FAMILIA

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Hipótese n.

º 1

Ana e Bento conheceram-se numa viagem de finalistas. Foi amor à primeira vista. Assim que
regressaram Bento pediu à sua mãe que lhe desse o anel de noivado da avó e pediu Ana em
casamento. Ana, emocionada, aceitou prontamente.

Combinaram casar dentro de 1 ano. Os pais de Bento ofereceram-se para pagar as despesas da
festa e sinalizaram a quinta de eventos que os nubentes escolheram. A despesa para reservar o
espaço foi de 5000 euros.

Os pais de Ana também queriam estar envolvidos e ofereçam ao futuro casal uma viagem de
“lua de mel” no valor de 3000 mil euros.

Ana, decorridos 8 meses de noivado, conhece Carlos, instrutor de dança. Ana e Bento ensaiavam
semanalmente a valsa dos noivos quando, no final de um ensaio, Bento percebeu que haveria
alguma intimidade entre Ana e Carlos. Quando confrontada, Ana confessa a Bento que tem um
envolvimento romântico com Carlos. Bento decide romper o noivado.

Desolado, Bento isola-se em casa, cancela vários compromissos profissionais e agora, já refeito
do seu desgosto, pretende que Ana o indemnize pelas despesas efetuadas com o casamento e
pelos danos morais e patrimoniais que diz ter sofrido.

Quid iuris.

Hipótese 2

Ana e Bernardo casam civilmente em Janeiro de 2016. Dois meses mais tarde, Ana descobre que
Bernardo era marido de Graça, porquanto este ainda se mantinha casado com Graça, apesar de
o respetivo assento não ter sido lavrado no registo do estado civil. Ana pretende invalidar o
casamento. Quid juris?

Hipótese 3

Abel e Beatriz conheceram-se, no final de 2007, numas férias de neve em França, Abel tinha 32
anos e Beatriz acabara de fazer 15 anos, facto que esta sempre lhe ocultou. Findas as férias,
Beatriz regressou a Portugal e Abel continuou a acabar a seu doutoramento em França, mas
mantiveram um namoro à distância. Abel veio visitar a família a Portugal e, três meses depois
de se terem conhecido, Abel e Beatriz decidem abrir o processo preliminar de casamento na
conservatória do registo civil. A família de Abel desaprovou esta união, por considerar que os
nubentes dever-se-iam conhecer melhore porque Abel já tinha uma filha com um ano de idade.

Decidem também celebrar um negócio jurídico pelo qual acordaram o seguinte:

1. Todos os bens imóveis serão comuns os bens móveis existentes à data da celebração do
casamento passam a ser comuns, com exceção das joias de família de Beatriz; todos bens móveis
adquiridos após o casamento serão comuns;

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2. Se ao fim de cinco o casal não tiver filhos passará a vigorar o regime de separação de
bens;

3. Beatriz doa a Abel uma valiosa coleção de moedas que lhe foi deixada em testamento
pelo seu avô.

Seis meses após se terem conhecido Abel e Beatriz casam. A data escolhida para a casamento,
1 de junho de 2008, coincidiu com a data agendada para a discussão da tese de Abel razão por
que este constituiu como seu procurador o seu amigo Carlos para que aquele o representasse
no dia do casamento, o que efetivamente veio a acontecer.

Ao ver as fotos do casamento, Abel toma conhecimento de que Beatriz é filha de Romão, seu
irmão mais velho que há mais de 20 anos havia saído de casa dos pais sem nunca mais ter dado
notícias.

Em maio de 2014, Abel comprou um automóvel desportivo que usava aos fins-de-semana para
passear na marginal, Beatriz achou o carro “simpático” e passeava com Abel de vez em quando.
Ficou, no entanto, incomodada por Abel não a ter consultado em momento prévio à compra do
carro uma vez que, no seu entender, a prestação referente ao crédito para a aquisição do veículo
é demasiado alta. Os problemas financeiros do casal agravaram-se quando Abel decidiu comprar
uma viagem para as Maldivas para ambos em comemoração da promoção que julgava ir receber
no seu trabalho e que não veio a acontecer.

Preocupada com o “acumular de dívidas” Beatriz interroga-se se poderá salvaguardar os seus


interesses sem ter de pôr fim ao casamento com Abel. No imediato e enquanto não encontra
outra solução, Beatriz aproveitou uma viagem de Abel a um congresso para vender o faqueiro
em prata que a mãe de Abel deixara ao mesmo em testamento e que o casal só usava para
receber visitas.

Em outubro de 2014, Abel encontrou por acaso um documento que o levou a aperceber-se da
verdadeira idade de Beatriz que, ao contrário do ele pensava, tem hoje 22 anos e não 28.
Sentindo-se enganado, Abel quer anular o casamento.

Hipótese 4

Cristina e Daniel namoram desde Janeiro de 2012. Daniel, fascinado, propõe-lhe casamento,
mas Cristina recusa. Enraivecido, Daniel ameaça Cristina de que, caso ela não aceda à sua
proposta, ele, como médico cardiologista, deixaria de tratar uma tia-avó de Cristina, sua doente
desde há longos anos. O pai e o irmão de Cristina são médicos altamente especializados em
cardiologia, e que só não tratam da velha tia uma vez que esta sempre se recusou a tal, por
afirmar que "santos da casa não fazem milagres".

Assustada com a ameaça, Cristina casa com Daniel em Setembro de 2012. Daniel provinha de
uma família de epiléticos, mas conseguiu esconder esse facto de Cristina. Esta vem a saber, em
3 de Outubro de 2012, pela sua sogra, que a epilepsia era uma doença hereditária na sua família.
Ao mesmo tempo, a tia-avó de Cristina zanga-se com Daniel e passa a tratar-se com um

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sobrinho-neto, irmão de Cristina, das suas palpitações cardíacas, coisa de pouca importância
que toda a família conhecia. Aliviada com esse facto, Cristina procura-o hoje, a si, para se
"desfazer do casamento”.

Neste caso pratico, estamos perante um problema do consentimento que é um dos requisitos
para a celebração do casamento . Para que este seja livre não pode existir vícios da vontade,, ou
seja, não pode existir uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada. A vontade
dos nubentes tem de ser formada, com exato conhecimento das coisas, da realidade, ou seja,
tem de ser esclarecido, não pode haver erro, e alem disso não podeser formada com ameaça ou
por força, e portanto tem de existir liberdade exterior sob pena de estarmos sob um caso de
coação moral

No caso, parece que estamos uma coação moral art.º 1638 CC . À luz do art.º 1638, para que
haja coação moral é necessário que seja grave o mal, que o nubente seja ilicitamente ameaçado
e alem disto que seja justificado o receio da sua consumação.

No caso Daniele ameaçou parar com o tratamento da tia avo da cristina e, portanto o mal é
grave porque está em causa a saude da tia avo; a ameaça foi ilícita e por fim há portanto um
receio justificado que a ameaça se venha a consumar, até porque querendo tanto o B o
casamento para obter o casamento, se a C se se recusasse, B iria contar aos pais de celeste.

Desta forma considero que estão preenchidos os requisitos do art.º 1638 tendo aqui a C outro
u elemento para anular o casamento, e que intente a ação da anulação nos termos do art.º 1634
CC . Legitimidade da C :art.º 1641 CC, no Prazos de 6 meses a contar da cessação do vicio art.º
1645 CC. Sob pena de se não fizer nada, temos a convalidação objetiva pelo decurso do prazo
onde o casamento é considerado validamente celebrado, e ainda temos a possibilidade peloart.º
288 CC, a confirmação do casamento por partes dos conjugues independentemente dosvícios

Hipótese n.º 5

António emigrou para o Canadá e, 11 anos depois, não havendo notícias dele, Ilda obteve uma
decisão judicial declarando a morte presumida de António.

Um ano depois, Ilda casou com João, a 15 de Agosto de 2010.

Ilda não suspeitava de que, na data da celebração do casamento, João sofria de anomalia
psíquica. Só depois esta veio a perceber o problema de João, estabelecendo-se então, sem
margem para dúvidas, que a demência existia desde 2000.

Em Setembro de 2011, veio a saber-se que António estava vivo e trabalhava em Montreal.

Em Janeiro de 2012, João veio a dar-se como curado da sua doença.

Em 5 de Agosto de 2012, Ilda propôs contra João uma acção a pedir a anulação do casamento,
baseando-se na demência deste. João pretende evitar esta anulação.

Quid iuris?

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Hipótese n.º 6

Em Junho de 2009, André conheceu Bruna no Hotel em que passava férias. Apesar da ligeira
diferença de idades (André tinha 65 anos e Bruna tinha 18 anos), foi amor à primeira vista. O pai
de Bruna opôs-se ao casamento por André “ser um velho”, embora a mãe de Bruna lhe tenha
dado todo o seu apoio. A mãe de Bruna tinha conhecimento de que esta era uma rapariga com
“olho para o negócio”. Na verdade Bruna apenas pretende casar com André uma vez que este
ganhou um avultado prémio no casino hotel onde passavam férias.

André e Bruna casaram-se em Setembro do mesmo ano. Em Agosto de 2009 André e Bruna
celebraram, por escritura pública, o seguinte acordo:

a) É escolhido o regime da comunhão de adquiridos, mas serão bens próprios as indemnizações


devidas após o matrimónio;

d) André doa a Bruna a sua coleção de moedas, bem que será comum;

d) As pensões de André serão um bem comum;

c) André não ficará obrigado a observar o dever de fidelidade;

d) Caberá a Bruna decidir sobre questões relativas à educação das filhas do casal, enquanto
André se ocupará, em exclusivo, da edução dos filhos.

Em Setembro de 2012 Bruna descobre que André utilizou todo o dinheiro ganho no casino para
pagar antigas dívidas, vivendo actualmente da sua modesta reforma. Desolada, Bruna pondera
pedir anulação do casamento.

Quid iuris?

Hipótese n.º 7

Alberto e Berta casam civilmente em Março de 2000, tendo celebrado uma convenção
antenupcial em que:

1. O imóvel sito em Coimbra, levado por Berta para o casamento, será um bem comum;
Essa clausula trata-se de apartida de um regime de comunhão geral de bens
2. O dinheiro depositado na conta na Suíça que Alberto leva para o casamento será bem
próprio dele até terem um filho em comum, altura em que passará a ser bem comum;
Aqui estamos perante a uma clausula de condiçai suspensiva suspensiva , nos termos
do artigo 1713
3. Tendo em vista o futuro casamento, Alberto doa a Berta a sua coleção de moedas, bem
que será comum;
Estamos perante a doação para casamento nos termos do artigo 1753
Incomunicabilidade prevista no artigo 1747

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4. Berta confere a Alberto mandato para administrar os seus bens próprios até ela perfazer
os 21 anos de idade
Um dos cônjuges pode ceder ao outro a administração dos seus bens próprios
por mandato, que é livremente revogável (1678º/2/g), 1170º/1). Quando existe
mandato, o exercício da administração pauta-se pelas regras gerais deste negócio,
mas o cônjuge administrador só é obrigado a prestar contas e a entregar o saldo dos
últimos 5 anos (1681º/2).
O cônjuge-mandatário só pode, à partida, praticar atos de administração
ordinária (1159º/1), isto é, atos que visam a normal frutificação ou conservação do
bem segundo o indivíduo normal e razoável colocado na mesma situação. Se Alberto
age dentro dos poderes que lhe são conferidos pelo mandato não pode ser
responsabilizado, sem prejuízo de Vitória poder revogar o mandato

5. Em caso de separação, nenhum dos cônjuges deverá alimentos ao outro.

Em Janeiro de 2010, aproveitando uma ausência de Alberto no estrangeiro, Berta resolve fazer
obras de beneficiação no seu apartamento de Lisboa, que fora, desde o casamento a casa de
morada de família. Todas as obras foram orçadas em 50 000 euros, valor que se encontra ainda
em dívida.

Por não condizer com a nova decoração, Berta aproveitou para trocar a mobília do séc. XVIII que
Alberto adquiriu por morte de sua mãe, substituindo-a por mobiliário moderno. A mobília antiga
foi vendida a um antiquário, por bom preço.

Alberto regressa a casa e ficou inconformado com as decisões tomadas por Berta.

Quid iuris?

Hipótese 8

Ana e Bernardo contrariam casamento sem prévia convenção antenupcial. Pronuncie-se sobre
os seguintes atos de administração:

a) Ana, escritora, utiliza um computador que B adquiriu em solteiro para redigir os seus
romances. Pretende vendê-lo a C que lhe fez uma excelente oferta;
O computador é um bem próprio de B (art. 1722º/1, al. b) cuja administração
também lhe-compete (art. 1678º/1).. e neste caso Se fosse só ela a utilizar o
computador, exclusivamente como instrumento de trabalho aplicava-se o art.
1678º/2, al. e) e neste caso não podia vender o computador sem o consentimento
de B (art.1682º/3, al. b) – caso o vendesse a venda seria nula (art. 1687º/4 – que
remete para art. 892º

b) B pretende trocar o carro adquirido um ano após o casamento por um modelo mais recente;

c) B utilizou, sem o consentimento de A, todos os rendimentos do seu trabalho do mês de


novembro para comprar um quadro de arte moderna que sabia não ser do interesse de A;

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d) A pretende vender no olx a mobília de sala que B herdara, de sua mãe, já após o casamento;

e) B pretende comprar um apartamento em Londres com o dinheiro que ganhou uma semana
após a celebração do casamento fruto de um bilhete de lotaria que havia adquirido um mês
antes;

f) B pretende vender a casa onde reside com A que fora um presente de casamento que o
seu pai lhe dera.

Dois anos depois, A e B decidem divorciar-se. No entanto, A tem receio de ficar prejudicado no
divórcio, uma vez que um ano antes doara a B um apartamento em Lisboa e pretendia reaver
esse bem. Quid iuris? E se a doação tivesse sido efetuada na convenção antenupcial, a sua
resposta seria diferente?

Hipótese 9

Antónia e Bela celebram o seguinte acordo antes do casamento:

a) A futura casa de morada de família- que era de António - passa a ser um bem comum;

b) São próprios os rendimentos do trabalho dos cônjuges;

c) Os bens herdados são sempre administrados por ambos os cônjuges;

d) A dívida contraída por um dos cônjuges apenas responsabiliza quem celebrou o contrato.

Um ano depois do casamento A contraiu uma dívida para assegurar o pagamento de conta da
mercearia que já se encontra em atraso e para um frigorífico novo, uma vez que o anterior
avariara. B contraiu outra dívida, no valor de 20.000 para investir na quinta adquirida pelo
família, plantou um amendoal que infelizmente se veio a revelar um mau investimento. Analise
a convenção antenupcial e pronuncie-se sobre a comunicabilidade das dívidas.

Hipótese 10

Amélia e Bernardo contraíram casamento em março de 2005, tendo previamente outorgado a


seguinte convenção antenupcial:

a) Tendo em vista o casamento, Amélia doa a Bernardo a embarcação “Pérola dos Mares”;

b) A casa de Lisboa, que Amélia recebera por sucessão em 1989, será um bem comum;

c) Os bens administrados por um cônjuge não respondem pelas dívidas contraídas pelo outro;

d) Nenhum dos cônjuges estará obrigado a observar o dever de fidelidade;

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e) Compete a Amélia, professora universitária, a educação dos filhos do casal, sendo
exclusivamente sua a escolha da escola. Bernardo poderá livremente inscrever os filhos do casal
nas atividades desportivas que entender adequadas. As despesas escolares das crianças serão
exclusivamente suportadas por Amélia, enquanto as despesas com atividades desportivas serão
suportadas em exclusivo por Bernardo.

Em agosto de 2007, nasce Carolina, filha de Amélia e Bernardo. A vida familiar do casal é
“atribulada” do ponto de vista financeiro e Amélia adquiriu “a prestações” uma mobília de
quarto para a criança. Decorrido um ano, encontra-se por pagar o valor da mobília e Bernardo
considera que não é responsável pelo pagamento da dívida, pois não foi ele que decidiu contraí-
la.

Em todo o caso, para procurar resolver o problema, Bernardo colocou a mobília à venda e
rapidamente, no espaço de dois dias, a vendeu. Amélia que regressara de um fim-de-semana
em casa dos seus pais fica desolada ao perceber que a filha já não tem onde dormir.

Incrédula com a atitude de Bernardo, Amélia pretende divorciar-se. Bernardo não está de
acordo. Mas, caso haja divórcio, avisa Amélia que lhe exigirá uma pensão de alimentos, bem
como metade dos bens adquiridos após o casamento e ½ do valor da casa de Lisboa. Por último,
Bernardo pretende conservar no seu património a embarcação “Pérola dos Mares”.

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