isto tudo é importante à produção cultural como seja: necessidade de
intérpretes, de Língua de Sinais, de convívio com pessoas de identidades iguais”.
Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política Surda. São mais presentes
em Surdos que pertencem à comunidade Surda e apresentam características culturais como
sejam:
· Carregam consigo a Língua de Sinais. Usam Sinais sempre, pois é sua forma de expressão.
Eles têm o costume bastante presente que os diferencia dos ouvintes e que caracteriza a
diferença Surda: a captação da mensagem é visual e não auditiva. O envio de mensagens não
usa o aparelho fonador, usa as mãos;
· Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos e assumem um comportamento de pessoas
Surdas, Entram facilmente na política com identidade Surda, onde impera a diferença:
necessidade de interpretes, de educação diferenciada, de Língua de Sinais, etc.;
· Passam aos outros Surdos sua cultura, sua forma de ser diferente;
· Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade
de entendê-la;
· A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-se a língua escrita, com
reservas;
· Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais;
· Esta identidade assume características bastante diferenciadas é preciso lembrar aqui que,
por exemplo, a identidade Surda genealógica traz sinais vividos e provados durante gerações,
por exemplo, na Itália há uma família de Surdos de mais de 40 gerações; os filhos de pais Surdos;
os Surdos que nasceram Surdos têm família ouvinte e entraram em contato com a comunidade
Surda já em idade adulta.
Ou seja, os Surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma doença, acidente, etc. os
deixaram Surdos:
· Usam língua oral ou Língua de Sinais para captar a mensagem. Esta identidade também é
bastante diferenciada, alguns não usam mais a língua oral e outros usam Sinais sempre;
· Assimilam um pouco mais que os outros Surdos, ou não conseguem assimilar a ordem da
língua falada, tem dificuldade de entendê-la;
· A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-se a língua escrita, com
reservas;
· Participam das comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham
com as identidades Surdas suas dificuldades, políticas, aspirações e utopias;
· Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos, exigem intérpretes, legenda e Sinais na
TV, telefone especial, campainha luminosa;
· Também tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais.
Os Surdos que não têm contato com a comunidade Surda. Ou Surdos que viveram na
inclusão ou que tiveram contato da surdez como preconceito ou desconhecimento social. São
outra categoria de Surdos, visto de não contarem com os benefícios da cultura Surda. Eles
também têm algumas características particulares.
· Demonstram resistências a Língua de Sinais e a cultura Surda visto que isto, para eles,
representa estereotipo;
· Não conseguiram identificarem-se como Surdos, sentem-se inferiores aos ouvintes; isto
pode causar muitas vezes depressão, fuga, suicídio, acusação aos outros Surdos, competição
com os ouvintes, há alguns que vivem na angustia no desejo continuo de serem ouvintes;
· São Surdos. Quer ouçam algum som, quer não ouçam, persistem em usar aparelhos
auriculares, não usam tecnologia dos Surdos;
· Estas identidades Surdas flutuantes também apresentam divisões; por exemplo, aqueles
que têm contato com a comunidade Surda, mas rejeitam-na, os que jamais tiveram contato,
etc....
· Não tem condição de dizer onde moram, seu nome, sua idade, etc...
· Não tem condições de usar Língua de Sinais, não lhe foi ensinada, nem teve contato com a
mesma;
Estão presentes na situação dos Surdos que devido a sua condição social viveram em
ambientes sem contato com a identidade Surda ou que se afastaram da identidade Surda.
· No momento em que esses Surdos conseguem contato com a comunidade Surda, a situação
muda e eles passam pela des-ouvintização, ou seja, rejeição da representação da identidade
ouvinte;
7. Identidades Intermediarias
O que vai determinar a identidade Surda é sempre a experiência visual. Neste caso, em
vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte da identidade Surda. Temos
também a identidade intermediaria. Geralmente esta identidade é identificada como sendo
Surda. Essas pessoas têm outra identidade, pois tem uma característica que não lhes permite a
identidade Surda isto é a sua captação de mensagens não é totalmente na experiência visual que
determina a identidade Surda.
vintes;
· Assume importância para eles o treinamento do oral, o resgate dos restos auditivos;
· Não uso de intérpretes de cultura Surda, de Língua de Sinais etc. (alguns adoram Língua de
Sinais por hobby);
· Tem dificuldade de encontrar sua identidade visto que não é Surdo nem ouvinte. Ele vive
como pendulo, ora entre Surdos, ora entre ouvintes, daí seu conflito com esta diferença.
BIBLIOGRAFIA: